ACADEMIA NACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos Educar para Paliar São Paulo Outubro de 2010 Este documento apresenta todos os trabalhos científicos apresentados no IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos em suas duas modalidades: apresentações orais e pôsteres. Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 2 Introdução O IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos aconteceu entre os dia 6 e 9 de outubro de 2010, na cidade de São Paulo. Reuniu cerca de 600 participantes e 75 congressistas que discutiram o tema Educar para Paliar. O Congresso recebeu 234 inscrições de trabalhos científicos. Deste total, 136 foram escolhidos para os pôsteres e 24, apresentações orais. Agora, este material está publicado na forma dos Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos. As inscrições foram feitas online, pelo site www.paliativo.org.br/congresso, e estiveram abertas do período de maio a julho de 2010. Os trabalhos versaram sobre diversos assuntos, entre eles, a educação em Cuidados Paliativos (tema do Congresso), o apoio ao paciente e a seus familiares, espiritualidade e religiosidade, terapia ocupacional, psicologia, oncologia, neurologia, uso de opióides, controle de sintomas, revisão de literatura, experiências na implantação de serviços e muitos outros. São trabalhos de instituições e pesquisadores localizados de norte a sul do Brasil, de universidades públicas e privadas, serviços públicos e privados, que mostram um amplo painel do atual desenvolvimento teórico e prático da área paliativa brasileira. Sobre os Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos A presente publicação está dividida em duas partes: Apresentações Orais e Apresentações de Pôsteres. Os trabalhos estão distribuídos em ordem alfabética pelo título. Além desta informação, há também os nomes dos autores e das instituições às quais estão vinculados. Pequenas formatações foram realizadas para padronizar esta publicação, sem interferência no conteúdo. Premiação De acordo com as categorias, a comissão julgadora escolheu os seguintes trabalhos: Categoria Apresentações Orais Primeiro Lugar: www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 3 Construindo um cuidado: a família e seu familiar em regime de Cuidados Paliativos oncológicos no domicílio. Autores: Lorena Brandão Costa Melo; Beatriz Santana de Souza Lima; Marianna Tavares Tomaz; Maria Cristina Soares Figueiredo Trezza. Segundo lugar: Programa de religiosidade e espiritualidade de uma enfermaria de geriatria. Autor: Luis Saporetti; José Antonio Esper Curiati; Ruth Beresin. Terceiro Lugar: A criança e a morte: construindo significados. Autor: Nely Aparecida Guernelli Nucci. Categoria Pôster Primeiro Lugar: Liga Acadêmica Baiana de Cuidados Paliativos: relato sobre formação de uma liga acadêmica. Autores: Aline Fernanda Araújo Palmeira; Ladymirian de Oliveira Santos; Analu Pereira Gianezeli; Alice de Andrade Santos; Brunna Lima de Carvalho Passo; Emanuela Santos Oliveira; Ruth Fernandes de Oliveira; Juliana Bezerra do Amaral. Segundo Lugar: Ensino médico em terminalidade da vida: a sua obrigatoriedade é válida? Autores: Andréia Padilha de Toledo; Lilian Zaghis Martinelo; Denise Gonçalves Priolli. Terceiro Lugar: Produção de trabalhos acadêmicos de enfermagem em Cuidados Paliativos. Autores: Ricardo Quintão Vieira; João Victor Fornari. A diretoria da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, a Comissão Científica e Comissão Organizadora do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos agradecem a todos os participantes por terem ajudo a realizar um encontro científico de alta qualidade científica e excelente representatividade. Parabéns a todos. São Paulo, outubro de 2010. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos ÍNDICE Introdução Premiados Apresentações orais Pôsteres 2 3 5 29 www.paliativo.org.br 4 Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 5 Apresentações orais www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 6 Apresentações orais Um ano de experiência: perfil de atendimento da equipe de Cuidados Paliativos em um hospital universitário Autores: Munir Murad Junior; Diana Carvalho Ferreira; Laila Carine Ferreira Lodi Junqueira; Raissa Silva Souza Instituição: Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Introdução: O aumento do número de pacientes portadores de doenças crônicas em estágio avançado evidencia a demanda por atendimento especializado em controle de sintomas e suporte no fim de vida. A equipe de Cuidados Paliativos deste hospital foi formada em 2009 e atua como equipe interconsultora ambulatorial e hospitalar (pronto atendimento e unidade de internação). Material e métodos: Estudo descritivo, através de consulta em banco de dados dos pacientes atendidos no hospital pela equipe de CP de outubro de 2009 a abril de 2010. Resultados: Foram avaliados 149 pacientes no período de 07 meses, com idade média de 60,2 anos (16 a 95 anos). Destes, 53% eram idosos e 10,7% tinham 80 anos ou mais. Os principais motivos de admissão foram: dor (38,9%), dispnéia (17,4%), sinais e sintomas neurológicos (9,4%) e hiporexia (6,7%) - sendo estes responsáveis por 78,4% do total. Apenas 28 pacientes (18,8%) tinham condições não-oncológicas: sequela de AVC (39,3%), demências (10,7%) e patologias neurológicas diversas (25,7%). Os sítios primários oncológicos mais frequentes foram: trato gastrointestinal 24,1%, mama 20,7%, pulmão 13,2%, ginecológicos 9% e cabeça e pescoço e fígado e vias biliares com 6,6% cada. As metástases ocorreram predominantemente para fígado (24,8%), ossos (14,7%), pulmão (12,8%) e sistema nervoso central (2,8%). Não foi relatado metástase em 36,7% dos casos. A performance física foi avaliada pelo PPS: -15,4% dos pacientes com PPS 10%, 41,6% tinham PPS inferior a 40% e a maioria (81,9%) com dependência parcial para autocuidado e com mobilidade reduzida (PPS ≤60%). Os sintomas foram avaliados quantitativamente pela escala ESAS– a maioria sendo estratificada como leve. Dor, sonolência, ansiedade e dispnéia foram de moderada a forte intensidade em 35%, 36%, 33% e 28% respectivamente. Constipação, delirium e insônia ocorreram em 37, 7%, 28,6% e 27,5% dos pacientes. 53,5% dos pacientes avaliados tiveram alta para o domicílio e 46,5% faleceram. Conclusão: Os dados apresentados demonstram um perfil de pacientes em fim de vida com patologias predominantemente oncológicas. Os dados estão em concordância com a literatura. A elevada taxa de alta hospitalar possivelmente decorre da linha de cuidado bem planejada e da possibilidade de transferência de cuidados para o programa de assistência domiciliar. A criança e a morte: construindo significados Autora: Nely Aparecida Guernelli Nucci Instituição: Hospital Municipal Dr. Mário Gatti – Campinas (SP) Introdução: A morte sempre fez parte de nossa vida, desde seu início, e, conforme vamos nos desenvolvendo, ocorre o processo de compreensão desse conceito. A tendência dos adultos, www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 7 geralmente, é não falar sobre morte com as crianças, justificando que elas nada sabem a respeito, que devem ser poupadas dessa realidade ou que é difícil fazê-lo, que não sabem abordar tema tão angustiante. No entanto, a necessidade de que o adulto esclareça a questão da morte com a criança torna-se importante, principalmente, quando a família vivencia a situação de terminalidade de um de seus membros. Só assim a criança terá a oportunidade de expressar sua representação da morte, o significado que lhe atribui e a percepção da morte dos seres queridos, mesmo quando essa realidade lhe é ocultada, quando há sua iminência ou quando a morte já é um fato. . Material e métodos: Relato de caso. Paciente do sexo masculino, 49 anos, casado, 02 filhos, sexo masculino (22 e 20 anos) e uma filha caçula (09 anos). Apresentava câncer de língua, em estado avançado, tendo sido submetido a cirurgia e radioterapia. Desde o início teve acompanhamento psicológico, estendido aos familiares. O estado clínico do paciente piorou, progredindo para a impossibilidade de procedimentos terapêuticos de cura, mas de Cuidados Paliativos. A esposa e os dois filhos mais velhos revezavam-se na assistência ao paciente, ocultando da filha menor a gravidade do caso, procurando poupá-la do sofrimento. Essa filha, que era muito vinculada ao pai e no início de sua doença participava de seus cuidados, passou a apresentar alteração de comportamento, isolamento do pai e da família. Esses aspectos foram trabalhados em psicoterapia, preparando-a para a realidade e buscando a reaproximação para melhorar a qualidade de vida do paciente que entendia esse distanciamento como uma punição. A atenção à criança foi intensificada com atendimentos semanais durante o período de agravamento da doença e com dez sessões após o óbito do paciente, para favorecimento da elaboração do luto. Essas últimas sessões foram trabalhadas com atividades adaptadas de um livro de HEEGAARD (1998). Resultados: A reaproximação entre pai e filha foi conquistada ao longo dos atendimentos psicológicos, melhorando a qualidade de vida e a qualidade da morte do paciente que encontrou sua finitude cercado pelo afeto de quem amava. Ao acontecer o óbito, sua filha já tinha conhecimento da gravidade da situação e assimilado a possibilidade do fim da existência paterna, preservando a afetividade. Percebeu-se maior aceitação da realidade, bem como do apoio familiar e social. Os atendimentos pós-óbito proporcionaram um espaço de expressão dos sentimentos vivenciados e a busca de significados para a experiência da morte, representados em 16 desenhos. Conclusão: Há muito tempo subestimamos a presença da morte no dia-a-dia das crianças. Embora negada, encoberta, escondida, não nomeada ou disfarçada, a criança sente e percebe sua presença, criando significados e explicações imaginárias e particulares. A dor gerada pelas perdas deve ser vivenciada no luto que, necessariamente, as acompanha. Cuidados Paliativos, portanto, deve necessariamente considerar e enfatizar a compreensão da história de vida de cada um de seus membros, sem esquecer as crianças envolvidas, permitindo a proposta de projetos terapêuticos que viabilizem intervenções adequadas durante o acompanhamento ao paciente e após sua morte, em busca da qualidade e humanização desse atendimento. Abordagem multidimensional em Cuidados Paliativos geriátricos: relato de experiência Autores: Luis Saporetti; Simone da Silva Henriques; Keite Priscila Paia; Alini Maria Orathes Ponte Silva; Letícia Andrade; Maria de Fátima Abrantes Sachs; Mary Helen Lessi dos Santos; Sumatra Melo da Costa Pereira Jales. Instituição: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 8 Introdução: A abordagem dos aspectos físicos, familiares, emocionais e espirituais nos Cuidados Paliativos é de grande importância para o alívio do sofrimento do paciente e sua família. A utilização de uma forma sistematizada de raciocínio auxilia a equipe a identificar problemas e tomar decisões. O presente tema livre tem como objetivo apresentar o Diagrama de Abordagem Multidimensional utilizado no Ambulatório de Cuidados Paliativos Geriátrico do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ACPG/HC/FMUSP). Material e métodos: Apresentação descritiva do Diagrama de Abordagem Multidimensional (DAM). O presente diagrama é uma forma gráfica que facilita a compreensão do caso como um todo sendo aplicado inicialmente nas discussões multiprofissionais do ACPG. É estruturado na forma de 3 círculos concêntricos divididos em 4 quadrantes. Os 4 quadrantes representam os aspectos físicos, familiares, emocionais e espirituais e os 3 círculos concêntricos representam as características do paciente, seus sofrimentos e as atitudes a serem tomadas pela equipe. Na porção externa de cada quadrante somam-se os objetivos a serem alcançados para cada uma das dimensões. Durante as discussões o diagrama é desenhado sobre uma grande folha de papel ou quadro branco e os dados obtidos registrados nos seus respectivos locais. Resultados: O DAM foi utilizado no último ano nas discussões de enfermaria e ambulatório sendo útil para o aprendizado em Cuidados Paliativos e na criação de um raciocínio claro a respeito das prioridades no atendimento. A presença de objetivos atribuídos a cada uma das dimensões, representadas no diagrama nas porções externas, mantém o foco da equipe nas atitudes que conduzem o caso ao alívio do sofrimento e a uma morte digna e pacífica. O DAM também facilita a percepção de quais dimensões estão acometidas e como ocorrem as diferentes interações entre os fatores e o sofrimento. Outro aspecto a ser considerado é que todas as dimensões são expressas de maneira semelhante do ponto de vista gráfico, reforçando a importância de todas. Conclusão: O Diagrama de Abordagem Multidimensional utilizado no ACPG constitui uma forma gráfica de abordar as diversas formas do sofrimento humano e oferece um racional aos cuidados a serem prestados ao paciente e sua família, auxiliando também no aprendizado da equipe. Atuação inicial de um grupo consultor em Cuidados Paliativos em um hospital universitário Autor: Ricardo Tavares de Carvalho Instituição: Comissão de Cuidados Paliativos (HC-FMUSP) Introdução: A ação de um grupo consultor em Cuidados Paliativos é frequentemente marcada por dificuldades relativas à falta de cultura paliativa nos hospitais levando à falta de compreensão apropriada de algumas propostas. Esse fato pode comprometer a eficiência do trabalho pela má aderência as condutas, constituindo-se fator de frustração além de comprometer a credibilidade da equipe. O objetivo do estudo foi levantar as questões mais importantes dessa realidade quantificando dados que a caracterizem. Material e métodos: Foram analisados prospectivamente, através de instrumento desenvolvido para esse fim, os primeiros casos acompanhados por um grupo consultor em Cuidados Paliativos, entre os meses de março e julho de 2010. Foram analisados dados relativos às ações dos profissionais caracterizando o trabalho e impacto na evolução dos casos. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 9 Resultados: No período estudado foram avaliados 36 pacientes com idade média de 66+/- 18anos, 22 do sexo masculino e 14 do sexo feminino. O atendimento foi prestado por um médico destacado especificamente e que fazia uso da equipe multiprofissional local para compor a discussão multiprofissional. Três casos não puderam ser avaliados pelo grupo por terem evoluído a óbito antes da visita inicial. Dos 33 casos avaliados, em cerca de 75% de todos os chamados (25 casos) havia pelo menos um sintoma a ser paliado apesar de apenas em 22% dos chamados (8) essa ter sido a demanda que havia motivado a interconsulta. Dos sintomas a paliar, a dor foi presente em 50% das vezes, dispnéia em 50%, náuseas/vômitos em 25%, delirium em 12% e outros sintomas em 18%. Nesse contexto, 50% dos casos tinham dois sintomas a paliar e 25% tinham mais de 3 sintomas. Constatou-se haver indicação do uso de opióide em 73% de todos os casos avaliados. Porém, em apenas 25% deles essas drogas estavam sendo utilizadas de forma correta, antes da interconsulta. Os motivos de erro na prescrição foram: em 60% deles, erro no intervalo posológico, 60% apresentavam ausência de resgates, em 38% havia mistura de mais de um tipo de opióide e em 28% havia dose excessiva prescrita. Após discussão e orientação por escrito das condutas sugeridas notou-se que elas foram seguidas plenamente em 55% dos casos, parcialmente em 32% e não seguidas em 13%. A equipe multiprofissional esteve envolvida em apenas 2/3 das avaliações sendo que em 65% delas houve mais de um profissional da equipe envolvido. A mediana do número de visitas foi de três. Constatou-se que cerca de 25% deles estaria melhor alocado em uma enfermaria de Cuidados Paliativos,44% em uma unidade hospitalar de Cuidados Paliativos (hospice), 25% não poderiam estar um outro local (eram pacientes em UTI sem condição de remoção) e apenas 6% tinha condição de encaminhamento para ambulatório ou domicilio. Finalmente, a mediana do número de dias em acompanhamento, até o óbito ou alta, foi de cinco dias. Apesar de todos os pacientes apresentarem indicação de Cuidados Paliativos na internação, a mediana de dias entre a internação e o chamado para a equipe de Cuidados Paliativos foi de 19 dias. Conclusão: A experiência inicial mostrou que o desconhecimento a respeito do conceito de Cuidados Paliativos ainda é grande. Boa parte dos chamados se deu nos dias finais da vida, de forma a dificultar o estabelecimento de vínculos. Além disso, existe desconhecimento sobre o manejo de drogas, notadamente opióides nesse contexto. Observa-se que há espaço, no hospital analisado, para ampliação da ação em Cuidados Paliativos com outras modalidades de assistência. Caso clínico com narrativa oral de paciente em Cuidados Paliativos internado em domicilio – PIDI/Pelotas (RS) Autores: Julieta Carriconde Fripp; Aline Simoes; Eliana Coelho Instituições: Fundação de Apoio Universitário e Universidade Federal de Pelotas UFpel (RS) Introdução: Os Cuidados Paliativos se baseiam na prevenção e alívio do sofrimento, com a identificação e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais, promovendo qualidade de vida até as situações de terminalidade e óbito, estendendo à fase de luto. O Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar PIDI/HE/UFPel atende pacientes com diagnóstico de câncer em várias formas de apresentação. A maioria dos usuários do programa apresenta sobrevida de 3 a 6 meses. Alem da assistência aos usuários, o PIDI também, no seu processo de trabalho, realiza discussões de casos clínicos, com a participação de profissionais e estudantes de medicina, enfermagem, nutrição, psicologia, serviço social, odontologia e teologia. Os casos clínicos apresentam periodicidade semanal com a utilização de recurso multimídia. Objetivos: relatar um caso clínico de paciente em Cuidados Paliativos inserido no Programa de www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 10 Internação Domiciliar Interdisciplinar - PIDI/HE/UFPel. Material e métodos: Foi escolhido de forma aleatória um paciente internado no PIDI e construída a historia clinica, através de anamnese e exame físico. O prontuário do paciente contribuiu com informações de exames complementares e condutas terapêuticas. No período de uma semana, a acadêmica de medicina, estagiária do programa, construiu o caso clinico para apresentação na reunião de equipe do programa. Os dados foram coletados após o consentimento livre e esclarecido do paciente. Resultados: A partir das informações coletadas, foi elaborado um vídeo com tempo de dez minutos, apresentando a narrativa em primeira pessoa da historia clinica, seguida de depoimento do paciente. O vídeo foi enriquecido com imagens correlacionadas com o relato oral. . Conclusão: O vídeo colaborou com instrumento educativo, no qual foi possível demonstrar, para estudantes e profissionais do PIDI, todos os aspectos que envolvem o cuidado paliativo em domicilio. Construindo um cuidado: a família e o seu familiar em regime de Cuidados Paliativos oncológicos no domicílio Autores: Lorena Brandão Costa Melo; Beatriz Santana de Souza Lima; Marianna Tavares Tomaz; Maria Cristina Soares Figueiredo Trezza Instituição: Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Introdução: Este trabalho tem como objeto de estudo a família que cuidou de seu familiar em regime de Cuidados Paliativos oncológicos no domicílio. Seu objetivo é caracterizar o perfil das famílias que passaram pela experiência de cuidar em domicílio do familiar em fase final de câncer e que fizeram parte do projeto Cuid(a)ção, projeto de extenção no qual os acadêmicos capacitam a família a cuidar de seu familiar em fase final de câncer no domicilio. Conforme Silva e Hortale (2006), a família e o indivíduo são entendidos como uma unidade única, uma vez que, a maior parte dos indivíduos passa o seu último ano de vida no convívio com seus familiares em casa que passam a influenciá-los e sofrerem suas influências comportando-se, assim, como um único núcleo de cuidado. Caracterizar e identificar as diversas formas de cuidar das famílias vai ajudar e apoiar outras famílias nesta hora de difícil enfrentamento, como também vai identificar os sentimentos apresentados pelo grupo familiar neste momento delicado, ajudando assim a compreender esta vivência. Material e métodos: O trabalho é do tipo descritivo-exploratório com desenho quantitativo. O local do estudo foi o domicílio das famílias que possuíam um ente em Cuidados Paliativos, pois este tem a vantagem de conter os membros significativos da família. A população e amostra foram 50% das famílias atendidas no primeiro ano de implantação do Projeto CUID(A)ÇÃO, com a produção de informação através de um formulário de entrevista estruturado, sendo utilizado como recurso para gravação um aparelho de mp4. Os resultados da pesquisa foram analisados através de tabelas, gráficos e percentuais. . Resultados: Após a tabulação e analise dos dados coletados percebemos que as famílias têm de 3 a 5 membros, 85% residem em casa de tijolo, tendo as mesmas de 4 a 8 cômodos; 75% realizam tratamento de água, com fornecimento através de poço ou nascente ou da rede geral; 75% possuem www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 11 fossa em casa; todas possuem energia elétrica e telefone , sendo estes em 85% celular pré pago. Todas têm o transporte público como referência, porém 85% das famílias utilizam taxi ou carro de amigos em emergências com o doente. As principais dificuldades enfrentadas durante a estadia do familiar doente na residência foram alimentação, alivio da dor, manuseio de medicamentos e dificuldade financeira para compra dos suplementos alimentares. Além disso, os familiares enfrentaram problemas como afastamento do trabalho, inexperiência em cuidar do doente, além da falta de apoio técnico de médicos e enfermeiros. Sendo assim, diante da situação, é possível apontar alguns fatores que contribuíram durante esse período de Cuidados Paliativos no domicílio para essas famílias como o apoio familiar, a fé junto a religião, o projeto CUID(A)ÇÃO e o CACON. . Conclusão: Apesar das baixas condições sócio-econômicas das famílias e da falta de conhecimento técnico-científico para realizarem o cuidado necessário ao familiar doente, as mesmas encontraram formas de proporcionar alívio, conforto e carinho ao familiar, estando sempre perto dele num momento tão delicado, o da proximidade da morte. Através desse projeto pode-se constatar, que alguns serviços e profissionais ainda não estão capacitados para atender esta população, entretanto, visualiza-se a importância de iniciativas como o projeto CUID(A)ÇÃO, que capacita e ajuda as famílias a estarem mais próximas a cuidarem do familiar em regime de Cuidados Paliativos oncológicos. Criação de um protocolo de cuidados específicos aos pacientes em cuidados ao fim de vida sob sedação Autores: Iris Rocha e Silva; Luciana Aparecida Faria de Oliveira; Vera de Lima Belo; Rosenice Clemente Instituição: Instituto Nacional do Câncer (INCA) Introdução: Numa unidade de Cuidado Paliativo, um grupo de enfermeiras percebeu que havia a necessidade de padronizar as condutas e os cuidados relacionados aos pacientes em cuidados ao fim de vida sob sedação controlada. Cada profissional estava atuando com ênfases distintas e para que houvesse um padrão de cuidado, visando oferecer a melhor assistência a esses pacientes, buscou-se na literatura sobre o assunto com o objetivo de propor um protocolo de cuidados de enfermagem para os pacientes em cuidados ao fim de vida sob sedação controlada. Material e métodos: Foi realizado um levantamento bibliográfico onde foram analisados artigos científicos, livros e periódicos que versavam sobre os seguintes assuntos: Cuidados Paliativos, doente terminal, sedação paliativa, assistência de enfermagem tanto na língua portuguesa, como estrangeira (inglês e espanhol), no período de 2003 a 2010. Diante do material revisado foi criado um protocolo de cuidados específicos aos pacientes em cuidados ao fim de vida sob sedação controlada. Resultados: Os pacientes em Cuidados Paliativos com o avanço da doença podem, em algum momento, apresentar sintomas incontroláveis ou refratários, após terem sido utilizadas todas as ferramentas possíveis, em um tempo razoável sem comprometer a consciência. Os sintomas refratários mais comuns na literatura são dispnéia, delirium hiperativo e dor. Estes também são mais prevalentes na fase final de vida. Tais sintomas causam um incessante sofrimento e para aliviá-los, o tratamento de escolha é a sedação paliativa ou controlada. Não se trata de eutanásia ou qualquer outra forma de decisão em fim de vida está relacionada a controlar os sintomas e aliviar o sofrimento. Assim a assistência de enfermagem também deve ser revisada, com o intuito de www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 12 proporcionar conforto e mantê-lo, assegurar que o paciente e sua família estarão amparados, pois também fazem parte deste cuidado. Após indicar a sedação, a equipe discutirá com o paciente e a família sobre a possibilidade, havendo aceitação o médico providenciará o TCLE. A atenção holística, prática já incorporada e constante nos cuidados de enfermagem, será imprescindível neste momento, o profissional estará atento a tudo que envolve o paciente, ou seja, as questões físicas, ambientais, sociais e espirituais, estendendo este apoio aos familiares. Os pacientes serão acompanhados após o início da sedação por um enfermeiro de trinta em trinta minutos na primeira hora, após de uma em uma hora nas primeiras quatro horas e após de quatro em quatro horas ou quando houver necessidade. Serão avaliados o grau de sedação, de acordo com a Escala de Ramsay, o padrão respiratório, classificado em esforço leve, moderado ou intenso juntamente com a freqüência respiratória, a freqüência cardíaca, fácies de dor e/ou desconforto, os sinais vitais serão verificados duas vezes ao dia nas primeiras 24 horas, sendo tudo registrado. . Conclusão: Consideramos de suma importância que o enfermeiro que prestará assistência a esses pacientes deva ter formação profissional em relação ao cuidado paliativo, pois desempenhará um papel crucial já que é o único da equipe multidisciplinar disponível 24 horas por dia para o paciente e sua família. Por isso faz-se necessária uma sistematização da conduta de enfermagem como a que foi proposta, fazendo com que o enfermeiro seja capaz de garantir, com dignidade e respeito, o conforto necessário ao paciente em sua fase final da vida. Critérios de identificação de demanda para Cuidados Paliativos e de regulação no contexto do SUS Autores: Marysia Mara Rodrigues do Prado de Carlo; Nereida Kilza L. Lima; Paulo Fernandes Formighieri; Fernanda Maris Peria Instituição: Universidade de São Paulo (USP) Introdução: Pacientes que estão "fora de possibilidades curativas" e seus familiares vivem, em geral, precário controle de sintomas e múltiplas formas de sofrimento físico, psicológico, social e espiritual. Além disso, não encontram serviços adequados e profissionais capacitados, dentro do Sistema Único de Saúde, para o atendimento a suas necessidades, principalmente quando na condição de terminalidade da vida. Com o propósito de melhorar