1 MARCELO GADELHA VASCONCELOS AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DE MARCADORES DE HIPÓXIA EM CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE LÍNGUA NATAL/RN 2011 2 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DE MARCADORES DE HIPÓXIA EM CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE LÍNGUA Tese apresentada ao Colegiado do Programa de PósGraduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Doutor em Patologia Oral. Doutorando: Marcelo Gadelha Vasconcelos Orientadora: Profª. Drª. Lélia Maria Guedes Queiroz NATAL/RN 2011 3 Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”. Vasconcelos, Marcelo Gadelha. Avaliação da expressão imuno-histoquímica de marcadores de hipóxia em carcinoma epidermóide de língua / Marcelo Gadelha Vasconcelos. – Natal, RN, 2011. 161 f. : il. Orientadora: Profa. Dra. Lélia Maria Guedes Queiroz. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Odontologia. Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral. 1. Carcinoma de células escamosas – Tese. 2. Anóxia – Tese. 3. Imuno-histoquímica – Tese. 4. Biomarcadores –Tese. I. Queiroz, Lélia Maria Guedes. II. Título. RN/UF/BSO RN/UF/BSO Black D61 Black D74 4 “Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem.” (Renato Russo) DEDICATÓRIA 5 Dedico a concretização deste sonho, aos meus pais, meus irmãos, a toda minha família pela contribuição e apoio dado a essa conquista. Aos meus pais, fonte de sabedoria, conselheiros dos momentos decisivos, símbolos de paciência e tolerância, meus maiores e melhores amigos, mestres e guias da minha formação moral, meu sincero e eterno obrigado por me ensinarem e ajudarem a viver e acreditarem nos meus ideais. Amo vocês! 6 “Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito.” (Chico Xavier) AGRADECIMENTOS 7 Obrigado meu Deus, por mais uma etapa de minha vida conquistada; Obrigado, porque naqueles momentos em que fraquejei; que não tinha mais forças para caminhar, tu me ergueste com tua própria vida; Obrigado porque naquele momento de desânimo lembrei que tu és meu Pai; Quero agradecer ao Senhor e a Nossa Senhora Auxiliadora por todos os sonhos que eu tive ousadia em sonhar; por todos os passos que tive coragem em dar; por todas as decisões que eu resolvi tomar; por todos os obstáculos que enfrentei; pelo meu desejo de superação; pela minha esperança em querer sempre tentar.... Toda minha gratidão ao amigo que posso sempre, eternamente, contar: DEUS ! 8 À minha Orientadora; A Profª. Drª. Lélia Maria Guedes Queiroz, exemplo de sabedoria, dedicação, seriedade, ética e, sobretudo, de amor pela profissão, agradeço a sua contribuição, aos seus ensinamentos, por todo entusiasmo e incentivos prestados a mim; Obrigado por todo tempo a mim despendido, pela tolerância e paciência... Obrigado por guiar minhas mãos durante esse percurso de quatro anos de Doutorado, pela insistência em ensinar, quando por vezes, eu pensava em desistir.... Obrigado por ser meu Mestre, minha professora Amiga.... Obrigado por me compreender, me estimular e me enriquecer com sua presença e seu saber! Obrigado por acreditar em mim e me fazer sentir importante, demonstrando-me que posso fazer a diferença. Enfim, juntos vencemos! Meus sinceros agradecimentos... 9 À coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral-UFRN; Profª. Drª. Roseana de Almeida Freitas, toda a minha sincera gratidão por repartir seus conhecimentos, princípios e experiências que grandemente contribuíram para minha formação. Ao seu exemplo magnífico, pelo carinho com que orienta seus aprendizes e pela dedicação desmedida a esta Escola, a minha homenagem e admiração. Aos professores; Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa, Prof. Dr. Angelo Giuseppe Roncalli da Costa Oliveira, Profª. Drª. Ana Miryam Costa de Medeiros, Profª. Drª. Éricka Janinne Dantas da Silveira, Profª. Drª. Hébel Cavalcanti Galvão, Prof. Dr. Heitel Cabral Filho, Profª. Drª. Lélia Batista de Souza, Prof. Dr. Leão Pereira Pinto e a Profª. Drª. Márcia Cristina da Costa Miguel. Aos senhores, que quando deveriam ser simplesmente professores, foram meus mestres, transmitindo seus conhecimentos e experiências de vida; que quando deveriam ser mestres foram meus amigos e em sua amizade me compreenderam e me incentivaram a seguir o melhor caminho, expresso os meus maiores agradecimentos e o meu profundo respeito, que sempre serão poucos diante do muito que foi oferecido. Aos caros e inesquecíveis amigos da Patologia Oral-UFRN; Agradeço a todos vocês a esse período de convivência e aprendizado que passamos juntos... Na verdade, posso dizer que foram momentos de muita compreensão, amizades, risos e lágrimas, de angústias e expectativas, tropeços e vitórias que jamais serão esquecidos! Meus sinceros agradecimentos pela contribuição e o apoio prestados a mim durante essa jornada. “Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.” (Felipe Cortelline Roque) 10 Aos funcionários da Disciplina de Patologia Oral-UFRN, Francisco Canindé de Macedo, Hévio Lucena, Idelzuite de Souza, Lourdes Souza, Maria das Graças Galvão, Ricardo Kleiber Lima Silva e Sandovânnia Oliveira, agradeço ao apoio, a paciência, ao auxilio e a disponibilidade que me prestaram ao longo dessa caminhada para a concretização desse trabalho. Obrigado pelas manifestações de carinho e confiança!! Sou grato a todos vocês!! À Marinha do Brasil; Nesse momento de comemoração, dedico e agradeço à Marinha do Brasil por mais uma etapa de minha vida conquistada. Obrigado por me compreenderem, me estimularem e me enriquecerem com seus valores, mostrando que a Hierarquia e Disciplina são a base institucional das Forças Armadas.... Agradeço ao Hospital Naval de Natal, em especial a Odontoclínica, pela oportunidade de desenvolvimento e amadurecimento profissional e pessoal que contribuíram de forma significativa para obtenção deste título. Agradeço por confiarem e respeitarem os meus pensamentos e sonhos, obrigado por estarem sendo presentes em minha vida! Ao Hospital Dr. Luiz Antonio, Natal-RN, agradeço por ter permitido a utilização de espécimes teciduais arnazenados nos arquivos do seu Serviço de Anatomia Patológica para obtenção da amostra investigada neste trabalho. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq, agradeço pela oportunidade e pelo apoio financeiro proporcionado para elaboração deste ensaio científico. 11 “Porque um dia é preciso parar de sonhar, tirar os planos das gavetas e de algum modo começar.” (Amyr Klink) RESUMO 12 RESUMO A hipóxia tumoral modula uma série de mudanças genéticas adaptativas relacionadas ao desenvolvimento, invasão e metástase de diversos cânceres humanos, dentre os quais o carcinoma epidermóide de língua (CEL). O objetivo do presente trabalho foi realizar uma análise clínica, morfológica e imuno-histoquímica através da expressão do HIF-1α, GLUT-1 e da CA-IX em 57 casos de CEL, correlacionando essa expressão à parâmetros clínicos e morfológicos. Após uma análise descritiva dos dados referentes ao sexo, faixa etária, raça e hábitos dos pacientes, constatou-se que os resultados encontrados foram condizentes com a literatura. Os parâmetros clínicos e morfológicos analisados e a expressão desses marcadores de hipóxia foram submetidos à análise estatística (teste do Qui2), verificando-se que os mesmos podem ser utilizados como indicadores do comportamento biológico do CEL. Dentre os resultados da presente pesquisa, observou-se que a intensidade de expressão para o HIF-1α, localizada na maioria dos casos no citoplasma e núcleo, correlacionou-se estatisticamente com o estadiamento clínico (p = 0,011) e gradação histológica (p = 0,002). Quanto à relação entre a distribuição de marcação para o HIF-1α e metástase, o teste qui-quadrado (Qui2) demonstrou haver diferenças estatisticamente significativas entre os grupos analisados (p = 0,040). Dos 75,8% da amostra que tinham metástase, constatou-se a o predomínio da marcação difusa. A imunoexpressão citoplasmática/membranar do GLUT-1 exibiu uma correlação estatisticamente significativa com o estadiamento clínico (p = 0,002) e gradação histológica (p = 0,000). Em relação à localização de marcação para o GLUT-1 na ilha tumoral, evidenciou-se predomínio da marcação periférica na maioria dos espécimes de baixo grau (78,6%). Na amostra de alto grau, prevaleceu a localização centro/periferia (55,8%). De acordo com o teste qui-quadrado (Qui2), a localização na ilha tumoral (p = 0,025) demonstrou haver diferenças estatisticamente significativas com a gradação histológica. A imunoexpressão da CA-IX, localizada na maioria dos casos na membrana e citoplasma, exibiu uma correlação estatisticamente significativa com a gradação histológica (p = 0,005). Com base nestes resultados, pode-se concluir uma ampla participação desses marcadores de hipóxia na carcinogênese oral, bem como a sua possível utilização como marcadores do comportamento biológico e da progressão tumoral em CEL. Palavras-chave: carcinoma de células escamosas, anóxia, imuno-histoquímica, biomarcadores. 13 "Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer!" (Mahatma Gandhi) ABSTRACT 14 ABSTRACT The tumor hypoxia modulates a series of genetic changes related to adaptive development, invasion and metastasis of various human cancers, among which squamous cell carcinoma of the tongue (SCCT). The objective of this study was to analyze clinical, morphological and immunohistochemical expression by HIF-1α, GLUT-1 and CA-IX in 57 cases of CEL and correlated this expression to clinical parameters and morphological. After a descriptive analysis of data on gender, age, race, and habits of patients, it was found that the results were consistent with the literature. The clinical and morphological parameters analyzed and the expression of these markers of hypoxia were subjected to statistical analysis (Qui2 test), verifying that they can be used as indicators of the biological behavior of CEL. Among the results of this study, we observed that the intensity of expression for HIF-1α, in most cases located in the cytoplasm and nucleus, statistically correlated with clinical staging (p = 0.011) and histological grading (p = 0.002). As for the relationship between the distribution of labeling for HIF-1α and metastasis, the chi-square (Qui2) showed that there was statistically significant differences between the groups (p = 0.040). 75.8% of the sample who had metastases, there was the predominance of diffuse marking. The immunoexpression cytoplasmic/membrane GLUT-1 showed a statistically significant correlation with the clinical stage (p = 0.002) and histological grading (p = 0.000). Concerning the location of markings for GLUT-1 tumor on the island, there was a predominance of peripheral marking specimens in most low-grade (78.6%). In the sample of high-grade, prevailed the location center/periphery (55.8%). According to the chi-square (Qui2), the location on the island of the tumor (p = 0.025) showed statistically significant difference in histological grading. The immunoreactivity of CA-IX, in most cases located in the membrane and cytoplasm, exhibited a statistically significant correlation with histological grading (p = 0.005). Based on these results, we can conclude a broad participation of these markers of hypoxia in oral carcinogenesis and its possible use as markers of biological behavior and tumor progression in CEL. Keywords: oral squamous cell carcinoma, anoxia, immunohistochemistry, biomarkers. 15 "Se não puder se destacar pelo talento, vença pelo esforço." (Dave Weinbaum) LISTA DE ILUSTRAÇÕES 16 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Página Quadro 1. Sistema de estadiamento TNM para o CEO. Fonte: Adaptado do Neville et al. (2009)................................................................................. 46 Quadro 2. Categorias de estadiamento clínico TNM para o CEO. Fonte: adaptado do Neville et al. (2009)............................................................................ 47 Quadro 3. Sistema de gradação de malignidade recomendado por Bryne (1998)...................................................................................................... 85 Quadro 4. Especificidade, clone, fabricante, diluição, recuperação antigênica e tempo de incubação dos anticorpos primários a serem utilizados no estudo...................................................................................................... 88 Quadro 5. Quadro evidenciando as variáveis analisadas, bem como sua classificação e categorização................................................................... 90 Figura 1. Representação esquemática das proteínas que constituem as duas subunidades do HIF-1 humano. Fonte: Semenza (2000)........................ 56 Figura 2. Representação esquemática do mecanismo de regulação da expressão gênica do HIF-1α sob condições de normóxia. Fonte: Höpfl; Ogunshola; Gassmann (2004)................................................................. 58 Figura 3. Representação esquemática do mecanismo de regulação da expressão gênica do HIF-1α sob condições de hipóxia. Fonte: Höpfl; Ogunshola; Gassmann (2004)..................................................................................... 60 Figura 4. Estrutura bidimensional da proteína transportadora de glicose por difusão facilitada (GLUT). Fonte: Machado, Schaan, Seraphim (2006)...................................................................................................... 67 Figura 5. Proteína kinase WNK1 promove expressão do GLUT-1 na superfície celular pela regulação da fosfoproteína TBC1D4. Fonte: Mendes et al. (2010)...................................................................................................... 68 Figura 6. CEL de baixo grau de malignidade exibindo ninhos e cordões tumorais com pérolas de ceratina permeados por intenso infiltrado inflamatório mononuclear (H/E-200X)................................................... 109 17 Figura 7. CEL de baixo grau de malignidade evidenciando ninhos tumorais com proeminente ceratinização e com pouco pleomorfismo celular e nuclear (H/E-400X)................................................................................ 109 Figura 8. CEL de alto grau de malignidade exibindo cordões e pequenos grupos de células malignas invadindo músculo e vasos sanguíneos (H/E200X)....................................................................................................... 110 Figura 9. CEL de alto grau de malignidade exibindo células malignas com demarcado pleomorfismo celular e nuclear, nucléolos volumosos e hipercromáticos (H/E-400X)................................................................... 110 Figura 10. Expressão imuno-histoquímica do HIF-1α nas células malignas e no estroma do CEL (Advance HRP-200X).................................................. 111 Figura 11. Intensa expressão imuno-histoquímica do HIF-1α no núcleo e citoplasma das células neoplásicas do CEL (Advance HRP-400X)....... 111 Figura 12. Expressão imuno-histoquímica do GLUT-1 predominantemente na periferia da ilhas tumorais do CEL (Advance HRP-200X)..................... 112 Figura 13. Intensa expressão imuno-histoquímica do GLUT-1 na membrana e citoplasma das células neoplásicas do CEL (Advance HRP-400X)....... 112 Figura 14. Expressão imuno-histoquímica da CA-IX nas células neoplásicas e no estroma do CEL (LSAB-200X)............................................................... 113 Figura 15. Intensa expressão imuno-histoquímica da CA-IX na membrana e citoplasma das células neoplásicas do CEL (LSAB-400X).................... 113 18 "A maior vitória na competição é derivada da satisfação interna de saber que você fez o seu melhor e que você obteve o máximo daquilo que você deu." (Howard Cosell) LISTA DE TABELAS 19 LISTA DE TABELAS Página Tabela 1. Tabela 2. Tabela 3. Tabela 4. Tabela 5. Tabela 6. Tabela 7. Tabela 8. Tabela 9. Tabela 10. Tabela 11. Tabela 12. Tabela 13. Tabela 14. Tabela 15. Distribuição dos casos de CEL com relação ao sexo, raça, faixa etária e hábitos dos pacientes. Natal, RN-2011................................................. 92 Distribuição das variáveis TNM, desfecho e metástases em números absolutos (n) e relativos (%). Natal, RN-2011........................................ 93 Relação entre estadiamento clínico e desfecho da doença. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal- RN, 2011............................ 96 Relação entre metástase e desfecho da doença. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011.............................................................. 96 Relação entre metástase e estadiamento clínico. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011.............................................................. 97 Relação entre gradação histológica e desfecho da doença. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011............................. 97 Relação entre gradação histológica e estadiamento clínico. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011............................. 98 Relação entre gradação histológica e metástase. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011.............................................................. 98 Relação entre as variáveis do HIF-1α e o desfecho da doença. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011............................. 99 Relação entre as variáveis do HIF-1α e a metástase. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011................................................... 100 Relação entre as variáveis do HIF-1α e o estadiamento clínico. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011............................. 101 Relação entre as variáveis do HIF-1α e a gradação histológica de malignidade. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011....... 102 Relação entre as variáveis do GLUT-1 e o desfecho da doença. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011............................. 102 Relação entre as variáveis do GLUT-1 e a metástase. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011................................................... 103 Relação entre as variáveis do GLUT-1 e o estadiamento clínico. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011............................. 104 20 Tabela 16. Relação entre as variáveis do GLUT-1 e a gradação histológica de malignidade. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011...... Tabela 17. Relação entre as variáveis da CA-IX e o desfecho da doença. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011............................. 105 Relação entre as variáveis da CA-IX e a metástase. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011................................................... 106 Relação entre as variáveis da CA-IX e o estadiamento clínico. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011............................. 107 Relação entre as variáveis da CA-IX e a gradação histológica de malignidade. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011....... 108 Tabela 18. Tabela 19. Tabela 20. 104 21 "O sucesso é ter o que você deseja e a felicidade é ter o que você já tem." (Warren Buffet) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 22 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 4E-BP Do inglês 4E-binding protein 1, traduzido como proteína 1 ligante 4E. Ahr Do inglês aryl hydrocarbon receptor, traduzido como receptor de aril hidrocarbono. AKT Refere-se a via da proteína quinase B. AP-1 Do inglês activator protein-1, traduzido como proteína ativadora-1. ARD1 Do inglês arrest-defective-1, traduzido como parada-defeito 1. ARNT Do inglês aryl receptor nuclear translocator, traduzido como translocador nuclear receptor aril hidrocarbono. ATP Do inglês adenosine triphosphate, traduzido como adenosina trifosfato. Bak Do inglês Bcl-2 homologous antagonist/killer, refere-se à proteína Bak. Bax Do inglês Bcl-2-associated X protein, refere-se à proteína Bax. Bcl-2 Do inglês B-cell CLL/lymphoma 2, refere-se à proteína Bcl-2. Bcl-xL Do inglês B-cell lymphoma-extra large, refere-se a proteína Bcl-xL. bHLH Do inglês basic-helix-loop-helix, traduzido como domínio básico-hélice-loophélice. BSA C CA Do inglês, bovin serum albumin, traduzido como albumina de soro bovino. Do inglês cytosine, traduzido como citosina. Do inglês carbonic anhydrase, traduzido como anidrase carbônica. CA-I Do inglês carbonic anhydrase I, traduzido como anidrase carbônica I. CA-II Do inglês carbonic anhydrase II, traduzido como anidrase carbônica II. CA-III Do inglês carbonic anhydrase III, traduzido como anidrase carbônica III. CA-IV Do inglês carbonic anhydrase IV, traduzido como anidrase carbônica IV. CA-IX Do inglês carbonic anhydrase IX, traduzido como anidrase carbônica IX. CARP-VIII Refere-se à anidrase carbônica VIII. CARP-X Refere-se à anidrase carbônica X. CARP-XI Refere-se à anidrase carbônica XI. CA-V Do inglês carbonic anhydrase V, traduzido como anidrase carbônica V. 23 CA-VI Do inglês carbonic anhydrase VI, traduzido como anidrase carbônica VI. CA-VII Do inglês carbonic anhydrase VII, traduzido como anidrase carbônica VII. CA-XII Do inglês carbonic anhydrase XII, traduzido como anidrase carbônica XII. CA-XIII Do inglês carbonic anhydrase XIII, traduzido como anidrase carbônica XIII. CA-XIV Do inglês carbonic anhydrase XIV, traduzido como anidrase carbônica XIV. CBP/p300 CD-31 CE Refere-se à proteína ligante ao CREB. Do inglês cluster of differentiation 31, traduzido como grupamento de diferenciação 31. Refere-se ao carcinoma epidermóide. CEL Refere-se ao carcinoma epidermóide de língua. CEO Refere-se ao carcinoma epidermóide oral. c-Myc CO2 COOH CpG CREB Cul2 Refere-se ao gene homólogo ao oncogene mielocitomatose viral (v-Myc). Do inglês carbon dioxide,traduzido como dióxido de carbono. Refere-se à extremidade carboxi-terminal. Refere-se a um dinucleotídeo. Do inglês protein binding to cAMP responsive element, traduzido como proteína ligante ao elemento responsivo cAMP. Refere-se a culina 2. CYP1A1 Refere-se uma subfamília do citocromo p450 (CYP). CYP1B1 Refere-se uma subfamília do citocromo p450 (CYP). DNA Do inglês deoxyribonucleic acid, traduzido como ácido desoxirribonucléico. E6 Do inglês protein E6, refere-se ao gene E6 ou à proteína E6. E7 Do inglês protein E7, refere-se ao gene E7 ou à proteína E7. EPA-1 Do inglês endothelial protein -1,traduzido como proteína endotelial -1. EPAS1 Refere-se ao domínio PAS da proteína endotelial 1. EPOR Do inglês erythropoietin receptor, traduzido como receptor de eritropoietina. ERK Do inglês extracellular signal regulated kinase, traduzido como quinase regulada por sinal extracelular. ERO Do inglês oxygen reactive species,traduzido como espécie reativa de oxigênio. 24 Ets-1 Do inglês protein C-ets-1, traduzido como proteína C-ets-1. FGFb Do inglês basic fibroblastic growth factor, traduzido como fator de crescimento fibroblástico básico. FIH G GLUT GLUT-1 GP Do inglês factor inhibiting HIF, traduzido como fator inibidor de HIF. Do inglês guanine, traduzido como guanina. Do inglês glucose transporter, traduzido como transportador de glicose. Do inglês glucose transporter-1, traduzido como transportador de glicose-1. Refere-se ao granuloma piogênico. GSK-3 Do inglês glycogen synthase kinase-3, traduzido como glicogênio sintase quinase-3. GTPase Do inglês guanidine triphosphate enzyme activity, traduzido como guanidina trifosfato com atividade enzimática. GTPaseRab8A Do inglês guanidine triphosphate enzyme activity Rab8A, traduzido como guanidina trifosfato com atividade enzimática Rab8A. H+ Do inglês anion hydrogen, traduzido como anion de hidrogênio. H2O Do inglês water, traduzido como água. HBS Do inglês binding site of HIF-1, traduzido como sítio de ligação ao HIF-1. HCO3- Do inglês ion bicarbonate, traduzido como íon bicarbonato. HEM Refere-se ao hemangioma. HIF-1 Do inglês hypoxia-inducible factor-1, traduzido como fator-1 induzível por hipóxia. HIF-1α Do inglês hypoxia-inducible factor-1α, traduzido como fator-1α induzível por hipóxia. HIF-1β Do inglês hypoxia-inducible factor-1β, traduzido como fator-1β induzível por hipóxia. HIF-2α Do inglês hypoxia-inducible factor-2α, traduzido como fator-2α induzível por hipóxia. HIF-3α Do inglês hypoxia-inducible factor-3α, traduzido como fator-3α induzível por hipóxia. hif-a HMIT Refere-se ao gene do HIF-1α. Do inglês H+/myo-inositol co-transporter, traduzido como transportador H+/ligado ao mio-inositol. 25 HNF4 Do inglês hepatocyte nuclear factor 4, traduzido como fator 4 nuclear de hepatócito. HPH Do inglês prolyl hydroxylase HIF, traduzido como prolil hidroxilase do HIF. HPV Do inglês human papillomavirus, traduzido como papiloma vírus humano. HRE Do inglês hypoxia-response element, traduzido como elemento responsivo de hipóxia. ID Do inglês HIF-1α inhibitory domain, traduzido como domínio inibitório do HIF-1α. IDH Do inglês isocitrate dehydrogenase, traduzido como isocitrato desidrogenase. IGF-1 Do inglês growth factor 1 insulin, traduzido como fator 1 de crescimento de insulina. INCA Refere-se a Instituto Nacional do Câncer. iNOS Do inglês inducible nitric oxide synthase, traduzido como óxido nítrico sintase indizível. JNK Do inglês c-Jun NH2-terminal kinase, traduzido como c-Jun NH2-terminal quinase. kDa Do inglês kilodalton, traduzido como quilodálton. Ki-67 Refere-se ao antígeno celular Ki-67 ou anticorpo anti-Ki-67. LDHA Do inglês, lactate dehydrogenase A, traduzido como lactato desidrogenase A. LSAB Do inglês labeled streptavidin estreptoavidina-biotina. MAPK Do inglês mitogen-activated protein kinase, traduzido como proteína-quinase ativada por mitógeno. biotin, traduzido como conjugado MEC Refere-se à matriz extracelular. MEK1 Do inglês activating MAPK kinase 1, traduzido como quinase 1 ativadora de MAPK. mTOR Do inglês mammalian target of rapamycin, traduzido como alvo mamífero da rapamicina. MV MVD NADPH Refere-se à malformação vascular. Do inglês microvessel density, traduzido como densidade microvascular. Do inglês nicotinamide adenine dinucleotide phosphate, traduzido como nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato. 26 NH2 Refere-se à extremidade amino terminal. NLS-C Do inglês nuclear localization signal carboxy terminal, traduzido como sinal de localização nuclear carboxi terminal. NLS-N Do inglês nuclear localization signal amino terminal, traduzido como sinal de localização nuclear amino terminal. O2 ODD Do inglês oxygen, traduzido como oxigênio. Do inglês oxygen dependent degradation domain, traduzido como domínio de degradação dependente de oxigênio. p53 Do inglês protein 53, refere-se ao gene p53 ou à proteína p53. PAS Do inglês per, ahr/arnt, sim, traduzido como domínio comum encontrado nos genes per, ahr/arnt, sim. PCR Do inglês polymerase chain reaction, traduzido como reação em cadeia da polimerase. PDGF Do inglês platelet-derived growth factor, traduzido como fator de crescimento derivado de plaqueta. PFK Do inglês phosphofructokinase, traduzido como fosfofrutoquinase. PGK Do inglês phosphoglycerate kinase, traduzido como fosfoglicerato quinase. PHD Do inglês prolyl hydroxylase, traduzido como prolil hidroxilase. PI3K Do inglês phosphatidylinositol-3-kinase, traduzido como fosfatidilinositol-3quinase. pRb Do inglês retinoblastoma protein, refere-se ao gene pRb ou à proteína pRb PSTB Do inglês stability domain protein rich in proline-serine-threonine, traduzido como domínio de estabilidade da proteína rico em prolina-serina-treonina. PTEN Do inglês phosphatase and tensin homolog, traduzido como fosfatase e homólogo da angiotensina. R Rab8A Ras Refere-se adenina ou guanina. Do inglês ras-related protein Rab-8A, traduzido como ras proteína relacionada Rab-8A. Do inglês rat sarcoma vírus, traduzido como vírus do sarcoma de rato. REF-1 Do inglês redox factor-1, traduzido como fator redox-1. RNA Do inglês ribonucleic acid, traduzido como ácido ribonucléico. SGHM Refere-se ao sistema de gradação histopatológica de malignidade. 27 SGLT Do inglês sodium-dependent glucose transport, traduzido como transportador de glicose ligado ao íon sódio. SLC2A1 Refere-se ao gene do GLUT-1. Smad-3 Do inglês receptor-regulated Smad-3, traduzido como receptor regulado Smad 3. Src SRC-1 T Do inglês rous sarcoma virus, traduzido como vírus do sarcoma rous. Do inglês steroid receptor coactivator 1, traduzido como coativador 1 do receptor de esteróide. Do inglês thymine, traduzido como timina. TAD-C Do inglês carboxy terminal transactivation domain,traduzido domínio de transativação carboxi terminal. TAD-N Do inglês amino terminal transactivation domain,traduzido domínio de transativação amino terminal. TBC1D4 Do inglês TBC1 domain family member 4, traduzido como TBC1 membro da família de domínio 4. TGF-β Do inglês transforming growth factor-β, traduzido como fator transformador de crescimento-β. Tie-2 Do inglês intermediary factor 2 transcription,traduzido como fator intermediário 2 da transcrição. TNF Do inglês tumor necrosis factor, traduzido como fator de necrose tumoral. TNM Do inglês, tumor-node-metastasis, refere-se ao sistema de estadiamento clínico que avalia o tamanho do tumor, envolvimento do linfonodo regional e envolvimento por metástase à distância. TRIS-HCL Refere-se à tris-hidroximetil-aminometano. TRX Do inglês thioredoxin, traduzido como tioredoxina. UV Refere-se à ultravioleta. VEGF Do inglês vascular endothelial growth factor, traduzido como fator de crescimento endotelial vascular. VHL Do inglês Von Hippel Lindau factor, traduzido como fator de Von Hippel Lindau. WNK1 Do inglês lysine deficient protein kinase 1, traduzido como proteína quinase lisina deficiente 1. 