Slides

Propaganda
Aspectos históricos
• 1690 – Van Leuwenhoek: “animáculos” existindo na ausência de ar
• 1861 – Pasteur – bacilo que após contacto com o ar cessava o movimento
• 1908 – Von Hibler: Bacillus oedema maligni
• 1ª Guerra Mundial (1914-18) – “gangrena / tétano”
• 1916 – Mclntosh e Field: “jarra de anaerobiose”
• Altmeier (1938): importância dos anaeróbios não Clostridia
• até anos 60: bactérias do Género Clostridium são a principal preocupação
• após anos 60: anaeróbios não Clostridia – agentes “terríficos”
• Tétano: Areteu da Capadócia; Hipócrates
• Gangrena gasosa: Hipócrates
• Botulismo: surtos vários no século XIX
ANAERÓBIO: definição
• Bactérias que exigem O2 como aceitador terminal de electrões: aeróbio
obrigatório
• Bactérias que crescem em aerobiose e são capazes de obter energia
pela fermentação de compostos orgânicos: aeróbio facultativo
• Bactérias incapazes de usar O2 e que são por ele inibidas: anaeróbio
obrigatório/estrito
Anaeróbio obrigatório/estrito
a) extremamente sensível: não tolera concentração O2 > 0.5%
b) moderadamente sensível: tolera concentração O2 até 2-8%
a) são tipicamente membros de populações microbianas autóctones
humanas
b) são os principais agentes de infecção humana
Porque motivo o O2 é tóxico para estas bactérias ?
•
-
Do normal metabolismo bacteriano, na presença de O2
peróxido de hidrogénio
radicias hidroxilo
radicais livres de O2
O2
O22- (anião super-óxido)
•
-
Anião super-óxido – agressivo para a célula bacteriana:
oxida lipídeos intra-celulares e da parede
provoca “quebra” DNA
inactiva enzimas bacterianas
•
-
Bactérias aeróbias e aeróbias facultativas – produção de enzimas:
dismutase do super-óxido
catálase
peroxídase
Conceito clássico: toxicidade do O2 para os anaeróbios por falta destas enzimas
McCord (1971): bactérias anaeróbias estritas geralmente não produzem catálase
e nunca produzem super-óxido dismutase
Conhecimento actual
Catalase
• demonstrada a produção de catálase em espécies de Bacteróides,
Peptoestreptococcus e Propionibacterium; não se correlaciona com a tolerância ao O2
Peroxidase
• não foi definitivamente demonstrada a produção de peroxidase em bactérias
anaeróbias estritas
Dismutase super-óxido
• produção induzida por exposição ao O2 (ex. Bacteroides)
• Eubacterium limosum e Clostridium oroticum - quantidades significativas desta
enzima; incapazes de sobreviverem em aerobiose
de um modo geral, o teor da enzima é maior em bactérias gram negativo que gram
positivo
correlação com o grau de tolerância ao O2 nas anaeróbias obrigatórias moderadas
Potencial de oxi-redução do meio (Eh): factor muito importante, mas…
• adição de agentes redutores não permite crescimento de todas as estirpes bacterianas
anaeróbias
Distribuição de bactérias anaeróbias no corpo humano
Local
Total (por ml ou g)
anaerob/aerob
Boca
saliva
superfície dentária
108 -109
1010 -1011
1:1
1:1
suco gengival
1011-1012
1000:1
103 -104
3-5:1
estômago
102 -105
1:1
delgado proximal
delgado distal
colon
102 -104
104 -107
1011-1012
Fossas nasais
Tubo digestivo
1:1
1:1
1000:1
Aparelho genital feminino
vagina
108-109
3-5:1
endocolo
108-109
3-5:1
Incidência de diferentes estirpes anaeróbias
nas populações microbianas autóctones
Género
Pele
Ap. respiratório
Intestino
bactérias gramBacteroides
0
2
2
1
1
Fusobacterium
0
2
1
1
±
Veillonela
0
2
1
0
1
bactérias gram+
Petostreptococcus
Clostridium
Actinomyces
Bifidobacterium
1
±
0
0
2
±
1
1
2
2
1
2
±
±
0
0
1
±
±
±
Eubacterium
0
1
2
0
±
Lactobacillus
0
1
1
±
2
Propionibacterium
2
1
±
0
1
0: raro/ não isolado;
1: usualmente presente;
Uretra Vagina
±: irregularmente presente;
