1 FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA DANIELA PRAXEDES LOPES MIRIAN DE SOUZA BARROSO VANESSA BARBOSA QUEMEL A PRÁTICA DOCENTE NA SOCIEDADE GLOBALIZADA: Uma reflexão do fazer pedagógico BELÉM 2013 2 DANIELA PRAXEDES LOPES MIRIAN DE SOUZA BARROSO VANESSA BARBOSA QUEMEL A PRÁTICA DOCENTE NA SOCIEDADE GLOBALIZADA: Uma reflexão do fazer pedagógico Trabalho de Conclusão de Curso apresentado as Faculdades Integradas Ipiranga como requisito obrigatório para obtenção do grau em Licenciatura plena em pedagogia. Orientador: Prof. Me. Marcelo Augusto Vilaça de Lima BELÉM 2013 3 DANIELA PRAXEDES LOPES MIRIAN DE SOUZA BARROSO VANESSA BARBOSA QUEMEL A PRÁTICA DOCENTE NA SOCIEDADE GLOBALIZADA: Uma reflexão do fazer pedagógico Trabalho de Conclusão de Curso apresentado as Faculdades Integradas Ipiranga como requisito obrigatório para obtenção do grau em Licenciatura Plena em Pedagogia Banca Examinadora: _____________________________ Orientador: Prof. Me Marcelo Augusto Vilaça de Lima _____________________________ Prof. Me _____________________________ Prof. Me BELÉM 2013 4 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho ao meu amado filho Arthur Nazareno, fonte de toda a minha inspiração. Daniela Praxedes Lopes Dedico esse trabalho a minha amada e saudosa mãe DEUZUITE RODRIGUES DE SOUZA por todo amor, carinho, compreensão e por dedicar sua vida a mim. Te amo mãe! Mirian de Souza Barroso Dedico esse trabalho a Deus que em sua infinita misericórdia me deu saúde e força para chegar ate aqui. Ao meu saudoso e querido pai de amor, Celso Alves pela dedicação e amor dispensados a mim enquanto Deus assim permitiu, sei que esse sonho era tão seu quanto meu. Vanessa Barbosa Quemel 5 AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus pela força e coragem. Ao meu lindo e carinhoso filho Arthur Nazareno, que apesar de três anos de idade muito compreendeu a minha ausência e por ser meu maior motivador, foi você, seu beijo carinhoso ao acordar ou sua alegria ao ver minha chegada que me deram forças para enfrentar o dia e continuar no dia seguinte. A minha mãe Margarida Muniz que não mediu esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida, pela preocupação para que estivesse sempre andando pelo caminho correto. Ao meu pai por cada incentivo e orientação. Aos meus irmãos Debora Praxedes e Dimas Praxedes por todo carinho, nos momentos de dificuldades sempre estiveram presentes. Agradeço a Ana Paula de Oliveira com muito carinho pelo apoio, não mediu esforços para cuidar do meu filho enquanto eu estudava. E as minhas duas preciosas sobrinhas Anna Gabriela e Geovanna que tanto amo. Daniela Praxedes Lopes Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e sabedoria para conduzir meus estudos ao longo dos anos que se passaram, e por permitir que chegasse até aqui. Aos meus familiares que também contribuíram nesse processo em especial a minha irmã CLEMILDA SOUZA BARROSO, obrigada por todo esforço para me ajudar completar mais uma fase da minha vida a, graduação. A minha família, meu esposo MAGNUM FABRÍCIO DA SILVA SOUZA e ao meu filho LUCAS RODRIGUES DE SOUZA minha inspiração para superar todos os obstáculos, obrigada por toda compreensão, carinho, dedicação e paciência. Agradeço a todos pelo companheirismo e amor. Mirian de Souza Barroso Primeiramente a Deus, inteligência suprema e criador de todas as coisas, que me fortalece todos os dias com sua presença. Ao meu filho João Pedro razão da minha vida, por todo amor, compreensão e carinho... Perdoe-me os momentos em que eu não podia estar presente, eu buscava sempre o melhor para oferecê-lo, a melhor educação e uma vida digna assim como recebi de meus pais. A minha mãe Jeci por todo amor e ajuda durante toda a minha vida em especial aos anos que passei na faculdade, por muitas vezes tomar para si minhas responsabilidades de mãe do João Pedro para que meu sonho fosse concretizado, essa conquista é sua. A meu papai Amin Quemel pela vida, pelo amor e por me permitir sonhar e realizar meu sonho. Ao meu irmão Jeferson por ser meu companheiro de infância, pelo apoio e incentivo, apesar da distância. Ao meu companheiro, amigo, amor Paulo Daniel por caminhar comigo, sempre me apoiando e incentivando, nunca me deixando desistir, e fazendo do meu sonho seu também. Não sei se conseguiria sem vocês. Amo vocês! E por fim e não menos importante ao meu professor orientador Marcelo Vilaça pela dedicação e competência a mim destinadas, e aos demais professores pela amizade e conhecimento compartilhados. Vanessa Barbosa Quemel 6 A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. Nelson Mandela 7 RESUMO Esta pesquisa objetivou investigar os desafios que os professores encontram para desenvolver uma prática pedagógica significativa na sociedade globalizada, bem como, tecer algumas reflexões a respeito dessa ação e considerações a respeito das transformações sociais e tecnológicas ocorridas. Procurou-se discutir situações do cotidiano escolar no qual envolve as práticas pedagógicas do profissional da educação, pois sabe-se que são alvos de muitas críticas que se referem em especial a ação em sala de aula. Diante desse contexto, realizou-se um levantamento bibliográfico à luz de autores como Freire (1996) Zabala (1998) Pimenta (2009), Perrenoud (2000), que ajudaram nas análises do panorama da educação brasileira, do significado e do amparo legal da prática docente e, também as dificuldades na era da globalização. Verificou-se que a prática docente deve ter claro quais os objetivos deseja alcançar, e que ações devem ser utilizadas e de que maneira devem ser trabalhadas utilizando-se de recursos alternativos que estejam inseridos no contexto social do aluno como forma de relacionar a realidade da mesma com materiais que possibilitem uma aprendizagem significativa por meio da relação de seu conhecimento de mundo. Concluiu-se que há urgência da inserção metodológica por meio de tecnologias no âmbito escolar, que favoreça e viabilize um aprendizado alicerçado na qualificação docente, pois os desafios e a complexidade social da globalização torna o mundo cada vez mais conectado, bem como as diversidades mais aparentes. PALAVRAS-CHAVE: Prática Docente. Globalização. Escola. Aluno. 8 ABSTRACT This research aimed to investigate the challenges that teachers meet to develop a significant pedagogical practice in the globalized society, as well as meet some thoughts about this action and considerations regarding the social and technological changes that have occurred. We tried to discuss everyday situations in which school involves teaching practices of professional education, even though they are targets of much criticism that refer in particular action in the classroom. In this context, we performed a literature review in the light of authors such as Freire (1996) Zabala (1998) Pepper (2009), Perrenoud (2000), who assisted in the analysis of the panorama of Brazilian education, the meaning and legal support teaching practice, and also the difficulties in the era of globalization. found that teaching practice should be clear what goals you want to achieve, and what actions should be used and how they are to be worked using alternative resources that are embedded in the social context of the student as a way of relating to reality same materials with which to make a meaningful learning through the relationship of their previous knowledge. It was concluded that there is urgency insertion methodology through technologies in schools, that encourages and makes possible an education grounded in the teaching qualification, because the challenges and complexity of social globalization makes the world increasingly connected, as well as the differences more apparent . KEYWORDS: Teaching Practice. Globalization. School. Student. 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------------- 10 2 REFERENCIAL TEÓRICO------------------------------------------------------------------------ 13 2.1 REVENDO A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA---------------------------------- 13 2.2 SIGNIFICADOS DA PRÁTICA DOCENTE--------------------------------------------------- 14 2.3 O AMPARO LEGAL DA PRÁTICA DOCENTE---------------------------------------------- 17 2.4 A PRÁTICA DOCENTE NO COTIDIANO ESCOLAR-------------------------------------- 18 2.5 OS DESAFIOS DA PRÁTICA DOCENTE NA SOCIEDADE GLOBALIZADA------- 20 3 METODOLOGIA----------------------------------------------------------------------------------------- 32 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO-------------------------------------------------------------------- 34 4.1 A CONTRIBUIÇÃO DAS PRATICAS DOCENTES PARA A APRENDIZAGEM DO ALUNO-------------------------------------------------------------------------------------------------- 34 4.2 AS PRÁTICAS PEDAGOGICAS TRADICIONAIS VERSUS AS ATUAIS-------------. 35 4.3 DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS EDUCADORES EM SE ATUALIZAR A PARTIR DOS NOVOS MÉTODOS DE ENSINO------------------------------------------------- 38 CONSIDERAÇÕES FINAIS---------------------------------------------------------------------------- 40 REFERENCIAS--------------------------------------------------------------------------------------------- 41 10 1- INTRODUÇÃO A educação brasileira atual sofre com o fracasso escolar e altos índices de evasão, o índice de abandono no Brasil é altíssimo. Muitas são as causas de uma aparente incapacidade de implantação de uma educação de qualidade, dentre elas, o professor aparece como mero transmissor de conhecimento e ainda sem saber se a forma como ele transmite esse conhecimento é capaz de ser compreendido diante de sua didática ultrapassada. O professor assim como qualquer outro profissional, precisa estar em formação contínua e muitas vezes a falta disso o leva a ser um profissional atrás de seu tempo. Neste sentido, Cunha (2002, p.39) remete a seguinte reflexão: O conhecimento do professor é construído no seu próprio cotidiano, mas ele não é só fruto da vida na escola. Ele provém também de outros âmbitos e, muitas vezes, exclui de sua prática elementos que pertencem ao domínio escolar. A participação em movimentos sociais, religiosos, sindicais e comunitários pode ter mais influência no cotidiano do professor que a própria formação docente que recebeu academicamente. A discussão a respeito do profissional da educação é considerada na atualidade um importante fator para as mudanças educacionais, fatores relevantes para o aperfeiçoamento da ação docente. É consenso que a educação deveria ser prioridade para os governantes, contudo, na realidade é bastante diferente e a tão sonhada educação de qualidade ainda está longe