o oferecimento de serviços de saúde e a assistência à população em Cuidados Paliativos, está em implantação o Serviço de Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRPUSP) uma Unidade de Cuidados Paliativos, com leitos de internação e assistência ambulatorial para atendimento a pacientes SUS em hospital do complexo HCFMRP-USP em outra cidade interior do estado. Para isso, uma das tarefas da organização e gestão de serviços é o desenvolvimento de protocolos de cuidado e de organização de serviços de Cuidados Paliativos. OBJETIVO: analisar o processo de desenvolvimento de um protocolo clínico de avaliação de demanda, de um protocolo de organização de serviços de Cuidados Paliativos no complexo HCFMRP-USP e de critérios que permitam a regulação, no contexto do SUS, destes pacientes dentre diferentes equipamentos de atenção à saúde de diferentes níveis de complexidade e rede social de suporte. Material e métodos: MÉTODO: Descrição e análise do processo identificação de demanda para Cuidados Paliativos no complexo HCFMRP-USP e de fortalecimento da Rede de Apoio em Cuidados Paliativos em contexto loco-regional, com a apresentação do protocolo de avaliação e de regulação no contexto do SUS, entendendo que os Cuidados Paliativos devem ser entendidos como política pública e devem integrar o sistema de saúde, nos diferentes níveis de complexidade da www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 13 atenção à saúde. . Resultados: Os Cuidados Paliativos promovem bem-estar e qualidade de vida aos doentes portadores de doença crônico-degenerativa potencialmente fatal e a seus familiares e/ou cuidadores. As ações das equipes de Cuidados Paliativos devem oferecer cuidados integrais, integrados e humanizados no contexto do SUS, sem abandonar suas competências técnicas; esses cuidados devem ser entendidos como cuidados preventivos, pois previnem sofrimentos motivados por sintomas de difícil controle e pelas múltiplas perdas (físicas e psicossociais) a que as pessoas vão sendo submetidas, e devem entender a pessoa doente e sua família como o centro gerador das decisões. Tem como enfoque central a ajuda à pessoa doente para que ela possa viver tão ativa e intensamente quanto possível até sua morte, com dignidade e respeito, aceitando a morte como uma etapa natural da vida. As ações propostas têm resultado em avanços significativos para a ampliação da atuação regional do Grupo de Cuidados Paliativos e indução de políticas públicas na área de Cuidados Paliativos na região de Ribeirão Preto. Conclusão: Este trabalho permitiu construir um instrumento com indicadores para estabelecimento de demandas de Cuidados Paliativos oncológicos e não-oncológicos no complexo do HCFMRPUSP, que contribuirão também como critérios para regulação destes pacientes dentre diferentes serviços da rede assistencial do SUS e da rede de suporte social, para uma melhor assistência em Cuidados Paliativos. Diário de dor: apresentação de um instrumento para avaliação da dor em paciente com dor crônica Autores: Adriana Thomaz; Lara Patrícia Kretzer Instituições: CENTRON e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Introdução: A avaliação sistemática da dor é a base para ter sucesso no seu tratamento. No entanto, é difícil avaliar a intensidade da dor do paciente. Um instrumento especialmente dedicado a tal mensuração foi desenvolvido, em formato de diário de dor semanal, com base em uma escala numérica de 0 a 10 e espaço para anotações em branco destinado ao registro de eventos correlacionados à dor, emoções, uso de doses de resgate, constipação, etc. Neste estudo, o uso de um diário da dor será avaliado. . Material e métodos: Um instrumento especialmente dedicado a mensuração da dor foi desenvolvido, em formato de diário para uma semana por folha, com base em uma escala numérica de 0 a 10 e espaço para anotações em branco destinado ao registro de eventos correlacionados à dor, emoções, uso de doses de resgate, constipação, etc. Projeto de pesquisa: Um grupo de pacientes com dor por pelo menos um mês, causada pelo câncer ou pelo tratamento do câncer, receberá um diário, com espaço para anotações também diárias. Estes pacientes serão orientados a registrar a intensidade da dor em seu ambiente domestico, bem como a utilização de doses de resgate, emoções fortes e constipação. Os pacientes serão orientados por um médico sobre o uso do diário incluindo atenção especial à explicação do registro da dor em uma escala de 0-10, a cada manhã, tarde e noite por um período de dois meses. Neste estudo, o uso de um diário da dor será avaliado. Para determinar os efeitos do diário da dor, os pacientes serão entrevistados antes, durante e ao final do projeto. Resultados: Os resultados pretendem mostrar se o uso de um diário de dor é uma forma adequada www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 14 para avaliar a intensidade da dor do paciente em seu ambiente doméstico, a adesão dos pacientes a completar o diário de dor ajudou-os a lidar melhor com sua dor. Os resultados deverão mostrar, inclusive, se a ferramenta é útil para o acompanhamento e ajuste de doses, especialmente durante a titulação de opióides e para melhor identificar episódios de dor incidental e preveni-los. Apesar da população do estudo ser pacientes com câncer, é possível que tal instrumento possa ser validado para outros tipos de dor crônica. Conclusão: Trata-se de um instrumento especialmente criado com observações criteriosas em relação à facilidade de seu preenchimento pelo paciente, inclusive paciente idoso ou pelo seu cuidador de forma simples e direta, através da marcação de uma nota de 0-10, durante a manhã, tarde e noite, com espaço diário reservado às anotações de fatores que possam influenciar o nível de dor, assim como a presença de constipação intestinal ou outras situações clínicas importantes que possam ou não traduzir efeitos colaterais das drogas utilizadas e ainda o registro do uso de doses de resgate e dores incidentais ou episódicas. Os resultados deverão mostrar se o uso de um diário de dor é também útil ao médico para o acompanhamento e ajuste de doses, especialmente durante a titulação de opióides uma vez que a disposição gráfica facilita a leitura imediata de melhora ou piora da dor de forma precisa, não dependendo da memória do paciente, cujas lembranças podem estar alteradas por várias razões, físicas ou emocionais, dependendo neste caso, de aspectos socioambientais, espirituais e psicológicos. Pretende-se também, observar se, uma vez que a avaliação é mais precisa e o ajuste de doses puder acompanhar tal precisão, haverá menos necessidade de troca precoce da terapêutica analgésica, permitindo ainda, melhor identificar episódios de dor incidental e preveni-los. Educação em Cuidados Paliativos na rede municipal de saúde de Campinas (SP) Autores: Cecilia de Lourdes Eugênio Bernardo; Suzel Frem Bougerie; Manuela Nassan Instituições: Lo Tedhal e Hospital Municipal Dr. Mário Gatti Introdução: Cuidado paliativo é a abordagem que promove qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, através de prevenção e alívio do sofrimento. A prática adequada dos Cuidados Paliativos preconiza a atenção individualizada ao doente e à sua família, a busca de excelência no controle de todos os sintomas e a prevenção do sofrimento. A construção de uma boa política de Cuidados Paliativos depende de três pilares: decisão, política de medicamentos e educação. A região metropolitana de Campinas tem uma população de 2,6 milhões de habitantes, sendo que 9,7% de idosos e as neoplasias representam 19,76% das causas de óbitos. Valorizando estes dados epidemiológicos, o objetivo deste estudo foi criar um projeto de educação em Cuidados Paliativos para profissionais da saúde da rede municipal com o intuito de instrumentalizar estes profissionais para o estabelecimento de metas para um suporte básico de atendimento das necessidades dos pacientes e seus familiares diante de doenças com poucas chances de cura e, também, diminuir a demanda destes pacientes em pronto-socorros onde é sabido que a resolutilidade em Cuidados Paliativos é baixa. Material e métodos: O programa educativo está sendo oferecido para profissionais da saúde da rede municipal de Campinas há dois anos, de várias categorias profissionais, entre elas, médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, dentistas, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem, terapeuta ocupacional e auxiliares administrativos. O conteúdo programático conta com seis módulos, com duração de 3 meses, sendo 3 horas quinzenais, com capacidade de 40 vagas, com carga horária total de 18 horas. São ministradas aulas expositivas, www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 15 discussão de casos, dinâmicas de grupos e apresentação de filmes por profissionais com formação em Cuidados Paliativos. Resultados: Dois cursos foram oferecidos até o momento, com um total de 41 participantes, sendo 6 médicos, 12 enfermeiros, 3 técnicos de enfermagem, 4 auxiliares de enfermagem, 1 terapeuta ocupacional, 1 assistente social, 9 auxiliares de enfermagem, 2 assistentes administrativos, 2 psicólogas e 3 nutricionistas. A média de frequência foi de 95%. Avaliação do curso foi feita pelos participantes com 100% de retorno e contou com 100% de aprovação e comentários incentivadores. . Conclusão: Concluímos que há uma grande necessidade de educação em Cuidados Paliativos baseado no interesse significativo manifestado por estes profissionais de saúde da rede municipal de Campinas e que este interesse deve ser aproveitado para dar uma sustentabilidade à esta especialidade emergente e transformá-la em aprimoramento da prática profissional em Cuidados Paliativos; concluímos também que estes profissionais treinados podem ser multiplicadores de conhecimento em Cuidados Paliativos e podem se tornar uma referência na área de abrangência do município de Campinas para um suporte no atendimento e orientação de cuidadores e para a família destes pacientes. Por último, como uma meta em médio prazo, com um número cada vez maior de profissionais treinados, pode-se esperar uma diminuição da demanda de pacientes na fase de Cuidados Paliativos em pronto-socorros da região, onde, é conhecido, que a resolutilidade no atendimento é baixa. Estudo comparativo por grupo etário de pacientes em Cuidados Paliativos atendidos em um hospital universitário Autores: Munir Murad Junior; Diana Carvalho Ferreira; Laila Carine Ferreira Lodi Junqueira; Raissa Silva Souza; Fabiano Moraes Pereira; Jordana Carvalhais Barroso Instituição: Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Introdução: Os pacientes em Cuidados Paliativos (CP) são em sua maioria portadores de doenças oncológicas. Apesar disto, diferenças etárias podem determinar condições que devem ser reconhecidas para o atendimento adequado destes pacientes. Material e métodos: Objetivos: Descrever as características dos pacientes em CP por grupos etários. Métodos: Estudo comparativo, a partir do banco de dados de pacientes atendidos no hospital pela equipe de CP de Outubro/2009 a Abril/2010, entre 03 grupos etários: menor que 60 anos (não idosos), maior ou igual a 60 anos (idosos) e maior ou igual a 80 anos (muito idosos). Resultados: Foram avaliados 149 pacientes no período de 07 meses, com idades de 16 a 95 anos. A distribuição dos grupos foi de: 73 (49%) não-idosos e 76 (51%) idosos. Os muito idosos foram 16 (10,7%). Motivos de admissão mais frequentes dos não-idosos, idosos e muito idosos foram dor (45%, 32% e 18%) e dispnéia (17,8 %, 17% e 25%) em cada. Alterações neurológicas não associadas à alteração do nível de consciência foram relevantes nos idosos e muito idosos (13% e 18%). Delirium foi importante nos muito idosos (12,5%). Doenças oncológicas foram responsáveis por 90,4% dos atendimentos dos não-idosos, 72,1% dos idosos e 37,5% dos muito idosos. Os sítios oncológicos primários principais nos não-idosos foram: mama 28,6%, TGI 24,3% e ginecológico 16,6%. Nos idosos: TGI 25,4%, pulmão 23% e mama 10,9%. Nos muito idosos predominou pulmão (33%). Dentre as afecções não-oncológicas, nos idosos e muito idosos, foram AVC (47% e www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 16 40%) e demências (28,6% e 30%, respectivamente) as principais. PPS de 10% esteve presente na admissão em 5,5% dos não-idosos, 25% dos idosos e 37,5% dos muito idosos. PPS menor ou igual a 30% incidiu em 17%, 52% e 62% e PPS menor ou igual a 60%, em 78,1%, 85% e 93,7%. Conclusão: O perfil das condições que definiram o mau prognóstico foi diferente nos distintos grupos etários. As doenças oncológicas predominaram nos grupos etários menores, e formam uma parcela menor nos muito idosos, onde condições não-oncológicas foram maioria (principalmente demências e seqüelas de AVC). Ainda assim, nos mais idosos, a proporção de doenças oncológicas foi maior que um terço, o que deve refletir o perfil do hospital. Os muito idosos apresentaram-se com pior PPS à admissão; mais de 90% com comprometimento para AVD´s básicas e 62% restritos ao leito, demonstrando sua fragilidade. Fadiga em idosos portadores de neoplasia em ambulatório de Cuidados Paliativos Autores: Fábio César Gravina Olivieri; Toshio Chiba Instituição: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP) Introdução: Fadiga é uma queixa subjetiva, presente em diversas situações médicas. De acordo com a National Comprehensive Cancer Network, a denominação Fadiga Relacionada ao Câncer refere-se a uma sensação subjetiva e persistente de esgotamento emocional e cognitivo relacionado ao câncer ou seu tratamento, desproporcional às atividades recentes e que interfere nas funções habituais. A fisiopatologia do sintoma é multifatorial: inclui anormalidades metabólicas relacionadas à demanda energética crescente, menor disponibilidade de substratos metabólicos e produção de substâncias que alteram o funcionamento normal dos músculos. Estudos com pacientes oncológicos colocam a fadiga como sintoma de alta prevalência e impacto sobre a vida diária. Dados brasileiros ainda são escassos. Essa pesquisa avalia aspectos relacionados à fadiga em um subgrupo de pacientes oncológicos.. Material e métodos: Os dados foram coletados entre setembro de 2008 e abril de 2009, com pacientes oncológicos, de idade maior que 60 anos, acompanhados no Ambulatório de Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas da FMUSP. No total, 25 pacientes foram entrevistados quanto a características de sua fadiga, utilizando-se questionário estruturado para avaliação do sintoma o Inventário Breve Sobre Fadiga. Este questionário, elaborado e traduzido para o português pelo Centro de Estudos Oncológicos do M. D. Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas (EUA), avalia a gravidade do sintoma e seu impacto no funcionamento diário. Os dados foram comparados com informações obtidas de prontuário quanto ao tipo de neoplasia, tratamento submetido, estado funcional, exames laboratoriais, medicações em uso e outros sintomas apresentados - avaliados por meio da Escala de Sintomas de Edmonton (ESAS). Esta escala visualanalógica gradua entre zero e dez pontos os seguintes sintomas: dor, cansaço, náuseas, depressão, ansiedade, sonolência, inapetência, mal estar e falta de ar. Na avaliação do estado funcional, foi utilizada a escala Karnofsky Performance Status (KPS), que gradua entre zero e cem pontos o desempenho do paciente para tarefas ordinárias e suas necessidades de assistência médica. A relação estatística entre os dados do Inventário Breve Sobre Fadiga com as demais variáveis foi analisada com base na Correlação de Spearman e o Teste de Correlação. Resultados: Sensação anormal de fadiga na última semana foi relatada por 56% dos entrevistados. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 17 A média do sintoma – em escala de 0 a 10 – foi 3,7. Foi o 2º sintoma mais intenso entre 9 pesquisados, precedida do relato de dor. Os níveis de fadiga relatados demonstraram-se impactantes sobre as atividades em geral (p<0,001), o humor (p<0,001), a capacidade de andar (p=0,002), o trabalho normal (p=0,001), os relacionamentos (p<0,001) e a alegria de viver (p<0,001). O nível médio de fadiga nas 24 horas anteriores à avaliação esteve relacionado aos níveis de dor (p=0,019), náuseas (p=0,023) e mal estar (p=0,001). Observou-se tendências de correlação positiva entre o nível médio de fadiga nas últimas 24 horas e níveis de sonolência (p=0,088), e de correlação inversa com o valor na escala de estado funcional de Karnofsky (p=0,078).. Conclusão: Na presente amostra, fadiga foi sintoma de alta prevalência e de 2ª maior intensidade entre 9 avaliados. Apresentou impacto significativo sobre todos os aspectos de vida pesquisados. A associação de fadiga e dor confirma dados de literatura, que sugerem nexo etiológico entre os sintomas. Os resultados obtidos comprovam ser a fadiga um importante sintoma relacionado ao câncer. Núcleo de Cuidados Paliativos: os primeiros 30 meses Autores: Rosamri Wittmann Vieira; Aline Fantin Cervelin; Maria Henriqueta Luce Kruse; José Roberto Glodim Instituição: Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS) Introdução: Cuidado Paliativo é um termo adotado para designar os cuidados prestados ao final da vida, em pacientes fora de possibilidades terapêuticas de cura de determinada doença. O conceito de Cuidado Paliativo teve origem com Cicely Saunders, idealizadora do movimento hospice, que disseminou pelo mundo uma filosofia sobre o cuidar, tendo como elementos fundamentais o controle efetivo da dor e de outros sintomas que estão presentes nas doenças avançadas, e o cuidado com as dimensões sociais, espirituais e psicológicas de pacientes e suas famílias (1,2). Este estudo objetiva descrever os primeiros trinta meses de funcionamento do Núcleo de Cuidados Paliativos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, implantado em novembro de 2007, visando atender pacientes oncológicos adultos fora de possibilidades terapêuticas de cura e seus familiares (3). Material e métodos: Trata-se de uma pesquisa descritiva (4) com abordagem quantitativa. Está inserida no Projeto de Desenvolvimento do Núcleo de Cuidados Paliativos previamente submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da instituição para avaliação dos aspectos éticos. Este projeto de pesquisa contempla as exigências regulatórias da Resolução 196/96 e das demais legislações nacionais a este respeito. A coleta de dados ocorreu através da consulta nos registros do Núcleo de Cuidados Paliativos e ao sistema informatizado, onde foi levantado o perfil dos pacientes, nos primeiros trinta meses de implantação. Resultados: Neste período internaram 387 pacientes, dos quais 59% foram internados pela equipe médica de oncologia. Houve maior predomínio de internações masculinas com 52,45%, as mulheres representaram 47,55% das internações. A idade média dos pacientes masculinos internados foi 61 anos e femininos 56 anos. O tempo médio de dias de permanência no Núcleo de Cuidados Paliativos foi de 13,88 dias. Os cinco diagnósticos médicos mais freqüentes foram: câncer de mama com 14,21%, câncer de cólon com 7,24%, câncer de estômago com 6,72%, câncer de esôfago com 5,68% e câncer de pâncreas com 5,43%. A maioria dos pacientes que internaram (57,88%) teve óbito no Núcleo de Cuidados Paliativos, na primeira internação. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 18 Conclusão: Pode-se inferir que os pacientes têm sido considerados fora de possibilidades terapêuticas de cura tardiamente, acredita-se que com a implantação na prática, das alterações realizadas no código de Ética Médica (5), que entrou em vigor em abril do presente ano, esta situação será amenizada. A proposta de Cuidados Paliativos pode beneficiar inúmeros pacientes e seus familiares através do alívio do sofrimento, da promoção da qualidade de vida, porém é necessário que os pacientes e seus familiares sejam encaminhados precocemente, evitando assim o prolongamento do sofrimento com exames e tratamentos fúteis. Percepção de coerção em pacientes internados em Cuidados Paliativos e seus familiares Autores: Rosmari Wittmann Vieira; José Roberto Goldim Instituição: Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS) Introdução: Coerção é “toda relação entre dois ou mais indivíduos na qual intervém um elemento de autoridade ou de prestígio”. A voluntariedade garante o poder de optar por uma das alternativas propostas, com base nas informações e compreensão sobre as mesmas, e possibilita escolher no seu melhor interesse, livre de pressões externas. As pessoas com voluntariedade preservada organizam a sua vida com base em um conjunto de crenças, valores, interesses, desejos e objetivos. No momento em que um paciente oncológico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre é diagnosticado como fora de possibilidades terapêuticas de cura, a equipe médica assistente solicita às enfermeiras do Núcleo de Cuidados Paliativos contato e avaliação do paciente e seus familiares para posterior transferência ou não ao Núcleo de Cuidados Paliativos. Um dos critérios para a transferência é o paciente e seu acompanhante aceitarem a troca de setor. Este estudo tem como objetivo avaliar a percepção de coerção dos pacientes internados no Núcleo de Cuidados Paliativos e seus familiares, a respeito do momento da proposta de transferência a este setor. Material e métodos: Estudo transversal, realizado em pacientes adultos, de ambos os sexos, com câncer, em estágio avançado, internados em unidade de Cuidados Paliativos e 88 acompanhantes, no período de 12 meses. Os pacientes e seus familiares, que aceitaram a transferência ao Núcleo de Cuidados Paliativos, foram convidados a participar do presente estudo. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HCPA. Foi utilizado instrumento para avaliar a percepção de coerção, medida em uma escala de 0 a 5, adaptado de Gardner. Os dados obtidos foram avaliados com o uso do sistema SPSS, versão 16. O nível de significância foi de 5%. Resultados: A percepção de coerção obteve média de 1,81+1,20 nos pacientes e 1,96+1,46 nos familiares. Esta diferença não foi estatisticamente significativa. No grupo de pacientes, quando perguntados sobre “Foi minha a idéia de ser transferido para a nova unidade de internação”, a percepção de coerção foi de 77,33% e quando perguntados sobre “Quem teve a maior influência para a transferência ao Núcleo de Cuidados Paliativos?”, destacaram que a maior influência foi de seus familiares 39,3%,, seguida dos profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) 35,7% e se colocaram em 3º lugar com 25,0%. No grupo de familiares quando perguntados “Foi minha a idéia de transferir o meu familiar para o NCP”, a percepção de coerção foi de 72,37% e quando perguntados sobre “Quem teve a maior influência para a transferência ao Núcleo de Cuidados Paliativos?”, obteve os seguintes resultados: pacientes 37,5%, médicos 33,3% e também se colocaram em 3º lugar com 29,2%. . Conclusão: A transferência ao Núcleo de Cuidados Paliativos foi uma decisão compartilhada entre www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 19 pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde. A percepção de coerção foi mínima, em uma situação tão crítica quanto a da indicação de Cuidados Paliativos. Desta forma, foi respeitada a autonomia, tanto dos pacientes quanto de seus acompanhantes, porém, respeitando e valorizando o conhecimento e a sugestão dos profissionais de saúde, em especial dos enfermeiros pela sua ativa participação neste processo. Nos resultados obtidos fica claro que a proposta de transferência ao Núcleo de Cuidados Paliativos partiu dos profissionais de saúde como uma estratégia de cuidado. Perfil de pacientes com câncer inseridos em um programa de internação domiciliar Autores: Julieta Carriconde Fripp; Luís Augusto Facchini; Suele M. Silva Instituição: Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI/UFpel) – Pelotas/RS Introdução: No Brasil, a mortalidade por câncer é elevada, ultrapassada apenas por doenças cardiovasculares. Os pacientes com diagnóstico de câncer apresentam inúmeras complicações inerentes à doença e ao tratamento, e muitos recebem o diagnóstico quando já não existe mais a possibilidade de cura. A escassez de estudos sobre as experiências com Cuidados Paliativos e internação domiciliar limita o conhecimento sobre as potencialidades desta modalidade na assistência a pacientes com câncer em nosso país. Tem como objetivo descrever o perfil dos pacientes internados no Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) para pacientes oncológicos, do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. Material e métodos: Delineamento transversal descritivo com base em um serviço de saúde com amostra de 213 pacientes com câncer, que internaram por período de três anos no PIDI. Os dados foram coletados dos prontuários dos pacientes e após inclusão em um banco de dados no programa EPI-INFO 6.0. A análise dos dados foi realizada no programa estatístico Stata 9.0.. Resultados: Dos 213 pacientes internados no programa no período de estudo, cerca de 56% eram do sexo masculino, 50% possuíam menos de 59 anos de idade, 86% eram brancos. Com relação à renda familiar, 44% recebiam até um salário mínimo e 40%, dois salários mínimos. Os locais de câncer mais encontrados na população estudada foram pulmão, com 18%, intestino, mama, cabeça e pescoço, com cerca de 10% cada. Quanto ao estadiamento, 60% dos usuários estavam em estadio IV e 32%, em estadio III. Os principais motivos e sintomas apresentados pelos pacientes no momento da internação no PIDI foram anorexia (62%), dor (59%), astenia (49%), desidratação (30%), náuseas e vômitos (30%) e dispnéia (13%). Apenas 15% dos pacientes apresentaram um motivo de internação, enquanto 34% apresentaram dois e 42%, três ou mais motivos. Quanto aos cuidados e necessidades gerais realizados aos pacientes no PIDI, 78% estavam recebendo dieta por via oral e o restante através de sondas e 99% fizeram uso de acesso venoso em algum momento da internação no PIDI. Cerca de 65% dos pacientes referiram dor e, destes, 90% relataram dor moderada a intensa. Do total de pacientes cerca de 78% necessitou de analgésicos opióides, sendo mais utilizados morfina (43%) e codeína (26%). Com relação ao desfecho dos pacientes internados no PIDI, cerca de 23% receberam alta com melhora clínica, 49% evoluíram para óbito no próprio domicílio e 28% foram transferidos aos hospitais por apresentarem piora do quadro clinico. Todos os pacientes que foram transferidos para outros serviços, evoluíram para óbito, 55% morreram em até sete dias após a transferência, 35% no período de 8 a 30 dias e 10% após 30 dias de transferência. Conclusão: O estudo oportuniza a divulgação de estratégias de Cuidados Paliativos em ambiente www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 20 domiciliar para pacientes com câncer, fora de possibilidades de cura, podendo subsidiar o delineamento e a implantação de políticas públicas não apenas no município do estudo, mas em outros locais do país. Também poderá ser útil para apoiar a regulamentação da Portaria GM/MS 2529 de 19 de outubro de 2006, que incorpora a internação domiciliar no âmbito SUS. Programa de religiosidade e espiritualidade da enfermaria de geriatria do Hospital das Clinicas da FMUSP Autores: Luis Saporetti; José Antonio