Aspectos históricos • 1690 – Van Leuwenhoek: “animáculos” existindo na ausência de ar • 1861 – Pasteur – bacilo que após contacto com o ar cessava o movimento • 1908 – Von Hibler: Bacillus oedema maligni • 1ª Guerra Mundial (1914-18) – “gangrena / tétano” • 1916 – Mclntosh e Field: “jarra de anaerobiose” • Altmeier (1938): importância dos anaeróbios não Clostridia • até anos 60: bactérias do Género Clostridium são a principal preocupação • após anos 60: anaeróbios não Clostridia – agentes “terríficos” • Tétano: Areteu da Capadócia; Hipócrates • Gangrena gasosa: Hipócrates • Botulismo: surtos vários no século XIX ANAERÓBIO: definição • Bactérias que exigem O2 como aceitador terminal de electrões: aeróbio obrigatório • Bactérias que crescem em aerobiose e são capazes de obter energia pela fermentação de compostos orgânicos: aeróbio facultativo • Bactérias incapazes de usar O2 e que são por ele inibidas: anaeróbio obrigatório/estrito Anaeróbio obrigatório/estrito a) extremamente sensível: não tolera concentração O2 > 0.5% b) moderadamente sensível: tolera concentração O2 até 2-8% a) são tipicamente membros de populações microbianas autóctones humanas b) são os principais agentes de infecção humana Porque motivo o O2 é tóxico para estas bactérias ? • - Do normal metabolismo bacteriano, na presença de O2 peróxido de hidrogénio radicias hidroxilo radicais livres de O2 O2 O22- (anião super-óxido) • - Anião super-óxido – agressivo para a célula bacteriana: oxida lipídeos intra-celulares e da parede provoca “quebra” DNA inactiva enzimas bacterianas • - Bactérias aeróbias e aeróbias facultativas – produção de enzimas: dismutase do super-óxido catálase peroxídase Conceito clássico: toxicidade do O2 para os anaeróbios por falta destas enzimas McCord (1971): bactérias anaeróbias estritas geralmente não produzem catálase e nunca produzem super-óxido dismutase Conhecimento actual Catalase • demonstrada a produção de catálase em espécies de Bacteróides, Peptoestreptococcus e Propionibacterium; não se correlaciona com a tolerância ao O2 Peroxidase • não foi definitivamente demonstrada a produção de peroxidase em bactérias anaeróbias estritas Dismutase super-óxido • produção induzida por exposição ao O2 (ex. Bacteroides) • Eubacterium limosum e Clostridium oroticum - quantidades significativas desta enzima; incapazes de sobreviverem em aerobiose de um modo geral, o teor da enzima é maior em bactérias gram negativo que gram positivo correlação com o grau de tolerância ao O2 nas anaeróbias obrigatórias moderadas Potencial de oxi-redução do meio (Eh): factor muito importante, mas… • adição de agentes redutores não permite crescimento de todas as estirpes bacterianas anaeróbias Distribuição de bactérias anaeróbias no corpo humano Local Total (por ml ou g) anaerob/aerob Boca saliva superfície dentária 108 -109 1010 -1011 1:1 1:1 suco gengival 1011-1012 1000:1 103 -104 3-5:1 estômago 102 -105 1:1 delgado proximal delgado distal colon 102 -104 104 -107 1011-1012 Fossas nasais Tubo digestivo 1:1 1:1 1000:1 Aparelho genital feminino vagina 108-109 3-5:1 endocolo 108-109 3-5:1 Incidência de diferentes estirpes anaeróbias nas populações microbianas autóctones Género Pele Ap. respiratório Intestino bactérias gramBacteroides 0 2 2 1 1 Fusobacterium 0 2 1 1 ± Veillonela 0 2 1 0 1 bactérias gram+ Petostreptococcus Clostridium Actinomyces Bifidobacterium 1 ± 0 0 2 ± 1 1 2 2 1 2 ± ± 0 0 1 ± ± ± Eubacterium 0 1 2 0 ± Lactobacillus 0 1 1 ± 2 Propionibacterium 2 1 ± 0 1 0: raro/ não isolado; 1: usualmente presente; Uretra Vagina ±: irregularmente presente; 2: usualmente presente, em grande número Anaeróbios e População Microbiana Autóctone (PMA) As bactérias anaeróbias predominam no nosso corpo, em relação às aeróbias A