de se tornar realidade. Muitas vezes torna-se utopia, principalmente para as camadas mais carentes da sociedade. Porém para se oferecer uma educação de qualidade não basta somente o esforço dos professores é preciso políticas públicas voltadas para o campo educacional, é preciso um esforço coletivo entre poder publico, escola e família. Cabe ao docente, mais do que transmitir o saber, articular experiências em que o aluno reflita a respeito de suas relações com o mundo e o conhecimento, e assuma o papel ativo no processo ensino-aprendizagem, que, por sua vez, deverá abordar o indivíduo como um todo. Segundo a UNESCO (apud TOLEDO; ARAUJO; PALHARES, 2005, p.35) A busca pela qualidade de ensino na formação básica voltada para a construção da cidadania para uma educação sedimentada no aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser e para as novas necessidades do conhecimento, exige necessariamente, repensar a formação inicial de professores, assim como requer um cuidado especial com a formação continuada desse profissional com um olhar crítico e criativo. Como se observa, a qualidade da educação está fortemente aliada à qualidade da formação dos professores, assim como a estrutura das salas de aulas, material didático e 11 todos os serviços básicos que a escola oferece ao professor e ao aluno. Acredita-se que, se o poder público oferecer mais estrutura para os professores trabalhar seria possível proporcionar mais qualidade de ensino aos alunos. Historicamente o docente está relacionado à ideia de que a educação é uma das formas que os indivíduos encontram para efetivar a participação na sociedade. Neste sentido, a história da profissionalização docente aponta diferentes percursos e possibilidades de atuação diante dos diferentes contextos sociais vividos. A educação no mundo globalizado propõe a pensar e repensar as atuais práticas docentes, sendo assim diante dos fatores históricos e sociais postos à educação, tem-se, hoje, um profissional em crise, o professor, que por muitas vezes não é reconhecido pela sociedade, mas é responsabilizado e cobrado diante dos desafios de um mundo em constante transformação, que cada vez mais exige que ele desempenhe diferentes funções muito além de seu tradicional papel de instruir as novas gerações, na atualidade impõe-se a prática docente nas mais diversas tarefas, gerando uma série de conflitos. Sabe-se que está longe de atingir a meta de alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade, sabe-se ainda que o país apresente um baixo desempenho no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).Com o índice de aprovação na média de 0 a 10, os estudantes brasileiros tiveram a pontuação de 4,6 em 2009. A meta do país é de chegar a 6 em 2022. Espera-se que os futuros educadores possam contribuir para essa meta. É importante saber que a educação não vai resolver sozinhos os problemas sociais do país, mas é por ai que se deve começar. No entanto, para isso é preciso que melhore a formação dos docentes, o que poderia resultar em dados positivos para a sociedade, visto que o desenvolvimento dos professores implica no desenvolvimento do aluno e da escola e a qualidade da educação está diretamente ligada à formação do professor. Não se pode imaginar um futuro sem educação e, por conseguinte sem educadores, esses profissionais não só transformam a informação em conhecimento, mas também formam pessoas. Muito se discute a respeito da prática do professor em sala de aula, mas poucos conhecem a verdadeira realidade da educação no país. A globalização, as novas tecnologias, a inclusão digital e o desenvolvimento sustentável causaram grandes transformações na educação ao longo dos anos, no qual os educadores deveriam acompanhar esse processo de mudanças. No entanto, quando isso não acontece, deixa a desejar no processo educacional, reflete em suas práticas pedagógicas, resulta em uma educação sem qualidade e sem um aprendizado significativo para o educando. A partir da temática eis os seguintes questionamentos: Quais as contribuições das práticas docentes na aprendizagem do aluno? As práticas pedagógicas 12 tradicionais têm as mesmas características das práticas atuais? Quais as dificuldades que os educadores encontram num processo de formação continuada? Este estudo objetivou investigar a seguinte problemática: quais desafios os professores encontram para desenvolver uma prática pedagógica significativa na sociedade globalizada? Levantaram-se assim algumas reflexões a respeito dessa ação, e consideraram-se as transformações sociais e tecnológicas ocorridas. Procurou-se discutir situações do cotidiano escolar envolvendo as práticas pedagógicas do profissional da educação sabendo-se que são alvos de muitas críticas que se referem em especial a ação em sala de aula. 13 2-REFERENCIAL TEÓRICO Na trajetória histórica da educação brasileira, a implementação de políticas públicas na área educacional foram várias, algumas relevantes, outras não, e o papel da escola é o de superar barreiras implicando em uma mudança estrutural, curricular e cultural para que o ensino se efetive configurando-se em respostas às diferentes situações sociais. 2.1 REVENDO A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA A história da educação brasileira já era escrita antes dos portugueses chegarem ao Novo Mundo, os povos que aqui habitavam, já praticavam sua forma de educar, o que mudou, porém, foram os métodos empregados, a educação europeia trouxe formas repressivas de educar. Se o modo de educar dos índios era certo ou errado, isso não se pode falar, o que se sabe é que com a chegada dos jesuítas, além dos costumes, da moral e da religiosidade, trouxeram métodos pedagógicos formados. Aranha (1996) ressalta que o índio, desde o início da civilização encontrava-se a mercê de interesses, que ora se complementavam ora se chocavam, a metrópole por sua vez desejava integrá-lo ao processo colonizador, já os jesuítas queriam convertê-los ao cristianismo e aos valores europeus e os colonos queriam usá-lo para o trabalho, causando conflitos com seus costumes. O método educacional trazido pelos jesuítas permeou por mais de dois séculos, exatamente entre 1549 a 1759, quando um acontecimento (expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal) causou uma marca na educação do Brasil, várias tentativas foram feitas, até a chegada da Família Real, mas, diferente do que muitos pensavam essa chegada não trouxe nada de novo, apenas acabou com a anterior. O lado bom é que foram abertas várias academias, tais como Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, também teve a Biblioteca e a Imprensa que começaram a funcionar. Somente a partir disso que a história do Brasil começou de fato a ser contada. Porém, a educação não passou a ser o ponto mais importante, continuando com a sua importância secundária. Aranha (1996) afirma que foi o início do processo da criação de escolas elementares, secundárias, seminários e missões, espalhada pelo país. Logo depois, em 1823, para suprir a falta de professores, um método novo é instituído, chamado de Método Lancaster, onde um aluno que aprendia passava o conhecimento para mais 10 alunos, tudo isso sob inspeção. Até a Proclamação da República, em 1889, nada havia sido feito de fato em favor da educação brasileira. 14 Durante a República, uma nova forma de ver a educação era implantada, agora, as intenções eram outras, visava à formação superior e uma importância maior para área científica. Durante esse período varias mudanças ocorreram na forma de educar no Brasil, mas nem todas foram positivas. Em 1930, durante a Segunda República, com as mudanças no mundo inteiro e a inserção do Brasil no sistema de produção capitalista, viu-se a necessidade de investir em educação, desse modo em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, grande avanço no país. Já no período do Estado Novo, o país se vê na necessidade de explorar o setor educacional, pois como o país estava em desenvolvimento, era necessária mão de obra nacional. Porém, em 1942, são reformados alguns ramos do ensino. Estas Reformas receberam o nome de Leis Orgânicas do Ensino, e são compostas por Decretoslei que criam o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e valoriza o ensino profissionalizante, deixando a estrutura curricular como todos hoje conhecem. Mediante o contexto, o país passou por um período muito difícil, entre 1964 e 1985, viveu-se o regime militar, no qual várias mudanças ocorreram tanto em nível social quando educacional, as escolas se tornaram mais rigorosas e as disciplinas envolvendo ciências humanas foram esquecidas. Para a sorte da nação, o modo de se fazer educação mudou e até os dias atuais, esperou-se por uma nova ruptura, novos caminhos, pois não só as escolas estão em crise, mas a própria humanidade encontra-se em transposição de um novo tempo, que requer a construção de novos valores, práxis e paradigma. Partindo desse pressuposto, vários teóricos tiveram suas contribuições para uma melhor forma de se trabalhar a educação, para que venha a somar e mudar os cenários em que se encontra a educação no Brasil. A constituição diz que a educação é um direito subjetivo, porém, é preciso que atuem de forma coerente, para se reverter esse quadro. 2.2 SIGNIFICADOS DA PRÁTICA DOCENTE O tema em questão é tratado de forma positiva nos dias atuais, pois hoje, sabe-se o quanto é desafiador ser professor, e não basta ser apenas um professor qualquer, é preciso atualizar-se para conseguir encarar os obstáculos necessários para ser um profissional de qualidade. Não é suficiente apenas questionar-se a respeito de uma nova forma de ensinar, no sentido de repensar suas atitudes, concepções, métodos e conhecimentos em relação ao processo de aprendizagem do aluno, mas também inovar nas suas relações profissionais que começa com a observação de sua postura em relação ao outro. 