GESTÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO NOS HOSPITAIS Euda Batista de Barros1 Edna Slob2 RESUMO O presente artigo tem como objetivo refletir sobre os conceitos, dilemas e condutas que embasam o cuidado humanizado, enfocando o discurso e a prática efetiva, fomentada pela Política Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH). O objetivo do programa é a capacitação dos trabalhadores em lidar com as dimensões psicossociais dos usuários e seus familiares. A humanização esta expressa numa fragilidade e imprecisão de ações e conceitos, seu sentido esta ligado ao voluntarismo, assistencialismo, paternalismo, e inserido ao tecnicismo de um gerenciamento alimentado numa racionalidade administrativa e na qualidade total. É necessário que se dê direção a um processo de mudança que responda aos desejos dos usuários e trabalhadores de saúde, há um enfrentamento imposto na humanização de dois desafios: conceitual e metodológico. Trata-se de um estudo bibliográfico, para a construção deste estudo realizou-se uma busca por artigos científicos, utilizando a base de dados SciELO, Lilacs, Biblioteca Virtual de Saúde e Google acadêmico, utilizando os seguintes descritores: Humanização, Política Nacional de Humanização e Humanização Hospitalar. Optou-se por utilizar como material apenas artigo científico por considerar a acessibilidade deste tipo de publicação para os profissionais de saúde. Ao final do levantamento obteve-se um total de 35 artigos sendo que, destes, apenas 26 foram analisados, por satisfazerem o critério de inclusão, ou seja, abordar a temática “Política Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar”. PALAVRAS- CHAVE: Humanização; Política Nacional de Humanização, Humanização Hospitalar. 1 Euda Batista de Barros - Graduada em Ciências Contábeis pelo Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos- Faserra/ ES. 2 Edna Slob – Enfermagem e Obstetrícia UFPR, especialista em Metodologia da Ciência e Magistério Superior, Auditoria de Qualidade e Orientadora de TCC da Faculdade internacional de Curitiba – FATEC/FACINTER 2 1 INTRODUÇÃO O Programa Nacional de Humanização da Atenção Hospitalar (PNHAH) iniciou ações em hospitais com a finalidade de criar comitês de humanização voltados para a melhoria na qualidade da assistência prestada ao usuário e conseqüentemente ao trabalhador. Estas iniciativas estavam inseridas num cenário ambíguo em que havia uma reivindicação de atendimento humanizado por parte dos usuários e alguns trabalhadores, e secundarizada e às vezes banalizadas pela maioria dos gestores e alguns trabalhadores (BENEVIDES; PASSOS, 2005). Havia uma urgência em se encontrar outras respostas a crise da saúde pautadas em discursos que identificavam a falência do modelo do SUS. Os usuários reivindicavam o direito ao acolhimento com resolutividade e os profissionais lutavam por melhores condições de trabalho. Por outro lado havia uma critica as propostas humanizantes no campo da saúde que apontavam que as iniciativas em cursos, se reduziam as alterações que não chegavam efetivamente a colocar em questão os modelos de atenção e de gestão instituídos (BENEVIDES; PASSOS, 2005). Além do PNHAH algumas outras ações e programas foram instituídos pelo Ministério da Saúde nos anos de 1999 e 2002 com a finalidade da busca de qualidade e satisfação do usuário. Dentre estes programas podemos destacar a instauração da Carta do Usuário (1999); Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares -PNASH (1999); Programa de Acreditação Hospitalar (2001); Programa Centros Colaboradores para a Qualidade e Assistência Hospitalar (2000); Programa de Modernização Gerencial dos Grandes Estabelecimentos de Saúde (1999); Programa de Humanização no Pré- Natal e Nascimento (2000); Norma de atenção Humanizada de RecémNascido de Baixo Peso- Método Canguru (2000). Estes programas acompanham uma tênue relação que vai se estabelecendo entre humanização e qualidade, mesmo que a palavra humanização não esteja inserida em todos os programas existe o foco entre eles relacionado à atenção e satisfação dos usuários (BENEVIDES; PASSOS, 2005). 