28 XRE Do inglês xenobiotic responsive element, traduzido como elemento responsivo a xenobiótico. α-CA Refere-se ao gene α da anidrase carbônica. β-CA Refere-se ao gene β da anidrase carbônica. γ-CA Refere-se ao gene γ da anidrase carbônica. 29 "Quando você quer alguma coisa, todo o Universo conspira para que você realize o seu desejo." (Paulo Coelho) SUMÁRIO 30 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 32 2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................... 35 2.1 Carcinoma Epidermóide Oral ....................................................................................... 36 2.2 Fator 1 Induzível por Hipóxia - HIF-1......................................................................... 54 2.3 Transportador de Glicose - GLUT................................................................................. 65 2.4 Anidrase Carbônica - CA .............................................................................................. 74 3 PROPOSIÇÃO ............................................................................................................... 80 4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 82 4.1 Caracterização do Estudo ....................................................................................... 83 4.2 População ............................................................................................................... 83 4.3 Amostra .................................................................................................................. 83 4.3.1 Critérios de Inclusão da Amostra ............................................................. 84 4.3.2 Critérios de Exclusão da Amostra ............................................................ 84 4.4 Estudo Clínico......................................................................................................... 84 4.5 Estudo Morfológico ............................................................................................... 84 4.6 Estudo Imuno-histoquímico .................................................................................. 85 4.7 Análise do Perfil Imuno-histoquímico ................................................................... 88 4.8 Análise Estatística .................................................................................................. 89 4.8.1 Delineamento da Análise ........................................................................ 89 4.8.2 Variáveis Estudadas ................................................................................ 90 31 4.8.3 Definição do Teste Estatístico ................................................................ 90 4.9 Implicações Éticas ................................................................................................. 90 5 RESULTADOS............................................................................................................... 91 5.1 Análise Descritiva dos Aspectos Clínicos.............................................................. 92 5.2 Análise Descritiva dos Aspectos Morfológicos...................................................... 93 5.3 Análise Descritiva da Imuno-histoquímica do HIF-1α, GLUT-1 e CA-IX............ 94 5.3.1 HIF-1α...................................................................................................... 94 5.3.2 GLUT-1.................................................................................................... 94 5.3.3 CA-IX....................................................................................................... 95 5.4 Resultado da Análise Estatística............................................................................. 95 5.4.1 Análise Estatística dos Aspectos Clínicos................................................. 95 5.4.2 Análise Estatística da Expressão Imuno-histoquímica do HIF-1α........... 99 5.4.3 Análise Estatística da Expressão Imuno-histoquímica do GLUT-1........ 102 5.4.4 Análise Estatística da Expressão Imuno-histoquímica da CA-IX........... 105 6 DISCUSSÃO.................................................................................................................. 114 7 CONCLUSÕES............................................................................................................. 137 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 139 APÊNDICES .................................................................................................................... 154 ANEXOS........................................................................................................................... 157 32 "É justamente a possibilidade de realizar um sonho que torna a vida interessante." (Paulo Coelho) INTRODUÇÃO 33 1 INTRODUÇÃO O carcinoma epidermóide oral (CEO) é uma neoplasia maligna de origem epitelial que corresponde a mais de 90% dos cânceres que ocorrem em cavidade oral, constituindo-se em um grave problema de saúde pública em determinados lugares do mundo (GORSKY et al., 2004). Sua etiologia é multifatorial, onde diversos fatores intrínsecos tais como alterações genéticas, deficiências nutricionais e imunossupressão e fatores extrínsecos como radiação solar, tabaco, álcool e vírus têm sido apontados dentre os agentes relacionados à sua etiopatogenia (AL-RAWI; TALABANI, 2008; ANDISHEH-TADBIR; MEHRABANI; HEYDARI, 2010). Esta neoplasia ocorre mais frequentemente em indivíduos do gênero masculino, entre a sexta e oitava década de vida, sendo a localização mais acometida, relatada pela maioria dos estudos, a língua, seguida do assoalho bucal, lábio e palato (ARIYOSHI et al., 2008; GARAVELLO et al., 2008; RIBEIRO et al., 2009). Dentre estas localizações anatômicas, os casos diagnosticados em língua demonstram algumas peculiaridades. São lesões de caráter mais infiltrativo, com curso clínico mais agressivo, prognóstico desfavorável, altas taxas de morbidade e mortalidade e com grande probabilidade de desenvolver metástase para os linfonodos regionais, ainda que em pequenos diâmetros (RUSTHOVEN et al., 2010). Várias condições estão associadas ao potencial de agressividade do CEO, sendo considerados as mais significativas: o grau histológico de malignidade, tamanho do tumor, comprometimento dos tecidos vizinhos, presença de metástase no momento do diagnóstico e localização anatômica (ALVES et al., 2011). Entretanto, segundo Wang et al. (2006) e Le et al. (2007), parâmetros clínicos e patológicos ainda são insuficientes para a determinação do comportamento biológico do CEO, pois pacientes com tamanho equivalente de tumor, mesmo com o estadiamento clínico e diferenciação tumoral semelhantes, podem diferir no curso clínico da doença e tempo de sobrevida. Assim, a identificação de outros fatores relacionados ao desenvolvimento da neoplasia pode levar à descoberta de ferramentas que indiquem ou expliquem o potencial maligno dessa doença. A hipóxia tumoral é a uma das características das neoplasias malignas que encontra-se associada à resistência as modalidades terapêuticas como a quimioterapia e 34 a radioterapia, devido a uma série de mudanças genéticas adaptativas que ocorrem no ambiente hipóxico que visam favorecer o mecanismo de crescimento e proliferação celular, resultando em células com alto poder de invasão e metástase, com um fenótipo mais agressivo e indivíduos com pior prognóstico (CHOI et al., 2008; TANAKA et al., 2008). O fator 1 induzível por hipóxia (HIF-1) é um regulador central da resposta à mudanças na concentração de O2, agindo por exemplo, em mecanismos exercidos pelos membros de transporte da glicose (GLUT) e na anidrase carbônica (CA), os quais então envolvidos no papel da regulação do metabolismo energético, angiogênese, viabilidade e proliferação celular, apoptose, migração e adesão celular (SEMENZA, 2006; SMITH; ROBBINS; RATCLIFFE, 2008). Sendo assim, pesquisas têm sido realizadas com o intuito de avaliar e elucidar o papel dos marcadores de hipóxia na patogênese e progressão em muitos tipos de neoplasias e lesões não-neoplásicas, incluindo as de cabeça e pescoço, com objetivo de auxiliar na estimativa do prognóstico e na escolha da terapêutica adequada (TANAKA et al., 2008; OHBA et al., 2010). Diante do exposto, este trabalho teve como proposição avaliar a expressão imuno-histoquímica de marcadores de hipóxia, utilizando os anticorpos anti-HIF-1α, anti-GLUT-1 e anti-CA-IX em uma série de casos de carcinoma epidermóide de língua (CEL) na tentativa de estabelecer uma correlação entre a expressão dessas proteínas e o comportamento biológico do tumor. 35 “O poder está dentro de você enquanto você acreditar.” (Fernando Lapolli) REVISÃO DE LITERATURA 36 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Carcinoma Epidermóide Oral As lesões malignas que acometem os tecidos orais representam em seu conjunto o sexto tipo de câncer mais comum e uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo mundo. O câncer oral é um grave e crescente problema de saúde pública no Brasil, correspondendo a 4 % de todos os tipos de câncer, ocupando o oitavo lugar entre os tumores que acometem o homem e o décimo primeiro entre as mulheres (MASSANO et al., 2006). Segundo dados fornecidos pelo do Instituto Nacional do Câncer – (INCA), a estimativa de ocorrência de câncer oral no Brasil para o ano de 2010 é de 14.120 casos, dos quais 10.330 devem acometer o sexo masculino e 3.790 o feminino. No Nordeste, estima-se 2.810 novos casos de câncer oral, sendo a segunda região mais acometida. No Rio Grande do Norte, para cada 100.000 habitantes, 210 seriam acometidos por tal lesão, sendo 60 deles em Natal (INCA, 2010). Nascimento et al. (2005), em análise de 2.147 casos de lesões bucomaxilofaciais diagnosticadas no Laboratório de Patologia Bucal da Universidade de Pernambuco, constataram que 5% (109 casos) de todas as lesões analisadas tinham natureza maligna e, deste percentual, aproximadamente 37% (40 casos) correspondiam a casos de CEO, que foi a neoplasia mais comumente diagnosticada nesse serviço, correspondendo 1,8% de todos os casos estudados. O CEO, também chamado de carcinoma espinocelular ou de carcinoma de células escamosas, representa cerca de 90 a 95% das neoplasias malignas de mucosa oral que atinge mais os homens do que as mulheres em uma proporção de 2:1, principalmente acima dos cinqüenta anos de idade (AL-RAWI; TALABANI, 2007; REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2008). Esta neoplasia ocorre principalmente em língua e lábio inferior, podendo afetar outros sítios como assoalho bucal, mucosa jugal, gengiva e palato (NEVILLE et al., 2009). Amorim, Amorim e Freitas (2002), investigando 85 casos de CEO, constataram que o palato foi a localização mais afetada (22,3%), seguido pelo rebordo alveolar 37 (21,1%) e assoalho bucal (14,1%). Identificaram, ainda, uma pequena diferença entre a incidência do sexo masculino (51,7%) e o sexo feminino (48,3%). Em estudo de 1.287 casos de CEO realizado no período de 1979 a 1999 nos serviços de Anatomia Patológica de Aracaju, Hora et al. (2003) verificaram uma freqüência da lesão de 62,2% em pacientes do sexo masculino e 32% em pacientes do sexo feminino, numa relação de 1,9:1. Os demais casos (5,8%) corresponderam àqueles com informações ignoradas. A faixa etária prevalente foi de 60 a 69 anos, com a idade média de 58,2 anos para o sexo masculino e 60,5 anos para o sexo feminino. Nos homens, a língua foi a localização anatômica de maior freqüência com 31,5% dos casos, seguida do lábio inferior (25,7%) e do assoalho (14,4%). Para as mulheres evidenciouse que a língua representou 29,1% dos casos, o lábio 19,2% e o palato 16,3%. Dedivitis et al. (2004), avaliando o perfil de pacientes portadores de CEO, evidenciaram uma proporção de homem-mulher de 3,35:1. As idades variaram de 46 a 91 anos, com mediana de 62 anos. Tromp et al. (2005) evidenciaram 134 neoplasias orais em uma série de 306 carcinomas de cabeça e pescoço. A faixa etária variou de 34 a 89 anos, com média de 62 anos. Os homens foram cerca de duas vezes mais afetados do que as mulheres. Conforme a pesquisa conduzida por Ariyoshi et al. (2008) em 1816 casos de câncer oral, os autores relataram que 88,7% de todos os casos eram de CEO, os quais 59,2% acometiam o sexo masculino com a média de idade de 65,2 anos. O sítio mais freqüente foi a língua (40,2%), seguida pela gengiva (32,7%), mucosa jugal (10,1%) e assoalho bucal (9,0%). Segundo Santos et al. (2009), em uma pesquisa de 396 casos de CEO no Estado de Alagoas, observaram que a maioria dos pacientes era do sexo masculino (62,7%), com média de idade de 61,95 anos, sendo a língua o sítio anatômico preferencialmente afetado, seguido pelo assoalho de boca. Marocchio et al. (2010), objetivando detectar possíveis diferenças nos dados epidemiológicos do CEO na cidade de São Paulo nos últimos 40 anos, analisaram 1564 casos da lesão entre os anos de 1960 e 2008, os quais foram divididos em quatro períodos de tempo (1961-1980, 1981-1990, 1991-2000, 2001-2008). Os autores 38 puderam constatar que o sexo masculino, no geral foi o mais afetado que o sexo feminino (3:1), entretanto quando, comparados entre o primeiro e o último período de tempo, a proporção diminuiu significativamente (5,8:1 para 2,8:1). Um aumento relevante na taxa de CE em pacientes acima de 80 anos foi observada nos períodos iniciais. Quanto à localização, a gengiva foi à região mais acometida, contudo, a freqüência de ocorrência no lábio inferior aumentou no último período de tempo. Com relação ao tamanho da lesão no momento do diagnóstico, houve uma diferença significativa entre o primeiro e o último período. As lesões menores foram encontradas nos últimos anos do estudo o que suporta uma visão otimista na detecção precoce do cancer oral em São Paulo. Alguns estudos indicam um maior envolvimento do CEO em pacientes de raça branca, chegando a representar aproximadamente 80% dos casos, ao passo em que outros estudos demonstram ser mais comum na raça negra. Estas discrepâncias podem estar relacionadas à ampla miscigenação da população brasileira e da conseqüente dificuldade em se enquadrar determinados indivíduos em uma raça pré-estabelecida (SOARES, 2005; ALVES et al., 2011). O CEO pode exibir várias apresentações clínicas, incluindo formas leucoplásicas, eritroplásicas, eritroleucoplásicas ou ulceradas, assim como três padrões de crescimento: exofítico, endofítico e verrucoso (NEVILLE et al., 2009). Segundo Izarzugaza, Esparza e Aguirre (2001), tais aspectos clínicos não tendem a exibir variações nas diferentes idades e podem demonstrar a presença de diversos sinais e sintomas, tais como: dor em diferentes graus e até mesmo ausência de sintomatologia; hiperceratose, ulceração, crescimento exofítico ou infiltrativo, friabilidade, sangramento; halitose, nódulos cervicais, submandibulares e submentais palpáveis, e até alteração na fonação e na deglutição quando localizado em língua e orofaringe. A apresentação típica desta enfermidade é de uma lesão com área central necrótica delimitada por borda elevada e endurecida. No entanto, em algumas situações, a lesão pode ser indistinguível de condições orais inflamatórias inócuas, sendo imprescindível a realização de uma biópsia para correto estabelecimento do diagnóstico e conseqüente tratamento (PORTE; WAUGH, 2005; AL-RAWI; TALABANI, 2007). O desenvolvimento da neoplasia está intimamente relacionado com alterações na estrutura e na regulação genética. Essas alterações podem ser mutações espontâneas ou 39 provocadas por fatores externos como diversos agentes carcinógenos físicos, químicos e biológicos. Sua etiologia é complexa pelo fato de ter um caráter multifatorial, sendo apontados fatores extrínsecos (fumo, álcool, radiação solar e vírus) e intrínsecos (alterações genéticas, deficiências nutricionais e imunossupressão) relacionados com a etiopatogenia (MASSANO et al., 2006; NEVILLE et al., 2009). Kosomara et al. (2005) descrevem que para um determinado nível de exposição a um carcinógeno, apenas parte dos indivíduos expostos desenvolverá o câncer, pois grande parte das substâncias carcinogênicas requer ativação metabólica no organismo antes de se tornarem efetivamente cancerígenas. A susceptibilidade individual ao câncer parece depender, em parte, da capacidade, determinada geneticamente, de metabolizar e eliminar essas substâncias do organismo de forma eficiente. Regezi, Sciubba e Jordan (2008) relataram que o denominador comum para todos os fatores etiológicos do câncer oral é a sua habilidade para alterar permanentemente o genoma dos ceratinócitos da mucosa. Estes fatores, através de mutação, amplificação ou ativação dos oncogenes e inativação de genes supressores de tumor podem comandar os fenômenos da carcinogênese. Conforme Bettendorf, Piffko e Bánkfalfi (2004), a carcinogênese oral é um processo multifásico que requer a desestabilização de vários sistemas de controle e reparo que coordenam o comportamento celular, existindo, portanto, rupturas na sinalização celular, reparo de DNA e ciclo celular, que são fundamentais para homeostase tecidual. Abbas, Lichtman e Pillai (2008) e Siveira et al. (2010) ressaltam que após aquisição do fenótipo maligno, as células cancerosas necessitam evadir-se do sistema imune do hospedeiro para sobreviver e, assim, formar a massa tumoral. Por essa razão, a imunossupressão tem sido implicada como fator de risco para o desenvolvimento de diversas neoplasias humanas, dentre as quais o CEO (Neville et al., 2009). O fumo e o álcool representam os principais fatores envolvidos na etiologia do CEO. O tabaco fumado ou mascado pode atuar isoladamente ou em sinergismo com o álcool, estando bem documentado que o risco para o desenvolvimento do câncer aumenta proporcionalmente à quantidade de cigarros consumidos ou álcool ingerido, havendo efeito multiplicativo quando ambos são utilizados em conjunto (BATISTA et al., 2010). 40 Dedivitis et al. (2004) evidenciaram que pacientes com CEO e da orofaringe tiveram significativa exposição ao tabagismo e etilismo, em um casuística onde os pacientes tinham uma idade acima dos 40 anos. Observaram que o hábito do tabagismo estava presente em 77% dos pacientes com carcinoma oral, sendo que 35% consumiam até 40 cigarros por dia, enquanto o etilismo foi registrado em 74% dos pacientes. Ribeiro et al. (2009) observaram 46 casos de CEO em jovens brasileiros, com média de idade abaixo de 45 anos, 70% desses jovens eram etilistas e tabagistas e 65% foram diagnosticados em estadiamento clínico III e IV. Todavia, O’Regan et al. (2006) relacionaram o desenvolvimento do CEO em jovens ao uso de drogas, infecções virais e dieta, pois a maioria desses pacientes não relataram o hábito de fumar. O mecanismo molecular básico da carcinogênese decorrente da exposição aos constituintes do tabaco resulta da formação de adutos eletrolíticos no DNA nas células expostas a tais constituintes. A grande maioria dos componentes do tabaco relacionada à carcinogênese oral é enquadrada como carcinógenos químicos da classe dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, tais como o benzo(α)pireno. Esses carninógenos precisam de ativação metabólica, através de enzimas dependentes do citocromo p-450 (CYP1A1 e CYP1B1), para causar efeito deletério por meio de espécies moleculares reativas que levam à formação de adutos no DNA da célula, que podem acarretar a mutações em genes relacionados à proliferação, diferenciação e apoptose (KUMAR; ABBAS; FASTO, 2008). O álcool etílico é a droga mais consumida no mundo e seu consumo abusivo relaciona-se ao aumento na incidência de cânceres da cavidade oral, faringe, esôfago, fígado e, provavelmente, mama (KUMAR; ABBAS; FASTO, 2008). Essa droga não é um carcinógeno direto, necessitando ser metabolizado em várias formas de aldeídos que tem propriedades carcinogênicas. Esta reação bioquímica pode ser feita tanto pelo próprio organismo de quem consome essa droga como também por bactérias comensais da cavidade oral (SCULLY; BAGAN, 2009). Kurkivuori et al. (2007) verificaram em seu trabalho que cepas de Streptococcus salivarius, Streptococcus intermedius e Streptococcus mitis quando incubadas em etanol eram capazes de produzir altas concentrações de acetaldeído, além de apresentarem alta atividade da enzima desidrogenase alcoólica, que é responsável pela metabolização do etanol em seus derivados carcinogênicos. 41 Alquati (2011) afirma que os mecanismos pelos quais o álcool pode agir na etiopatogênese do câncer oral não estão definitivamente esclarecidos, podendo ser sugeridos o aumento da permeabilidade das células da mucosa aos agentes carcinogênicos, devido ao efeito solubilizante do álcool, a presença de substâncias carcinogênicas nas bebidas alcoólicas, o dano celular produzido pelos metabólitos do etanol (aldeídos), bem como deficiências nutricionais decorrentes do consumo crônico do álcool. A exposição excessiva ou a longo prazo à radiação solar é a principal causa do câncer em lábio inferior, evidenciado especialmente em pessoas de pele clara com tendência a se bronzear facilmente, sendo mais comum em trabalhadores rurais (LUNAORTIZ et al., 2004; NEVILLE et al., 2009). Kumar, Abbas e Fausto (2008) afirmam que o grau de risco depende do tipo de radiação ultravioleta (UV), da intensidade de exposição e da quantidade de agentes protetores naturais presentes na pele. Os raios UV têm a capacidade de inibir a divisão celular, inativar vias enzimáticas, induzir mutações e morte celular. Adicionalmente, as lesões no DNA são decorrentes do acúmulo de dímeros de piridina e, caso não sejam reparadas pelo sistema enzimático de excisão nucleotídica, podem originar mutações com potencial carcinogênico. Nos dias atuais, muita atenção é reservada ao possível papel do papiloma vírus humano (HPV) no potencial oncogênico na carcinogênese oral. Os subtipos 16, 18, 31 e 33 do HPV são as cepas mais intimamente relacionadas à displasia e ao carcinoma de células escamosas. Os mecanismos básicos pelos quais acredita-se que o HPV contribua para a carcinogênese oral envolvem principalmente duas proteínas codificadas pelo vírus: E6 que promove a degradação do produto do gene supressor tumoral p53 e o E7 que atua na degradação do produto do gene supressor tumoral pRb (NEVILLE et al., 2009). Conforme Oliveira et al. (2003), apesar do aprimoramento das técnicas de detecção do HPV nas lesões de mucosa oral, seu envolvimento direto com os carcinógenos orais não foi ainda devidamente comprovado. Determinados subtipos, particularmente o HPV-16 e o -18, estão relacionados ao câncer da cérvice uterina e, como afirmam diversas investigações, ao câncer oral (ANDREWS; SEAMAN; WEBSTER-CYRIAQUE, 2009; SALEM, 2010). Todavia sua ação sinérgica, logo após sua integração irreversível ao DNA da célula infectada, com outros carcinógenos 42 químicos e físicos, em determinados casos, parece ser o caminho mais correto para explicar a ação do HPV na carcinogênese oral (OLIVEIRA et al., 2009; SALEM, 2010). A desnutrição, resultante de problemas socioeconômicos e/ou distúrbios metabólicos, têm sido relacionada à carcinogênese oral por ocasionar alterações epiteliais, tornando a mucosa oral mais susceptível aos agentes cancerígenos. A carência de antioxidantes e dietas inadequadas funciona como fontes de radicais livres que seriam responsáveis por alterações no DNA celular, tornando-o mais vulnerável ao desenvolvimento de neoplasias (NEVILLE et al., 2009; SCULLY; BEGAN, 2009; INCA, 2010). Com relação ao tratamento, o estadiamento clínico da doença conduz à terapêutica adotada no câncer oral, que consiste na excisão cirúrgica ampla, radioterapia ou na combinação de cirurgia e radioterapia. A localização do tumor pode influenciar o plano de tratamento, onde as lesões orofaríngeas geralmente recebem radioterapia. Outras indicações para radioterapia incluem a presença de margens cirúrgicas exíguas ou comprometidas, metástase regional, características histopatológicas de alto grau e invasão perineural ou angiolinfática. A quimioterapia tipicamente é administrada em conjunto com a radiação, como quimioterapia de indução seguida por quimioradioterapia concomitante ou como terapia paliativa (NEVILLE et al., 2009; ALVES et al., 2011). Para carcinomas intraorais de pequenas dimensões, uma única modalidade de tratamento é geralmente escolhida. Pacientes com lesões maiores ou que apresentem linfonodos clinicamente palpáveis requerem terapia combinada. Além disso, pacientes com CEL no estágio inicial (estágio I e II), mas profundamente invasivos com espessura maior que 3 ou 4 mm, são de risco aumentado para metástase subclínica para linfonodo e, dessa forma, devem receber irradiação pós-operatória em pescoço ou dissecção cervical eletiva (NEVILLE et al., 2009). A pesquisa conduzida por Montoro et al. (2008) em 45 casos de CEO, evidenciou que a taxa de sobrevida foi menor em pacientes com metástase linfonodal regional (p = 0,017), aqueles que apresentavam com margens da lesão comprometidas (p = 0,004) e naqueles que foram submetidos a radioterapia-pós operatória (p = 0,056), a qual não apresentou ser estatisticamente relevante. Os autores ressaltam que é 43 provável que a taxa de sobrevivência de 5 anos de somente 39% tenha sido devido ao elevado número de pacientes com metástase (52%) e pelo fato da amostra ser basicamente de CEL e assoalho da boca (82%), os quais são os mais difíceis de controlar devido ao comportamento agressivo. Wang et al. (2009), em uma análise de 227 pacientes com CEL no estágio I e II, verificaram que a taxa de recorrência foi menor nas lesões bem diferenciadas (19,3%) (p = 0,004) do que as moderadamente e pobremente diferenciadas (28%) (p = 0,014) e significantemente mais baixa nos pacientes que receberam a radioterapia combinada a cirurgia (15%), do que aqueles que submeteram-se a exicisão cirúrgica. A taxa de sobrevida de 3 e 5 anos nos grupos com e sem recorrência foi de 40,7% contra 87,3% e 25,9% contra 80,3%, respectivamente (p = 0,000). Além disso, os autores investigaram que a taxa de sobrevida era significantemente mais baixa nos pacientes acima de 45 anos (p = 0,021) e naqueles que não se submeteram ao esvaziamento cervical (p = 0,023). Rusthoven et al. (2010) avaliaram a sobrevida e os padrões de recidivas em uma série de casos de CEL tratados cirurgicamente entre os anos de 1999 e 2007. Durante este tempo de análise, 38 pacientes apresentaram um novo CEL logo após a ressecção cirúrgica inicial. Esses pacientes foram mais uma vez tratados através da cirurgia e/ou radioterapia com quimioterapia adjuvante. Após acompanharem aproximadamente 29 meses os pacientes, observaram que o controle locorregional e à distancia exibiu taxa livre de doença em dois anos de 58% e 83%, respectivamente. Assim, os autores enfatizam que embora a terapia para esses casos tenha sido agressiva, os pacientes com CEL tiveram uma baixa taxa de controle local e de sobrevida, especialmente entre os pacientes no estágio I-II da doença. Adicionalmente, Liu et al. (2011), propondo avaliar se o esvaziamento cervical eletivo poderia melhorar a taxa de sobrevida no estágio I do CEL, 131 pacientes realizaram a cirurgia do sítio primário da lesão, sendo que desses; 88 casos foram submetidos a esvaziamento cervical seletivo, incluindo o nível esvaziamento I-III em 49 pacientes e o nível esvaziamento cervical I-V em 39 pacientes. Com isso, os autores constataram que após 4 anos, as taxas de controle regional em pacientes com apenas o tratamento cirúrgico do sítio primário, os pacientes submetidos ao esvaziamento cervical nível I-III e aqueles tratados com o esvaziamento nível I-V foram 81%, 83,6% 44 e 89,1%, respectivamente. Assim, na análise multivariada, observaram que o esvaziamento cervical eletivo não era um fator independente para aumentar a taxa de sobrevida livre da doença ou taxa de sobrevida global, pois não evidenciaram uma melhora no controle regional da doença no estágio I, havendo com isso, a necessidade de métodos precisos e válidos para selecionar pacientes que se beneficiem do tratamento eletivo. Choi et al. (2006) relatam que a taxa de sobrevida de 5 anos é de somente de 35% a 50% para os pacientes acometidos pelo CEO, afirmando que isso pode estar correlacionado com a falha na resposta ao tratamento, apresentação tardias das lesões e falta de marcadores fidedignos para detecção precoce, tornando a neoplasia umas das mais difíceis de se estabelecer um controle adequado. A maioria dos portadores de CE são diagnosticados com a doença no estágio avançado, exibindo lesões primárias, bem como metástases em linfonodos regionais no momento do diagnóstico, interferindo dessa forma, na taxa de sobrevida do paciente, mesmo com o avanço nas modalidades terapêuticas nos últimos 10 anos. De acordo com Neville et al. (2009), o CE de lábio inferior é uma lesão de bom prognóstico, devido ao seu alto grau de diferenciação e baixa freqüência de metástases em linfonodos regionais. Todavia quando