15 Por isso, torna-se fundamental que o professor busque na sua formação, compreender os princípios e saberes que são necessários à prática educativa. De acordo com Pimenta (1999, p. 90) “Os educadores devem se apropriar desses princípios, que se dão na medida em que amplia a consciência de uma práxis transformadora, que deve vir subsidiada pela ética profissional e pela autonomia sobre o seu saber-fazer, tais princípios se referem ao tipo identidade profissional”. O termo usado “identidade profissional” representa algo mais complexo do que se imagina, o autor fala de uma identidade ligada aos modos de agir do educador em relação a sua concepção de mundo e os saberes adquiridos na sua vida. Portanto, desde a vida acadêmica, o futuro educador deve ter uma postura que o represente, deve olhar o meio de forma diferente e interferir na produção de conhecimento em que está presente e futuramente irá atuar. A prática educacional visa fazer com que o aluno compreenda o mundo em que vive e esteja disposto, como um cidadão crítico, a mudá-lo no anseio de uma vida melhor para os que o cercam. Por isso, atualmente, nas relações sociais presente na escola não é mais aceitável a transmissão das verdades absolutas, verdades essas que tornam os alunos pessoas alienadas e sem visão crítica. O desenvolvimento da postura crítica do aluno depende tanto do conhecimento por ele produzido como do processo de produção desse mesmo conhecimento, ou seja, estão ligadas. É muito importante que o aluno participe efetivamente nesse processo, pois ao longo de sua vida educacional, esse aluno tornar-se-á sujeito de sua relação com o conhecimento e com o processo de apropriação desse conhecimento. A criticidade é um modo de relação com a informação que ultrapassa o modo espontâneo e irrefletido de conhecer algo, ou seja, o aluno deixará de acreditar em tudo o que vê, sempre refletindo sobre a informação adquirida e julgando (no seu modo) se é certo ou errado, verdadeiro ou falso, etc. Na visão de Charlot (2005), neste sentido, surge um problema que opera no interior de todo empreendimento de formação profissional e no qual subsiste uma tensão permanente. Formar é preparar para o exercício de práticas direcionadas e contextualizadas, nas quais o saber só adquire sentido com referência ao objetivo perseguido. Afirma Charlot: O problema-chave está aí e ultrapassa largamente o da formação profissional, já que é bem o problema da tensão entre uma lógica das práticas e uma lógica dos discursos constituídos que se exprime, em termos sobre determinados pela ideologia e filosoficamente pouco pertinentes, nos debates entre "o abstrato" e "o concreto". Essas duas lógicas são radicalmente heterogêneas. Elas não podem ser integradas em um modelo unificado do tipo saberes fundamentais 'aplicados à prática - modelo 16 que volta a negar a especificidade da prática - ou do tipo saberes fundamentais emanados da prática - modelo que volta a negar a especificidade dos sistemas de saberes (2005, p.93). Entretanto, se essas duas lógicas são irredutíveis, elas não estão condenadas a "deslizar" eternamente uma sobre a outra sem que o professor, o formador, os formadores de professores ou de formadores possam jamais relacioná-las. Duas formas de mediação entre essas duas lógicas podem servir de ponto de referência: a prática do saber e o saber da prática. De acordo com Ribeiro (2005), se o saber se apresenta sob a forma de sistemas apresentáveis em discursos constituídos, no mínimo foi necessário um processo de constituição desse sistema e desse discurso: o saber-discurso é o efeito de uma prática de saber, prática científica sobre a Costa (1992), escreveu páginas interessantes; por vezes prática pedagógica, prática que, nos dois casos, procede por aproximações sucessivas, retificações, precisões, etc. Trata-se exatamente de uma prática: o conceito não tem aí estatuto de objeto a ser contemplado ou exposto em um discurso, mas sim estatuto de instrumento para resolver problemas, construir outros conceitos, produzir efeitos de saber. Porém, trata-se de uma prática da qual a finalidade última é construir um mundo coerente de saberes. Essa prática é uma prática específica. Ela funciona no homogêneo, o saber adquirido permitindo construir novos saberes, enquanto uma prática profissional. O ensino, não é simples transmissão de um saber, mas é igualmente portador de uma intenção cultural. Do mesmo modo, a formação não é simples aprendizagem de práticas, ela é também acesso a uma cultura específica. Essa dimensão cultural era completamente explícita no universo artesanal, que concebia a aprendizagem de um metier pelo jovem como uma obra de educação global. Figeat (1985) escreveu: "A instrução é inseparável da aprendizagem; a educação científica, da educação profissional, "separai; como se faz hoje, o ensino da aprendizagem e, o que é mais detestável ainda, distinguir educação profissional do exercício real, útil, sério, cotidiano da profissão, é reproduzir, sob uma outra forma, a separação dos poderes e a distinção de classes, os dois instrumentos mais enérgicos da tirania governamental e da subalternização dos trabalhadores". De acordo com Imbernón (2002), em um sentido restrito, a formação se define em relação à eficácia de uma tarefa. Mas a formação pode igualmente ser compreendida em urn sentido mais amplo se se estende a ideia de formação profissional àquela de cultura profissional. A cultura não é somente um conjunto de saberes, de práticas e de comportamentos, ela adquire uma forma de individualidade: o artesão, o "operário da indústria", o médico da zona rural, o professor das séries iniciais etc. Ela é também uma relação de sentido com o mundo: é culto aquele para quem o mundo não é somente um lugar em que atuar, mas um universo de sentido. A cultura, enfim, é o processo pelo qual 17 um indivíduo se cultiva, tornando-se portador e gerador de sentido. Assim como o ensino tem a ambição de ser cultura, na acepção dinâmica do termo, a formação pode ter a ambição de ser cultura. Ensino e formação convergem, assim, no topo, na ideia de cultura, um em sua lógica de saber constituído, outra em sua lógica de práticas organizadas para atingir um fim. 2.3 O AMPARO LEGAL DA PRÁTICA DOCENTE A sociedade sofre modificações intensas no decorrer da história, e entre essas transformações, as de caráter tecnológico são as mais relevantes, pois com esse desenvolvimento, tudo evolui, inclusive, as novas formas de pensar do processo pedagógico. Essas transformações acarretam em problemas dentro do campo educacional, pois refletem nas ações dos alunos gerando conflitos entre discentes e docentes. O Estado precisa rever alguns pontos para estabilizar a relação entre professor e aluno, pois todos merecem a educação, até o mais problemático, pois de acordo com o que rege a Constituição: Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Perante o grande número de transformações sociais que ocorre na sociedade, onde a informação se tornou instantânea, o processo pedagógico tem sido bastante discutido por todos, pois é o sistema educacional que define o desenvolvimento cultural e social do país. Por isso, o campo educacional se mostra importante para ser discutido, pois os profissionais da educação de hoje estão buscando aprimorar para que se chegue a um modelo eficiente de prática educacional. Desse modo, cita-se a LDB 9.394/96: Art. 4º. O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola; VIII - atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; 18 IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Assim, a prática pedagógica dos profissionais da educação na atualidade e como o processo educacional está sendo levado, precisa partir do principio de que a educação necessita de uma reformulação pedagógica, nesse caso, o ingresso dos alunos nas escolas não é dever somente do Estado, como se verifica na LDB 9.394/96: Art. 6º. É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos sete anos de idade, no ensino fundamental. Art. 7º. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo sistema de ensino; II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder Público; III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da Constituição Federal. Os pais precisam estar inseridos nos projetos pedagógicos, pois muitos não tem a consciência da importância da educação para seus filhos, eles precisam ser orientados da melhor forma possível para em casa terem o respaldo para cobrarem os seus filhos, pois assim, as mudanças podem acabar acontecendo. Para Ladislau Dowbor (1998, p.259), a escola deixará de ser “lecionadora” para ser “gestora do conhecimento”. É nesse contexto, como colocou o autor, que os profissionais da educação, juntos com os pais e é claro o Estado, precisam agir em prol das novas práticas pedagógicas que querem inserir na sociedade atual. 2.4 A PRÁTICA DOCENTE NO COTIDIANO ESCOLAR Atualmente são muitas as dificuldades encontradas pelos professores para construir uma educação de qualidade. Uma delas e também muito importante seria atualizarem-se segundo os novos métodos de ensino. É preciso que haja formação permanente, contínua desses profissionais, haja vista que todos os dias surgem novidades tecnológicas que são utilizadas em sala de aula para facilitar a aprendizagem ou chamar a atenção do aluno que está cada vez mais crítico. Assim, é preciso que o professor faça uma reflexão crítica a respeito da sua prática para que melhore cada vez mais. Segundo Freire (2011) o pensamento crítico da prática de hoje é o que pode melhorar a prática de amanhã, por isso na formação permanente dos professores é de fundamental importância a reflexão critica a respeito da prática. Segundo Freire (2011 p.30) 19 Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino... Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. É importante que o professor busque sempre aprender e pesquise, para que suas aulas estejam sempre no contexto do mundo globalizado. Porém, sabe-se que essa prática esta cada vez mais difícil, poucos são os professores que se atualizam para que suas aulas avancem com a globalização, o recurso do professor ainda é muito pouco comparado a outros profissionais, o que impossibilita o professor de avançar com cursos e outras qualificações, assim desmotivam cada vez mais estes profissionais. Existem também algumas escolas que ainda estão atrasadas, em tempos quando só se usavam, como instrumento de ensino, o quadro, o giz e o professor, e assim é muito difícil o professor dinamizar suas práticas de ensino. Mesmo que haja qualificação do professor com uma escola precária pouco se pode fazer. Está cada vez mais difícil ser educador, é necessário que se pense em ações pedagógicas inovadoras, que desperte a curiosidade e o interesse do aluno no desenvolvimento das atividades. Espera-se que o professor adote uma nova postura, diferente da tradicional, que seja facilitador e mediador na construção e assimilação do conhecimento do aluno, é importante entender que ensinar não é transferir conhecimentos, e sim criar possibilidades para a sua construção. Segundo Pimenta (2009) cada vez mais se torna necessário o trabalho do professor na sociedade contemporânea, enquanto mediador nos processos constitutivos da cidadania dos alunos. Nesse sentido, se faz necessário o professor em sala de aula para que facilite a assimilação do conteúdo ao aluno. O educador deve ter o conhecimento para mediar e permitir que o aluno conheça sua experiência especifica e os saberes que possui a respeito de determinados domínios, a possibilitar os recursos a sua competência, sem fazer dela uma imposição. Perrenoud (2000, p.69) a respeito de competência diz: Competência em educação é a faculdade de mobilizar diversos recursos cognitivos que inclui saberes, informações, habilidades operatórias e principalmente as inteligências para com eficácia e pertinência, enfrentar e solucionar uma série de situações ou de problemas. As atividades docentes são reflexos de saberes pedagógicos vivenciados no contexto escolar, são práticas sociais que envolvem sujeitos da ação docente, refletir a respeito da forma como está encaminhada sua prática, faz com que reformule novas estratégias ou intensifique sua ação sobre os sujeitos da educação. Perrenoud (2000, p.13) afirma “Os professores devem dominar os saberes a serem ensinados, ser capazes de dar aulas, de administrar uma turma e de avaliar”. 