maioria das infecções por anaeróbios tem ponto de partida endógeno a “identidade” das estirpes envolvidas numa determinada infecção pode ser “previsível” Bactérias anaeróbias e doença humana Incidência relativa de bactérias anaeróbias Tipo de infecção Bacteriemia SNC abcesso cerebral empiema subdural meningite Cabeça e pescoço ocular sinusite crónica otite média crónica abcesso periodontal outras infecções orais Pleuropulmonar pneumonia aspiração abcesso pulmonar pneumonia necrotizante empiema Intra-abdominal peritonite/ abcesso abcesso hepático Aparelho genital feminino salpingite, peritonite pélvica abcesso tubo-ovárico abcesso vulvo-vaginal abortamento séptico Tecidos moles gangrena gasosa celulite crepitante fasciite necrotizante Aparelho urinário Incidência (%) 5-20 89 10 rara 38 50 30-60 100 94-100 85-90 94 85 76 90-95 >50 >55 92 74 73 100 +++ +++ <1 “Pistas” para uma infecção por bactérias anaeróbias • odor pútrido da lesão ou descarga • localização foco infeccioso próximo a superfície mucosa • necrose tecidular • formação abcesso • infecção secundária a mordedura humana ou animal • gás nos tecidos ou no exsudado • tromboflebite séptica • “quadro clássico” – gangrena gasosa • terapêutica com aminoglicosídeos / antimicrobianos de largo espectro • fluorescência avermelhada com luz U.V. (Bacteroides ou Porphyromonas) • presença de “grãos de enxofre” no exsudado (Actinomyces) • culturas negativas em aerobiose/prévia observação de microrganismos Procedimentos recomendados para a colheita de amostras Regras gerais por aspiração com agulha e seringa amostra de tecido por biópsia •zaragatoas – devem ser, sempre que possível, rejeitadas • são mais susceptíveis de serem contaminadas • ficam mais expostas ao O2 ambiente e à dissecação • colhem um pequeno volume de produto para amostra • não permitem a preparação de um bom esfregaço Amostras inaceitáveis para cultura em anaerobiose • zaragatoas nasais ou da orofaringe • zaragatoas gengivais • expectoração “expectorada” • expectoração colhida por aspiração oro ou nasotraqueal • amostras colhidas por broncoscopia, colhidas sem cateter de ponta protegida • conteúdo gástrico ou do intestino delgado (excepto sdrs. em “ansa cega”) • conteúdo intestino grosso, de ileostomias, de colostomias ou fezes (excepto suspeita de C. difficile ou C. botulinum) • urina colhida por micção ou por sonda de Folley • zaragatoas vaginais ou cervicais • amostras colhidas da superfície de úlceras de decúbito, de feridas, escaras ou fístulas • amostras colhidas em zonas adjacentes à pele ou a membranas mucosas que não tenham sido devidamente descontaminadas Transporte da amostra Regras gerais as amostras, durante o transporte até ao laboratório, devem ser mantidas a 37ºC evitar a refrigeração das amostras >>> diminuição do nº de microrganismos viáveis Do rápido e adequado transporte depende o sucesso do isolamento correcto dos anaeróbios presentes na amostra Transporte da amostra Em condições ideais, a amostra será enviada ao laboratório numa atmosfera anaeróbia, húmida e à temperatura ambiente Recorre-se a um dispositivo e/ou meio de transporte, quando se prevê um atraso superior a 15-20 minutos entre a colheita e o processamento ou quando se utilizou uma zaragatoa Na prática diária • um volume de 2 ml ou mais, em seringa com agulha “ocluida”, tolera 1 ou 2 horas, mas… dependendo do agente implicado versus risco de picada acidental !!! • uma “grande” amostra de tecido mantém os microrganismos viáveis durante “algumas horas” recorrer a dispositivos e meios de transporte * muitos são incompatíveis com certas amostras, principalmente biópsias * a maioria foi concebido para transporte de zaragatoas Exame directo da amostra 1. Exame macroscópico Inspecção visual: “pistas” sobre