a metástase em linfonodo regional é detectada, existe uma diminuição da sobrevida do paciente. Já o CEL geralmente apresenta pobre diferenciação histológica e evolução clínica rápida, com metástases precoces, sendo uma lesão de prognóstico reservado quando comparados ao CE de outros sítios orais (IZARZUGAZA; ESPARZA; AGUIRRE, 2001; MIRANDA, 2002; VARTANIAN et al. 2004). Segundo Nithya et al. (2003), a língua é o sítio mais acometido pelo CEO, bem como a mais relacionada à baixa taxa de sobrevida e a altas incidências de desenvolvimento de metástases para linfonodos cervicais, pois de 34% a 50% dos pacientes com tumores de pequenas dimensões e cerca de 62,3% dos pacientes, acometidos por tumores de proporções maiores, desenvolviam metástases, sendo constatado que esse parâmetro foi um forte indicador de sobrevida e prognóstico em pacientes acometidos por CEL. 45 Conforme, Sturgis et al. (2005), dentre as localizações anatômicas do CEO, a língua é uma que mais resulta em seqüelas pós tratamento, devido ao comprometimento cirúrgico desse órgão e do esvaziamento cervical que na maioria dos protocolos oncológicos é feito na tentativa de se evitar metástases locorregionais e à distância. Por conseguinte, diversas pesquisas tentam elucidar meios de melhorar a sobrevida dos pacientes, minimizar os efeitos deletérios sob a função oral e estética facial através da redução da extensão da glossectomia e dissecção cervical e do uso prolongado da radioterapia e quimioterapia. Corroborando com os achados de Amaral et al. (2004), Garavello et al. (2008), propondo avaliar a participação independente do gênero como fator de prognóstico em câncer oral em 71 mulheres e 142 homens, constataram também que a freqüência de recidiva foi semelhantes nos dois grupos de estudo (p = 0,25) ocorrendo em 46% no sexo feminino e 78% no sexo masculino. Alem disso, não houve diferenças estatiscamente relevante com relação ao número de óbitos por câncer em mulheres e homens os quais foram de 32% e 39%, respectivamente. De acordo com Bettendor, Piffkò e Bànkafalvi (2004), o curso clínico dos pacientes acometidos por câncer oral é influenciado principalmente pelo rápido crescimento e pelo potencial metastático das células tumorais. Os autores afirmaram que crescimento tumoral resulta de um desequilíbrio entre proliferação e apoptose os quais são influenciados pela angiogênese, enquanto que o potencial metastático sofre influência de alterações célula/célula e célula/matriz. Segundo Mc Cawley e Matrisian (2000), a metástase é um processo complexo, de múltiplas etapas no qual as células normais sofrem mudanças genéticas, tornando-as capazes de invadir e de se espalhar para sítios distantes. O crescimento das células neoplásicas no tecido invadido conta com a destruição das interações célula-célula e célula–matriz. As células neoplásicas migram para além do tumor primário e o processo de metástase é caracterizado, sendo definido o fenótipo metastático em função da expressão de moléculas envolvidas na adesão célula-célula e célula–matriz (CHRISTOFORI, 2003). Mareel e Leroy (2003) afirmam que é fator determinante para o crescimento e invasão tumoral o estabelecimento de interações satisfatórias como seu hospedeiro, pois 46 alterações genéticas e distúrbios na expressão gênica presentes nos tumores não implicariam grandes conseqüências caso estes não viabilizassem mecanismos para explorar as falhas e/ou driblar as respostas no sistema de defesa do hospedeiro. A forma de avaliação mais difundida para analisar clinicamente o prognóstico dos tumores malignos e o planejamento do tratamento é através do sistema TNM (CARINCI, 1998). O tamanho do tumor e a extensão da disseminação metastática do CEO são os melhores indicadores do prognóstico do paciente. A quantificação destes parâmetros clínicos é chamada estadiamento da doença, onde o parâmetro “T” refere-se ao tamanho em centímetros do tumor primário; “N” indica a presença ou ausência de metástase tumoral em linfonodos regionais e “M” refere-se à presença ou não de metástase a distância (Quadro 1). A avaliação destas três variáveis permite a classificação das lesões em estágios de I a IV (Quadro 2), quanto maior o estágio, pior o prognóstico (NEVILLE et al., 2009). TAMANHO DO TUMOR PRIMÁRIO (T) Nenhuma informação disponível sobre o tumor primário Nenhuma evidência de tumor primário Apenas carcinoma in situ em estágio primário Tumor com menos de 2 cm em seu diâmetro maior Tumor com cerca de 2 a 4 cm em seu diâmetro maior Tumor com mais de 4 cm em seu diâmetro maior Tumor invade através da cortical óssea, para o interior da musculatura profunda extrínseca da língua, seio maxilar ou pele da face. Tumor passível de ressecção cirúrgica. Tumor envolve espaço mastigatório, lâminas do proceso pterigóide ou base do T4b crânio e/ou envolve completamente a artéria carótida interna. Tumor não passível de ressecção cirúrgica. ENVOLVIMENTO DE LINFONODO REGIONAL (N) linfonodos não puderam ser ou não foram identificados NX Nenhum linfonodos clinicamente positivo N0 Um único linfonodos homolateral clinicamente positivo com menos de 3 cm de N1 diámetro N2a - Um único linfonodo homolateral clinicamente positivo com 3 a 6 cm de N2 diâmetro N2b - Múltiplos linfonodos homolaterais clinicamente positivos, nenhum com mais de 6 cm de diâmetro. N2c – linfonodos bilaterais ou contralaterais, nenhum maior do que 6 cm em seu maior diâmetro Metástase em um linfonodo maior que 6 cm em seu maior diâmetro N3 ENVOLVIMENTO POR METÁSTASES A DISTÂNCIA (M) Metástases à distância não foram identificadas MX Nenhuma evidência de metástase à distância M0 Metástase à distância presente M1 Quadro 1. Sistema de estadiamento TNM para o CEO. Fonte: Adaptado do Neville et al. (2009). TX T0 T1S T1 T2 T3 T4a 47 ESTÁGIO CLASSIFICAÇÃO TNM TAXA DE SOBREVIDA RELATIVA DE 5 ANOS I T1 N0 M0 68% II T2 N0 M0 53% III T3 N0 M0 ou T1, T2 ou T3, N1 M0 41% IVA- T4aN0 ou N1M0 ou T1, T2, T3 ou T4aN2M0 IV IVB- Qualquer TN3M0 ou T4b, qualquer NM0 27% IVC- Qualquer lesão M1 Quadro 2. Categorias de estadiamento clínico TNM para o CEO. Fonte: adaptado do Neville et al. (2009). Garavello, Spreafico e Gaini (2007) realizaram uma pesquisa correlacionando pacientes com CEL com idade ≤ 40 anos a pacientes mais velhos, pareados por diagnóstico, sexo e TNM. As análises demonstraram que a freqüência de recorrências e morte em decorrência do câncer foi significativamente mais alta nos pacientes mais jovens. A curva de sobrevida definiu-se na dependência da idade dos pacientes, sendo menor para os pacientes com idade abaixo dos 40 anos. Assim, os autores puderam concluir que os pacientes mais jovens com CEL têm um pior prognóstico quando comparado com os mais velhos. Entretanto, segundo relatos de Van Heerden, Raubenheimer e Le Roux (1995), tumores com o mesmo estadiamento clínico demonstram diferentes padrões de crescimento, sendo necessário o uso de outros métodos de avaliação de tumores, como o sistema de gradação histopatológica de malignidade (SGHM) e uso de marcadores tumorais. De acordo com Martins Neto (1999), o SGHM do CEO é um recurso microscópico que visa classificar a lesão de acordo com o grau de diferenciação celular, no intuito de fornecer subsídios que possibilitem a interpretação da agressividade do tumor. Em uma pesquisa de revisão de literatura, Woolgar (2006) ressaltou a relevância dos dados histopatológicos do tumor primário e da metástase como fatores indicativos do prognóstico do CEO e orofaringe, recomendando, dessa forma, a padronização na avaliação histopatológica e na cuidadosa documentação dos dados, pois se observou que 48 a metástase linfonodal regional era diagnosticada histologicamente em 59-64% dos CEL. Diversos aspectos clínicos e morfológicos podem ser relevantes para a necessidade do esvaziamento cervical eletivo após a identificação de metástase oculta no estágio tumoral N0 através da biópsia do linfonodo sentinela. Com isso, Goerkem, Braun e Stoeckli (2010), em uma análise de 78 pacientes com CEO no estágio T1/T2 submetidos à biópsia linfonodal cervical, evidenciaram que o grau de diferenciação celular (p = 0,002), invasão linfática (p = 0,001) e modo de invasão (p = 0,001) eram estatiscamente significantes para predizer a metástase oculta em linfonodos. A profundidade média do tumor de 6,45 mm (variando de 0,72 a 15,15 mm) e a espessura tumoral média de 7,2 mm (variando de 0,72 a 15,15 mm) não foram capazes de predizer a doença oculta. Os autores defendem que os pacientes com CEO no estágio N0 devem ser submetidos à biópsia do linfonodo sentinela, independente da profundidade e espessura tumoral. Portanto, carcinomas pouco diferenciados, com comprometimento de vasos linfáticos e carcinomas com um modo dissoluto de invasão podem caracterizar uma alta probabilidade de linfonodo positivo. Histopatologicamente, o CEO caracteriza-se por ilhas e cordões invasivos de células epiteliais malignas, na qual a invasão é representada pela extensão irregular do epitélio lesional através da membrana basal para o interior do tecido conjuntivo subepitelial. Essa invasão celular pode se estender profundamente para o interior dos tecidos adiposo, muscular e ósseo subjacente. Freqüentemente, existe uma resposta inflamatória ao epitélio em invasão e áreas focais de necrose podem estar presentes. As células neoplásicas geralmente exibem um citoplasma eosinofílico abundante com nucléolos volumosos e hipercromáticos e uma relação núcleo-citoplasma aumentada. Graus variados de pleomorfismo celular e nuclear, assim como a presença de focos arredondados de camadas concêntricas de células ceratinizadas, pérolas de ceratina, e mitoses atípicas podem ser evidenciadas no interior do epitélio lesional (NEVILLE et al., 2009). O CEO mostra diversos aspectos microscópicos, conforme supracitados, que somados aos achados clínicos, podem ser utilizados para traçar o comportamento biológico do tumor e mesmo, graduá-lo de acordo com padrões morfológicos de malignidade, em uma classificação que varia de bem diferenciado a indiferenciado 49 (MIRANDA, 2002). No tocante a este fato, pode ser citado desde a classificação de Broders (1920), passando por Wahi (1971), Jakobsson et al. (1973), Anneroth, Batsakis e Luma (1986) até uma das mais atuais como proposta por Bryne et al. (1989) a qual foi aperfeiçoada em 1998 (BRYNE et al., 1998). Broders (1920) foi o primeiro a elaborar uma classificação histológica do CEO, tentando correlacionar as células do tumor com as células do epitélio normal, e assim comparar o grau de diferenciação das células tumorais com o prognóstico. Um novo método para gradação do CEO foi proposto por Wahi (1971), baseado na presença de pérolas córneas, ceratinização individual, evidência de pontes intercelulares, figuras de mitose, células neoplásicas gigantes multinucleadas, pleomorfismo celular e nuclear. Para o referido autor, o prognóstico do CEO primário deveria ser estabelecido levandose sempre em consideração a gradação histológica, a localização do tumor e sua fase de evolução. Martins Neto (1999) utilizando o sistema proposto por Wahi (1971) verificou que 65 casos de CEO não evidenciavam uma associação estatisticamente significativa entre o estadiamento clínico, TNM e a gradação histológica. Por sua vez, Costa et al. (2002) conduziram um estudo correlacionando o sistema TNM com este mesmo método de gradação histológica e localização anatômica do tumor em 120 casos de CEO, observando uma correlação significativa entre o TNM, SGHM e a localização anatômica do tumor. Bell et al. (2007), em um estudo retrospectivo de 215 casos de CEO, avaliaram o real significado da relação entre localização anatômica e o prognóstico dos pacientes. Assim, para esse estudo, os autores dividiram os casos em dois grupos: CEL e carcinoma em outros sítios orais. A partir dos resultados, puderam concluir que a gradação histológica proposta por Wahi e o estadiamento clínico tumoral (TNM) estavam correlacionados à predição da sobrevida dos pacientes com CEO e que a localização primária não interferiu no prognóstico dos pacientes. Os autores acreditam que as diferentes modalidades de tratamento para o câncer oral talvez influenciem muito mais no tempo de sobrevida do que a localização anatômica primária do tumor. Coaracy et al. (2008), avaliando 90 casos de CEO, constataram que não houve uma relação esttística significativa entre a classificação clinica TNM e o SGHM 50 desenvolvida por Wahi. Todavia, houve relação significante entre a referida gradação histológica e o tamanho do tumor primário. Jakobsson et al. (1973) idealizaram um sistema de gradação histológica multifatorial para o CE, baseado nas características morfológicas das células neoplásicas e na relação tumor-hospedeiro, aplicando escore numéricos a essas características, os quais variavam de 1 a 4 pontos. Esse sistema mostrou maior influência na determinação do prognóstico do paciente com CE de glote do que o sistema de estadiamento clínico TNM. Anneroth, Batsakis e Luna (1986) realizaram uma ampla revisão de literatura sobre o SGHM do CEO, considerando haver uma controvérsia entre os dados oferecidos quanto à correlação destes sistemas de gradação de malignidade com o TNM e com o prognóstico tumoral, desenvolvendo, dessa forma, um novo sistema baseado no grau de ceratinização, pleomorfismo nuclear, número de mitoses, padrão de invasão, estágio de invasão (profundidade) e intensidade de infiltrado inflamatório (marcante, moderada e discreta). Assim, os autores inferiram que esse método é eficiente em classificar histologicamente o CEO, por ser um sistema quantitativo objetivo e por mostrar uma correlação significativa com o comportamento clínico e com prognóstico tumoral, refletindo, com fidedignidade, o comportamento biológico do tumor. Propondo avaliar a inter-relação entre a classificação TNM, o SGHM proposto por Anneroth, Batsakis e Luna (1986) com diagnóstico de CEL, Dantas et al. (2003) avaliaram 16 casos da doença. A análise dos dados demonstrou uma clara relação entre o sistema TNM e prognóstico, mas não entre este último e o escore histológico de malignidade, inferindo-se que a classificação TNM é uma ferramenta útil para predizer o prognóstico de CEL. No intuito de identificar os fatores que podem influenciar a sobrevida dos pacientes com CEO, Kademani et al. (2005) analisaram 215 casos. Observaram que, após cinco anos, 56% dos pacientes estavam vivos, sendo que 58% estavam livres da doença. O estadiamento clínico e a gradação histológica baseada em Anneroth, Batsakis e Luna (1986) foram os fatores que influenciaram na sobrevida desses pacientes. Os fatores idade, sexo, raça e sítio tumoral não demonstraram afetar na sobrevida de cinco anos dos pacientes. 51 Em 1989, Bryne et al. propuseram um SGHM para o CEO, aplicado as biópsias incisionais, com base no sistema preconizado por Anneroth, Batsakis e Luma (1987), sendo excluído o estágio de invasão. Morfologicamente, foram considerados o grau de ceratinização celular, pleomorfismo nuclear, número de mitoses, padrão de invasão e reação inflamatória, sendo emitidos valores numéricos de 1 a 4 para estes cinco critérios. O escore total foi dado pela soma dos escores e os tumores que mostraram pontuação de 5 a 10 foram classificados como grau I ou de baixo escore de malignidade e grau II ou alto escore os que demonstraram pontuação superior a 10. Em 1991, Bryne fez uma revisão do valor prognóstico de várias características celulares e moleculares do CEO, bem como comparou os resultados obtidos no estudo utilizando o método proposto por ela e colaboradores em 1989 com outros estudos publicados anteriormente. A autora considerou seu método como sendo um fator prognóstico suplementar à classificação clínica TNM, mas que, também, podia ser utilizado isoladamente como um bom indicador de prognóstico. Em 1998, Bryne recomendou um SGHM, a ser empregado priorizando o front de invasão tumoral, baseado na análise semiquantitativa dos seguintes parâmetros morfológicos: grau de ceratinização, pleomorfismo nuclear, padrão de invasão e resposta do hospedeiro. O escore para cada parâmentro deve ser somado para obtenção do escore total de malignidade, onde elevado escore corresponde ao alto grau de malignidade, representando pobre prognóstico. Nesse sistema, o parâmetro número de mitoses é omitido porque segundo a autora, este parâmetro pode variar muito de acordo com a espessura do corte que está sendo avaliado (BRYNE et al., 1998). Bryne et al. (1998) e Noguchi et al. (2002) afirmaram que as características histopatológicas do front de invasão tumoral são essenciais para a metástase e prognóstico, sendo responsáveis pelo comportamento clínico do tumor e importantes na escolha da terapia para o CEO, um vez que tais células são menos diferenciadas e apresentam alto grau de dissociação celular quando comparadas com as de outras áreas do tumor. Adicionalmente, sabe-se ainda, que vários eventos moleculares de importância para o crescimento e disseminação tumoral como: alterações das moléculas de adesão, 52 secreção de enzimas proteolíticas, aumento da proliferação celular e angiogênese, ocorrem na interação tumor-hospedeiro (front de invasão) (BRYNE, 1998). Dantas et al. (2003) afirmaram que o padrão de invasão, a espessura do tumor e o infiltrado inflamatório presente na lesão podem ser indicadores importantes da agressividade tumoral, considerando que essas variáveis refletem a relação da população celular com o hospedeiro, ratificando a importância da visualização histológica do front de invasão e bordas tumorais. No intuito de investigar a reprodutibilidade do sistema de gradação do front de invasão, Sawair et al. (2003) analisaram 102 casos de CEO e observaram que o padrão de invasão tumoral estava associado com a presença de metástase, sendo classificados como os casos de maior risco aqueles com padrão de invasão em pequenos grupos de células e com células dissociadas. Assim, os autores confirmaram o potencial valor prognóstico do sistema de gradação do front de invasão para os pacientes com CEO, sugerindo que o padrão de invasão parece ser importante no planejamento terapêutico ao auxiliar na identificação dos pacientes com maior risco de metástase. Reiterando a relevância da análise do front de invasão, Kurokawa et al. (2005) com o intuito de determinar os fatores indicativos para metástase nodal e prognóstico, realizaram um ensaio retrospectivo sobre os dados clínicos e patológicos dos CEL e constataram que as taxas de sobrevida de 5 anos diferiram significativamente conforme os fatores clínico-patológicos: tamanho do tumor, estadiamento clínico, profundidade tumoral, aspecto microscópico, metátase nodal, invasão microvascular e escore total de malignidade no front de invasão. A análise multivariada revelou que a profundidade tumoral ≥ 4mm, estágio do front de invasão ≥ 8 e a presença de metástase nodal diminuíam a sobrevida dos pacientes, sendo que o estágio do front de invasão ≥ 11 apresentava valor indicativo para metástase nodal em CEL. Assim, os autores concluíram que o alto escore de malignidade no front de invasão apresentava elevado valor de prognóstico para os CEL. Costa, Araújo e Ramos (2005) analisaram 38 casos de CEO, quanto à classificação clínica TNM e às características histológicas nas áreas mais profundas da lesão como descrito por Bryne em 1998, e encontraram uma correlação significativa entre estadiamento clínico TNM e os escores histológicos de malignidade e com 53 parâmentros histológicos isolados (pleomorfismo nuclear e grau de ceratinização). Houve também uma correlação significativa entre infiltrado linfoplasmocitário e pleomorfismo nuclear com a classificação TNM, quando agrupado em duas séries: com e sem metástase. Concluíram que as áreas invasivas podem ser primariamente responsáveis pelo comportamento clínico do tumor, pois avalia características fundamentais do câncer como extensão local, disseminação regional e metástases à distância, e isso pode ser imprescindível para escolha da terapia para a lesão. Adversamente, Silveira et al. (2007) afirmaram, após análises de 30 casos de CEL, que a presença de metástases, o estadiamento TNM e a marcação imunohistoquímica para filamentos de citoqueratinas são melhores indicadores prognósticos que a gradação histológica proposta por Bryne em 1998. Conforme Bànkfalvi e Piffkó (2000), a análise de parâmetros moleculares e histopatológicos na interface tumor-hospedeiro poderá refletir melhor o comportamento biológico do câncer e de forma mais pontual, predizer resultados e respostas clínicas a tipos diferentes de terapia. Apesar de inúmeras pesquisas desenvolvidas sobre o diagnóstico e o tratamento de neoplasias malignas, ainda existe uma busca incessante de parâmetros para melhoria no prognóstico tumoral e do índice de sobrevida dos pacientes portadores da referida lesão. O CEO apresenta marcada heterogeneidade em seu comportamento biológico, sendo observado que pacientes com o mesmo estágio clínico da doença poderão responder diferentemente ao mesmo tratamento (WANG et al., 2006). Deste modo, o delineamento do comportamento biológico agressivo do CEO tem sido baseado não somente na avaliação dos aspectos clínicos, mas no potencial de proliferação celular e invasão tumoral, na perda da expressão das moléculas de adesão das células epiteliais neoplásicas, bem como na expressão de moléculas induzíveis a condição de hipóxia celular (LE et al., 2007). 54 2.2 Fator 1 Induzível por Hipóxia - HIF-1 O fator 1 induzível por hipóxia (HIF-1) é um regulador central da resposta à mudanças na concentração de O2 e tem um papel importante nos processos fisiológicos e patológicos em humanos, incluindo a regulação do metabolismo energético, homeostasia do ferro, viabilidade e proliferação celular, angiogênese, invasão e metástase, isquemia cerebral e do miocárdio, o retardo do crescimento fetal e a hipertensão arterial (SMITH; ROBBINS; RATCLIFFE, 2008; UEHARA, et al., 2009; LIANG et al., 2011). O HIF-1 é um fator de transcrição nuclear que funciona na forma de heterodímero, pertencente a família de fatores de trascrição basic-helix-loop-helix-PAS (bHLH-PAS), sendo composto pelas subunidades HIF-1α e HIF-1β (conhecida como translocador nuclear receptor aril hidrocarbono, ARNT). Cada subunidade tem dois domínios PAS, designados PAS-A e PAS-B. O domínio PAS foi designado como uma região comum encontrado no gene per de drosophila, um gene componente do ciclo circadiano, arnt humano e no sim de drosophila, um gene da regulação do sistema nervoso central (FILLIES et al., 2005; PATIAR; HARRIS, 2006; SEMENZA, 2006; SMITH; ROBBINS; RATCLIFFE, 2008). Além do HlF-1α, existem dois membros adicionais da superfamília bHLH-PAS, HIF-2α, referido como o domínio PAS da proteína endotelial 1 (EPAS1) e HIF-3α. Essas isoformas têm similaridade estrutural e são classificadas como família bHLHPAS (TIAN; MCKNIGHT; RUSSEL, 1997). O gene hif-a humano que codifica a proteína HIF-1α possui 2.478 pares de base e a proteína consiste de 826 aminoácidos, com uma massa molecular que varia de 104 a 116 kDa. O hif-a encontra-se no cromossomo 14 e consiste de 15 exons interrompidos por 14 introns. O exon 2 codifica o domínio bHLH, essencial para dimerização e ligação da proteína com DNA, enquanto a região que vai dos exons 3 ao 8 codifica o domínio PAS. A região carboxi-terminal, que compreende os domínios responsáveis pela ativação e estabilidade da proteína, é codificada nos exons 9 a 15. O HIF-1α contém dois domínios de transativação, um N-terminal (TAD-N) que sobrepõe com o domínio de degradação dependente de oxigênio (ODD) e outro na região C-terminal (TAD-C) da proteína que é capaz de interagir com coativadores transcricionais tais como CBP/p300. 55 Ambos os domínios estão conectados um ao outro por um domínio inibitório (SEMENZA, 2006; FERREIRA et al., 2007) (Figura 1). O gene arnt humano localiza-se na região q21 do cromossomo 1 e possui 22 exons. O gene processado que codifica para o ARNT possui 2.367 pares de base e a proteína consiste de 789 aminoácidos com uma massa molecualr de 94 kDa. O arnt possui duas formas variantes de processamento do RNA. O exon 5, o qual possui 45 nucleotídeos é um exon alternativo e pode ser processado, resultando assim em um transcrito com 2.322 pares de base o qual codifica para uma proteína de 774 aminoácidos. Esse processamento acontece em cerca de 50% dos arnt transcritos e essa proporção não parece variar muito entre os diferentes tecidos. Apesar do ARNT possuir duas formas variantes, nenhum efeito diferenciado nas células foi observado na forma onde o exon 5 foi omitido (FERREIRA et al., 2007). O ARNT é uma proteína nuclear constitutivamente expressa que também participa na resposta transcricional a agentes xenobióticos. O ARNT é capaz de formar outro complexo com o receptor de aril hidrocarbono (Ahr). Este complexo se liga ao elemento responsivo a xenobióticos (XRE), encontrado em muitos genes, tais como o gene CYAP1A1 que codifica o citocromo P450 com atividade hidrocarbono hidroxilase e NADP(H):oxiredutase. A ativação desses genes depende primariamente da ligação do Ahr a ligantes xenobióticos, incluindo 2,3,7,8-tetraclorodibenzeno-p-dioxina (dioxina) e benzo(a)pireno. Enquanto o ARNT contém um domínio de ativacão transcricional, HIF-1α têm dois domínios de transativação, TAD-N e TAD-C (JIANG et al., 1996; GIACCIA et al., 2003; SEMENZA, 2006) (Figura 1). 56 Figura 1. Representação esquemática das proteínas que constituem as duas subunidades do HIF-1 humano. Os domínios de importância funcional das subunidades HIF-1α e ARNT estão indicados da seguinte forma: bHLH, domínio helix-loop-helix básico; NLS-N e NLS-C, sinais de localização nuclear amino e carboxi-terminal; PAS, domínio de homologia Per-ARNT-Sim com repetições A e B; PSTD, domínio de estabilidade da proteína rico em prolina-serina-treonina; TAD-N e TAD-C, domínios de transativação amino e caborxi-terminal; ODD, domínio de degradação dependente de oxigênio; ID, domínio inibitório; REF-1, TRX, p300/CBP, indicam as regiões do HIF-1α onde o fator 1 redox, a tioredoxina e os coativadores p300/CBP se ligam. Os números indicam os resíduos de aminoácidos que delimitam as regiões funcionais das duas subunidades do HIF-1 humano. Fonte: Semenza (2000). O mecanismo de transativação pelo HIF-1 envolve a ligação do complexo HIF1α/ARNT aos motivos HREs (elementos responsivos à hipóxia) localizados nos promotores e enhancers dos genes alvos. Para a ativação dos genes alvos, vários coativadores são recrutados se ligando ao complexo do HIF-1, tais como o complexo CBP (proteína ligante ao CREB)/p300. Em adição ao CBP/p300, HIF-1 interage com o coativador SRC-1 (coativador 1 do receptor de esteróide) e com o Tie-2 (fator intermediário 2 da transcrição). Essa interação aumenta o potencial transcricional do HIF-1 de uma maneira dependente de O2 e produz um efeito sinérgico com CBP. Esse efeito é fortemente potencializado pela proteína regulatória do estado redox Ref-1 (fator redox 1), uma proteína que tem atividade redutora de cisteína (GIACCIA et al., 2003; FERREIRA et al., 2007). Ref-1 interage fisicamente com ambos os domínios TAD-C e TAD-N, levando a uma transativação mais potente. Adicionalmente, a ligação do HIF-1 aos HREs não é suficiente para indução de muitos genes pela hipóxia. Tem-se verificado cooperações sinérgicas entre HIF-1α e outros fatores de transcrição, tais como Smad-3, fator 4 nuclear de hepatócito (HNF4), ATF1/CREB1, proteína 1 ativadora (AP1) e Ets-1 (BRACKEN et al., 2003). 