TITULO: O GESTOR PÚBLICO FRENTE A SOCIEDADE DEMOCRÁTICA AUTOR: JOSÉ LUÍS BIZELLI END.: Av. Mauá, n691 CEP: 14.801-190 - Araraquara - SP TEI..: (0162) 36-4060 INSTITUIÇÃO INSTITUIÇÃO:UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA UNESP/Araraquara ROD.: Araraquara - Jaú, km 1 CAIXA POSTAL nº 174 CEP.: 14.800-901 - Araraquara - SP TEI..: (0162) 32-0444 / R: 118 - FAX (0162) 32-1362 RESUMO O trabalho que se segue procura, a partir do diagnóstico da sociedade brasileira e do Estado brasileiro contemporâneo, identificar novas habilidades indispensáveis ao gestor público que deve funcionar como canal de transmissão entre a sociedade civil e a máquina estatal. Se a democracia brasileira não mostrar capacidade para resolver os problemas sociais em que estão mergulhados amplos setores da população, expandindo as conquistas da cidadania e incorporando estes setores à sociedade civilizada, corremos o risco de inviabilizar a governabilidade do setor público nacional. O GESTOR PÚBLICO FRENTE À SOCIEDADE DEMOCRÁTICA AUTOR JOSÉ LUIS BIZELLI Mestre em Ciências Sociais AV. Mauá, n'691 TEI...:(0162) 36-4060 CEP: 14.801-190 - Araraquara - São Paulo INSTITUIÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA UNESP - FCL/ARARAQUARA O objetivo deste trabalho é analisar o momento por que passa a sociedade brasileira e contribuir para a discussão do papel do gestor (administrador) público frente aos desafios sócio-econômicos do Brasil dos anos 90. Embora recente, a democratização brasileira tem se defrontado com situações próprias de sociedades "excludentes", ou seja, agrupamentos sociais nos quais amplos setores da população vêem seus direitos à cidadania, garantidos em Carta Constitucional e negados no cotidiano vivido. Neste sentido é preciso que a democracia seja estendida para dentro do organismo estatal, abrindo caminho para a participação dos cidadãos na vida pública, absorvendo as demandas dos setores menos privilegiados que se não forem incorporados à vida civilizada colocarão em risco a própria governabilidade do sistema administrativo nacional . Para dar conta desta análise o texto está dividido em três partes. A primeira caracteriza os desafios herdados pela democracia brasileira. A segunda identifica o papel do setor público nesta nova sociedade democrática. E, finalmente, a última parte aponta para o papel público do homem que se encaminha para a tarefa de administrar a sociedade brasileira. A DEMOCRATIZAÇÃO BRASILEIRA E AS DEMANDAS SOCIAIS Os vinte e um anos de governos militares no Brasil legaram à Nova República. além de uma dívida externa e de uma dívida interna do setor público, uma imensa dívida social. O regime militar interrompeu o acesso às arenas decisórias através dos canais partidário-competitivos, substituindo o processo político pela repressão policial, e controlando tanto trabalhadores - fixando o "salário mínimo oficial" - quanto empresários - controlando preços e taxas de juros. Esta política global revelou-se altamente concentradora da renda nacional. provocando, contudo, em um primeiro momento, um rápido crescimento da economia brasileira apoiado na criação de um mercado interno relativamente estável e de grande potencial e em uma aguerrida política de exportações. Foi um lapso de tempo no qual conseguiu-se construir um Welfare State incompleto, alargando-se as medidas previdenciárias, legais e/ou segurítárias. necessárias à contenção de algumas demandas dos setores mais pauperizados da sociedade Os setores intermediários mais qualificados, vale lembrar, prescindiram desses mecanismos protetivos. graças à constituição e ampliação gradual das empresas de serviços previdenciários privados, habilmente interligadas ao sistema público-estatal. Houve, assim um momento em que se pensou que o capitalismo brasileiro seria capaz de ultrapassar etapas históricas a caminho da modernização de sua economia, de sua sociedade e do seu Estado. Anos 70 a dentro e vai-se evidenciando, a nível interno e externo, a fragilidade do modelo de modernização brasileiro, modelo autoritário e que lançara mão do endividamento externo para movimentar a economia. Por um lado, a crise do capitalismo mundial, evidente a partir de 1973, afetando as taxas de juros da dívida externa, e, por outro lado, a dupla dívida interna, social e monetária, patente entre 1976 e 1979, vão colocar em dúvida a capacidade do Estado autoritário brasileiro de oferecer uma alternativa viável para a sociedade brasileira. Sociedade