NITROGÊNIO E ENXOFRE NO CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DA Brachiaria brizantha cv. Xaraés Ledir Schroeder Junior 1, Emilene Cristina Guadanin 2, Betson Antonio de Sousa Junior3, Marcos André Silva Souza4 1 Graduado em Agronomia Universidade de Rio Verde,fazenda Fontes do Saber Campus Universitário Rio Verde, e-mail: [email protected] 2 Graduanda em Agronomia Universidade de Rio Verde, fazenda Fontes do Saber Campus Universitário Rio Verde, e-mail: [email protected] 3 Graduando em Agronomia Universidade de Rio Verde, fazenda Fontes do Saber Campus Universitário Rio Verde, e-mail: [email protected] 4 Professor Dr. Solos e nutrição de Plantas Universidade de Rio Verde, fazenda Fontes do Saber Campus Universitário Rio Verde, e-mail: [email protected] Resumo- A principal fonte de alimentação para o rebanho bovino brasileiro é a pastagem. Grandes partes dessas pastagens estão submetidas ao modelo extrativista com baixa reposição de nutrientes. Inúmeros trabalhos relatam à importância da adubação nas pastagens, entretanto poucos ensaios estudam as relações entre nutrientes em especial a relação N/S em forrageiras. Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência das diferentes relações N/S via solo no crescimento e produção de Brachiaria brizantha cv. Xaraés. O experimento foi conduzido em casa de vegetação em vasos com delineamento experimental DIC. Os tratamentos foram constituídos de sete relações N/S (1:1; 5:1; 10:1; 15:1; 20:1; 25:1 e 30:1) com três repetições. Após a quantificação dos caracteres morfológicos (Matéria seca da parte aérea – MSPA; matéria seca do colmo – MSC; matéria seca das folhas – MSF); e realização da análise estatística verificou-se que a relação N/S influenciou no crescimento e produção da Brachiaria brizantha cv. Xaraés e a melhor relação N/S foi de 15:1. Palavras-chave: Nutrição, produtividade, pastagem Área do Conhecimento: Agronomia Introdução Na pecuária brasileira as áreas de pastagens destacam-se como a principal fonte de alimento para o rebanho bovino, seja pelo potencial produtivo das forrageiras tropicais ou por ser fonte de alimentação mais viável. Grande parte dessas pastagens é estabelecida com espécies tolerantes à acidez e sem os mínimos cuidados técnicos a serem implantados. Essas pastagens estão implantadas em solos ácidos e de baixa fertilidade natural, o que condiciona o baixo índice de produção das forragens distanciando-se do seu verdadeiro potencial produtivo. Ao longo dos anos o modelo de criação extensivo e extrativista baseado na ausência da correção do solo e da reposição de nutrientes extraídos pelas plantas, são responsáveis pelos altos índices de degradação e baixo índice de sustentabilidade deste ecossistema, portanto, a correção da acidez dos solos através da calagem é fundamental para uma agropecuária de alta produtividade (Volkweiss, 1989). O uso de corretivo além de promover a neutralização do alumínio trocável e fornecer cálcio e magnésio, melhorar a absorção dos macro e micronutrientes promovendo melhor crescimento e maior produção para as forrageiras tropicais (Raij et al.,1996). Dentre os principais macronutrientes o nitrogênio e o enxofre destacam-se pela função nobre na produção de proteínas e aminoácidos (Faquin 2005). Vários são os trabalhos que relatam a importância da adubação para a pastagem, em especial as adubações contendo nitrogênio e enxofre. A importância desses nutrientes está no fato das gramíneas extraírem grande quantidade de nutrientes disponibilizados para produção de proteínas e aminoácidos. O enxofre sendo um macronutriente tem sua importância para o bom crescimento da braquiária não só pela formação de aminoácidos, mas também pela interligação no metabolismo da planta, atuando na conversão do nitrogênio não protéico em nitrogênio protéico, o que explica a resposta positiva na produção da planta à adição concomitante desses dois nutrientes. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 Para maior eficiência no aproveitamento desses dois nutrientes é de fundamental importância o conhecimento das relações entre o nitrogênio e enxofre e a sua influência no crescimento e produção das gramíneas. Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi avaliar as diferentes relações N/S no crescimento e produção da Brachiaria brizantha cv. Xaraés. Metodologia O experimento foi conduzido no período de Janeiro a Março de 2009 em vasos em casa de vegetação da faculdade de agronomia da FESURV-Universidade de Rio Verde (GO), utilizando amostras do horizonte B do LATOSSOLO VERMELHO Distrófico textura argilosa, coletado no campus da FESURV, Rio Verde-(GO), sob vegetação natural. 3 de horizonte B do Aproximadamente 1m Latossolo foi seco ao ar e peneirado em malha de 2mm. Posteriormente subamostras foram tomadas para caracterização química e textural. (Tabelas 1 e 2) TABELA 1 - Atributos químicos do LATOSSOLO VERMELHO Distrófico horizonte B +2 +2 +3 Ca Mg Al H + Al SB (t) (T) -3 ...........................cmolc dm .............................. 0,13 0,1 0,01 0,9 0,23 0,24 1,13 pH P K S V m -3 ......mg dm ....... ......%..... 4,1 0,1 7 1,7 20,0 4,0 P e K – Extrator Mehlich 1; Ca, Mg e Al – Extrator KCl 1N; H + Al – Extrator SMP; Soma de Bases- (SB); – CTC efetiva (t); (T) – CTC potencial (a pH 7,0); V- saturação por bases; m – saturação por alumínio; Embrapa, (1999). TABELA 2 - Análise textural do LATOSSOLO VERMELHO Distrófico horizonte B Textura Argila Silte Areia ....................%................... 50 4 46 O calcário utilizado foi formado pela mistura de carbonato de cálcio e carbonato de magnésio p.a. na equivalência de Ca/Mg de 4:1. A dose de calcário aplicada foi estimada pelo método de +3 neutralização de Al e da elevação dos teores de +2 +2 Ca e Mg . Após a correção do solo foram misturados ao solo de cada vaso os macros e micronutrientes de acordo com Malavolta (1980), com o uso de fonte p.a. O cultivo da braquiária cultivar Xaraés foi 3 conduzido nos vasos com capacidade de 7dm . O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC) composto por 7 relações N/S com três repetições. Para a padronização das relações N/S admitiu-se a dose de 300mg de -1 nitrogênio kg de solo como padrão e as relações foram estabelecidas a partir desse valor utilizando, como fonte de nitrogênio a uréia e o sulfato de amônio, conforme apresentado na tabela 3. TABELA 3 - Relações nitrogênio enxofre adotadas no experimento Relações N:S Nitrogênio -3 mg. dm Enxofre -3 mg. dm 1:1 300 300 5:1 300 60 10:1 15:1 300 300 30 20 20:1 300 15 25:1 30:1 300 300 12 10 Posteriormente à aplicação de macro e micronutrientes procedeu-se a semeadura em cada vaso, cerca de 15 sementes de Braquiária (Brachiaria Brizantha cv. Xaraés), desbastando-se para 3 plantas por vaso cerca de 10 dias após emergência. Irrigações diárias foram realizadas mantendo a umidade do solo próximo a 70% da capacidade de campo pelo método gravimétrico. Coberturas nitrogenadas e potássicas também foram realizadas durante o período de crescimento da Braquiária, de acordo com Malavolta (1980) observando-se que a utilização de nitrogênio seguiu as diferentes relações N/S proposta pelo trabalho. Aos 30 dias após emergência foi realizado o corte para a quantificação da matéria seca das folhas (MSF), matéria seca do colmo (MSC) e matéria seca da parte aérea (MSPA), posterior