2: usualmente presente, em grande número
Anaeróbios e População Microbiana Autóctone (PMA)
As bactérias anaeróbias predominam no nosso corpo,
em relação às aeróbias
A maioria das infecções por anaeróbios tem ponto de
partida endógeno
a “identidade” das estirpes envolvidas numa determinada
infecção pode ser “previsível”
Bactérias anaeróbias e doença humana
Incidência relativa de bactérias anaeróbias
Tipo de infecção
Bacteriemia
SNC
abcesso cerebral
empiema subdural
meningite
Cabeça e pescoço
ocular
sinusite crónica
otite média crónica
abcesso periodontal
outras infecções orais
Pleuropulmonar
pneumonia aspiração
abcesso pulmonar
pneumonia necrotizante
empiema
Intra-abdominal
peritonite/ abcesso
abcesso hepático
Aparelho genital feminino
salpingite, peritonite pélvica
abcesso tubo-ovárico
abcesso vulvo-vaginal
abortamento séptico
Tecidos moles
gangrena gasosa
celulite crepitante
fasciite necrotizante
Aparelho urinário
Incidência (%)
5-20
89
10
rara
38
50
30-60
100
94-100
85-90
94
85
76
90-95
>50
>55
92
74
73
100
+++
+++
<1
“Pistas” para uma infecção por bactérias anaeróbias
• odor pútrido da lesão ou descarga
• localização foco infeccioso próximo a superfície mucosa
• necrose tecidular
• formação abcesso
• infecção secundária a mordedura humana ou animal
• gás nos tecidos ou no exsudado
• tromboflebite séptica
• “quadro clássico” – gangrena gasosa
• terapêutica com aminoglicosídeos / antimicrobianos de largo
espectro
• fluorescência avermelhada com luz U.V. (Bacteroides ou
Porphyromonas)
• presença de “grãos de enxofre” no exsudado (Actinomyces)
• culturas negativas em aerobiose/prévia observação de
microrganismos
Procedimentos recomendados para a colheita de amostras
Regras gerais
por aspiração com agulha e seringa
amostra de tecido por biópsia
•zaragatoas – devem ser, sempre que possível, rejeitadas
• são mais susceptíveis de serem contaminadas
• ficam mais expostas ao O2 ambiente e à dissecação
• colhem um pequeno volume de produto para amostra
• não permitem a preparação de um bom esfregaço
Amostras inaceitáveis para cultura em anaerobiose
• zaragatoas nasais ou da orofaringe
• zaragatoas gengivais
• expectoração “expectorada”
• expectoração colhida por aspiração oro ou nasotraqueal
• amostras colhidas por broncoscopia, colhidas sem cateter de ponta
protegida
• conteúdo gástrico ou do intestino delgado (excepto sdrs. em “ansa
cega”)
• conteúdo intestino grosso, de ileostomias, de colostomias ou fezes
(excepto suspeita de C. difficile ou C. botulinum)
• urina colhida por micção ou por sonda de Folley
• zaragatoas vaginais ou cervicais
• amostras colhidas da superfície de úlceras de decúbito, de feridas,
escaras ou fístulas
• amostras colhidas em zonas adjacentes à pele ou a membranas
mucosas que não tenham sido devidamente descontaminadas
Transporte da amostra
Regras gerais
as amostras, durante o transporte até ao laboratório,
devem ser mantidas a 37ºC
evitar a refrigeração das amostras
>>> diminuição do nº de microrganismos viáveis
Do rápido e adequado transporte depende
o sucesso do isolamento correcto dos
anaeróbios presentes na amostra
Transporte da amostra
Em condições ideais, a amostra será enviada ao laboratório numa atmosfera
anaeróbia, húmida e à temperatura ambiente
Recorre-se a um dispositivo e/ou meio de transporte, quando se prevê um atraso
superior a 15-20 minutos entre a colheita e o processamento ou quando se utilizou
uma zaragatoa
Na prática diária
• um volume de 2 ml ou mais, em seringa com agulha “ocluida”, tolera 1 ou 2 horas,
mas…
dependendo do agente implicado versus risco de picada acidental !!!