20 Dessa forma, é importante reavaliar as práticas aplicadas, pois nelas estão contidos elementos importantes para uma construção de conhecimento como a problematização e a intencionalidade. São fatores relevantes para o desenvolvimento do educando, refletir sempre em suas ações já que o professor não é o único ator nesse processo de ensinoaprendizagem. Ser mediador, pesquisador e reflexivo são importantes para a formação desse educador atual. Segundo Libâneo (1998) para garantir o processo da capacidade intelectual do educando no processo de ensino, o professor deve planejar suas aulas, traçando os objetivos, controlando e avaliando o processo dos alunos. Para tanto, ele necessita de uma efetiva formação acadêmica que deve assegurar-lhe o domínio dos conteúdos da matéria que ensina e dos métodos e técnicas didáticas que o possibilitem ligarem tais conteúdos a aspectos da realidade e ao cotidiano da vida. Por tanto não há como apontar a melhor prática, e sim as mais eficazes, porém é necessário caminhos para essa eficácia. Planejar as aulas, utilizar metodologias e recursos criativos, motivadores e inovadores para estimular cada vez mais o educando, sondar os níveis de conhecimentos dos alunos, para adequar e contextualizar as atividades propostas e possuir uma boa relação com o aluno baseada no dialogo, respeito, na cooperação, ética, valorização e emancipação do ser humano. Para Antunes (2003) o educador tem uma tarefa árdua, seria ousadia lançar mais desafios a quem por sua profissão tantos e tão difíceis já os supera. É importante redescobrir esses desafios como proposta para inovar sua prática, pois todo educador aprende a descobrir seus caminhos no próprio caminhar. Zabala (1998) afirma que a prática docente deve ser reflexiva, não deve ser entendida só como momentos em que se produz o processo educacional em sala de aula, deve ser planejada e avaliada para melhor eficácia. Contudo, percebeu-se que é muito difícil o cenário da prática docente no cotidiano escolar, é necessário que haja a valorização do professor e de suas práticas para que se busque sempre o melhor, uma aprendizagem significativa para formar verdadeiros cidadãos igualmente capacitados, numa educação igualitária e digna para todos. 2.5 OS DESAFIOS DA PRÁTICA DOCENTE NA SOCIEDADE GLOBALIZADA A educação é um dos fatores mais importante para o desenvolvimento de um país. É por meio de saberes que o país aumenta a qualidade de vida da população. O Brasil tem evoluído, porém ainda não é suficiente para chegar a um nível aceitável em uma visão 21 global. Um dos assuntos mais questionados é a carência na educação, e está relacionado diretamente a diversos aspectos sociais, econômicos e políticos. Quando se fala da temática prática docente não tem como isentar os órgãos públicos de sua responsabilidade de assegurar condições dignas favoráveis para que os educadores realizem um trabalho significativo, isso reforça a falta de compromisso com que a educação é tratada. De certa forma a carência no desenvolvimento educacional no Brasil já vem desde os séculos passados e como a educação ocupa um lugar privilegiado na transformação da sociedade a culpa tenderia a cair sobre o profissional docente que lida diretamente com a educação, tornando-se alvo de muitas críticas de fracassos e pensamentos de esperança dos problemas sociais. Pimenta (2009) afirma “O professor, responsável direto pelo cotidiano da sala de aula, apresenta-se, então como mais ou menos qualificado para exercer sua função, com maior ou menor autonomia e controle sobre seu processo de trabalho”. Atualmente os desafios da prática docente têm sido redefinidos em função de uma sociedade em rápida transformação de perspectiva e valores, o que tem demandado tanto dos profissionais quanto dos sistemas educativos nos quais estão inseridas, ações que possam responder a esses desafios. Acredita-se que todos esses contextos compõem o fazer pedagógico, e as práticas docentes, e que os mesmos não devem se limitar e nem se esgotar no ambiente de sala de aula, elas devem estar relacionada à diversidade do cotidiano do aluno. Portanto, refletir as pratica pedagógicas que interferem de forma relevante no desempenho dos alunos de esferas populares de forma significativa é um desafio que faz com que construa novas perspectivas nas práticas docentes atuais. Portanto, a escola desta forma, por intermédio do professor terá seu papel revisto, enquanto socializadores do conhecimento, diante da prática mediadora, irão propor aos alunos uma aprendizagem com participação ativa durante o processo, no qual o conhecimento prévio do aluno e o científico, possam ser unificados por meio de um único objetivo de tornar realidade o sonho de uma aprendizagem significativa. Como as relações não são imutáveis e podem ser inerente aos conteúdos programados das relações, torna-se então possível qualquer mudança ao processo da relação professor aluno, e mesmo o alto nível de abstração dos alunos acabam sendo relevantes às ações mediadas pedagogicamente. O papel na sociedade de cada cidadão só terá reflexão nas subsequentes gerações, se de fato deixarem um conceito que seja alvo de mudança, ou seja, que desperte nos pesquisadores à vontade por algo novo. 22 Para Morin (2000), fica evidenciado que tudo pode ser aproveitado nas relações de instabilidade humanas e que organizadas em níveis pedagógicos transformam a relação em sala de aula viável e, portanto sociável. Principalmente em um mundo onde as novas relações frequentes em novas linguagens como a internet, por exemplo, que obriga ao entendimento das mesmas para apresentação em sala de aula de uma nova linguagem sistematizada desses novos valores. Desprovido desse modelo de organização natural, o docente não planeja suas aulas e projetos de acordo com essa estrutura e aceita a divisão social normalmente, que permeia em suas didáticas e na vida do educando perfazendo o tradicionalismo existente nestas conjunturas. A busca por esta restauração de ordem didática que a política educacional não contempla, está acessível a mudanças por esta própria vulnerabilidade das leis que as norteiam. A escola é um espaço de expressão, fortalece as relações, levando ao crescimento e amadurecimento de seus alunos. A escola possibilita às pessoas a utilização de conhecimentos, de habilidades, despertando condições de autodeterminação, de crescimento como pessoa humana. Além disso, a escola pode suprir a necessidade de convivência de ser humano exercendo a solidariedade, fortalece a identidade social, a troca de experiências entre os seus envolvidos nesse processo. Para isso é de suma importância que se construa uma prática pedagógica que leve em consideração a reflexão crítica do meio social, político e econômico, visando uma educação que liberte dos grilhões a qual a sociedade capitalista tenta manter, possibilitando uma possível emancipação e construção dos sujeitos interativos e que saibam dialogar e, por conseguinte sejam produtores do conhecimento. Segundo Charlot (2005), aprender sem uma atividade intelectual, sem mobilização pessoal, sem o uso de si é quase impossível. Uma aprendizagem só é possível se for imbuída do desejo (consciente ou inconsciente) e se houver um envolvimento daquele que aprende. Em outras palavras: só se pode ensinar a alguém que aceita aprender, ou seja, que aceita investir-se intelectualmente. Para Cunha (2002), o docente não produz o saber no aluno, ele realiza alguma coisa (uma aula, a aplicação de um dispositivo de aprendizagem, etc.) para que o próprio aluno faça o que é essencial, o trabalho intelectual. Os docentes conhecem bem o que estar diante de um aluno que não consegue compreender conteúdo de sua aula, embora seja tão simples. Esse sofrimento profissional do professor diante de uma barreira intransponível constitui uma verdadeira experiência metafísica, a da alteridade radical entre dois seres que são, aliás, parecidos. Que ninguém possa aprender no lugar do outro significa igualmente 23 que à dependência do aluno em relação ao mestre responde a contra dependência do mestre em relação ao aluno. É o mestre que tem o saber e o poder, mas é o aluno que detém a chave última do sucesso ou do fracasso do ato pedagógico. Tal situação tende a desenvolver no professor atitudes vitimarias e discursos acusatórios: o professor se sente profissionalmente vítima da ausência de mobilização intelectual do aluno. Segundo Pimenta (2009), a educação supõe uma relação com o Outro, já que não há educação sem algo de externo àquele que se educa. Este é um outro universo da situação de ensino. Aquele Outro é um conjunto de valores, de objetos intelectuais, de práticas, etc.; é também um outro ser humano (ou vários). Este tem vários estatutos. Assim, o docente é, ao mesmo tempo, um sujeito (com suas características pessoais), um representante da instituição escolar (com direitos e deveres) e um adulto encarregado de transmitir o patrimônio humano às jovens gerações (o que é uma função antropológica). Ainda de acordo com Pimenta (2009), essa pluralidade de estatutos produz inevitavelmente uma certa ambiguidade, ou mesmo confusão. A relação afetiva de pessoa para pessoa oculta o que há de específico na relação de ensino: é uma relação entre duas gerações, a que entra na vida e a que traz um patrimônio. O que os alunos e, às vezes, os próprios professores interpretam como relação afetiva é, de fato, uma relação antropológica: o jovem precisa do adulto está à espera da palavra deste, da transmissão de uma experiência humana, enquanto o próprio adulto se sente comovido frente à nova geração, quer cuidar dela, precisa lhe transmitir uma herança humana. Para Popkewitz (1997), a educação é um triplo processo de humanização (tornar-se um ser humano), de