Esper Curiati; Ruth Beresin Instituições: HC-FMUSP e Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein Introdução: A abordagem das questões espirituais em Cuidados Paliativos é um marcador de bom cuidado, no entanto, a maioria das equipes não está habituada a lidar com tais assuntos. O despreparo a respeito da própria religiosidade/espiritualidade, assim como o preconceito e desconhecimento sobre essa dimensão do ser humano impedem um bom cuidado espiritual no final da vida. O objetivo desse tema livre é relatar a experiência do programa com residentes e especializandos de geriatria trabalhando em Cuidados Paliativos. . Material e métodos: O Programa de Religiosidade e Espiritualidade ocorre durante o transcorrer do Programa de Cuidados Paliativos da Enfermaria de Geriatria do HC/FMUSP e é composto por 12 a 16 encontros semanais de uma hora. O programa é dividido em três módulos: Religiosidade, Espiritualidade e Finitude. Entre os premissas do programa estão o respeito a todas as tradições e o não proselitismo. Os objetivos básicos são aprofundar o conhecimento e a vivência pessoal de espiritualidade/religiosidade/finitude da equipe, assim como melhorar as possibilidades de atuação sobre a família e paciente. No primeiro módulo os participantes são reunidos conforme suas crenças religiosas e apresentam palestras a respeito delas. O objetivo das palestras é responder a três perguntas: O que caracteriza essa religião? Qual é o entendimento a respeito da morte e do pósmorte? Como podemos ajudar alguém dessa religião? O segundo módulo fala sobre a espiritualidade como essência presente em todas as religiões e utiliza-se da meditação “Vipasana” como técnica de transcender o mundo das formas e encontrar o desapego, a aceitação e a tolerância, comuns a essência de todas as religiões. O terceiro módulo busca através da vivência da “Meditação da Rosa” trazer a consciência do Sagrado e da Finitude. . Resultados: O Programa de Religiosidade e Espiritualidade foi realizado nos últimos dois anos e melhorou a percepção dos residentes e especializandos de geriatria sobre sua própria espiritualidade e tem facilitado a discussão sobre o tema. Ao contrario das discussões habituais sobre o tema o programa foca na vivência individual sobre a espiritualidade/religiosidade e através de exercícios específicos potencializa a própria espiritualidade do participante e instrumentaliza-o para a abordagem do tema com pacientes em fase final de vida. Conclusão: O Programa de Religiosidade e Espiritualidade é uma parte integrante da formação em Cuidados Paliativos dos residentes e especializandos de geriatria do HC/FMUSP e suscita uma ampla discussão e vivência na área através de um modelo específico de atuação. Protocolos de avaliação como ferramenta clínica e científica no campo dos Cuidados Paliativos www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 21 Autores: Marysia Mara Rodrigues do Prado de Carlo; Fernanda Ribeiro Correia Instituição: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (Ribeirão Preto) Introdução: Instrumentos padronizados de mensuração para construtos subjetivos têm sido cada vez mais utilizadas no campo dos Cuidados Paliativos, tanto para identificação adequada das demandas dos pacientes que necessitam desses cuidados, em função da complexidade de situações vivenciadas, como para avaliações dos serviços. Atualmente, não há ainda um protocolo validado culturalmente no Brasil que avalie a qualidade de vida desses pacientes, o que dificulta o oferecimento de cuidados adequados às reais necessidades de pacientes e seus familiares. Neste sentido, o objetivo desse estudo foi analisar publicações referentes a validações culturais de instrumentos de avaliação da qualidade de vida (QV) destinados a pacientes em Cuidados Paliativos e discutir sua utilização no contexto brasileiro. Material e métodos: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura realizada nos meses de março e abril de 2010, nas bases eletrônicas LILACS, SCIelo, Pubmed/Medline e IBECS. A coleta de dados, referente ao período de 2000-2010, foi realizada por meio do cruzamento dos descritores Hospice Care; Palliative Care; e Terminal Care com o descritor Quality of Life, limitando-se a busca ao “tipo de publicação” - Validation Studies. Foram identificados 36 artigos publicados, dos quais 13 compuserem o material final do estudo por preencherem aos critérios de inclusão prédefinidos. Resultados: Os 13 artigos selecionados foram publicados em diferentes periódicos internacionais, dos quais 38% foram no Journal of Pain and Symptom Manage e 23% no Palliative Medicine. Os artigos foram categorizados segundo o tipo de estudo: três referem-se ao desenvolvimento de novos instrumentos, quatro são estudos para o desenvolvimento de módulos a partir de instrumentos já existentes e seis são estudos de validação. Os artigos selecionados apresentam nove instrumentos diferentes, cujo número de questões varia de 5 a 40, com média de 16,2 questões. Todos os instrumentos analisados são de caráter multidimensional, incluindo, pelo menos, aspectos físicos, emocionais e sociais; nove consideraram, também, a dimensão da espiritualidade e quatro incluíram a funcionalidade. Todos os instrumentos foram considerados válidos para mensuração de QV de pessoas em Cuidados Paliativos. Conclusão: Considera-se que há grande necessidade de uso de escalas multidimensionais validadas no contexto da cultura brasileiros, que não sejam extensos e cansativos e que contemplem questões direcionadas aos aspectos mais significativos para o paciente em Cuidados Paliativos. Avalia-se que seu uso irá aprimorar tanto a prática clínica como o conhecimento científico na área, na medida em que possibilitará uma avaliação mais objetiva da qualidade de vida desses pacientes e da efetividade do cuidado nos serviços brasileiros. Representações do convívio com o paciente em estado avançado: problemáticas à educação para paliar Autores: Kelly Faria Simões; Luis Fernando de Araujo Braz; Debby Bandeira; Liliane Cunha Instituições: UFRJ e FAMATH Introdução: Quanto aos Cuidados Paliativos, campo multidisciplinar de recente inserção na realidade brasileira, que vêm desenvolvendo práticas que possam atender aos aspectos psicossociais www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 22 e culturais da população atendida, destaca-se a importância da educação para levantar conceitos e valores que envolvem a morte e o morrer na comunidade em geral, a fim de disseminar a proposta dos Cuidados Paliativos e garantir uma boa assistência integral. O objetivo desta pesquisa consiste em identificar as representações antecipatórias do convívio com o paciente em estado avançado em um grupo pertencente à comunidade em geral. Material e métodos: Este estudo foi quali-quantitativo, com a base da Teoria das Representações Sociais. A amostra teve 60 participantes maiores de 18 anos que responderam a uma simulação acerca da possibilidade de um ente querido ser diagnosticado em estado avançado. Os dados foram tratados com a Análise de Conteúdo e com o Teste X2. Resultados: Os dados coletados apresentaram um alto grau de significância intragrupal com o destaque em ordem decrescente às categorias Ações para facilitar o bem-estar do paciente; controle de sentimentos desfavoráveis em relação a situação de terminalidade do paciente; tristeza; aproveitar a presença do paciente ao máximo possível. Estas respostas se mostram bastante reveladoras quanto às Representações Antecipatórias do Convívio com o paciente em estado avançado. Percebe-se, na amostra, um esforço de buscar facilitar o bem-estar do paciente conjuntamente a utilização das oportunidades ainda existentes de aproveitar o tempo disponível restante. Por outro lado, os participantes descrevem a tristeza e a tentativa de controle dos sentimentos desfavoráveis em relação à terminalidade do seu ente querido. Enlutar-se e conviver aproveitando os momentos parecem paradoxos que se apresentam e que necessitam de manejo e cuidado. Divulgar a assistência integral realizada pelos Cuidados Paliativos, onde o foco torna-se o suporte ao paciente e sua família para garantir uma morte tranqüila e digna, onde os seus valores e crenças serão respeitados, pode ser uma das formas de mudanças nas representações. . Conclusão: Desenvolver assim, com ações ligadas à Educação para Paliar, transformando representações e construindo uma consciência coletiva em profissionais de saúde, em pacientes e familiares, bem como na comunidade geral; da importância dos Cuidados Paliativos e sua potência na assistência. Atentar para as urgências e complexidades que a situação de terminalidade do paciente trazem na forma de Representações Antecipatórias é importante, na medida em que uma parcela da comunidade em geral se encontra em uma posição de possíveis participantes ou usuários dos Cuidados Paliativos diante das tendências levantadas pela Organização Mundial de Saúde. “Roda de escuta”: o cuidado integral em construção Autores: Martha Milward de Andrade; Polyana Loureiro Martins; Maria de Fátima Muniz Vidal; Maria Cristina Freitas de Castro Instituição: Universidade Federal Fluminense (UFF) Introdução: Este trabalho pretende apresentar e discutir uma prática de grupo no ambulatório de Cuidados Paliativos em oncologia no Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense, localizado em Niterói (RJ). Partindo da perspectiva da integralidade do cuidado, visto pelo conjunto dos profissionais de saúde, o objetivo é iniciar a construção de subsídios para o estabelecimento de um trabalho orientado na direção da transdisciplinaridade. Neste sentido a pesquisa e a articulação entre os saberes buscam sintonia para a efetividade deste trabalho. Material e métodos: Abriu-se espaço pela organização de reuniões sistemáticas onde foi possível a www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 23 reflexão sobre os Cuidados Paliativos incluindo cuidados específicos aos pacientes referentes a cada saber. No grupo pensado como uma “roda de escuta” há o encontro de parte da equipe de saúde com os familiares/cuidadores dos pacientes. Estão presentes, como material humano, os profissionais da área de medicina, enfermagem, psicologia, serviço social e nutrição. Há uma breve apresentação dos profissionais da equipe e, então, a palavra dos cuidadores que também se apresentam, toma a cena. Falam do seu vínculo com o paciente, podendo trazer dúvidas, angústias, medos, sentimentos de impotência, raiva, revolta, esperança, enfim, afetos de toda ordem ao se cuidar de alguém muito próximo que já está partindo. O grupo está em pleno andamento e em constante construção entendendo que o objeto da intervenção vai se construindo em nenhum lugar outro que o próprio processo de trabalho. Resultados: Além de ser um espaço informacional e servir de dispositivo de inserção para os cuidadores falarem sobre o cuidar, no grupo houve maior possibilidade de trocas de experiência entre os mesmos, com a conseqüente quebra de sentidos antes fechados e o desvelamento de tabus. O rumo das discussões permite que surjam diversas temáticas do cotidiano desses cuidadores. Através das vivências trazidas é acessado um plano de compartilhamento no qual a singularidade de cada situação será acolhida e posteriormente encaminhada à sua maneira. Está sendo possível estreitar os laços interinstitucionais sendo muito produtivo para os envolvidos, tanto para os cuidadores quanto para os trabalhadores dos Cuidados Paliativos. Conclusão: A“roda de escuta” no ambulatório de Cuidados Paliativos está acontecendo paulatinamente no intuito de elaborar atenciosa e profissionalmente o cuidado, visto que é um campo de atuação relativamente novo e bem desafiador, cujo principal desafio é, sem dúvida, o fato de se estar num momento de extrema dificuldade por conta da antevisão da morte, já que tais pacientes se encontram fora dos recursos atuais de cura. Enfatizamos a importância deste grupo, sendo ele um potente dispositivo para o trabalho clínico, revelando um terreno fértil para avanços na área da saúde e para formação continuada dos profissionais. Isso vai se consolidando a medida em que, paralelamente, há o encontro entre os profissionais em reunião de equipe para discutir o trabalho que vem sendo realizado, aperfeiçoar métodos de trabalho e discutir sobre os casos. Nessa perspectiva, visa-se a integração entre a atividade de acompanhamento de pacientes, familiares e integrantes da equipe e a busca de formulações operativas de cunho transdisciplinares que possam contribuir para o enfrentamento dos diversos aspectos críticos existentes em setores em que não mais se possa vislumbrar ações que acarretem na cura das inúmeras patologias humanas. Sistematização de condutas da fisioterapia do Instituto Nacional de Câncer para o controle da fadiga Autores: Juliana Miranda Dutra de Resende; Silvia Cristina Baldiviesco; Márcia Valéria Aquino Molinaro; Luiza Pokrajac Veloso; Priscila Stuck; Ernani Mendes Instituição: Instituto Nacional do Câncer (INCA) Introdução: A fadiga é o sintoma mais prevalente em pacientes com câncer avançado (70-90%) e seu adequado controle é determinante para a manutenção da funcionalidade, autonomia e qualidade de vida dos pacientes, pois tal sintoma leva à redução da performance funcional, isolamento social e imobilidade. A fisiopatologia abrange fatores derivados da interação tumor-hospedeiro, o tratamento oncológico outrora instituído, causas reversíveis associadas, comorbidades, outros sintomas concomitantes, estresse psicológico, alterações metabólicas, alterações na fisiologia e arquitetura muscular, dentre outros. No Hospital de Câncer IV do Instituto Nacional de Câncer www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 24 (HCIV/INCA) utiliza-se o Edmonton Symptom Assessment Scale (ESAS) para avaliação da intensidade e a correlação entre os sintomas, a Karnofsky Performance Status (KPS) para a funcionalidade e o Papscore para avaliação prognóstica. É consenso na literatura que a base do tratamento não-farmacológico da fadiga inclui: otimização energética, recondicionamento aeróbio e exercícios funcionais para melhorar a tolerância aos esforços, maximizar a independência funcional nas AVD´s e viabilizar o convívio social. Este trabalho objetiva descrever a sistematização das condutas fisioterapêuticas adotadas no HCIV / INCA para o controle da fadiga. Material e métodos: Foi realizada revisão de literatura com artigos do período de 2000 a 2010, em inglês, espanhol e português, pesquisados na base de dados PUBMED para a realização desta sistematização pelos métodos descritos na literatura para pacientes com câncer avançado. As palavras–chaves utilizadas foram: fadiga, câncer avançado, Cuidados Paliativos. Foram incluídos apenas estudos relacionados à fadiga no câncer avançado. A sistematização foi subdividida pelo KPS e intensidade da fadiga referida pelo ESAS. Resultados: A partir da avaliação fisioterapêutica, da severidade e correlação com outros sintomas (dado pelo ESAS) e da escala de funcionalidade (KPS) foi estabelecido, em linhas gerais, que em pacientes com KPS 10 - 20% não há indicação de abordagem; KPS 30% avaliar condições clínicas e prognóstico, assim iniciar transferências de postura, relaxamento e alongamentos, além e exercícios respiratórios, otimizando a oxigenação tecidual; KPS >40% iniciar treino de marcha, otimização energética, avaliar necessidade de órteses, exercícios isotônicos e isométricos. Para pacientes com KPS>50%, deve-se iniciar programa de recondicionamento físico respeitando os limites impostos pela doença, com adequada monitorização destes pacientes, orientando também os cuidados nas atividades de vida diária (AVD´s). Com relação à severidade do sintoma (sistematização aplicada em pacientes ambulatoriais), na fadiga leve (ESAS 1 a 4) os pacientes se beneficiam de exercícios aeróbios; na fadiga moderada (ESAS 5 a 7) devem ser enfatizados exercícios controlados e otimização energética e para os pacientes com fadiga severa (ESAS 8 a 10) a prescrição de exercícios deve ser cautelosa e bem avaliada quanto a critérios prognósticos e condições clínicas. Conclusão: Pacientes com câncer avançado frequentemente apresentam a fadiga como o sintoma mais prevalente. O tratamento não-farmacológico é a base para o manejo destes pacientes, sendo de competência da fisioterapia grande parte do sucesso no controle desse sintoma. Entretanto, novas pesquisas em pacientes em Cuidados Paliativos são necessárias para o refinamento e maior precisão de informações para melhor estratificação da sistematização apresentada. Suporte pós-óbito à família: um espaço para o luto na assistência domiciliar em Cuidados Paliativos Autora: Silvana Maria Aquino da Silva Instituição: Instituto Nacional do Câncer (INCA) Introdução: O paciente com câncer avançado acompanhado pela assistência domiciliar depende de uma rede familiar que se sinta capaz de receber orientações e atender às expectativas de uma parceria que permita a manutenção do paciente em seu espaço doméstico; espaço este que se desorganiza após o óbito do paciente. O apoio no luto é um dos princípios norteadores da prática do profissional de saúde em Cuidados Paliativos. Os objetivos do suporte à família são: oferecer continência para o luto vivenciado possibilitando a expressão dos sentimentos pertinentes a este www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 25 momento; facilitar o processo de elaboração da perda; minimizar o impacto da descontinuidade do cuidado em função do vínculo estabelecido com a equipe de saúde; identificar a necessidade de suporte psicológico especializado para trabalhar situações inacabadas ligadas à morte que possam impedir a vivência de um luto normal. Material e métodos: Após o óbito, o contato é realizado com o familiar por telefone, depois de passados 15 dias do falecimento, com o objetivo de investigar possíveis demandas relacionadas à perda e identificar o desejo da família em receber uma visita da psicologia. Uma abordagem inicial já é realizada neste primeiro contato e, caso a família concorde, é feito o agendamento da visita 30 dias após a morte. Depois de realizada a visita, avalia-se a intensidade das reações à perda e qual o impacto que as mesmas estão causando no cotidiano familiar, o que poderá apontar para a necessidade de continuidade de acompanhamento psicológico. Os casos identificados são encaminhados para rede de saúde mental disponível. Resultados: Os atendimentos foram realizados entre os meses de fevereiro e julho de 2010. Ao todo, foram feitos 21 atendimentos por contato telefônico, dos quais 11 avançaram para a visita domiciliar. Este resultado demonstra que houve receptividade em 50% dos casos para que a visita fosse realizada. Nos casos em que a abordagem ficou restrita ao contato telefônico, mais de 50% referiu-se ao fato de o cuidador estar impossibilitado de receber a visita por motivos de trabalho. Em 100% dos atendimentos, o relato dos cuidadores indicava a satisfação pelo contato, por se sentirem reconhecidos como unidade de cuidado. Os sentimentos mais comumente descritos pelos familiares foram: sensação de dever cumprido, alívio pela possibilidade de fechar situações inacabadas durante o período em que o cuidado foi realizado, necessidade de ressignificar a vida e buscar um sentido para o sofrimento, expressar gratidão pelo suporte oferecido pela equipe ao longo do acompanhamento. Alguns familiares referiram angústia e culpa por acreditarem que não fizeram o suficiente pelo paciente. Nestes casos, foi realizado um atendimento subsequente com a proposta de encaminhamento para acompanhamento psicológico. Conclusão: Concluiu-se que, neste período, o vínculo estabelecido entre equipe de saúde e cuidadores familiares constituiu uma importante ferramenta para o fortalecimento da família na difícil tarefa de acompanhar o sofrimento de seu paciente, vivenciando com ele a dor, a impotência, a necessidade de reorganização dos papéis e a espera angustiante frente à perspectiva de finitude. A intervenção no período após o óbito facilita a mobilização de recursos internos e externos para o enfrentamento desta fase, cria uma atmosfera que permite o acolhimento da dor da perda, trabalha gradativamente a ruptura do vínculo entre família e equipe e viabiliza uma prática que se mantém em consonância com a filosofia dos Cuidados Paliativos. Terapia ocupacional e Cuidados Paliativos na assistência ao paciente com sequela neurológica grave Autores: Marília Bense Othero; Tatiana dos Santos Arini; Maria Tereza Sales Furtado Instituição: Hospital Premier Introdução: Os Cuidados Paliativos vêm se desenvolvendo como referencial para a assistência ao paciente com doença neurológica de longa duração. A assistência em Terapia Ocupacional junto a esta população também vem se desenvolvendo, através de práticas específicas para promoção da qualidade de vida, autonomia e dignidade. O objetivo deste trabalho é apresentar a assistência em Terapia Ocupacional na área, discutindo-se novas estratégias para assistência ao paciente com www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 26 doença neurológica grave. Material e métodos: Através da metodologia de relato de experiência, irá apresentar-se a prática em Terapia Ocupacional desenvolvida em um hospital para pacientes crônicos de longa permanência em São Paulo. Nesta instituição, são atendidos majoritariamente portadores de doenças neurológicas graves, em estágio avançado, em equipe interdisciplinar. Os atendimentos em Terapia Ocupacional junto aos pacientes são realizados individualmente, no leito, ou em grupo, na sala de Terapia Ocupacional. Também são realizados atendimentos para apoio e orientação do familiar/cuidador. A periodicidade destes atendimentos varia entre uma vez até três vezes por semana, a depender da necessidade específica de cada paciente, família e cuidador. Resultados: As principais ações desenvolvidas pelos terapeutas ocupacionais junto a esta população são: estimulação sensorial (toques, aromas, sabores, sons, música), oficinas de atividades, confecção de órteses e adaptações para posicionamento no leito e em cadeira de rodas, orientação e apoio aos cuidadores. Observa-se aumento da qualidade, duração e consistência das respostas aos estímulos; criação de novas possibilidades de comunicação e expressão de sentimentos; resgate / manutenção da identidade e da história de vida; resgate da memória afetiva; promoção da interação pautada nas potencialidades e aspectos não relacionados à doença; controle de sintomas como angústia, ansiedade, dispnéia; construção de um ambiente mais acolhedor, que respeite as particularidades de cada sujeito; além de promoção de apoio emocional ao cuidador. Conclusão: A doença e as limitações dela decorrentes trazem muitas rupturas para a vida dos pacientes e seus familiares. Segundo os Cuidados Paliativos, deve-se prover um sistema de apoio para que o paciente viva tão ativamente quanto possível até sua morte. Assim, o papel do terapeuta ocupacional é de fundamental importância, pois ainda que o cotidiano esteja muito limitado, a vida não pode perder seu sentido até seu final. Manutenção de atividades significativas e promoção do conforto serão sempre os objetivos principais de sua atuação. Terapia ocupacional em Cuidados Paliativos: experiência com pacientes ambulatoriais oncológicos Autores: Cecilia de Lourdes Eugênio Bernardo; Camila Murinelli; Suzel Frem Bougerie Instituições: Lo Tedhal e Hospital Municipal Dr. Mário Gatti Introdução: A iniciativa do estudo surgiu a partir da prática clínica desenvolvida com os pacientes e seus familiares, durante o processo de adoecimento e finitude, no ambulatório de um serviço de dor e Cuidados Paliativos, Lo Tedhal, localizado no Hospital Municipal Mario Gatti em Campinas (SP). Observamos que estes pacientes encontram-se em um processo de grande sofrimento biopsicossocial e espiritual decorrente do adoecimento e a concretização do término da existência. O trabalho desenvolvido pelo terapeuta ocupacional inclui intervenção em saúde, em educação e na esfera social, reunindo tecnologias orientadas para emancipação e autonomia das pessoas que, por razões ligadas à problemática da doença avançada e da terminalidade, apresentam, temporaria ou definitivamente, limitações funcionais e/ou dificuldades de inserção e participação na vida social. Será demonstrada neste trabalho a atuação do terapeuta ocupacional com as ações de prevenção e tratamento para promover a melhoria do estado de saúde e o máximo nível possível de qualidade de vida para o paciente e cuidadores; a manutenção da vida ativa do paciente com conforto e dignidade, no hospital, na residência e nos espaços sociais de trabalho e de lazer, com a reorganização da estrutura da vida cotidiana. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 27 Material e métodos: Neste trabalho serão relatadas diversas vivências durante os atendimentos da terapia ocupacional. Os recursos terapêuticos utilizados foram: atividades e livre expressão, como técnicas de pintura e costura; técnicas de memória afetiva, como, utilização de fotografias, documentos, história familiar com o intuito de favorecer a comunicação interpessoal; o alívio espiritual; a identificação de potenciais e habilidades do paciente que podem transformar o processo de adoecimento, tornando-o menos angustiante e doloroso e, por fim, a busca da aceitação compartilhada da terminalidade da vida com o objetivo de prevenir lutos complicados. Resultados: Através destas técnicas, observamos que os pacientes têm demonstrado uma aderência na realização das atividades, um restabelecimento da funcionalidade para a melhoria do desempenho ocupacional e para a adaptação a perdas funcionais; tem relatado um treino de atividades da vida diária no autocuidado e no ambiente doméstico. Outras ações do terapeuta incluem a orientação ou prescrição de equipamentos adaptativos como cadeiras de rodas, órteses para prevenção de deformidades e controle da dor; treino das disfunções cognitivas e perceptivas; orientação domiciliar de cuidadores formais e informais; orientação para adaptação a um novo estilo de vida e mudanças de hábitos para facilitação do trabalho e conservação de energia. Conclusão: Concluímos que no âmbito da terapia ocupacional, as atividades de livre expressão permitem que o paciente entre em contato com sentimentos que não conseguem ser verbalizados durante o processo terapêutico. Também, observamos que um suporte biopsicossocial e espiritual oferecido ao paciente e à família tem favorecido muito as relações familiares e o desfecho de situações pendentes na dinâmica familiar. Os pacientes têm apresentado uma melhora significativa nas atividades funcionais, bem como, no resgate da qualidade de vida.. Por último, através das vivências trabalhadas de uma situação de adoecimento anterior e morte do paciente, observamos que os familiares têm enfrentado a proximidade da morte de seus entes queridos com menos temor e angústia. Unidade do Câncer de Alagoas (UNICA): um modelo de assistência em Cuidados Paliativos Autores: Marta Emanuelle Vieira de Oliveira; Juliana de Amorim Matos; Luciana Patrícia Tavares Benevides de Oliveira; André Luiz Pereira Guimarães; Instituição: Unidade de Câncer de Alagoas (UNICA) Introdução: O conceito de Cuidados Paliativos teve origem no movimento hospice, contendo dois elementos fundamentais que pregavam: o controle efetivo da dor e de outros sintomas decorrentes dos tratamentos em fase avançada das doenças. Em 2002, a OMS definiu Cuidados Paliativos como “uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida dos doentes – e de suas famílias – que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável e/ou grave e com prognóstico limitado, através da prevenção e alívio do sofrimento, com recurso à identificação precoce e tratamento rigoroso dos problemas não só físicos, mas também dos psicossociais e espirituais.” É neste contexto que surge o trabalho realizado na Unidade do Câncer de Alagoas (UNICA), que presta esta assistência a pacientes de baixa renda com câncer avançado fora de possibilidade terapêutica e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo internamento, atendimento ambulatorial e domiciliar e o Programa de Doação de Opióides. Material e métodos: Foram avaliados os prontuários de pacientes que foram internados na Unidade www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 28 de Câncer de Alagoas – UNICA, no período de janeiro de 2006 a março de 2010. Não foram incluídos os pacientes atendidos em home care. Foi utilizado um questionário para obtenção de informações retrospectivas contidas nos prontuários sobre idade, sexo, localização do tumor, tratamento realizado, motivo do internamento, uso de opióide, antibiótico, tipo de alimentação, via de administração de medicamentos, realização de hemotransfusão, data do diagnóstico, da alta ou do óbito. Resultados: Foram avaliados um total de 129 pacientes com câncer, em fase terminal, que foram internados na UNICA no período de janeiro de 2006 a março de 2010 para Cuidados Paliativos exclusivos. Nesta análise, 73 (56,5%) pacientes eram do sexo feminino e 56 (43,5%) do sexo masculino. Em relação à localização tumoral destacavam os tumores de cabeça e pescoço: 24 (18,6%) pacientes, seguidos de colo de útero: 21 (16,4%), mama com 14 (10,9%) e pulmão 11 (8,6%). Cerca de 72 (55,8%) pacientes realizaram algum tipo de tratamento e 57 (44,2%), não. O principal motivo do internamento em 97 (75,3%) pacientes foi dor mal controlada, seguidos da síndrome de anorexia e caquexia em 16 (12,5%). Para controle álgico era sempre utilizada a escala de analgésicos, antiinflamatório e opióides, sendo avaliados diariamente e aumentada a dose ou usando associações de acordo com a necessidade. 