57 A estabilidade e a atividade do HIF-1α são reguladas por modificações póstraducionais, tais como fosforilação, hidroxilação, nitrosilação e acetilação (SEMENZA, 2003; FEREIRA et al., 2007). O óxido nítrico promove a estabilização do HIF-1α, ligação ao DNA e a sua transativação sob condições de normóxia o que favorece o acúmulo HIF-1α; já sob condições de hipóxia, o óxido nítrico desfavorece o acúmulo de HIF-1α (FEREIRA et al., 2007). Em relação à fosforilação, vários genes/oncogenes supressores de tumor influenciam ou são constituintes de cascatas de fosforilação e assim afetam os níveis de expressão do HIF-1α independente do O2. Essas cascatas podem ser iniciadas após a ligação dos fatores de crescimento aos receptores de tirosina quinases que, por sua vez, ativam os alvos posteriores da via. Existem duas vias principais de fosforilação envolvidas na ativação do HIF-1, vias da proteína quinase ativada por mitógeno (MAPK) e da fosfatidilinositol-3-quinase (PI3K) (FERREIRA et al., 2007). As três grandes sub-famílias das vias das MAPK, denominadas c-Jun NH2-terminal quinases (JNKs), p38 MAPKs e as quinases reguladas por sinais extracelulares (ERKs) mostraram ser reguladoras do HIF-1α (ALFRANCA et al., 2002). Sugere-se que a via de MAPK estaria envolvida somente na atividade de transativação através da fosforilação, não influenciando a estabilização ou habilidade de ligação do HIF-1 ao DNA (HUR et al., 2001). Entretanto, foi verificado que inibidores de MEK1(quinase 1 ativadora de MAPK) ou p38 MAPK bloqueiam a expressão gênica mediada por HIF-1, demostrando assim a importância da via da MAPK na funcionalidade do HIF-1α (RICHARD et al., 1999). A cascata de sinalização pela PI3K representa outra via de fosforilação do HlF-1α. A proteína quinase que é ativada posteriormente à ativação de PI3K, conhecida como AKT, tem alguns alvos envolvidos na apoptose, no ciclo celular e no crescimento celular (VIVANCO; SAWYERS, 2002). Um dos alvos é a proteína associada a rapamicina/FKBP (FRAP; também conhecida como mTOR). FRAP fosforila a proteína regulatória da tradução 4E-BP que, por sua vez, aumenta os níveis transcricionais (GINGRAS et al., 2001). Essa via é também regulada por PTEN, uma proteína supressora de tumor; pelo glicogênio sintase quinase-3 (GSK-3); envolvida na estabilização do HIF-1α em condições de hipóxia por mecanismos ainda desconhecidos 58 (MOTTET et al., 2003); e pela proteína Ras um oncogene multifuncional que pode estimular ambas as vias da MAPK e do PI3K (POUYSSEGUR; LENORMAND, 2003). Sob condições de normóxia, o HIF-1α é constitutivamente expresso e subsequentemente hidroxilado por uma HIF prolil-hidroxilase (HPH), levando-o a uma rápida degradação mediada pelo proteassoma. Essa degradação envolve a ação de um complexo ubiquitina-ligase contendo o fator Von Hippel Lindau, uma proteína supressora de tumor (pVHL) que faz parte de um complexo de proteínas, constituído pela elonguina B e C e culina 2 (SMITH; ROBBINS; RATCLIFFE, 2008). A pVHL reconhece os resíduos de prolina hidroxilados (Pro402 and Pro564) presentes no domínio ODD do HIF-1α (BRUICK; MCKNIGHT, 2001). A prolil-hidroxilase é uma dioxigenase que usa O2 e 2-oxoglutarato como substratos. Essa enzima transfere um átomo de O2 para os resíduos de prolina e o segundo átomo de O2 reage com o 2oxoglutarato gerando o succinato. Ela também requer ferro como cofator, o qual se liga ao O2 quando mantido no estado ferroso pelo ácido ascórbico. Sua atividade é suprimida pelo decréscimo na tensão de O2. Quando HPH é inibida, a via de degradação do HIF-1α é bloqueada, levando assim ao acúmulo dessa proteína e sua migração para o núcleo, onde ela ativa genes responsivos à hipóxia. (Figura 2) (BRUICK; MCKNIGHT, 2001). Fe+2 Ácido ascórbico 2-oxoglutarato Succinato Figura 2. Representação esquemática do mecanismo de regulação da expressão gênica do HIF-1α. Sob condições de normóxia o HIF-1α é hidroxilado pelas hidroxilases nos resíduos de asparagina e prolina, as quais usam como substratos o O2 e 2oxoglutarato. O reconhecimento dos resíduos de prolina hidroxilados da subunidade HIF-1α sob condições de normóxia se dá pela proteína supressora de tumor Von Hippel Lindau (VHL). O HIF-1α é ubiquitinado e em seguida degradado pelo proteassoma. Fonte: Höpfl; Ogunshola; Gassmann (2004). 59 Existem três HPH, 1, 2 e 3, conhecidas também como proteínas contendo o domínio de prolil-hidroxilase (PHD) 3, 2 e 1, respectivamente. As PHDs hidroxilam prolinas específicas dentro de um domínio altamente conservado com a seguinte sequência de aminoácido: LXXLAP (onde X indica qualquer aminoácido; P, indica a prolina receptora do grupo hidroxila, L, leucina e A, alanina) (BRUICK; MCKNIGHT, 2001). Quanto à localização celular, a PHD1 encontra-se exclusivamente no núcleo, PHD2 no citoplasma e PHD3 é encontrada em ambos os citoplasma e núcleo, com predominância no citoplasma. Somente os níveis dos mRNA de PHD2 e PHD3 são induzíveis por hipóxia, enquanto os níveis de expressão do mRNA de PHD1 independem da hipóxia (METZEN et al., 2003). A interação do complexo CBP/p300 com o HIF-1α é sensível aos níveis de O2, sendo inibida após a hidroxilação de um resíduo de asparagina (As803) no domínio TAD-C do HIF-1α por uma asparagil hidroxilase, também conhecida como fator inibidor de HIF-1 (FIH). Similar às prolil-hidroxilases, FIH pertence à superfamília das dioxigenases dependentes de 2-oxoglutarato cuja atividade requer O2 como substrato (Figura 2). A hidroxilação do resíduo de asparagina não leva à degradação do HIF-1α e, portanto não está diretamente envolvida no mecanismo sensor de O2. Assim, a inibição da hidroxilação do resíduo de aminoácido Asn803 permite que o TAD-C interaja com o domínio rico em cisteína e histidina dos cofatores de transcrição, CBP/p300 (LANDO et al., 2002; SMITH; ROBBINS; RATCLIFFE, 2008). Em condições de hipóxia, há o recrutamento do coativador CPB/p300, em seguida, HIF-1α transloca-se para o núcleo, formando o heterodímero com o ARNT, onde se ligam ao motivo HRE dos genes alvos. Chilov et al. (1999) mostraram que o acúmulo de HIF-1 α no núcleo em células submetidas à hipóxia é uma característica intrínsica desse fator de transcrição, já que ele é independente da presença do ARNT. Sob condição de hipóxia, HIF-1α não é degradada e assim seus genes alvos são expressos e uma resposta fisiológica à concentração de O2 é ativada (Figura 3). 60 Poro nuclear Figura 3. Representação esquemática do mecanismo de regulação da expressão gênica do HIF-1α. Sob condições de hipóxia: ocorre a heterodimerização das subunidades HIF-1α fosforilada e HIF-1β (ARNT) que se ligam à uma sequência de consenso de DNA que está contida dentro da sequência conhecida como HRE, exixtente nos genes alvos. Fonte: Höpfl; Ogunshola; Gassmann (2004). Em relação ao mecanismo da acetilação, foi verificado que o resíduo do aminoácido lisina 532 (K532) localizado no domínio ODD do HIF-1α é acetilado por uma acetiltransferase chamada arrest-defective-1 (ARD1). A acetilação da K532 favorece a interação do HIF-1α com o pVHL e assim desestabiliza o HIF-1α. A atividade das acetiltransferases não é alterada pelos níveis de O2, mas os níveis do mRNA do ARD1 (e conseqüentemente da proteína) diminuem sob condições de hipóxia, levando a um menor nível de acetilação do HIF-1α do que sob normóxia (JEONG et al., 2002). Cerca de 70 genes alvos do HIF-1 são conhecidos, incluindo genes envolvidos com o suprimento de O2, genes do metabolismo celular, genes que regulam a proliferação e sobrevivência celular, motilidade e estrutura do citoesqueleto, tônus vascular, adipogênese, desenvolvimento dos linfócitos B e resistência a drogas (FERREIRA et al., 2007). A identificação de genes alvos do HIF-1 tem sido realizada usando-se várias estratégias, incluindo: identificação de genes que contem os motivos de ligação do HlF (HREs); comparação dos padrões de expressão gênica entre células tipo-selvagem para a expressão do HIF-1α com células que não expressam essa proteína ou ainda através de técnicas de RNA de interferência; varredura dos níveis aumentados de expressão gênica 61 usando células que não expressam VHL ou células transfectadas com vetores que expressam a subunidade HIF-1α. Os genes transcricionalmente ativados pelo HIF-1 participam de diversos processos celulares e codificam proteínas que residem em diferentes compartimentos celulares, por exemplo, fatores transcricionais nucleares, proteínas ligadas à membrana, proteínas citosólicas e fatores de crescimento (SEMENZA, 2003). Sob condições severas de hipóxia, a geração de ATP a partir da fosforilação oxidativa é substituída pela geração menos eficiente de ATP através da glicólise anaeróbica. Dessa forma, o fornecimento de ATP para a síntese de proteínas pode cair até 7% em relação às células expostas a condições de normóxia. Para compensar o decréscimo de ATP normalmente fornecido pela fosforilação oxidativa, HIF-1 ativa genes-chaves envolvidos no mecanismo da glicólise e no transporte da glicose, tais como o GLUT-1 e 3, fosfofrutoquinase L (PFK), fosfoglicerato quinase 1 (PGK1) e lactato desidrogenase-A (LDHA) (SEMENZA, 2003). Muitos fatores pró-angiogênicos como o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), fator transformador de crescimento-β2 (TGF-β2), receptor do VEGF, fator de crescimento básico de fibroblasto (FGFb) e fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) são induzidos por HIF-1 para promover a angiogênese (SEMENZA, 2003; SEMENZA, 2006; FERREIRA et al., 2007). Adicionalmente, Wenger et al. (2005) estimam que existam pelo menos 200 genes de mamíferos regulados por HIF-1, embora aparentemene nem todos eles sejam regulados diretamente pelo motivo HRE em suas regiões promotoras. Nesse caso, outros fatores de transcrição regulados por O2 e que sejam dependentes ou independentes do HIF podem ser responsáveis pela indução da transcrição pela hipóxia. O HIF-1 se liga aos genes alvos em sítios contendo o centro de reconhecimento 5'RCGTG-3' (onde R indica adenina ou guanina; C, citosina; G, guanina; T, tiamina) (SEMENZA, 2006). A presença dos sítios de ligação do HIF-1 (HBS) é necessária, mas não suficiente para a expressão dos genes em resposta à hipóxia, indicando que o HIF-1 deve interagir com outros fatores de transcrição ligados a sítios adjacentes (FERREIRA et al., 2007). 62 Embora o HIF-1 tenha sido inicialmente descrito como o fator de transcrição regulado pela hipóxia, existem crescentes evidências de que essa molécula é também responsiva a uma variedade de estímulos não hipóxicos. Entre esses estímulos podemos citar a insulina, PDGF, fator transformador de crescimento-β3 (TGF-β3), fator 1 de crescimento de insulina (IGF-1), trombina, peptideos vasoativos tais como angiotensina II, citocinas pró-inflamatórias, carbacol que ativa os receptores de acetilcolina muscarínicos. Além disso, foi mostrado que essa proteína é ativada por metais tais como, cobalto, cromo, níquel e arsênio, como também por estresse mecânico. No entanto, os mecanismos pelos quais esses estímulos não hipóxicos induzem esse fator de trascrição não são completamente conhecidos, embora algumas evidências apontam para o papel dos EROs (espécies reativas de oxigênio) como mensageiros regulando a atividade do HIF-1 (FERREIRA et al., 2007). Portanto, com relação ao estudo da carcinogênese, considerando a necessidade atual do descobrimento de novos parâmetros clínicos e patológicos e/ou ferramentas diagnósticas que possam agilizar o reconhecimento precoce do câncer oral e melhorar o prognóstico dos pacientes, a alteração e a superexpressão do HIF-1α vem sendo detectada em uma variedade de tumores sólidos, incluindo mama, rim, fígado, endométrio, ovário, pulmão e tumores de cabeça e pescoço (BEASLEY et al., 2001; UEHARA, et al., 2009), os quais tem sidos correlacionados com a gradação histológica, metástase linfonodal, espessura tumoral, aspectos clínicos, taxa de sobrevida e prognóstico (LIN et al., 2008; CHEN et al., 2009). Além disso, pôde-se ainda verificar a forte expressão dessa molécula em uma série de casos de condições pré-malignas como, por exemplo, na fibrose submucosa oral (TILAKARATNE et al., 2008). Kyzas et al. (2005) investigando a correlação do VEGF e o HIF-1α com os parâmetros clínico-patológicos e prognóstico em 81 casos de CE de cabeça e pescoço, constataram uma associação estatisticamente significativa entre a expressão do VEGF e do HIF-1α nos tumores localizados no lábio inferior e na laringe. Entretanto, a expressão do HIF-1α não foi significativamente correlacionada com a taxa de sobrevida, enquanto a expressão do VEGF esteve correlacionada ao pior prognóstico. Os autores suportam que a angiogênese tumoral poderia estar relacionada, mas não estritamente dependente do ambiente hipóxico tumoral. 63 Chen et al. (2009) observaram em 54 casos de CE esofágico que 46% dos espécimes imunomarcados intensamente pelo do HIF-1α estavam correlacionados com a profundidade da invasão, metástase linfonodal e estágio clínico. Burrows et al. (2010), buscando perspectivas para determinação prognóstica e para a terapêutica tumoral em carcinoma de tireóide, verificaram que uma intensa expressão do HIF-1α, principalmente nas lesões desdiferenciadas, estava relacionada com pior taxa de sobrevida. Outrosim, ressaltaram que umas das principais vias de fosforilação envolvidas na ativação do HIF-1 seria pela sinalização da via PI3K, a qual poderia ser um alvo promissor para o tratamento das lesões de cabeça e pescoço, devido a uma forte associação do HIF-1α com o fenótipo da agressividade e resistência à terapêutica. Sasabe et al. (2005) analisando os mecanismos de sobrevivência de linhagens de células de CEO em condições de hipóxia, descreveram que a superexpressão do HIF-1α inibia a apoptose por impedir a liberação do citocromo c pelas mitocôndrias, acarretar a não formação de EROs e por diminuir a concentração de íons de cálcio no meio intracelular, resultando, dessa forma, na inativação das caspases 9 e 3. Além disso, moléculas antiapoptóticas (Bcl-2 e Bcl-xL) e pró-apoptóticas (Bax e Bak) estariam em níveis aumentados e diminuídos, respectivamente pela superexpressão desse marcador de hipóxia. Os autores ressaltam, ainda, que o HIF-1α estaria associado, em virtude desse mecanismo, a um pior prognóstico, menor taxa de sobrevida e resistência à quimioterapia. Na pesquisa conduzida por Fillies et al. (2005), com 85 casos de CE de assoalho oral, observou-se que a superexpressão do HIF-1α estava correlacionada significantemente com a taxa sobrevida de cinco anos livre de doença, independente do tamanho do tumor e envolvimento dos linfonodos cervicais, sendo assim, um fator favorável para prognóstico em pacientes com o estadiamento clínico T1/T2. Conforme o estudo realizado por Lin et al. (2008), em 57 casos de CEO, 41 espécimes de displasia epitelial oral (12 leves, 17 moderadas e 12 severas) e 14 amostras de mucosa oral normal, verificou-se que a imunoexpressão nuclear do HIF-1α era mais fortemente evidenciada nas neoplasias orais, principalmente próximo a regiões necróticas, áreas de ceratinização e de infiltração tumoral quando comparadas com a 64 mucosa oral normal e displasias epiteliais. Constatou-se, ainda, que a imunomarcação dessa proteína nos casos CEO apresentou uma relação estatisticamente significativa de acordo com o tamanho do tumor, metástase para linfonodos cervicais e estadiamento clínico da lesão, sugerindo, assim, que a expressão do HIF-1α exerce um papel importante na carcinogênese oral, podendo ser utilizado como um recurso adjuvante na predição da taxa de sobrevida e da progressão tumoral. Uehara et al. (2009), demonstraram, em 57 casos de CEO, que a intensa imunoexpressão do HIF-1α estava associada com a metástase linfonodal, quando comparado com pacientes sem metástase, interferindo, assim com o pior prognóstico. Avaliando a expressão do HIF-1α em 82 casos de CEO, Erket et al. (2010a) relataram que nos pacientes com tumores ausentes de marcação ou que foram fracamente imunomarcados, a taxa de sobrevida foi 80% superior a 5 anos, quando comparada com as lesões que apresentaram moderada a forte marcação, cuja sobrevivência diminuiu para 33,6%. Evidenciaram, ainda, que o risco de óbitos foi 3,5 vezes maior nas lesões fortemente imunomarcadas (p = 0,016) por essa molécula. Ryu et al. (2010) analisando culturas de células de CEO, demonstraram que a hipóxia aumentava a concentração do HIF-1α, quando comparado com o estado de normóxia, alterando a expressão da integrina α5 e fibronectina as quais encontram-se envolvidas no mecanismo de crescimento e invasão tumoral. Adionalmente, com objetivo de avaliar o mecanismo funcional do HIF-1α, HIF2α, GLUT-1 e CA-IX em CEO, Zhu et al. (2010) avaliaram a imunoexpressão dessas moléculas de acordo com as características clínico-patológicas em 97 pacientes. Linhagens de células malignas transfectadas com lentivírus, que codificavam um fragmento de RNA, o qual inibia a ação do HIF-1α/2α, foram também utilizadas para investigar os genes alvo dependentes dos HIF-1α/2α. Em seguida, as linhagens de células foram inseridas em camundongos com o intuito de estabelecer uma correlação com o crescimento tumoral, angiogênese, proliferação e apoptose. Assim, de acordo com o resultados, observaram que a expressão de HIF-1α foi significativamente associada com o estadiamento T (p = 0,004), comprometimento linfonodal (p = 0,006), diferenciação histológica (p = 0,013) e densidade microvascular (p = 0,014), enquanto que o HIF-2α foi associada com o estádio T (p = 0,011) e densidade microvascular (p = 65 0,005). Adicionalmente, pacientes com marcação nuclear para o HIF-1α obtiveram uma taxa de sobrevida global e taxa sobrevida livre de doença (p < 0,001) significativamente pior (p < 0,001), do que aqueles com resultados negativos a essa imunomarcação. Quando as células foram cultivadas a 5% de O2, apenas HIF-2α influenciou para a expressão do VEGF. Já em 1% O2, o VEGF era regulado tanto pela expressão do HIF1α e como pelo HIF-2α. Entretanto, o GLUT-1 e CA-IX eram regulados somente pelo o HIF-1α. Ademais, investigaram que a inibição da ação do HIF-1α e HIF-2α impedia o crescimento e angiogênese na linhagem de células enxertadas nos camundongos. Liang et al. (2011) evidenciaram, em uma amostra de 89 casos de CEL, que a superexpressão do HIF-1α foi de 49,44% dos espécimes, estando, dessa forma, associada com a menor taxa de sobrevida livre de doença (p = 0,003) e pior prognóstico. Com relação aos fatores etiológicos do câncer oral, estudos evidenciaram que o tabaco e o álcool podem elevar a expressão do HIF-1α no organismo (JEONG et al.; 2005; LI et al., 2006). Recentemente, a expressão do HIF-1α em CEO demonstrou uma significativa associação com o hábito de fumar e de ingerir bebida alcoólica em Taiwan (LIN et al., 2008). No entanto, há informações limitadas sobre a regulação da expressão dessa molécula em CEO relacionado com o hábito de mascar betel. Assim, em um estudo conduzido por Lee et al. (2010), em 25 casos de CEO em pacientes com o hábito de mascar betel e em 10 espécimes de tecido oral normal, foi detectado que a expressão do HIF-1α era significantemente mais forte nas lesões orais, quando comparado com o tecido normal. Descreveram, também, que o alcalóide, arecolina, quando inserida em linhagens de células orais de acordo com o tempo e a dose, aumentava a síntese dessa proteína in vitro (p < 0,05), entretanto, a adição de fatores reguladores pós-traducionais do HIF-1 como o precursor da glutationa N-acetilL-cisteína, AP-1 curcumina, o inibidor de proteína de sinal extracelular regulado PD98059 e a proteína quinase C estaurosporina foram capazes de inibir a expressão do HIF-1α, contribuindo com a não progressão e transformação maligna das células da mucosa oral. Portanto, a hipóxia tumoral é um fenômeno comum nos tumores sólidos e o conhecimento de marcadores teciduais que se correlacionam com os resultados dos 66 tratamentos aplicados em diversas neoplasias de cabeça e pescoço são necessários para prever sua utilidade como método auxiliar na terapia contra o câncer (LE et al., 2007). 2.3 Transportador de Glicose - GLUT Em mamíferos, a oxidação da glicose é responsável pela maior fonte de energia metabólica celular. A membrana plasmática é impermeável a moléculas polares como a glicose, necessitando assim de proteínas carreadoras para transportá-las para o meio intracelular (BELL et al., 1990; OLSON; PESSIN, 1996; BROWN, 2000). A glicose entra na célula através de dois tipos de proteínas carreadoras: os transportadores de glicose ligados ao íon sódio (SGLT) e os facilitadores de transporte de glicose (GLUT). Os SGLT transportam glicose acoplando sua captura com a do sódio (BELL et al., 1990; SCHEEPERS et al., 2004). O GLUT funciona regulando o movimento bilateral da glicose entre os espaços extra e intracelular, assegurando que um suprimento constante de glicose circulante esteja disponível para o metabolismo através de difusão facilitada (OLSON; PESSIN, 1996). A difusão facilitada é uma forma de transporte passivo no qual a proteína carreadora facilita a passagem de moléculas, se prendendo quimicamente a elas e transportando-as através da membrana (GUYTON; HALL, 1996). A família do GLUT é composta por 14 tipos: GLUT-1 ao GLUT-12, transportador H+/ligado ao mio-inositol (HMIT) e o GLUT-14. Essas proteínas diferem entre si na expressão tecidual, na função, na especificidade de substrato, nas características cinéticas e apresentam mecanismos de regulação diferentes (ZHAO; KEATING, 2007). Todas as isoformas possuem 12 segmentos transmembrana, hidrofóbicos, inseridos na porção lipídica da membrana plasmática, cujos aminoácidos formam alfa hélices. Os segmentos transmembrana estão ligados por alças de conexão e as terminações amino (NH2) e carboxi-terminal (COOH) localizam-se no meio intracelular. Nos GLUTs, as seqüências transmembrânicas são muito homólogas, enquanto as alças de conexão e as terminações são altamente heterólogas, determinando as especificidades de cada isoforma (Figura 4) (MACHADO; SCHAAN; SERAPHIM, 2006). 67 Membrana plasmática Figura 4. Estrutura bidimensional da proteína transportadora de glicose por difusão facilitada (GLUT). Fonte: Machado, Schaan, Seraphim (2006). O GLUT-1 é uma proteína de 45-55 kD, localizada no cromossomo 1 (1p35p31.3) que apresenta um modelo conformacional de doze segmentos transmembrana αhélice, um amino e um carboxi-terminal intracelular, um grande “loop” intracelular e um sítio de N-glicolisação no primeiro “loop” extracelular (KLEPPER; VOIT, 2002). A expressão deste gene é supra-regulada por uma variedade de agentes e condições: fatores séricos e de crescimento, transformação oncogênica, ionóforos de cálcio, hormônio da tireóide; e em resposta a redução na concentração externa de glicose, hipóxia e inibição da fosforilação oxidativa (BEHROOZ; ISMAIL-BEIGI, 1999; BURSTEIN et al., 2006). Mendes et al. (2010) relataram que a expressão do GLUT-1 na superfície celular pode ser mediada pela porção NH2-terminal de uma proteína kinase, WNK1, a qual é responsável pela fosforilação e interação com a fosfoproteína TBC1D4. Em seguida, o complexo formado se liga a proteína 14-3-3, resultando na inativação da GTPaseRab8A. Uma vez a atividade GTPase inativada, observa-se a ativação da proteína Rab8A indicando, portanto, um maior estímulo para atividade glicolítica e crescimento celular, por estimular à uma maior liberação de GLUT-1 do endossoma para o meio intracelular (Figura 5). 68 Membrana plasmática Compartimento de armazenagem Ativação da Figura 5. Proteína kinase WNK1 promove expressão do GLUT-1 na superfície celular pela regulação da fosfoproteína TBC1D4. Fonte: Mendes et al. (2010). O GLUT-1 é normalmente expresso em eritrócitos, perineuro, microvasos do cérebro (barreira hemato-encefálica), centros germinativos de tecidos linfóides reativos, células trofoblásticas e microvasos da placenta e túbulos renais. (YOUNES et al., 1997). Todavia, a sua superexpressão tem sido observada em uma série de lesões tumorais (mama, pulmão, fígado, estômago, ovário, pele, cabeça e pescoço) como passível de utilização para informação diagnóstica e prognóstica (KUNKEL et al., 2003; MORI et al., 2007). Segundo Luo, Zhou e Fan (2010), as opções de tratamento para o carcinoma da laringe consistem de radioterapia, cirurgia, quimioterapia ou uma combinação dos dois. Entretanto, o tratamento do carcinoma de laringe representa, ainda, um desafio considerável por causa de sua resistência à quimioterapia e radioterapia e sua tendência à recorrência local. Encontrar alternativas de inibir o fornecimento de energia aos tumores malignos de cabeça e pescoço está se tornando uma proposição cada vez mais investigada. Com isso, o GLUT-1, codificado pelo gene SLC2A1, é o principal transportador de glicose em carcinomas sólidos e vem se tornando um foco de estudo. Recentemente, foi demonstrado que a expressão aumentada de SLC2A1 em carcinomas de cabeça e pescoço estava correlacionada com metástase linfonodal, à baixa taxa de sobrevida e estágio clínico elevado. Assim, os autores propõem a supressão da expressão desse gene como um novo alvo terapêutico para o carcinoma da laringe. 69 A forte expressão do GLUT-1 em neoplasias é observada em condições em que as células necessitam da via glicolítica anaeróbica como fonte de energia durante a isquemia ou hipóxia tecidual que ocorrem como conseqüência de um fornecimento insuficiente de O2 pelo sangue, resultante de uma rede vascular tumoral desestruturada. Portanto, a hipóxia tumoral induz uma superexpressão de genes específicos associados ao crescimento e progressão tumoral, como o GLUT-1, CA-IX e o VEGF os quais podem ser controlados pelo HIF-1 (AIRLEY et al., 2003; KUNKEL et al., 2003; AHOBA et al., 2010 ). Como já relatado, o HIF-1α, GLUT-1 e CA-IX podem ser considerados como marcadores intrínsecos de hipóxia para diversas lesões tumorais. Entretanto, têm sido identificada a superexpressão do GLUT-1 induzida pelos oncogenes Ras e Src (FLIER et al., 1987), não estando, portanto, relacionado diretamente à hipóxia. Consistente com estes últimos achados, Pedersen et al. (2001), relataram o efeito independente de hipóxia do GLUT-1 sobre a resistência a radiação em pequenas células de câncer de pulmão, devido ao papel fundamental da glicose na regulação da sobrevivência celular e apoptose. Mineta et al. (2002), analisando 99 casos de carcinoma hipofaringeal evidenciaram uma forte imunoexpressão do GLUT-1 em 46% dos espécimes, os quais estavam correlacionados com a taxa de sobrevida de 5 anos nas lesões que se encontravam estágio III e IV, porém não foi possível estabelecer uma associação estatisticamente significativa com gênero, gradação histológica, tamanho do tumor e estágio linfonodal. No ensaio realizado por Kato et al. (2002), foram evidenciados que dos 95 casos estudados de carcinoma esofágico, 51,6% (> 30% das células neoplásicas imunomarcadas) dos espécimes imunoexpressos pelo GLUT-1 revelaram uma correlação com o estágio tumoral (p < 0,0001), estágio linfonodal (p < 0,005), metástase à distância (p < 0,01) e gradação histológica (p < 0,0001). Adicionalmente, nas lesões que apresentaram imunoreatividade positiva, os pacientes alcançaram uma taxa de sobrevida menor, quando comparado com os tumores não imunoreativos. Assim, os autores inferem que o GLUT-1 pode ser um marcador útil para análise de agressividade e como critério de prognóstico nos carcinomas esofágicos. 