socialização (tornar-se membro de tal sociedade e de tal cultura) e de singularização (tornar-se um sujeito original, que existe em um único exemplar independentemente de sua consciência como tal). As três dimensões do processo são indissociáveis: não há ser humano que não seja social e singular, não há membro de uma sociedade senão na forma de um sujeito humano, e não há sujeito singular que não seja humano e socializado. O professor faz parte desse triplo processo, é formador de seres humanos, de membros de uma sociedade, de sujeitos singulares. No plano teórico, não há problema, mas na prática, não é tão simples, pois essas três dimensões podem entrar em conflito e, com isso, o professor passará a sofrer constantes pressões para privilegiar tal dimensão mais do que outra. O docente ensina em uma instituição estando sob o controle e o olhar de autoridades hierárquicas e de colegas, com restrições de espaço, de tempo, de recursos. Essas restrições variam segundo as situações de ensino, mas aí também se encontra um universal: a instituição gere. Ela pode gerir de diversas formas, mas há uma constante: ela 24 gere. Ora, a lógica da administração não é a da educação ou a do ensino. Gerir é prever, organizar, racionalizar, categorizar, submeter a critérios homogéneos. O ideal da gerência é o da perfeita transparência e do total domínio. Por sua própria natureza, o ato de ensino implica uma outra lógica: o professor não pode gerir racionalmente um ato cujo sucesso depende da mobilização pessoal do aluno, mobilização cujas forças são sempre um tanto obscuras (POPKEWITZ,1997) Esses são os universos da situação de ensino. Enquanto houver professores, esses princípios serão aplicados. Cada um deles dizendo que o ensino é feito em uma situação de tensão. Ensinar não é uma tarefa serena, não há idade de ouro do professor (exceto por ilusão retrospectiva). Mas esses universos permitem compreender melhor por que, no mundo inteiro e em todas as épocas, os professores vivem como profundamente legítimos e, ao mesmo tempo, sempre ameaçados. São profundamente legítimos, pois são transmissores de humanidade, portadores do essencial. Sentem-se, porém, ameaçados, malconsiderados, injustamente suspeitos, culpabilizados, pois são, por sua própria situação, tomados em um conjunto de imposições contraditórias e de tensões que os fragilizam (CHARLOT, 2005). Para Charlot (2005), na formação de professores, implica reavaliar os perfis profissionais, os papéis do professor, os planos e programas de estudo, a relação entre os eixos articuladores, além de considerar de primordial importância, a referência à incorporação do saber e da cultura cotidianas como meio de ajuda à configuração da identidade cultural dos educadores e tentativa de rompimento ou diminuição do abismo que parece existir entre o saber elaborado - ou cultura erudita, mal chamada de universal - e o saber cotidiano - ou da socialização. A integração destes dois tipos de saberes favoreceria não só a autonomia dos docentes. Produzir-se-ia também um avanço em direção à pertinência cultural do currículo, seja este o escolar ou o correspondente à formação dos professores. Ainda de acordo com Charlot (2005), o currículo tradicional de formação de professores estrutura-se em torno de disciplinas fechadas, nas quais os conteúdos se organizam numa sequência lógica, por meio das quais pretende-se que os alunos atinjam um alto nível de especialização - nível esse em que não se consideram as subculturas como cultura da marginalidade, a cultura indígena, a campesina etc, mas sim como elementos perturbadores e refratários ao processo de integração. Qualquer indivíduo, por meio do processo educativo, deve apropriar não só da cultura universal, mas também, e preferentemente, a cultura em que está inserido, para poder enfrentar a sua própria existência e a sua própria realidade. 25 Segundo Enguita (1991), a ideia de ensino implica um saber a transmitir, quaisquer que sejam as modalidades de transmissão, que podem ser magistrais ou passar por processos de construção, de apropriação. Ele faz referência, ao menos implicitamente, a um modelo de três termos: o saber a ser adquirido, que é o objetivo, o ponto de referência do processo, sua razão de ser; o aluno ou, se preferir, o aprendiz; o mestre, cuja função é servir de mediador entre o aluno e o saber, "sinalizar", como indica a etimologia, direcionar os olhos da alma para o saber, como dizia Platão. A lógica do ensino é aquela do saber a ser ensinado, do saber constituído em sistema e discurso que tem uma coerência própria (em "logos", diziam os gregos). A coerência do discurso é, então, interna: o que dá pertinência a um conceito é o conjunto das relações que ele mantém com outros conceitos em um espaço teórico, relações constitutivas desse conceito. Segundo Imbernón (2002) a ideia de formação implica a de indivíduo que se deve dotar de certas competências. O conteúdo e a natureza mesma dessas competências podem variar segundo o tipo de formação e o momento histórico: em 1950, as empresas definiam a formação profissional pelas capacidades específicas determinadas a partir da análise da função no trabalho; em 1990, elas põem em destaque a transferibilidade, a adaptação, a flexibilidade da mente e das condutas. Mas, seja qual for a maneira pelas quais essas competências são determinadas, elas serão sempre definidas em referência a situações e a práticas. Para Charlot (2005), formar alguém é torná-lo capaz de executar práticas pertinentes a uma dada situação, definida de maneira restrita (função no trabalho) ou ampla (em referência a um setor de trabalho encarregado de um processo de produção). Práticas pertinentes a um fim que se deve atingir. O ser humano formado é aquele que, por meio de suas práticas, é capaz de mobilizar os meios e as competências necessárias (as suas, mas também eventualmente as dos outros) para atingir urn fim determinado em uma situação dada. A prática é direcionada: o que lhe dá pertinência é uni a relação entre meio e fins. A prática é contextualizada: ela deve poder controlar a variação; não apenas aquela previsível, normalizada, mas a variação como minivariação, desvio da norma, como acaso, expressão da instabilidade inerente e irredutível de qualquer situação. De acordo com Enguita (1991), a lógica da formação é aquela das práticas, por definição contextualizadas e organizadas para atingir um fim, enquanto a lógica do ensino é a dos discursos constituídos em sua coerência interna. Percebe-se assim, que administrar a própria formação não é uma tarefa simples que possa ficar relegada a um eventual período livre de tempo. Impõe responsabilidade ao profissional, e melhor que isso, não é necessariamente uma ação individual. Deve-se buscar uma formação contínua e coletiva que resulte em um benefício profissional comum. 26 Perrenoud (2000) afirma que formar-se não é fazer cursos, numa visão burocrática, e sim, aprender, é mudar, a partir de diversos procedimentos pessoais e coletivos de auto formação. Tal formação resultará em um professor melhor qualificado, que certamente desempenhará com mais eficiência o seu papel e suas funções, delineando de maneira e explicita o alcance e os limites de sua atuação dentro e fora da escola. Segundo Hernandez (1998),quando o profissional sente a necessidade de transgredir, no sentido de reordenar sua prática pedagógica em benefício de uma educação real, que elimine exclusões, e inclua o acolhimento responsável da diversidade com a qual estará capacitado a trabalhar, sente também que esta transgressão nada mais é que o desenvolvimento de uma ação reflexiva e consciente da função de educar. Para Imbernón (2002, p. 21) o conhecimento profissional consolidado mediante a formação permanece apoiando-se nos conhecimentos teóricos e nas rotinas como no desenvolvimento de capacidades de processamento da informação assim como na reformulação de projetos. Em suma a formação contínua desenvolve ao educador a profissionalização docente, diminuindo a alienação que afeta a função. Afirma ainda, que ser um profissional da educação significará participar da educação das pessoas. Diante de tantas visões que explicitam a importância e a necessidade de dar continuidade à formação inicial do educador percebe-se que sem esta continuidade fica difícil manter o título de educador ou mediador de fato, abstendo-se de uma constante atualização o profissional ficaria apenas com o título de transmissor ou continuador de uma realidade que já não é mais desejada no meio educacional. Perrenoud (2000, p. 42) afirma que o magistério é uma profissão, e que cada professor procura seu próprio modelo, levando em conta o seu modo de executar suas funções, a preparação e improvisação, o seu gosto pela planificação, a eficiência nas diversas tarefas. Sua dispersão só diz respeito a ele mesmo. Ainda que os resultados dos alunos não sejam satisfatórios, o docente não tem que prestar contas sobre a maneira de organizar seu trabalho, fora da escola, sobre o tempo que dedica à preparação e as correções e à sua formação. Ele continua dizendo que: A escola despende muita energia a fingir que cada um faz o que deve fazer, sem se dotar de muitos meios para o verificar. Resta inventar outros modelos, que passam pela cooperação em iguais, pela supervisão mutua, pelo trabalho de equipe e pela construção de uma cultura profissional mais substancial (PERRENOUD, 2000, p. 200). Diante de tantos obstáculos que torna inviável para os professores é tornarem-se responsáveis pela sua formação continuada, capacitando de uma nova percepção de educação oportunizando um leque de opções para o fazer pedagógico, restaria apenas continuar tentando a incorporação de um senso crítico-reflexivo nos profissionais da área. 27 Nada, nenhuma mudança se consegue sem árdua luta, principalmente na área educacional onde os ranços históricos que a originaram parecem não querer desaparecer, já que se pode senti-lo no cotidiano escolar. Dotados de uma leitura que rejeita o novo mesmo antes de conhecê-lo, ou avaliá-lo, o novo assusta por ser desconhecido, por desestabilizar. O já conhecido provoca conforto, a certeza de se ter segurança do domínio de certo conhecimento ou prática, mesmo que já se tenha verificado eventuais lacunas neste conhecimento dominado. Vasconcelos (1999, p.67) faz um comentário sobre a falta de motivação do professor e do aluno acerca do “querer saber”, afirma que a rigor, o educando deveria vir à escola já mobilizado, a partir de seu contato desafiante com a prática social. Ocorre, no entanto, que numa sociedade de classes como a brasileira, a classe dominante mantém todo um aparato, tanto de infraestrutura como se superestrutura, para