esta que se vê cindida através de uma "lógica da exclusão". Uma sociedade e uma economia modernas, ajustadas a padrões técnico-científicos de produção e consumo próprios aos países avançados, convivendo com una sociedade econômica colocada à margem do progresso, aprofundando-se na miséria e na desesperança sociais. Não se trata de dois sistemas separados que disputam o mesmo espaço social, mas de uma sociedade 'excluída" que se constrói determinada e estruturalmente articulada a uma outra sociedade avançada, gerando um equilíbrio social instável. Neste contexto dilemático, o avanço rumo à democracia no Brasil convive com as causas da instabilidade, fruto de uma violência estrutural inerente a sistemas institucionais que operam na "lógica da exclusão" Políticos, policy makers e administradores públicos, encarregados de reorganizar o pais sob a égide democrática, receberam como herança uma agenda cheia de problemas a questão agrária e fundiária, o problema indígena e preservacionista frente à política de ocupação de fronteiras e territórios, as diferenças regionais, o desemprego, o desaquecirnento econômico, a inflação, a crise de governabilidade, a crise moral e a crise urbana. Os governos Sarney, Collor e Itamar não conseguiram mudar este quadro que vem mais e mais se agravando devido à pobreza. O empobrecimento da população vem pressionando a demanda por serviços públicos governamentais. Estes, por sua vez, têm encontrado menor fonte de financiamento devido as perdas financeiras provocadas pelas políticas contracionistas implementadas pelo governo federal. Em especial a saúde e a previdência social estão assolados por uma crise profunda Como agravante desta situação devemos considerar que as camadas médias urbanas que têm sofrido o processo de proletarização, conheceram no período anterior um melhor grau de escolaridade e de qualificação técnica, exigindo hoje um padrão diferenciado de serviços públicos para tentar barrar o seu empobrecimento. Os repasses financeiros da União para os estados e municípios, previstos na nova Constituição Brasileira, só sofreram aumento nominal. Na verdade tem havido um declínio real dos recursos de origem tributária o que tem comprometido os programas de municipalização principalmente na área da saúde, trazendo novos encargos para o município sem o correspondente repasse de recursos para que esta municipalização se dê. A maioria dos municípios paulistas, por exe mplo, quando dispõe de dinheiro, só consegue suprir o atendimento primário da saúde. A rede pública estadual na área da saúde, além de historicamente insuficiente para atender a demanda por serviços secundários e terciarios na área médica, vem sendo sobrecarregada conjunturalmente pela falência do sistema como um todo. O problema da saúde tem se tornado tão grave nos últimos anos que a própria rede assistencial privada e os serviços municipais de saúde pública, que recebiam subsídios do Governo Federal, foram violentamente descapitalizados. A rede particular se viu obrigada a diminuir a oferta de leitos conveniados e a privatizar todos estes serviços. Os municípios tiveram que diminuir mas áreas de atuação, achatar o salário do pessoal médico e paramédico e realocar recursos financeiros retirados de outros serviços prioritários, como por exemplo saneamento urbano, para manter seu atendimento médico. Com este quadro da saúde no Brasil não é de se estranhar o vulto que vem tomando os surtus epidêmicos como a dengue e o cólera, ao mesmo tempo que recrudescem as endemias como o equistosomose e a malária, como também avançam as novas doenças como a AIDS e as doenças ligadas à velhice. Ao mesmo tempo, os dados do Censo de 1991 apontam para o fato de que a transição demográfica brasileira parece estar se completando. A desaceleração nas taxas de crescimento populacional projetam transformações específicas no perfil da sociedade brasileira com um todo. Teremos, por exemplo, um número menor de crianças e jovens do que se esperava pelas projeções dos anos 70 e 80s e um número maior de população adulta e de idosos. A tendência apontada pelo Censo 91 de uma população de idade avançada maior, acoplada à crise no sistema previdenciário de aposentadoria e pensões tem obrigado o Estado e os municípios a adotar novos programas sociais para o setor, procurando compensar a pauperização brutal que assola a maioria de nossos velhos. A altíssima polaridade/polarização do padrão distributivo da renda brasileira acelerada por