3 O objetivo deste trabalho é Abordar o programa nacional de humanização da assistência hospitalar e tecer reflexões sobre essa proposta e a questão da humanização na assistência à saúde no Brasil atual. Embora várias pesquisas3 contemplem os programas de humanização e a implantação dos dispositivos da Política Nacional de Humanização, o movimento rumo a seu alcance ainda é objeto de estudo. De acordo com Gonçalves (1983) apud Fagundes (2007), “as funções de qualquer instituição são definidas a partir de sua conceituação e da clara determinação de seus objetivos”. O hospital é considerado uma instituição complexa, onde o poder e o conflito estão presentes. Nesta organização as atividades são ininterruptas, diferenciadas em turnos e dias da semana. Os instrumentos de trabalho não compõem somente as instalações e os equipamentos, mas envolvem vários saberes diferenciados nas equipes de saúde. O trabalho destinado ao público reflete as necessidades do processo de produção e as formas de organização e vida na sociedade (FAGUNDES, 2007). Após a implantação do Sistema Único de Saúde a utilização dos serviços e o atendimento hospitalar aumentaram consideravelmente, o hospital passou a representar para a população o local capaz de conciliar e resolver todos os problemas de saúde. O modelo técnico- assistencial é representado por uma pirâmide na implantação do SUS. Na base desta pirâmide estão localizadas as unidades de saúde responsáveis pela atenção primária a grupos da população na sua área de cobertura. A parte intermediaria esta representada pelos serviços ambulatoriais, onde se concentra a atenção secundária, apoio diagnóstico e terapêutico e alguns serviços de atendimento a urgência e emergência. O extremo superior estaria composto o hospital ocupado pelos serviços de maior complexidade (PUCCINI; CECILIO, 2004). 3 Reis e Patrício (2005); Dias e Domingues (2005); Morsch e Delamonica (2005); Lamego, Deslandes e Moreira (2005); Lamy et al (2005); Diniz (2005), entre outros. 4 O que se observa é a migração maciça da população para o ápice da pirâmide. O que torna o objeto de estudo relevante, uma vez que as praticas de saúde e a grande demanda e a complexidade da instituição tornam o hospital onde todos os dispositivos da Política Nacional de Humanização podem ser implantados. Faz-se necessária uma análise, ainda que provisória, da dinâmica institucional e dos diversos aspectos da micro política do processo de trabalho nos hospitais. O que, em verdade, estaria contribuindo para a desumanização das práticas assistenciais? Se há práticas desumanizadoras, que lógica as incorpora? O desafio está em pensar as possibilidades de melhoria efetiva e ações concretas de humanização. Um aspecto crucial para a humanização do atendimento entendido como processo, diz respeito aos mecanismos de gestão dos hospitais: há muito se sabe que a gestão hospitalar necessita de novos caminhos, e vários esforços têm sido realizados neste sentido. Dentre os vários matizes de gestão, variáveis de hospital para hospital, as equipes intervenientes depararam-se com uma estrutura altamente verticalizada, submetida a uma racionalidade gerencial burocrática e formalista (CARNEIRO; MACEDO, 2007). Este estudo foi realizado através de pesquisa bibliográfica, que segundo Lakatos e Marconi (2001) é um tipo de pesquisa que abrange grande parte da bibliografia publicada acerca de um tema que compreende publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, tese e materiais cartográficos. De acordo com Andrade (1997), a pesquisa bibliográfica pode ser desenvolvida como um trabalho em si mesmo ou constituir-se numa etapa de elaboração de monografias, dissertações, etc. A pesquisa bibliográfica compreende varias fases, que vão desde a escolha do tema à redação final. A escolha do tema é de suma importância e deve seguir alguns critérios, como a acessibilidade a uma bibliografia sobre o assunto, a relevância, a possibilidade de desenvolver bem o assunto, delimitando o tema, definindo sua extensão e profundidade e o tipo de abordagem. De posse do tema, deve-se procurar na biblioteca, através de 5 fichários, catálogos, abstracts, uma bibliografia sobre o assunto, que fornecerá os dados essenciais para a elaboração do trabalho (ANDRADE, 1997). A pesquisa bibliográfica é importante, pois possibilita o conhecimento do que já foi desenvolvido por outros pesquisadores, contribuindo em muitos sentidos para a definição dos objetivos do trabalho, construções teóricas, planejamento da pesquisa, comparações e validações. O principal