Manga di Palabra na Guiné-Bissau II “Palavras de Guiné-Bissau II” Guiné-Bissau i terra di gramáticos “Guiné-Bissau é país de gramáticos” Campo missionário pode ser marcado por privações e provações. Em GuinéBissau, sofremos o calor intenso (segundo nha mudjer Wal “minha esposa Wal” uma das dificuldades para as mulheres é que você está sempre suada), falta de água encanada, e muitas vezes água potável, risco de malária (colocar todas as noites o mosqueteiro, passar repelentes), febre tifóide, tuberculose, a mais recente novidade, o vírus Ebola no oeste africano e a opressão espiritual do islamismo e do animismo. Porém, Deus não olha como nós, seres humanos, percebemos o campo missionário. O nosso olhar é extremamente limitado. No meio do caos, Deus nos ensina a ver a “beleza” da sua criação. E quando a nossa vontade de “olhar para trás” bater no peito, quando aquela malária forte, que nos desanima, nos joga para o fundo do poço vier, precisamos de humildade, muita graça e sub-“missão” (estar debaixo do Deus da missão) para Ele nos conduzir nas “belezas” da criação e usá-las para a glória e honra Dele! O livro de salmo 45:1 diz “Meu coração transborda de boas palavras; consagro ao rei o que compus; minha língua é como a pena de um escritor habilidoso”. Refletindo sobre esse verso, fiquei pensando numa pessoa compondo músicas e poesias para Deus. Mas hoje, 01/07/2014 no Colégio Batista da cidade de Bafatá, Deus nos presenteou com uma conversa gramatical com um jovem chamado Adul. Na parte da manhã, fui ao colégio para tentar resolver um problema relacionado com a instalação da placa de energia solar para a casa na cidade de Buba. Ao chegar lá, o senhor, que iria solucionar o problema, estava instalando a placa solar no colégio. Ela foi arrancada por um ciclone de 200 km/h no penúltimo domingo. Portanto, primeiro ele resolveria isso para depois conversar comigo. Nesse momento, pensei: minha manhã será desperdiçada! Resolvi sentar num banco e ao meu lado estava Adul. Começamos a conversar: Adul: Bu nomi? (Seu nome?) Alexandre: Nhã nomi i Alexandre i abo? (Meu nome é Alexandre e o seu?) Adul: Nhã nomi i Adul (Meu nome é Adul). Dedo de prosa vai, dedo de prosa vem, começamos a conversar sobre a língua nacional de Guiné-Bissau: o crioulo guineense. Adul começou a falar que eu precisava papia (falar), obi (ouvir) e prisibi (perceber) o crioulo. Ele explicou a diferença de sentidos dessas palavras. Quando eu (Adul) falo crioulo, você (Alexandre) ouve. E isso irá fazer você perceber o crioulo, isto é, se a língua é pura ou aportuguesada. UAU!!!! Essa explicação dos sentidos das palavras foi bem técnica. No Brasil, para ter esse tipo de conhecimento, é preciso fazer um curso de linguística. As explicações de Adul não pararam por aí! Ele começou a falar sobre a importância das vogais “a, e, i, o, u” no crioulo: Adul: A frase “kuma ki bu nomi?” tem as vogais “u, a, i, o”. Já a frase “Patim iagu di bibi” (Me dá água para beber) precisa das vogais “a, u, i”. É impossível falar crioulo sem as vogais. Você tem que falar as vogais. A descrição de Adul fez lembrar as aulas de fonética da missão ALEM (Associação Linguística Evangélica Missionária) em que as vogais são consideradas o núcleo das sílabas, carregam a entonação das frases e elas são universais, a presença delas ocorre em todas as línguas do mundo. Diante da explicação de Adul, o Prof. Dave Eberhard diria “Coisa linda demais!!!” No final, perguntei a Adul se ele era professor. Resposta negativa: “Sou pedreiro e estudei até a nona classe. Não tive oportunidade de estudar mais.” Minha esposa Wal me conhece. Neste instante, chorei! Chorei de ver uma explicação linguisticamente tão detalhada e ao mesmo tempo chorei porque ele não pôde prosseguir em seus estudos. Fiquei pensando em vários guineenses que são gramáticos. Eles estão nas ruas, tabernas (mercearias), nos transportes públicos, nos mercados, nas igrejas, etc. Você já pensou todo esse saber gramatical nas mãos de Deus? Poderá haver redenção na área da educação (a valorização da língua crioula tão rejeitada na época da colonização, proibida de ser falada em 1928, e isso afeta até hoje a situação lingüística em Guiné-Bissau e a auto-estima do guineense em relação a suas línguas), bíblias sendo traduzidas (a Palavra de Deus sendo lida ou ouvida em crioulo e nas línguas maternas), jornais de uma ou duas páginas que possam contribuir para o desenvolvimento social em Guiné-Bissau, mini-bibliotecas nas tabankas (aldeias), a igreja de Cristo atuando nas campanhas contra doenças infecciosas através de folhetos traduzidos no crioulo e línguas maternas, guineenses conscientes de que o saber gramatical vem de Deus! Então, por favor, ore para que manga di guineenses (muitos guineenses) possam viver o salmo 45:1: “Meu coração transborda de boas palavras; consagro ao rei o meu saber gramatical; minha língua é como a pena de um gramático habilidoso e ela será usada para fazer Jesus conhecido e abençoar tudu djinti di Guiné-Bissau (todas as pessoas de Guiné-Bissau). Desculpe a paráfrase literária do salmo, mas é a criação de Deus! Também ore por nós, para que Deus abra os nossos olhos principalmente nas horas de privações e provações. Que Deus nos pegue pela mão e nos ensine a contemplar a beleza da criação, e vê-la como instrumento na redenção das culturas em Guiné-Bissau! Mantenha, ki Deus abençoa bos pa tudu kuri direto! (Saudações, que Deus os abençoe para que todas as coisas possam correr direito!) Juntos na missão de Deus em Guiné-Bissau! Mário Alexandre & Walquíria Béda Lopes