• uma “grande” amostra de tecido mantém os microrganismos viáveis durante
“algumas horas”
recorrer a dispositivos e meios de transporte
* muitos são incompatíveis com certas amostras, principalmente biópsias
* a maioria foi concebido para transporte de zaragatoas
Exame directo da amostra
1. Exame macroscópico
Inspecção visual: “pistas” sobre a natureza e a qualidade da amostra
Sugerem a presença de bactérias anaeróbias:
purulência
odor pútrido
tecidos necrosados
pús com “grãos de enxofre”
Exame com luz U.V. (360 nm): pesquisa de fluorescência
- vermelho tijolo: Bacteroides pigmentados
Exame directo da amostra
2. Exame microscópico
Esfregaço corado pelo gram
em conjunção com os dados clínicos, é o exame laboratorial mais útil
permite a observação da morfologia típica de muitas bactérias,como:
Bacteroides: bacilo gram-, “pálido”, pleomórfico
Fusobacterium: bacilo fino, gram-, fusiforme
Veillonella: diplococo pequeno, gramActinomyces: bacilo gram+, em grupos, “ramificações”
Imunofluorescência (IF) com atcs monoclonais
Apenas em laboratórios de referência/investigação
Custos elevados
Muitos falsos + e - >>>não substitui a cultura
Exame directo da amostra
3. Outros procedimentos
Análise directa ác. gordos cadeia curta por cromatografia gás-líquida (GLC)
Sangue: com algum valor; não utilizado por rotina
Material purulento: pouco sensível; pouco específico; dispendioso
Sondas DNA/PCR
Disponíveis para um nº limitado de agentes, não comercialmente
Microscopia campo escuro/ contraste fase
Demontração de espiroquetas; pouco interesse prático
Testes serológicos
Uso limitado; controverso. ex.: aglutinação latex (C. difficile)
EIA (métodos imunoenzimáticos)
Detecção toxina A e B do C. difficile
Processamento laboratorial das amostras
1. Selecção dos meios de cultura
Maioria das infecções são polimicrobianas >>>> meios selectivos e
não selectivos
“selecção” pretendida vai depender de: tipo de amostra
volume da amostra
recursos económicos do laboratório
Como mínimo:
Meio não selectivo; incubar em aerobiose e anaerobiose
Meio selectivo para microrganismos como por ex. grupo do Bacteroides fragilis
Importante: os meios devem ser frescos ou terem sido pré-reduzidos
Processamento laboratorial das amostras
2. Preparação das amostras para a sementeira
Grande volume líquido: concentrar por centrifugação; semear o sedimento
Zaragatoa: extracção suave, em pequeno volume (0.5 a 1 ml) de caldo
tioglicolato
Tecidos: homogeneização em 1 ml caldo tioglicolato; suave e rápida
Evitar exposição prolongada ao ar !!!
Processamento laboratorial das amostras
3. Incubação em anaerobiose
Pretende-se uma incubação em atmosfera sem O2 livre
Composição habitual: 5% H2, 5% CO2, 80% N2
Escolha entre os diferentes sistemas de produção de anaerobiose
condicionada por diversos parâmetros: o principal são os recursos
económicos
Qualquer um deles é satisfatório para o isolamento dos anaeróbios
mais frequentemente implicados em doença humana
Jarra anaerobiose
Saco anaerobiose
Câmara anaerobiose
Roll tube/tubo Hungate
Jarra de anaerobiose
Custo inicial moderado/ elevado
Custo manutenção moderado
- Sistema GAS PAK
- Sistema evacuação-substituição: anaerobiose mais rápida
+ catalisador paladium: caro
+ indicador de anaerobiose
vantagem
simples e conveniente
pouco espaço
permite uso de técnicas convencionais
desvantagem exposição prolongada ao ar durante inspecção/ subculturas
anaerobiose “lenta”
Saco de anaerobiose (anaerobic bag)
Custo inicial baixo
Custo manutenção elevado: disposable
vantagem
simples; permite uso de técnicas convencionais
pouco espaço