objetivo de uma revisão bibliográfica é reunir idéias oriundas de diferentes fontes, visando construir uma nova teoria ou uma nova forma de apresentação para um assunto já conhecido. Os tipos básicos de composição são: reunir idéias comuns, conectar idéias complementares entre si, comparar idéias divergentes ou opostas (RIBEIRO, 2007). Para a construção deste estudo realizou-se uma busca por artigos científicos, utilizando a base de dados SciELO, Lilacs, Biblioteca Virtual de Saúde e Google acadêmico, utilizando os seguintes descritores: Humanização, Política Nacional de Humanização e Humanização Hospitalar. Optou-se por utilizar como material apenas artigo científico por considerar a acessibilidade deste tipo de publicação para os profissionais de saúde. Ao final do levantamento obteve-se um total de 35 artigos sendo que, destes, apenas 26 foram analisados, por satisfazerem o critério de inclusão, ou seja, abordar a temática “Política Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar”. Procedeu-se, então, à análise do material, seguindo-se as etapas: leitura exploratória, a fim de conhecer todo o material; leitura seletiva, através da qual foram selecionados os artigos pertinentes aos propósitos da pesquisa; leitura analítica dos textos, momento de apreciação e julgamento das informações, evidenciando-se os principais aspectos abordados sobre o tema. 2 DESENVOLVIMENTO A Política Nacional de Humanização (PNH) foi formulada e lançada pelo Ministério da Saúde em 2003 que promoveu propostas de mudanças dos modelos de gestão e de atenção no cotidiano dos serviços de saúde. Considerando que humanização compreende a produção dos sujeitos no 6 processo de trabalho, a Política Nacional de Humanização ( PNH )se ajusta em quatro eixos estruturantes e intercessores:atenção,gestão,formação e comunicação (MORI; OLIVEIRA, 2009). A operacionalização do Sistema Único de Saúde exige planejamento e articulação entre gestores, municípios e estados onde a meta é o atendimento humanizado. A proposta de um tratamento direcionado e especialmente aplicado a necessidade de cada cidadão tem sido a busca incansável dos serviços públicos de saúde, por esta visão toda parte envolvida nesse processo enfrenta uma dupla tarefa: analisar a realidade do sistema de saúde e a cobrança da participação de cada instituição em criar soluções pra enfrentamento dos desafios em aperfeiçoar as oportunidades, meio a situação em desenvolvimento não se pode preconizar a participação do cidadão que tem seu direito garantido pela Lei 8.080 artigo segundo parágrafo primeiro de 19 de setembro de 1990 que determinou a criação de Comissões intersetoriais subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde (CNS), que nada mais é que a garantia do que ratificar o que já era garantido pela Constituição de 1988. da Competência da União da Constituição da Republica Federativa do Brasil capítulo segundo artigo vinte e três inciso II datada de 5 de setembro de 1988. O humanizaSus, política de humanização do Sistema Único de saúde (SUS).2003 aposta que é possível construir vínculos entre diversos profissionais nas equipes e com usuários para produzir graus crescentes de autonomia e por que não dizer coresponsabilidade, esta política aparece atrelada ao compromisso de uma efetivação real do sistema único de saúde, partindo do pensamento que “ SUS que dá certo, foi realmente certeiro. O modo de gestão da Política Nacional de Humanização (PNH) é centralizado no trabalho em equipe, na construção coletiva, ou seja, quem cria o planejamento executa a tarefa, na realidade ainda pode não funcionar totalmente desta forma, entretanto não há outro caminho, só quem lida o dia a dia conhece o que pode ou não ser realizado, nem sempre se pode alcançar os objetivos ou metas se não houver as condições físicas, econômicas e financeira para tal , por isto a importância da participação do cidadão, ele 7 expõe suas queixas, o profissional em saúde conhece suas necessidades e o sistema a obrigatoriedade em cumprir o que determina a Lei. No eixo da gestão estão incluídas ações que buscam articular a Política Nacional de Humanização (PNH) com áreas do Ministério da Saúde (MS) e com as demais esferas do SUS (Sistema Único de Saúde). Destaca-se neste eixo o apoio institucional, tendo como foco a gestão do processo de produção de