uma estagnação que, nos últimos 10 anos, só fez aumentar a concentração desta renda, por um lado, e a pauperização pelo outro - implicou em uma diversificação maior na cúpula da pirâmide social, enquanto a base da mesma sofria uma simplificação brutal. Este processo só foi possível porque houve tanto uma discrepância das hierarquias salariais nas estruturas organizacionais da indústria e do governo, como uma mudança dos padrões tecnológicos relacionados com as novas exigências da acumulação mundial e com a expansão do setor de serviços. Embora as faixas populacionais que ocupam a cúpula da pirâmide social sejam de difícil mensuração já que grande parte da economia brasileira é clandestina e que os setores de alta renda têm-se precavido das obrigações fiscais através da sonegação, do contrabando, do tráfico e das transferências de capital para o exterior - estima-se que estas faixas representem 5 a 10% do total da população brasileira, concentradas especialmente em cidades-pólo de diversas regiões. Apesar dessa população e das camadas afluentes a ela, terem um alto padrão privatista de consumo, mais e mais demandam aos gestores públicos novas exigências sociais. terciarização da medicina, educação universitária pública e gratuita, proteção e segurança social (física e do patrimônio) e aquelas exigências ligadas ao turismo, a cultura e ao lazer. Portanto, o setor público, em seus diferentes organismos, ao lado das demandas sociais das classes paupefizadas, sofre pressões de grupos poderosos que querem ver atendidos os seus interesses específicos nas arenas governamentais de decisão. O PAPEL DO SETOR PÚBLICO ESTATAL Ao pensarmos o Estado como um sistema de recursos limitados, é possível caracterizar seu papel frente às questões postas pela cidadania ou aquelas referentes à exclusão social. A integração do sistema social como um todo se faz através de um conjunto de estruturas normativas que garantem um certo controle sobre a totalidade. Se estas estruturas forem danificadas, de forma que a identidade social se sinta ameaçada, a sociedade se enfraquece. Da perspectiva do social há que se considerar as estruturas, os valores e as instituições normativas configurando a própria sociedade, na qual os componentes não normativos do sistema servem como limitantes . Para o sistema político, enquanto sistema de controle de uma certa sociedade, as estruturas normativas que o governam são as instituições políticas, principalmente o Estado, sendo seu substrato limitante a distribuição do poder legítimo, da força estrutural, e a racionalidade organizacional disponível. A atividade de controle do Estado - representado pelas diversas esferas da administração pública deveria pacificar o conflito social, gerado pela desigualdade verticalizada transformando-o em uma coexistência de diversas 'situações de grupos", nas quais as disputas distributivas atravessem as classes. Como observa Claus Offe (Offe, 1984), o aparelho do Estado deve possuir uma seletividade que decante os "interesses de classe", transformando-os em uma política pluralista de interesses, escolhendo e selecionando os mais compatíveis com a manutenção do sistema como um todo. Atuando desta forma o Estado politiza as disputas sociais e amplia as tarefas da administração pública. Passam à administração as tarefas de obter consenso e harmonizar interesses, abrandando, pela negociação, a competição que se desenvolve entre os grupos antagônicos com poder de veto e pressão nas arenas decisórias, entre suas clientelas e entre os próprios membros das burocracias administrativas. Assim a politização da administração não reflete a incorporação de novas estruturas normativas, mas sim o abandono destas estruturas para buscar formas outras de legitimação. Essa erosão da ordem legal-institucional, em sua capacidade administrativas, é particularmente acentuada no Brasil por dois motivos. de programação das atividades Em primeiro lugar, não podemos esquecer que o modelo de desenvolvimento econômico brasileiro tinha no Estado, nas tecno-burocracias estatais, o agente modernizador ou impulsionador do crescimento econômico. A forma centralizada de tomada de decisões nas arenas públicas enfraqueceu a organização da sociedade civil e dos movimentos sociais, fechando canais à participação mais direta dos atores populares. Em segundo lugar, a crise econômica das últimas décadas apresentou-se como uma crise do Estado planejador, ao mesmo tempo que os processos de democratização