permite inspecção sem quebrar anaerobiose
desvantagem exposição prolongada ao ar durante subculturas
anaerobiose “lenta”
só permite incubação de 2 placas Petri >>> sist. maiores
Câmara de anaerobiose
Custo inicial elevado
Custo manutenção moderado/ elevado
vantagem
anaerobiose “imediata”
processamento de amostras em anaerobiose
inspecção sem quebrar anaerobiose
isolamento segundo técnicas convencionais
desvantagem preço muito elevado
ocupa muito espaço
“time consuming”
manutenção difícil - “avarias”
Roll tube (tubo de Hungate; VPI-AL)
Tecnicamente “bizarro”
Custo inicial moderado
Custo manutenção moderado
vantagem
permite inspecção tubos sem quebrar anaerobiose
desvantagem tecnicamente difícil (exige muito treino)
difícil isolamento estirpes em cultura pura
não permite observação morfologia típica colónias
Control de anaerobiose
Químico: indicadores
Biológico: anaeróbios estritos
aeróbios estritos
▫ Fusobacterium
▫ Porphyromonas
▫ Pseudomonas aeruginosa
Identificação de bactérias anaeróbias
a. Presuntiva
Sens. antimicrobianos
colistina
vancomicina
kanamicina
metronidazol
Provas bioquímicas
catalase
produção indol
redução nitratos
polianetol sulfonato sódio
crescimento em meio com sais biliares
alanina peptidase
urease
lecitinase/ lipase
Testes cromogénicos: kits de identificação rápida (4 a 24 h)
ß glicosidase
ß galactosidase
alfa glicosidase
alfa fucosidase
Identificação de bactérias anaeróbias
b. Definitiva
muito demorada
muito trabalhosa
muito cara
O “gold standard” resulta da combinação dos vários métodos
Cromatografia gás-líquida (GLC)
análise dos produtos finais do metabolismo (ác. gordos cadeia curta)
ác. butírico, valérico, isovalérico: marcadores primários
ác. láctico, succínico, fumárico, fórmico
Sistemas rápidos de identificação
bateria miniaturizada de provas bioquímicas
API 20A (BioMérieux): 16 carbohidratos; indol, urease, gelatinase, esculina,
catálase – leitura visual, às 24-48 horas
ATB 32A (BioMérieux): automatizado; 4-12 horas
Minitek (BBL)
An-Ident (Analitab)
ANI Card (Vitek): computorizado
API Zym (BioMérieux): 50 provas
Métodos alternativos
Cromatografia ác. gordos cadeia longa da parede celular
Sondas DNA
PCR
Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos
Até há alguns anos:
“padrões de susceptibilidade das bactérias anaeróbias
são previsíveis e estáveis”
Presentemente:
antibimicrobianos de largo espectro
antibioterapia mal conduzida
“novos” antibacterianos
O TSA tornou-se mandatório
Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos
Métodos
Diluição em agar
- permite testar a maioria dos agentes
- complicado e moroso
- uso em laboratórios de referência
Microdiluição
- não adequado a estirpes de crescimento lento
- não permite testar metronidazol
Macrodiluição
- permite determinar MBC
- bastante moroso
Outros métodos
- E-test (gradient end point)
Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos
Problemas práticos
Variabilidade entre as diferentes técnicas
O resultado TSA pode ser “erróneo” (infecção polimicrobiana)
Deve obrigatoriamente ser executado em isolados de:
-
hemoculturas
SNC (ex. abcesso)
infecções graves (ex. endocardite)
em cultura pura
que não responderam a terapêutica antibacteriana prévia
de infecções requerendo terapêutica prolongada
- periodicamente num dado Hospital/ Departamento
Sintese (1)
são as bactérias que mais frequentemente colonizam o corpo
humano
muitos dos agentes implicados em infecção fazem parte das
populações microbianas autóctones
o laboratório será incapaz de conseguir o seu isolamento a menos
que:
colheita da amostra seja adequada