saúde, base estruturante da PNH. Segundo Campos (2003): Articular os objetivos institucionais aos saberes e interesses dos trabalhadores e usuários. Indica uma pressão de fora, implica trazer algo externo ao grupo que opera os processos de trabalho ou que recebem bens ou serviços. Quem apóia sustenta e empurra o outro sendo, em decorrência, também sustentado e empurrado pela equipe “objeto” da intervenção. Tudo misturado e ao mesmo tempo (Campos, 2003, p.87). O final da década de 90 foi marcado pela ampliação de proposições políticas governamentais referentes à humanização na atenção a saúde. O Programa Nacional de Humanização propõe um conjunto de ações integradas objetivando alterações dos padrões de assistência aos usuários no ambiente hospitalar público (FORTES 2004). O programa enfocava a necessidade de transformações cultural no ambiente hospitalar, orientada no atendimento humanizado ao usuário, resultando assim na melhoria da qualidade da assistência prestada ao usuário. As relações humanas que caracterizam o atendimento à saúde, era expresso com a agregação à eficiência técnica e científica numa ética que respeite e leva em consideração a particularidade de cada individuo, levando em conta as necessidades do usuário e do profissional, acolhendo o desconhecido e aceitando os limites de cada situação (FORTES 2004). O programa incorporou a preocupação com a valorização, a capacitação, e o desenvolvimento dos trabalhadores dos setores da saúde, em relação às propostas de direitos dos usuários. As políticas de saúde devem oferecer condições necessárias para a execução de tarefas do cotidiano e criar 8 condições para que aqueles que cuidam possam também ter suas necessidades satisfeitas (FORTES 2004). O objetivo do programa é a capacitação dos trabalhadores em lidar com as dimensões psicossociais dos usuários e seus familiares. Através do estimulo de trabalho multiprofissional, sendo entendido que esta é uma das condições indispensáveis para a eficácia da pratica humanizada, devido à exarcebada tecnificação e especialização dos atos realizados por profissionais de saúde e o surgimento de novas formas de organização do trabalho resultando no afastamento progressivo dos profissionais de saúde em relação aos usuários sob sua responsabilidade, diminuindo assim o vinculo nas relações, tornandoas mais distantes, impessoais e despersonalizadas (FORTES 2004). O PNH surge como uma tentativa de enfrentar os problemas relacionados à má qualidade nas várias áreas do atendimento hospitalar, focando as necessidades dos usuários e dos profissionais. Incentivando o acolhimento das pessoas, promovendo uma cultura de valorização e respeito no cuidado aos usuários e a ampliação da qualidade técnica da assistência (ANDRADE, 2005). Dentre as ações contidas no PNH estão à avaliação periódica da satisfação dos usuários e dos profissionais envolvendo três aspectos fundamentais: a permanente capacitação dos profissionais de saúde e a criação de condições para a sua participação na identificação das melhorias necessárias a sua condição de trabalho, a participação ativa dos usuários na avaliação da qualidade dos serviços, e a participação da comunidade organizada como parceria dos agentes públicos em ações de apoio e acompanhamento dos serviços (ANDRADE, 2005). A saúde como direito social é a mudança fundamental anunciada pelo SUS. No entanto essa reconstrução do sistema de saúde não é uma tarefa fácil, pois vai além do questionamento conceitual interno da área, restrito apenas aos seus técnicos e profissionais, portanto para a sua consolidação torna-se necessário a criação de formas que materializem social e politicamente uma ação cuidadora integral, como direito de cidadania (PUCCINI; CECILIO, 2004). 