111 (86%) fizeram uso de opióides durante o internamento e 18 (14%) não. Alguns apresentaram infecção sendo necessário o uso de antibióticos. 94 (72,9%) pacientes fizeram uso e 35 (27,1%) não necessitaram. A alimentação foi caracterizada em 62 (48,1%) pacientes como pastosa, 42 (32,6%) em livre, 16 (12,3%) como dieta zero e 09 (7%) através do uso de sonda. A principal via de acesso de medicamentos e hidratação em 124 (96,1%) pacientes foi a endovenosa e 05 (3,9%) via oral. 21 pacientes fizeram algum tipo de hemotransfusão e 108 não. Em nossa análise, o internamento variou de 1 a 169 dias, podendo o paciente passar apenas um dia (Day Hospice) e ir para o domicilio, como passar o tempo necessário à sua recuperação. . Conclusão: Os Cuidados Paliativos então afirmam a vida e encaram a morte como um processo normal, não adiam nem prolongam a morte, provém alívio de dor e de outros sintomas, integrando os cuidados, oferecendo suporte para que os pacientes possam viver o mais ativamente possível, ajudando a família e cuidadores no processo de luto. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 29 Pôsteres www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 30 A comunicação como instrumento de intervenção do assistente social em Cuidados Paliativos Autores: Amanda Nascimento Lougon de Souza, Ana Raquel de Mello Chaves; Pedro Luís Fernandes; Teresa Cristina de Souza Oliveira Instituição: Instituto Nacional do Câncer (INCA) Introdução: Observa-se que a desigualdade social e a dificuldade de acesso à informação da população quanto aos seus direitos representam barreiras na garantia de cidadania e para a construção e fortalecimento das redes sociais. Nesse contexto, a interdisciplinaridade e a intersetorialidade são elementos que podem contribuir para efetiva comunicação em Cuidados Paliativos. Este estudo tem por objetivo refletir acerca da intervenção do assistente social junto aos usuários da unidade de Cuidados Paliativos do Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro, Brasil de modo a contribuir para o empoderamento da população usuária sobre direitos garantidos pela legislação vigente no país. Material e métodos: Utiliza-se para fins deste trabalho à abordagem qualitativa e quantitativa e como instrumentos análise documental e observação direta. O estudo documental da instituição tais como relato de intervenção em grupo de acompanhantes possibilitou a análise dos temas: Cuidados Paliativos; Plano de Cuidados; Rede Social e Familiar. Já a observação foi realizada através de um roteiro que possibilita a sinalização de pontos principais discutidos na abordagem de grupo de acompanhantes de pacientes internados. A abordagem qualitativa deste estudo enfatiza a importância da observação, escuta e diálogo no favorecimento do vínculo entre a população usuária do serviço e a equipe multidisciplinar. Resultados: As ações individuais e grupais permitiram a viabilização da comunicação em saúde que é elemento vital e deve ser realizada de forma continua atrelada ao plano de cuidados, possibilitando a participação nas decisões acerca dos cuidados em saúde e a troca de informações que envolvem a relação entre usuários e equipe, incluindo a rede social e de apoio e entre os próprios profissionais. A partir da intervenção, os sujeitos compreendem com clareza o processo saúde-doença e as repercussões do câncer avançado e finitude humana. Assim, os usuários conseguem visualizar formas de enfrentamento, tais como resolução de pendências, benefícios assistenciais e previdenciários, questões jurídicas e da vida prática. Conclusão: A intervenção do assistente social no campo dos Cuidados Paliativos torna-se imprescindível para que se possa concretizar a construção da autonomia e protagonismo dos sujeitos, além de garantir os princípios de universalidade de acesso e equidade em relação aos direitos sociais. Tais sujeitos devem ser entendidos na sua totalidade, ou seja, nos aspectos sociais, culturais, espirituais, além das questões clínicas inerentes ao adoecimento, contribuindo, dessa forma, a para a melhoria da qualidade de vida. A Escala de Edmonton como instrumento de avaliação e controle da dor em Cuidados Paliativos www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 31 Autores: Isabel Cristina de Oliveira Arrieira; Daniela Habekost Cardoso; Mariana Fonseca Laroque; Julieta Carriconde Fripp; Rosani Manfrin Muniz Instituição: Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) Introdução: O cuidado paliativo tem como objetivo o alívio de sofrimentos físicos, psicossociais e espirituais, como proposta de promover a qualidade de sobrevida aos pacientes em terminalidade, junto às suas famílias. Pacientes com câncer que se encontram em estágios avançados necessitam de uma assistência multiprofissional na busca do controle de sintomas, sobretudo da dor. Cuidados Paliativos podem ser desenvolvidos no domicílio do paciente, como forma de humanizar e respeitar a integralidade da pessoa no seu próprio território. O objetivo do estudo foi quantificar os pacientes oncológicos em tratamento paliativo no Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI/ UFPel), que apresentaram dor como motivo da internação, assim como conhecer a intensidade da dor apresentada e a analgesia utilizada para o seu controle, no período de um ano. Material e métodos: Estudo descritivo retrospectivo que analisou os prontuários de 100 pacientes adultos com câncer assistidos pelo PIDI, em Pelotas/RS, no período de março de 2009 a março de 2010. O presente estudo investigou aspectos relacionados à dor, quando este foi o motivo de internação dos pacientes, sendo a sua pontuação registrada na Escala de Edmonton (0 = sem dor, 10 = pior dor) 24 horas após a internação no PIDI. Após foram avaliadas as prescrições médicas a fim de identificar a analgesia prescrita no momento da internação (24 horas antes da aplicação da Escala de Edmonton). Os dados foram registrados no programa Excel 2007 e analisados por freqüência simples. Resultados: De 100 pacientes da amostra encaminhados ao PIDI, 57% apresentaram dor como motivo da internação, sendo este sintoma superado apenas por astenia que foi encontrada em 86% dos pacientes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declara que a dor associada ao câncer nos casos avançados ocorre em 50 a 70% dos pacientes. E, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) 60 a 90 % dos pacientes com câncer avançado apresentam dor, e em 30% deles a dor varia de moderada a intensa. Com relação a intensidade de dor, observada na Escala de Edmonton, verificou-se que 37% apresentaram dor leve (0 a 3), 38,5% dor moderada (4 a 7) e 24,5% dor intensa (8 a 10). Todos os pacientes estudados faziam uso de analgésicos no momento da avaliação. Morfina foi o opióide mais utilizado, correspondendo a 65% dos pacientes que apresentaram dor como motivo de internação. Seguido de codeína, com 23%. Outros analgésicos utilizados (AINE, paracetamol) corresponderam a 12%. No grupo que referiu dor leve o uso da mofina chegou a 84%, sugerindo que houve controle deste sintoma já nas primeiras 24 horas de internação no PIDI. Conclusão: O estudo possibilitou-nos verificar que dos 100 pacientes em Cuidados Paliativos que fizeram parte da amostra 43% não referiram e 22% manifestaram dor leve 24 horas após a internação no PIDI, e através destes resultados podemos concluir que houve um adequado controle da dor. Percebemos que o analgésico mais freqüentemente prescrito em todos os grupos foi a morfina, sendo esta a medicação que melhor controlou a dor dos pacientes. De acordo com a prática vivenciada e os dados encontrados no presente estudo, sugerimos que o serviço adote a aplicação da Escala de Edmonton a todos os pacientes no momento da internação no PIDI, a fim de garantir uma pontuação antes de iniciar o tratamento analgésico e outras medidas para controle de sintomas. Com esta medida poderemos quantificar melhor o impacto da aplicação da escala nas mudanças apresentadas pelos pacientes a partir das intervenções interdisciplinares realizadas pela equipe do PIDI. Por fim, entendemos que a identificação e o manejo da dor manifestada pelos pacientes com câncer em Cuidados Paliativos necessitam ser priorizada pela equipe multiprofissional, sendo de www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 32 fundamental relevância para proporcionar conforto e sobrevida digna, possibilitando também a abordagem dos aspectos psicológicos, sociais e espirituais em ambiente domiciliar. A experiência de acadêmicos de enfermagem com pacientes renais crônicos em Cuidados Paliativos Autores: Eduardo Araujo Pinto; Bárbara Régia Oliveira de Araujo; Dannyelly Dayane Alves da Silva; Maria Cristina Soares Figueiredo Trezza Instituição: Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Introdução: As alterações nos perfis de morbimortalidade levam à emergência das condições crônicas não-degenerativas, e consequentemente, surgimento de quadros de complicações sistêmicas, metabólicas, diminuindo a qualidade de vida da população como um todo. A insuficiência renal crônica pode ser definida como a perda progressiva e geralmente irreversível da função renal de filtração glomerular. Esse mecanismo de filtração garante o equilíbrio fisiológico a partir da formação da urina, uma função excretora renal de grande importância. É denominada doença crônica renal em estágio terminal (DRET) doenças que podem ser ocasionadas por lesões de diferentes estruturas renais, como as glomerulonefrites, diabetes, hipertensão arterial e repetidas infecções urinárias, algumas doenças levam anos ou décadas para que seu dano se torne aparente, e quando mais estas progridem, se agravam, maiores dos danos irreversíveis, determinando a DRET(PENDSE; SINGH; ZAWADA, 2008). Pessoas em situação de comprometimento concomitante de outro sistema de órgãos vitais, ou em processo maligno podem ser afastadas das modalidades de tratamento pelo risco mais elevado de apresentarem complicações relacionadas. Estas podem vir a dificultar o tratamento, sem corrigir completamente ou nenhuma sobrecarga hídrica associada, sendo inútil. Esta inutilidade é um princípio ético no qual pode-se tomar a decisão razoável de não iniciar a diálise. Neste caso, o direcionamento para dinâmica de Cuidados Paliativos, associados ou não à diálise por completo, faz-se necessário para que seja garantida à pessoa uma morte digna. Material e métodos: Trata-se de um relato de experiência que se realizou a partir da vivência em estágio não-obrigatório da graduação em enfermagem, tomando como cenário o Centro de Nefrologia de Maceió, serviço especializado em nefrologia localizado na capital de Alagoas que oferece serviços de hemodiálise diária curta e diálise peritoneal, além de serviço de internação. Resultados: Ao fim do primeiro dia de estágio reflexões já haviam sido feitas em relação ao paciente submetido à rotina da diálise, a freqüência de comparecimento ao centro garante a formação de um grande vínculo paciente-paciente/profissional-paciente, de forma que a realidade de cada pessoa começa a fazer parte da realidade de todos. A diálise gera mitos que ao fim da vida do paciente renal crônico, encontram eco e geram, em grande parte destas pessoas, a recusa à continuidade do tratamento. Porém outros, por incentivo da própria família, encontram nas sessões e nas visitas ao ambiente de diálise um apoio gerado pelo contato com pessoas em situação semelhante. Do total de oito pacientes que aceitaram Cuidados Paliativos apenas um optou por receber tais cuidados em domicílio, expressando-se quanto ao desejo de suspensão das sessões dialíticas e apresentando tempo de melhor vida diminuído em relação aos demais. Todos os casos acompanhados no centro apresentaram episódios de recusa à medicações, procedimentos e interrupções de sessões. Porém, acima destes episódios ficam lições de vida de cada um, mesmo perante a morte, que através dos Cuidados Paliativos tornou-se mais digna. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 33 Conclusão: O contato com a nefrologia fez-se importante não só para nossa construção pessoal, mas para o nosso exercício profissional e social. Nesta modalidade de cuidado aprendemos a lidar com a clínica sob a ótica da promoção de uma morte digna, percebendo que o cuidado de enfermagem, além do aspecto biológico e de vida, perpassa todas as dimensões do ser. A Fisioterapia nos Cuidados Paliativos após fratura patológica por câncer de mama: relato de caso Autores: Juliana Miranda Dutra de Resende; Fabrine Souza de Albuquerque Instituição: Instituto Nacional do Câncer (INCA) Introdução: Os Cuidados Paliativos oncológicos visam ao adequado controle de sintomas e promoção da qualidade de vida em pacientes cuja doença não tem mais possibilidade curativa. O câncer de mama é o mais freqüente entre as mulheres e as metástases ósseas comuns durante sua evolução. Estima-se que 80% de todos os casos de metástases ósseas sejam provenientes de tumores de mama. As lesões metastáticas abalam a integridade do osso gerando um aumento do risco de eventos esqueléticos, tais como fraturas patológicas, hipercalcemia, dor de difícil controle e síndrome de compressão medular, estando relacionados à queda na qualidade de vida, gerando dependência e redução da funcionalidade. O objetivo do estudo é descrever a abordagem da fisioterapia para o manejo dos pacientes com doença óssea metastática por câncer de mama e suas complicações através do relato de caso de uma paciente em Cuidados Paliativos no Instituto Nacional do Câncer (INCA). Material e métodos: Os dados foram coletados em prontuário médico no período de maio a junho de 2010. Quanto aos aspectos éticos, a paciente assinou um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de acordo com a resolução 196/96. Trata-se de um relato de caso de uma mulher, 39 anos, matriculada no Hospital de Câncer IV / INCA em maio de 2010 com câncer de mama metastático para ossos, dentre eles: coluna cervical e toraco – lombar (determinando síndrome de compressão radicular em L4), úmero direito e fêmur esquerdo. Interna em 25 de maio de 2010 por dor de difícil controle, ESAS=10 (avaliada pelo Edmonton Symptom Assessment Scale) em fêmur esquerdo e úmero direito de caráter incidental e com KPS (Karnofsky Performance Status) de 30%. Foi confirmada fratura impactada em colo de fêmur esquerdo e lesão lítica no 1/3 superior do úmero direito levando à restrição no leito (KPS 30%). Após colocação de Sarmiento para o membro superior e calha anti - rotatória pela fisioterapia, a paciente foi submetida à dose única de radioterapia antiálgica em fêmur e pamidronato para minimizar a reabsorção óssea e a possibilidade de novos eventos esqueléticos. Condutas fisioterapêuticas analgésicas como a eletroestimulação nervosa transcutânea (TENS) e crioterapia foram instituídas, bem como estabilização segmentar, reeducação funcional e posterior encaminhamento ao Day Care no interior da unidade. Resultados: Na alta hospitalar, a paciente já permanecia em cadeira de rodas, postura adquirida em curto espaço de tempo (12 dias) sem dor, fazendo uso de colete tipo Putti alto (estabilização toracolombar), colar Philadelphia (estabilização cervical), órtese tipo Sarmiento para o membro superior direito (prevenção de fratura), calha anti-rotatória, bem como orientações específicas para o manejo da paciente como: exercícios específicos, orientações preventivas de queda, adaptações no domicílio e manejo com as órteses. Foi encaminhada para assistência domiciliar do HCIV. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 34 Conclusão: Conclui-se que a abordagem fisioterapêutica foi determinante para o sucesso no processo de recuperação funcional da paciente. O uso de técnicas analgésicas adjuvantes para o controle da dor e a estabilização precoce foi primordial para a evolução do processo de recuperação funcional, melhora da autonomia e qualidade de vida da paciente alcançando o objetivo maior dos Cuidados Paliativos em um tempo curto de intervenção. Entretanto, vale salientar que a intervenção precoce pela fisioterapia das pacientes com metástases ósseas é primordial para a prevenção de suas complicações associadas. A utilização da hipodermóclise em pediatria - um relato de experiência Autores: Fernanda Vieira de Campos; Regiane Henrique Ferreira Suano; Roberta Cristiane Pascarelli Alves; Ana Paula Xavier Silveira Instituição: Hospital Universitário (HU/USP) Introdução: No contexto dos Cuidados Paliativos, a hipodermóclise é uma técnica cada vez mais necessária, pois além de permitir a infusão de grandes volumes de solução, contínua ou intermitentemente, possibilita a administração de analgésicos e outros fármacos no tecido subcutâneo em pacientes impossibilitados de serem puncionados e receberem a terapêutica prescrita por falta de condições venosas, com vantagens de ser uma técnica simples, com rápido manuseio e custo reduzido, além de ser menos dolorosa que as vias endovenosas e intramusculares, por possuir menos terminações nervosas. O objetivo deste relato de experiência é descrever o uso da hipodermóclise pela equipe de enfermagem, em um paciente com um ano e meio de idade submetido a Cuidados Paliativos na Clínica Pediátrica do Hospital Universitário da USP. Material e métodos: A metodologia adotada foi o relato de experiência embasado em pesquisa bibliográfica e em prontuário. Resultados: A criança foi puncionada com cateter sobre agulha nº 24 com angulação 35º, na região subcutânea da coxa direita, e a fixação foi realizada com película transparente. Infundiu-se somente solução salina e eletrólitos para hidratação (214 ml em 12 horas) em bomba de infusão contínua e morfina (0,5 mg, 1mg/ml) em flush lento. A criança permaneceu com hipodermóclise por dois dias. Na região da inserção do cateter observou-se discreta hiperemia local e edema que não evoluía, mesmo com a infusão continua. A princípio a equipe ficou ansiosa com a técnica, porém com o passar das horas observou-se mais tranquilidade naquele procedimento. Nem todos da equipe de enfermagem conseguiram cuidar da criança enquanto estava com a hipodermóclise, porém a maioria pode ao menos observá-la. Conclusão: A experiência positiva do uso da hipodermóclise nesta situação específica reforça o conceito de que se trata de uma técnica segura, eficaz, que oferece menor risco ao paciente, com melhor relação custo-benefício comparativamente à terapia intravenosa e aparentemente menos dolorosa que as punções venosas contínuas, podendo ser usada em casos onde o acesso venoso está inviável. A vivência da família no cuidado paliativo domiciliar ao doente com câncer uma revisão integrativa www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 35 Autores: Juliana Stoppa Menezes Rodrigues; Noeli Marchioro Liston Andrade Ferreira Instituição: Universidade Federal de São Carlos Introdução: A assistência integral ao doente onco lógico é um desafio, especialmente quando este se encontra em fases avançadas, necessitando de maior atenção por parte da família. Conhecer como vivenciam esse cuidado traz esclarecimentos para implantar uma assistência adequada as suas reais necessidades. Esse panorama justifica o interesse em realizar essa revisão integrativa. Material e métodos: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, utilizando as etapas: 1) Questão: “Como a família do doente adulto com câncer vivencia o cuidado domiciliário?”. 2) Critérios: artigos das bases de dados LILACS, BDENF, SCIELO e MEDLINE/PUBMED, palavraschave família, neoplasia e cuidado domiciliar. 3) Definição das informações relevantes. 4) Análise. 5) Interpretação. 6) Apresentação da revisão. Resultados: Caracterização das publicações Total de referências encontradas: 83 (17 na LILACS, 10 na BDENF, 03 na SCIELO e 53 na MEDLINE. Exclusão de 36 repetidas, 25 não continham o texto completo, 4 em idiomas japonês e sueco, 3 que não corresponderam a temática e 3 que não abrangeram a população adulta, resultando em 12 publicações (6 da LILIACS e 6 da MEDLINE). Do total de artigos publicados, foram: um em 2000, um em 2003, um em 2004, quatro em 2005, dois em 2006, dois em 2007 e um em 2008, sendo 50% publicado no Brasil, 41,7% na Europa e 8,3% nos Estados Unidos. Vivência da família quanto ao cuidado domiciliário Nessa análise, 33,3% dos artigos relatam a busca da família por uma rede social de apoio e as dificuldades em encontrar auxílio nos sistemas de saúdes; 33,3% se aprofundam quanto as dificuldades de cuidar do doente com câncer em casa, destacando a falta de informações dos profissionais, dificuldades financeiras e alterações no cotidiano; 16,7% relatam que a obrigação e o desejo de retribuir são os principais agentes motivadores; 25,0% discorrem sobre a importância da espiritualidade para entender e enfrentar o sofrimento, 16,7% enfatizam a experiência da família ao vivenciar o momento do diagnóstico de neoplasia e a adaptação da vida familiar foi destaque em 25% das publicações, sugerindo a importância do suporte, da conversa e da orientação para amenizar o sofrimento, ao se deparar com o diagnóstico de câncer. Por fim, 25,0% enfatizam a vivência da família com a morte e 25,0% destacam à importância dos profissionais estarem atentos à família e reconhecer as suas necessidades, tanto com relação aos desgastes físicos, como também psicológicos que o cuidar em domicílio impõe, dentre esses artigos, apenas um coloca a necessidade de oferecer educação à família e ao doente sobre sua doença e principais cuidados. Conclusão: Os artigos inclusos na pesquisa possibilitaram a análise da vivência da família no contexto do cuidado domiciliário, mostrando sua crescente inclusão nas decisões sobre o tratamento e o cuidado e sua busca pela rede de apoio que está carente de orientações, além de outras inúmeras dificuldades citadas, principalmente financeiras. A família continua a encarar o câncer como uma ameaça a vida e gerador de sofrimento, medo, desesperança, angústia, tristeza e insegurança. Os impactos gerados na família e a importância da espiritualidade para compreender o sofrimento e enfrentar as angústias foram amplamente apontados. Prover suporte a família é parte fundamental do cuidado integral oferecido pela equipe de saúde e possibilita a melhoria da qualidade de vida. Alterações no padrão do sono de pacientes em Cuidados Paliativos Autores: Rosani Manfrin Muniz; Daniela Habekost Cardoso; Mariana Fonseca Laroque; Isabel Cristina Arrieira www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 36 Instituição: Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) Introdução: O cuidado dispensado aos pacientes em terminalidade tem como objetivo preservar a qualidade de sobrevida e alívio dos sofrimentos de ordem física, psicossocial e espiritual através do controle de sintomas. Assim, Cuidados Paliativos torna-se um valioso instrumento para melhorar as condições de vida do portador de neoplasia e da sua família, podendo ser desenvolvidos no domicílio. A finalidade é lhes proporcionar um cuidado integral e humanizado (SANTOS et al, 2007). Dessa forma a identificação precoce e controle adequado de sintomas são fundamentais para alcançar este objetivo. Neste contexto o papel do enfermeiro inclui avaliar a qualidade do sono do paciente para construção de seu plano de cuidados, identificando fatores que contribuam para o prejuízo no padrão de sono e bem estar da pessoa em terminalidade. Este estudo teve como objetivo descrever a ocorrência de alterações no padrão do sono em pacientes oncológicos em Cuidados Paliativos, bem como alguns fatores que contribuem para o surgimento e agravo destes sintomas, segundo a literatura. Material e métodos: Este foi um estudo quantitativo e descritivo, com coleta e análise dos dados secundários em 100 prontuários de pacientes oncológicos em Cuidados Paliativos assistidos pelo Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) na cidade de Pelotas-RS, no período e março de 2009 a março de 2010, tendo como instrumento de avaliação a Escala de Edmonton, aplicado pelo enfermeiro do serviço. Os sintomas analisados foram insônia e sonolência, e após, realizado busca de referências para contextualização. Resultados: Após a aplicação da Escala de Edmonton que verifica, entre outros sintomas, a ocorrência e intensidade de sonolência e insônia segundo avaliação do paciente, observou-se que dos 100 sujeitos do estudo, 86% apresentaram alguma alteração no padrão do sono, sendo 28% sonolência, 23% insônia e 35% os dois sintomas concomitantemente. Conforme Furlani e Ceolim (2006), o paciente oncológico manifesta profundas alterações no modo de viver habitual, sendo a qualidade do sono diretamente afetada. Entre os agentes causais relacionados estão o despertar precoce, pesadelos, manifestações clínicas como dor, dispnéia e perturbações ambientais noturnas. Para Barichello et al (2009), outro fator identificado está relacionado à sonolência, pois os ditos “cochilos” diurnos podem contribuir para