esgotar e saciar os indivíduos, inserindo-os no circuito da alienação. Dessa forma, os sujeitos que chegam à escola estão marcados por falsas necessidades e por ausência de questionamentos. O inimigo pedagógico do professor – o desinteresse, a desatenção – está, portanto, relacionando a um inimigo muito maior: o processo de alienação. O educador tem que ser capaz de desenvolver um processo diferente que percebesse no aluno, o seu objetivo de trabalho e estudo, e para o qual abdicaria do estado de letargia, mobilizando-se para o conhecimento, na totalidade da prática docente. Artigos de revistas especializadas na área e resultados de pesquisa apontam que a maioria dos professores brasileiros sentem-se com conhecimentos para exercer a função docente apenas com a formação inicial que receberam, não sentido necessidade de atualização mesmo ao deparem-se com situações de ensino aprendizagem com as quais têm dificuldade de lidar ou solucionar com embasamento técnico. O educador possui uma postura passiva frente à dificuldade que encontra no cotidiano escolar seja no relacionamento com pais e educandos, no pouco interesse por parte dos alunos, no baixo nível de aprendizagem, na demonstração mecânica de conhecimento, na indisciplina ou no déficit de atenção. Aparentemente tais fatores, de tão comuns no cotidiano, passaram a integrar a ação educativa como se fosse uma parte natural da mesma. Como se adicionar outros e novos saberes aos já incorporados pelo educador em nada melhorassem sua prática, nada lhe acrescentasse profissionalmente. Imbernón (2002, p.8), afirma que “o envolvimento com a prática educativa desde o início do curso seria, ou é essencial para a formação. Associar teoria e prática é uma fórmula de sucesso.” Naturalmente, gerenciar a continuidade da formação requer disciplina e motivação pra que esta ocorra adequadamente e sirva aos seus propósitos. 28 Perrenoud (2000, p.45) afirma que o educador que somos está de acordo com a educação que recebemos. O que quer dizer é, se o aluno for contemplado com o espaço escolar pobre em ideias, sem perspectivas bem definidas de quais características deseja desenvolver no sujeito em formação, o indivíduo concluirá sua formação da mesma forma: pobre de ideias e sem perspectivas bem definidas. Se o formador oportuniza ao educando o resgate do desejo de ser educador, de realizar esta tarefa dotado de habilidades que a ela são necessárias, naturalmente este terá uma formação diferenciada, daquele formando que recebeu informações básicas, sem muito estímulo, sem muitas inovações no ato de ensinar. Pouco mudou na condução dos futuros educadores, a ação educativa está estagnada, naturalmente os formandos estudam novas tendências, mas o fazem de forma tradicional, não tem oportunidade de experimentar na prática por um período representativo de tempo, o que é válido, e o que não se adequar. Experienciar seria um fator primordial na formação de educadores. Para formar educadores possuídos do já citado desejo de saber, de investir na carreira constantemente é essencial investir igualmente na formação dos formadores de educadores, como realiza o curso de pedagogia para professores em exercício no início de escolarização. Naturalmente isto não mudaria radicalmente a educação, mas certamente seria um começo interessante. Piaget (1993, p.89) afirmava que uma mudança radical do ensino construtivista só pode vir do professor. A razão de tal afirmação, certamente, já ficou suficientemente clara. Leis e diretrizes, elaboradas de cima para baixo, por mais sábios e bem intencionados que sejam jamais irão por si só romper o círculo vicioso e conversador que perdura há séculos nos sistemas de ensino. Para ele, são necessários dois aspectos na formação de educadores: a formação intelectual e moral, considerados dois difíceis problemas, pois quanto melhores são os métodos preconizados para o ensino, mais o professor sente dificuldade em lidar com eles, devido à formação deficitária inicial e aos constantes avanços metodológicos e tecnológicos que requerem formação contínua, e a valorização ou revalorização do docente primário e secundário, que se encontra em desprestígio social e econômico, acenando perigosamente para uma difícil sobrevivência para as civilizações docentes. Acreditava que a solução para estes dois problemas seria a formação universitária para todos os docentes, pois conhecendo profundamente os mecanismos que levam a pessoa a aprender, será capaz de desenvolver o potencial de seus educandos, isto em qualquer nível de ensino. O motivador que leva os indivíduos optar pela profissão docente, representa um fator importante no desenvolvimento de sua prática. Quando o motivador é a ideologia, a vocação 29 certamente, um profissional envolvido numa ação emancipatória educacional se formará. Tratar-se-á de um profissional capaz de identificar em que medida a formação afeta as mudanças na aprendizagem dos alunos. Logo, acolherá o futuro professor de forma diferenciada, resgatando seus desejos e sonhos que o motivam a ingressar no curso inicial ou contínuo. Para ser educador é necessário antes de tudo que se acredite na educação, e que não seja muito frágil, perecendo profissionalmente frente às dificuldades. Freire (2004) complementa a colocação afirmando: É preciso ousar dizer cientificamente e não blá-blá-blantemente que estudamos, aprendemos, ensinamos, conhecemos com o nosso corpo inteiro. Com os sentimentos, com as emoções, com os desejos, com os medos, com as dúvidas, com a paixão e também com a razão crítica. Jamais com estas apenas. É preciso ousar para jamais dicotomizar o cognitivo e o emocional (FREIRE, 2004, p.10). Libâneo (1998, p.42) faz referencia ao fato de que os cursos de formação inicial, magistérios e pedagogia, e consequentemente os formadores tornaram-se reféns de um baixo senso de profissionalismo, o que significa ausência ou desmotivação do professor em participar ativamente na construção do projeto político democrático, e no projeto pedagógico, na aquisição do domínio da matéria e dos métodos de ensino, respeito a cultura dos alunos, lembra da ineficiência de alguns programas de formação de professores, que não traduzem mudanças efetivas na sala de aula, ou seja não atendendo à necessidade do educador. A sala de aula pode ser considerada como laboratório de aprendizagem, lugar de descobertas significativas que poderiam ser disseminadas no meio profissional por pessoas que atuam de fato com o segmento inicial da educação, é pensar uma educação com a qualidade que a área necessita, para conseguir modificar o atual quadro, ou melhor, o quadro que se apresenta a alguns anos, segundo os pesquisadores da área. Refletir sobre a prática educativa é o ponto inicial para perceber-se como elemento colaborador para gerar sucesso ou fracasso escolar e se refletir sobre os dois fatores ensino e aprendizagem perceberá que os dois estão dissociados quando ocorre o fracasso. Senão houver aprendizagem, o ensino também não ocorreu. Isto considerando os estudantes de forma individualizada com ritmo e tempo próprio para aprender, e não em percentual de aprendizagem demonstrado por uma classe. Para Pimenta (2009, p. 90), a identidade possui um grande significado, pois é algo que se constrói ao longo do processo histórico e adquire significados no contexto social a partir da significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da profissão; da revisão das tradições. 30 De acordo com Camargo (2005, p. 56), a prática pedagógica no campo educacional firma-se no modelo da racionalidade técnica onde considera os professores como “meros executores de decisões alheias” (LIMA & PIMENTA, 2008, p. 90). No Brasil, até há pouco tempo, predominava três abordagens pedagógicas: a tradicional, centrada basicamente nos conteúdos; a escola nova, em que o importante era ao aluno “aprender a aprender”; e a abordagem tecnicista, onde o importante eram as “qualificações técnicas”. Afirma Pimenta (2009, p. 32) que nos anos de 1980 e 1990, houve um significativo aumento nos investimentos na “formação e desenvolvimento profissional dos professores”, por considerar que e o professor de hoje não pode mais se basear no modelo da racionalidade técnica, mas sim, como um profissional capaz de decidir e confrontar “suas ações cotidianas com as produções teóricas, rever suas práticas e teorias que as informam”. Essas ações cotidianas tem de ser estudadas pelo professor a partir de suas práticas docentes e confrontadas à luz de suas teorias para poder transformá-las, e só serão efetivadas na medida em que o professor amplia sua consciência sobre a própria prática. Deste modo sugerir-se um modelo que ressalte a importância do educador reflexivo, articulado como o que “pensa-na-ação”, que relaciona as suas atividades de pesquisa com as atividades profissionais, de acordo com a realidade. Este é um dos mais requerido na formação,no desenvolvimento e na aprendizagem do educando, assim como, o que pensa a possibilidade de pesquisar, e construir saberes a partir de sua própria prática Outro domínio de interesse dentro da área de formação de professores, tanto de física quanto no geral, são os estudos que abordam os saberes docentes, como, por exemplo, o realizado por Tardif (2007, p. 7) que discute, mais especificamente, os saberes pedagógicos. Pare ele, o saber não é uma coisa que flutua no espaço: o saber dos professores é o saber deles e está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a sua experiência de vida e com sua história profissional, com sua relação com os alunos em sala de aula e com os outros atores escolares na escola, etc. por isso, é necessário estudálo relacionando-o com esses elementos constitutivos do trabalho docente. É relevante citar que há também por parte das normas educacionais o desejo de alterar o modelo vigente de formação professores, orientado pelo modelo da racionalidade técnica. Essa intenção se percebe nos preceitos indicados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) onde o novo professor, seja capaz de proporcionar aos alunos uma educação que os torne sujeitos críticos. Assim, percebe-se que para um formar crítico, os saberes assumem importante papel na formação dos futuros professores como: a experiência, o conhecimento e os saberes pedagógicos. 