9 A humanização pode ser compreendida como a democratização das relações entre os trabalhadores, usuários e gestores. A Política Nacional de Humanização (Humaniza/SUS) é entendida como um modelo de produção de cuidado com maior resolutividade e como foco central na comunicação e troca de informações entre os saberes, diálogo, escuta e decisões compartilhadas entre trabalhadores, gestores e usuários (KLOCK et al., 2006). De acordo com Deslandes (2005), o conceito de humanização da assistência precisa ser mais elaborado e deve estar em consonância com as diretrizes do trabalho em saúde envolvendo os trabalhadores, gestores e usuários. A humanização deve reconhecer a subjetividade do trabalhador permitindo a expressão de sua potencialidade e não pode estar vinculada apenas à qualidade do serviço prestado. Se ainda não é possível identificar com precisão o conceito de humanização, os artigos produzidos na ultima década trazem a reflexão sobre a humanização do cuidado em saúde, evidenciado a força propulsora, dinamizadora e revolucionária do cuidado no processo de saúde, mesmo contendo desafios e contradições (KLOCK et al., 2006). Entende-se como humanização: A valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Os valores que norteiam esta política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a coresponsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão (BRASIL, 2004, p. 05). Dois desafios são impostos na humanização, o desafio conceitual e o metodológico. Para tanto se faz necessário a redefinição do conceito a partir do reencantamento do concreto, para que a humanização possa ser percebida como estratégias de intervenção nas práticas locais mobilizadoras, transformando realidades e sujeitos envolvidos. É a alteração no modo de fazer, trabalhar e produzir saúde, ou seja, é a sintonia entre o modo de fazer e como se deve fazer. Necessita da inseparabilidade da produção dos processos 10 e mudanças dos sujeitos envolvidos com a produção em saúde (BARROS; PASSOS, 2005). O tema humanização não apareceu pela primeira vez no Ministério da Saúde como a proposta do PNHAH (Política Nacional de Humanização e Assistência Hospitalar). Já existiam iniciativas de humanização ao parto, da saúde da criança e como tema da 11ª Conferência Nacional de Saúde. Os Hospitais que participaram deste programa eram vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) sendo esses hospitais universitários, estaduais ou filantrópicos. Foram privilegiados aspectos importantes no cuidado com os pacientes e trabalhadores. Entretanto a Política Nacional de Humanização (PNH) traz uma ampliação desse debate, aliando a discussão como uma análise do processo de trabalho (ARCHANJO, 2010). As questões apontadas pelo programa indicam desafios importantes na implantação dos grupos de trabalho da humanização. Apesar das mudanças propostas pela PNH, de indissocibilidade entre atenção e gestão e inclusão da discussão dos processos de trabalho na temática da humanização, esse desafio foi se constituindo como prioridade. A PNH, então, como política pública privilegia a experiência do dia a dia dos serviços destacando a valorização do trabalho e do trabalhador, ampliação da clínica, fomento de rede, ampliação do grau de transversalidade, dentre outros (ARCHANJO, 2010). A implantação do PNHAH envolveu o Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e entidades da sociedade civil, prevendo a participação de gestores, profissionais de saúde e comunidade. Embora a assistência à saúde não esteja centrada no hospital, é nesse espaço que se percebe a desumanização do cuidado com o outro. Ainda que haja filas nos serviços públicos ambulatoriais, o ser humano quando necessita de hospitalização já se encontra fragilizado pelo processo de adoecimento e se agrava com a falta de humanização da assistência no ambiente hospitalar (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006). O PNHAH tem como objetivo a oferta de um tratamento digno, solidário e acolhedor por parte dos que atendem o usuário, não apenas como direito, 11 mas como etapa fundamental na conquista da cidadania. Para os profissionais significa o resgate do verdadeiro sentido de suas práticas, sentido e valor de atuar numa organização de saúde. Não há humanização sem a realização pessoal e profissional dos que a fazem. A humanização é um projeto coletivo em que toda organização se reconheça e se valorize. O objetivo principal é o resgate das relações entre profissionais de saúde e usuários, dos profissionais entre si, da instituição com os profissionais e do hospital com a comunidade (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006). Os multiplicadores do programa de humanização têm como função a criação de um Grupo de Trabalho de Humanização em cada um dos hospitais, constituído por lideranças representativas do coletivo de profissionais, cujas tarefas são: difundir os benefícios da assistência