a natureza e a qualidade da amostra Sugerem a presença de bactérias anaeróbias: purulência odor pútrido tecidos necrosados pús com “grãos de enxofre” Exame com luz U.V. (360 nm): pesquisa de fluorescência - vermelho tijolo: Bacteroides pigmentados Exame directo da amostra 2. Exame microscópico Esfregaço corado pelo gram em conjunção com os dados clínicos, é o exame laboratorial mais útil permite a observação da morfologia típica de muitas bactérias,como: Bacteroides: bacilo gram-, “pálido”, pleomórfico Fusobacterium: bacilo fino, gram-, fusiforme Veillonella: diplococo pequeno, gramActinomyces: bacilo gram+, em grupos, “ramificações” Imunofluorescência (IF) com atcs monoclonais Apenas em laboratórios de referência/investigação Custos elevados Muitos falsos + e - >>>não substitui a cultura Exame directo da amostra 3. Outros procedimentos Análise directa ác. gordos cadeia curta por cromatografia gás-líquida (GLC) Sangue: com algum valor; não utilizado por rotina Material purulento: pouco sensível; pouco específico; dispendioso Sondas DNA/PCR Disponíveis para um nº limitado de agentes, não comercialmente Microscopia campo escuro/ contraste fase Demontração de espiroquetas; pouco interesse prático Testes serológicos Uso limitado; controverso. ex.: aglutinação latex (C. difficile) EIA (métodos imunoenzimáticos) Detecção toxina A e B do C. difficile Processamento laboratorial das amostras 1. Selecção dos meios de cultura Maioria das infecções são polimicrobianas >>>> meios selectivos e não selectivos “selecção” pretendida vai depender de: tipo de amostra volume da amostra recursos económicos do laboratório Como mínimo: Meio não selectivo; incubar em aerobiose e anaerobiose Meio selectivo para microrganismos como por ex. grupo do Bacteroides fragilis Importante: os meios devem ser frescos ou terem sido pré-reduzidos Processamento laboratorial das amostras 2. Preparação das amostras para a sementeira Grande volume líquido: concentrar por centrifugação; semear o sedimento Zaragatoa: extracção suave, em pequeno volume (0.5 a 1 ml) de caldo tioglicolato Tecidos: homogeneização em 1 ml caldo tioglicolato; suave e rápida Evitar exposição prolongada ao ar !!! Processamento laboratorial das amostras 3. Incubação em anaerobiose Pretende-se uma incubação em atmosfera sem O2 livre Composição habitual: 5% H2, 5% CO2, 80% N2 Escolha entre os diferentes sistemas de produção de anaerobiose condicionada por diversos parâmetros: o principal são os recursos económicos Qualquer um deles é satisfatório para o isolamento dos anaeróbios mais frequentemente implicados em doença humana Jarra anaerobiose Saco anaerobiose Câmara anaerobiose Roll tube/tubo Hungate Jarra de anaerobiose Custo inicial moderado/ elevado Custo manutenção moderado - Sistema GAS PAK - Sistema evacuação-substituição: anaerobiose mais rápida + catalisador paladium: caro + indicador de anaerobiose vantagem simples e conveniente pouco espaço permite uso de técnicas convencionais desvantagem exposição prolongada ao ar durante inspecção/ subculturas anaerobiose “lenta” Saco de anaerobiose (anaerobic bag) Custo inicial baixo Custo manutenção elevado: disposable vantagem simples; permite uso de técnicas convencionais pouco espaço permite inspecção sem quebrar anaerobiose desvantagem exposição prolongada ao ar durante subculturas anaerobiose “lenta” só permite incubação de 2 placas Petri >>> sist. maiores Câmara de anaerobiose Custo inicial elevado Custo manutenção moderado/ elevado vantagem anaerobiose “imediata” processamento de amostras em anaerobiose inspecção sem quebrar anaerobiose isolamento segundo técnicas convencionais desvantagem preço muito elevado ocupa muito espaço “time consuming” manutenção difícil - “avarias” Roll tube (tubo de