AS PLANTAS MAIS UTILIZADAS COMO MEDICINAIS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL APRESENTAM INDÍCIOS DE TOXICIDADE ? Estela Regina Baumhardt Dienstmann1, Mara Rejane Ritter2 1 Acadêmica de Ciências Biológicas/UFRGS; 2 Departamento de Botânica/IB/UFRGS ([email protected]) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Biociências, Departamento de Botânica, Av. Bento Gonçalves, 9.500 - Porto Alegre- RS- Brasil Introdução A população do Rio Grande do Sul utiliza largamente as espécies vegetais como forma de melhorar seu estado de saúde/bem-estar, o que vem sendo comprovado através dos estudos etnobotânicos consultados. Porém, estes trabalhos não avaliam a eficácia e a segurança do uso das espécies, pois algumas das plantas utilizadas como medicinais podem apresentar toxicidade ou indícios de toxicidade, dependendo da parte da planta usada, da forma com que foi preparada e em que quantidade foi utilizada. Até agora, poucas plantas usadas como medicinais tiveram sua composição química estudada, ou foram objeto de algum estudo clínico ou toxicológico. O objetivo deste trabalho é verificar se as plantas mais consumidas pela população apresentam indícios de toxicidade. Metodologia As espécies analisadas neste trabalho foram obtidas a partir da revisão de 19 estudos etnobotânicos anteriormente realizados no Rio Grande do Sul, em municípios localizados em nove das 11 regiões fisiográficas do Estado. Foi elaborado um banco de dados com as espécies citadas como medicinais, sua origem e a parte da planta utilizada. Essas foram revisadas em bases de dados para busca do nome válido. Para as espécies citadas em 13 ou mais trabalhos etnobotânicos, foi realizada Fig. 1: Mapa das Regiões Fisiográficas do Estado do Rio Grande do Sul com as cidades dos trabalhos etnobotânicos revisados. uma busca bibliográfica por estudos que indicassem toxicidade. Resultados e Discussão Foram registradas 625 espécies utilizadas como medicinais, distribuídas em 109 famílias, sendo Asteraceae e Lamiaceae as com maior número de citações. Quanto à origem, predominam as nativas com 314 espécies. A partir do critério de seleção escolhido, foram listadas 33 espécies, sendo a pitanga (Eugenia uniflora L.) aquela que aparece em todos os trabalhos. As buscas sobre a toxicidade das Artemisia absinthium L. espécies têm revelado o uso externo e também interno, de várias Symphytum officinale L. plantas tóxicas, destacando-se, entre elas, o confrei (Symphytum officinale L.), a losna (Artemisia absinthium L.), a arruda (Ruta graveolens L.) e a babosa (Aloe arborescens Mill.), que mesmo sendo conhecidas por apresentarem metabólitos secundários tóxicos, continuam sendo bastante usadas pela população do Estado. Ruta graveolens L. Aloe arborescens Mill. Conclusões Referências Bibliográficas Dentre as plantas mais citadas pela população, várias contém Calixto, J.B., 1996. Fitofármacos no Brasil: agora ou nunca! Ciência Hoje 21, 26- metabólitos 30. potencialmente tóxicos, comprovados em testes toxicológicos. As espécies medicinais, principalmente as nativas, Rates, S.M.K., 2001. Plants as source of drugs. Toxicon 39, 603–613. Ritter, M.R., Sobierajski, G.R., Schenkel, E.P., Mentz, L.A., 2002. Plantas carecem destes estudos. Tendo em vista a diversidade de metabólitos Utilizadas como medicinais no município de Ipê, RS, Brasil. Revista Brasileira de secundários tóxicos existentes em algumas plantas, as quais podem Farmacognosia 12, 51-62. causar distúrbios e intoxicações na população que as consomem, é extremamente necessária a realização de mais estudos toxicológicos. Apoio: Propesq/UFRGS