70 Adicionalmente, Tohma et al. (2005) asseguraram, em um ensaio de 63 casos de carcinoma esofágico, que a taxa de sobrevida em 5 anos para pacientes com forte imunoexpressão para o GLUT-1 foi significativamente menor do que em pacientes com fraca expressão (p < 0,01). A análise estatística revelou que o risco relativo de morte para pacientes com forte marcação era 2,02 vezes maior que em pacientes com fraca expressão (p = 0,064), sugerindo, com isso, um possível valor preditivo independente do GLUT-1 para prognóstico. Li et al. (2008), ressaltando a importância da expressão do GLUT-1 como preditor de prognóstico em 25 casos de CE de cabeça e pescoço, constataram que a expressão imuno-histoquímica dessa molécula era significantemente mais fraca nas lesões primárias e bem diferenciadas quando comparada com os tumores recorrentes (p = 0,03) e indiferenciados (p = 0,02). De forma consensual, Ogane et al. (2010), analisando 96 casos de carcinoma esofágico, constataram que a intensa imunoexpressão membranar e nuclear do HIF-1α e do GLUT-1, respectivamente, estavam correlacionados com a taxa de sobrevida livre de doença, taxa de sobrevida global e com a metástase linfonodal regional. Os autores ressaltam que esses marcadores de hipóxia poderiam ser úteis para prever o desfecho clínico dos carcinomas esofágicos. Analisando a imunoexpressão do GLUT-1, -2, -3 e 4 em 24 espécimes de displasias epiteliais em graus variados, 19 casos com metástase linfonodal e 40 espécimes de CE de cabeça e pescoço, Reisser et al. (1999) evidenciaram a forte expressão do GLUT-1 nos estágios avançados de displasia, em carcinoma in situ e metástase linfonodal. A imunoexpressão era fortemente evidenciada na periferia das ilhas tumorais dos carcinomas e ausente no centro, onde havia uma maior quantidade de células diferenciadas e ricas em glicogênio. Em contrapartida, houve ausência de marcação do GLUT-2, -3 e 4 em todas as lesões analisadas. Os autores constataram que o GLUT-1 poderia ser um marcador confiável de prognóstico em lesões potencialmente malignas da região orofaríngea. Johann et al. (2007), buscando o diagnóstico diferencial entre o hemangioma (HEM) para a malformação vascular (MV) e o granuloma piogênico (GP), investigaram a imunoexpressão do GLUT-1 em 14 casos de HEM, 48 GP e 17 MV, observaram que 71 nenhum dos casos de lesões vasculares benignas da cavidade oral foi imuno-positivo para GLUT-1. Os 19 casos diagnosticados inicialmente como HEM de cavidade oral mostraram negatividade para GLUT-1, sendo reclassificados como GP ou MV. A análise histológica não foi suficiente para concluir o diagnóstico de HEM pelo fato de nenhum desses ser HEM verdadeiro. Todos os casos com classificação inicial de GP e MV foram imuno-negativos para esta proteína, o que demonstrou a eficácia da análise histológica para estas lesões orais. Portanto, os autores asseguraram que o GLUT-1 é um marcador efetivo para auxiliar no diagnóstico das lesões vasculares benignas da cavidade oral. Mori et al. (2007), avaliaram que o nível de GLUT-1 mRNA, detectado pela técnica RT-PCR, nos tumores de glândulas salivares benignos (38) foi significantemente menor em relação as lesões malignas (49). Nos tumores malignos, a expressão do GLUT-1 estava relacionada com o tamanho do tumor (p < 0,002) e metástase à distância (p < 0,007). Já a taxa de sobrevida estava vinculada com metástase para os nódulos linfáticos (p < 0,042) e a expressão do GLUT-1(p < 0,022). Portanto, esses resultados sugerem que esse marcador de hipóxia pode auxiliar na informação prognóstica dos pacientes acometidos por carcinomas de glândulas salivares. Sallas et al. (2008), analisando a aplicabilidade do GLUT-1 nas lesões de nervos periféricos da cavidade oral, utilizando uma amostra de 15 casos de neuromas traumáticos, 11 neurofibromas, 4 neurilemomas e 4 lesões malignas da bainha de nervos periféricos, evidenciaram que as lesões benignas foram positivas na imunohistoquímica para GLUT-1, exceto em dois (18,2%) casos de neurofibromas. No neuroma traumático, o perineuro foi imumnopositivo para GLUT-1. Nos neurofibromas, a imunorreatividade foi heterogênea, sendo verificada nos níveis de 54,5% na periferia da lesão, 9,1% no centro e 18,2% em ambos. O neurilemoma demonstrou imunopositividade na cápsula. Apenas um caso do tumor maligno apresentou marcação homogênea positiva nas ilhas tumorais, incluindo as estruturas perineurais. Os autores suportam que o GLUT-1 poderia ser útil como marcador de células perineurais, bem como ser incluído para auxíliar no correto diagnóstico de lesões da bainha de nervos periféricos. Demasi et al. (2010), buscando uma perspectiva para o entendimento do metabolismo energético celular de 26 casos de carcinoma mucoepidermóide, através da 72 utilização de imunomarcadores associados com a glicólise e a fosforilação oxidativa, relataram que a peroxiredoxina I foi expressa na maioria dos casos, independente da gradação histológica das lesões. Em contra partida, o GLUT-1 foi significantemente mais fortemente expresso nas neoplasias com comportamento mais agressivo. Estes resultados sugerem que a fosforilação oxidativa poderia contribuir para o fornecimento de ATP em todos os estágios da lesão e que a glicólise anaeróbica atuaria no crescimento tumoral em uma baixa concentração de O2 pelo mecanismo de ação do GLUT-1, o qual é estimulado em condições de hipóxia. Além disso, a peroxiredoxina I poderia fornecer uma proteção às células malignas contra ERO, os quais são oriundas da fosforilação oxidativa e do ciclo hipóxia-reoxigenação. Outrossim, os autores acreditam que o GLUT-1 e a peroxiredoxina I constituem uma das estratégias adaptativas para o crescimento e progressão tumoral em um ambiente com grande instabilidade de oxigenação. Kunkel et al. (2003), enaltecendo o mecanismo do metabolismo da glicose no crescimento e desenvolvimento tumoral em 118 espécimes de CEO, concluíram que a imunoexpressão do GLUT-1 era mais fraca nos indivíduos com taxa de sobrevida superior a 138 meses quando comparado com os pacientes com taxa de 60 meses (p = 0,0034). Além do mais, aqueles pacientes que apresentaram uma resposta negativa a radiação pós-operatória obtiveram uma forte expressão, constatando, portanto, uma alta atividade glicolítica nessas lesões. Corroborando com seus achados, Kunkel et al. (2007) avaliando a correlação da expressão imuno-histoquímica do GLUT-1 com a radioresistência em CEO constataram, em 40 espécimes teciduais, que os tumores que apresentaram uma imunomarcação superior a 65% eram resistentes a radiação (p = 0,023) e a taxa de sobrevida era maior naquelas lesões que evidenciaram uma fraca expressão, confirmando, assim o valor significativo de prognóstico do GLUT-1 na radioresistência tumoral. Oliver et al. (2004), objetivando correlacionar os aspectos clínicos de 54 casos de CEO tratados cirurgicamente, através da imunoexpressão do GLUT-1, verificaram que a forte expressão dessa proteína estava associada com a alta taxa de recidiva (p = 0,032), metástase linfonodal (p = 0,005), bem como com o número de mortes relacionado a doença. Os autores acreditam que a intensa marcação do GLUT-1 poderia 73 ser utilizada para predizer a necessidade de quimioradioterapia nos pacientes acometidos pelo CEO. Choi et al. (2007), objetivando analisar a importância do GLUT-1 como adjuvante no critério de diagnóstico e na estratégia de tratamento do CEL verificaram, em sua pesquisa de 60 casos, que a forte imunoexpressão do GLUT-1 estava associada com a localização primária da lesão, metástase para os linfonodos regionais e estágio tumoral (p < 0,05). Evidenciaram, ainda, que o marcador de proliferação celular, Ki-67, estava correlacionado com a expressão do GLUT-1 e que a taxa de sobrevida dos grupos com imunomarcação forte foi inferior, quando comparado com as lesões fracamente marcadas. Eckert et al. (2008) observaram, em uma amostra de 42 casos de CEO, que 32 lesões tiveram uma fraca ou ausência de marcação para o GLUT-1, enquanto que 10 amostras obtiveram uma expressão de moderada a forte. Assim, na análise multivariada, os pacientes cujos tumores tiveram uma moderada a forte expressão para o GLUT-1 possuíam um risco 4,9 vezes maior de morte relacionada ao tumor, em comparação com os outros pacientes. Adicionalmente, Ohba et al. (2010) investigaram a expressão imunohistoquímica do GLUT-1 em 24 casos de CEO e observaram que a intensa marcação estava associada a áreas de front de invasão, profundidade do tumor (p < 0,023) e a taxa de sobrevida, sugerindo um pior prognóstico (p < 0,046), porém os autores não puderam inferir uma relação da expressão dessa proteína com os parâmetros idade, gênero, tamanho do tumor e estágio linfonodal. Segundo Ayala et al. (2010), analisando as características clínico-patológicas de 142 casos de CEO de acordo com o padrão de expressão do GLUT-1 e GLUT-3, verificaram que a expressão do GLUT-1 apresentou uma associação significativa com o consumo de álcool (p = 0,004) e um padrão de marcação membranar forte em 50,3% dos casos. Por sua vez, a expressão nuclear foi observada em 49,7% dos casos analisados. A expressão do GLUT-3 foi detectada em 21,1% dos casos e sua marcação membranar estava associada com o avanço do estadiamento clínico dos tumores (p = 0,005), com a menor taxa de sobrevida livre de doença (p = 0,021), bem como com a embolização vascular (p = 0,005). Assim, inferiram que as expressões das proteínas 74 GLUT-1 e GLUT-3 são, significativamente, as indicadoras de pior prognóstico em CEO, provavelmente devido ao maior metabolismo glicolítico das células neoplásicas. 2.4 Anidrase Carbônica - CA A anidrase carbônica (CA) é uma família das metaloenzimas que contém um átomo de zinco em sua composição, apresentando 14 diferentes isoformas, atuando na hidratação do dióxido de carbono e na desidratação do ácido carbônico (H2O + CO2 = H+ + HCO3-), sendo o seu substrato natural o dióxido de carbono. Algumas dessas isoformas são citosólicas (CA-I, CA-II, CA-III, CA-IV, CA-XIII) e outras são transmembranosas (CA-IV, CA-IX, CA-XII, CA-XIV), enquanto a CA-V é mitocondrial e a CA-VI é secretada pelo leite e pela saliva. Ainda, são conhecidas três formas acatalíticas como CARP-VIII, CARP-X e CARP-XI (PASTOREKOVA et al., 2004; TANAKA et al., 2008). As anidrases carbônicas, codificadas pelos genes α-CA, β-CA e γ-CA, estão envolvidas em uma série de mecanismos fisiológicos, incluindo manutenção do pH, diferenciação celular, regulação do equilíbrio iônico, nos mecanismos da respiração, calcificação, na formação do humor aquoso e dos fluidos cérebro-espinhal, atuando também na composição da saliva e suco gástrico (BEASLEY et al., 2001). Adicionalmente, o gene da CA-IX, localizado na região p12-p13 do cromossomo 9, possui 11 exons e está bastante expresso em diversas lesões malignas, favorecendo na manutenção do pH ácido do meio extra-celular, criando, assim, um ambiente favorável para o crescimento, proliferação e metástase tumoral (PARKKILA et al., 2000) e por conseguinte têm sido associada a um pobre prognóstico, em pacientes acometidos pelo câncer de mama, pulmão, ovário, cérebro e rim, e com forte resistência a quimioterapia e radioterapia nas neoplasias de cabeça e pescoço (BRENNAN et al., 2006; HAAPASALO et al., 2006; KALUZ et al., 2009). Liao, Lerman e Stanbridge (2009) afirmaram que a forte expressão da CA-IX em lesões tumorais está intimamente associada à participação da subunidade heterodimérica do HIF-1(HIF-1α) em um ambiente com baixa tensão de O2. Os autores ressaltaram que durante o mecanismo de transativação pelo HIF-1, observa-se uma ligação do complexo 75 HIF-1α/ARNT aos motivos HRE, localizados no promotor e enhancer do gene da CAIX e que a via de fosforilação/PI3K, envolvida na ativação do HIF-1, seria uma das principais formas de expressão da CA-IX. Contudo, Kaluz et al. (2009) sugeriram que mecanismos epigenéticos, como a metilação do sítio CpG, próximo ao promotor e/ou modificações pós-transducionais de histonas da CA-IX poderiam inibir a expressão dessa molécula. Conforme o estudo realizado por Liao, Lerman e Stanbridge (2009) em tecido fetal e tecido humano pós-natal, evidenciou-se que a co-localização da CA-IX e do HIF1α estava limitada a certos tipos de células embrionárias e no início do desenvolvimento do tecido fetal. Essas células eram do mesênquima primitivo ou envolvidas na condrogênese e no desenvolvimento da pele. A expressão da CA-IX limitou-se a tecidos imaturos de origem mesodérmica, da pele e células ependimárias. Os únicos tecidos que persistentemente expressavam a CA-IX eram o epitélio celômico (mesotélio) e seus remanescentes, o epitélio do estômago e vias biliares, glândulas e células das criptas do duodeno e do intestino delgado e as células localizadas nesses sítios, previamente identificados por abrigar células-tronco adultas. A expressão da CA-XII era restrita as células envolvidas na absorção e secreção de água, como as parientais do estômago, aos ácinos das glândulas salivares e pâncreas, epitélio do intestino grosso e túbulos renais. Pastorekova et al. (2004) e Vullo et al. (2005) afirmam que a CA-IX pode ser um alvo da terapia antitumoral em carcinomas humanos, através do tratamento com inibidores de CA-IX, incluindo as classes das sulfonamida ou sulfamato. Potentes inibidores da CA derivados da acetazolamida, etoxizolamida e benzenosulfonamida demonstraram inibir o crescimento de várias linhagens de células tumorais que expressam a CA-IX e a CA-XII. Os autores corroboram que a superexpressão da CA-IX em neoplasias malignas pode ser uma importante ferramenta de diagnóstico para um adequado tratamento em carcinomas humanos. Segundo Beasley et al. (2001), a expressão da CA-IX em linhagens de células de CE de cabeça e pescoço foi superexpressa nas áreas de necrose (p = 0,001), nas porções de maior MVD (p = 0,02) e nos estágios avançados de desenvolvimento tumoral (p = 0,033), sugerindo que esse marcador de hipóxia seria responsável na manutenção do pH extra-celular ácido, contribuindo para que as células tenham uma maior taxa de sobrevida e uma resistência as modalidades terapêuticas. 76 Koukourakis et al. (2001), analisando a relação da expressão imunohistoquímica da CA-IX com a MVD pelo CD-31 em 75 espécimes de CE de cabeça e pescoço tratados com quimioradioterapia em pacientes com câncer inoperável localmente avançado (estágio Tx/N2b-3, T3-4/Nx), constataram que a forte expressão membranar/citoplasmática da CA-IX estava correlacionada com tumores que apresentavam uma menor MVD (p < 0,001). Observou-se, ainda, uma forte expressão da CA-IX em focos de necrose, bem como foi possível correlacionar a superexpressão da CA-IX com a menor taxa de sobrevida e com a radioquimioresistência. Os autores discorrem que o baixo suprimento sanguíneo correlacionado com a forte expressão da CA-IX estaria associado ao meio hipóxico que ativaria a via HIF-1 induzindo, assim a transcrição da CA-IX. Entranto, a baixa MVD associada a uma fraca expressão da CAIX em alguns casos se justificaria pelo fato daquele ambiente vascular apresentar uma tensão de O2 suficiente para manter a progressão tumoral. Adicionalmente, a alta MVD, associada à forte expressão pela CA-IX poderia consistir em uma falha no metabolismo celular ou um colapso do suprimento sanguíneo, o que tornaria o ambiente hipóxico, ativando, com isso fatores pró-angiogênicos, como o VEGF (NIGEL et al., 2001) e moléculas que favoreceriam um baixo pH extracelular para invasão e metástase tumoral. Em uma pesquisa conduzida por Hui et al. (2002), em 90 casos de carcinoma nasofaringeo, verificou-se que o HIF-1α foi expresso em 58% dos casos, o HIF-1β em 7%, o VEGF em 60% e a CA-IX foi imunomarcada em 90% dos espécimes. A superexpressão do HIF-1α estava correlacionada como a elevada expressão da CA-IX (p = 0,008) e do VEGF (p = 0,003), os quais se encontravam associados com o pior prognóstico e menor taxa de sobrevida. Os autores inferem que os marcadores de hipóxia poderiam ser uma alternativa para guiar o tratamento de neoplasias de cabeça e pescoço. Conforme a pesquisa realizada por Jonathan et al. (2006), em 58 pacientes com carcinomas de cabeça e pescoço, constatou-se que a forte expressão do GLUT-3 estava associada ao menor controle loco-regional da lesão. Em relação ao GLUT-1, a forte intensidade estava associada a alta taxa metástase à distância e uma menor taxa de sobrevida global. Foram encontradas, também, diferenças estatiscamente significativas para o controle loco-regional (p = 0,04) e ausência de metástase regional (p = 0,02) para aqueles pacientes que obtiveram intensa expressão da CA-IX. 77 Schrijvers et al. (2008) analisando a imunoexpressão de marcadores de hipóxia endógeno em 91 espécimes de CE de laringe nos estágios T1 e T2, os quais foram tratados apenas por radioterapia, puderam constatar que a superexpressão do HIF-1α nos carcinomas de glote estava associada a uma menor taxa de sobrevida global (p = 0,016) e a recidiva local (p = 0,021). A CA-IX estava significantemente correlacionada com o pior controle do crescimento tumoral (p = 0,02). Todavia, não se evidenciou associação da imunomarcação do GLUT-1 com os parâmetros de evolução clínica. Além do mais, os tumores com o perfil não-hipoxêmicos, que mostravam uma fraca marcação para o HIF-1α e a CA-IX, tiveram uma taxa de controle local significativamente melhor (p = 0,013). Os autores afirmaram que os carcinomas de laringe nos estágios iniciais que apresentam uma baixa expressão para HIF-1α e a CAIX são altamente curáveis com a radioterapia. No entanto, quando há a superexpressão dessas moléculas o tratamento cirúrgico deve ser realizado. No estudo realizado por Tanaka et al. (2008), em 127 espécimes de carcinoma esofágico, observou-se que a superexpressão da CA-IX estava associada a um pobre prognóstico e aos aspectos clínico-patológicos, incluindo metástase linfonodal a distância (p = 0,0077), metástase linfonodal regional (p = 0,0031), estágio tumoral (p < 0,0001), tamanho da lesão (p = 0,0235), grau de invasão (p < 0,0001) e invasão vascular (p = 0,006). Os autores sugerem que o controle da expressão desse marcador endógeno, que se encontra intimamente associado aos mecanismos de hipóxia, poderia ser adjuvante na efetividade da quimioterapia e radioterapia nas lesões de cabeça e pescoço. Brockton et al. (2011) observaram em um estudo de 55 casos de CE de cabeça e pescoço que a intensa marcação estromal da CA-IX em tumores HPV-16 negativos estava correlacionada com a redução da taxa de sobrevida global (p = 0,03). Os autores relatam que embora os pacientes HPV positivos estejam relacionados com um bom prognóstico e sejam responsivos ao tratamento radioquimioterápico, quando comparados a outros fatores etiológicos extrínsecos do câncer como o fumo e o álcool, fatores endógenos de hipóxia poderiam auxiliar a elucidar a taxa global de sobrevida desfavorável em pacientes HPV negativos. Analisando a imunoexpressão do Ki-67 e da CA-IX em 60 casos de CEL, Kim et al. (2007), verificaram que a forte marcação dessas proteínas estava associada a um pobre prognóstico e curto período de tempo livre da doença. Os autores asseguraram 78 que o marcador de proliferação celular e a CA-IX podem ser úteis na análise do comportamento clínico-patológico e na escolha da estratégia terapêutica adequada para o CEL. Choi et al. (2008) descrevem que dos 117 casos de CEO, 58,1% apresentaram uma surperexpressão da CA-IX, sendo significantemente correlacionada com a recorrência (p < 0,05) e taxa de sobrevida de 5 anos (p < 0,02). Contudo, apesar de não se observar uma significância estatística, pôde-se certificar uma associação da expressão desse marcador com o sexo feminino, metástase em nódulos linfáticos e história de consumo de tabaco. Roh et al. (2009) reportaram em um ensaio imuno-histoquímico de 43 casos de CEL (T2), tratados por ressecção cirúrgica, que a espessura tumoral estava associada com a imunomarcação para a CA-IX. Para o GLUT-1, sua marcação estava significativamente relacionada com a espessura tumoral e comprometimento linfonodal. Outrossim, a análise multivarada identificou que a forte expressão do HIF-1α e do EPOR estava relacionada com menor taxa de sobrevida. Eckert et al. (2010b), avaliando a expressão da CA-IX e do HIF-1α em 80 casos de CEO, investigaram que a fraca e a forte expressão das ambas proteínas estava correlacionadas com uma média de sobrevida de 54,8 e 37,6 meses respectivamente, afirmando, dessa forma, que essas moléculas poderiam contribuir na terapia contra o câncer oral. Kondo et al. (2011) verificando a expressão imuno-histoquímica da CA-IX, Ki67, GLUT-1 e p53 em 107 casos de CEO, de acordo com os parâmetros clínicopatológicos, observaram que a expressão da CA-IX estava presente em 96% dos casos, onde a taxa de sobrevida foi menor nos indivíduos que apresentavam 50% ou mais das células imunomarcadas (p < 0,05). Pacientes nos estágios tumorais IV que exibiam altas taxa (≥ 50%) de imunomarcação tiveram um pior prognóstico, quando comparados com os tumores que apresentavam baixa expressão. A expressão do GLUT-1 foi evidenciada em 98% dos casos, porém não houve uma correlação significativa da expressão dessa proteína com a taxa de sobrevida global da doença. No entanto, os indivíduos com metástases linfonodais tiveram significativamente maior expressão do GLUT-1, demonstrando que esse marcador poderia ser um indicador de metástase ganglionar. Já 79 o Ki-67, se expressou em 92% da amostra, sendo que nenhuma correlação com os parâmetros analisados foi observada. A expressão da p53 foi observada em 78% dos espécimes, entretanto nenhuma correlação entre a proteína e evolução clínica foi verificada. Portanto, apesar de existirem vários parâmetros clínicos e morfológicos relacionados com agressividade do CEO, muitos aspectos ainda são desconhecidos no tocante a progressão e comportamento clínico desta neoplasia. Com isso, através de ensaios prévios vêm se sugerindo a utilização de marcadores de hipóxia para o entendimento da instabilidade genética, invasibilidade tumoral e metástase de diversas neoplasias que acometem a região de cabeça e pescoço, principalmente o CEL, o qual apresenta uma maior propensão para metástase regional cervical (TANAKA et al., 2008; ROH et al., 2009). 80 “O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” (Fernando Pessoa) PROPOSIÇÃO 81 3 PROPOSIÇÃO Este trabalho teve como objetivos principais: Avaliar e correlacionar à incidência de dados clínicos e morfológicos em uma série de casos de CEL. Avaliar a expressão imuno-histoquímica dos anticorpos anti-HIF-1α, antiGLUT-1 e anti-CA-IX em uma série de casos de CEL, com variada gradação histológica de malignidade, com a finalidade de correlacionar a expressão destas proteínas com o estadiamento clínico TNM, presença de metástase, desfecho da doença e características morfológicas. 82 “Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” (Sócrates) MATERIAL E MÉTODOS 83 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Caracterização do Estudo O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva constituída pela observação, análise e registro da intensidade e distribuição de marcação obtida a partir da análise qualitativa e quantitativa respectivamente das células neoplásicas e do estroma imunomarcados pelos anticorpos anti-HIF-1α, anti-GLUT-1 e anti-CA-IX em uma série de casos de CEL. Constituiu-se, também, de uma investigação comparativa das variáveis independentes com a imunomarcação por esses anticorpos, visando obter informações que contribuíssem para o entendimento do papel dessas proteínas no comportamento biológico das células epiteliais neoplásicas em CEL. 4.2 População A população objeto deste estudo foi constituída por casos de CEL registrados e diagnosticados no serviço de Patologia Cirúrgica do Hospital Dr. Luiz Antonio, NatalRN, no período de 1995 a 2007. 4.3 Amostra A amostra selecionada para a realização desta pesquisa foi constituída por 57 espécimes teciduais de CEL emblocados em parafina, que foram oriundos do serviço de Patologia Cirúrgica do Hospital Dr. Luiz Antonio, Natal-RN, onde foram obtidos os dados clínicos a partir de análises dos prontuários, como sexo, idade, raça estadiamento clínico (TNM), presença ou não de metástase e desfecho da doença. Esses dados foram anotados em uma ficha clínica previamente elaborada para esta finalidade (Apêndice 1). Utilizou-se na pesquisa 57 espécimes teciduais pelo fato deste número possibilitar uma boa distribuição e dispersão dos dados da amostra. Os pacientes portadores das lesões incluídas neste estudo ou o responsável legal foram esclarecidos quanto à pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 2) elaborado para este estudo. 84 4.3.1 Critérios de Inclusão da Amostra Os casos de CEL constantes nesta pesquisa foram àqueles provenientes de tratamentos cirúrgicos, os quais tinham um acompanhamento clínico de no mínimo 5 anos, que não tinham sido submetidos à quimioterapia ou radioterapia prévia e que as respectivas fichas clínicas continham todos os dados necessários para realização do estudo clínico. Além. Disso, todos os espécimes selecionados apresentavam quantidade suficiente de material biológico para a realização do estudo imuno-histoquímico. 4.3.2 Critérios de Exclusão da Amostra Foram excluídos da amostra todos os casos de CEL que não foram provenientes de biópsia excisional e/ou àqueles sem o devido acompanhamento clínico e com extensas áreas de necrose. Também foram excluídos da pesquisa, os casos em que o material biológico era insuficiente para a realização do estudo imuno-histoquímico e todos os casos que não se conseguiram os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido. 4.4 Estudo Clínico Dos prontuários analisados, foram obtidas informações em relação ao sexo do paciente, idade, raça, estadiamento clínico (TNM) da lesão, presença ou não de metástase e desfecho da doença (remissão ou óbito). 4.5 Estudo Morfológico O exame histopatológico foi realizado em microscopia de luz, em cortes de 5μm de espessura e corados pela técnica de Hematoxilina e Eosina. Em seguida, foi efetuada uma análise descritiva das características anátomo-patológicas e gradação histológica de malignidade no front de invasão das lesões. A avaliação histomorfológica das áreas de invasão foi realizada com base nos critérios de malignidade, conforme o sistema de gradação histológica proposta por Bryne (1998) e adaptado por Miranda (2002) (Quadro 3). 85 Escore de Malignidade Aspectos Morfológicos 1 2 3 Altamente Moderadamente Mínima Grau de ceratinizado ceratinizado (20 ceratinização (5 Nenhuma ceratinização (0 Ceratinização (mais de 50% a 50% das a 20% das a 5% das células) das células) células) células) Pouco Moderado Abundante pleomorfismo pleomorfismo pleomorfismo Pleomorfismo nuclear nuclear (mais de nuclear (50 a nuclear (25 a extremo (0 a 25% de 75% de células 75% de células 75% de células células maduras) maduras) maduras) maduras) Pleomorfismo Nuclear Padrão de Invasão Infiltrado Inflamatório Bordas 4 Pequenos grupos Dissociação celular difusa Cordões, bandas ou cordões de e pronunciada, em e/ou trabéculas células pequenos grupos e/ou sólidas infiltrativas células individuais (n > 15) (n < 15) Escasso Ausente infiltrativas bem delimitadas Intenso infiltrativas Moderado Quadro 3. Sistema de gradação de malignidade recomendado por Bryne (1998). Para este sistema, a análise dos parâmetros morfológicos foi realizada no front invasão e, para cada parâmetro, foi emitido um escore variando de 1 a 4, de acordo com o previsto no referido sistema, sendo posteriormente, somado em cada caso. Os casos que obtiveram pontuação total de 4 a 8 pontos, foram classificados em baixo grau de malignidade, enquanto que aqueles com mais de 8 pontos foram considerados de alto grau de malignidade. Os dados desta análise morfológica foram anotados em fichas individuais especialmente preparadas para os CEL (Apêndice 2). 4.6 Estudo Imuno-histoquímico Todos os espécimes de CEL fixados em formol a 10% e emblocados em parafina, referentes aos casos previamente selecionados para este estudo, foram submetidos a cortes histológicos de 3μm de espessura, os quais foram estendidos em base de 3-aminopropyltrietoxi-silano (Sigma Chemical Co, St Louis, Mo, USA). 86 Posteriormente, os referidos cortes foram submetidos aos métodos da imunoperoxidase pela técnica da estreptoavidina-biotina (LSAB), utilizando o anticorpo primário antiCA-IX e o método da imunoperoxidase pela técnica baseada em polímeros de dextrano (ADVANCETM HRP, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA), utilizando anticorpos monoclonais anti-HIF-1α e anti-GLUT-1, seguindo os passos laboratoriais descritos a seguir: Desparafinização: 2 banhos em xilol, à temperatura ambiente (10 minutos cada); Re-hidratação em cadeia descendente de etanóis: Álcool etílico absoluto I (5 minutos); Álcool etílico absoluto II (5 minutos); Álcool etílico absoluto III (5 minutos); Álcool etílico 95°GL (5 minutos); Álcool etílico 80°GL (5 minutos); Remoção de pigmentos formólicos com hidróxido de amônia a 10% em etanol 95°, à temperatura ambiente (10 minutos); Lavagem em água corrente (10 minutos) Duas passagens em água destilada (5 minutos cada); Recuperação antigênica (Quadro 4); Lavagem em água corrente (10 minutos); Duas passagens em água destilada (5 minutos cada); Duas incubações dos cortes em solução de peróxido de hidrogênio 3% 10 volumes, em proporção de 1/1, para o bloqueio da peroxidase endógena tecidual (10 minutos cada); Lavagem em água corrente (10 minutos); Duas passagens em água destilada (5 minutos cada); Duas passagens em solução tampão TRIS-HCl (Sigma Chemical Co., St. Louis, MO, USA) pH 7,4 (5 minutos cada); Incubação dos cortes com anticorpos primários (Quadro 4), em solução diluente (Antibody diluent with background reducing components, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA); Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl pH 7,4 (5 minutos cada); 87 Incubação com o anticorpo secundário (Biotinylated link universal, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA, quando se utiliza o anticorpo primário anti-CA-IX ou ADVANCETM HRP Link, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA, quando se utiliza os anticorpos monoclonais anti-HIF-1α e anti-GLUT-1), em diluição 1:200, à temperatura ambiente (30 minutos); Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl pH 7,4 (5 minutos cada); Incubação com o complexo estreptoavidina-biotina HRP (Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA), à temperatura ambiente (30 minutos) quando se utiliza o anticorpo primário anti-CA-IX ou Incubação com anticorpo polimerizado à peroxidase quando se utiliza os anticorpos monoclonais anti-HIF-1α e anti-GLUT-1 (ADVANCETM HRP Enzyme, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA), à temperatura ambiente (30 minutos); Duas passagens em solução tampão TRIS-HCl pH 7,4 (5 minutos cada); Revelação da reação com solução cromógena de diaminobenzidina (3,3diaminobenzidina, Liquid DAB+ Substrate, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA) (10 minutos); Lavagem em água corrente (10 minutos); Passagens rápidas em água destilada (2 trocas); Contracoloração com hematoxilina de Mayer, à temperatura ambiente (10 minutos); Desidratação em cadeia ascendente de etanóis: Álcool etílico 80°GL (2 minutos); Álcool etílico 95°GL (2 minutos); Álcool etílico absoluto I (5 minutos); Álcool etílico absoluto II (5 minutos); Álcool etílico absoluto III (5 minutos); Duas passagens em xilol (2 minutos cada); Montagem em resina Permount® (Fisher Scientific Inc., Fair Lawn, NJ, USA). 88 Especificidade Clone HIF-1α H1α67 Fabricante Diluição Santa Cruz Recuperação Antigênica Incubação Tris/EDTA, pH 9,0 Overnight Pascal, 3 min (18 horas) 1:200 Biotechnology Citrato, pH 6,0 GLUT-1 SLC2A1 Gene Tex 1:400 60 min Pascal, 3 min Citrato, pH 6,0 Santa Cruz CA-IX H-120 1:200 Biotechnology 120 min Pascal, 3 min Quadro 4. Especificidade, clone, fabricante, diluição, recuperação antigênica e tempo de incubação dos anticorpos primários a serem utilizados no estudo. 