a má qualidade do sono noturno. Os mesmos autores entendem que as alterações no padrão do sono são intensificadas de acordo com o avanço do câncer e a perspectiva da terminalidade. Conclusão: Vários são os fatores que intensificam as alterações do padrão do sono, assim observase que os sintomas sonolência e insônia ocorrem de forma cíclica, ou seja, um conduz ao outro. Desse modo o enfermeiro que assiste a este paciente deve propor ações educativas estimulando a mudança de hábitos que interfiram na qualidade do sono, garantindo o conforto e melhora da sobrevida do paciente em terminalidade. Entende-se que a avaliação clínica do paciente em Cuidados Paliativos com ênfase na identificação e controle de sintomas é essencial para a prática de enfermagem na elaboração de um plano de cuidados adequado e individual, visando a integralidade e humanização da assistência. Amparo frente à terminalidade: grupo de apoio a cuidadores de pacientes em Cuidados Paliativos Autores: Viviane Rodrigues da Silva, Vanessa Pereira da Silva Weizenmann; Maria P. S. D´Alessandro; Leonardo Consolim www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 37 Instituição: Sociedade Beneficente São Camilo Introdução: O NACE iniciou suas atividades no mês de setembro de 2009, fruto de parceria firmada entre o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e o Recanto São Camilo. São encaminhados pacientes oncológicos em Cuidados Paliativos exclusivos e que apresentem sintomas de difícil controle ou dificuldade de manejo em domicílio. Atualmente com 40 leitos, funciona 24 h por dia e é financiado pelo SUS. Todos os pacientes têm direito a um acompanhante 24 h por dia. Além disso, amplos horários de visitas são praticados pela instituição. É importante notar que estes familiares/cuidadores passam por grande estresse emocional, pois além de vivenciar momentos de perda e sofrimento de seus entes queridos, também convivem com as demais famílias do NACE e terminam por acompanhar as histórias e os óbitos dos outros pacientes internados. Observando este quadro a equipe estruturou um grupo de apoio a familiares e cuidadores . Este grupo de apoio tem como objetivos: Diminuir o nível de ansiedade Aumentar a interação entre os participantes e entre estes e a equipe. Mostrar que muitos problemas encarados como individuais frequentemente são compartilhados por outras pessoas. Iniciar o planejamento de vida após o óbito do paciente. Material e métodos: Desde a inauguração o NACE recebeu 263 pacientes. A grande maioria permanece neste até o seu falecimento com média de internação de 20 dias. O trabalho é realizado por equipe multidisciplinar com médicos, enfermeiras, psicóloga, assistente social, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e capelão. O grupo de apoio foi criado em 22/10/09, com periodicidade semanal e duração de uma hora. Todos os familiares/cuidadores presentes são convidados a participar voluntariamente. Inicia-se com a apresentação dos coordenadores, participantes e da proposta do grupo. O primeiro tema abordado é a importância do cuidado ao cuidador. São utilizadas dinâmicas, fábulas e músicas como facilitadores para o desenrolar da sessão. Posteriormente, os familiares/cuidadores são encorajados a compartilhar os seus sentimentos, dificuldades e apoios encontrados. O grupo acolhe as queixas e angústias apresentadas permitindo a troca de experiências. Facilita o desenvolvimento de laços e o exercício da solidariedade entre familiares/cuidadores que passam por situações semelhantes. Diante da realidade apresentada, conduz-se à reflexão e discussão sobre estratégias de enfrentamento e superação das dificuldades. Os participantes têm a oportunidade de esclarecer dúvidas e crenças disfuncionais relacionadas à enfermidade e aos Cuidados Paliativos. Resultados: Desde o início do projeto foram realizadas cerca de 27 reuniões com média de 8 familiares/cuidadores em cada reunião. Embora não existam dados objetivos para avaliar o impacto, a prática dos encontros cria uma comunidade harmônica no NACE. Muitas vezes é nítida a mudança de postura de alguns familiares que passam a apresentar uma maior serenidade e aceitação frente à terminalidade de seu ente querido. Conclusão: No NACE, uma unidade de internação de pacientes em Cuidados Paliativos exclusivos, encontramos uma população de familiares/cuidadores passando por um momento difícil frente a perda iminente de um ente querido. A existência de um grupo de apoio mostra-se eficaz para a abordagem das angústias e dificuldades apresentadas, possibilita a diminuição do nível de ansiedade, permite a construção de laços de apoio entre os participantes e facilita uma mudança de postura em relação à terminalidade e à continuidade da vida após a perda. Análise da avaliação, registro e terapêutica da dor oncológica de um hospital universitário www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 38 Autores: Karla Alexsandra de Albuquerque; Andressa Ferreira Leite Ladislau; Bianca Carvalho Porfírio da Cruz Instituição: Universidade Federal de Pernambuco Introdução: A OMS declarou que a dor oncológica é uma emergência mundial e das cinco milhões de pessoas que morrem de câncer/ano, quatro milhões morrem com dor não controlada, sendo uma das mais freqüentes razões de incapacidade e sofrimento. No entanto, o sofrimento causado pela dor é desnecessário, já que mais de 90% podem ser efetivamente controlados. Além disto, a dor é classificada como quinto sinal vital devendo ser avaliada e registrada com o mesmo rigor dos outros sinais vitais e serve como parâmetro durante o processo de acreditação hospitalar. O controle da dor é uma das medidas mais eficazes de promoção de bem estar e as equipes médica e de enfermagem, por serem os profissionais que presenciam as queixas de dor, devem aplicar instrumentos d e mensuração da dor e ter adequado conhecimento do seu manejo, organização de esquemas terapêuticos e de medidas não farmacológicas para seu alívio. Este estudo propôs analisar a avaliação, registro e terapêutica da dor oncológica pela equipe médica e de enfermagem em pacientes com câncer internados em um hospital-escola em Recife. Material e métodos: Estudo exploratório, descritivo, transversal, quantitativo, realizado entre abril a junho de 2010. Foram entrevistados todos os pacientes oncológicos das clinicas medica e cirúrgica (26 pacientes), maiores de 18 anos, com queixa de dor nas últimas 24 horas e que não foram submetidos a procedimentos cirúrgicos ou dolorosos, avaliando-se também seus prontuários quanto as evoluções/prescrições medicas e de enfermagem sobre avaliação das características da dor, manejo e recondução terapêutica, em 02 momentos distintos: na primeira entrevista e no terceiro dia após. O instrumento de coleta buscava informações sobre identificação do entrevistado, avaliação das características da dor oncológica, confrontando com os registros sobre características e tratamentos da dor nas evoluções médicas e de enfermagem. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFPE, através do protocolo 065/10. Resultados: A maioria era do sexo feminino (65,4%), de 40 a 79 anos (77%), analfabetos (42,3%), com câncer de abdome (50%) e apenas 03 (11,6%) possuíam estadiamento da doença. 84,6% estavam com dor no momento da entrevista, no estando apenas 73,1% e 77% tiveram sua dor registrada nas evoluções médica e de enfermagem. Todos sabiam localizar sua dor, porém apenas 53,8% das evoluções apresentaram registros de localização da dor. 69,2% referiam dor constante e 57,5% ininterrupta; 76,9% apresentavam dor intensa, entre os números 8 a 10 e 84,6% referiram dor intensa a insuportável. Não foram encontrados registros sobre frequência, duração ou uso de escalas de avaliação da dor nas evoluções médica ou de enfermagem. 96,1% receberam prescrições analgésicas, no entanto em 3,8% não havia qualquer prescrição. 46,2% foram prescritos nãoopióides, a maioria destinada a pacientes com dor intensa. 46,2% não referiram melhora após medicação. Não se encontrou prescrições/condutas de enfermagem para dor nos pacientes avaliados. Conclusão: Na comparação dos registros sobre dor e analgesia com o relato dos doentes observouse grande discrepância: o registro e a avaliação da dor foram precários ou inexistentes, embora todos pacientes tenham descrito sua dor quanto as suas características. Apesar das evidências do impacto da dor nos doentes com câncer e da existência de protocolos clínicos que norteiam sua avaliação, manejo e terapêutica, a dor de pacientes oncológicos encontrou-se subidentificada, subdocumentada e consequentemente subtratada. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 39 Análise de óbitos em UTI de pacientes fora de possibilidade de cura Autores: Marcelo Pereira Anderly Instituição: Núcleo de Assistência Multiprofissional (CASE) Introdução: O uso de UTIs tem seu papel nos pacientes fora de possibilidade de cura. Podem ser adequadamente utilizadas quando haja uma afecção aguda passível de reversão. Nos demais casos, poderia haver algum grau de distanásia. De qualquer forma, outro elemento a ser levado em conta é a preferência do paciente e/ou família na s situações limite. Material e métodos: A partir do levantamento dos prontuários ambulatoriais de 444 óbitos de pacientes fora de possibilidade de cura no período de 01/06/2008 a 31/05/2009 analisaram-se os óbitos ocorridos em UTI, as causas de admissão na UTI e em que casos era a UTI era o local preferido de óbito quando da definição de futuras intenções terapêuticas. Resultados: Ocorreram 60 óbitos (13,51%) em UTI. Destes 48,3% foi em pacientes oncológicos. A média de idade para pacientes oncológicos foi de 62,58 anos e de 78,38 para os não oncológicos. Entre os tumores o diagnóstico mais prevalente foi o de pulmão (31%) e os tumores não sólidos corresponderam a 10,3%. Dentre os casos não-oncológicos, os quadros demenciais perfizeram 38,7%. A definição de intenções terapêuticas futuras foi feita em 65,5% para os pacientes oncológicos e 32,2% para os não oncológicos. Somente um paciente oncológico jovem optou pela UTI como local de óbito quando da definição das intenções futuras. A principal causa de admissão na UTI foram os quadros respiratórios (18 pacientes - 30%), seguido de rebaixamento de nível de consciência (7 pacientes). Não se identificou a causa no prontuário ambulatorial em 7 casos e, em outros 7, o prontuário não foi revisado. Os quadros respiratórios tiveram diversas etiologias, sendo mais importantes as broncopneumonias e embolia pulmonar, embora outros fossem causados diretamente por tumores primários ou secundários de pulmão. Conclusão: Embora o levantamento tenha sido feito a partir dos óbitos, isto não significa que a indicação de UTI estivesse errada. O limite entre a indicação correta e a distanásia é, por vezes, tênue. Existe a dificuldade de definição da impossibilidade terapêutica especialmente na população não oncológica. Os casos analisados tinham uma elevada média de idade, o que poderia ser um indicador a mais de irreversibilidade do quadro. De qualquer forma, existe uma disparidade significativa entre o número de pacientes que desejavam morrer em UTI (apenas 1,6%) e aquele em que isto ocorreu. Os fatores para isto podem ser: (1) necessidade clínica de UTI peremptória; (2) falha de comunicação (somente cerca de metade dos pacientes tiveram uma comunicação formal do caráter de irreversibilidade de sua doença e definição de suas intenções terapêuticas futuras); (3) inexperiência da equipe hospitalar no cuidado destes pacientes, com um controle ineficaz dos sintomas (incluindo a indicação de sedação paliativa); (4) stress familiar na proximidade da agonia (diretamente ocorreu em apenas 5% dos casos). Provavelmente haja uma multicausalidade para a admissão na UTI, mas faz-se necessário uma melhor comunicação, reiterando-a ao longo do processo de cuidar, e um melhor controle dos sintomas, especialmente os respiratórios, definindo se existe a indicação de um cuidado mais intensivo - em virtude do status funcional do paciente e sua patologia de base - naqueles casos de broncopneumonia e embolia pulmonar. Desta forma, se poderia honrar o desejo do paciente/família sem causar um dano pela má indicação de UTI. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 40 Análise dos óbitos de pacientes em acompanhamento domiciliar de uma cooperativa médica Autores: Maria Aparecida Scottini; Fabiana Lucia Codore; Juliana Teixeira Barreiros; Ibere do Nascimento Instituição: Unimed Grande Florianópolis Introdução: Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria das pessoas idosas deseja permanecer morando em seu domicílio e ainda, desejam permanecer até o momento do óbito, porém, mais de dois terços dos doentes passam seus últimos dias no hospital. Muitas vezes a morte é vista como um fracasso, algo que deve ser evitado a qualquer custo e tempo. Isso se reflete também nas ações de saúde, com a futilidade diagnóstica e obstinação terapêutica, gerando custos desnecessários. Desta forma, os Cuidados Paliativos, através de cuidados intensivos de conforto ao paciente e família no domicílio, apresenta-se como uma resposta organizada a esta necessidade. Material e métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo descritivo, com a análise de óbitos, ocorridos no período de novembro de 2009 a maio de 2010, dos clientes monitorados na Atenção Domiciliar - modalidade Gerenciamento de Casos - caracterizados pela presença de doenças crônicas e complexas, com alto grau de dependência para as atividades da vida diária, de uma cooperativa médica. Resultados: No período ocorreram 22 óbitos, porém 06 foram excluídos da análise por serem clientes gerenciados por outra cooperativa médica e 02 devido a dados inconsistentes. A análise revelou que 57,1% dos óbitos ocorreram no domicílio. A prevalência foi do sexo feminino (71,4%), com média de idade de 89,3 anos (±7), contra 86,7anos (±4) no sexo masculino. A média de tempo de permanência no programa foi de 11,4 meses para o sexo feminino e de 6,5 meses para o sexo masculino. A mediana do total gasto na internação hospitalar que evoluiu para o óbito representou 57% do total gasto no último semestre de vida do paciente. Comparando o total gasto no ano do óbito com o ano anterior, a mediana foi de 545,2% a mais para aqueles que faleceram no domicílio e de 1080,8% para aqueles que faleceram no hospital. Conclusão: A análise dos dados revela que houve maior proporção de óbitos em mulheres, fato esperado devido ao perfil do programa, em que a maior parte dos clientes é do sexo feminino. Porém, os pacientes do sexo feminino permaneceram mais tempo no programa e faleceram em idade superior em relação aos do sexo masculino. O tempo de permanência no programa não apresentou relevância estatística em relação ao local do óbito. Em relação ao custo, a proporção do gasto realizado no ano do óbito com o ano anterior, para aqueles que faleceram em hospita l, pode significar a dificuldade dos profissionais de saúde e mesmo de familiares em aceitar o processo evolutivo da doença. Neste sentido, a família deve ser orientada à participação ativa no plano de cuidados, porém, ser também objeto do mesmo. Assim, deve existir um compartilhamento de informações, com esclarecimentos de dúvidas e estabelecimento dos objetivos do cuidado, bem como o apoio emocional e preparação para o luto. Faz-se necessário também o reconhecimento de sintomas pelos familiares e pela equipe que presta o cuidado especializado, para que ocorra a intervenção não apenas baseada em prognóstico, mas em complexidade e necessidades. A OMS indica que ainda não existem indicadores universalmente padronizados para avaliar a eficácia dos Cuidados Paliativos. Porém, a porcentagem de doentes que morrem assistidos no domicílio, ou mais ainda, que tem sua vontade respeitada, seja o local desejado ser o domicílio ou instituições de saúde, pode ser sugerida como um indicador de qualidade do serviço. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 41 Aplicação da técnica RIME em pacientes com demência de Alzheimer e em seus cuidadores Autores: Ana Catarina Tavares de Araújo Elias; Rodrigo de Paula Daniel Ernesto; Daniela Regina Molini-Avejona Instituição: CEUNSP; UNIP; USP Introdução: A Demência de Alzheimer é caracterizada por deterioração cognitiva, cuja incidência vem aumentando nos últimos anos, devido a maior sobrevida da população idosa. A doença afeta a memória e o funcionamento mental causando problemas como incapacidade de raciocinar, de compreender e falar, e outros problemas, como confusão, mudanças de humor e desorientação no tempo e espaço. Por ser uma doença crônica e degenerativa que ameaça a continuidade da vida, requer atenção paliativa. A Intervenção RIME (Relaxamento, Imagens Mentais e Espiritualidade) é uma intervenção psicoterapêutica breve e complementar que foi desenvolvida para re-significar o sofrimento de doentes em estado de cura improvável. Material e métodos: Objetivou-se observar e avaliar se houve melhora na comunicação de cinco pacientes com Alzheimer e de seus respectivos cuidadores, com a aplicação de 8 sessões de RIME em cada um desses dez sujeitos, favorecendo uma melhora do bem-estar no cotidiano e na qualidade de vida desses; estudo longitudinal, através das análises qualitativa e quantitativa, tendo como instrumentos a entrevista clínica com o cuidador e a aplicação de testes como Índice de Barthel, fluência verbal, memória da lista de palavras, MEEM e teste de nomeação de Boston para os doentes, aplicados antes e ao final das 8 sessões de RIME. Resultados: Na análise qualitativa observou-se que a aplicação da RIME modificou para melhor o estado emocional dos pacientes com Alzheimer, favorecendo estados de tranqüilidade e maior serenidade, assim como contribuiu para a amenização dos quadros de estresse encontrados nos cuidadores. Os doentes passaram a lidar melhor com o processo de morrer, ou seja, apresentaram melhorias de bem-estar frente ao cotidiano da doença. Os cuidadores conseguiram ampliar o contato com suas emoções, sentimentos, sua subjetividade, o que favoreceu reflexões para a elaboração de objetivos de vida para quando deixarem de ser cuidadores. Na análise quantitativa, em relação aos cuidadores, na anamnese e reanamnese pode-se concluir que 90% responderam não serem favoráveis ao diagnóstico através do exame direto ao sistema nervoso e 70% consideraram que a evolução da doença a cada dia estaria pior e também que o doente deveria ser informado sobre o diagnóstico; 100% dos cuidadores responderam não conseguir manter a paciência no dia-a-dia, e esse foi o fator que mais os incomodavam. Em relação aos pacientes, após a aplicação da RIME, o Sujeito 1 teve uma melhora de 3,6% no teste de nomeação de Boston, 22 % no teste de compreensão auditiva, 29% no teste de identificação d as partes do corpo, 18% na prova de comandos, 6% no teste de memória verbal e 4% no MEEM; o sujeito 3 teve melhora de 10,8% no teste de nomeação de Boston, 4% no teste de identificação das partes do corpo, 9% no teste de comandos e 28% no teste de memória verbal; o sujeito 7 teve melhora de 13% no teste de identificação das partes do corpo e 7% do MEEM. Embora os cinco pacientes de Alzheimer estivessem na fase intermediária da doença, não foi possível aplicar a RIME nos sujeitos 5 e 9, haja vista o foco de atenção destes ser menor do que o dos demais, mas seus cuidadores foram beneficiados, e isso os ajudou indiretamente. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 42 Conclusão: Observou-se com a RIME melhorias na comunicação interpessoal e nos aspectos sócioemocionais e espirituais tanto dos cuidadores, como dos doentes, o que sugere contribuições para a área de Cuidados Paliativos tanto da Fonoaudiologia, como da Psicologia. Atendimento de interconsulta a pacientes internados em Serviço de Cuidado Paliativo Oncológico Autores: Tiago Pugliese Branco; Fabiana Chino; Juliana Ballerini; Toshio Chiba Instituição: Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) Introdução: São crescentes as evidências sugerindo que o atendimento de pacientes com doenças ameaçadoras de vida por equipe de Cuidados Paliativos (CP) implica em melhor assistência, controle de sintomas e satisfação de paciente e seus familiares. Idealmente, este cuidado deve ser oferecido o mais precoce possível, através de equipe multidisciplinar, visando abordagem de todas as formas de sofrimento, comunicação sobre planos e metas de tratamento e facilitação de transição para diferentes modalidade s de cuidados. O serviço de CP do ICESP conta com equipe de interconsulta a pacientes internados por outras clínicas, ambulatório, Hospice e 12 leitos próprios para internação. Após avaliação da interconsulta, pacientes internados em outras clínicas podem ser transferidos de cuidados para a equipe de CP ou seguidos em conjunto. O objetivo deste estudo é descrever as caracterísitcas dos pacientes atendidos pela equipe de interconsulta em CP do ICESP, suas demandas e condutas tomadas. Além disso, pretende-se comparar a prática exercida com a preconizada pela literatura. Material e métodos: Estudo observacional de análise de prontuários de pacientes atendidos em unidade de internação no mês de maio de 2010 pela equipe de interconsulta em CP do ICESP. Resultados: Foram atendidos 87 pacientes no mês de maio de 2010, sendo 56% do sexo masculino, com idade média de 63,4 anos (34-91). O perfil de neoplasias foi diverso, destacando-se: estômago (13%), pulmão e cólon/reto (10,3% cada), cabeça e pescoço (8,0%), dentre outros. A origem dos encaminhamentos foi: oncologia clínica (56,2%), pronto-socorro (34,5%), dentre outros. Destes, 18% já estavam em atendimento ambulatorial de CP. Apenas 74,7% dos pacientes apresentavam descrição de funcionalidade (KPS) em prontuário. Destes, 76,9% apresentaram escore de 40 ou menos, 18,4% escore de 50 e apenas 3,4% acima deste. A maioria das solicitações foi para transferência de cuidados (73,7%). Dentre os outros motivos, 11% descreviam acompanhamento prévio pela equipe de paliativos, 8,8% transferência ao Hospice, 3,3% acompanhamento em conjunto e 3,3% controle de sintomas. Dentre as condutas citadas, a mais comum foi transferência de leito (62%), seguida por estabelecimento de comunicação e informações acerca da proposta do grupo (45,9%), ajuste de medicação (24,1%), abordagem inicial para transferência ao hospice (21,8%), dentre outras. Conclusão: A principal limitação do estudo se relaciona ao curto tempo de observação. Contudo, abrange número de atendimentos que permite exprimir a rotina do serviço. A amostra descrita é composta por pacientes com alto grau de dependência e, por inferência, neoplasia em estágio avançado em sua maioria, características esperadas para uma unidade de internação de um hospital oncológico. Contudo, a elevada porcentagem de pacientes referendados pela primeira vez à Equipe de CP (82%) caracteriza perfil de encaminhamento tardio. Além disso, a predominância absoluta de solicitação de transferência de cuidados (73,7%) dentre os motivos de pedido de avaliação www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 43 demonstra uma subutilização da equipe por parte das demais se consideradas as atribuições descritas em literatura para uma interconsulta de CP. Certamente, a pequena parcela de pedidos de avaliação para controle de sintomas se relaciona ao fato de existir equipe de Algologia atuante dentro de hospital. Porém, outras questões relevantes como comunicação de prognóstico, de transição de cuidados e abordagem multidisciplinar poderiam ser mais bem exploradas. Atuação de “palhaços-doutores” em Cuidados Paliativos Autores: Tathiane Barbosa Guimarães; Teresa Cristina Cavalcanti Ferreira de Araújo. Instituição: Universidade de Brasília Introdução: “Palhaços-doutores” são performáticos, voluntários ou profissionais, que adotam a arte do palhaço para atividades recreativas em ambientes hospitalares. No Brasil, é possível destacar a experiência pioneira do grupo “Doutores da Alegria”, cuja atuação em instituições de saúde remonta à década de 1990. Cabe explicitar que o palhaço-doutor dramatiza condutas em saúde, desmitificando e parodiando intervenções técnicas. Tais ações promovem a familiarização de pacientes e de cuidadores com equipamentos e procedimentos. Ademais, ao facilitar a expressão de emoções e afetos, a atuação do palhaço-doutor pode propiciar bem-estar físico, psicológico e social àqueles implicados no atendimento. Em Cuidados Paliativos, é essencial proporcionar qualidade de vida por meio do alívio de desconfortos e dores e da melhoria das condições físicas, psicossociais e espirituais. Sendo assim, é importante conhecer melhor a contribuição do palhaço-doutor neste contexto específico de acompanhamento em saúde. Para tanto, realizou-se um estudo exploratório acerca da percepção do acompanhante de paciente pediátrico fora de possibilidade terapêutica em relação à atuação de “palhaços-doutores”. Material e métodos: A investigação foi previamente aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa e abrangeu diversas etapas e diferentes segmentos de sujeitos. Especificamente no presente estudo, participaram duas mães de pacientes pediátricos oncológicos, diagnosticados com osteosarcoma e recidiva de leucemia linfóide aguda, internados na ala de Onco-Hematologia Pediátrica do Hospital de Apoio de Brasília, ambos fora de possibilidade terapêutica. A concordância das participantes foi obtida por meio da leitura e assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados envolveu a aplicação de um roteiro de entrevista na própria enfermaria, após a intervenção de dois palhaços-doutores. Ambos realizavam suas atividades conjuntamente, possuíam o treinamento indicado e tinham mais de três anos de experiência. As entrevistas foram transcritas e submetidas à análise de conteúdo temática. Resultados: As mães avaliaram que a atuação do “palhaço-doutor” foi positiva tanto para seus filhos, quanto para elas mesmas. Segundo estas acompanhantes, a intervenção do palhaço-doutor ofereceu benefícios, pois constitui estratégia “distrativa” e/ou atividade estimulante. A análise e a interpretação dos relatos obtidos apontaram que, de um lado, tal atuação é percebida como atenuante das consequências adversas da experiência hospitalar de um paciente fora de possibilidade terapêutica; e, de outro lado, como atividade estimulante para o desenvolvimento humano, apesar das restrições e sofrimentos suscitados pela terminalidade. Conclusão: Os dados revelaram uma percepção positiva acerca da atuação do palhaço-doutor. Tendo em vista as necessidades e os desafios da humanização dos Cuidados Paliativos, são necessários mais estudos sobre o tema. Neste sentido, sugere-se a realização de pesquisas sobre a percepção de pacientes e profissionais da equipe de saúde. