USO DE LASERTERAPIA DE BAIXA POTÊNCIA DE ARSENIETO DE GÁLIO (AS–GA) NA CICATRIZAÇÃO DE ÚLCERAS EM PACIENTE PORTADOR DE DIABETES MELLITUS - ESTUDO DE CASO Jefferson Hermann Gomes Silva 1– NOVAFAPI Lélio Jairo Martins Guimarães2 – NOVAFAPI Mônica Vasconcelos de Moraes3 – NOVAFAPI Carolina Meireles Rosa4 - NOVAFAPI INTRODUÇÃO O Diabetes Melitus – DM é a doença endócrina mais comum e caracteriza-se por anormalidades metabólicas e por complicações a longo prazo que afetam os olhos, os rins, os nervos e os vasos sangüíneos. (HARRISON, 1998). Esta síndrome se dá devido a uma insuficiência de insulina que é responsável pelo metabolismo dos carboidratos, proteínas e gorduras, causando grave prejuízo ao organismo. A etiologia do DM é até então mal esclarecida, entretanto apresenta indícios de uma origem genética, sendo deflagrado por fatores ambientais, virais, além de hábitos de vida, como, por exemplo, sedentarismo, obesidade, tabagismo e stress. O diabetes mellitus classifica-se de acordo com sua causa em TIPO I e TIPO II. Na primeira hipótese o indivíduo, inicialmente, apresenta uma predisposição genética; sofre uma agressão ambiental que desencadeia uma destruição auto-imune das células produtoras de insulina, culminando nesse tipo de diabetes melitus, que é controlado com administração de insulina exógena. Já no TIPO II, a doença surge na meia-idade e traduz os maus hábitos de vida que geram níveis glicêmicos elevados. Nestas pessoas há uma resistência à ação da insulina nos tecidos alvo e aumento dos níveis de insulina no plasma sangüíneo, especialmente após as refeições, causando uma exaustão do pâncreas que tenta compensar o estado de resistência aumentando sua produção. Uma das principais complicações do diabetes mellitus é a neuropatia sensório – motora, na qual o portador perde ou minimiza sua sensibilidade tátil e dolorosa, diminuindo a percepção de eventos traumáticos, estes, em decorrência do DM, apresentam retardo cicatricial, formando freqüentemente úlceras suscetíveis a infecções. (PORTO, 2001). O tratamento fisioterapêutico para os portadores de diabetes mellitus baseia-se no controle desse tipo de complicação através da aceleração do processo cicatricial dessas úlceras que é conseguida através da laserterapia, vez que o controle da doença em si é realizado através de acompanhamento medicamentoso e reeducação alimentar. Segundo Kahn (2001), a origem do vocábulo “laser” é um acrônimo de Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation). O laser é uma luz com características especiais, especialmente quanto à coerência, 1 Aluno do curso de fisioterapia da faculdade Novafapi, relator e pesquisador do presente trabalho; Aluno do curso de fisioterapia da faculdade Novafapi e pesquisador do presente trabalho; 3 Aluna do curso de fisioterapia da faculdade Novafapi e pesquisadora do presente trabalho; 4 Professora da disciplina Clínica Fisioterapêutica Intertegumentar da faculdade Novafapi e orientadora do presente trabalho. 2 monocromaticidade e direcionalidade, o que a distingue da luz normal. (AGNE, 2005). A energia emanada pelo laser trata-se de um complexo de ondas eletromagnéticas que apresentam propriedades compatíveis com a potência utilizada. Na fisioterapia faz-se o uso de laser de potência moderada, isto é, não superior a 50 mW, o que promove as características de não produzir efeito térmico nem causar lesões cutâneas em uma aplicação normal. (AGNE, 2005). Os principais efeitos da laserterapia sobre os tecidos são: estímulo da microcirculação e da produção de colágeno; efeito antiinflamatório, bactericida, analgésico e antiedematoso, sendo, dessa forma, indicado para processos traumáticos, inflamatórios, tratamento de úlceras e feridas. Os aparelhos de laser de baixa potência possuem uma boa eficácia em feridas abertas e úlceras. (KITCHEN; BAZIN, 1998). De acordo com Veçoso (1993), o laser As-Ga apresenta um potencial terapêutico nas lesões superficiais, tais como lesões dermatológicas, estéticas e processos cicatriciais. Kuliev et al. (1991) realizaram estudos com cicatrização de feridas envolvendo 512 pacientes diabéticos com lesões purulentas de pele e nos tecidos moles subjacentes, a terapia empregada com laser de baixa potência resultou na abreviação do processo de cicatrização. Os objetivos do caso foram promover total cicatrização das ulcerações diabéticas das regiões acometidas, de forma célere e eficiente. METODOLOGIA Caracteriza-se por uma pesquisa exploratória, do tipo estudo de caso, baseado na observação direta. O cenário da pesquisa em questão foi a Clínica de Fisioterapia da faculdade NOVAFAPI, localizada em Teresina - Piauí. O sujeito desse estudo foi o paciente A.F.N.F. sexo masculino, 60 anos de idade. Os dados foram obtidos a partir da consulta, na qual foram colhidas informações a cerca de sua queixa principal que se tratava de escoriações na pele; na história da doença atual, o paciente referiu que sete dias antes da consulta teria sofrido acidente de moto, sem história de fraturas, havendo apenas escoriações e edema no punho e mão direitos; escoriações no antebraço e cotovelo direitos e na região tenar da mão esquerda. Foi relatado ainda o uso de imobilização com tala de punho, mão e antebraço durante 48 horas. Na história patológica pregressa foi relatado que o paciente seria sabidamente portador