Dia Mundial do Coração 2008 Domingo, 28 de Setembro “Conheça os seus Factores de Risco” Com a celebração do Dia Mundial do Coração, a World Heart Federation elege um tema anual de prevenção cardio­ vascular junto da comunidade mundial. Há dois anos celebrámos o tema “Um coração para a vida. Qual a juventude do seu Coração”, em que se apelava à responsabilidade individual de controlar os factores de risco cardiovascular para manter o coração jovem, prevenindo assim as doenças do coração e os acidentes cerebrovasculares. O ano passado, a mensagem “Juntos por um Coração Saudável” apelava à responsabilidade colectiva e à neces­ sidade de as pessoas e as comunidades reflectirem sobre os seus modos de vida, de modo a adoptarem bons hábitos, que conduzam a vidas mais longas e mais saudáveis para o coração. E incluía neste apelo as comunidades de todos os tipos, desde famílias a escolas, grupos sociais, locais de trabalho e círculos religiosos, encorajando as pessoas a criarem comunidades que promovam a saúde do coração. Este ano o lema é “Conheça os seus factores de risco”, enumerando os principais factores de risco de doença cardio­ vascular no seu folheto de divulgação, onde se pode ler: Factores de Risco de Doença Cardíaca e Acidente Vascular Cerebral Factores modificáveis (os que podemos controlar) * Pressão arterial elevada – O factor de risco número um para o acidente vascular cerebral e um factor de risco major para aproximadamente metade de todas as doenças do coração e acidente vascular cerebral. “… (o lema) “Conheça os seus factores de risco” deve ser entendido como um desafio à população, para que identifique os seus factores de risco de doença cardiovascular, para melhor os poder prevenir e tratar …” * Consumo de tabaco – Os fumadores têm o dobro do risco comparado com os não fumadores. * Excesso de peso/obesidade – Aumenta o risco de desenvolver hipertensão arterial, diabetes e danifica as artérias. O aumento do índice de massa corporal (IMC), uma relação entre peso e altura, está associado ao aumento de risco. A acumulação de gordura abdominal é outro indicador de risco e pode ser medido pelo perímetro de cintura/anca. * Falta de exercício – Aumenta o risco de desenvolver doença cardíaca em 150%. * Dieta – Demasiado sal pode provocar aumento da pressão arterial; demasiada gordura pode obstruir as artérias; baixo consumo de frutas e vegetais é responsável por cerca de 20% das doenças cardíacas e do acidente vascular cerebral em todo o mundo. Factores não modificáveis (os que não podemos controlar) * Colesterol elevado no sangue – É causa de cerca de um terço das doenças do coração e do acidente vascular cerebral em todo o mundo. Existe o bom (HDL) e o mau (LDL) colesterol. Níveis elevados de triglicéridos, outra gordura que existe no sangue, tem sido também associado com as doenças cardíacas. * Idade – A acumulação e desenvolvimento de factores de risco leva a um elevado nível de risco nos idosos, duplicando a cada dez anos depois dos 55 anos de idade. * Glucose elevada no sangue – Os diabéticos têm duas vezes mais probabilidade do que os não diabéticos de sofrerem de doenças cardíacas ou acidente vascular cerebral. * História Familiar – Se um dos pais ou irmãos teve doença coeronária ou acidente vascular cerebral antes dos 55 anos de idade (sexo masculino) ou de 65 anos (sexo feminino), o risco aumenta. 34 Revista Factores de Risco, Nº10 JUL-SET 2008 Pág. 34-35 * Género – O homem tem um risco maior de doença cardíaca do que a mulher pré-menopausica. Mas depois da menopausa, o risco da mulher é semelhante ao do homem. O risco de acidente vascular cerebral é semelhante no homem e na mulher. A importância desta chamada de atenção para “Conheça os seus factores de risco” deve ser entendida como um desafio à população, para que identifique os seus factores de risco de doença cardiovascular, para melhor os poder prevenir e tratar, mas também como um desafio aos médicos e outros profissionais de saúde para que, junto da comunidade, promova a prática desta recomendação. As boas notícias são que a pressão arterial elevada pode ser reduzida pelas alterações do estilo de vida, como seja a redução do sal na alimentação e o aumento da actividade física, e com medicamentos se necessário. Conselhos para reduzir o Risco * Coma mais frutos e vegetais. Coma pelo menos cinco porções de frutas e vegetais por dia. * Mantenha-se activo. Apenas com 30 minutos por dia de actividade ligeira, pode baixar a pressão arterial. “… apesar de as doenças cardíacas e o acidente vascular cerebral serem a primeira causa de morte em todo o mundo e responsáveis por 17,5 milhões de mortes em cada ano, grande parte da população não está consciente de que os estilos de vida e a hereditariedade os podem pôr em risco …” No press release da World Heart Federation enfatiza-se o facto de, apesar de as doenças cardíacas e o acidente vascular cerebral serem a primeira causa de morte em todo o mundo e responsáveis por 17,5 milhões de mortes em cada ano, grande parte da população não está consciente de que os estilos de vida e a hereditariedade nos podem pôr em risco. Alguns dos factores de risco que contribuem para esta situação podem ser controlados, como a pressão arterial, o colesterol ou o consumo de tabaco, outros não, como o género e a história familiar. E faz-se uma chamada de atenção para o problema da pressão arterial elevada, o assassino silencioso: * Use menos sal e evite comida industrializada. Tente limitar a ingestão de sal a menos de cinco gramas por dia (cerca de uma colher de chá). * Deixe de fumar. O seu risco de doença coronária reduzir-se-á a metade ao fim de um ano e voltará ao normal em 15 anos. No fundo, estes conselhos que aqui deixamos, veiculados pela World Heart Federation e destinados à população, têm que estar no nosso espírito na prática clínica diária e no aconselhamento dos doentes ou utentes que connosco privam dia-a-dia. Esta é uma missão essencial de qualquer profissional de saúde enquanto agente de prevenção. “Não tem sintomas visíveis, mas pode causar um estrago significativo no seu coração e artérias, levando a um grande risco de doença cardíacas e acidente vascular cerebral. As pessoas com a pressão arterial elevada têm um risco três vezes maior do que as que têm a pressão arterial normal. A única maneira de saber se a pressão arterial está elevada é ser avaliada por um profissional de saúde. É necessário repetir esta avaliação, pois a pressão arterial tem flutuações diárias. Carlos Perdigão 35