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 44 Avaliação do agrupamento de sintomas e qualidade de vida de pacientes com câncer avançado Autores: Toshio Chiba; Camila Cristofero Yamashita; Andrea Yamaguchi Kurashima; Tania Vanucci Vaz Guimarães; Juliana Gomes Ballerini Introdução: Para a equipe de Cuidados Paliativos, o controle dos sintomas é a prioridade no tratamento. Um paciente com sintomas paliados obtém um aumento na qualidade de vida. Estes sintomas são frequentemente complexos e sua paliação é o primeiro objetivo a ser alcançado. Entretanto, a maior parte das pesquisas já descritas refere este manejo de forma isolada, analisando cada sintoma individualmente. Diferentes sintomas podem ocorrer em combinação ou por influência e desta forma, podemos entender os mecanismos e melhorar o manejo para controle, desenvolvendo intervenções direcionadas e melhorando a qualidade de vida destes pacientes. O estudo de conjunto de sintomas pode ajudar a agilizar tratamentos para mirar vários sintomas simultaneamente, resultando em maior benefício terapêutico. Este estudo pretende relatar a análise dos principais sintomas dos pacientes em fase de Cuidados Paliativos. Material e métodos: Estudo retrospectivo. Dados revisados em prontuários de pacientes atendidos no ambulatório de Cuidados Paliativos do ICESP, entre janeiro e maio de 2010, onde foi utilizado o questionário ESAS para avaliação dos sintomas. As variáveis estudadas foram: sexo, idade, diagnóstico, e os sintomas apresentados. Para avaliar o padrão de agrupamento de sintomas nos pacientes com câncer avançado foi realizada a análise fatorial confirmatória. A análise fatorial é fundamentada no pressuposto de que uma série de variáveis observáveis (sintomas) pode ser explicada por fatores que são combinações lineares das variáveis observáveis. O questionário ESAS é uma ferramenta de avaliação utilizada com freqüência por equipes de Cuidados Paliativos. Avalia a gravidade de onze sintomas físicos e psicológicos, são eles: dor, fadiga, náusea, depressão, ansiedade, sonolência, apetite, sensação de bem-estar, prurido, dispnéia e outro problema. Resultados: Foram coletados dados referentes a 109 pacientes atendidos no Ambulatório de Cuidados Paliativos do ICESP. Eram homens 58,7%, e 41,3% mulheres, tinham idade mínima de 28 e máxima de 90, sendo a média de 63. Os cânceres mais prevalentes apresentados foram: gastrointestinais (55%), cabeça/pescoço (19,3%), e outros (25,7%). Os sintomas foram agrupados em 3 fatores principais, sendo eles: Fator 1: dor, depressão, ansiedade e mal estar; Fator 2: cansaço, náusea e inapetência; Fator 3: sonolência e falta de ar. Para os tumores gastrintestinais os principais agrupamentos foram: cansaço, náusea, inapetência e mal estar, seguidos por: depressão, ansiedade e sonolência. Para os tumores de cabeça e pescoço, os principais agrupamentos foram: dor, ansiedade, inapetência e mal estar, seguidos por depressão, falta de ar, cansaço, náusea e sonolência. Dentre os sintomas avaliados encontramos: dor em (74,3%), cansaço (73,4%), depressão (69,7%), ansiedade e sonolência (62,4% cada), inapetência (57,9%), mal estar (52,4%), náusea (41,6%) e falta de ar (37,6%). Conclusão: O agrupamento pode auxiliar na paliação dos principais sintomas apresentados na fase paliativa onde podemos focar no tratamento ativo de um deles, atingindo dessa forma a regressão de todos os sintomas do conjunto. Melhorando os sintomas, aumentamos a qualidade de vida deste paciente, proporcionando um cuidado humanizado sem se esquecer do paciente com um todo, respeitando a sua vontade e não interferindo no processo natural de morrer. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 45 Avaliação do impacto da assistência espiritual e religiosa a pacientes hospitalizados Autores: Eleny Vassão de Paula Aitken; Rosana Chami Gentil; Gessini Almeida; Maria Regina Peluci; Neide Menezes Instituição: Associação de Capelania Evangélica Hospitalar Introdução: Espiritualidade pode ser definida como a busca interior de cada pessoa, de todas as culturas e sociedades, por sentido, propósito e verdade na vida. Em seu aspecto emocional, envolve sentimentos de esperança, amor, relacionamento com outros, paz interior, conforto e apoio, além de outro s termos saudáveis e positivos. Ela tem aspectos cognitivos, experienciais e comportamentais. A religião está fundamentada em escrituras e ensinamentos que descrevem o sentido e o propósito do mundo, o lugar do indivíduo neste, e as responsabilidades de uma pessoa para com a outra, como também a natureza da vida após a morte. A busca pelo sagrado é que distingue a religião e a espiritualidade do humanismo e de outros conceitos psicossociais. Segundo Harold Koënig, os pacientes que têm suas necessidades espirituais atendidas, relatam significante melhor qualidade de vida. Ele afirma que, em nove fatores conhecidos como influência na qualidade de vida, o suporte espiritual é o segundo mais forte. A ACEH – Associação de Capelania Evangélica Hospitalar, através de suas capelanias locais instituídas nos hospitais, há quase 30 anos, vem oferecendo aos enfermos das mais diversas crenças, patologias, e níveis de gravidade, atendimento espiritual que gera o consolo e a esperança através do relacionamento pessoal com Deus, que resulta em qualidade de vida e também de morte. O objetivo deste trabalho foi de avaliar o impacto da assistência espiritual e religiosa ao paciente hospitalizado e em atendimento ambulatorial. Material e métodos: O atendimento foi realizado de janeiro a junho de 2010, por diversas equipes de capelães das capelanias evangélicas da ACEH, envolvendo pacientes, dentre os quais a grande maioria estavam internados ou em tratamento ambulatorial. Foi escolhido um pequeno grupo de pacientes aleatoriamente, em diversos hospitais da cidade de São Paulo, sem levar em conta o credo religioso, que receberem fichas de avaliação do atendimento espiritual. O atendimento constou de: ouvir, observar a necessidade espiritual mais emergente, aconselhar respondendo à demanda levantada pelo paciente e orar por solicitação dele. Os itens das fichas foram: esperança, conforto, paz, alivio na dor, relacionamento com Deus, e sentido para a vida. Os pacientes podiam assinalar mais de um item. Resultados: O total de fichas distribuídas foi de 272, destes 3 não foram respondidas. Das 269 pacientes, 114 eram católicos, 3 espíritas, 102 evangélicos, 21 de outros credos e 29 sem religião. O que os pacientes mais sentiram, avaliando o impacto emocional e espiritual do conteúdo da mensagem oferecida, foi de paz (158). Em segundo lugar sentiram conforto (147) e, em terceiro, esperança (120). É interessante observar que mais de 40% dos pacientes avaliaram o impacto da assistência espiritual e religiosa como tendo trazido relacionamento com Deus. O sentido para vida foi apontado por apenas 75 pacientes dos 269 atendidos, o que nos parece que talvez tenha faltado mais tempo para essa assistência chegar a ter esse impacto, tão importante. Conclusão: Constatou-se a relevância da assistência espiritual e religiosa aos pacientes, oferecendo a estes uma assistência de forma integral, fazendo-o refletir sobre o seu próprio preparo espiritual. A experiência na abordagem deste tema possibilitou também a oportunidade de estudar esta área, que vem crescendo em interesse e necessidade e carece de mais pesquisas cientificas. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 46 Avaliação multidimensional em Cuidados Paliativos geriátricos - relato de caso Autores: Viviane Rodrigues da Silva; Vanessa Pereira da Silva Wizenmann; Maria P. S. D´Alessandro, Leonardo Consolim Instituição: Sociedade Beneficente São Camilo Introdução: Pacientes com doença renal avançada (Cl>8mg/ml ou Cr>8mg/dl), sem indicação de transplante ou procedimento dialítico são candidatos a Cuidados Paliativos. Entre os idosos, o acompanhamento em Cuidados Paliativos nessa situação ainda é uma raridade, mas é capaz de aliviar sintomas, prevenir sofrimento e melhorar a qualidade de vida ao paciente e sua família. Material e métodos: Relato de caso demonstrando a importância de uma avaliação multidimensional sistematizada e do acompanhamento interdisciplinar em um caso de insuficiência renal terminal. O caso é analisado segundo as perspectivas de sofrimento físico, social-familiar, psíquico e espiritual segundo diagrama a ser apresentado. Resultados: RELATO DE CASO: Identificação: Senhora de 77 anos encaminhada ao Ambulatório de Cuidados Paliativos Geriátrico do HC/FMUSP pelo Centro de Referência em Distúrbios Cognitivos do HC/FMUSP, em 13/06/2008. Demência de Alzheimer Avançada, Mieloma Múltiplo e Disfunção Renal Grau V. Filha única era sua cuidadora e não desejava realização de diálise ou medidas de suporte artificial de vida Sofrimento Físico: astenia, recusa alimentar, gemência. Sofrimento social: conflitos com marido, dificuldades na instituição de longa permanência (ILP). Sofrimento Psíquico: culpa por não aceitar a diálise, culpa pela institucionalização. Sofrimento Espiritual: falta de sentido existencial e transcendente para a doença. Sem religião. Atitudes da Equipe: ajuste de medicações sintomáticas, correção da anemia com transfusão de glóbulos, adequações dietéticas, psicoterapia breve com foco na culpa e sentido, apoio as decisões de não dialisar e institucionalização, fornecimento de relatórios médicos com diretrizes avançadas e orientação na ILP. Durante o acompanhamento, a paciente foi institucionalizada, sendo contratada uma cuidadora particular para acompanhá-la durante o dia. Houve grande melhora no estresse da filha, do cuidado da paciente, em sua funcionalidade e comportamento. Apresentou raras intercorrências clínicas, tratadas no ambulatório e no Hospital Dia. Os relatórios médicos constando diagnósticos, prognóstico e as decisões de fim de vida foram renovados periodicamente. Paciente faleceu durante o sono na ILP onde morava em 29/11/2009, conforme decisão da filha. Conclusão: A adequada abordagem e acompanhamento em Cuidados Paliativos para paciente com Insuficiência Renal Crônica Terminal, priorizando conforto, controle de sintomas e acolhimento do paciente e da família deve ser incentivada. Bioética na terminalidade: uma revisão bibliográfica Autores: Laiza Marie Boell Instituição: Universidade Feevale Introdução: Na atualidade, os profissionais de saúde demonstram estar cada vez mais à procura de respostas que lhes assegurem a dimensão humana da relação profissional/paciente, principalmente quando associadas à autonomia, à justiça, à necessidade de respeito e à dignidade da pessoa humana. A bioética e a terminalidade são assuntos de suma relevância, e a temática está sempre www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 47 presente na área da saúde e na enfermagem. A terminalidade da vida é algo inerente a todo ser humano, e, na atualidade, a questão do cuidado da vida humana no seu final tornou-se significativa na sociedade brasileira, na área da saúde e, especialmente, na medicina. Frente a tais reflexões, buscou-se conhecer e analisar a temática acima proposta, descrita e estudada nos últimos dez anos através de uma revisão bibliográfica da literatura. Material e métodos: A pesquisa a ser apresentada, quanto aos objetivos que se propôs, foi uma revisão bibliográfica de literatura. Como instrumento de pesquisa, utilizaram-se as bases de dados: BDEnf, LILACS e SCIELO. Os descritores 'ética´, 'bioética', terminalidade' e 'enfermagem´ foram usados para a busca de artigos. Os critérios de inclusão do material selecionado foram publicações entre o período de jan/ 2000 a dez/2009, em língua portuguesa, disponíveis gratuitamente, e abordagem da tem ática proposta. Os 65 artigos selecionados para este revisão foram divididos em 5 categorias temáticas: "reflexões bioéticas", "ortotanásia, distanásia e eutanásia", "enfermagem e terminalidade", "bioética dos Cuidados Paliativos" e "bioética e profissionais de saúde". Resultados: Foi observado que a categoria “Reflexões Bioéticas” foi a mais discutida, abordada em 22 artigos, ou seja, 33% do total de obras analisadas. Em seguida, a categoria “Ortotanásia/Distanásia/Eutanásia” foi discutida em 14 artigos, significando 21% dos textos encontrados; em 13 artigos (20%) os autores abordaram a categoria “Enfermagem e Terminalidade”; 16% dos artigos, isto é, 11 obras versaram sobre “Bioética dos Cuidados Paliativos”; e, por fim, seis artigos, fechando 10% da pesquisa, relacionaram assuntos sobre “Bioética e Profissionais de Saúde”. Observou-se também que nos últimos cinco anos houve um maior interesse pela temática, o que é evidenciado diante de 59 publicações nesse período, abarcando 89% do material analisado. Em 2007, o ano que mais se publicou estudos com o tema, 16 artigos sobre Bioética e Terminalidade foram disponibilizados no Brasil nas referidas bases de dados, o que significa 24% do total de obras nos últimos dez anos. Nota-se que, nos anos de 2000 e 2002, nenhum estudo relacionado à terminalidade humana foi publicado nas bases de dados que fazem parte desta revisão. Conclusão: Fica claro que este estudo não encerra o debate acerca dos assuntos relacionados à bioética da terminalidade. Foi evidenciada a busca de conhecimento teórico-científico por parte do profissional de saúde, em especial o enfermeiro, a fim de que se possa ter embasamento ético/bioético para as ações de enfermagem no processo de terminalidade humana. Também concluiu-se a carência do debate bioético na formação acadêmica e sugere-se, diante disso, a inclusão de formas de aproximação dos futuros profissionais de saúde com a bioética da terminalidade durante a graduação. Caracterização de pacientes atendidos em ambulatório de dor crônica Autores: Lucas Spina; Lívia Mendonça Ferreira; Mariana Alvares Penha; Natanale Sutikno Adiwardana; Núria Puertas; Edison Iglesias de Oliveira Vidal; Rodolfo Franco Puttini; Fernanda Bono Fukushima Instituição: Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP Introdução: O serviço de Terapia Antálgica e Cuidados Paliativos (TACP) da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) iniciou suas atividades em 1990, sendo, hoje um centro multidisciplinar de tratamento de dor aguda, de dor crônica e de Cuidados Paliativos. Este trabalho tem por objetivo caracterizar a população atendida no ambulatório de dor crônica do HC UNESP. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 48 Material e métodos: Revisão dos prontuários, identificando presença e quantifica ção da dor e outros sintomas comuns, status funcional e status social dos pacientes acompanhados no ambulatório de dor crônica da TACP. Resultados: A idade média dos pacientes foi 57,3 anos, tendo a metade deles entre 45 e 71 anos. O sexo feminino perfez 64,6% dos pacientes entrevistados. Quanto à escolaridade, aproximadamente 51% dos pacientes não completaram o primeiro grau de ensino, sendo 15,4% analfabetos. Completaram o primeiro grau 33,8% dos entrevistados e apenas 4,6% possuem ensino superior completo. 61,5% dos pacientes mantêm união estável e 15,4% estão solteiros. Os encaminhamentos para tratamento na TACP foram, predominantemente, feitos por ortopedistas (37%), neurocirurgiões (12,3%), oncologistas (9,2%) e neurologistas (6,15%). O tempo médio de convívio com a dor foi de 6,3 anos, sendo o máximo de 35 anos. Através da escala analógica visual de 11 pontos, a dor foi avaliada quanto à sua intensidade. Observou-s e intensidade dolorosa média de 4,99 (dor moderada), sendo que 50% dos pacientes referiram score inferior a 5. Para a avaliação do status funcional, utilizaram-se escalas independentes para as atividades básicas (55 pontos) e instrumentais (49 pontos) da vida diária. Os pacientes foram avaliados como independentes funcionalmente, apresentando escore médio de 2,29 para as atividades básicas e 13,89 para as atividades instrumentais, sendo 81,53% totalmente independentes para as atividades básicas da vida diária. Outros sintomas prevalentes foram distúrbios do sono (70,8%), constipação intestinal (37%) e alteração no humor (63,1%). Observou-se, ainda, influência da dor no âmbito social: 38,5% dos pacientes referiram alteração nas relações sociais; 63,1%, nas atividades sociais; 64,61%, nas atividades laborais; e 24,61% alegaram problemas financeiros. Para 53,84% dos pacientes, a dor nada influenciou em seu trabalho. Entretanto, 32,3% dos pacientes apresentam-se afastados das atividades laborais. Os diagnósticos mais freqüentes foram discopatia lombar (13,84%), dores neuropáticas (7,7%), síndrome miofascial (7,7%) e fibromialgia (6,15%). Embora apenas 32,3% dos pacientes possuíssem acesso domiciliar à Internet, 66,15% consideram interessante a produção de um site da TACP contendo informações aos seus usuários. Conclusão: A partir dos resultados obtidos, foi possível realizar uma caracterização inicial dos pacientes da TACP. Os pacientes apresentavam-se, em sua maioria, em idade produtiva. Observouse presença de dor moderada na maior parte dos pacientes, sem, entretanto, influenciar negativamente nas atividades básicas e instrumentais da vida diária. A dor apresentou impacto social importante, influenciando negativamente as relações sociais e laborais destes indivíduos. Com esta caracterização, incrementou-se o conhecimento dos profissionais de saúde e graduandos sobre os pacientes assistidos, o que possibilita novos projetos visando a abordar de formas mais efetivas as demandas levantadas. Por fim, a análise dos prontuários continua sendo feita, para obter uma caracterização mais abrangente. Caracterização dos pacientes atendidos pela Equipe de Cuidados Paliativos do Hospital Sírio-Libanês Autores: Daniel Neves Forte; Valeria Delponte; Fernanda Rizzo di Lione; Daniela Achette; Vladimir Ribeiro Pinto Pizzo; Erika Moretti Campiteli; Jamile Sallum de Lacerda; Carolina Fontes Guadagnoli; Ingrid Maria Olsen de Almeida; Isa Maria Mariete Oliveira; Rosana Soares Bonanho; Rosangela Santos; Daniele Gazeti; Cláudia Kondo; Natalia Lopes; Plínio Cutait Instituição: Hospital Sírio-Libanês www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 49 Introdução: A EMCP-HSL atende a pacientes e familiares de pacientes internados no Hospital, com doenças potencialmente fatais e sintomas de sofrimento de difícil controle, sempre que o médico responsável pela internação autoriza o acompanhamento. O objetivo deste trabalho é caracterizar o perfil dos pacientes atendidos. Material e métodos: Levantamento de banco de dados gerados durante os atendimentos a partir do preenchimento de um impresso padronizado. Este estudo preliminar levantou os dados dos pacientes atendidos entre janeiro e junho de 2010. Resultados: Desde 2008, a EMCP atendeu 276 pacientes e seus respectivos familiares. No período que abrange esta análise, foram atendidos 76 pacientes. Sessenta pacientes apresentavam o impresso de atendimento completamente preenchido e foram analisados. Destes, 79% apresentavam doenças oncológicas, e 56% encontravam-se na ocasião do acionamento da EMCP-HSL em quartos, 32% em semi-intensiva e 10% em UTI. A equipe foi acionada pelos seguintes motivos (em alguns casos, mais de um motivo): - 37 Sintomas não controlados - 30 Prognóstico estimado menor que 6 meses 8 Conflitos envolvendo paciente, familiares e/ou equipes - 5 Câncer estadio IV - 2 Admissão na UTI após 10 dias de internação - 1 Paciente acamado crônico com mais de 2 disfunções orgânicas agudas Os limites a respeito de tratamentos invasivos ou dolorosos estavam estabelecidos em 33 pacientes (55%), sendo 23 não intubar, 21 não UTI, 28 não RCP e 8 definidos como candidatos a todas as manobras de reanimação. 26 (43%) pacientes apresentavam estes limites documentados em prontuário no momento do acionamento da equipe. Durante o atendimento, a EMCP-HSL buscou o consenso inicialmente entre as equipes de assistência. Eram discutidos, com ênfase no ponto de vista biológico, quais seriam os benefícios esperados e suas chances estimadas de se concretizarem. Ao mesmo tempo em que esta discussão era conduzida, a EMCP avaliava com o paciente e sua família, quais as expectativas e o quê estes consideravam como benefício e objetivo do melhor tratamento: qualidade versus quantidade de vida, levantando e avaliando as preferências e valores do paciente e família. Uma vez obtido o consenso entre médicos, pacientes e familiares, a decisão sobre um eventual limite de tratamentos invasivos era documentada em prontuário. Dos 76 pacientes, 49 faleceram. O óbito ocorreu 56% das vezes nos quartos, 20% na semi-intensiva, 20% na UTI e 4% fora do HSL. A família estava presente em 78% dos falecimentos. Conclusão: O atendimento de uma Equipe de Cuidados Paliativos em hospital privado é factível e pode auxiliar equipes médicas, pacientes e familiares a estabelecerem um consenso sobre o melhor objetivo do tratamento, levando-se em consideração a qualidade de vida. Atendimentos desta natureza podem representar um diferencial de humanização e qualidade de atendimento para pacientes e familiares. Centro Universitário Adventista de São Paulo Autores: Mariana Cristina de Araújo Devai; Ivone Corsi Instituição: Centro Universitário Adventista de São Paulo Introdução: Umas das realidades pelas quais as enfermeiras se deparam é que, apesar de nossos melhores esforços, alguns pacientes morrerão. Embora não possamos alterar esse fato, podemos ter um efeito significativo e duradouro sobre a maneira pela qual o paciente vive até morrer e a maneira pela qual a morte acontece (SMELTZER; BARE, 2005). A dor é considerada um dos Diagnósticos de Enfermagem. Podem, o Auxiliar e Técnico de enfermagem, descrever sinais e sintomas do www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 50 paciente pelo Diagnóstico de Enfermagem, que é uma competência legal do Enfermeiro (NANDA, 2010). A falta de uma abordagem sistematizada da enfermagem no controle da dor predispõe a lacunas na assistência, quer na fase de identificação da dor, na implantação da terapia analgésica, como na avaliação da analgesia obtida (FRASCARI; NASCIMENTO; SERIACO, 2008). Material e métodos: Este trabalho foi elaborado sob perspectiva exploratória descritiva, com pesquisa de campo por meio de um estudo de abordagem qualitativa. O estudo foi realizado em uma Unidade de Cuidados Paliativos de um hospital geral de porte extra, localizado no município de São Paulo. A população amostra foi composta a princípio por 10 funcionários da unidade (enfermeiros, técnicos e auxiliares). Mas após a feitura de um pré-teste, houve uma resolução metodológica de acrescentar mais 02. Foram realizadas entrevista por meio de um roteiro para cada funcionário com questões dissertativas abertas. Foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em 02 vias onde uma ficou com o pesquisador principal e outra com o sujeito da pesquisa. Após a coleta de dados, foi realizada uma análise de abordagem qualitativa dos mesmos, sob o ponto de vista da Análise do Discurso cujo pesquisador e o ambiente são as ferramentas principais para tal. Devido à pequena população/amostra, as informações de caracterização foram totalmente omitidas no momento da análise dos dados, sendo mantido o sigilo absoluto. Resultados: O manejo e as condutas com a própria dor, vão influenciar na assistência à mesma do paciente, otimizando ou não a terapia, podendo ser evidenciado pelos discursos dos funcionários. Foi notado em relação à conduta que a rotina do serviço propõe na assistência à dor, que todos os funcionários norteiam, concordam, “protocolam” suas ações ao tomarem as mesmas condutas, o que faz com que o serviço seja organizado de forma que todos tenham uma assistência uniforme o que certamente beneficia o paciente otimizando seu tratamento. Na assistência ao paciente com Dor em Cuidados Paliativos, foi evidenciado, que os funcionários não identificaram todo o significado de dor que a idealidade-literatura propõe, todos os fatores relacionados e nem todas as características definidoras na detecção do diagnóstico de enfermagem de dor. À luz da idealidadeteórica, o modo como o funcionário lida com sua própria dor interferirá em grande magnitude na assistência à mesma no paciente. Conclusão: Observou-se no que tange a esta pesquisa, a importância de novas capacitações de educação continuada no tocante ao que necessita ser acrescentado ao serviço de assistência ao paciente com dor em Cuidados Paliativos. Em qualquer situação: a dor é a que o paciente refere e descreve. Jamais deve ser confundida com o que o cuidador ou profissional de saúde imagina que sente (MACIEL, 2004). Não é fácil e nem simples lidar de forma paliativa, mas, necessário para que o profissional/enfermeiro contribua no sentido de fazer com que os últimos dias desses pacientes sejam os melhores. Condutas fonoaudiológicas alimentares estabelecidas para idosos institucionalizados Autores: Paula Pelegrini; Débora Cristina Cardoso Santos; Silvia Carneiro Bitar; Maria Teresa Aparecida Silva Odierna; Miriam Ikeda Ribeiro Instituição: Residencial Israelita Albert Einstein Introdução: A alimentação, além da função biológica, também apresenta um caráter social, religioso e de simbolismo cultural muito importante na nossa sociedade. Por isso, a preocupação com a perda da capacidade de alimentar-se, vem crescendo nos últimos anos por ser uma www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 51 característica que, com frequência, acompanha o processo de morte (Carvalho RT; Taquemori LY, 2008). Sendo assim, as condutas alimentares estabelecidas pelo fonoaudiólogo devem percorrer um processo individualizado e deve ser visto como parte de todo um planejamento de cuidados visando maximizar o conforto durante o processo de morte, respeitando os desejos do paciente e familiar, da forma mais tranquila, segura e consensual (Taquemori L Y, 2008). O objetivo do presente estudo é descrever as condutas fonoaudiológicas alimentares estabelecidas para idosos institucionalizados em Cuidados Paliativos. Material_e_métodos: Pesquisa descritiva, retrospectiva, com abordagem quantitativa. Foi realizado o levantamento dos registros do setor de fonoaudiologia dos idosos em Cuidados Paliativos no período de outubro de 2006 até junho de 2009. Dos 33 idosos em Cuidados Paliativos, 18 (54%) apresentavam indicação da via alternativa e destes, 15 (83%) permaneceram com via oral para alimentação após a discussão e decisão com médico e familiares dos pacientes. A amostra foi composta por 15 indivíduos com idade média de 89 anos, 80% do sexo feminino e 20% do masculino; 87% com diagnóstico de demência e dependentes para alimentação. Os registros coletados foram referentes às condutas fonoaudiológicas alimentares adotadas com o grupo estudado: grau de auxílio, posicionamento, utensílio alimentar, adaptação da consistência alimentar, adaptação das manobras de deglutição e uso de espessante nos líquidos. Resultados: Foi observado que 93% dos idosos necessitaram de auxílio total durante as refeições, 60% apresentaram necessidade de posicionamento, 27% de adaptação ao utensílio alimentar, 100% dos idosos necessitaram de adaptação da consistência alimentar, 67% de adaptação das manobras de deglutição e 80% necessitaram do uso de espessante nos líquidos. Conclusão: Os idosos em Cuidados Paliativos que permaneceram com a via oral respeitando a decisão da família e da equipe se beneficiaram da atuação fonoaudiológica durante a alimentação. A chave de um bom atendimento consiste na capacidade de cada profissional reconhecer o limite de sua atuação em Cuidados Paliativos melhorando a qualidade dos cuidados básicos, em especial da alimentação, no processo de finitude de cada idoso institucionalizado. Constipação intestinal nos pacientes com câncer avançado em Cuidados Paliativos com uso de opióides Autores: Karine Pereira; Monica de Oliveira Benarroz; Carlos Henrique Debenedito Silva; Ana Paula Freitas Quintanilha Cardoso Instituição: Instituto