transporte da amostra nas condições óptimas
maioria das infecções são polimicrobianas, envolvendo estirpes
aeróbias e anaeróbias >>>> dificulta o isolamento laboratorial e a
sua valorização
Sintese (2)
o isolamento e identificação dos anaeróbios é um processo lento, trabalhoso e
dispendioso
o microbiologista deve fornecer informações dentro de um tempo útil
O processamento de anaeróbios oscila entre uma “bacteriologia exaustiva” e um
“relato presuntivo”
a escolha técnica deve resultar de uma discussão séria e aturada entre
microbiologistas e clínicos, fortemente condicionada pelos recursos financeiros
disponíveis
os laboratórios devem ser escalonados em níveis (I, II, III), em função do nível de
identificação que são capazes de atingir
Nível I
• morfologia colónias
• morfologia ao gram dos isolados em cultura pura
Nível II
• susceptibilidade a antimicrobianos (discos)
• provas bioquímicas simples
Nível III
• provas bioquímicas
• cromatografia gás-líquida
• outras provas complexas
Bacilos anaeróbios gram positivo, esporulados
Género Clostridium
habitat • solo
• vegetais
• tubo digestivo (Homem e animais)
• nascentes água
• sedimento marinho
a grande maioria das espécies são mesófilas; psicrófilas; termófilas
a maioria são comensais, não provocando doença
principal mecanismo de patogenicidade: toxinas (exotoxinas; natureza proteica),
transformáveis em anatoxinas (vacinas)
tradicionalmente provocam infecções exógenas
• botulismo
• gangrena gasosa, pós-traumática
• tétano
• toxi-infecções alimentares
actualmente as infecções endógenas são muito mais comuns
importância de factores predisponentes
Clostridium perfringens (e outros das gangrenas gasosas)
a maioria das espécies de Clostridium pode ser causa de gangrena
habitantes intestino humano e de animais
5 tipos (A a E)
• tipo A: principal agente de doença humana
• tipo C: agente da enterite necrotizante
produz vários tipos de toxinas
•toxina responsável pela lise de hemácias
•enterotoxina - toxi-infecção alimentar
•toxina activa contra PMN, plaquetas, célula muscular
•colagenase, hialuronidase, …
as estirpes que causam doença humana são as que existem no solo ou tubo
digestivo
a infecção ocorre geralmente por contaminação traumática ou cirúrgica
pode ainda ser reponsável por
• infecções intra abdominais
• abortamento séptico
• septicemia pós abortamento
• infecções uterinas
Gangrena gasosa
Factores predisponentes
anaerobiose
isquemia
pH ácido
favorecem a proliferação de microrganismos
toxinas e enzimas >>> libertação de gás - crepitação típica
Diagnóstico microbiológico
sangue: hemoculturas
pús
fragmentos tecidos
gram: numerosos bacilos gram+, em pús com fraca reacção
leucocitária >>> desbridamento cirúrgico imediato
Prevenção
evitar contaminação de feridas com terra
cirurgia: evitar contaminação fecal
Clostridium tetani
agente do tétano
isolado a aprtir intestino equídeos e bovinos
capacidade de esporular no solo, permanecendo viável por muito tempo
produz exotoxina proteica - tetanospasmina - antigénica
transformável em anatoxina (vacina)
capaz de dar origem a antitoxinas: soro antitetânico
Tétano
quadro clínico surge habitualmente após contaminação ferida
úlceras varicosas
cordão umbilical
focos dentários
“traumatismos” puerpério ou pós abortamento
importância dos factores profissionais
agricultores
jardineiros
penetração e multiplicação no local >>> libertação toxina
difusão retro-axonal até sinapses medulares
inibe os neurónios inibitórios >>> paralisia espástica
Quadro “típico”
incubação 6 a 15 dias
1º sintoma: trismus (músc. mastigação)