em curso, não apontaram soluções para os problemas relativos à miséria na qual estão jogadas populações inteiras. Assim, a privatização do setor público segundo o interesse de grupos econômicos consolidados, encontrou uma sociedade civil desorganizada, despreparada para fazer frente a estas elites. Isto tem agravado a crise brasileira. A partir destas considerações fica caracterizado o papel do Estado frente as questões da distribuição da cidadania, ou seja, o papel do Estado enquanto agente da seletividade política, filtro institucional, que responde pela não incorporação à cidadania social de amplos segmentos sociais. Esta lógica de intervenção do Estado brasileiro, filtrando interesses, garantiu um crescimento econômico acelerado enquanto impedia a maioria da população de usufruir do resultado deste desenvolvimento. A partir da metade dos anos 80, quando se retoma o caminho democrático, o Brasil se vê atolado em uma profunda crise econômica. Portanto, a questão que se coloca neste momento é a de se encontrar uma fórmula que procure resgatar a dívida social com os excluídos sem criar obstáculos aos investimentos produtivos, geradores de empregos, consolidando a democracia. O primeiro esforço de reconstrução de alianças e compromissos se dá justamente no campo jurídiconormativo com a promulgação em 1988 da nova Constituição. A sociedade civil recérn-libertada dó jugo militar procurou se organizar e consagrou várias conquistas no texto constitucional. Garantias relativas aos direitos humanos se efetivaram e ao mesmo tempo se procurou um maior equilíbrio entre os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Este último é o que, na prática, tem conquistado maior prestígio, transformando-se em importante organismo da arena regulatória do sistema político brasileiro, papel cumprido no regime anterior pelos militares. Estes por sua vez retomaram à caserna, ainda que alguns permaneçam em setores estatais e no comando de projetos estratégicos, como no programa nuclear, por exemplo. O processo constituinte avançou não somente pelo seu resultado formal, a Carta, mas porque desencadeou um movimento de organização de interesses, aumentando a capacidade de absorção do Estado frente a estes interesses, aumentando a porosidade do Estado, permitindo a introdução de maior número de demandas organizadas nas arenas decisórias.(1) Estes avanços não significam que o passado autoritário da sociedade brasileira foi apagado pela nova Constituição e pela democratização recente, já que como observa Paixão (1988) muito pouco se alteraram os padrões de vigilância e controle do Estado brasileiro que se não age diretamente na eliminação de setores sociais, deixando de agir não dá chance dos pobres terem acesso à lei, que está sempre distante e hostil (Paixão, 1988). A DEMOCRACIA COMO DESAFIO E O PAPEL DO HOMEM PÚBLICO. Passados mais de dois séculos da morte de Rousseau, a problemática por ele proposta (Rousseau, 1973), parece estar contemplada pela modernidade: se os homens nascem livres e iguais por que nós os encontramos acorrentados e largados na miséria? Que tipo de contrato é este que estabelecemos entre nós que legitima esta situação? Responder estas questões dentro da ordem constitucional é o desafio maior por que passa a administração pública brasileira contemporânea. O próprio Rousseau reconhecia os obstáculos á realização da Lei em sociedades nas quais houvesse um grupo de cidadãos capazes de comprar um outro grupo que por sua condição social tivesse que se vender. Portanto, a governabilidade - que nada mais é do que a capacidade do Estado de controlar a sua máquina administrativa e relacionar-se de forma tolerável, com a sociedade - só poderá ser recuperada através de um setor público preparado para assumir a sua capacidade de controle social. Nos nossos dias, quem advoga o controle ainda é suspeito de estar contra os oprimidos. (Martins, 1988) Do ponto de vista democrático, porém, tal argumento é inaceitável! Na democracia, o poder soberano se encaminha para as mãos dos segmentos organizados da população e são estes que exercem o controle. Portanto o controle é questão relevante e legítima. No momento em se forma a convicção de que a democracia é preferível à qualquer forma de ditadura (mesmo à ditadura do proletariado) o tema da administração do setor público deixa de ser uma preocupação de atores reacionários/conservadores e deveria ser tema explícito no discurso dos políticos. Como pode manter-se