Nacional de Câncer Introdução: O câncer é uma doença crônica relacionada ao processo de envelhecimento e ao estilo de vida da população. Na maioria dos casos é diagnosticada no estádio avançado sendo necessária uma abordagem terapêutica que não vise a cura, mas a qualidade de vida e o controle dos sintomas, como proposto nos Cuidados Paliativos. A constipação é um dos sintomas gastrintestinais mais freqüentes no câncer avançado, podendo atingir 90% dos pacientes em uso regular de opióide, causando transtornos físicos e psicológicos. Este trabalho tem como objetivo verificar a prevalência da constipação nos pa cientes com câncer avançado em Cuidados Paliativos em uso regular de opóide, no momento da admissão na internação hospitalar. Material e métodos: Estudo transversal e retrospectivo que avaliou 233 prontuários de pacientes na Unidade de Cuidados Paliativos (HCIV) do Instituto Nacional de Câncer, no período de março a www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 52 maio de 2010. Os critérios de inclusão foram: uso regular de opióide, dieta regular via oral ou enteral e Karnofsky Performance Status (KPS) maior ou igual a 30%. Os critérios de exclusão foram: presença de fístula reto-vaginal, fístula anal, suboclusão e obstrução intestinal, e os pacientes reinternados no período da pesquisa. As variáveis utilizadas foram o uso de laxantes, idade e sexo. Resultados: Dos 233 prontuários 58,4% (n=136) eram de pacientes femininas e 41,6% (n=97) de pacientes masculinos. Verificou-se uma prevalência de constipação em 50,6% (n=118) no s pacientes internados no período do estudo, dos quais 57,1% (n=133) tinham algum tipo de laxante na prescrição médica. Dos 118 pacientes, 60,2% (n=71) eram do sexo feminino e 39,8% (n=47) do sexo masculino; 48,3% (n=57) tinham idade entre 20 e 59 anos e 51,7% (n=61) idade maior que 60 anos; 56,4% (n=75) usavam laxante e 36,4% (n=43) tiveram orientação nutricional. Conclusão: A constipação induzida por uso regular de opióide independe de sexo e faixa etária, apesar de nossos resultados apontarem um número maior de mulheres constipadas, fato que pode ser justificado pela amostra ser composta principalmente por esse grupo. O tratamento deve ser individual e precoce, com prescrição sistemática de laxante, dieta laxativa e hidratação adequada. O cuidado nutricional é imprescindível para auxiliar no tratamento de um sintoma tão prevalente no paciente com câncer avançado, amenizando seu sofrimento e proporcionando-lhe bem-estar e qualidade de vida. Construindo junto com a família e o seu familiar em fase final de câncer um ambiente terapêutico Autores: Beatriz Santana de Souza Lima; Dannyelly Dayane Alves da Silva; Eduardo Araujo Pinto; Emilly Souza Marques; Maria Cristina Soares Figueiredo Trezza. Instituição: Universidade Federal de Alagoas Introdução: Nos dias atuais, apesar de todo avanço da ciência em relação aos procedimentos realizados para o tratamento das doenças terminais, o câncer ainda é uma patologia que se reveste de estigmas, estando quase sempre associada a uma sentença de morte (1). Assim, a morte, apesar de inevitável em algum momento da vida do ser humano, não é uma questão simples de ser discutida, uma vez que, em nossa cultura, muitas vezes é representada pelo pavor e pela não aceitação, tanto para os pacientes oncológicos, quanto para aqueles que não têm a doença. E é neste cenário de diversidade com relação à morte que se encontram os profissionais de enfermagem, tomando para si a responsabilidade de salvar, curar ou aliviar, ou ainda contribuir na construção de um ambiente domiciliar tornando-o o mais favorável possível, tanto do ponto da estrutura física, bem como as construções de relações interpessoais entre os familiares. A família é muito afetada quando um de seus membros fica doente, é praticamente impossível assistir o indivíduo (doente ou sadio) de forma completa quando não se considera pelo menos no seu contexto mais próximo, que é a família a qual ele pertence. Quando consideramos a família também devemos considerar o ambiente em que essa pessoa vive, entendendo que torna-se necessário a viabilização de ambientes favoráveis à saúde, e que esta se realiza na confluência de múltiplos fatores, atores e interesses. É neste contexto que a enfermagem, a partir de seu conhecimento cientifico junto com o ardil da razão, atua de forma direta, contribuindo com seu conhecimento e sua prática para tornar o ambiente terapêutico. A partir de atos sutis como abrir a janela para um melhor arejamento, uma melhor iluminação, virar os pacientes, mudar as camas de lugar e prezar sempre por uma boa higiene são imprescindíveis para a construção de um ambiente agradável e acolhedor, favorecendo a um processo de morte o mais humanizado possível. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 53 Material e métodos: Trata-se de um relato de experiência, que surgiu a partir das visitas domiciliares realizada no ano de 2007 por acadêmicas de enfermagem do 5º período da Universidade Federal de Alagoas, participantes do Projeto Cuid(a)ção, um projeto de extensão no qual as acadêmicas capacitam a família a cuidar de seu familiar em fase final de câncer no domicilio. Este é um projeto no qual cada acadêmica adota uma família/paciente encaminhada pelo Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) Prof. Ulpio Miranda do Hospital Universitário Prof. Alberto Antunes da cidade de Maceió/AL. A primeira visita é sempre feita com a supervisão da professora orientadora, há uma apresentação da equipe que acompanhará à família do projeto e o que iremos fazer a partir dali juntos. São realizadas entrevistas, observações, capacitações e orientações a cerca do cuidado, das medicações, do ambiente em que vive o doente, entreoutras. Resultados: Durante as visitas foi observado que as orientações dadas eram seguidas pelas famílias, pois estas ajudavam no cuidado de seu familiar e com isso havia uma melhora na qualidade de vida deste familiar. Além disso, o contado com as acadêmicas traz segurança à família para realização do cuidado no domicilio e maior aceitação da situação de saúde de seu familiar. Conclusão: A literatura mostra que a existência de ambientes terapêuticos auxilia o processo saúdedoença. A experiência vivenciada mostra que a criação desses ambientes também auxilia o processo de morte e morrer. Cuidado espiritual da criança sob Cuidados Paliativos: relato de experiência Autores: Eleny Vassão de Paula Aitken; Rosana Chami Gentil; Priscila Mauruci Casareggio; Denis P. Cavalcante; Giselda Tardim. Instituição: Associação de Capelania Evangélica Hospitalar Introdução: Espiritualidade e assistência espiritual são temas que ganharam especial importância na atenção aos pacientes sob Cuidados Paliativos. Pesquisas têm demonstrado que a assistência espiritual é de extrema importância no processo de enfrentamento e aceitação da morte. A atenção aos aspectos espirituais em Cuidados Paliativos tem tanta relevância que alguns autores ousam colocá-la como maior indicador de boa assistência ao paciente no final da vida. Em meio ao sofrimento, é preciso dar à criança um lugar de continência e de escuta à dor total, diante da inevitabilidade da morte. A criança busca a verdade não só sobre a vida, mas também sobre a morte. Ela pode expressar curiosidade e sofrimento por meio de perguntas ou através de jogos, brincadeiras, histórias e desenhos.Para os pais, que sempre cultivam sonhos para os pequenos, a morte de um filho é quase uma mutilação. Sentimentos de culpa, impotência, fracasso, raiva e punição cercam-nos diariamente. A despeito do empenho que os profissionais da saúde têm em aliviar o sofrimento usando toda sua habilidade profissional, poucos destes estão capacitados para oferecer o atendimento espiritual. Visando oferecer um atendimento sócio-educativo, emocional e espiritual p ara as crianças com câncer, AIDS, transplantes e também aquelas em Cuidados Paliativos, foi criado o Projeto “Mãos e Coração”. Graças à parceria da ABCEH – Associação Beneficente de Capelania Evangélica Hospitalar - com uma Instituição evangélica de educação e com diversas igrejas, é oferecida assistência integral à este grupo, tanto no contexto hospitalar, domiciliar como também na Casa do Aconchego. Os capelães realizam este atendimento integral priorizando a assistência espiritual e religiosa, levando esperança, fortalecendo a fé e acolhendo este público até o fim, abraçando-os também no funeral. Este trabalho tem o objetivo de apresentar a www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 54 importância do atendimento espiritual e também sócio-educativo a uma criança sob Cuidados Paliativos e a seus pais. Material e métodos: Trata-se de um relato de experiência, vivenciado na Casa do Aconchego e em um hospital público, no atendimento integral à criança e aos seus familiares. Resultados: Chegando da Bolívia em busca de quase um milagre para a criança em estado terminal, havia deixado em casa a esposa e o seu bebê de pouco mais de um ano. Este bebê fora gerado com a intenção de ser o doador de células-tronco para seu irmão de 9 anos, enfermo. Por causa de graves distorções teológicas, culpa e revolta martirizavam o pai. Começamos por dar-lhe ouvidos, chorar com ele e aconselhá-lo, enquanto atendíamos diariamente a criança que fora hospitalizada. Histórias bíblicas ilustradas, fantoches, música, refeições completas, faziam parte do cuidado espiritual ao menino e ao seu pai, enquanto lidávamos com a necessidade mais profunda de seu coração: a certeza de saber para onde iria após a morte. Depois de algum tempo de investimento, ambos ganharam a certeza de um reencontro na eternidade, o que lhes trouxe paz. Diante do agravamento do estado da criança, mãe e bebê também passaram a ser acolhidos na Casa. Esse contato durou oito meses, quando a criança veio a falecer. Participamos do velório e, levamos o conforto na cerimônia fúnebre. Conclusão: O embasamento teórico-prático sobre a assistência espiritual, associado a uma postura de acolhimento, permitiu levar à criança e aos seus pais esperança e segurança, para enfrentarem, com qualidade, paz e sentido de vida, seu processo de enfermidade até a morte. Cuidado humanizado à família e à criança em Cuidados Paliativos: a percepção dos enfermeiros Autores: Maira Deguer Misko; Maiara Rodrigues dos Santos; Regina Szylit Bousso Instituição: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Introdução: O enfrentamento do câncer fora de possibilidades terapêuticas de cura impõe constantes sentimentos de sofrimento e modificações na vida das crianças e de suas famílias. Nesse sentido, o cuidado envolve um processo amplo e complexo que engloba na prática as dimensões biopsicológica, espiritual e sociocultural dos sujeitos em interação. Por isso, o cuidado exige uma abordagem holística e é necessário compreender a subjetividade que o envolve. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi desvelar os elementos do cuidado humanizado prestados pelos enfermeiros da oncologia pediátrica à família e a criança com câncer em Cuidados Paliativos. Material e métodos: Caracterizou-se por uma pesquisa exploratório-descritiva, tendo como referencial teórico os pressupostos da Teoria do Cuidado Transpessoal de Jean Watson. Participaram 9 enfermeiros de uma unidade de oncologia pediátrica de um hospital público da cidade de São Paulo. Utilizou-se a análise de conteúdo como instrumento para formar as categorias a partir dos discursos dos profissionais. Resultados: A análise dos dados aponta o fenômeno "Desvelando o cuidado humanizado dispensado à família e a criança com câncer em Cuidados Paliativos". Os elementos teóricos emergiram das descrições de situações apresentadas pelos enfermeiros e foram organizados a partir dos dez fatores estruturais do cuidado, segundo Watson: formação de um sistema de valores humanístico-altruístico, tratando o outro e a profissão com amor. Estruturação de fé e esperança, www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 55 mostrando-se presente e encorajando a fé. O cultivo da sensibilidade de nosso próprio eu e dos outros, tendo sensibilidade aos sentimentos dos outros e quanto aos momentos adequados para intervir. O desenvolvimento de um relacionamento de ajuda e confiança, estabelecendo um ambiente de sinceridade, empatia e valorização da comunicação interpessoal. Promoção e aceitação das expressões de sentimentos positivos e negativos, respeitando as manifestações de angústia e valorizando as de alegria. Uso sistemático do método criativo de resolução de problemas, interagindo com a criança dentro do seu universo através de ferramentas lúdicas. Promoção de ensino-aprendizado interpessoal, dando todas as informações necessárias e promovendo momentos de discussão com a equipe. Provisão de um ambiente de apoio integral, criando um ambiente protetor. Assistência e satisfação de necessidades humanas, olhando para o ser cuidado com um todo. E no último fator, permissão para o desenvolvimento de forças fenomenológico-existenciais, apesar da valorização pelos enfermeiros d e aspectos relativos a fé, os significados que dão a experiência de doença e morte na dimensão espiritual foi pouco explorado. Conclusão: Os dados permitiram reflexões acerca das possibilidades da construção de um processo humanístico interpessoal no ambiente de cuidado em situações de final de vida, no contexto da oncologia pediátrica e também de avanços e limitações quanto a aplicabilidade deste referencial na prática da enfermagem. Cuidados de enfermagem a pacientes em Cuidados Paliativos no NACE Autora: Erica Shiguetaka Instituição: Recanto São Camilo Introdução: O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo “Octavio Frias de Oliveira”, em parceria com o Recanto São Camilo, projetou o NACE (Núcleo Avançado de Cuidados Especiais) para pacientes portadores de doenças neoplásicas em fase avançada, progressiva e incurável com o intuito destes pacientes serem assistidos por uma equipe especializada em cuidados palia tivos. O serviço teve início em 2 de setembro de 2009 e possui 40 leitos com serviço especializado em Cuidados Paliativos a pacientes oncológicos, contando com os serviços de uma equipe multiprofissional. A equipe de enfermagem é responsável por todos os procedimentos necessários para o bem estar do paciente que está sendo assistido de forma humanizada desde sua admissão até o momento da passagem. O foco central da equipe de enfermagem não é a cura da doença do indivíduo, mas sim prestar uma assistência de qualidade durante o processo em que o paciente se encontra, reconhecendo que cada pessoa é única para si e seus familiares. Material e métodos: São prestados cuidados de enfermagem 24 horas aos pacientes sendo realizados: histórico, avaliação, diagnóstico e prescrição de enfermagem; assistência total na unidade de internação, administração de medicamentos, oxigenoterapia, avaliação e atuação no controle de sintomas, analgesia sempre que necessário e de horário já prescrito; avaliação / manutenção de integridade da pele e mucosas; prevenção e tratamento de úlceras por pressão; tratamento de feridas neoplásicas; manejo de ostomias (seguindo plano de cuidados individuais), controle de náuseas e vômitos; distúrbios do sono; fadiga; cuidados de higiene, alimentação, manipulação de bombas de in fusão; avaliação e punção de acesso hipodermóclise; suporte emocional ao paciente e seus familiares, apoio no luto. Resultados: No período de 9 meses do serviço NACE foram atendidos 255 pacientes que ficaram internados em média 47 dias, onde 103 pacientes eram do sexo feminino e 152 pacientes do sexo www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 56 masculino; destes, 89 apresentavam UPPs de grau I, II, III e IV e 17 apresentavam lesões tumorais ou tumores exteriorizados. tendo como principais regiões afetadas cabeça, pescoço, região anal e vaginal. Conclusão: A presença da equipe de enfermagem nos Cuidados Paliativos é de extrema importância para garantir uma assistência qualificada e individualizada ao alcance dos objetivos propostos pelo NACE para assegurar o acompanhamento físico e emocional do paciente; proporcionando conforto, dignidade e qualidade de vida. Cuidados Paliativos como disciplina no curso de enfermagem da Universidade Federal do Estado do Rio Autores: Flávia Firmino Instituição: UNIRIO Introdução: Ainda não há em nosso meio a padronização de um currículo de graduação em enfermagem que leve a uma prática docente mais homogênea no que diz respeito a modos de se ensinar e conteúdos a se abordar. No projeto pedagógico que se desenvolve na Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UNIRIO o Departamento de Enfermagem Funda mental tem a oportunidade de, sob a denominação "Temas Emergentes" oferecer conteúdo que retrate temática diversificada com carga horária de 30h. Durante dois semestre no ano 2007 Cuidados Paliativos foi tema da referida disciplina, que é classificada como disciplina optativa. O trabalho a ser apresentado tem por objetivo demonstrar o conteúdo programático, as técnicas pedagógicas adotadas e a o resultado das avaliações feitas pelo alunado. Material e métodos: Elaboração do programa de ensino que focou Cuidados Paliativos como disciplina optativa no curso de graduação em enfermagem. A disciplina recebeu o nome de: Fundamentos dos Cuidados Paliativos aplicados à Enfermagem. O método escolhido foi o construtivista, onde a partir da interação com o alunado os temas são elencados e as práticas pedagógicas estabelecidas. As aulas foram ministradas pelo método de exposição interativa, debate em sala de aula, presença de profissionais convidados, mediando debates e/ou apresentando aula expositiva interativa. Resultados: Dentre os 40 alunos concluintes da disciplina, 27 elaboraram a avaliação. Da análise textual foram depreendidas as seguintes categorias empíricas: dinâmica apropriada; contribuição com o crescimento acadêmico do aluno; aquisição de uma “nova visão do cuidado”; conteúdos interessantes e bem discutidos; domínio do conteúdo pelo professor e presença de convidados como objetos de motivação dos alunos; sugestão para que a disciplina se torne obrigatória; importância dos Cuidados Paliativos como especialidade e valorização do suporte espiritual na assistência paliativa.Os alunos foram convidados a redigirem de forma livre a avaliação da disciplina. Da análise textual foram depreendidas as seguintes categorias empíricas descritas em ordem decrescente: dinâmica apropriada; contribuição com o crescimento acadêmico do aluno; aquisição de uma “nova visão do cuidado”; conteúdos interessantes e bem discutidos; domínio do conteúdo pelo professor e presença de convidados como objetos de motivação dos alunos; sugestão para que a disciplina se torne obrigatória; importância dos Cuidados Paliativos como especialidade e valorização do suporte espiritual na assistência paliativa. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 57 Conclusão: Verificou-se que o programa e a metodologia traçados foram adequados para a administração do conteúdo e agradou ao alunado. A dinâmica das discussões, o preparo do docente e a inserção de profissionais convidados foram eventos que motivaram o aprendizado. Surpreendeu a docente pesquisadora o fato dos alunos entenderem na disciplina uma nova visão dos cuidados, e a sugestão de que ela passasse ser obrigatória no currículo da graduação. Os alunos entenderam os Cuidados Paliativos como uma “especialidade” no corpo de conhecimento dos enfermeiros. Estes dados reforçam de maneira objetiva a necessidade da inserção dos Cuidados Paliativos no currículo de graduação da enfermagem e dá embasamento para discussão de que a carga horária seja a partir de 30h. Cuidados Paliativos em oncologia: respeito aos princípios da vida Autores: Landila Silene Pacheco; Leandro Martins Instituição: Faculdades Integradas Padre Albino Introdução: Morrem por ano 5 a 6 milhões de pessoas com câncer, a projeção para 2020 é de 20 milhões de novos casos da doença, assim como crescem as doenças crônico-degenerativas causando dor, sofrimento e morte. O significado e a dimensão dos Cuidados Paliativos ou hospice ainda são pouco conhecidos, e consistem, segundo a OMS, na abordagem que promove qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, através de prevenção e alívio do sofrimento. Requer identificação precoce, avaliação e tratamento efetivo da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. Pauta-se nos princípios éticos: da veracidade, proporcionalidade terapêutica, duplo efeito, prevenção, não-abandono e tratamento da dor. Material e métodos: Este estudo teve como objetivo geral realizar uma revisão integrativa da literatura nacional sobre Cuidados Paliativos em oncologia no período de 2000 a 2009, e os objetivos específicos foram: identificar os atributos e apresentar os conceitos relacionados aos Cuidados Paliativos e apresentar a síntese dos resultados obtidos na revisão integrativa sobre Cuidados Paliativos segundo os pressupostos de Ganong (1987). Descritores: oncologia, enfermagem, Cuidados Paliativos. Resultados: Amostra: 75 publicações, sendo 73 artigos (97,3%) e duas teses (2,6%), das quais, 25 artigos e duas teses indexadas no LILACS (36%), 12 (16%) SCIELO, 1 (1,3%) MEDLINE. Estudos não indexados, 30 (40%) Revista Prática Hospitalar e, 5 (6,6%) obtidos por busca manual em outras fontes. Prevaleceram pesquisas desenvolvidas em 2003, 18 (24%), 2005, 13 (17,3%), 2006, 17 (22,6%) e 2007, 10 (13,3%) e os atributos: qualidade de vida, dignidade, autonomia, direitos humanos; dor/controle, sedação, terapias alternativas, equipe interdisciplinar, comunicação; apoio à família, cuidado domiciliar, relação equipe/paciente/família, humanização; morte, finitude, terminalidade, distanásia, eutanásia, processo decisório; aspectos emocional/espiritual/religioso; luto/enlutamento; formação profissional. Conclusão: Programas de Cuidados Paliativos abrem novas discussões sobre ética e cuidados ao final da vida, entre diversos valores e credos religiosos. O trabalho é interdisciplinar, a enfermagem e, especialmente o enfermeiro, tem enorme potencial para otimizar o cuidado. É necessário incluir os Cuidados Paliativos nos sistemas de saúde, em esfera mundial, no ensino e na pesquisa e acrescentar à definição da OMS três elementos fundamentais: compaixão, humildade e honestidade em contexto e visão multidisciplinares. A questão educacional é imperativa, pois faltam ainda compromisso do governo, educação e provisão de remédios. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 58 Cuidados Paliativos oncológicos: respeito e atenção aos últimos desejos manifestos por uma paciente Autores: Vanessa Pereira da Silva Weizenmann; Fernanda de Souza Lopes; Carmen Andrea Afonso Instituição: Sociedade Beneficente São Camilo e Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Introdução: O presente estudo visa relatar o caso de uma paciente acompanhada pela equipe de Cuidados Paliativos do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e do Núcleo Avançado de Cuidados Especiais (NACE). Esta unidade, localizada no município de Cotia, é fruto de uma parceria firmada entre o ICESP e o Recanto São Camilo. O NACE configura-se como uma unidade de extensão dos cuidados aos pacientes fora de possibilidades de tratamento oncológico ativo. A equipe interdisciplinar trabalha para melhorar a qualidade de vida dos pacientes em situação de morte iminente. Cuida também de seus familiares, com respeito e valorização da dignidade. Os atendimentos humanizados visam atender às necessidades físicas, emocionais, espirituais e sociais dos pacientes. Estas últimas se referem, entre outros aspectos, à organização de questões de ordem prática e pessoal, bem como em atender aos últimos desejos manifestos pelos pacientes. Material e métodos: Trata-se da Sra. I. F. S, 64 anos, com quadro de hepatocarcinoma. Durante os atendimentos realizados pela equipe interdisciplinar, paciente declarou ser auxiliar de enfermagem aposentada, solteira, sem filhos. Natural de Curitiba, entretanto há 30 anos residente em São Paulo, a paciente definiu-se Cristã, sem religião específica. Residia sozinha em casa alugada. Referia ciência e aceitação do prognóstico da doença. Por conta de escassa rede social e familiar, as ações da equipe voltaram-se à transferência da paciente ao NACE e, sobretudo, ao suporte na organização de questões de ordens práticas e pessoais. Além disso, em um dos atendimentos realizados pela equipe de Serviço Social a paciente manifestou o desejo de que, após sua morte, o seu corpo fosse doado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, como forma de gratidão ao tratamento oferecido pelo Hospital das Clínicas. Após essas declarações, os esforços da equipe direcionaram-se em tentar atender as necessidades mencionadas pela paciente. A casa alugada foi devolvida aos donos, foram efetuados os cortes de fornecimento de água, luz e telefone, seus móveis foram doados para instituições indicadas pela paciente. Em um dos passeios no jardim do NACE, a paciente referiu que possuía duas calopsitas, entretanto, devido às limitações adquiridas com o avanço da doença, os pássaros foram doados a um casal de criadores. Com base nessas informações, a equipe do Serviço Social promoveu o encontro entre a paciente e suas queridas calopsitas. Em 20/12/2009 a paciente faleceu no NACE. Com a intenção de atender seu desejo, a equipe do Serviço Social iniciou o processo de doação do corpo. Entrou em contato com a Faculdade de Medicina da USP, entretanto, devido ao recesso das festas de fim de ano, não foi possível proceder a doação do corpo. Sendo assim, no dia 23/12/2009 a paciente foi sepultada no cemitério municipal de Cotia. Resultados: Esse caso promoveu o interesse da equipe em elaborar um protocolo de doação de corpos para embasamento das futuras demandas dessa natureza. Conclusão: As ações da equipe interdisciplinar, por meio de um atendimento humanizado, objetivaram atender os desejos manifestos pela paciente, preservando assim sua autonomia, apesar das limitações decorrentes do avanço da doença. Muito embora não tenha sido possível www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 59 operacionalizar a doação do corpo da paciente, a equipe tornou possível a realização de um sepultamento digno, à altura do ser humano abnegado que se mostrou a paciente durante todo o nosso convívio. Cuidados Paliativos: compreensão de profissionais de medicina que atuam no contexto hospitalar Autores: Cecília Danielle Bezzerra Oliveira; Monica Ferreira de Vasconcelos; Maria Eliane Moreira Freire Instituição: Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Introdução: Com o desenvolvimento tecnológico e das ciências da saúde, tem se verificado uma maior prevalência de pessoas morrendo por doenças crônicas ou progressivas, em que no estágio terminal da vida, os cuidados deixam de ser curativos e passam a paliativos, constituindo um modelo de atenção à saúde denominado Cuidados Paliativos (CP). Sabendo-se que a filosofia de Cuidados Paliativos é recente no país e desconhecida por uma gama de profissionais, o presente estudo teve como objetivo investigar a compreensão de profissionais de medicina que atuam no contexto hospitalar acerca dos Cuidados Paliativos, na perspectiva da bioética. Material e métodos: Trata-se de uma pesquisa exploratória, qualitativa, desenvolvida