humanizada; pesquisar e levantar os pontos críticos do funcionamento da instituição; propor uma agenda de mudanças que possa beneficiar os usuários e os profissionais de saúde; divulgar e fortalecer as iniciativas humanizadoras já existentes; melhorar a comunicação e a integração do hospital com a comunidade de usuários (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006 p 7). Segundo Deslandes (2004), embora a humanização da assistência constitua o alicerce de um conjunto de iniciativas, a humanização da assistência ainda carece de uma definição mais clara, em conformidade com uma diretriz de trabalho, um movimento de parcela dos profissionais e gestores do que um aporte teórico e prático. O tema humanização aparece em vários contextos no processo de construção do Sistema Único de saúde (SUS) e mesmo antes da constituição da PNH, em 2003, ligados a busca de melhoria na qualidade da atenção ao usuário e aos trabalhadores da saúde (SOUZA; MENDES, 2009). A reivindicação dos usuários pode ser sintetizada pela necessidade de qualificação e de ampliação do acolhimento da disponibilidade e resolutividade dos serviços. Em contra partida os trabalhadores ou parte deles desejam melhores condições de trabalho e de formação, para lidar satisfatoriamente com a intensidade causada pelo impacto que o cotidiano traz nas questões que norteiam a doença e o sofrimento, e os desafios impostos na assistência nas 12 perspectivas da universalidade, da integralidade e da equidade da atenção à saúde, preconizadas pelo SUS. Entretanto em sua maioria essas iniciativas eram pontuais e localizadas e se estruturavam a partir de conceitos variados e enfoques específicos, embora certas iniciativas fossem relevantes, a fragmentação e a disparidade de perspectivas, a fragilidade conceitual e metodológica de determinadas ações buscavam outras saídas para os problemas no campo da saúde, atenção a saúde, usuários e trabalhadores (SOUZA; MENDES, 2009). Podemos dizer que o estabelecimento da PNH pelo Ministério da Saúde procura confrontar tendências arraigadas em políticas e serviços de saúde. Para que esses objetivos sejam atingidos requerem mais do que mudanças e/ou aprimoramentos técnicos e procedimentais para serem assimilados, há de se buscar apropriação dos processos de trabalho, por gestores, profissionais e usuários, tendo como base uma ética de implicação na produção dos saberes, das relações e práticas no campo da saúde, por meio de comunicação eficaz, colaboração e compartilhamento nas diferentes ações e instâncias gestoras do SUS. A partir dos anos 1960 as noções de humanismo na área de saúde, marcaram movimentos no Brasil pautados pela luta legitima em defesa da igualdade de direitos para grupos discriminados, por exemplo, e pelo acesso a serviços de saúde mais dignos, essas características eram relacionadas em alguma medida ao humanismo moderno, o que facilitou a sua sobrecodificação e naturalização pelo discurso tecnológico e burocrático, entretanto torna-se compreensível que alguns profissionais em uma primeira aproximação olhem com reserva para a PNH, ao menos para os sentidos que o termo humanização pode reproduzir (SOUZA; MENDES, 2009). È nesse sentido que a humanização não pode ser pensada a partir de uma concepção estatística ou de distribuição da população em torno de um ponto de concentração normal (moda). O que queremos defender é que o humano pode ser buscado ali onde se define a maior incidência dos casos ou onde a curva normal atinge sua cúspide: o homem normal ou o homem- figura-ideal, metro-padrão que não coincide com nenhuma existência concreta (BENEVIDES, PASSOS, 2005, P.91). 13 É importante ressaltar que o projeto de humanização articula a troca de experiência entre os gestores e os trabalhadores do SUS, possibilitando novos saberes favorecendo a atenção aos usuários. Essa concepção deve ser entendida como uma mudança no cotidiano da saúde e não, simplesmente como mais um programa a ser aplicado no SUS. A política de humanização também pode ser definida como um aumento de co- responsabilidade dos diferentes grupos que estão inseridos na rede do SUS. Isto implica na mudança de valores, crenças e culturas voltadas para os usuários e seus familiares que buscam a política de saúde e são participantes do conceito do contexto de novas ações como co-gestores nos processos de