4.7 Análise do Perfil Imuno-histoquímico Foram realizadas análises de forma descritiva, qualitativa e quantitativa e os resultados apresentados em forma de tabelas, tanto em valores absolutos quanto em percentuais. A análise qualitativa e quantitativa foi realizada considerando a intensidade de marcação e distribuição, respectivamente, da expressão dos antígenos correspondentes aos anticorpos utilizados, segundo a metodologia proposta por Choi et al. (2007), Tanaka et al. (2008) e Andersen et al. (2010), verificando o tipo celular imunoexpresso (estroma ou parênquima), bem como a localização desta marcação nas células (membrana, citoplasma, núcleo) e na periferia e/ou no centro das ilhas tumorais. A avaliação foi realizada por dois observadores em dois momentos diferentes, em caso de discordância entre os avaliadores o caso foi reavaliado até chegar a um consenso, sendo os achados anotados em ficha previamente elaborada para posterior análise dos resultados obtidos. Na avaliação da intensidade de marcação foram atribuídos escores de 0 a 2 onde, 0 representou ausência de marcação; 1, marcação fraca e 2, marcação forte. Foram definidos como casos positivos, aqueles que exibiram mais do que 10% das células imunomarcadas (KIM et al., 2007; ANDERSEN et al., 2010); já a distribuição de marcação foi avaliada de forma quantitativa de acordo com os seguintes critérios adaptados da metodologia proposta por Lee et al. (2010): focal (< 50% das células imunomarcadas) e difusa (> 50% das células imunomarcadas) (Apêndice 3). 89 Como controle positivo para o HIF-1α e CA-IX foram utilizados cortes de adenocarcinoma de cólon. Para o GLUT-1 foi empregado como controle positivo os eritrócitos. Como controle negativo os anticorpos primários foram substituídos por albumina de soro bovino a 1% (BSA - bovine serum albumin). 4.8 Análise Estatística Uma vez realizadas as análises morfológicas e imuno-histoquímicas, os resultados obtidos foram submetidos a testes estatísticos adequados, com o intuito de testar as hipóteses de correlação dos dados clínicos como estadiamento clínico, desfecho, metástase, SGHM e a expressão do HIF-1α, GLUT-1 e CA-IX. Para as demais variáveis clínicas, como sexo, hábitos, faixa etária e raça, foi realizada apenas uma análise descritiva. 4.8.1 Delineamento da Análise Os dados foram digitados originalmente em uma planilha eletrônica do programa de Excel (Microsoft Office 2007®) e posteriormente exportados para formato DBF (Data Base Format), para poder ser lido pelo programa Statistical Package for Social Science (versão 17.0; SPSS Inc., Chicago, IL, USA), onde foram feitas as análises estatísticas. 90 4.8.2 Variáveis Estudadas Variável Dependente Classificação Categorias Estadiamento clínico Categórica I, II, III, IV Metástase Categórica Sim, Não Desfecho Categórica Óbito, Remissão Gradação histológica Categórica Baixo grau, Alto grau Variável Independente Classificação Categorias Intensidade de marcação Categórica Fraca, Forte, Ausente Tipo celular marcado Categórica Estroma, Parênquima Localização de marcação Categórica Membrana, Citoplasma, Núcleo Categórica Centro, Periferia, Centro/periferia Categórica Focal, Difusa Localização de marcação na ilha tumoral Distribuição de marcação Quadro 5. Quadro evidenciando as variáveis analisadas, bem como sua classificação e categorização. 4.8.3 Definição do Teste Estatístico Considerando que, tanto as variáveis dependentes quanto as independentes são do tipo categórica, optou-se por uma análise bivariada, tendo como teste de escolha o qui-quadrado (Qui2) de Pearson, sendo o nível de significância adotado para os casos estudados foi de 95% (p < 0,05). 4.9 Implicações Éticas O presente estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP/UFRN) segundo protocolo nº 029/10, CAAE: 0033.0.051.000-10 (Anexo 1), onde os sujeitos desta pesquisa assinaram os termos de consentimento livre e esclarecido (Anexo 2) tornando-se ciente, dessa forma, de sua participação no estudo. Ressalta-se, ainda, que o presente trabalho foi executado com espécimes teciduais, emblocados em parafina, pertencentes ao arquivo do serviço de Patologia Cirúrgica do Hospital Dr. Luiz Antonio, Natal-RN. 91 “Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo.” (Vinícius de Moraes) RESULTADOS 92 5 RESULTADOS 5.1 Análise Descritiva dos Aspectos Clínicos Frente aos dados clínicos referentes à caracterização da amostra estudada, observou-se que a maioria dos indivíduos (70,2%) acometidos pelo CEL eram do sexo masculino, sendo a faixa etária mais freqüente entre 61 a 70 anos, perfazendo 35,1% da amostra. A raça leucoderma foi à predominante, totalizando 32 casos (56,2%) da amostra total. Dos hábitos analisados, o tabagismo associado ao etilismo foi o mais prevalente (42,1%), seguido com 31,6% quando relacionado somente ao tabagismo (Tabela 1). Tabela 1. Distribuição dos casos de CEL com relação ao sexo, raça, faixa etária e hábitos dos pacientes. Natal, RN-2011. N (%) Masculino 40 70,2% Feminino 17 29,8% Melanoderma 14 24,5% Feoderma 11 19,3% Leucoderma 32 56,2% Faixa Etária 31 a 40 anos 03 5,3% 41 a 50 anos 06 10,5% 51 a 60 anos 18 31,6% 61 a 70 anos 20 35,1% 71 a 80 anos 07 12,3% 81 a 90 anos 03 5,2% 18 31,6% 24 42,1% 01 1,8% 14 24,5% Sexo Raça Hábitos Tabagista Tabagista e Etilista Não Tabagista e Não Etilista Não Relatado Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. 93 No que concerne ao estadiamento clínico (TNM), o estágio III foi o mais freqüente com 38,6% dos casos, seguidos dos estágios I, IV e II. Em relação ao desfecho, 77,2% da amostra houve a remissão da lesão, sendo que 57,9% dos pacientes apresentaram metástase (Tabela 2). Tabela 2. Distribuição das variáveis TNM, desfecho e metástase em números absolutos (n) e relativos (%). Natal, RN-2011. N (%) I 14 24,6% II 10 17,5% III 22 38,6% IV 11 19,3% Remissão 44 77,2% Óbito 13 22,8% Ausência 24 42,1% Presença 33 57,9% Estadiamento Clínico Desfecho Metástase Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. 5.2 Análise Descritiva dos Aspectos Morfológicos Em relação aos aspectos histopatológicos dos casos de CEL avaliados neste trabalho, observou-se uma proliferação desordenada em direção ao tecido conjuntivo de células epiteliais malignas na forma de ninhos, cordões e/ou lençóis sólidos exibindo alterações celulares anaplásicas, tais como pleomorfismo celular e nuclear, perda da relação núcleo-citoplasma, disceratose, hipercromatismo nuclear, presença de nucléolos numerosos e proeminentes, mitoses atípicas e/ou bizarras e formação de pérolas córneas. Graus variados de infiltrado inflamatório predominantemente mononuclear em proximidade ao epitélio lesional e áreas focais de necrose e ulceração também foram visualizados. A observância dos achados microscópicos supracitados permitiu a definição da gradação histológica de malignidade dos casos analisados, de acordo com o sistema 94 proposto por Bryne (1998) e adaptado por Miranda (2002), sendo verificado que os casos de alto grau foram mais prevalentes (n = 43; 75,4%) (Figuras 8 e 9) quando comparados com os de baixo grau (n = 14; 24,6%) (Figuras 6 e 7). 5.3 Análise Descritiva da Imuno-histoquímica do HIF-1α, GLUT-1 e CA-IX A expressão dos referidos marcadores foi avaliada com relação a presença ou ausência de marcação, o grau de intensidade, distribuição, os tipos celulares marcados, bem como a localização dessa marcação nas células neoplásicas (membrana, citoplasma, núcleo). 5.3.1 HIF-1α Na análise qualitativa, verificou-se que o anticorpo anti-HIF-1α reagiu imunopositivamente em 100% dos casos de CEL estudados, tanto no parênquima como nas células estromais. A expressão localizou-se predominantemente no núcleo/citoplasma das células neoplásicas (n = 44; 77,2%), seguido do núcleo (n = 12; 21,1%) e citoplasma (n = 1; 1,8%), independemente do seu pleomorfismo e/ou grau de diferenciação celular. Além disso, a maior parte da amostra exibiu uma distribuição de marcação difusa no epitélio proliferante (n = 48; 84,2%), verificando uma distribuição focal predominantemente nas regiões perinecróticas (n = 9; 15,8%). Com relação à intensidade de marcação, 68,4% (n = 39) da amostra apresentaram uma marcação forte, enquanto 31,6% (n = 18), expressão fraca. Adicionalmente, a expressão no front de invasão exibiu uma localização tanto na periferia como no centro das ilhas e/ou lençois tumorais em 100% dos casos (Figuras 10 e 11). 5.3.2 GLUT-1 A expressão do GLUT-1 nos casos de CEL localizou-se em 100% dos casos, independente dos aspectos histopatológicos, no citoplasma e membrana das células malignas, as quais exibiram uma distribuição de marcação difusa em todos os casos. Entretanto, a localização de marcação no estroma se deteve predominantemente nas hemácias e em áreas focais do revestimento interno de alguns vasos sanguíneos de calibres variados. 95 A maioria dos casos exibiu uma imunoexpressão forte (n = 44; 77,2%), enquanto que 22,8% (n = 13) evidenciaram marcação fraca. No que concerne a localização de marcação nas ilhas do epitélio proliferante, o GLUT-1 foi mais expresso na periferia (n = 30; 52,6%) quando comparado com a localização centro/periferia (n = 27; 47,4%) (Figuras 12 e 13). 5.3.3 CA-IX Na análise qualitativa, observou-se que o anticorpo CA-IX reagiu imunopositivamente em 100% dos casos de CEL estudados, tanto no parênquima como nas células estromais. A expressão localizou-se, predominantemente, na membrana/citoplasma das células neoplásicas (n = 49; 86%), seguido da membrana/citoplasma/núcleo (n = 8; 14%), independemente do grau histopatológico de malignidade. Além disso, a maior parte da amostra exibiu uma distribuição de marcação difusa no epitélio proliferante em 89,5% (n = 51) dos casos. Com relação à intensidade de marcação, 66,7% (n = 38) da amostra exibiu uma marcação forte, enquanto 33,3% (n = 19), expressão fraca. Adicionalmente, a expressão no front de invasão apresentou uma localização significantemente no centro/periferia dos ninhos e/ou lençóis (n = 53; 93%) quando correlacionado com a localização periférica (n = 4; 7%) (Figuras 14 e 15). 5.4 Resultado da Análise Estatística 5.4.1 Análise Estatística dos Aspectos Clínicos Na análise da relação entre o estadiamento clínico e desfecho da doença evidenciou-se que 100% e 85,7% dos casos que se encontravam no estágio II e I, respectivamente, obtiveram a remisão da lesão. Com relação ao número de óbitos, constatou-se o predomínio no estágio IV, seguidos com menores freqüências os estágios III e I. Entretanto, o teste qui-quadrado (Qui2) demonstrou não haver diferenças estatisticamente significativas entre as variáveis analisadas (p = 0,072) (Tabela 3). 96 Tabela 3. Relação entre estadiamento clínico e desfecho da doença. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal- RN, 2011. Desfecho Estadiamento Clínico Total Qui2 p 6,986 0,072 Remissão Óbito I 12 (85,7%) 2 (14,3%) 14 (100%) II 10 (100%) 0 (0%) 10 (100%) III 16 (72,7%) 6 (27,3%) 22 (100%) IV 6 (54,5%) 5 (45,5%) 11 (100%) Total 44 (77,2%) 13 (22,8%) 57 (100%) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Na correlação entre metástase e desfecho da doença, observou-se que houve uma associação estatisticamente significativa entre as variáveis analisadas de acordo com o teste qui-quadrado (Qui2) (p = 0,000), onde os 24 casos (100%) com ausência de metástase obtiveram remissão da doença. Todavia, dos 33 casos que apresentaram metástase, menos de 40% dos pacientes foram a óbito (Tabela 4). Tabela 4. Relação entre metástase e desfecho da doença. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN2011. Desfecho Metástase Total Qui2 p 12,248 0,000 Remissão Óbito Ausência 24 (100%) 0 (0%) 24 (100%) Presença 20 (60,6%) 13 (39,4%) 33 (100%) Total 44 (77,2%) 13 (22,8%) 57 (100%) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Levando em consideração a relação entre metástase e estadiamento clínico da doença, verificou-se que nos estágios mais avançados (III e IV) houve uma maior a probabilidade no desenvolvimento de metástase. Quanto à ausência de metástase, 97 grande parte da amostra encontrava-se no estágio II, seguido do estágio I. O teste quiquadrado (Qui2) demonstrou diferenças estatisticamente significativas entre as variáveis estudadas (p = 0,001) (Tabela 5). Tabela 5. Relação entre metástase e estadiamento clínico. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Estadiamento Clínico Total Qui2 p 17,613 0,001 I II III IV Ausência 8 (57,1%) 9 (90%) 6 (27,3%) 1 (9,1%) 24 (100%) Presença 6 (42,9%) 1 (10%) 16 (72,7%) 10 (90,9%) 33 (100%) Total 14 (24,5%) 10 (17,5%) 22 (38,6%) 11 (19,3%) 57 (100%) Metástase Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Conforme a tabela 6, observou-se que não houve correlação estatisticamente significativa entre a gradação histológica de malignidade e o desfecho da doença (p = 0,887). Entretanto, verificou-se nos casos de baixo grau o predomínio de um desfecho favorável. Tabela 6. Relação entre gradação histológica e desfecho da doença. Significância obtida pelo teste Qui 2. Natal, RN-2011. Desfecho Gradação Histológica Total Qui2 p 0,020 0,887 Remissão Óbito Baixo 11 (78,6%) 3 (21,4%) 14 (100%) Alto 33 (76,7%) 10 (23,3%) 43 (100%) Total 44 (77,2%) 13 (22,8%) 57 (100%) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. 98 Na análise da relação entre a gradação histológica e o estadiamento clínico, evidenciou-se uma maior freqüência de casos de baixo grau de malignidade nos estágios I e II, seguidos dos estágios III e IV. Em relação aos casos de alto grau, constatou-se a prevalência dos estágios III e IV, com menor frequência para os estágios II e I, respectivamente. O teste qui-quadrado (Qui2) demonstrou haver diferenças estatisticamente significativas entre as variáveis analisadas (p = 0,006) (Tabela 7). Tabela 7. Relação entre gradação histológica e estadiamento clínico. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Estadiamento Clínico Gradação Histológica Total Qui2 p 12,443 0,006 I II III IV Baixo 8 (57,1%) 3 (21,4%) 2 (14,3%) 1 (7,1%) 14 (100%) Alto 6 (14%) 7 (16,3%) 20 (46,5%) 10 (23,3%) 43 (100%) Total 14 (24,6%) 10 (17,5%) 22 (38,6%) 11 (19,3%) 57 (100%) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Na tabela 8, foi observada uma distribuição relativamente similar entre gradação histológica de malignidade e metástase. Contudo, a presença de metástase foi verificada em sua maioria nos casos de alto grau de malignidade. Todavia, o teste qui-quadrado (Qui2) demonstrou não haver diferenças estatisticamente significativas entre os grupos analisados (p = 0, 948) (Tabela 8). Tabela 8. Relação entre gradação histológica e metástase. Significância obtida pelo teste Qui 2. Natal, RN-2011. Metástase Gradação Histológica Total Qui2 p 0,004 0,948 Ausência Presença Baixo 6 (42,9%) 8 (57,1%) 14 (100%) Alto 18 (41,9%) 25 (58,1%) 43 (100%) Total 24 (42,1%) 33 (57,9%) 57 (100%) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. 99 5.4.2 Análise Estatística da Expressão Imuno-histoquímica do HIF-1α De acordo com a imunoexpressão do HIF-1α nos casos analisados, o teste quiquadrado (Qui2) demonstrou não haver diferenças estatisticamente significativas entre o desfecho e a intensidade (p = 0,543), distribuição (p = 0,964) e localização celular (p = 0,849). Destaca-se, no entanto que dos 61,5% da amostra relacionada a intensidade; e 84,6% dos casos associado a distribuição; correspondentes aos pacientes que foram a óbito, apresentaram marcação forte e difusa, respectivamente. Adicionalmente, dos 18 (31,6%) casos que exibiram marcação fraca, 13 (22,8%) obtiveram remissão da lesão (Tabela 9). Tabela 9: Relação entre as variáveis do HIF-1α e o desfecho da doença. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Desfecho Intensidade Distribuição Localização Celular Total Qui2 p 0,369 0,543 0,002 0,964 0,328 0,849 Remissão Óbito Fraco 13 (29,5%) 5 (38,5%) 18 (31,6%) Forte 31 (70,5%) 8 (61,5%) 39 (68,4%) Focal 7 (15,9%) 2 (15,4%) 9 (15,8%) Difusa 37 (84,1%) 11 (84,6%) 48 (84,2%) Núcleo/Citoplasma 34 (77,3%) 10 (76,9%) 44 (72,2%) Núcleo 9 (20,5%) 3 (23,1%) 12 (21,1%) Citoplasma 1 (2,3%) 0 (0%) 1 (1,8%) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Na tabela 10, verificou-se que a localização celular e intensidade de marcação para o HIF-1α não exibiram correlação estatisticamente significativa com a metástase. Contudo, observou-se que 72,7% dos casos que apresentaram metástase, demonstraram marcação forte. Quanto a relação entre a distribuição de marcação e metástase, o teste qui-quadrado (Qui2) demonstrou haver diferenças estatisticamente significativas entre os grupos analisados (p = 0,040). Dos 75,8% da amostra que tinham metástase, constatou-se a o predomínio da marcação difusa. 100 Tabela 10. Relação entre as variáveis do HIF-1α e a metástase. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Metástase Intensidade Distribuição Localização Celular Total Qui2 p 9 (27,3%) 18 (31,6%) 0,673 0,412 15 (62,5%) 24 (72,7%) 39 (68,4%) Focal 1 (4,2%) 8 (24,2%) 9 (15,78%) 4,212 0, 040 Difusa 23 (95,8%) 25 (75,8%) 48 (84,2%) Núcleo/Citoplasma 21 (87,5%) 23 (69,7%) 44 (72,2%) 5,131 0,077 Núcleo 2 (8,3%) 10 (30,3%) 12 (21,1%) Citoplasma 1 (4,2%) 0 (0%) 1 (1,8%) Ausência Presença Fraco 9 (37,5%) Forte Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Pode se observar na tabela 11 que a intensidade marcação para o HIF-1α exibiu correlação estatisticamente significativa com o estadiamento clínico (p = 0,011). Dos 18 (31,6%) casos que exibiram marcação fraca, 13 (22,8%) estavam associados aos estágios iniciais da doença (estágio I e II). Todavia, para as lesões que se encontravam nos estágios avançados, houve o predomínio da marcação forte para o estágio III, seguido do estágio IV. As demais variáveis, distribuição e localização celular, não demonstraram significância estatística com o estadiamento clínico. A maior parte dos espécimes que apresentava marcação difusa ou focal e que exibia localização no núcleo/citoplasma ou núcleo encontrava-se nos estágios III e IV. 101 Tabela 11. Relação entre as variáveis do HIF-1α e o estadiamento clínico. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Estadiamento Clínico Intensidade Distribuição Localização Celular Total Qui2 p 11,049 0,011 3,084 0,379 8,582 0,198 I II III IV Fraco 8 (57,1%) 5 (50%) 2 (9,1%) 3 (27,3%) 18 (31,6%) Forte 6 (42,9%) 5 (50%) 20 (90,9%) 8 (72,7%) 39 (68,4%) Focal 2 (14,3%) 0 (0%) 4 (18,2%) 3 (27,3%) 9 (15,8%) Difusa 12 (85,7%) 10 (100%) 18 (81,8%) 8 (72,7%) 48 (84,2%) Núcleo/Citoplasma 10 (71,4%) 9 (90%) 19 6 44 (86,4%) (54,5%) (72,2%) Núcleo 3 (21,4%) 1 (10%) 3 5 12 (13,6%) (45,5%) (21,1%) 1 0 (0%) Citoplasma (7,1%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (1,8%) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Na análise da relação entre a gradação histológica e intensidade de marcação para o HIF-1α, evidenciou-se uma maior freqüência de casos de alto (79,1%) e baixo grau (64,3%) de malignidade exibindo marcação forte e fraca, respectivamente. Em relação aos casos com marcação fraca (31,6%), constatou-se uma similaridade de expressão entre os espécimes classificados de baixo e alto grau. O teste qui-quadrado (Qui2) demonstrou haver diferenças estatisticamente significativas entre essas variáveis analisadas (p = 0,002). As demais variáveis, distribuição e localização celular, não demonstraram significância estatística com a gradação histológica. A maior parte dos espécimes que apresentava marcação difusa ou focal e que exibia localização no núcleo/citoplasma ou núcleo encontrava-se no alto grau de malignidade (Tabela 12). 102 Tabela 12. Relação entre as variáveis do HIF-1α e a gradação histológica de malignidade. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Gradação Histológica Total Qui2 p 9 (20,9%) 18 (31,6%) 9,188 0,002 5 (35,7%) 34 (79,1%) 39 (68,4%) Focal 1 (7,1%) 8 (18,6%) 9 (15,8%) 1,044 0,307 Difusa 13 (92,9%) 35 (81,4%) 48 (84,2%) Núcleo/Citoplasma 11 (78,6%) 33 (76,7%) 44 (77,2%) 3,480 0,176 Núcleo 2 (14,3%) 10 (23,3%) 12 (21,1%) Citoplasma 1 (7,1%) 0 (0%) 1 (1,8%) Intensidade Distribuição Localização Celular Baixo Grau Alto Grau Fraco 9 (64,3%) Forte Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. 5.4.3 Análise Estatística da Expressão Imuno-histoquímica do GLUT-1 De acordo com a imunoexpressão do GLUT-1 nos casos analisados, o teste quiquadrado (Qui2) demonstrou não haver diferenças estatisticamente significativas entre o desfecho e a intensidade (p = 0,468), bem como com a localização na ilha tumoral (p = 0,464 ). Destaca-se, no entanto que dos 84,6% da amostra relacionada à intensidade; e 61,5% dos casos associado à localização; correspondentes aos pacientes que foram a óbito, exibiram imunomarcação forte e localização periférica nas ilhas tumorais, respectivamente (Tabela 13). Tabela 13. Relação entre as variáveis do GLUT-1 e o desfecho da doença. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Desfecho Intensidade Localização na Ilha Tumoral Total Qui2 p 0,527 0,468 0,536 0,464 Remissão Óbito Fraco 11 (25%) 2 (15,4%) 13 (22,8%) Forte 33 (75%) 11 (84,6%) 44 (77,2%) Periferia 22 (50%) 8 (61,5%) 30 (52,6%) Centro/Periferia 22 (50%) 5 (38,5%) 27 (47,4%) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. 103 Na tabela 14, verificou-se que a localização na ilha tumoral e intensidade de marcação para o GLUT-1 não exibiram correlação estatisticamente significativa com a metástase. Contudo, observou-se que 81,8% dos casos que apresentaram metástase, demonstraram marcação forte. Constatou-se, ainda, que a maioria dos 52,6% da amostra que exibiu marcação periférica, bem como dos 47,4% dos casos que apresentaram localização centro/periferia, a presença e ausência de metástase eram de 36,8 e 26,3%, respectivamente. Tabela 14. Relação entre as variáveis do GLUT-1 e a metástase. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Metástase Intensidade Localização na Ilha Tumoral Total Qui2 p 6 (18,2%) 13 (22,8%) 0,952 0,329 17 (70,8%) 27 (81,8%) 44 (77,2%) Periferia 9 (37,5%) 21 (63,6%) 30 (52,6%) 3,807 0,051 Centro/Periferia 15 (62,5%) 12 (36,4%) 27 (47,4%) Ausência Presença Fraco 7 (29,2%) Forte Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Pode se verificar na tabela 15 que a intensidade marcação para GLUT-1 exibiu correlação estatisticamente significativa com o estadiamento clínico (p = 0,002). Dos 13 (22,8%) casos com marcação fraca, 11 (19,3%) estavam associados aos estágios iniciais da doença (estágio I e II). Todavia, para as lesões que se encontravam nos estágios avançados, houve o predomínio da marcação forte para o estágio III, seguido do estágio IV. A variável localização da ilha tumoral, não apresentou significância estatística com o estadiamento clínico (p = 0,144). No entanto, na maior parte dos espécimes que se econtrava nos estágios III e IV, evidenciou-se a marcação periférica. 104 Tabela 15. Relação entre as variáveis do GLUT-1 e o estadiamento clínico. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Estadiamento Clínico Intensidade Localização na Ilha Tumoral Total Qui2 p 15,270 0,002 5,418 0,144 I II III IV Fraco 8 (57,1%) 3 (30%) 2 (9,1%) 0 (0%) 13 (22,8%) Forte 6 (42,9%) 7 (70%) 20 (90,9%) 11 (100%) 44 (77,2%) Periferia 9 (64,3%) 2 (20%) 13 (59,1%) 6 (54,5%) 30 (52,6%) Centro/Periferia 5 (35,7%) 8 (80%) 9 (40,9%) 5 (45,5%) 27 (47,4%) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. Na análise da relação entre a gradação histológica e intensidade de marcação para GLUT-1, evidenciou-se uma maior freqüência de casos no alto (90,7%) e baixo grau (64,3%) de malignidade exibindo marcação forte e fraca, respectivamente. No tocante a localização de marcação na ilha tumoral, evidenciou-se predomínio da marcação periférica na maioria dos espécimes de baixo grau (78,6%). Já na amostra de alto grau, prevaleceu a localização centro/periferia (55,8%). De acordo com o teste quiquadrado (Qui2), a intensidade (p = 0,000) e a localização na ilha tumoral (p = 0,025) demonstraram haver diferenças estatisticamente significativas com a gradação histológica (Tabela 16). Tabela 16. Relação entre as variáveis do GLUT-1 e a gradação histológica de malignidade. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Gradação Histológica Intensidade Localização na Ilha Tumoral Total Qui2 p 18,136 0,000 5,009 0,025 Baixo Grau Alto Grau Fraco 9 (64,3%) 4 (9,3%) 13 (22,8%) Forte 5 (35,7%) 39 (90,7%) 44 (77,2%) Periferia 11 (78,6%) 19 (44,2%) 30 (52,6%) Centro/Periferia 3 (21,4%) 24 (55,8%) 27 (47,4%) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. 105 5.4.4 Análise Estatística da Expressão Imuno-histoquímica da CA-IX De acordo com a imunoexpressão da CA-IX nos casos analisados, a intensidade (p = 0,823), localização celular (p = 0,097 ) e localização na ilha tumoral (p = 0,179) relação ao teste qui-quadrado (Qui2), não haver diferenças demonstraram, com estatisticamente significativas com o desfecho da doença. Verificou-se, ainda, que apesar do valor de p < 0,05, o teste Qui2 não se aplicou na correlação entre desfecho e distribuição de marcação. Destaca-se, no entanto que a maioria dos pacientes que foi a óbito, 69,2% dos casos apresentaram expressão forte e distribuição difusa. Quanto à localização celular, todos os casos com imunoexpressão na membrana/citoplasma/núcleo observou-se a remissão da lesão. Adicionalmente, dos 53 (93%) casos que tiveram marcação centro/periferia, 73,7% das lesões obtiveram um desfecho favorável (Tabela 17). Tabela 17. Relação entre as variáveis da CA-IX e o desfecho da doença. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Desfecho Qui2 p 0,050 0,823 a 0,007 2,750 0,097 1,807 0,179 Remissão Óbito Fraco 15 (34,1%) 4 (30,8%) 19 (33,3%) Forte 29 (65,9%) 9 (69,2%) 38 (66,7%) Focal 2 (4,5%) 4 (30,8%) 6 (10,5%) Difusa 42 (95,5%) 9 (69,2%) 51 (89,5%) Membrana/Citoplasma/Núcleo 8 (18,2%) 0 (0%) 8 (14%) Membrana/Citoplasma 36 (81,8%) 13 (100%) 49 (86%) Periferia 2 (4,5%) 2 (15,4%) 4 (7%) Centro/Periferia 42 (95,5%) 11 (84,6%) 53 (93%) Intensidade Distribuição Localização celular Total Localização na Ilha Tumoral a.Teste Qui2 não se aplica. Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. 7,327 106 Na tabela 18 revela que a intensidade (p = 0,255), distribuição (p = 0,182), localização celular (p = 0,776) e localização de marcação na ilha tumoral (p = 0,472) para a CA-IX não exibiram correlação estatisticamente significativa com a metástase. A maior parte da amostra que apresentava ausência ou presença de metástase exibia marcação difusa, localização na membrana/citoplasma e com predomínio da imunoexpressão no centro/periferia. Contudo, observou-se que 72,7% dos casos que apresentaram metástase, demonstraram marcação forte. Com relação aos casos de marcação fraca (33,3%), houve um discreto predomínio da ausência de metástase. Tabela 18. Relação entre as variáveis da CA-IX e a metástase. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Metástase Intensidade Distribuição Localização celular Localização na Ilha Tumoral Total Qui2 p 9 (27,3%) 19 (33,3%) 1,295 0,255 14 (58,3%) 24 (72,7%) 38 (66,7%) Focal 1 (4,2%) 5 (15,2%) 6 (10,5%) 1,780 0,182 Difusa 23 (95,8%) 28 (84,8%) 51 (89,5%) Membrana/Citoplasma/Núcleo 3 (12,5%) 5 (15,2%) 8 (14%) 0,081 0,776 Membrana/Citoplasma 21 (87,5%) 28 (84,8%) 49 (86%) Periferia 1 (4,2%) 3 (9,1%) 4 (7%) 0,516 0,472 Centro/Periferia 23 (95,8%) 30 (90,9%) 53 (93%) Ausência Presença Fraco 10 (42,7%) Forte Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. 107 Pode-se observar na tabela 19 que as variáveis analisadas, de acordo com a imunoexpressão para a CA-IX, não apresentaram correlação estatisticamente significativa com o estadiamento clínico. No entanto, dos 19 (33,3%) casos com marcação fraca, 10 (17,52%) estavam associados aos estágios iniciais da doença (estágio I e II). Para as lesões que se encontravam nos estágios avançados, houve o predomínio da marcação forte para o estágio III, seguido do estágio IV. A maior parte dos espécimes que apresentava marcação difusa ou focal, que exibia localização na membrana/citoplasma/núcleo ou membrana/citoplasma e com predomínio de marcação centro/periferia encontrava-se nos estágios III e IV. Ressalta-se, ainda que em todos os casos que se encontravam nos estágios I e II demonstraram imunoexpressão no centro/periferia. Tabela 19. Relação entre as variáveis da CA-IX e o estadiamento clínico. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Estadiamento Clínico Intensidade Distribuição Localização Celular Localização na Ilha Tumoral Total Qui2 p 2,959 0,398 2,740 0,434 2,889 0,409 3,361 0,339 I II III IV Fraco 7 (50%) 3 (30%) 7 (31,8%) 2 (18,2%) 19 (33,3%) Forte 7 (50%) 7 (50%) 15 (62,8%) 9 (81,8%) 38 (66,7%) Focal 1 (7,1%) 0 (0%) 4 (18,2%) 1 (9,1%) 6 (10,5%) Difusa 13 (92,9%) 10 (100%) 18 (81,8%) 10 (90,9%) 51 (89,5%) Membrana/Citoplasma/Núcleo 1 (7,1%) 2 (20%) 2 (9,1%) 3 (27,3%) 8 (14%) Membrana/Citoplasma 13 (92,9%) 8 (80%) 20 (90,9%) 8 (72,7%) 49 (86%) Periferia 0 (0%) 0 (0%) 3 (13,6%) 1 (9,1%) 4 (7%) Centro/Periferia 14 (100%) 10 (100%) 19 (86,4%) 10 (90,9%) 53 (93%) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. 108 Verifica-se na tabela 20 que as variáveis analisadas; distribuição, localização celular e localização na ilha tumoral; de acordo com a imunoexpressão para a CA-IX, não apresentaram correlação estatisticamente significativa com a gradação histológica. No entanto, na análise da relação entre a gradação histológica e intensidade de marcação, evidenciou-se uma maior freqüência de casos de alto grau (76,7%) e de baixo grau (64,3%) de malignidade exibindo marcação forte e fraca, respectivamente. O teste qui-quadrado (Qui2) demonstrou haver diferenças estatisticamente significativas entre essas variáveis analisadas (p = 0,005). Ademais, a maior parte dos espécimes que apresentava marcação difusa ou focal, que exibia localização na membrana/citoplasma e com predomínio de marcação na periferia ou centro/periferia estava classificada em alto grau de malignidade. Tabela 20. Relação entre as variáveis da CA-IX e a gradação histológica de malignidade. Significância obtida pelo teste Qui2. Natal, RN-2011. Gradação Histológica Intensidade Distribuição Localização celular Localização na Ilha Tumoral Total Qui2 p 8,001 0,005 0,226 0,635 3,030 0,082 0,000 0,983 Baixo Grau Alto Grau Fraco 9 (64,3%) 10 (23,3%) 19 (33,3%) Forte 5 (35,7%) 33 (76,7%) 38 (66,7%) Focal 1 (7,1%) 5 (11,6%) 6 (10,5%) Difusa 13 (92,9%) 38 (88,4%) 51 (89,5%) Membrana/Citoplasma/Núcleo 0 (0%) 8 (18,6%) 8 (14%) Membrana/Citoplasma 14 (100%) 35 (81,4%) 49 (86%) Periferia 1 (7,1%) 3 (7%) 4 (7%) Centro/Periferia 13 (92,9%) 40 (93%) 53 (93%) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN. 109 Figura 6. CEL de baixo grau de malignidade exibindo ninhos e cordões tumorais com pérolas de ceratina permeados por intenso infiltrado inflamatório mononuclear (H/E-200X). Figura 7. CEL de baixo grau de malignidade evidenciando ninhos tumorais com proeminente ceratinização e com pouco pleomorfismo celular e nuclear (H/E-400X). 