dentro dos limites de governabilidade a relação Estado/Sociedade? É visível que a sociedade civil tem um volume de demandas que espera ver satisfeitas pelas políticas públicas. Por outro lado, os gestores possuem uma capacidade restrita para a satisfação destas demandas e também uma capacidade restrita de lidar com estas pressões. Portanto existe um limite da tensão na relação administradores públicos população até o qual as regras do jogo se mantém, até o qual a democracia se mantém democracia, entendida como um regime de competição interpartidária, com canais de acesso à representação de grupos organizados, com meios de comunicação em livre funcionamento e garantias mínimas de participação compondo um pluralismo social. Frente a estas operações, o controle não deve ser confundido com opressão, mas, justamente nas situações sob controle é, que os direitos são garantidos e as liberdades respeitadas, ou seja, só para frisar, é na ditadura que não há possibilidade de controle, pois os direitos são suspensos e as liberdades desrespeitadas. A falta de controle (indicando os limites de nossos direitos) ou o excesso de controle (proibindo e tirando a liberdade) gera a insegurança a que se referia Hobbes para quem a solução estava no grande Leviatã. O controle depende, assim de um equilíbrio que não é conseguido em situações nas quais um único termo controla e o outro é sempre controlado. É neste contexto que a gestão pública pode ser retomada como instrumento imprescindível para a recuperação da governabilidade. A discussão sobre a possibilidade da manutenção de níveis satisfatórios de governabilidade não deve se restringir a acordos instáveis entre partidos que se predisponham a formar blocos de apoio ao governo. E necessário retomar o debate sobre os controles que possam se estabelecer na combinação Estado e Sociedade para que as partes recuperem sua confiança em si e em seus parceiros. A administração pública deve coadunar-se com o exercício do controle. Diferentemente daquele exercido no período autoritário, que excluía os cidadãos das arenas decisórias, o setor público deve estar permeado de canais que possibilitem o controle da sociedade sobre o Estado e deste sobre os interesses privados. Porém, a administração pública pensada dessa forma exige também um perfil mais abrangente do administrador. Os administradores que participarem desse exercício - seja em equipes com outros profissionais especializados, seja, muitas vezes, em determinados níveis de decisão, como responsável particulares pelo ato de decidir a política a ser implementada necessitarão repensar a sua formação enquanto homens públicos, não neutros, já que comprometidos com as regras do jogo democrático. É claro que este profissional deverá buscar uma formação na qual possa sedimentar os movimentos contemporâneos da economia nacional, o conhecimento profundo do funcionamento das burocracias públicas, a organização institucional e jurídica da sociedade, bem como os sistemas políticos que permeam a formação social. Através de um instrumental adequado à tarefa de administrar com um compromisso frente às regras do jogo democrático, lembrando que a única garantia de que nossas ações se tornem políticas efetivas é ter setores organizados da sociedade pressionando seus representantes, o profissional administrador público estará preparado para enfrentar, com criatividade, os desafios da sociedade brasileira. NOTA: 1 - Sobre a prioridade do Estado e a organização de interesses no processo de democratização na América Latina veja "Dernocracy and Instability in South América: the Settlement of a New Paradigm? (Bizelli, 1994). BIBLIOGRAFIA BIZELLI, J. L. (1994) "Democracy and Instability in South America: the setdement of a newparadígm?" - Paper submitted to the XVIII International Congress of LASA. Atlanta, GE, USA, March 94. MARTINS, C. E. (1988) "Sobre a Governabilídade". - In Revista São Paulo em Perspectiva vol. 2, nº 1, São Paulo, Fundação Seade, p. 10 a 17 OFFE, C. (1984) "Dominação de Classe e Sistema Político sobre a seletividade das instituições políticas " ' ln: Problemas Estruturais do Estado Capitalista. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, p. 140 a 177. PAIXÃO, A. L. (1988) 'Crime, controle social e consolidação da democracias In: REIS, F. W. e O’ DONNELL, G. (1988) A democracia no Brasil: dilemas e perspectivas. São Paulo, Vértice, p. 168 a 199. ROUSSEAU, J.J. (1973) Do Contrato Social. São Paulo, Abril Cultural.