Respostas produtivas de rúcula em função do espaçamento e tipo de muda produzida em bandejas contendo duas ou quatro plântulas por célula Marie Yamamoto Reghin; Rosana Fernandes Otto; Jean Ricardo Olinik; Carlos Felipe Stülp Jacoby. UEPG. Depto de Fitotecnia e Fitossanidade, Praça Santos Andrade s/n, 84030-330 Ponta Grossa – PR. e-mail:[email protected] RESUMO O experimento foi conduzido em Ponta Grossa - PR, com o objetivo de avaliar respostas produtivas da rúcula em função do espaçamento entre plantas e do tipo de muda, produzida em bandejas de poliestireno expandido, contendo duas ou quatro plântulas por célula. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com quatro repetições; os tratamentos foram arranjados em fatorial 4x2, sendo quatro espaçamentos entre plantas (5, 10, 15 e 20 cm) e dois tipos de mudas (provenientes de bandejas de 200 células com 2 ou 4 plântulas por célula). Observou-se respostas produtivas em relação aos espaçamentos e ao tipo de muda. Os resultados apontam como alternativas mais favoráveis o transplante com duas mudas por célula e espaçamentos de 15 e 20 cm, para obtenção de alta qualidade na produção e com altos valores de massa fresca da planta. Palavras-chave: Eruca sativa L., densidade de plantas, mudas. ABSTRACT Yield response in rocket crop under differents within row spacing and type of seedlings obtained on trays with two or four seedlings per cell The experiment was realized in Ponta Grossa-PR, with the aim to avaluate yield response in rocket crop under differents within row spacing using seedlings on transplanting with two or four seedlings per cell. The experimental design was a randomized blocks with four replications; the treatments were arranged in a factorial scheme 4x2, being four within row spacing (5, 10, 15 and 20 cm) and two type of seedlings (obtained on trays of 200 cells with 2 or 4 seedlings per cell). It was observed yield response in relation to within row spacing and also to seedling type used on transplanting. The results showed as best alternative two seedlings per cell and within row spacing of 15 and 20 cm, to obtain yield with high quality and superior value on plant fresh weight. Keywords: Eruca sativa L., plants density, seedlings . A rúcula (Eruca sativa L.) é uma hortaliça herbácea anual, baixa, possuindo normalmente altura de 15 a 20 cm. As sementes são muito pequenas, em número aproximado de 650 por grama. Trata-se de uma folhosa com crescente incremento de consumo nos últimos anos, com quantidade mensal de 16.029 dúzias de maços de 6 kg comercializados no CEAGESP, entre 1995 e 1999 (Camargo Filho & Mazzei, 2001). Filgueira (2000) recomenda semeadura diretamente em canteiro definitivo, em sulcos longitudinais distanciados 20 - 30 cm, deixando-se as plantas espaçadas de 5 cm, após o desbaste. Por sua vez, com a semeadura direta vários fatores estão envolvidos de forma que muitas vezes é difícil obter um estande uniforme, principalmente se tratando de hortaliças que apresentam sementes pequenas como os da rúcula. Para o produtor que busca colheita de safras durante o ano todo é necessário otimização da produção e obtenção de alto rendimento de produto que apresente uniformidade e alta qualidade. Neste tipo de cultivo, é altamente prejudicial contar com falhas ou stand desuniforme. O cultivo com mudas transplantadas é uma das alternativas para contornar esse problema. Outro fator que determina o rendimento e a qualidade do produto é o espaçamento usado na cultura. Takaoka & Minami (1984) observaram que os espaçamentos entre linhas mais vantajosos para a rúcula foram os de 15, 20 e 25 cm, todos com a mesma densidade de semeadura. No entanto, no cultivo com transplante de mudas, não foram encontradas informações sobre a densidade de mudas, sequer sobre o rendimento da planta em função do espaçamento entre plantas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de espaçamentos entre plantas no cultivo de rúcula transplantada com mudas provenientes de bandejas contendo duas ou quatro plântulas por célula. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Universidade Estadual de Ponta Grossa, em Ponta Grossa (PR) e em solo do tipo CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico, de textura argilosa. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com quatro repetições; os tratamentos foram distribuídos segundo esquema fatorial 4x2, constando de quatro espaçamentos entre plantas (5, 10, 15 e 20 cm), e dois tipos de mudas (com 2 ou 4 plântulas/célula). As mudas foram produzidas no período de 18/03 a 16/04/2003 em bandejas de 200 células, com sementes da cultivar Cultivada (Agroflora) e o substrato Plantmax, sob cultivo protegido. A semeadura constou de quatro sementes por célula; após a emergência, fez-se o desbaste deixando a metade do total de bandejas com duas mudas por célula. O transplante foi realizado em solo com adubação básica da fórmula química 5 - 25 -10, na quantidade de 100 g m-2. Cada parcela teve quatro fileiras de plantas no espaçamento de 20 cm entre linhas e totalizando 32 plantas. Aos quinze dias do transplante, fez-se adubação nitrogenada em cobertura com uréia na quantidade de 10 g/m. Na colheita, aos trinta dias do transplante foram avaliadas: comprimento da parte aérea, número de folhas, matéria fresca e seca da parte aérea. A matéria seca da parte aérea foi obtida em estufa de ventilação forçada a 60 0C, até atingir peso constante. Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO A interação espaçamento x tipo de muda foi significativa no número de folhas, massa fresca e seca da planta (Tabelas 1 e 2). Nas demais características, observou-se significância isolada dos fatores estudados (Tabelas 1 e 3). O espaçamento entre plantas não afetou o comprimento da parte aérea. Esta característica variou com o tipo de muda trabalhada, pois com quatro plântulas por célula, a competição exercida pela maior população de plantas promoveu diminuição na taxa de crescimento em altura, quando comparada com duas plântulas por célula (Tabela 1). O número de folhas variou em função do espaçamento e do tipo de muda. Em todos os espaçamentos, exceto no que usou espaçamento de 5 cm, verificou-se maior número de folhas quando usou-se mudas com duas plântulas por célula, quando comparada à de quatro. E somente com o transplante usando duas plântulas por célula, houve efeito significativo do espaçamento. À medida que houve aumento do espaçamento entre plantas, ocorreu um aumento do número de folhas. Quando foi usada a muda com quatro plântulas por célula, o espaçamento não exerceu influência significativa, provavelmente em função da própria concorrência exercida pela densidade de mudas. Nesse caso, embora em espaçamento maior como o de 20 cm, não houve efeito significativo. Dessa forma, independentemente de se plantar em espaçamento entre plantas de 5 ou de 20 cm, o número de folhas não apresentou diferença significativa em função da pressão exercida primordialmente pelo tipo de muda, com maior densidade (Tabela1). A rúcula mostrou-se bastante sensível ao tipo de muda, em função da densidade. Usando duas plântulas por célula, ocorreu superioridade tanto da massa fresca e seca, comparada à de quatro, em consequência do maior desenvolvimento em altura e número de folhas. Nesse tipo de muda (duas plântulas por célula), pela menor concorrência existente entre as plantas, ocorreu aumento crescente da massa fresca de acordo com o aumento do espaçamento. Os maiores valores foram observados com 15 e 20 cm. Comparando os espaçamentos de 5 e 20 cm, a diferença encontrada foi de 18,69 g a favor do maior espaçamento, e mostra que este fator é fundamental para se definir o tipo de