110 Figura 8. CEL de alto grau de malignidade exibindo cordões e pequenos grupos de células malignas invadindo músculo e vasos sanguíneos (H/E-200X). Figura 9. CEL de alto grau de malignidade exibindo células malignas com demarcado pleomorfismo celular e nuclear, nucléolos volumosos e hipercromáticos (H/E-400X). 111 Figura 10. Expressão imuno-histoquímica do HIF-1α nas células malignas e no estroma do CEL (Advance HRP-200X). Figura 11. Intensa expressão imuno-histoquímica do HIF-1α no núcleo e citoplasma das células neoplásicas do CEL (Advance HRP-400X). 112 Figura 12. Expressão imuno-histoquímica do GLUT-1 predominantemente na periferia da ilhas tumorais do CEL (Advance HRP-200X). Figura 13. Intensa expressão imuno-histoquímica do GLUT-1 na membrana e citoplasma das células neoplásicas do CEL (Advance HRP-400X). 113 Figura 14. Expressão imuno-histoquímica da CA-IX nas células neoplásicas e no estroma do CEL (LSAB-200X). Figura 15. Intensa expressão imuno-histoquímica da CA-IX na membrana e citoplasma das células neoplásicas do CEL (LSAB-400X). 114 “Sonhar é de graça, mas realizá-lo custa muito.” (Roberto Shinyashiki) DISCUSSÃO 115 6 DISCUSSÃO O Ministério da Saúde, por meio do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima que no biênio 2010/2011 ocorram 489.270 novos casos de câncer no Brasil. No panorama nacional, essa doença se apresenta como um grave desafio para a saúde pública, em virtude da sua elevada incidência, que se contrapõe às possibilidades de prevenção (INCA, 2010). Dentre todos os cânceres que incidem na região de cabeça e pescoço, 40% ocorrem na cavidade oral. Dados do INCA demonstraram que o câncer oral ocupa o quinto lugar de incidência entre todos os tipos de câncer nos homens e o sétimo entre as mulheres em um total de 14.120 novos casos. Vale salientar que essa relação de incidência foi mantida, apesar das discretas reduções, ao se comparar as estimativas do INCA de 2008 e 2010, revelando uma diminuição de taxa bruta de 11,004 para 10,641 entre homens e de 3,884 para 3,761 entre as mulheres (INCA, 2010). Ademais, dentre todas as malignidades capazes de acometer a mucosa oral, o CEO é, inquestionavelmente, a de maior relevância em função de sua alta incidência, representando cerca de 90 a 95% dos tumores malignos diagnosticados nessa localidade, ocorrendo principalmente em língua, na qual apresenta um alto potencial de invasão e grande probabilidade de desenvolver metástase para os linfonodos regionais (ALRAWI; TALABANI, 2007; GARAVELLO et al., 2008; RIBEIRO et al., 2009). No presente estudo, frente aos dados clínicos referentes à caracterização da amostra, observou-se que a maioria dos indivíduos (70,2%) acometidos pelo CEL eram do sexo masculino, sendo a faixa etária mais freqüente entre 61 a 70 anos, perfazendo 35,1% da amostra (Tabela 1), corroborando os resultados encontrados por Amorim, Amorim e Freitas (2002), Hora et al. (2003), Dedivitis et al. (2004), Tromp et al. (2005), Ariyoshi et al. (2008) e Santos et al. (2009), estando assim dentro da média mundial para ocorrência do CEO (NEVILLE et al., 2009). Adicionalmente, evidenciou-se, ainda na amostra analisada, que a relação entre homem:mulher foi de 2,3:1 (Tabela 1), encontrando-se em consonância com perfil epidemiológico atual do CEO, que independente de sua localização anatômica, tem apresentado um significativa diminuição desta relação, devido ao maior número de casos afetando o sexo feminino (KADEMANI, 2005; SCULLY; BAGAN, 2009). 116 Diante disso, afirma-se que é evidente o aumento da proporção de mulheres; especialmente as mais jovens, acometidas pelo CEO, na maioria dos casos localizados na língua, o que pode ser explicado pelas modificações dos hábitos culturais e sociais em diversas regiões, aproximando os comportamentos masculino e feminino, fazendo com que certas práticas consideradas masculinas, provavelmente relacionadas à etiologia da doença, tenham sido adotadas pelas mulheres (GARAVELLO et al., 2009). Entretanto, neste estudo a ocorrência do CEL em indivíduos jovens, abaixo dos 40 anos de idade foi menos freqüente (5,3%) (Tabela 1), apesar de ter sido relatado por O’Regan et al. (2006) e Ribeiro et al. (2009) um aumento da sua incidência em adultos jovens. Sherin et al. (2008) analisando 606 casos de CEO no período de 2002 a 2007, observaram que a cada ano o número de casos em pacientes com idade inferior a 40 anos aumentava, chegando a somar 44 (7,5%) casos do total da amostra estudada. Em face destes resultados, acredita-se que a incidência em pacientes mais jovens possa ter relação com o aumento de consumo de derivados do tabaco e álcool etílico ou ao uso de drogas, infecções virais e dieta (KADEMANI, 2005; SCULLY; BAGAN, 2009). Com relação à etnia, no estudo realizado por Ribeiro et al. (2009) de 46 casos de CEO, houve predomínio de pacientes da raça melanoderma (78%), seguido pela raça branca (22%). Em nosso estudo, contrapondo a essa pesquisa, a raça leucoderma foi à predominante, perfazendo 56,2% dos casos, seguido pela melanoderma (24,5%) e feoderma (19,3%) (Tabela 1). De forma consensual, Amorim Filho et al. (2003) descrevem que a raça branca foi a mais prevalente com 81,7% dos casos de CEL, acompanhado pela raça negra (17,6%) e amarela (0,7%). Entretanto, esses achados não corroboram em parte com os resultados descritos por Alves et al. (2011), onde observou-se a prevalência da raça melanoderma (41,5%), com menores freqüências para os leucodermas (35,4%) e feodermas (23,1%). Sugere-se que estas discrepâncias de resultados podem estar associadas aos parâmetros de inclusão dos indivíduos em cada uma das raças, além de fatores como localização geográfica, colonização, atividades econômicas e culturais (SOARES, 2005; ALVES et al., 2011). No tocante aos aspectos etiopatogênicos, o CEO baseia-se em três principais fatores: o estilo de vida, fatores ambientais e a susceptibilidade individual. A carcinogênese oral é um evento dependente de vários fatores extrínsecos e intrínsecos onde uma série de alterações no genoma de uma única célula dos tecidos orais, 117 decorrente, principalmente, de injúrias provocadas por carcinógenos presente no tabaco, associado a outros fatores como o álcool, desnutrição, má higiene oral e fatores biológicos, tais como infecções virais e bacterianas, resulta no descontrole do crescimento e diferenciação dessa célula alterada que, conseqüentemente, prolifera e dá origem a uma massa tumoral contendo ou não clones aptos ao estabelecimento de metástases (MASSANO et al., 2006; SCULLY; BAGAN, 2009; NEVILLE et al., 2009). Neste estudo, dos 57 casos de CEL analisados, observou-se que 24 pacientes (42,1%) eram tabagistas e etilistas e 18 pacientes (31,6%) eram tabagistas (Tabela 1). Confirmando, assim, a importância desses fatores na gênese dessa neoplasia. Sabe-se que em todo mundo, o consumo de tabaco, nas suas variadas formas de utilização, é considerado o principal fator de risco para o desenvolvimento do CEO, estando o álcool nesse contexto, potencializando ou atuando de forma sinérgica com o fumo (KUMAR; ABBAS; FASTO, 2008; ALQUATI, 2011). Assim, tal afirmação poderia elucidar, no presente trabalho, a maior prevalência de pacientes com CEL descritos na categoria tabagista/etilista. Do mesmo modo, Amorim Filho et al. (2004), analisando 290 casos de CEL, verificaram que a maioria dos indivíduos (83,8%) fumava e bebia, havendo poucos casos em que estes hábitos estavam ausentes, estando em conformidade com os resultados da nossa amostra (Tabela 1). Diversos trabalhos têm afirmado haver uma relação entre localização anatômica e o prognóstico dos pacientes com CEO (NITHYA et al., 2003; NEVILLE et al., 2009; WANG et al., 2009; ALVES et al., 2011). Segundo estas pesquisas, os CEL exibem algumas peculiaridades, sendo comumente lesões mais agressivas, infiltrativas, menos diferenciadas, com elevado potencial metastático e prognóstico desfavorável, enquanto as lesões em outras localizações, como o lábio, apresentam melhor prognóstico, diferenciação histopatológica e baixa freqüência de disseminação metastática (VARTANIAN et al., 2004; MONTORO et al., 2008; RUSTHOVEN et al., 2010). Diante disso, em relação à amostra analisada, o perfil dos pacientes com CEL é coerente com os descritos na literatura (BARROS, 2006; RUSTHOVEN et al., 2010), estando à maioria inserida nos estágios mais avançados da doença; III e IV, correspondendo juntos a 57,9% dos casos, acompanhados de uma maior incidência de metástase. No entanto, em 77,2% dos casos, constatou-se a remissão da lesão (Tabela 2). 118 Alguns estudos apontam fatores que influenciam no prognóstico e sobrevida dos pacientes portadores do CEO, destacando-se: tamanho e localização do tumor primário, comprometimento de linfonodos regionais, presença de metástase à distância e o grau histológico de malignidade (MASSANO et al., 2006). Destes, Okada et al. (2003) consideraram que a presença de metástase em linfonodos cervicais é o melhor indicador de prognóstico em pacientes portadores dessa neoplasia. A utilização dos SGHM do CEO, segundo Amorim Filho et al. (2004), não possui aceitação consensual. Em face disso, atualmente, o estadiamento tumoral por meio do sistema TNM tem sido considerado o método mais relevante para a predição do prognóstico dos pacientes com CEO. O TNM é um sistema de estadiamento anatômico, proposto pela União Internacional Contra o Cancer, que descreve a extensão local do tumor primário, bem como o envolvimento de linfonodos regionais e sítios distantes. Após a quantificação desses parâmetros anatomopatológicos, os tumores são classificados na literatura em estágios que variam de I a IV e já é bem estabelecido na literatura que os CE de cabeça e pescoço classificados no estágio I exibem melhor prognóstico que aqueles no estágio IV (CARINCI, 1998; ARAÚJO JÚNIOR; COSTA; RAMOS, 2006; NEVILLE et al., 2009; ALVES et al., 2011; LIU et al., 2011). Neste estudo, realizando a análise estatística através do teste Qui2, entre o desfecho e metástase, verificou-se haver uma correlação estatisticamente significativa entre essas variáveis, onde os 24 casos (100%) com ausência de metástase obtiveram remissão da doença. Todavia, dos 33 casos que apresentaram metástase, menos de 40% dos pacientes foram a óbito (Tabela 4), estando assim os resultados consoantes com as afirmações de Dantas et al. (2003), Araújo Júnior, Costa e Ramos (2006), Choi et al. (2006), Bell et al. (2007) e Alves et al. (2011) de que o sistema TNM é eficaz como parâmetro de prognóstico. Adicionalmente, corroborando os trabalhos supracitados e levando em consideração a relação entre metástase e estadiamento clínico da doença, verificou-se, no estudo ora realizado, que nos estágios mais avançados (III e IV) havia uma maior probabilidade estatisticamente significativa no desenvolvimento de metástase (Tabela 5). De forma consensual, Araújo et al. (2008), investigando a existência de correlação entre localização anatômica, sistema TNM e prognóstico de CEO, evidenciaram a 119 presença de associação significativa entre os fatores avaliados, em que os CEL nos estágios III e IV apresentavam piores prognóstico. Portanto, notou-se na amostra analisada que a metástase exibiu correlação estatisticamente significativa, de acordo com o teste Qui2, com o desfecho da doença (p = 0,000) e estadiamento clínico (p = 0,001), constituindo, dessa forma, como um bom indicador de progressão tumoral e conseqüentemente, influenciando diretamente no controle regional da doença e na taxa de sobrevida (BETTENDOR; PIFFKÒ; BÀNKAFALVI, 2004; BARROS, 2006). Diante dessas considerações, embora o estadiamento clínico TNM seja considerado um fator associado à predição de prognóstico (STURGIS et al., 2005; BELL et al., 2007; GARAVELLO et al., 2008), no presente trabalho não foi possível demonstrar uma relação estatisticamente significativa entre estadiamento clínico e desfecho da doença, apesar de ter sido evidenciado que 100% e 85,7% dos casos que se encontravam no estágio II e I, respectivamente, tiveram a remissão da lesão, tendo ainda o predomínio do número de óbitos no estágio IV (Tabela 3). Entretanto, Araújo Júnior, Costa e Ramos (2006) observaram em 130 casos de CE uma relação estatisticamente positiva entre o sistema TNM e a localização do tumor com o prognóstico, sendo os estágios III e IV relacionados com um maior índice de óbito e a língua, sítio mais comum, relacionada aos estágios mais avançados da doença. No que concerne aos achados morfológicos verificados nos casos de CEL analisados neste estudo, todos estão alicerçados e concordantes com as citações de Bryne et al. (1998), Noguchi et al. (2002), Dantas et al. (2003), Woolgar (2006), Bell et al. (2007) e Neville et al. (2009), onde verificaram diversas alterações morfológicas, dependendo do grau de diferenciação celular, como pleomorfismo celular e nuclear, hipercromatismo, perda da relação núcleo-citoplasma, citoplasma eosinofílico abundante, mitoses atípicas, nucléolos volumosos e formação de pérolas de ceratina. De modo adicional, graus variados de infiltrado inflamatório predominantemente mononuclear em proximidade ao epitélio lesional e áreas focais de necrose e ulceração também foram observados (Figuras 6-9). Nesse contexto, apesar de existirem vários parâmetros clínicos relacionados à agressividade do CEO, como citados anteriormente, muitos aspectos ainda são 120 desconhecidos no tocante a progressão e comportamento clínico desta neoplasia, principalmente com relação às características morfológicas, visto que este aspecto configura um ponto controverso na literatura (LIM et al., 2004; COSTA; ARAÚJO JÚNIOR; RAMOS, 2005; BELL et al., 2007; SILVEIRA et al., 2007). Kurokawa et al. (2005) ressaltam que as características histopatológicas das neoplasias são importantes porque refletem a relação imunológica entre o tumor e o hospedeiro. Atualmente encontram-se na literatura diversos SGHM para os CEO como citados nessa pesquisa, objetivando fornecer subsídios morfológicos para uma interpretação quanto à agressividade tumoral. Barros (2006) e Alves et al. (2011) relataram que por mais que se tente tornar mais objetivo um SGHM, através da utilização de escores fundamentados em dados matemáticos, a análise dos parâmetros morfológicos se baseia na subjetividade dos achados, o que pode levar a resultados conflitantes. Diante destes fatos, pode-se constatar que a utilização de sistemas de gradação histológica representa uma informação adicional para o estabelecimento do prognóstico do CEO. Assim, dentre todos os SGHM, pode-se destacar o preconizado por Bryne em 1998, onde segundo a autora, os principais eventos moleculares relacionados à disseminação tumoral como alterações das moléculas de adesão, secreção de enzimas proteolíticas, aumento da proliferação celular e iniciação da angiogênese ocorrem na interface tumor-hospedeiro (front de invasão). Conseqüentemente, a autora propõe um sistema de gradação restringindo a avaliação morfológica ao front de invasão. Este método, na verdade, representa uma adaptação de um sistema proposto por Bryne e sua equipe (1989), retirando-se nesta nova gradação o critério número de mitoses e permanecendo o grau de ceratinização, pleomorfismo, padrão de invasão tumoral e reação inflamatória. Ademais, Bryne et al. (1998) e Noguchi et al. (2002) reportam que as células do front de invasão são menos diferenciadas e apresentam elevado grau de dissociação celular quando comparadas com outras áreas do tumor. Infere-se, em vista disso, que o front de invasão consiste um dos caminhos para melhor entender o comportamento biológico do tumor, fornecendo informações adicionais na escolha das estratégias terapêuticas para pacientes com CEO, visto que o instrumento para melhor entender o 121 comportamento invasivo e metastático das células neoplásicas reside na análise das margens invasivas. Adotou-se neste trabalho o SGHM preconizado por Bryne (1998), por ser um método rápido, de fácil realização e valor prognóstico demonstrados em pesquisas anteriores (BRYNE, 1998; BÀNKFALVI; PIFFKÓ, 2000; BARROS, 2006; ALVES et al., 2011), onde para classificação das lesões com relação o grau de malignidade, optouse pela modificação proposta por Miranda (2002). Assim, na presente pesquisa, observou-se que a maioria dos casos foi definida como de alto grau (75,4%), não apresentando associação estatística com o desfecho e metástase, apesar de verificar descritivamente que a maioria dos casos de baixo e alto grau estava correlacionada com a remissão e a presença de metástase, respectivamente (Tabelas 6 e 8), estando em consonância em parte com a pesquisa desenvolvida por Alves et al (2011), onde verificaram uma inexistência entre o SGHM e o desfecho da doença. A despeito do tipo de SGHM utilizado, nossos resultados corroboram em parte os de Dantas et al. (2003) e Silveira et al. (2007) que também não evidenciaram associação entre os respectivos sistemas de gradação proposto por Anneroth, Batsakis e Luna (1986) e Bryne (1998) e o comportamento clínico dos CEL, sendo verificado que o estadiamento clínico TNM apresentou-se como melhor indicador de prognóstico para esta neoplasia. Em contrapartida, na análise da relação entre a gradação histológica e o estadiamento clínico, evidenciou-se estatisticamente (p = 0,006) uma maior freqüência de casos de baixo e alto grau de malignidade nos estágios iniciais (I e II) e avançados (III e IV), respectivamente (Tabela 7). Tais considerações são condizentes com os estudos conduzidos por Costa, Araújo Junior e Ramos (2005) e Kurokawa et al. (2005), onde reportam que a gradação histológica no front de invasão tem um valor prognóstico para o CEO, embora outros parâmetros relacionados ao sistema TNM possam exibir resultados estatisticamente mais significativos. Constata-se, portanto, no corrente estudo, que a metástase constituiu-se como um indicador do comportamento biológico nos casos de CEL, visto que esta variável relacionou-se diretamente com o desfecho da doença (óbito/remissão) e com o 122 estadiamento clínico, enquanto que o SGHM se correlacionou estatisticamente apenas com o estadiamento clínico. Sendo assim, de posse desses resultados quanto aos parâmetros clínicohistopatológicos, acreditamos que os sistemas TNM associado ao SGHM também podem ser uma ferramenta preditiva para informação dos altos índices de recorrência e baixa sobrevida e tempo livre de doença do CEL, contribuindo sobremaneira com o entendimento do comportamento clínico dessa neoplasia. Contudo, diante do exposto, apesar da grande aceitação mundial, o sistema TNM, bem como o SGHM não fornecem informações biológicas precisas em relação aos componentes celulares das neoplasias malignas. Assim, visando um melhor conhecimento das características biológicas das células malignas que compõem o CEO, vários trabalhos se baseiam nas técnicas de imuno-histoquímica e de biologia molecular para identificar marcadores biológicos do comportamento tumoral e, por conseguinte, predizerem o prognóstico dos pacientes desde o exame anatomopatológico inicial (WANG et al., 2006; LE et al., 2007). A respeito desse contexto, a hipóxia tumoral é a uma das caracteristicas das neoplasias malignas que se encontra associada a resistência às modalidades terapêuticas como a quimioterapia e a radioterapia, devido a uma série de mudanças genéticas adaptativas que ocorrem no ambiente hipóxico que visam favorecer o mecanismo de crescimento e proliferação celular, resultando em células com alto poder de invasão e metástase, com um fenótipo mais agressivo e indivíduos com pior prognóstico (CHOI et al., 2008; TANAKA et al., 2008). Segundo a literatura, o CEO é basicamente caracterizado por um desvio nos mecanismos de controle que regem a divisão e a diferenciação celular. As células que sofrem transformação neoplásica dividem-se descontroladamente e formam tumores que podem comprimir, ou invadir, estruturas normais adjacentes. Embora o crescimento tumoral seja acompanhado por uma ativa vascularização, comumente a divisão celular ocorre mais rapidamente do que a angiogênese, de modo que o fornecimento sangüíneo em grandes tumores sólidos se torna desestruturado e ineficiente. Grandes distâncias intercapilares, variação de fluxo e obstrução ou compressão de vasos sanguíneos devido ao crescimento tumoral contribuem para o surgimento de regiões pouco oxigenadas. 123 Deste modo, tem-se que a parte externa do tumor é suficientemente vascularizada, passando por uma região de hipóxia, com uma pressão parcial de O2 entre 5-10 mmHg, e atingindo por conseguinte uma condição de anóxia e/ou necrótica no seu interior (FERREIRA et al., 2007; SMITH; ROBBINS; RATCLIFFE, 2008; UEHARA, et al., 2009; LIANG et al., 2011). Adicionalmente, as células expostas a essas condições limitantes de O2, normalmente ajustam seus níveis de expressão gênica. Essas mudanças permitem que as células se adaptem e sobrevivam sob condições de déficit de O2 e energia. Quando mecanismos protetores estão ausentes, o dano à célula e subseqüente morte celular podem ocorrer. Assim, muitos estudos têm demonstrado a participação do HIF-1, regulador central da resposta à mudanças na concentração de O2, em processos fisiológicos, na progressão de tumores e outros processos patológicos, através do controle transcricional de grupos de genes tais como aqueles que codificam para fatores angiogênicos, transportadores de glicose (GLUT-1), reguladores do pH (CA-IX), enzimas glicolíticas e fatores de sobrevivência celular (SEMENZA, 2006; SMITH; ROBBINS; RATCLIFFE, 2008). Por meio disso, através de ensaios prévios vêm se sugerindo a utilização de marcadores de hipóxia para o entendimento da instabilidade genética, invasibilidade tumoral e metástase de diversas neoplasias que acometem a região de cabeça e pescoço, principalmente o CEL, o qual apresenta uma maior propensão para metástase regional cervical (ROH et al., 2008; TANAKA et al., 2008; OHBA et al., 2010). Portanto, considerando-se a necessidade atual do descobrimento de novos parâmetros clínicos e patológicos e/ou ferramentas diagnósticas que possam agilizar o reconhecimento precoce do CEO e melhorar o prognóstico dos pacientes, na presente pesquisa também se avaliou a expressão imuno-histoquímica do HIF-1α, GLUT-1 e CA-IX em 57 casos de CEL, procurando correlacionar à intensidade e a localização de marcação e os tipos celulares marcados com o grau de diferenciação das células tumorais, desfecho da doença, metástase e estadiamento clínico. Os resultados encontrados nesta pesquisa em relação à expressão do HIF-1α demonstraram uma correlação estatisticamente significativa entre a intensidade de marcação nas células neoplásicas e o estadiamento clínico (p = 0,011). Dos 18 (31,6%) 124 casos que exibiram marcação fraca, 13 (22,8%) estavam associados aos estágios iniciais da doença (estágio I e II). Todavia, para as lesões que se encontravam nos estágios avançados, houve o predomínio da marcação forte para o estágio III, seguido do estágio IV. Dos 39 casos (68,4%) que apresentaram marcação forte, 28 (49,1%) encontravam-se nos estágios III e IV (Tabela 11). Em conjunto tais achados estão fundamentados nas considerações descritas por Sasabe et al. (2005), Lin et al. (2008), Uehara et al. (2009), Zhu et al. (2010) e Liang et al. (2011). Os autores ressaltam que a superexpressão do HIF-1α nos CEO em estágios tumorais mais avançados da doença estaria associada a um pior prognóstico, menor taxa de sobrevida e a resistência aos tratamentos antineoplásicos. Em vista disso, com base nos achados supracitados, acredita-se que a expressão do HIF-1α exerce um papel importante na carcinogênese oral, podendo ser utilizado como um recurso adjuvante na predição da taxa de sobrevida e da progressão tumoral (BEASLEY et al., 2001; KYZAS et al., 2005; UEHARA et al., 2009; OGANE et al., 2010). Em consonância com assertiva anterior, Chen et al. (2009); analisando CE esofágico, e Burrows et al. (2010); avaliando casos de carcinoma de tireóide, evidenciaram uma forte associação da expressão do HIF-1α com o fenótipo da agressividade e resistência terapêutica, assim como uma correlação com a profundidade da invasão, metástase linfonodal e estadiamento clínico. Porém, verificou-se, no estudo ora realizado, que a intensidade de marcação não demonstrou correlação estatisticamente significativa com a metástase, apesar dos 72,7% dos casos com metástase, evidenciarem marcação forte (Tabela 10). Entretanto, Kyzas et al. (2005) demonstraram que a expressão do HIF-1α não foi significativamente correlacionada com a taxa de sobrevida, enquanto a expressão do VEGF esteve correlacionada ao pior prognóstico. Todavia, os autores suportam que a angiogênese tumoral poderia estar relacionada, mas não estritamente dependente do ambiente hipóxico tumoral, uma vez que essa hipóxia micro ambiental poderia induzir a expressão de componentes chaves das cascatas de sinalização angiogênica e apoptótica, da via glicolítica e várias proteínas do controle do ciclo celular (SEMENZA, 2003; SEMENZA, 2006; FERREIRA et al., 2007). 