outras contracturas
morte rápida: espasmo da laringe
Imunidade: vacinação - muito eficiente, se bem aplicada
Clostridium botulinum
habitat: intestino animais; contamina terrenos >>> contamina água, vegetais …
agente do botulismo: toxi-infecção alimentar, de há longa data conhecida
actualmente consideram-se 4 tipos de botulismo
alimentar
feridas (muito raro)
recém-nascido
ind. >12 meses, sem outras causas
7 tipos de toxinas (antigénicas): A a G
tipo A, B, E e F: as mais frequentemente implicadas em doença humana
a toxina é produzida na fase de crescimento exponencial >>> libertada
inibe a libertação de acetilcolina nas sinapses >>> paralisia flácida
Botulismo
Quadro “típico” (em Portugal)
alimento: presunto caseiro
anaerobiose, temperatura estável
abate porco durante período digestivo
toxina é absorvida pelo tubo digestivo
incubação: 24 a 36 horas
invasão: vómitos; sinais inespecíficos
estado: paralisias; cólicas; alt. secreções
outros alimentos implicados
enlatados
mariscos
vegetais
peixe
Diagnóstico microbiológico: pesquisa da toxina no alimento
Clostridium difficille
habitat no intestino humano e de animais
isolado a partir do solo, feno, areia
isolado a partir do intestino de recém-nascidos, em 50% dos casos
em crianças com mais de 2 anos: 4%
adultos que receberam antibioterapia: até 46%
causa principal de:
diarreia pós-antibioterapia
colite pseudomembranosa
mais frequente com clindamicina, ampicilina, cefalosporinas
tratadacom vancomicina
factores virulência: toxina A (enterotoxina)
toxina B (citopática)
inibidor da motilidade intestinal
Diagnóstico:
isolamento do agente
teste de aglutinação pelo latex
detecção toxina (aglutinação; EIA)
Bacilos anaeróbios gram positivo, não esporulados
grupo que inclui os géneros
Bifidobacterium
Eubacterium
Propionibacterium
Actinomyces
Arachnia
Rothia
Lactobacillus
membros PMA pele e superfícies mucosas (boca, intestino, genitais)
do Homem e animais
muitas espécies são consideradas oportunistas
podem causar infecções graves, com risco de vida
crescimento lento: 3 ou + dias; Actinomyces (2 ou mais semanas)
Actinomyces
Género que inclui inúmeras espécies
membros de PMA da boca e mucosas do Homem e outros animais
Actinomyces israelli
o mais “importante”
agente da actinomicose
Actinomicose
60% cervicofacial
15% torácica
20% abdominal
5% outros tipos ex. DIU
tipicamente polimicrobiana
raramente o Actinomyces é isolado em cultura pura
crescimento muito lento
morfologia típica semelhante fungos (filamentos “ramificados”)
típicos “grãos de enxofre” na descarga da lesão: “colónias” macroscópicas
causa importante de zoonoses
Propionibacterium acnes
habitante da pele
implicado em quadros de
endocardite (proteses valvulares)
septicemias
papel importante, talvez não como
patogéneo primário, no acne
Bifidobacterium
B. denticum (A.eriksonii, B. eriksonii)
parece ser o único com potencial patogénico
isolado de:
cárie dentária
fezes
exsudado vaginal
pneumonias
característica a produção de ác. acético/ ác. láctico na razão 3:2
B. longum
B. breve
raramente isolados
Eubacterium
habitante cavidade oral Homem e animais
isolado frequentemente a partir das fezes e solo
isolado em cultura mista:
abcessos e feridas (cabeça, osso, pele, pelve)
bacteriemias, endocardites (+ raramente)
E. lentum: espécie mais frequente
B. breve (spp. nov.), E. timidum, E. brachy: infecção periodontal
Diagnóstico microbiológico
cromatografia gás-líquida
análise DNA: grupo heterogéneo (G+C)
Arachnia
A. propionica: semelhanças com Propionibacterium
Actualmente Propionibacterium propionicus (spp
nov.)