produto que se objetiva produzir. Na muda com duas plântulas por célula, pode-se obter um produto com peso médio de 31,90 e 36,36 g/planta, respectivamente nos espaçamentos de 15 e 20 cm. Do ponto de vista comercial essas plantas têm atributos para serem padronizados como de ótima qualidade, com mais de 25 cm de porte e mais de 15 folhas. No entanto, se transplantar com quatro mudas por célula, nestes mesmos espaçamentos, ter-se-á como resultado plantas de 15,62 e 18,37 g, com média de 24,1 cm e 10,3 folhas, bem menores que as anteriores. Com esse tipo de muda, mesmo em espaçamentos mais amplos (15 e 20 cm), não ocorreu efeito de compensação pois as plantas obtidas foram significativamente menores (Tabela 2). O rendimento em massa fresca por unidade de área, demonstrou que o efeito do menor espaçamento foi nítido, resultante da maior população de plantas, tendo maior rendimento por área e diferindo dos demais tratamentos. Para a comercialização em maços é interessante este resultado. No entanto, independente do tipo de muda, não foi observado diferença significativa do rendimento por área. Mesmo na quantidade de quatro mudas, o menor desenvolvimento dessas resultou num rendimento por área semelhante à verificada com duas mudas (Tabela 3). Portanto, neste contexto os resultados apontam como alternativas mais favoráveis, a muda com duas plântulas por célula e espaçamentos de 15 e 20 cm, para obtenção de plantas com ótima aparência visual e com altos valores de massa fresca. LITERATURA CITADA CAMARGO FILHO, W. P.; MAZZEI, A. R. Mercado de verduras: planejamento, estratégia e comercialização. Informações Econômicas, v. 31, n. 3, p. 45 - 54, 2001. FILGUEIRA, F.A.R. Novo manual de Olericultura. Agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. UFV. Universidade Federal de Viçosa. 2000. 402 p. TAKAOKA, M.; MINAMI, K. Efeito do espaçamento entre linhas sobre a produção de rúcula (Eruca sativa L.). O Solo, Piracicaba, v. 76, n. 2, p. 51 - 55, 1984. Tabela 1 Comprimento da parte aérea (cm) e número de folhas em função do espaçamento entre plantas e tipo de muda com duas ou quatro plântulas por célula no cultivo da rúcula. Ponta Grossa (PR). 2003 Comprimento da parte aérea (cm) N. de folhas Esp. entre Duas Quatro Média Duas Quatro plantas (cm) plântulas/célula plântulas/célula plântulas/célula plântulas/célula 5 28,06 24,62 26,34 a 10,61 A c 8,85 A a 10 26,17 25,26 25,72 a 12,70 A bc 9,36 B a 15 27,56 23,72 25,64 a 15,00 A ab 10,20 B a 20 25,57 24,53 25,99 a 16,02 A a 10,45 B a Média 27,09 A 24,53 B *Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem significativamente entre si no nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Tabela 2 Massa fresca e seca (g/planta) em função do espaçamento entre plantas e tipo de muda com duas ou quatro plântulas por célula no cultivo da rúcula. Ponta Grossa (PR). 2003 Massa fresca (g/planta) Massa seca (g/planta) Esp. entre plantas Duas Quatro Duas Quatro (cm) Plântulas/célula plântulas/célula plântulas/célula plântulascélula 5 17,67 A b 10,56 B b 1,31 A b 0,80 B b 10 22,80 A b 13,75 B ab 1,78 A b 0,97 B b 15 31,90 A a 15,62 B ab 2,47 A a 1,10 B ab 20 36,36 A a 18,37 B a 2,82 A a 1,46 B a *Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem significativamente entre si no nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Tabela 3 Rendimento em massa fresca (kg/m2) em função do espaçamento entre plantas e tipo de muda com duas ou quatro plântulas por célula no cultivo da rúcula. Ponta Grossa (PR). 2003 Espaçamento Duas Quatro entre plantas (cm) Plântulas por célula plântulas por célula Média 5 4,00 4,22 4,11 a 10 2,11 2,75 2,43 b 15 2,12 2,08 2,10 b 20 1,82 1,84 1,83 b Média 2,51 A 2,72 A *Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem significativamente entre si no nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.