125 Contrariando aos resultados da presente pesquisa, Fillies et al. (2005), com 85 casos de CE de assoalho oral, observaram que a superexpressão do HIF-1α estava correlacionada significantemente com a taxa sobrevida de 5 anos livre de doença, sendo assim, um fator favorável para prognóstico em pacientes com o estadiamento clínico T1/T2. Os autores especulam que a expressão do HIF-1α não estaria diretamente relacionada à hipóxia tumoral e, por conseguinte com agressividade tumoral, mas devido às diversas alterações em oncogenes ou genes supressores de tumor. Assinalam, ainda que a aplicação de radioterapia pós-operatória causaria alterações celulares significativa, explicando, pelo menos em parte, seus resultados divergentes. Considerando a relação entre intensidade e desfecho da doença para a imunoexpressão do HIF-1α, verificou-se estatisticamente que os resultados do corrente estudo não são consoantes com os achados de Erket et al. (2010a) em CEO, onde identificaram que o risco de óbitos foi 3,5 vezes maior nas lesões fortemente imunomarcadas (p = 0,016) por essa molécula. Destaca-se, no entanto, de forma descritiva, que dos 61,5% dos pacientes que foram a óbito, apresentaram marcação forte (Tabela 9). No que concerne na análise da relação entre a gradação histológica e intensidade de marcação para o HIF-1α, evidenciou-se estatisticamente na presente pesquisa uma maior freqüência de casos de alto e baixo grau de malignidade exibindo marcação forte e fraca, respectivamente (Tabela 12). Tais achados estão em conformidade com os resultados encontrados por Burrows et al. (2010) em carcinomas de tireóide, e Zhu et al. (2010) em CEO, verificando que as lesões mais desdiferenciadas estavam correlacionadas com a pior taxa de sobrevida. Resultados semelhantes, também foram encontrados por Lin et al. (2008), relatando que a imunoexpressão do HIF-1α era mais fortemente evidenciada nas neoplasias orais, principalmente próximo a regiões necróticas, áreas de ceratinização e de infiltração tumoral quando comparadas com a mucosa oral normal e displasias epiteliais. Quanto a localização celular, verificou-se que a expressão do HIF-1α foi predominantemente no núcleo/citoplasma, seguido do núcleo e, com um único caso, no citoplasma, corroborando com os achados de Uehara et al. (2009) e Liang et al. (2011), onde encontraram uma maior expressão no núcleo e/ou citoplasma em CEO. Já Beasley 126 et al. (2001), Fillies et al. (2005), Lin et al. (2008) e Zhu et al. (2010) verificaram uma predominância da expressão nuclear. Entretanto, Chen et al. (2009); em carcinoma esofágico, evidenciaram uma maior expressão no citoplasma das células neoplásicas. Diante do exposto, pode-se inferir que a expressão nuclear da tal molécula constatada na maioria dos estudos está alicerçada pelo fato que o ambiente hipóxico tumoral acarreta, na maioria das vezes, no translocamento do HIF-1α para o núcleo formando um heterodímero com o ARNT, onde se ligam ao motivo HRE dos genes alvos, os quais estão envolvidos, por exemplo, com o suprimento de O2, metabolismo celular, crescimento celular e apoptose (SEMENZA, 2003; WENGER et al., 2005; SEMENZA, 2006; FERREIRA et al., 2007). Ademais, reporta-se na referente pesquisa que as variáveis analisadas (desfecho, metástase, estadiamento clínico e histológico) não exibiram correlação estatisticamente significativa com a localização celular (Tabelas 912). Corroborando com os achados de Fillies et al. (2005) e Lin et al. (2008) a maioria da amostra do estudo em questão expressou marcação difusa para o HIF-1α, estando a marcação focal em áreas circunvizinhas necróticas. Verificou-se ainda, uma relação estatisticamente significativa com a metástase. Dos 84,2% da amostra que tinham marcação difusa, 43,8% estava associada à presença de metástase (Tabela 10). As demais variáveis (desfecho, estadiamento clínico e histológico) não exibiram correlação estatística com a distribuição de marcação (Tabelas 9, 11 e 12). Segundo Fillies et al. (2005) e Semenza (2006), a expressão predominantemente difusa do HIF-1α em lesões tumorais não estaria correlacionada diretamente ao ambiente hipóxico, mas também a alterações em oncogenes, genes supressores de tumor e pela falta da expressão do GLUT-1 e CA-IX, tendo em vista que grande parte da distribuição difusa dessa molécula no epitélio normal encontrava-se mais nas camadas profundas quando associada as áreas ceratinizadas, acreditando que a ação do HIF-1α nesse contexto teria uma ação mais fisiológica no processo de diferenciação celular ao invés de um efeito carcinogênico. É importante salientar que o anticorpo anti-HIF-1α reagiu imunopositivamente em 100% dos casos de CEL estudados, tanto no parênquima como nas células estromais. Diante disso, diversos trabalhos têm provido evidências plausíveis de que a 127 relação estabelecida entre células malignas e o estroma interfere no desenvolvimento e progressão clínica tumoral (CHRISTOFORI, 2003; AMORIM FILHO, 2004; BARROS, 2006; LE et al., 2007; KUMAR; ABBAS; FASTO, 2008). Têm-se reportado que embora a função primordial da matriz extracelular (MEC) relacione-se à manutenção do arcabouço tecidual, intermediando as inter-relações entre os diversos tecidos que compõem o organismo, a MEC constitui-se em um reservatório para uma grande quantidade de moléculas de funções biológicas diversas, que no âmbito da tumorigênese podem se relacionar a funções pró e anti-neoplásicas. Por esta razão, o perfil funcional do estroma tem sido classificado como estroma pró-tumor ou anti-tumor (BARROS, 2006; LE et al., 2007). Neste tocante, destaca-se que as células malignas são capazes de produzir diversas proteases ou ainda induzir as células do estroma a secretar tais enzimas e assim iniciar toda a cascata de eventos relacionados à invasão e metástase tumoral (LE et al., 2007; KUMAR; ABBAS; FASTO, 2008; UEHARA et al., 2009). Segundo Barros (2006) e Uehara et al. (2009), um componente crítico para adaptabilidade das células tumorais a um ambiente hipóxico reside destas remodelarem a MEC intersticial dos tecidos do hospedeiro e tal capacidade decorre, principalmente, da atuação de uma série de proteases, que têm como principais representantes as mataloproteinases da MEC, as quais têm a capacidade de degradar, processar, ativar ou inativar praticamente todos os componentes da MEC, facilitando, assim, a migração celular por esse microambiente. Tais informações são congruentes com os achados de Ryu et al. (2010), onde verificaram em culturas de células de CEO que o estado de hipóxia aumentava a expressão do HIF-1α, comprometendo a expressão da integrina α5 e fibronectina, as quais encontram-se envolvidas no mecanismo de crescimento e invasão tumoral. Portanto, estas considerações são indicativas que a hipóxia tumoral é capaz de modular a expressão de proteases em CEO, podendo ser responsável para o reforço da invasão das células tumorais, bem como a metástase, resultando, conseqüentemente, em um mau prognóstico. 128 No que concerne na intensidade de expressão do GLUT-1 na amostra estudada, observou-se uma associação estatisticamente significativa com o estadiamento clínico (p = 0,002). Na maioria das lesões que exibiram marcação fraca e forte, encontrava-se nos estágios iniciais (I e II) e avançados (III e IV) da doença, respectivamente (Tabela 15), corroborando com as afirmações de Kato et al. (2002); em carcinomas esofágico, Mineta et al (2002); em carcinomas hipofaringeal, Choi et al. (2007); em CEL, Ayala et al. (2010); em CEO e Luo, Zhou e Fan (2010); em carcinoma de laringe, onde ressaltam a importância da relação desse imunomarcador com o estágio tumoral, sendo portanto, passível de utilização para informação diagnóstica e prognóstica. Contudo, Schrijvers et al. (2008) analisando casos de CE de laringe constataram que os parâmetros de evolução clínica não estavam associados com a intensidade de marcação do GLUT-1. Considerando a relação entre intensidade e desfecho da doença para a imunoexpressão do GLUT-1, verificou-se estatisticamente que os resultados do corrente estudo não são concordantes (Tabela 13) com os resultados de Kunkel et al. (2003), Oliver et al. (2004), Kunkel et al. (2007) e Eckert et al. (2008), onde revelaram que o risco relativo de morte para pacientes com CEO exibindo forte marcação para o GLUT1 era maior que em pacientes com fraca expressão, sugerindo, com isso, um possível valor preditivo independente deste marcador para prognóstico e taxa de sobrevida. Destaca-se, no entanto, na análise dos dados descritivos, que dos 84,6% dos pacientes que foram a óbito, apresentaram marcação forte para o GLUT-1 (Tabela 13), estando em consonância aos achados de Tohma et al. (2005) e Ogane et al. (2010). Os autores reportam que esse marcador de hipóxia poderia ser útil para prever o desfecho clínico dos carcinomas esofágicos que exibem forte expressão. Ainda no ponto de vista clínico, Kato et al. (2002), Oliver et al. (2004), Jonathan et al. (2006), Roh et al. (2009), Choi et al. (2010) e Kondo et al. (2011), analisando CE de cabeça e pescoço, evidenciaram que a intensidade de marcação do GLUT-1 estava associada com a metástase linfonodal regional e pior prognóstico. Todavia, verificou-se, no estudo ora realizado, que a intensidade de marcação não demonstrou correlação estatisticamente significativa com a metástase, apesar dos 81,8% dos casos com metástase, apresentarem marcação forte (Tabela 14). 129 Conforme Gillies e Gatenby (2007), Demasi et al. (2010) e Ahoba et al. (2010) a hipóxia tumoral, poderia provocar um ambiente ácido devido a uma maior atividade da glicólise anaeróbica, resultando, dessa forma, uma superexpressão do GLUT-1 para compensar e aumentar o fornecimento de glicose a célula, contribuindo, portanto com a invasão celular, degradação da MEC e angiogênese. Diante disso, os tumores de baixo grau não passariam por esse tipo de “pressão ambiental”, pelo fato de que as células malignas ainda poderem recorrer predominantemente à fosforilação oxidativa para fornecimento de energia, não necessitando, assim, a forte expressão dessa molécula na superfície da membrana plasmática. No entanto, Garber (2004), Vander Heiden, Cantley e Thompson (2009) e Gogvadze, Zhivotovsky e Orrenius (2010) destacam que as células tumorais potencialmente invasivas, comumente, apresentam uma atividade metabólica alterada, decorrente de uma disfunção bioenergética nas mitocôndrias, acarretando, com isso, um comprometimento da fosforilação oxidativa e, conseqüentemente, um desvio do mecanismo da respiração celular mitocondrial para uma intensa produção de lactato, independentemente da disponibilidade de O2, sendo este fenômeno chamado de glicólise aeróbica ou efeito de Warburg. Assim, a persistência deste microambiente ácido mesmo sob condições de normóxia e sua correlação com a agressividade do tumor indicam que o fenótipo glicolítico confere uma vantagem proliferativa significante durante a evolução do CEO, devendo, portanto, ser um componente crucial do fenótipo maligno (GILLIES; GATENBY, 2007). Diversos mecanismos têm sido propostos para elucidar o aumento da regulação da glicólise anaeróbica, principalmente aqueles que envolvem a ativação de oncogenes e/ou inativação de genes supressores de tumores, que incidem na atividade glicolítica. O gene c-Myc, por exemplo, é conhecido por ativar a maioria dos genes de enzimas glicolíticas, como a LDHA e, também, o GLUT-1, para aumentar a produção de lactato e melhorar a captação de glicose, respectivamente (MACHEDA; ROGERS; BEST, 2005). Segundo Gillies e Gatenby (2007) e Vander Heiden, Cantley e Thompson (2009), mutações com perda de função nas enzimas desidrogenase succínica e fumarato 130 hidratase, ambas pertencentes ao ciclo de Krebs, causam acumulação no citoplasma de succinato e fumarato, respectivamente, os quais são responsáveis pela inibição da prolilhidroxilase (PHD) que catalisa a hidroxilação do HIF-1α, permitindo, dessa forma, o aumento da concentração dessa proteína e a sinalização de “emergência” do efeito Warburg, podendo refletir, dessa forma, uma maior expressão do GLUT-1 nas células malignas. Do mesmo modo, mutações no isocitrato desidrogenase (IDH) do tipo 1 (IDH1 citoplasmático) e 2 (IDH2 mitocondrial), atuariam como redutases capazes de catalisar a redução do α-cetoglutarato em 2-oxoglutarato, contribuindo, também, na ativação constitutiva do HIF-1α. Tais afirmações alicerçam que a expressão do GLUT-1 poderia está associada a complexas interações que ocorrem entre as vias de metabolização da glicose com os mecanismos da hipóxia tumoral, os quais são imprescindíveis para o crescimento e proliferação celular. Com base nestas considerações, pode-se salientar que a hipóxia tumoral estaria associada a resistência à radioterapia e quimioterapia, fenótipo mais agressivo e maior propensão para metástase, podendo em parte explicar o mau prognóstico conferido pela expressão do GLUT-1 em lesões malignas de cabeça e pescoço (OLIVER et al., 2004; KUNKEL et al., 2007; AYALA et al., 2010; LUO; ZHOU; FAN, 2010). Frente a este fato, no que diz respeito à quimioterapia, a pouca eficiência se justifica, primeiramente, pela dificuldade do fármaco em chegar às células em hipóxia devido a uma deficiente vascularização. Além disso, muitos agentes antineoplásicos requerem O2 para atuar, a partir da formação de radicais livres, gerados por incidência de radiação através de tratamento radioterápico concomitante. A baixa concentração de O2 também retardaria a divisão celular de modo que agentes quimioterápicos que atuam no ciclo celular sejam menos efetivos no combate às células em hipóxia. Já com relação à radioterapia, o ambiente com baixa tensão de O2 tornaria as células mais resistentes ao tratamento, devido uma menor quantidade de radicais livres formados, os quais atuariam degradando ou desativando moléculas envolvidas na carcinogênese (BUSTAMANTE et al., 2009). Analisando a relação entre a gradação histológica e intensidade de marcação para o GLUT-1, evidenciou-se estatisticamente na presente pesquisa uma maior freqüência de casos de alto e baixo grau de malignidade exibindo marcação forte e fraca, respectivamente (Tabela 16). De forma consensual, Kato et al. (2002); em 131 carcinoma esofágico, Li et al. (2008); em CE de cabeça e pescoço e Ohba et al. (2010); em CEO, constataram que a expressão imuno-histoquímica dessa molécula era significantemente mais fraca nas lesões primárias e bem diferenciadas quando comparada com os tumores recorrentes e indiferenciados, sugerindo que o GLUT-1 poderia ser utilizado como alvo molecular para diagnóstico, prognóstico e escolha terapêutica adequada em CE de cabeça e pescoço. Por sua vez, Mineta et al. (2002), analisando casos de carcinoma hipofaringeal, verificaram que a imunoexpressão do GLUT-1 não estava associada estatisticamente com o gênero, gradação histológica, tamanho do tumor e estágio linfonodal, observando apenas a relação da expressão com o estadiamento clínico. No tocante a expressão de marcação do GLUT-1 nas ilhas do epitélio proliferante, observou-se a predominância da marcação periférica quando comparado no centro/periferia, corroborando com os achados de Ohba et al. (2010). Adicionalmente, evidenciou-se ainda, uma correlação estatisticamente significativa entre a localização na ilha tumoral e a gradação histológica, destacando que nas lesões de alto grau, predominou a marcação centro/periferia (Tabela 16). Entretanto, não foi possível identificar tal correlação com desfecho, metástase e estadiamento clínico. Ressalta-se ainda, de forma descritiva, contrariando os achados referentes ao grau histológico de malignidade, que a maioria da amostra relacionada ao número de óbitos, metástases e estágios avançados (III e IV), evidenciou-se marcação periférica (Tabelas 13-15). Assim, em conjunto, estes resultados parecem apenas refletir a necessidade de mais estudos correlacionando a imunomarcação dessa proteína nas ilhas tumorais com a agressividade tumoral. Pesquisas demonstram que o GLUT-1 é predominantemente expresso na periferia do tumor, enquanto é ausente no centro da lesão devido uma maior presença de glicogênio e de células bem diferenciadas (REISSER et al., 1999; OHBA et al., 2010). Evidencia-se, dessa forma, que a expressão do GLUT-1 é inversamente proporcional a quantidade de glicogênio armazenada nas células. Consistentes a esses achados, Grobholz et al. (1993) afirmam que a baixa estocagem de glicogênio e a forte expressão do GLUT-1 e 2 estavam correlacionados com a hepatocarcinogênese em ratos. Diante desse contexto, infere-se que as células da periferia do front de invasão tumoral necessitam de alta atividade glicolítica para os mecanismos de diferenciação, 132 invasão e metástase. Em contra partida, o centro dessas ilhas, apesar de estar inserido em um ambiente hipóxico, a estocagem de glicogênio no interior das células diferenciadas, bem como a tensão mínima ótima de O2, são suficientes para manter uma respiração aeróbica satisfatória, observando, por conseguinte uma fraca ou ausência de marcação para o GLUT-1. Portanto, acredita-se que GLUT-1 constitui uma das estratégias adaptativas para o crescimento e progressão tumoral em um ambiente com grande instabilidade de oxigenação (REISSER et al., 1999; AIRLEY et al., 2003; KUNKEL et al., 2003; AHOBA et al., 2010; DEMASI et al., 2010). Quanto a localização celular, verificou-se que a expressão do GLUT-1 localizouse no citoplasma e membrana das células neoplásicas em 100% dos casos de CEL estudados, consoantes com os achados de Choi et al. (2007) e Kunkel et al. (2007), onde encontraram uma maior expressão na membrana e/ou citoplasma de CEO. Já Li et al. (2010) e Ogane et al. (2010), verificaram uma predominância da expressão membranar em CE de cabeça e pescoço. Entretanto, Demasi et al. (2010); em carcinoma mucoepidermóide e Ohba et al. (2010); em CEO, evidenciaram uma maior expressão no citoplasma das células neoplásicas. Assim, pode-se deduzir que durante o mecanismo de crescimento e proliferação celular ocorreria uma maior transcrição do GLUT-1, o qual seria armazenado nos endossomas intra-citoplasmáticos e, por conseguinte, dependendo da necessidade de uma maior captação de energia pela célula neoplásica, esse carreador de glicose passaria ser expresso na superfície da membrana plasmática (MENDES et al., 2010). Reporta-se na literatura que o significado da indução de expressão do GLUT-1 na transformação neoplásica do epitélio não está ainda bem estabelecido. Oliver et al., (2004), Schrijvers et al. (2008) e Zhu et al. (2010) demonstraram a co-expressão de GLUT-1 e do HIF-1α em amostras de CE de cabeça e pescoço, suportando a hipótese de que o GLUT-1 é uma proteína expressa em resposta à hipóxia tecidual. Por outro lado, Flier et al. (2001) e Pedersen et al. (2007) levantam a hipótese da expressão de GLUT-1 ser uma característica constitutiva do fenótipo maligno, cuja expressão seria induzida pelos oncogenes Ras e Src. Ademais, Behrooz e Ismail-Beigi, (1999) e Burstein et al. (2006) discorrem que outros fatores, tais como fatores séricos e de crescimento, ionóforos de cálcio, hormônio da tireóide, pH alcalino e inibição da fosforilação oxidativa, contribuiriam para superexpressão do GLUT-1. 133 Considerando a análise estatística da relação entre a gradação histológica e intensidade de marcação para CA-IX no referido estudo, evidenciou-se uma maior freqüência de casos de alto (76,7%) e de baixo grau (64,3%) de malignidade exibindo marcação forte e fraca, respectivamente (Tabela 20), estando em conformidade com as pesquisas conduzidas por Kim et al. (2007); em CEL, Schrijvers et al. (2008); em CE de laringe e Tanaka et al. (2008); em carcinoma esofágico, onde evidenciaram que as lesões mais indiferenciadas estavam correlacionadas a uma intensa marcação e com a pior taxa de sobrevida, assegurando, dessa forma, que a CA-IX poderia ser uma importante ferramenta auxiliar de diagnóstico para um adequado tratamento em carcinomas de cabeça e pescoço. Com relação aos aspectos clínicos, Beasley et al. (2001), Koukourakis et al. (2001), Kim et al. (2007), Schrijvers et al. (2008) e Tanaka et al. (2008) constataram que a intensidade de marcação da CA-IX estava associada a um estágio clínico elevado da doença e pior prognóstico em carcinoma de cabeça e pescoço, sugerindo com isso, que esse marcador de hipóxia seria responsável na manutenção do pH extra-celular ácido, contribuindo para que as células tenham uma maior taxa de sobrevida e uma resistência as modalidades terapêuticas. Tais evidências não corroboram com os resultados encontrados nesta pesquisa. No entanto, na análise descritiva, certificou-se que a maior parte das lesões que exibiam marcação fraca e forte se encontrava nos estágios iniciais (I e II) e avançados (III e IV) da doença, respectivamente para a CA-IX (Tabela 19). É válido ressaltar, de modo geral, que durante a análise da expressão do HIF-1α, GLUT-1 e CA-IX constatou-se que casos de CEL classificados de baixo grau ou em estágios iniciais (I e II), assim como casos de alto grau ou em estágios tardios (III e IV) da doença exibiram uma forte e fraca expressão, respectivamente para esses marcadores de hipóxia. Com esses resultados, as evidências apresentadas dão suporte à hipótese de que durante o mecanismo da carcinogênese verifica-se uma grande flutuação no fluxo sangüíneo, caracterizando ciclos intermitentes de hipóxia/anóxia e normóxia tecidual, onde essas variações, dependendo do estágio da angiogênese tumoral, podem durar alguns minutos, horas ou dias (GILLES; GATENBY, 2008; DEMASI et al., 2010). Assim, partindo dessa premissa, e considerando o intervalo de tempo em que os 134 espécimes teciduais foram extraídos, é justificável a observância de tais achados em parte da amostra analisada. No que concerne na relação entre intensidade e desfecho da doença para a imunoexpressão da CA-IX, verificou-se estatisticamente que os resultados do corrente estudo não são concordantes (Tabela 17) com os resultados de Kim et al. (2007), Hoh et al., (2009) e Kondo et al. (2011), onde revelaram que o risco relativo de morte para pacientes com CEL exibindo forte marcação era maior do que em pacientes com fraca expressão, sugerindo, com isso, que essa molécula poderia contribuir na terapia contra o câncer oral. Entretanto, na amostra analisada, constatou-se que na maioria do pacientes que foi a óbito, 69,2% dos casos apresentaram expressão forte e uma distribuição de marcação difusa. É notável que um fator importante para determinação do prognóstico de pacientes portadores de CE de cabeça e pescoço é a presença de metástase. A relevância é tão grande que esse parâmetro tem sido utilizado para testar a eficiência de possíveis marcadores de hipóxia na agressividade tumoral (SEMENZA, 2006; FERREIRA et al., 2007; CHOI et al., 2010; KONDO et al., 2011). Tais considerações são alicerçadas nos estudos conduzidos por Choi et al. (2008); em CEO e Tanaka et al. (2008); em carcinoma esofágico. Os autores sugerem que o controle da expressão da CA-IX, que se encontra intimamente associado aos mecanismos de hipóxia, poderia ser adjuvante na efetividade da quimioterapia e radioterapia nas lesões de cabeça e pescoço. Porém, no corrente estudo não foi possível observar estatisticamente a relação dessa variável com a intensidade de marcação, apesar dos 72,7% dos casos que apresentavam metástase, expressarem marcação forte (Tabela 18). Em relação à localização celular, verificou-se que a expressão da CA-IX foi predominante na membrana/citoplasma, corroborando com os achados de Choi et al. (2008), Kim et al. (2007), Roh et al. (2009) e Eckert et al. (2010b) onde encontraram uma maior expressão na membrana e/ou citoplasma em CEO. Contudo, Beasley et al. (2001), Jonathan et al. (2006) e Tanaka et al. (2008) verificaram uma predominância da expressão membranar em CE de cabeça e pescoço. Adicionalmente, na presente pesquisa não se verificou uma correlação estatisticamente significativa da expressão desse marcador na célula, bem como na ilha tumoral com o desfecho, metástase, estadiamento clínico e gradação histológica (Tabelas 17-20). 135 Quanto à análise de marcação nas células estromais, evidenciou-se que a CA-IX reagiu imunopositivamente em 100% dos casos de CEL estudados. Nesse contexto, Brokton et al. (2011) ressaltam que a expressão da CA-IX no microambiente estromal poderia contribuir na manutenção do pH ácido do meio extra-celular, exercendo, dessa forma, um papel dinâmico e efetivo para o crescimento, proliferação e metástase tumoral, uma vez que esta acidose ativaria uma série de proteases com a capacidade de degradar, processar e inativar componentes da MEC, bem como comprometeria os diversos mecanismos de adesão celular, facilitando a migração das células por este microambiente. Segundo Parkkila et al. (2000), Beasley et al. (2001) e Liao, Lerman e Stanbridge (2009), durante o mecanismo de hipóxia evidencia-se no interior da célula neoplásica a prevalência da glicólise anaeróbica, gerando um pH intracelular ácido em virtude de uma grande produção de ácido lático. Entretanto, para que a célula mantenhase viável, o fator de transcrição HIF-1 é ativado, mediando, nesta condição, a expressão da CA-IX, no intuito de manter o pH intra celular em níveis normais e conseqüentemente evitar a apoptose. Ademais, é durante esse mecanismo de hidratação do dióxido de carbono e desidratação do ácido carbônico, mediada pela CA-IX, ocorrendo entre o meio intra e extracelular, que se verifica a neutralização do pH intra celular e diminuição do pH extra celular o qual contribuirá para degradação da MEC, migração e invasão das células tumorais, bem como na indução da expressão de fatores de crescimento. No entanto, apesar de diversos trabalhos destacarem a importância da expressão do HIF-1α, GLUT-1 e da CA-IX no estroma, auxiliando na invasão e metástase tumoral, geralmente a avaliação da agressividade desses marcadores de hipóxia é feita somente nas células neoplásicas (BEASLEY et al., 2001; JOHANN et al., 2007; LE et al., 2007; KUMAR; ABBAS; FASTO, 2008; LIAO; LERMAN; STANBRIDGE, 2009; UEHARA et al., 2009). Alguns estudos apenas citam se houve ou não expressão de determinadas moléculas pelas células estromais, mas não mencionam contagem de células positivas ou outra técnica de quantificação. Em face do exposto, constata-se que a importância da hipóxia tumoral no crescimento e desenvolvimento de CE de cabeça e pescoço é inquestionável. Os resultados encontrados nesta pesquisa, portanto, sustentam a relevância da expressão 136 imuno-histoquímica do HIF-1α, GLUT-1 e da CA-IX na agressividade tumoral, como também a tendência apresentada pela literatura disponível (BEASLEY et al., 2001; SEMENZA, 2006; FERREIRA et al., 2007; JOHANN et al., 2007; LIAO; LERMAN; STANBRIDGE, 2009; ROH et al., 2009; UEHARA et al., 2009; KONDO et al., 2011) de considerar importante a participação desses marcadores de hipóxia na patogênese do CEO. Ressalta-se que conhecer o comportamento biológico do CEO é essencial para adoção das medidas terapêuticas mais indicadas para cada caso, evitando que o paciente seja submetido a um tratamento mais rigoroso que o necessário ou que a escolha de procedimentos inadequados venha a aumentar os riscos de desenvolvimento de lesões recorrentes ou metastáticas. Portanto, acredita-se que os dados obtidos neste experimento possam contribuir para a construção de um conhecimento sólido sobre o CEL. Todavia, é importante que outros estudos, seguindo metodologia semelhante, sejam desenvolvidos com o objetivo de avaliar se estes marcadores podem ser um parâmetro seguro a ser utilizado como ferramenta na identificação do potencial biológico tumoral e como adjuvante das técnicas terapêuticas disponíveis. 137 "Realize o seu próprio sonho. Você mesmo vai ter de fazer isso... eu não posso acordar você. Você é quem pode se acordar." (John Lennon) CONCLUSÕES 138 7 CONCLUSÕES Com base nos resultados clínicos, morfológicos e imuno-histoquímicos desta pesquisa, pode-se concluir que: 1. Em relação ao sexo, raça, faixa etária acometida e hábitos, os achados dessa pesquisa corroboram os dados encontrados na literatura. 2. O estadiamento clínico (TNM) e a presença de metástase mostraram uma boa efetividade como parâmetro indicador de prognóstico. 3. O sistema de gradação histológica de malignidade (SGHM) correlacionou-se com o estadiamento clínico, podendo ser utilizado como parâmetro indicador do comportamento biológico dos CEL estudados. 4. Os níveis de expressão dos marcadores de hipóxia (HIF-1α, GLUT-1 e CA-IX) influenciam consideravelmente no perfil clinico-patológico do CEL. 5. A expressão imuno-histoquímica do HIF-1α e GLUT-1 correlacionou-se de forma significativa com o estadiamento clínico e gradação histológica, podendo ser utilizada como um recurso adjuvante na predição da taxa de sobrevida e da progressão tumoral do CEL. 6. A localização da expressão do GLUT-1 nas ilhas tumorais, bem como a forma de distribuição da expressão do HIF-1α pode estar associada com o grau de agressividade tumoral, podendo ser utilizada como indicador de comportamento biológico do CEL. 7. A expressão imuno-histoquímica da CA-IX correlacionou-se estatisticamente de forma significativa com a gradação histológica, podendo ser utilizada como marcador de progressão e comportamento biológico do CEL. 139 "Só uma coisa torna um sonho impossível: o medo de fracassar." (Paulo Coelho) REFERÊNCIAS 140 REFERÊNCIAS1 ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. AIRLEY, R. E. et al. GLUT-1 and CAIX as intrinsic markers of hypoxia in carcinoma of the cervix: relationship to pimonidazole binding. Int. J. Cancer, v. 104, n. 1, p. 8591, 2003. ALFRANCA, A. et al. c-Jun and hypoxia-inducible factor 1 functionally cooperate in hypoxia-induced gene transcription. Mol. Cell Biol., v. 22, n. 1, p. 12-22, 2002. ALQUATI, R. A. B. Câncer bucal-fatores predisponentes. Disponível em <www.saudevidaonline.com.br>. Acesso em 07 jan 2011. AL-RAJHI, N. et al. 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Anticorpo__________ Tipo celular Loc. celular Parênquima Loc. na ilha Distribuição tumoral Estroma Focal Parênq. Estroma Centro Periferia Nº Caso Intensidade Difusa 0 1 2 157 “Só existe dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.” (Dalai Lama) ANEXOS 158 Anexo 1 159 160 Anexo 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Este é um convite para você participar da pesquisa “Marcadores de hipóxia em carcinoma epidermóide de língua", sob a orientação da Profª. Drª. Lélia Maria Guedes Queiroz. Sua participação é voluntária (você só participa, se quiser), o que significa que você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade. Essa pesquisa procura avaliar proteínas (substâncias) presentes em câncer de boca com a finalidade de entender o desenvolvimento e a progressão desta doença (forma como a doença se comportará). Caso você decida aceitar o convite, não irá passar por nenhum tratamento clínico nem fará nenhuma cirurgia, sendo assim os riscos e o desconforto da sua participação serão mínimos. Iremos utilizar o material que já foi removido da sua boca durante biópsia (cirurgia para retirada de tumor). Sua participação é muito importante, pois assim podemos conhecer mais sobre essa doença e caso exista alguma mudança no seu diagnóstico, você será comunicado e será providenciado o seu tratamento. Todas as informações colhidas ficarão guardadas em local seguro e seu nome não será identificado em nenhum momento. 161 Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você será ressarcido. Se você sofrer algum dano, comprovadamente decorrente desta pesquisa, terá direito a indenização. Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para, Profª. Drª. Lélia Maria Guedes Queiroz no Departamento de Odontologia da UFRN, no endereço Av. Sen. Salgado Filho, nº 1787, Lagoa Nova, Natal – RN ou pelo telefone (84)3215-4138. Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN, localizado no Campus Universitário da UFRN, ou pelo telefone (84)3215-3135. Consentimento Livre e Esclarecido Eu,_____________________________________________________________, declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa “Marcadores de hipóxia em carcinoma epidermóide de língua”. __________________________________________________________ Assinatura do Participante __________________________________________________________ Profª. Drª. Lélia Maria Guedes Queiroz Pesquisadora Responsável Av. Sen. Salgado Filho, nº 1787. Lagoa Nova, Natal/RN. CEP – 59056-000 Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN (Tel: 84-32153135) 162