O Sr. MÁRIO DE OLIVEIRA (PSC-MG) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, mais uma vez, ocupamos esta tribuna para repercutir as incontáveis agressões ao meio ambiente, no Brasil e no mundo, não obstante os contundentes sinais de alerta da comunidade científica internacional. Lembrando o axioma formulado pelo maior gênio da física, Albert Einstein - “Quando agredida, a natureza não se defende, apenas se vinga” -, apontamos para o acúmulo de catástrofes naturais ocorridas em todo o globo, comprovadamente decorrentes do aquecimento global. Agredida de forma brutal e constante desde o advento da Revolução Industrial, a natureza começa, agora, a dar sinais de vingança – as mudanças climáticas e suas dramáticas consequências são a expressão desse fato. O processo de aquecimento global, resultante da ação antrópica, é tema constante da mídia, de pesquisas, de cúpulas internacionais. Todos conhecemos a relação direta 2 entre a emissão de gases tóxicos, especialmente gás carbônico, e o aumento da temperatura da Terra. Todos estamos conscientes de que, por força dos desmatamentos e da atividade industrial, formou-se em torno do planeta o fenômeno conhecido como “efeito estufa”, que concentra calor na superfície terrestre e afeta de modo direto o regime climático, os ecossistemas e a sobrevivência das pessoas, animais e plantas. Ter consciência do problema, Senhor Presidente, não parece ter sido suficiente. Em toda parte, as atividades humanas progridem em seu ritmo frenético, a despeito dos números e perspectivas cada vez mais assustadores. Já assistimos à mudança flagrante no regime de chuvas e secas em todo o globo, bem como à alternância entre invernos e verões sempre mais rigorosos. A ameaça de desertificação de florestas, escassez de alimentos e inundação de ilhas e imensas áreas litorâneas, em função do derretimento das calotas polares, não parece suficiente 3 para a tomada de providências imediatas, em tempo de reverter o processo. E os sinais de destruição continuam evidentes. A onda de calor que matou mais de 20 mil pessoas na Europa, no último verão, é recompensada com um inverno rigorosíssimo em todo o hemisfério norte. Em apenas 20 anos, estima a Organização Mundial de Saúde, se nada se fizer, as alterações climáticas deverão ocasionar 300 mil mortes anuais – e esse número não deve parar de crescer. Entre nós, Senhor Presidente, a destruição das florestas tropicais permanece a principal responsável pela emissão de gás carbônico, em termos de 75% do total. Todos os projetos de desenvolvimento da Amazônia, sem exceção, envolvem desmatamento, seja para implantação de infraestrutura, como a construção de rodovias e usinas hidrelétricas, seja para a intensificação de projetos de agricultura e pecuária. O maior patrimônio natural do globo, berço de incontáveis espécies de flora e de fauna, não terá condições de se recompor, fruto que é de um processo tão 4 lento quanto minucioso, que consumiu milhares e milhares de anos. Nosso oceano verde, o mais magnífico receptáculo de diversidade natural do planeta, deverá estar reduzido, em menos de 100 anos, a grandes extensões de savana – como as que recobrem o pobre solo africano; esta é a previsão de cientistas brasileiros e internacionais. É assim, Senhor Presidente, que não podemos desistir de lutar pelo programa internacional contra o aquecimento global. O Brasil, justamente por abrigar reservas naturais de imensa diversidade, deveria colocarse à frente desse processo, promovendo uma verdadeira mudança de paradigma econômico, rumo ao desenvolvimento sustentável. Não há temática mais urgente, mais importante, mais abrangente do que esta: a reversão do processo de aquecimento global. Muito obrigado.