infecção periodontal
Bacilos anaeróbios gram negativo
Inclui membros dos Géneros
Bacteroides (Porphyromonas e Prevotella)
Fusobacterium
Wolinella
Leptotrichia
Desulfomonas
Butyrivibrio
succinivibrio
Anaerovibrio
Anaerobiospirillum
Selenomonas
membros de PMA de animais e humanos
boca
tracto respiratório superior
intestino
aparelho genital
encontrados em mais de 50% das amostras clínicas que contêm anaeróbios
Bacteroides e Fusobacterium: isolados anaeróbios mais frequentes
Bacteroides
Grupo dos Bacteroides pigmentados e Porphyromonas
inclui, entre outros:
B. corporis
B. denticola
P. asaccharolytica
P. gingivalis
P. endodontalis
“pigmentados” – produzem colónias pigmentadas (castanho ou negro)
– geralmente só bem evidente ao fim de alguns dias
fazem parte da PMA da boca, aparelho intestinal e urogenital
são agentes frequentes de infecções
•
dentárias
•
pescoço e cabeça
•
após mordedura
Bacteroides
Grupo dos Bacteroides não pigmentados (bile sensíveis)
antigamente designados como sacarolíticos
Actualmente Prevotella (inclui espécies pigmentadas: P. melaninogenica)
inclui, entre outros: - B. bivius
- B. disiens
- B. oris
- B. buccae
- B. oralis
implicados em situações idênticas às referidas para os Bacteroides
pigmentados
Bacteroides
Grupo do Bacteroides fragilis (bile resistentes)
inclui, entre outros: - B. fragilis
- B. tethaiotaomicron
- B. distasonis
implicados em situações de infecções e sépsis com ponto de partida
abdominal
Fusobacterium
bacilos anaeróbios, gram negativo, longos, finos, de pontas afiladas
Fusobacterium nucleatum
membro da PMA da boca, tracto respiratório superior, intestino e aparelho genital
implicado no mesmo tipo de infecção que os Bacteroides pigmentados
Fusobacterium necrophorum
altamente virulento
em crianças e jovens: pode causar faringoamigdalite (antiga angina Vincent)
complicações locais:
abcesso periamigdalino
abcesso peri apical
tromboflebite séptica veia jugular
complicações à distância: abcessos metastáticos, pós bacteriemia
pulmão
pleura
fígado
articulações
pode ser causa de infecções disseminadas graves
actualmente é menos frequente que na era pré antibiótica
Fusobacterium ulcerans
espécie nova (1988)
isolado a partir de lesões ulceradas, em regiões tropicais
Bacilos anaeróbios gram negativo
Aspectos práticos
cuidados na colheita e transporte são fundamentais
exame directo, corado pelo gram evita espera de vários dias
(pigmentação típica colónias aparece tardiamente)
identificação do Género é em geral possível com as provas
habituais
classificação: fácil até certo ponto; depois só em laboratórios de
referência
pouco interesse na prática clínica a determinação da
espécie
importante determinar Género e grupo
importante realização TSQ
Cocos anaeróbios gram positivo
membros da PMA da:
boca
aparelho respiratório
intestino grosso
aparelho genital
correspondem a ± 30% de todos os isolamentos de anaeróbios
isolados principalmente a partir de infecções de:
tecidos moles
seiso perinasais
abcessos cerebrais
ap. respiratório
ap. genital feminino
feridas cirúrgicas
Cocos anaeróbios gram positivo
Género
Espécie
Peptococcus
P. niger
Peptostreptococcus
P. anaerobius
P. asaccharolyticus
P. indolicus
P. magnus
P. micros
P. prevotil
P. productus
P. tetradius
Devem ainda ser considerados dentro deste grupo:
Staphylococcus saccharolyticus
Streptococcus hanseniia
Streptococcus pleomorphusa
Streptococcus parvulusa
aanaeróbios
estritos
Streptococcus intermediusb
banaeróbios facultativos
Streptococcus constellatusb
Streptococcus morbillorumb - Gemella morbillorum
Cocos anaeróbios gram positivo – actualmente...
Género
Anaerococcus
Finegoldia
Micromonas
Peptostreptococcus
Schleiferella
Peptostreptococcus magnus
causa de 13% de todas as infecções por anaeróbios
isolado principalmente de de infecções:
•
ósseas
•
articulares (próteses)
•
tecidos moles
Identificação
•
caracterização definitiva por vezes é difícil
sistemas miniaturizados não resolvem todas as dificuldades >>> GLC
•
TSQ: 96% são susceptíveis a agentes ß lactâmicos e cefalosporinas
•
mas …
•
•
há resistências ao metronidazol
há resistências à clindamicina
é mandatória a sua realização
Cocos anaeróbios gram negativo
raramente implicados directamente em doença humana
membros de algumas PMA
minoria dos isolados de especimens humanos
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
Veillonella parvula
Veillonella dispar
Veillonella atypica
Acidaminococcus fermentans
Megasphera elsdeniii
Identificação presuntiva
morfologia colónia
morfologia bacteriana gram
fluorescência UV
discos antibióticos
provas bioquímicas rápidas
Identificação definitiva
GLC
testes fermentação carbohidratos
Mobiluncus (bacilos curvos anaeróbios)
coram de modo variável pelo gram
2 sub-tipos morfológicos:
⇒
SCR (gram negativo)
⇒
LCR (gram variável)
2 espécies
M. Curtisii, subespécie curtisii
M. curtisii, subespécie holmesii
M. mulieris
Download