trabalho. Uma das dimensões da humanização é a troca de saberes entre familiares, pacientes e profissionais para a construção coletiva de resolução de problemas e propositores de mudanças. Portanto os sujeitos sociais quando mobilizados tem o poder de transformar a realidade (ALEXANDRE, 2007). Segundo Passos (2003, p.6), a humanização significa que: O paciente não é uma doença ou um paciente apenas, é acima de tudo um ser humano, um indivíduo, que tem família, planos, sonhos e sofre por extraído de uma hora para outra de sua vida e de sua rotina pessoal, tornando-se vulnerável a uma doença. Para que haja mudanças no atendimento na área hospitalar e possa responder aos anseios dos usuários e profissionais, a humanização deve contar com o apoio e o incentivo do gestor da saúde. A implantação da política de humanização nesta perspectiva implica em mudanças nas ações, inclusive dos servidores públicos, determinantes na transformação das próprias práticas de saúde (ALEXANDRE, 2007). 2.1 PRINCIPAIS DESAFIOS A humanização esta expressa numa fragilidade e imprecisão de ações e conceitos, seu sentido esta ligado ao voluntarismo, assistencialismo, paternalismo, e inserido ao tecnicismo de um gerenciamento alimentado numa racionalidade administrativa e na qualidade total. É necessário que se dê direção a um processo de mudança que responda aos desejos dos usuários e 14 trabalhadores de saúde, há um enfrentamento imposto na humanização de dois desafios: conceitual e metodológico (BENEVIDES; PASSOS, 2005). São inúmeras as possibilidades de discussão acerca dos problemas relacionados à implantação da humanização nos serviços de saúde e o trabalho da equipe multiprofissional envolvidos na tarefa de cuidar. Houve um avanço quanto ao formato do trabalho, tendo a equipe multiprofissional atuante nos serviços de saúde, entretanto ainda existem limitações intrínsecas a esta tarefa. A humanização sinaliza aspectos importantes no que tange as melhorias das condições de trabalho na área de saúde e a participação de uma equipe multiprofissional envolvida na tarefa de resolução de problemas a fim de se alcançar maior eficiência na abordagem aos indivíduos doentes. Porém este modelo traz consigo uma enorme idiossincrasia, uma vez que o formato do trabalho em saúde é cercado por conflitos e tensões, pois o trabalho em equipe é permeado pelo jogo do poder, conflitos de interesse que produz desgaste e fragmentação nos processos de trabalho, problemas de comunicação e relacionamento e que acabam refletindo nos usuários dos serviços de saúde (MACEDO, 2007). Nas relações profissionais-paciente-família os profissionais de saúde em sua maioria não estão adequadamente preparados para lidar com as questões complexas que envolvem os usuários, há uma dificuldade de administração de situações que envolvem muitas vezes manifestações de desespero e revolta por parte dos usuários e que geram no profissional desânimo, fadiga, pessimismo, afastamento social e irritabilidade. Outro aspecto importante são as relações em saúde, onde o usuário que necessita utilizar o serviço carrega consigo uma carga simbólica de violência sofrida ao longo dos tempos, pois a maioria são indivíduos carentes e constantemente violentados em seus direitos básicos de acesso a saúde e discriminados e que muitas vezes no encontro com o profissional de saúde transfere parte desta violência sofrida nas relações com estes profissionais (MACEDO, 2007). Durante o percurso pela procura de assistência médica os usuários frequentemente encontram filas, serviços mal equipados, falta de 15 medicamentos, atendimento desumanizado, descaso permanente por parte das autoridades e profissionais alienados e descompromissados. Percebe-se neste cenário uma violência estrutural, reproduzida na instituição pública, reforçada pela desigualdade social e pela ideologia da classe dominante. Esses elementos impregnam o processo de trabalho e a conduta dos profissionais, em particular os de sua figura central, o médico. A violência institucional esta oculta nas práticas do cuidado sobre o corpo, que sofre e a aceita por forças das circunstâncias (MINAYO, 2004). O questionamento que se faz diante deste cenário é: como transformar os preceitos da Política de Nacional Humanização Hospitalar em prática diária, em compromisso moral, e a necessária aderência dos