de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus. A história familiar era de familiares diabéticos. No exame clínico funcional realizado, fez-se uma análise da pele dos membros superiores, partindo dos cotovelos em direção às mãos, com características obtidas na inspeção já citadas na história da doença atual, na perimetria foram obtidos os seguintes valores: 23.5cm no dorso da mão direita, 18.5cm no dorso da mão esquerda, 20cm no punho direito, 16cm no punho esquerdo, 19.5cm na superfície distal do antebraço direito e 20.5cm na superfície distal do antebraço esquerdo. Na goniometria, mensurou-se 60° na flexão do punho direito; 90° na flexão do punho esquerdo; 30° na extensão do punho direito e 90° na extensão do punho esquerdo. A área das lesões foi de: 0.25cm² na superfície do 4° dedo da mão direita; 3cm² no dorso da mão direita; 10cm² no punho direito; 5.25cm² no cotovelo direito e 8.75cm² na região tenar esquerda. Na mesma consulta o paciente portava exame de glicose em jejum com valor de 193 mg/dl, o que era esperado por se tratar de um paciente diabético. Com base nas informações obtidas foi projetada uma intervenção fisioterapêutica, na qual foi utilizada laserterapia pontual, em que cada ponto se distancia 1cm do outro, através de modo indireto, sem tempo pré-determinado, com intensidade de 8J/cm² sobre as lesões abertas, na freqüência de três vezes por semana, num total de cinco atendimentos, compreendendo o período entre 18/09/06 a 27/09/06, tendo, a partir de então, condições de alta fisioterapêutica por ter atingido os objetivos aspirados que consistiam na cicatrização efetiva das erosões. RESULTADOS A irradiação com o laser de baixa potência Arsenieto de Gálio (904nm) nas regiões acometidas foi de fácil execução e boa aceitação pelo paciente. O sujeito do presente estudo obteve evolução favorável da cicatrização cutânea ao final de cinco atendimentos, sendo esses realizados no período compreendido entre 18/09/2006 e 27/09/2006. Como resultado foi observada uma total cicatrização das úlceras do quarto dedo da mão direita, dorso da mão direita, cotovelo direito e região tenar esquerda, alcançando, destarte, o objetivo geral e os objetivos específicos traçados na admissão do paciente. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme visto alhures, a irradiação com o laser de baixa potência Arsenieto de Gálio (904nm) na dose 8J, pontual sobre as lesões, promoveu rápida cicatrização, otimizando a recuperação cutânea do paciente. Através da analise dos resultados, arremata-se que o referido paciente apresentou uma resposta adequada e satisfatória à terapêutica aplicada apresentando um bom prognóstico com a obtenção dos objetivos e resultados esperados. Ademais, o presente estudo serviu para comprovar a eficácia do uso de laserterapia de baixa potência na cicatrização de úlceras cutâneas em pacientes portadores de Diabetes Mellitus. Faz-se mister ressaltar a importância científica do estudo de caso aqui relatado, no que diz respeito ao âmbito da pesquisa relacionada à fisioterapia, que apesar de estar em ascensão, continua muito pobre na literatura acadêmica, bem como nas publicações até então realizadas. Palavras-chave: Laser, Diabetes Mellitus, Úlceras, Fisioterapia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 1. AGNE, J. E.. Eletrotermoterapia: teoria e prática. Santa Maria: Pallotti, 2004. 366. 2. DAVIS, C.M. Fisioterapia e Reabilitação Terapias Complementares. 2ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; LAB, 2006. 3. GUIRRO, Elaine Caldeira de Oliveira. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos, patologias. 3ed. Sao Paulo: Manole, 2004. 4. HARRISON: Medicina interna. 15ªed. Rio de Janeiro: McGrow - Hill, 1999. 2v. 5. KAHN, J. Princípios e prática de eletroterapia. 4ª ed. São Paulo: Santos, 2001. 6. KITCHEN,S.; BAZIN,S. Eletroterapia de Clayton. 10ª ed. São Paulo: Manole, 1998. 7. KULIEV, R. A. BABAEV, R.F. therapeutic action of laser irradiation and immunomodulators in purulent injuries of the soft tissues in diabetic patients. Probl Endokrinol Mosk. 1991; 37: 31-32. 8. KUMAR, V. Robbins e Cotran: patologia, bases patológicas das doenças. 7ªed. Rio Janeiro: Elsevier, 2005. 9. LOW, J.; REED, A. Eletroterapia explicada: princípios e prática. 3°ed. Barueri: Manole, 472. 10. MATERA, J. M.; TATARUNAS, A. C.; OLIVEIRA, S. M. Uso do laser arsenieto de gálio (904nm) após excisão artroplástica da cabeça do fêmur em cães. Acta Cir. Bras., São Paulo, v. 18, n. 2, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010286502003000200006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 24 Out. 2006. doi: 10.1590/S0102-86502003000200006. 11. PORTO, C.C. Semiologia médica. 4ª ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2001. 12. VEÇOSO, M. C. Laser em fisioterapia. São Paulo: Lovise científica, 1993. Identificação: Jefferson Hermann Gomes Silva – Relator e pesquisador Endereço: Rua Coelho Rodrigues, 2149. Apto 101. Centro. CEP. 64000 – 970 E-mail: [email protected] Fone: (86) 3221-2454; 3222-6027; 9987-0587. Lélio Jairo Martins Guimarães – Pesquisador. E-mail: [email protected] Fone: 3232-0967. Mônica Vasconcelos de Morais – Pesquisadora. E-mail: [email protected] Fone: Fone 3232-3296; 9982-3855. Carolina Meireles Rosa – Orientadora. E-mail: [email protected] Fone: 9413-5106.’