Hungate; VPI-AL) Tecnicamente “bizarro” Custo inicial moderado Custo manutenção moderado vantagem permite inspecção tubos sem quebrar anaerobiose desvantagem tecnicamente difícil (exige muito treino) difícil isolamento estirpes em cultura pura não permite observação morfologia típica colónias Control de anaerobiose Químico: indicadores Biológico: anaeróbios estritos aeróbios estritos ▫ Fusobacterium ▫ Porphyromonas ▫ Pseudomonas aeruginosa Identificação de bactérias anaeróbias a. Presuntiva Sens. antimicrobianos colistina vancomicina kanamicina metronidazol Provas bioquímicas catalase produção indol redução nitratos polianetol sulfonato sódio crescimento em meio com sais biliares alanina peptidase urease lecitinase/ lipase Testes cromogénicos: kits de identificação rápida (4 a 24 h) ß glicosidase ß galactosidase alfa glicosidase alfa fucosidase Identificação de bactérias anaeróbias b. Definitiva muito demorada muito trabalhosa muito cara O “gold standard” resulta da combinação dos vários métodos Cromatografia gás-líquida (GLC) análise dos produtos finais do metabolismo (ác. gordos cadeia curta) ác. butírico, valérico, isovalérico: marcadores primários ác. láctico, succínico, fumárico, fórmico Sistemas rápidos de identificação bateria miniaturizada de provas bioquímicas API 20A (BioMérieux): 16 carbohidratos; indol, urease, gelatinase, esculina, catálase – leitura visual, às 24-48 horas ATB 32A (BioMérieux): automatizado; 4-12 horas Minitek (BBL) An-Ident (Analitab) ANI Card (Vitek): computorizado API Zym (BioMérieux): 50 provas Métodos alternativos Cromatografia ác. gordos cadeia longa da parede celular Sondas DNA PCR Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos Até há alguns anos: “padrões de susceptibilidade das bactérias anaeróbias são previsíveis e estáveis” Presentemente: antibimicrobianos de largo espectro antibioterapia mal conduzida “novos” antibacterianos O TSA tornou-se mandatório Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos Métodos Diluição em agar - permite testar a maioria dos agentes - complicado e moroso - uso em laboratórios de referência Microdiluição - não adequado a estirpes de crescimento lento - não permite testar metronidazol Macrodiluição - permite determinar MBC - bastante moroso Outros métodos - E-test (gradient end point) Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos Problemas práticos Variabilidade entre as diferentes técnicas O resultado TSA pode ser “erróneo” (infecção polimicrobiana) Deve obrigatoriamente ser executado em isolados de: - hemoculturas SNC (ex. abcesso) infecções graves (ex. endocardite) em cultura pura que não responderam a terapêutica antibacteriana prévia de infecções requerendo terapêutica prolongada - periodicamente num dado Hospital/ Departamento Sintese (1) são as bactérias que mais frequentemente colonizam o corpo humano muitos dos agentes implicados em infecção fazem parte das populações microbianas autóctones o laboratório será incapaz de conseguir o seu isolamento a menos que: colheita da amostra seja adequada transporte da amostra nas condições óptimas maioria das infecções são polimicrobianas, envolvendo estirpes aeróbias e anaeróbias >>>> dificulta o isolamento laboratorial e a sua valorização Sintese (2) o isolamento e identificação dos anaeróbios é um processo lento, trabalhoso e dispendioso o microbiologista deve fornecer informações dentro de um tempo útil O processamento de anaeróbios oscila entre uma “bacteriologia exaustiva” e um “relato presuntivo” a escolha técnica deve resultar de uma discussão séria e aturada entre microbiologistas e clínicos, fortemente condicionada pelos recursos financeiros disponíveis os laboratórios devem ser escalonados em níveis (I, II, III), em função do nível de