atores envolvidos? Desafio torna-se ainda maior, uma vez que, o cenário com o qual nos deparamos objeto da necessária transformação, é permeado por conflitos de interesse e tramas de poder. [...] O problema está colocado, quando se observa que para a efetivação da política de humanização, é preciso comprometer os profissionais de saúde, estreitar as relações entre os profissionais e a relação destes com os usuários, sendo necessária a aproximação crítica em relação à forma como os profissionais se organizam, necessariamente esbarra-se em hierarquias, hegemonias e premissas de liberdade e autonomia do médico, que são bens inegociáveis. Portanto são muitos os desafios para a efetivação dessa política, ainda mais se ela não significar simplesmente uma vitrine para o alcance da acreditação, o que de fato vemos acontecer em várias instituições, mas sim representar uma proposta honesta e comprometida com seus ideais (MACEDO, 2007 p. 8). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A política de Humanização em saúde deve ser um instrumento que possibilite a transferência de um poder centralizado para um poder compartilhado, no qual diferentes instâncias, profissionais, pacientes e gestores possam sustentar o processo de humanização na assistência. Entretanto alguns pontos devem ser destacados, embora o discurso médico centrado na lógica profissional e nas ações curativas e com o foco na queixa produza efeitos presentes numa prática de saúde desumanizada, não podemos atribuir toda responsabilidade na manutenção das condições precárias do sistema de saúde. A essência da desumanização está no descaso 16 histórico e politicamente produzido pela política praticada por sucessivos governos. Uma política de humanização efetiva só pode funcionar se for entendida como uma verdadeira intervenção institucional na lógica instalada dentro do sistema de saúde e nos diferentes níveis de efeitos que ela comporta. Para tanto essa intervenção não pode ser menos que uma política, ou seja, um dispositivo de amplo alcance sustentado pelo Estado. Outro ponto a ser observado é que há uma gama de discussões sobre o processo de humanização hospitalar, entretanto o tratamento humanizado requer uma mudança de paradigmas e comportamentos e ampla articulação entre o conhecimento técnico, científico e afetivo. É imprescindível que haja uma reflexão sobre a realidade do sistema de saúde e a particularidade de cada instituição. A precariedade do sistema da rede básica tem influenciado os usuários na busca de tratamento no hospital, gerando lotação e morosidade do atendimento. Entretanto consideramos que os hospitais estão pouco estruturados para esta nova política de humanização. Há necessidade de maior investimento nos trabalhadores como a realização de capacitação e investimento também na estrutura física do hospital que muitas vezes não comportam a demanda atual. Os trabalhadores de saúde em sua maioria, pela baixa remuneração têm dupla ou às vezes tripla jornada de trabalho, gerando alterações no convívio familiar, situações de estresse e baixa produtividade. A humanização parece não acompanhar o avanço tecnológico e a complexidade da assistência. A humanização vai além do ambiente hospitalar adequado, requer a participação da sociedade, das instâncias políticas, econômicas e tecnológicas e da organização do trabalho. Portanto entendemos que o trabalhador é fundamental para a concretização do processo de humanização na atenção em saúde. Somente poderemos ter a concretização desta Política de Humanização se o trabalhador for acolhido, cuidado e educado em condições de trabalho dignas, éticas e humanas. 17 4 REFERÊNCIAS ALEXANDRE, Lourdes Bernadete dos Santos Pito. Políticas públicas e saúde da mulher. In: FERNANDES, Rosa Áurea Quintella (org). Enfermagem e Saúde da mulher. Barueri (SP): Manole, 2007. p. 01-29. ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à Metodologia do trabalho. ANDRADE, G, R, B. satisfação e responsividade: formas de medir a qualidade e a humanização da assistência à saúde. Ciência e saúde coletiva. Rio de Janeiro, v.10, n. 3, p. 599- 613, [s.d]. 2005. Disponível em: http://www.unisalesiano.edu.br/encontro2009/trabalho/aceitos/PO25565101883 A.pdf. Acesso em 15 de Julho de 2011. ARCHANJO, Juliana Valadão Leite. 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