secagem em estufa a 65-70 C até atingirem um peso constante. Após quantificação das variáveis estudadas realizou-se a análise estatística constituída por regressão, utilizando o sofware Sisvar (FERREIRA, 2000). XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 Resultados TABELA 4 - Equações de regressão para MSPA, MSF, MSC da Brachiaria brizantha cv. Xaraés cultivada em vasos nas diferentes relações N/S M S P A (g . vaso -1) 35 Equação R2 PM 2 Y= -0,0563x + 1,6613x 0,897 * 14,75 +16,987 MSF Y= -0,033x2 + 0,9429x + 0,857 * 14,28 11,251 MSC Y= -0,0232x2 + 0,7185x 0,895 * 15,48 + 5,7315 * Significativo a 5% de probabilidade MSPA – matéria seca da parte aérea; MSF- matéria seca das folhas; MSC- matéria seca do colmo; MSR- matéria seca da raiz; NP- número de perfilhos Variável MSPA 30 25 20 15 y = -0,0563x2 + 1,6613x + 16,987 R2 = 0,897 10 5 0 0 5 10 15 20 25 30 Relações N:S MSF (g vaso -1) FIGURA 1 - Matéria seca da parte aérea (MSPA) da Brachiaria brizantha cv. Xaraés nas diferentes relações N/S. 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 y = -0,033x 2 + 0,9429x + 11,251 R2 = 0,8579 0 5 10 15 20 25 30 Relações N:S FIGURA 2 - Matéria seca das folhas (MSF) da Brachiaria brizantha cv. Xaraés nas diferentes relações N/S. 12 MSC (g vaso-1) 10 8 6 y = -0,0232x2 + 0,7185x + 5,7315 R2 = 0,8959 4 2 0 0 5 10 15 20 25 30 Relações N:S FIGURA 3 - Matéria seca do colmo (MSC) da Brachiaria brizantha cv.Xaraés nas diferentes relações N/S. Discussão A relação nitrogênio enxofre influenciou na produção da matéria seca da parte aérea (MSPA),( Figura 1). A máxima produção MSPA foi obtida na relação N/S 14,78/1 aproximadamente 15/1 com a produção de 29,27g/vaso. Esse valor encontrado é considerado como adequado e serve de nível crítico (N/S 12:1 a 15:1) para a maioria das gramíneas como observado por Costa, (1999). As relações N/S inferiores a 14,78 / 1 nota-se incremento na produção MSPA até o ponto de máxima. A relação N/S mais estreita 1:1 apresentou o mesmo desempenho da relação mais abrangente N/S 30:1, evidenciando que o equilíbrio entre esses dois nutrientes é de extrema importância para o adequado crescimento da braquiária aos 30 dias. Tanto o excesso em relações mais estreitas e sua deficiência em relações abrangentes promovem distúrbios no metabolismo, como competições entre nutrientes quando em excesso e a sua própria deficiência reduz a síntese de proteínas e aminoácidos. Nas relações N/S 5/1; 10/1 até o ponto de máxima ocorre um incremento na produção da matéria seca da parte aérea. Esse incremento é explicado pela melhor relação N/S ocasionando um maior equilíbrio entre os nutrientes e entre os demais macros e micronutrientes. Esse melhor equilíbrio entre esses nutrientes refletem na síntese de proteína de ambos e promove melhor crescimento da braquiária (WERNER; MONTEIRO, 1988). Após o ponto de máxima N/S 14,78 / 1verificaram-se reduções nos valores da matéria seca da parte aérea (Figura 1). Essas reduções chegam a 44% na relação mais abrangente 30:1 em comparação ao ponto de máxima N/S (14,78 / 1). A redução da quantidade de enxofre fornecida para planta através das relações acima do ponto de máxima induz a uma maior demanda de enxofre pelas gramíneas. Essa necessidade em requerimento é explicada pela maior demanda de aminoácidos XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3 contendo enxofre (cisteína, metionina e citosina) que interferem diretamente no metabolismo da planta e no seu crescimento (CRAWFORD et al., 2000). Diante do exposto, percebe-se pelo comportamento quadrático que o equilíbrio entre as quantidades de nitrogênio e enxofre no solo interfere diretamente na produção