31 A experiência relata a construção de saberes desse futuro docente por meio, de suas experiências como alunos e no dia-a-dia, pois ao chegar ao curso de formação inicial esse graduando já tem a ideia do que é ser um educador, e das dificuldades pertinente a ele como: a não valorização social e financeira, a dificuldades de estarem em turmas que são turbulentas e problemáticas, escolas precárias e a desvalorização profissional e salarial. Assim como a permanente revisão e reflexão de sua prática, junto aos seus colegas de trabalho e estudo, Os saberes pedagógicos, somados aos saberes da experiência, do conhecimento pedagógico e didático, são alicerces para que os licenciados adquiram um saber articulados de maneira desarticulada sendo necessária um reinventar desse saber por meio de uma prática engajada a partir dos conhecimentos sociais da educação. 32 3- METODOLOGIA A pesquisa a respeito do tema partiu de uma inquietação em analisar as práticas docentes e suas contribuições para o desenvolvimento do aluno, a partir do pressuposto de uma educação significativa e que esteja de acordo com os avanços que a educação passou. Segundo Marconi e Lakatos (1992), encontrar um tema que mereça investigação científica e tenha condições de ser formulado e delimitado a favor da pesquisa, vai muito além de só querer, é preciso encontrar formas para se investigar e fundamentar as pesquisas, pois elas são objetos de estudos permanentes, que traz conhecimentos relevantes para o pesquisador. Após a reflexão de diferentes formas de ver a prática docente chegou-se a uma conclusão como forma de delimitar o tema, “As práticas docentes na sociedade globalizada”. A discussão a respeito da prática educacional é considerada na atualidade um importante fator para as mudanças educacionais, fatores relevantes para o aperfeiçoamento da ação docente. Diversos teóricos como, Zaballa(1998), Pimenta(2009), Freire(1996) entre outros traçam discussões a respeito das práticas educativas, que fundamentaram nossa pesquisa. A presente pesquisa foi bibliográfica, e buscou a resolução do seguinte problema, quais desafios os professores encontram para desenvolver uma prática pedagógica significativa na sociedade globalizada? Por meio de referenciais teóricos publicados e analisados discutiram-se as várias contribuições científicas. A pesquisa traz subsídios para o conhecimento a respeito do que foi pesquisado. Segundo Manzo (1971) a pesquisa bibliográfica é importante, pois além de oferecer meios de resolver problemas conhecidos, também explora novas áreas onde os problemas ainda não foram suficientemente resolvidos. Seu objetivo é permitir o reforço paralelo na análise de suas pesquisas. Assim, a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito a respeito de determinado assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque, e chega a novas conclusões. Severino (2007, p.122) explica a pesquisa bibliográfica da seguinte forma: A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos em impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos. A pesquisa em qualquer campo que ocorra, sempre será necessária uma pesquisa bibliográfica, para ter conhecimento antecipado do estágio em que se encontra o trabalho. 33 Sua abordagem teve caráter qualitativo, pois a pesquisa foi realizada por meio detalhado da literatura, e assim interpretada e comparada ao entendimento pessoal. Para Severino (2002) as abordagens qualitativas necessitam de características e procedência de reflexão que seja pessoal, autônoma e rigorosa. Foi realizado um levantamento teórico dos principais autores que discutem a temática da prática docente na sociedade globalizada. Tais como Freire (2004 p.17) a formação docente caminha junto com a reflexão a respeito da prática educativo-progressiva a formar a autonomia do aluno. Zaballa (1998) é preciso referenciar o que se configura prática, pois os caminhos educativos são suficientemente complexos, assim não seria fácil reconhecer todos os fatores que o definem. Portanto, a pesquisa torna-se uma exigência para a relação teoria e prática. Haja vista que sem a qual teoria pode virar ilusão e a prática ativismo. As fontes foram artigos científicos, livros técnicos, relatos de experiências que foram publicados em congressos etc. Após o levantamento bibliográfico, os dados foram tratados em forma de categorias ou eixos de análise nos quais foram apresentadas as principais concepções das práticas docentes na sociedade globalizada e suas devidas análises. Segundo Severino (2002) a coleta de dados desencadeia uma serie de procedimentos para a localização e busca metódica dos documentos que possam interessar ao tema discutido. 34 4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO No capítulo proposto são tratadas as respostas obtidas na pesquisa bibliográfica a respeito da temática “As Práticas Docentes na Sociedade Globalizada” e traz a discussão dos autores acerca das práticas docentes. Nesta perspectiva, procurou-se fundamentação teórica nas ideias de: Charlot (2005), Freire (1996), Perrenoud (2000), Pimenta (2009), Zabala (1998) e outros que contribuíram de forma significativa para aprofundar a discussão relacionada ao tema. Nesse capítulo os autores deixam claro suas formas de pensar a respeito das práticas e sua relevância para atuação docente. 4.1 A CONTRIBUIÇÃO DAS PRÁTICAS DOCENTES PARA A APRENDIZAGEM DO ALUNO. Com base nas literaturas realizadas em Charlot (2005), Freire (1996), Perrenoud (2000), Pimenta (2009), Zabala (1998) verificou-se que os autores coadunam com a ideia que é indispensável a necessidade de se desenvolver práticas educativas com um novo olhar, não somente um olhar voltado ao ensino de conteúdos e técnicas mecânicas, mas também metodologias de aprendizagem que favoreçam o aluno e acompanhem a contemporaneidade. Com base nas afirmativas, o educador é um profissional essencial na construção do conhecimento do aluno, pois participa ativamente em sua formação, capaz de lhes proporcionar desenvolvimento tecnológico, cultural e científico, para garantir condições dignas frente às exigências da sociedade atual. Mas como saber qual a melhor pratica para o aluno? Acredita-se que não há a melhor prática e sim a mais eficaz e que muitas vezes as respostas estão nos resultados obtidos pelos alunos, nos processos educativos, na reflexão de sua a própria prática e no contraste com outras. Porem às vezes todos esses esforços não são suficientes. Para os autores o professor deve ser um eterno pesquisador buscando sempre o aprimoramento de suas praticas para lhe garantir conhecimento de intervir e fazer a diferença na hora certa. Percebe-se que uma prática docente bem elaborada ajuda o aluno a construir condições favoráveis para sua aprendizagem e proporciona um sentido de vida mais crítico mais humano para o educando de modo que ultrapasse a prática estudantil e desenvolva autonomia e novas competências e habilidades no educando. Em tempos de globalização e de diversas transformações sociais, os sujeitos como integrantes desse processo, devem ser também participantes ativos destas mudanças. A 35 escola, como extensão da sociedade, tem como objetivo, em seu espaço, possibilitar ao aluno inserido nesse processo oportunidades de reconhecimento do seu próprio “eu” em um contexto o qual lhe exige sempre um repensar do dia a dia, de modo que reconheça também que o saber não é só acúmulo de informações, mas um conjunto de competências adquiridas e desenvolvidas na escola que tornam o aluno apto a enfrentar os desafios da sociedade global. Logo o professor e a escola devem cumprir seu importante papel social e educar para o presente assim como o futuro. Sendo assim, a perspectiva de criar cidadãos deve ser compartilhada entre a escola, a família e a sociedade como um todo. E muitas vezes não se tornar visível através da prática do professor. Desta maneira percebe-se a importância do professor mediador durante sua prática, que permeia também pelas relações e mudanças, sentindo-se responsável em desenvolver junto com o aluno um processo em que ele sinta-se coautor de sua aprendizagem. É válido entrar em questão que para o papel do professor mediador se concretizar, o mesmo há de levar em conta, também a reflexão quanto ao seu papel e propósito de ação docente, em se responsabilizar e conscientizar no exercício de sua prática educativa, a qual desempenhará uma função de estabelecer a formação de identidade dos alunos presentes em sala de aula. Nota-se que as variáveis que cercam a relação professor-aluno possuem diferentes conotações cronológicas e sua perpetuação se dá pelo processo mediador do professor que em sua maioria não atenta para essas questões simultâneas. Neste aspecto, o professor pela sua prática socializadora, mediará esta relação de modo a considerar todos os tipos de conhecimentos, o qual passará a interferir no dia a dia da realidade dos sujeitos envolvidos no processo. O momento, a experiência de reconhecerse enquanto ser atuante, de assumir-se na relação entre educando e educador como ser histórico e social, faz parte do ensino-aprendizagem, e assim, tanto o aluno quanto o professor tem esta responsabilidade quando refere-se ao ato educacional. Porém, de forma clara e concisa, a iniciativa do professor durante sua prática a este processo de construção do saber dá-se de forma mediadora e respeitada, é o inicio de uma escola que age como transformadora e socializadora do saber por meio dos sujeitos que a contempla. 4.2 AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS TRADICIONAIS VERSUS AS ATUAIS. Conforme os estudos pesquisados dos autores Perrenoud (1999) e Paulo Freire (2000) percebeu-se que os autores têm ideias parecidas a respeito de que há diferença 36 entre as práticas pedagógicas tradicionais e atuais. Antigamente as práticas pedagógicas se davam de forma mecânica, onde o professor era visto e sentia-se como o dono da verdade, era o mais temido, predominava o autoritarismo do professor sobre o aluno. O professor não podia ser questionado, porém, tinham suas vantagens e desvantagens. Os profissionais de educação eram bastante respeitados. No que diz respeito à transmissão dos conteúdos, os assuntos eram repassados com clareza, porém de forma “automática”, os alunos conseguiam aprender, mas não pensavam com criatividade, apenas recebiam uma informação enxuta, e com isso não aprendiam a tomar suas próprias decisões e atitudes coerentes no decorrer de sua vida. Com as modificações na sociedade, com o desenvolvimento da tecnologia, o pensamento crítico das pessoas aprimorou, surge a necessidade de mudança no processo pedagógico, pois os alunos não estavam mais aceitando aquela autoridade do passado. Dessa forma a prática pedagógica atualmente tem que priorizar a construção de ideias do próprio aluno, fazendo com que ele questione, tire dúvidas, para que a escola deixe de ser vista como obrigação e se torne uma fonte de desenvolvimento intelectual. As tendências pedagógicas tem grande importância para a educação, principalmente as mais atuais, elas contribuem para que um trabalho consciente seja feito, baseado nas demandas da clientela atual. Quando um profissional da educação conhece essas práticas, seu papel na formação do aluno aumenta, pois as aulas passam a ter mais sentido, pois tais tendências objetivam nortear o trabalho do educador, ajudando-o a responder a questões sobre as quais deve se estruturar todo o processo de ensino, tais como: o que ensinar? Para quem? Como? Para quê? Por quê? O espaço escolar precisa ser reinventado para que o aluno vá para os bancos escolares satisfeitos. Existem escolas que fazem ótimos trabalhos em relação às novas tendências de prática escolar, porem, existe escolas que viram as costas para seus alunos e não acreditam mais nele. Portanto, é essencial o conhecimento mais aprofundado das tendências pedagógicas por parte dos professores. O educador deve conhecê-las, precisa usa-las da melhor forma de acordo com sua turma. Com as novas ferramentas o professor terá um bom desempenho em suas práticas, o educador deve reforçar a capacidade crítica do aluno, despertando curiosidade para que busque os porquês do assunto, criando assim a evolução crítica do educando. Ele deve ensinar os alunos a aprender, não decorar para que possam ter opiniões. O professor precisa buscar soluções e sentidos para repassar aos alunos, e estimulá-los a buscar conhecimentos, preparar para formar um bom cidadão. 