identificação que são capazes de atingir Nível I • morfologia colónias • morfologia ao gram dos isolados em cultura pura Nível II • susceptibilidade a antimicrobianos (discos) • provas bioquímicas simples Nível III • provas bioquímicas • cromatografia gás-líquida • outras provas complexas Bacilos anaeróbios gram positivo, esporulados Género Clostridium habitat • solo • vegetais • tubo digestivo (Homem e animais) • nascentes água • sedimento marinho a grande maioria das espécies são mesófilas; psicrófilas; termófilas a maioria são comensais, não provocando doença principal mecanismo de patogenicidade: toxinas (exotoxinas; natureza proteica), transformáveis em anatoxinas (vacinas) tradicionalmente provocam infecções exógenas • botulismo • gangrena gasosa, pós-traumática • tétano • toxi-infecções alimentares actualmente as infecções endógenas são muito mais comuns importância de factores predisponentes Clostridium perfringens (e outros das gangrenas gasosas) a maioria das espécies de Clostridium pode ser causa de gangrena habitantes intestino humano e de animais 5 tipos (A a E) • tipo A: principal agente de doença humana • tipo C: agente da enterite necrotizante produz vários tipos de toxinas •toxina responsável pela lise de hemácias •enterotoxina - toxi-infecção alimentar •toxina activa contra PMN, plaquetas, célula muscular •colagenase, hialuronidase, … as estirpes que causam doença humana são as que existem no solo ou tubo digestivo a infecção ocorre geralmente por contaminação traumática ou cirúrgica pode ainda ser reponsável por • infecções intra abdominais • abortamento séptico • septicemia pós abortamento • infecções uterinas Gangrena gasosa Factores predisponentes anaerobiose isquemia pH ácido favorecem a proliferação de microrganismos toxinas e enzimas >>> libertação de gás - crepitação típica Diagnóstico microbiológico sangue: hemoculturas pús fragmentos tecidos gram: numerosos bacilos gram+, em pús com fraca reacção leucocitária >>> desbridamento cirúrgico imediato Prevenção evitar contaminação de feridas com terra cirurgia: evitar contaminação fecal Clostridium tetani agente do tétano isolado a aprtir intestino equídeos e bovinos capacidade de esporular no solo, permanecendo viável por muito tempo produz exotoxina proteica - tetanospasmina - antigénica transformável em anatoxina (vacina) capaz de dar origem a antitoxinas: soro antitetânico Tétano quadro clínico surge habitualmente após contaminação ferida úlceras varicosas cordão umbilical focos dentários “traumatismos” puerpério ou pós abortamento importância dos factores profissionais agricultores jardineiros penetração e multiplicação no local >>> libertação toxina difusão retro-axonal até sinapses medulares inibe os neurónios inibitórios >>> paralisia espástica Quadro “típico” incubação 6 a 15 dias 1º sintoma: trismus (músc. mastigação) outras contracturas morte rápida: espasmo da laringe Imunidade: vacinação - muito eficiente, se bem aplicada Clostridium botulinum habitat: intestino animais; contamina terrenos >>> contamina água, vegetais … agente do botulismo: toxi-infecção alimentar, de há longa data conhecida actualmente consideram-se 4 tipos de botulismo alimentar feridas (muito raro) recém-nascido ind. >12 meses, sem outras causas 7 tipos de toxinas (antigénicas): A a G tipo A, B, E e F: as mais frequentemente implicadas em doença humana a toxina é produzida na fase de crescimento exponencial >>> libertada inibe a libertação de acetilcolina nas sinapses >>> paralisia flácida Botulismo Quadro “típico” (em Portugal) alimento: presunto caseiro anaerobiose, temperatura estável abate porco durante período digestivo toxina é absorvida pelo tubo digestivo incubação: 24 a 36 horas invasão: vómitos; sinais inespecíficos estado: paralisias; cólicas; alt. secreções outros alimentos implicados enlatados mariscos vegetais peixe Diagnóstico microbiológico: pesquisa da toxina no alimento Clostridium difficille habitat no intestino humano e de animais isolado a partir do solo, feno, areia isolado a partir do intestino de recém-nascidos, em 50% dos casos em crianças com mais de 2 anos: 4% adultos que receberam antibioterapia: até 46% causa principal de: diarreia pós-antibioterapia colite pseudomembranosa mais frequente com clindamicina, ampicilina, cefalosporinas tratadacom vancomicina factores virulência: toxina A (enterotoxina) toxina B (citopática) inibidor da motilidade intestinal Diagnóstico: isolamento do agente teste de aglutinação pelo latex detecção toxina (aglutinação; EIA) Bacilos anaeróbios gram positivo, não esporulados grupo que inclui os géneros Bifidobacterium Eubacterium Propionibacterium Actinomyces Arachnia Rothia Lactobacillus membros PMA pele e superfícies mucosas (boca, intestino, genitais) do Homem e animais muitas espécies são consideradas oportunistas podem causar infecções graves, com risco de vida crescimento lento: 3 ou + dias; Actinomyces (2 ou mais semanas) Actinomyces Género que inclui inúmeras espécies membros de PMA da boca e mucosas do Homem e outros animais Actinomyces israelli o mais “importante” agente da actinomicose Actinomicose 60% cervicofacial 15% torácica 20% abdominal 5% outros tipos ex. DIU tipicamente polimicrobiana raramente o Actinomyces é isolado em cultura pura crescimento muito lento morfologia típica semelhante fungos (filamentos “ramificados”) típicos “grãos de enxofre” na descarga da lesão: “colónias” macroscópicas causa importante de zoonoses Propionibacterium acnes habitante da pele implicado em quadros de endocardite (proteses valvulares) septicemias papel importante, talvez não como patogéneo primário, no acne Bifidobacterium B. denticum (A.eriksonii, B. eriksonii) parece ser o único com potencial patogénico isolado de: cárie dentária fezes exsudado vaginal pneumonias característica a produção de ác. acético/ ác. láctico na razão 3:2 B. longum B. breve raramente isolados Eubacterium habitante cavidade oral Homem e animais isolado frequentemente a partir das fezes e solo isolado em cultura mista: abcessos e feridas (cabeça, osso, pele, pelve) bacteriemias, endocardites (+ raramente) E. lentum: espécie mais frequente B. breve (spp. nov.), E. timidum, E. brachy: infecção periodontal Diagnóstico microbiológico cromatografia gás-líquida análise DNA: grupo heterogéneo (G+C) Arachnia A. propionica: semelhanças com Propionibacterium Actualmente Propionibacterium propionicus (spp nov.) infecção periodontal Bacilos anaeróbios gram negativo Inclui membros dos Géneros Bacteroides (Porphyromonas e Prevotella) Fusobacterium Wolinella Leptotrichia Desulfomonas Butyrivibrio succinivibrio Anaerovibrio Anaerobiospirillum Selenomonas membros de PMA de animais e humanos boca tracto respiratório superior intestino aparelho genital encontrados em mais de 50% das amostras clínicas que contêm anaeróbios Bacteroides e Fusobacterium: isolados anaeróbios mais frequentes Bacteroides Grupo dos Bacteroides pigmentados e Porphyromonas inclui, entre outros: B. corporis B. denticola P. asaccharolytica P. gingivalis P. endodontalis “pigmentados” – produzem colónias pigmentadas (castanho ou negro) – geralmente só bem evidente ao fim de alguns dias fazem parte da PMA da boca, aparelho intestinal e urogenital são agentes frequentes de infecções • dentárias • pescoço e cabeça • após mordedura Bacteroides Grupo dos Bacteroides não pigmentados (bile sensíveis) antigamente designados como sacarolíticos Actualmente Prevotella (inclui espécies pigmentadas: P. melaninogenica) inclui, entre outros: - B. bivius - B. disiens - B. oris - B. buccae - B. oralis implicados em situações idênticas às referidas para os Bacteroides pigmentados Bacteroides Grupo do Bacteroides fragilis (bile resistentes) inclui, entre outros: - B. fragilis - B. tethaiotaomicron - B. distasonis implicados em situações de infecções e sépsis com ponto de partida abdominal Fusobacterium bacilos anaeróbios, gram negativo, longos, finos, de pontas afiladas Fusobacterium nucleatum membro da PMA da boca, tracto respiratório superior, intestino e aparelho genital implicado no mesmo tipo de infecção que os Bacteroides pigmentados Fusobacterium necrophorum altamente virulento em crianças e jovens: pode causar faringoamigdalite (antiga angina Vincent) complicações locais: abcesso periamigdalino abcesso peri apical tromboflebite séptica veia jugular complicações à distância: abcessos metastáticos, pós bacteriemia pulmão pleura fígado articulações pode ser causa de infecções disseminadas graves actualmente é menos frequente que na era pré antibiótica Fusobacterium ulcerans espécie nova (1988) isolado a partir de lesões ulceradas, em regiões tropicais Bacilos anaeróbios gram negativo Aspectos práticos cuidados na colheita e transporte são fundamentais exame directo, corado pelo gram evita espera de vários dias (pigmentação típica colónias aparece tardiamente) identificação do Género é em geral possível com as provas habituais classificação: fácil até certo ponto; depois só em laboratórios de referência pouco interesse na prática clínica a determinação da espécie importante determinar Género e grupo importante realização TSQ Cocos anaeróbios gram positivo membros da PMA da: boca aparelho respiratório intestino grosso aparelho genital correspondem a ± 30% de todos os isolamentos de anaeróbios isolados principalmente a partir de infecções de: tecidos moles seiso perinasais abcessos cerebrais ap. respiratório ap. genital feminino feridas cirúrgicas Cocos anaeróbios gram positivo Género Espécie Peptococcus P. niger Peptostreptococcus P. anaerobius P. asaccharolyticus P. indolicus P. magnus P. micros P. prevotil P. productus P. tetradius Devem ainda ser considerados dentro deste grupo: Staphylococcus saccharolyticus Streptococcus hanseniia Streptococcus pleomorphusa Streptococcus parvulusa aanaeróbios estritos Streptococcus intermediusb banaeróbios facultativos Streptococcus constellatusb Streptococcus morbillorumb - Gemella morbillorum Cocos anaeróbios gram positivo – actualmente... Género Anaerococcus Finegoldia Micromonas Peptostreptococcus Schleiferella Peptostreptococcus magnus causa de 13% de todas as infecções por anaeróbios isolado principalmente de de infecções: • ósseas • articulares (próteses) • tecidos moles Identificação • caracterização definitiva por vezes é difícil sistemas miniaturizados não resolvem todas as dificuldades >>> GLC • TSQ: 96% são susceptíveis a agentes ß lactâmicos e cefalosporinas • mas … • • há resistências ao metronidazol há resistências à clindamicina é mandatória a sua realização Cocos anaeróbios gram negativo raramente implicados directamente em doença humana membros de algumas PMA minoria dos isolados de especimens humanos ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ Veillonella parvula Veillonella dispar Veillonella atypica Acidaminococcus fermentans Megasphera elsdeniii Identificação presuntiva morfologia colónia morfologia bacteriana gram fluorescência UV discos antibióticos provas bioquímicas rápidas Identificação definitiva GLC testes fermentação carbohidratos Mobiluncus (bacilos curvos anaeróbios) coram de modo variável pelo gram 2 sub-tipos morfológicos: ⇒ SCR (gram negativo) ⇒ LCR (gram variável) 2 espécies M. Curtisii, subespécie curtisii M. curtisii, subespécie holmesii M. mulieris