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30/01/2007 - 11h27
Aquecimento deixará milhões famintos e sem água, diz estudo
Por Rob Taylor
Fonte : Agência Reuters
Em Canberra (Austrália)
O aquecimento global fará com que milhões de pessoas passem fome por volta de 2080
e causará grave falta de água na China, na Austrália e em partes da Europa e Estados
Unidos, segundo um novo estudo sobre o clima mundial.
Até o final do século, as alterações climáticas farão com que a escassez de água afete
entre 1,1 e 3,2 bilhões de pessoas, com um aumento médio de temperatura na ordem de
2 a 3 graus Celsius, segundo relatório preliminar do Painel Intergovernamental para a
Mudança Climática.
O texto deve ser divulgado só em abril, mas o jornal australiano The Age teve acesso a
seus dados. O estudo diz ainda que outros 200 a 600 milhões de pessoas enfrentarão
falta de alimentos nos 70 anos seguintes, enquanto inundações litorâneas podem tragar
outras 7 milhões de casas.
"A mensagem é que cada região da Terra terá uma exposição [ao aquecimento]", disse
Graeme Pearman, um dos responsáveis pelo relatório, na terça-feira à Reuters.
"Se você olhar para a China, como a Austrália, ambas vão perder precipitações
pluviométricas consideráveis em suas áreas agrícolas", disse Pearman, ex-diretor de
clima da Organização da Comunidade Científica e de Pesquisa Industrial, principal
órgão australiano do setor.
Um encontro de líderes mundiais sobre mudanças climáticas ajudaria a aproveitar o
bom momento criado por notícias sobre a alteração de atitude em Washington em
relação ao aquecimento global, disse nesta terça-feira um porta-voz do setor ambiental
da Organização das Nações Unidas (ONU).
ONU PRESSIONA POR ENCONTRO DE CHEFES-DE-ESTADO
Países pobres, como os da África e Bangladesh, seriam os mais afetados, por serem os
menos capazes de lidarem com secas e inundações litorâneas, segundo o especialista.
O Painel Intergovernamental foi criado em 1988 pela Organização Meteorológica
Mundial e pelo Programa Ambiental da ONU para orientar as políticas globais sobre o
aquecimento.
O grupo deve divulgar na sexta-feira em Paris um relatório prevendo que até 2100 a
temperatura média do mundo estará de 2 a 4,5C acima dos níveis pré-industriais, sendo
que a estimativa mais provável é de 3C.
Esse relatório deve resumir a base científica das mudanças climáticas, enquanto o texto
de abril detalhará as consequências do aquecimento e as opções para se adaptar a ele.
Seca na Austrália
O relatório preliminar contém um capitulo inteiro sobre a Austrália, que vive a pior seca
da sua história, alertando que a Grande Barreira de Recifes se tornará "funcionalmente
extinta" devido à destruição dos corais.
Na Europa, os glaciais vão desaparecer dos Alpes centrais, enquanto algumas ilhas do
Pacífico devem ser muito atingidas pela elevação dos mares e intensificação da
freqüência das tempestades tropicais.
Num tom mais otimista, Pearman disse que ainda há muito que se pode fazer para lidar
com o aquecimento. "As projeções no relatório que sai nesta semana se baseiam na
pressuposição de que somos lentos em reagir e que as coisas continuam mais ou menos
como no passado", afirmou.
Alguns cientistas dizem que a Austrália, o continente mais seco do mundo, sofre uma
"acelerada mudança climática" em comparação com outros países.
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PROVÁVEIS CONSEQÜÊNCIAS
Derretimento de geleiras, como a de Vatnajokull, na Islândia, serão apenas uma das
conseqüências
Seca: entre 1,1 bilhão e 3,2 bilhões de pessoas sem água
Fome: entre 200 a 600 milhões de pessoas sem alimentos
Inundações: 7 milhões de residências podem ser afetadas
Calor: aumento de temperatura médio de 2 ou 3 graus Celsius
Além disso, a neve deve sumir dos montes no sudeste do país, e o fluxo de água na
bacia do rio Murray-Darling, principal área agrícola australiana, deve cair de 10 a 25
por cento até 2050.
BRASILEIROS CONSCIENTES
Internautas brasileiros revelaram-se os mais preocupados do mundo com os efeitos do
aquecimento global, em pesquisa da consultoria AC Nielsen. Quatro entre cinco
brasileiros disseram que o assunto é 'muito sério', em levantamento em 46 países. Quase
25,5 mil pessoas foram pesquisadas
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