37 O ensino pode ser entendido também como a transmissão de um saber, porém essa transmissão precisa operar pela via direta, a via magistral, ela pode também se operar pela via indireta, aquela da construção do saber pelo aluno. As pedagogias novas insistem sobre o papel ativo do aluno como condição de acesso ao saber, o papel do professor como sendo menos o de comunicar seu saber que o de acompanhar a atividade do aluno, de lhe propor uma situação potencialmente rica, de lhe ajudar a ultrapassar os obstáculos, de criar outros novos para que ele progrida. Neste sentido, todo ensino digno desse nome se pretende também formação. Contudo, se a defasagem entre ensino e formação se encontra assim atenuada, ela nem por isso é anulada. A prática que aqui está em questão é, com efeito, uma prática do saber. Ela funciona segundo as normas específicas do mundo do saber: construção de um universo e de um discurso no qual a norma é a coerência interna. Dessa forma, a prática do saber é organizada para atingir um objetivo, mas, diferente da prática profissional, a finalidade aqui é de produzir efeitos, agindo sobre o mundo, a fim de construir um mundo específico, no qual a lei é a coerência. Além disso, ainda que essa prática seja contextualizada, muitas vezes precisa ser repensada, pois seu foco é a construção de conhecimento. Ela é contextualizada uma vez que, como toda prática, tem a marca da situação na qual ela se desenvolve; mas ela tende precisamente a se libertar dessa ancoragem a uma determinada situação para construir um saber que seja verdadeiro independentemente da situação. Não se deve confundir, e reduzir um ao outro, um ensino "ativo" que pretende formar para as práticas do saber e uma formação profissional que pretende dotar o indivíduo das capacidades que lhe permitam dominar uma situação complexa e nela inscrever os efeitos pretendidos, mesmo se, evidentemente, a formação para as práticas do saber se revestir de um interesse especial, quando a formação profissional em questão é aquela dos professores, os quais deverão produzir efeitos de saber em seus alunos. A transmissão de saberes, de fato, não tem unicamente, e algumas vezes nem mesmo essencialmente, como objetivo dotar o aluno de um conhecimento dos conteúdos transmitidos. Através da difusão do saber, o professor visa, segundo as épocas e os lugares, a moralizar o povo, a formar a razão, a formar o cidadão, a desenvolver o indivíduo, a dar sentido ao mundo, etc. Ou seja, cultivar o indivíduo, lhe dar forma, uma forma apropriada ao lugar, ao tempo, algumas vezes ao sexo e à origem social. Transmite-se, então, o saber para formar o indivíduo. 38 Nota-se que as práticas atuais devem estar em consonância com as relações entre ensino e com a lógica da formação, e das práticas, para que os saberes constituídos em sistemas e discursos sejam coerentes. 4.3 DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS EDUCADORES EM SE ATUALIZAR A PARTIR DOS NOVOS MÉTODOS DE ENSINO. Nas leituras realizadas em Cunha (2002), Freire (2011), Inbernon (2002), Perrenoud (2000), verificou-se que os autores tem ideias parecidas no que diz respeito as dificuldades encontradas pelos educadores em se atualizar a partir dos novos métodos de ensino que são basicamente três : desvalorização, estrutura de ensino e condições de trabalho. Um bom professor é o que se preocupa em refletir com os alunos suas disciplinas e não somente reproduzir o conteúdo. Para que isso ocorra o profissional de educação precisa estar inteirado, conhecer as novas práticas pedagógicas e todo o seu contexto, precisa usar instrumentos para um trabalho eficaz e aplicar metodologias criativas, estimuladoras e contextualizada em sala de aula. Percebe-se que há exigência em se trabalhar de forma significativa, porém existem barreiras na vida do educador que dificultam esta atualização. Na maioria das vezes, há uma crise, devido a grande jornada e as condições indignas e precária de trabalho, e a deficiência na formação continuada. Com o passar do tempo, ministrar aulas torna-se muito cansativo e repetitivo, tanto para o professor quanto para o aluno, dentro das instituições quase não se propõe novas mudanças por parte da direção, o que vai desestimulando cada vez mais o educador, porém, diante da sociedade todos esses atropelos ficam de lado, e o professor se adequa na perspectiva de um novo caminho no campo educacional. O mundo se transforma com as práticas dos educadores e com estas os aprendizes, sendo assim, a escola sistematicamente deve potencializar quanto mais cedo a criticidade, o despertar para um mundo em que o aluno possa conhecer e que precisa apenas de um incentivo por meio de estratégias adequadas que possam desenvolver infinitas e múltiplas inteligências. Mediante o contexto, ressalta-se que neste novo modelo de educação há a integração de todas as partes que a compõem, formando desta maneira uma nova filosofia educacional que reverta o atual padrão de convivência humana. Portanto, esta coletivização faz-se necessária para implementação de um novo paradigma. Todavia, o desafio será muito intenso, mas dinamizar pedagogicamente e tecnologicamente os procedimentos requer a qualificação do professor. 39 Entretanto, o professor encontrará muita dificuldade em se atualizar sendo tão desvalorizado profissionalmente e recebendo um salário que o impossibilita de ter uma formação continuada, o que é de estrema importância na atualidade, pois capacitam esses profissionais e os preparam em relação às mudanças da sociedade e do mundo. Outra dificuldade, intensa jornada de trabalho, muitos professores se submetem a trabalhar três turnos para assim conseguir um salario razoável, tendo em vista que o salário de um professor esta muito abaixo de outros profissionais, e esse é o profissional que forma o médico, o engenheiro, o advogado e todas as profissões que existem. Muitos são os desafios do profissional da educação atualmente. A valorização do professor está longe de ser reconhecida. Outra grande dificuldade desse profissional é a estrutura de ensino. As condições de trabalho são péssimas, além da dificuldade de capacitação, existe também outra problemática, as escolas sem recursos tecnológicos que possam ser usados em sala de aula. Muitas vezes não há estrutura para exercer um bom trabalho, faltam materiais, carteiras, merenda, as salas de aulas sem condições de uso, chove nas dependências da escola entre outras dificuldades encontradas no dia a dia escolar. A educação é um dos fatores mais importante para o desenvolvimento de um país. É por meio de saberes que o país aumenta a qualidade de vida da população, o Brasil tem evoluído, porém ainda não é suficiente para chegar a um nível aceitável em uma visão global. Um dos assuntos mais questionados é a carência na educação, e está relacionado diretamente a diversos aspectos: sociais, econômicos e políticos. 40 CONSIDERAÇOES FINAIS Este estudo é de suma importância para a formação profissional e para o aprofundamento dos conhecimentos em relação ao tema a prática docente na sociedade globalizada, no qual possibilita ao professor e à escola, uma visão tanto da importância da prática docente no processo ensino aprendizagem, bem como, as dificuldades encontradas na era da globalização, pois percebeu-se a necessidade de se trabalhar essas tecnologias na sala de aula, com a finalidade de despertar o interesse do aluno e contribuir para a formação do mesmo. No entanto, não se idealiza alguém que ensine um conteúdo pronto e acabado, mas que conduza o processo de aprendizagem frente a todos os avanços e desafios que o mundo oferece e utiliza-se a memória como suporte da criatividade. Dessa forma, há a possibilidade de se adotar um sistema educacional que promova maior igualdade de oportunidades e que possibilite o maior acesso da sociedade ao que se chama hoje de cidadania. Sendo assim, verificou-se que a prática docente deve ter claro quais os objetivos deseja alcançar, e que ações devem ser utilizadas e de que maneira devem ser trabalhadas utilizando-se de recursos alternativos que estejam inseridos no contexto social do aluno como forma de relacionar a realidade da mesma com materiais que possibilitem uma aprendizagem significativa por meio da relação de seu conhecimento de mundo. Somente por meio de uma compreensão mais ampla a respeito do desenvolvimento da prática docente diante da globalização, de suas relações com o desenvolvimento cognitivo e também das condições sociais, econômicas, históricas e psicológicas que envolvem o processo ensino aprendizagem, será possível desenvolver trabalhos de forma significativa e prazerosa no contexto escolar. Diante do exposto, constatou-se que há urgência da inserção metodológica por meio de tecnologias no âmbito escolar, que favoreça e viabilize um aprendizado alicerçado na qualificação docente, pois os desafios e a complexidade social da globalização torna o mundo cada vez mais conectado, bem como as diversidades mais aparentes. . 41 REFERENCIAS ANTUNES, Celso.Resiliência: A construção de uma nova pedagogia para uma escola pública de qualidade. Psicologia educacional. 3ªedição. Petrópolis,Rio de Janeiro: Vozes,2003 ARANHA, M.L.A. História da educação. 2 ed. São Paulo: Moderna, 1996. CAMARGO, Rubens B. 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