da matéria seca da parte aérea da Brachiaria brizantha cv. Xaraés (Figura 1). Segundo Costa (1999), quando a gramínea atinge a maturidade próxima aos 30 dias, período de avaliação desse trabalho, a relação N/S na planta tende a se estabilizar em 14:1 nas gramíneas, sendo que uma relação N/S de 20:1 revelaria seria deficiência de enxofre, como observado nesse trabalho para a mesma relação no solo. Resultados semelhantes foram obtidos por Braga (2001) quando avaliou o efeito de doses de nitrogênio e intervalo de corte no capim – Mombaça. Segundo o autor a relação N/S respondeu de forma quadrática à aplicação de nitrogênio e o máximo crescimento de raiz foi obtido na relação N/S 15:1. Ainda de acordo com esse autor relações superiores a esse valor interferem no aproveitamento de nitrogênio, restringindo o crescimento da planta (Figura 1), pois o enxofre participa da conversão do nitrogênio não protéico em protéico na planta. Para as demais variáveis matéria seca das folhas (Figura 2) e matéria seca do colmo (Figura 3), observou-se comportamento semelhante ao descrito para a produção de matéria seca de parte aérea. A melhor relação N/S para essas variáveis foi próxima de 15/1(Tabela 4). Verifica-se ainda pela tabela 4 para a matéria seca das folhas e colmo a relação N/S ideal de 14,28 e 15,48 respectivamente. Quanto à quantificação das mesmas é observada produção de 17,98g/vaso e 11,28g/vaso respectivamente. Em ambas é verificado redução em torno de 43 a 45%. na relação N/S mais abrangente (30:1). De modo geral, observa-se pela tabela 4 e pelas figuras 1, 2, e 3 relação N/S muito estreita ou muito abrangente promovem alterações na morfologia da planta, seja pelo excesso do enxofre na relação N/S resultando em deficiência de outros nutrientes, ou por relações muito abrangentes promovendo a deficiência de enxofre, pois como observado na literatura o enxofre participa da redução do nitrogênio e na sua assimilação em proteína. Logo faz-se necessário o equilíbrio entre os nutrientes. Referências - BRAGA, G.J. Resposta do capim–mombaça (Panicum maximum Jacq.) a doses de nitrogênio e intervalos de corte. Pirassununga, 2001. 121f. Dissertação (Mestrado)– Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2001. - COSTA, M.N.X. Influência de épocas e doses de adubação nitrogenada na produção estacional de dois capins. Piracicaba, 1999. 63f. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 1999. - CRAWFORD, N.M.; KAHN, M.L.; LEUSTEK, T.; LONG, S.R. Nitrogen and sulphur. In: BUCHANAN, B.B.; GRUISSEM, W.; JONES, R.L. (Ed.). Biochemistry and molecular biology of plants. Rockville: American Society of Plant Physiologists, 2000. chap. 16, p. 786-849. - FAQUIN, V.; Nutrição de plantas Lavras: UFLA / FAEPE, 183p. 2005. - FERREIRA, D.F. Sisvar 4.3. 2000. Disponível em: http:://www.dex.ufla.br/danielff/sisvar>. Acesso em 13 jul. 2007. - MALAVOLTA, E. Elementos de nutrição mineral das plantas. São Paulo: Agronômica Ceres, 1980. 251 p. - RAIJ,B.van; CANTARELLA,H.; QUAGGIO, JA & FURLANI, A.M.C., eds. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo .2 ed. Campinas, Instituto Agronômico & Fundação IAC, 1996. 255p. (Boletim Técnico, 100) -VOLKWEISS, S.J.; Química da acidez dos solos. In: Anais do 2º Seminário sobre Corretivos da Acidez do Solo, Santa Maria, p. 7-37. 1989. - WERNER, J.C.; MONTEIRO, F. A. Respostas das pastagens a aplicação de enxofre. In: Simpósio: ENXOFRE E MICRONUTRIENTES NA AGRICULTURA BRASILEIRA, XVI 1988, Londrina. Anais... Londrina: Embrapa, CNPS/ IAPAR, 1988.p.87-102. Conclusão Na condição do experimento a melhor relação N/S encontrada foi de 15:1. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 4