em um hospital público de João Pessoa (PB), no período de junho a julho de 2010, após autorização do Comitê de Ética em Pesquisa e da direção da instituição selecionada para o estudo. Participaram do estudo sete médicos. A coleta de dados ocorreu durante o mês de junho utilizando-se um questionário; os dados foram analisados qualitativamente mediante a técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin. Do material empírico, obteve-se 05 categorias temáticas. Resultados: A primeira categoria – significado de Cuidados Paliativos - os participantes ressaltaram que Cuidados Paliativos envolvem ações que promovem aumento do conforto, manutenção do bem estar, com conseqüente melhor qualidade de vida a estes pacientes, o que está consonante com a literatura que conceitua CP como uma abordagem que promove qualidade de vida de pacientes com impossibilidade de cura, como também qualquer medida que proporcione o bem-estar e o conforto do doente. Na segunda categoria temática - requisitos para execução de Cuidados Paliativos, os participantes enfatizaram o conhecimento, a capacitação dos profissionais em Cuidados Paliativos e principalmente a humanização; conforme a literatura pesquisada a educação é uma das melhores formas de propiciar base e criar a cultura e capacitação necessárias para a difusão de Cuidados Paliativos, bem como valoriza a humanização no resgate da dignidade do indivíduo durante o processo de finitude da vida. Na terceira categoria temática - situações que requerem Cuidados Paliativos - conforme os relatos dos médicos inseridos no estudo, destaca-se todos os pacientes em tratamento; o que tem coerência parcial com o conceito de CP, onde todos os doentes sem possibilidades terapêuticas se enquadram na categoria submetida a este tipo de cuidado, bem como os pacientes em tratamento. De acordo com a filosofia dos CP, todo paciente pode receber este atendimento. Na quarta categoria temática - limites e possibilidades para execução de Cuidados Paliativos, os participantes apontaram como limitações a qualificação dos profissionais envolvidos na assistência e recursos materiais disponíveis. A literatura destaca que a prática dos CP deve ser adaptada a cada país ou região de acordo com disponibilidade de recursos materiais e humanos, tipo de planejamento em saúde existente, aspectos culturais e sociais da população atendida. No tocante as possibilidades, os médicos, em consonância com a literatura, www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 60 apontaram para a prática da educação permanente acerca de CP, o que realmente é uma estratégia fundamental para que a as aç ões em saúde venham a ser executadas de forma crítica, reflexiva, compromissada e tecnicamente competente. A quinta categoria temática, direcionamento de ações éticas, os depoimentos dos médicos inseridos na pesquisa chamam atenção que na execução dos Cuidados Paliativos se faz necessário o respeito à autonomia do paciente, a promoção da beneficência, privacidade, dignidade, entre outros. Tais princípios envolvem os ensinamentos da ética e bioética, ilustrados incansavelmente na literatura pertinente e nos códigos de ética dos profissionais de saúde. Conclusão: Ante o exposto, o estudo ressalta que os médicos participantes demonstraram um conhecimento superficial no que concerne aos CP. Por outro lado, destaca pontos relevantes como a necessidade de capacitação de profissionais de saúde para CP, bem como a promoção de ações de educação em saúde para Cuidados Paliativos. Cuidados Paliativos: produção científica em periódicos online no âmbito da enfermagem Autores: Cecília Danielle Bezerra Oliveira; Monica Ferreira de Vasconcelos; Maria Eliane Moreira Freire; Solange Fátima Geraldo da Costa Instituição: Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Introdução: Cuidados Paliativos constituem um campo interdisciplinar de cuidados ativos e integrais, caracterizados por uma abordagem multiprofissional direcionada aos pacientes com doenças crônico-degenerativas em estado inicial até a fase terminal da doença e sua família com o objetivo de minimizar os sintomas clínicos, os quais afligem o homem em sua terminalidade. Nesse sentido, o estudo busca caracterizar a produção científica em periódicos online no âmbito da enfermagem brasileira acerca de Cuidados Paliativos, no período de 2003 a 2010, considerando o período da publicação, a modalidade de delineamento de estudo e os enfoques sobre a temática. Material e métodos: A pesquisa de natureza documental configurou a opção metodológica selecionada para a realização deste estudo. Constituíram fonte de dados as publicações acerca de Cuidados Paliativos, disponibilizadas em periódicos online da área da saúde, no período de 2003 a 2010, por meio de busca eletrônica no site da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), na base de dados Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde - LILACS, Scientific Eletronic Library Online - SciELO, Sistema de Informação da Biblioteca da Organização Mundial da Saúde WHOLIS e Acervo da Biblioteca da Organização Pan-americana da Saúde - PAHO. O universo do estudo foi constituído por oitocentos e vinte e três artigos, dos quais trinta e três publicações encontravam-se disponíveis em texto completo e em idioma nacional e nove compuseram a amostra. Os dados foram analisados mediante a técnica de análise de conteúdo temática, seguindo as etapas de pré-análise, da classificação e da categorização, com respectivas sub-categorias, análise e interpretação. Resultados: O estudo revelou que a produção científica acerca de Cuidados Paliativos no âmbito da enfermagem, no período considerado, teve o ano de 2007 com o maior número de publicações; a modalidade de publicação que predominou foi a de pesquisa original, com três artigos; quanto aos enfoques sobre o tema, o conteúdo das produções científicas foi agrupado em uma categoria Cuidados Paliativos e Enfermagem - e em cinco subcategorias: gênese, ética/bioética, cuidar, trabalho de enfermagem e fenomenologia. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 61 Conclusão: O estudo mostrou que ainda há insuficiência de publicações em torno dessa temática no campo da Enfermagem. Este fato aponta para a necessidade de desenvolvimento de mais estudos que objetivem oferecer visibilidade ao cuidado paliativo como proposta terapêutica que visa à humanização no processo de morrer, visto que esta modalidade de cuidar apresenta perspectivas promissoras no atendimento aos pacientes-alvo, caso seja implantado nos serviços de saúde. O estudo sugere que os profissionais da Saúde, em especial os enfermeiros sejam preparados, desde a sua formação profissional, para atuar nessa modalidade de cuidar, apoiados na ética e na abordagem humanizada, no processo de trabalho de enfermagem. Cuidados Paliativos: um estudo com alunos do 7º semestre do curso de graduação em enfermagem Autores: Juliana Tibério Corrêa; Clezaneide Gordiano Cunha; Silvia Helena Morgan do Prado; Solange Alves de Lima Francisquine Instituição: Centro Universitário de Santo André Introdução: Devido à dificuldade encontrada pelo grupo durante o período de estágio e mesmo no dia a dia profissional, surgiu o seguinte questionamento: Os alunos de graduação em Enfermagem, que estão próximos de se formarem, têm conhecimento sobre Cuidados Paliativos e estão preparados para prestarem assistência à pacientes sem possibilidades de cura? Para que a implantação de Cuidados Paliativos seja efetiva é de importância extrema que o enfermeiro esteja envolvido, já que as ações desenvolvidas por ele estão ligadas na manutenção do paciente em risco de morte, buscando a sensibilização para a necessidade, principalmente aos hábitos de vida, costumes, religião e o envolvimento da família. A literatura tem demonstrado a dificuldade que o profissional de enfermagem encontra em lidar com o paciente sem prognóstico de cura, seu sofrimento diante da terminalidade, o afastamento da equipe diante desse paciente fazendo com que ele e seus familiares sintam-se ainda mais abandonados. Esperamos que os resultados obtidos possam oferecer subsídios na formação dos acadêmicos, ampliar as discussões sobre a temática desenvolvendo o interesse, disseminando essa idéia e principalmente, reflita diretamente no nosso discernimento sobre o cuidar enquanto profissional de enfermagem. Material e métodos: Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa com revisão bibliográfica, descritivo-exploratória de campo, tipo transversal. A população que pesquisamos foram os alunos do curso de graduação em enfermagem do 7º semestre. De 180 alunos cursando o 7º semestre, tivemos como amostragem 73 sujeitos. O estudo foi desenvolvido em uma instituição de ensino privado no município de Santo André, que tem o curso de graduação de enfermagem. A pesquisa foi realizada por meio de instrumento de coleta de dados com questões abertas e fechadas (constituído de 9 questões), este foi aplicado aos alunos do 7º semestre do curso de graduação em enfermagem dos períodos diurno e noturno. A coleta desenvolveu-se no mês de setembro de 2009. Resultados: Segundo resultados da pesquisa dos 73 entrevistados, 52 responderam que durante a graduação tiveram alguma disciplina que abordasse sobre Cuidados Paliativos, porém, alguns alunos não souberam definir o que são Cuidados Paliativos e outros não diferenciaram Cuidados Paliativos com procedimentos básicos. Quando questionados se estão preparados para prestar assistência a um paciente sem possibilidades de cura, 59 alunos responderam que sim, mas constatamos que os alunos tiveram dificuldade em responder como agem frente ao paciente sem possibilidades de cura através de suas respostas simples, com palavras que limitam muito, tais como: “... naturalidade, maior prioridade, segurança, maior atenção, tratá-los com respeito, www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 62 proporcionar conforto”. O que se espera é que quando um aluno que está próximo de se formar diz estar preparado para prestar assistência a um paciente sem possibilidades de cura ele saiba quais são as intervenções, quais são as necessidades e o que é importante para o paciente e para esta família. Conclusão: É fundamental que o profissional enfermeiro juntamente com a equipe multidisciplinar consiga avaliar e identificar as condições físicas e emocionais, agregando cuidados específicos para esse paciente. Portanto, identificamos através da nossa pesquisa a necessidade de uma disciplina específica voltada para Cuidados Paliativos durante a graduação em enfermagem. Dados epidemiológicos dos pacientes com diagnóstico de câncer de pulmão em Cuidados Paliativos Autores: Isabel Cristina de Oliveira Arrieira; Mateus de Souza Valadão; Julieta Carriconde Fripp, Maria Cristina Soares; Ticiane dos Santos Beher Instituição: Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas Introdução: O Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar – PIDI Oncológico implantado há cinco anos no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas já realizou cerca de 380 internações em ambiente domiciliar, todos os pacientes internados possuem diagnóstico de câncer. O Programa visa atender pacientes com intercorrências relacionadas ao tratamento de quimioterapia e radioterapia no principio de Cuidados Paliativos. Os profissionais que fazem parte da equipe direta são compostos por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, motorista; a equipe matricial conta com assistente social, nutricionista, psicóloga, administrador e capelão hospitalar. O principal resultado deste Programa é mais conforto e humanização, além de aumentar ativamente o número de leitos disponíveis no sistema de saúde público em face da desospitalização. Este estudo tem como objetivo realizar o levantamento do número de pacientes internados no PIDI Oncológico com diagnóstico de câncer de pulmão em Cuidados Paliativos. Material e métodos: Foi realizado busca nos prontuários sobre a prevalência de pacientes internados no Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar com diagnóstico de Câncer de Pulmão no período de abril de 2005 a abril de 2010. Resultados: Das internações realizadas no PIDI, num total de 353 pacientes no referido período, 19% apresentaram câncer de pulmão, sendo que destes, 72% do sexo masculino e 28% do sexo feminino. Com relação aos óbitos, 63% evoluíram para óbito no domicílio e 37% receberam alta. De acordo com a faixa etária dos pacientes 13% tinham até 49 anos, 28% de 50 a 59 anos, 34% de 60 a 69 anos, 19% de 70 a 79 anos e 06% 80 anos ou mais. A renda dos internados, 22% eram sem renda, 32% um salário mínimo, 31% dois salários mínimo, 06% três salários mínimo e 09% quatro salários mínimos. Conclusão: A maioria dos pacientes estava em estagio avançado da doença e evoluindo para o óbito no próprio domicilio, fato que demonstra a importância dos Cuidados Paliativos visando a qualidade de vida ao paciente e sua família. O espaço domiciliar apresenta uma assistência humanizada por excelência e em muitos casos previne internações hospitalares desnecessárias, inclusive com redução nos custos assistenciais ao paciente oncológico. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 63 Decisão Compartilhada final de vida: retirada da sonda nasogástrica em obstrução intestinal maligna Autores: Ana Paula Abranches F. Peixoto Instituição: Hospital Alberto Cavalcanti Introdução: A terminalidade vem sendo alvo de grandes discussões por seus dilemas éticos e pela consolidação crescente dos princípios dos Cuidados Paliativos incluindo a decisão compartilhada entre médico e paciente/família. A autonomia é um princípio ético que tende a ser cada vez mais requisitado na prática clínica em todos os níveis de atenção à saúde, em especial nas situações de terminalidade. Material e métodos: Revisão do prontuário. Paciente avaliado na enfermaria do hospital e em domicílio em um período de tempo de 18 dias. Resultados: J.F.S, 70 anos, natural de BH, aposentado. Admitido no hospital em 25/03/10 com dor abdominal (EVA 10), vômitos frequentes e ausência de eliminação de flatus e fezes há mais de 15 dias. Submetido à laparotomia de urgência por abdome agudo obstrutivo. Verificado volumosa massa abdominal em cólon transverso e implantes abdominais. Não foi possível realização de gastrostomia descompressiva. Colocado sonda nasogástrica para alívio da estase gástrica e controle de vômitos. No 13º DPO, paciente solicita retirada da sonda pelo desconforto e alta hospitalar. A alta foi realizada no dia seguinte com visita domiciliar agendada por uma equipe de atenção domiciliar municipal. Optado junto com o paciente a retirada da sonda e otimizado o controle farmacológico dos vômitos e dor com morfina 18mg/dia, haloperidol 10mg/dia e escopolamina 120 mg/dia em hipodermóclise, em bólus após treinamento de cuidador principal. Paciente apresentou um bom controle de sintomas durante o período de acompanhamento domiciliar (dor EVA 0 e vômitos 1 episódio/dia). Dieta via oral em pequeno volume para prazer oral. O óbito aconteceu no 3º dia de acompanhamento domiciliar. Conclusão: Paciente portador de neoplasia de cólon avançado complicado com obstrução intestinal maligna sendo realizada decisão compartilhada de alta hospitalar para domicílio e retirada de sonda nasogástrica conforme solicitação do paciente, garantindo razoável controle de sintomas no domicílio e atestado de óbito domiciliar. Em situações de Cuidados Paliativos, deve-se garantir o princípio da autonomia do paciente em decidir sobre local do óbito e suspensão de procedimentos desconfortáveis. Déficits cognitivos em pacientes submetido à quimioterapia: como avaliar? Autores: Sara Mota Borges Bottino; Célia Petrossi Galo; Bernardo Viana; Mariângela Correia Instituição: Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP Introdução: A disfunção cognitiva em pacientes submetidos à quimioterapia situa-se entre 15-70% e tem um impacto significativo na qualidade de vida de sobreviventes com câncer. Os déficits cognitivos incluem dificuldades de memória, atenção, velocidade do processamento da informação e organização (disfunção executiva). Esses déficits não podem ser atribuídos apenas ao estresse, fadiga e depressão, mas a disfunção preferencial de redes de substância branca frontal e subcortical www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 64 e anormalidades metabólicas, além de comorbidades médicas. Objetivos: Apresentar e discutir a investigação e o diagnóstico diferencial de queixas de memória de pacientes submetido à quimioterapia. Material e métodos: Relato de caso e discussão de achados relevantes da literatura. Resultados: Id: Sr. F, sexo masculino, 66 anos, viúvo, 2 filhos, taxista, escolaridade de 4 anos. QP: Dificuldades de memória há 9 meses. HPMA: Desde o início da quimioterapia, com dificuldades de memória e „esquecimentos‟ freqüentes. Perde objetos pessoais, tem dificuldades com dinheiro e para ir ao banco. Após a cirurgia piora progressiva dos déficits de memória (sem relato de intercorrência cirúrgica) e com dificuldades para aceitar a colostomia, período em que ficou triste e desanimado. Ultimamente esquece os trajetos ou faz diferente do solicitado, sofreu um acidente automobilístico há 3 meses após entrar na contramão e passar no farol vermelho. AP: Sem doenças clínica e/ou psiquiátricas prévias. Histórico oncológico: Adenocarcinoma de reto (T3N1M0) em setembro de 2008. Submetido a quimioterapia neoadjuvante (2 ciclos de 5-Fluoracil e Leucovorin (cinco dias consecutivos) e radioterapia concomitante, além de retosigmoidectomia (agosto de 2009). Término da quimioterapia adjuvante com 3 ciclos de FLOX modificado (oxaliplatina e Leucovorin) há 6 meses. Mini-Mental (MEEM): 25/30. BADL (Escala Internacional de Atividades Diárias): 4,5 Exame Psíquico: Vigil, orientado temporo-espacialmente, discurso organizado, sem alteração da senso-percepção. Atenção preservada, humor levemente deprimido, afeto ressonante. Exames laboratoriais para rastreio de síndrome demencial sem alterações. TC crânio (outubro/2009): leve proeminência difusa de sulcos corticais, fissuras encefálicas e cisternas basais, bem como dos ventrículos laterais e terceiro ventrículo; hipodensidades tênues da substância branca cerebral periventricular. RM (junho de 2010): Redução volumétrica difusa. Lesões de substância branca periventriculares. Conclusão: Os sintomas ansiosos e depressivos que acompanham as reações de ajustamento em pacientes com câncer podem trazer dificuldades para o diagnóstico da disfunção cognitiva. O uso de testes neuropsicológicos, nesse caso, revelaram uma redução da eficiência do aprendizado e da memória de retenção, e a escala para avaliação das atividades de vida diária mostrou um comprometimento significativo que indicam a presença de uma síndrome demencial. Os exames laboratoriais estavam normais, porém os exames de imagem evidenciaram mudanças estruturais no sistema nervoso central, que não são compatíveis com a idade do paciente e não são decorrentes de outras comorbidades clínicas. As queixas de memória ocorrem em um número significativo de pacientes tratados com quimioterapia e um protocolo de investigação deve ser adotado para o diagnóstico adequado desses casos. O uso de anticolinesterásicos tem sido sugerido por estudos recentes no tratamento dos déficits cognitivos apresentado por esses pacientes. Demonstrando o amor a todo minuto: a experiência da família da criança em Cuidados Paliativos Autores: Maira Deguer Misko; Lucía Silva; Mairara Rodrigues dos Santos; Regina Szylit Bousso Instituição: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) Introdução: No enfoque dos Cuidados Paliativos, a família constitui-se parte importante da trama, por ser a responsável pelo cuidado direto à criança em seu domicílio. As necessidades de crianças com condições que ameaçam a vida e suas famílias são únicas e a carga do cuidado associada à progressão da doença infantil tem profundo efeito em todas as dimensões da vida familiar, afetando as esferas emocional, psicológica, física e financeira. Como resultado, toda estrutura e organização www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 65 familiar tornam-se alteradas, além de proporcionar grande influência em seu bem-estar. Desta forma, esta pesquisa teve como objetivo compreender a experiência da família da criança em Cuidados Paliativos ambulatoriais. Material e métodos: Estudo de abordagem qualitativa. Os dados foram organizados e analisados tendo como referencial metodológico a Pesquisa de Narrativa e o Interacionismo Simbólico como referencial teórico. Foram entrevistadas seis famílias de crianças em Cuidados Paliativos que estavam em acompanhamento ambulatorial. Resultados: A análise dos dados possibilitou desvendar o significado presente na experiência da família com um filho em Cuidados Paliativos ambulatoriais. Foi possível identificar como componente desta experiência o seguinte fenômeno: “DEMONSTRANDO O AMOR A TODO MINUTO”, que mostra o movimento da família, para resguardar o grupo familiar face à situação ameaçadora e instável de ter um filho em Cuidados Paliativos. A família valoriza a manutenção das rotinas familiares e os momentos que permanecem convivendo em família com menos invasões ou rupturas no convívio familiar. A condição da criança é uma preocupação diária para a família e está relacionada a ausência ou manejo de sintomas, estabilidade e progressão da doença. Os pais relatam a necessidade de desenvolver habilidades para manejar esta nova situação em suas vidas. Na maior parte dos casos, o objetivo do manejo é preservar a qualidade de vida da criança, o máximo possível, sem sofrimento físico. Acreditam que para isto precisam ser capazes de manejar os sintomas em casa e contam com o apoio da equipe de saúde. Para garantir uma melhor qualidade de vida para o filho, eles são proativos no planejamento de atividades que garantam o cuidado em casa. As interações vivenciadas com a equipe são identificadas como recursos para a promoção de uma melhor qualidade de vida, tanto para a criança, como para si mesmos. A família entende a gravidade da criança, mas mantém a esperança numa recuperação. Os membros familiares percebem-se apoiados uns pelos outros e reconhecem que a criança pode vir a morrer a qualquer momento. Ainda assim, a família conversa sobre as dificuldades que surgem no cuidado do filho, mas não sobre a morte. Conclusão: A situação de ter um filho em Cuidados Paliativos ambulatoriais é definida pela família como um desafio diário. A família busca manter o controle sobre suas vidas através do apoio mútuo entre seus membros e apoiando-se na tarefa de assumir a responsabilidade pelo cuidado do filho. Conhecer os significados que a família dá à experiência e à qualidade de vida permitiu fortalecer conceitos básicos utilizados em diferentes teorias, no trabalho com família em situações de perda e luto. Depressão e ansiedade em pacientes em Cuidados Paliativos durante internação domiciliar Autores: Isabel Cristina de Oliveira Arrieira; Julieta Carriconde Fripp; Taís Leivas; Nina Paixão; Cristiane Beresdorf Instituição: Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas Introdução: Cuidado paliativo é uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida de pacientes portadores de enfermidades sem perspectiva de cura e que ameaçam a continuidade da sua vida, considerando todas as dimensões do ser humano. Este cuidado nos remete a um olhar atento ao individuo e nos permite um cuidado integral, abrangendo todas as necessidades vitais do paciente, sejam elas físicas, emocionais, sociais e espirituais. A saúde mental de indivíduos que www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 66 vivenciam este processo de adoecimento tende a sofrer com o impacto do diagnóstico-tratamentoprognóstico. Desenvolvendo transtornos de ansiedades e depressão devido ao surgimento de fatores estressantes como sintomas físicos desagradáveis, a permanência da dor, perda da autonomia, vida afetiva, social e ocupacional comprometida, levando assim a um declínio da qualidade de vida, desencadeando sofrimento psíquico e doenças mentais de intensidade leve, moderada e intensa. Material e métodos: No presente estudo foi realizada uma analise de 100 prontuários de forma sequencial de pacientes internados no Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar Oncológico do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. Os resultados obtidos foram encontrados na Escala de Edmonton, anexada aos prontuários dos pacientes em internação domiciliar. Resultados: Da amostra utilizada 46% dos pacientes referiam depressão leve, 28% apontaram depressão moderada e depressão intensa foi pontuada em 26%. Para ansiedade leve foi encontrado 41%, já para ansiedade moderada verificou-se 32% e 27% dos pacientes pontuaram ansiedade intensa. A escala é utilizada para detecção da problemática, para nortear o plano de ação do tratamento dos pacientes e para verificação da remissão ou diminuição da sintomatologia apresentada anteriormente. Desta maneira são acionados os demais profissionais da equipe interdisciplinar sempre que se verifica a necessidade de intervenção terapêutica. Diante da constatação de sintomas ansiosos e/ou depressivos o psicólogo realiza avaliação psicológica com a aplicação demais instrumentos específicos para avaliar tais sintomas, como a Escala de Ansiedade e Depressão (HAD), utilizada recentemente no programa de internação domiciliar. A escala é aplicada nos pacientes visando melhor compreensão dos sintomas presentes, bem como complemento para avaliação psicológica, pois ela aponta a permanência e intensidade dos sintomas ansiosos e depressivos em indivíduos em processo de adoecimento. Conclusão: Considerando o conceito de cuidado paliativo, onde ocorre uma promoção da qualidade de vida do paciente no seu âmbito mais amplo e completo, a equipe interdisciplinar atua de forma ativa, visando suprir todas as necessidades desencadeadoras de sofrimento. Descrição da população atendida no NACE (Hospice-ICESP) Autores: Tiago Pugliese Branco; Maria Peres Soares D´Alessandro; Eduardo Guilherme D´Alessandro; Elisa Miranda Aires; Toshio Chiba; Fernanda de Souza Lopes Instituição: Instituto do Câncer do Estado de são Paulo (ICESP) Introdução: O Núcleo Avançado de Cuidados Especiais (NACE) do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) é fruto de uma parceria entre o ICESP, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e o Recanto São Camilo. Está localizado no município de Cotia e foi inaugurado em 02 de setembro de 2009. Criado dentro da filosofia de hospice, o NACE oferece assistência ativa a pacientes cuja doença neoplásica não responde mais ao tratamento específico, sendo o foco do tratamento a garantia da melhor qualidade de vida, tanto para o paciente como para seus respectivos familiares. Este é um estudo observacional com o intuito de descrever a população atendida no NACE. Material e métodos: O trabalho avalia o perfil dos 213 pacientes encaminhados ao NACE entre setembro de 2009 e maio de 2010. Os critérios de encaminhamento são: Presença de doença neoplásica em fase avançada, progressiva e incurável; Falta de possibilidades razoáveis de resposta www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 67 ao tratamento especifico; Presença de sintomas de difícil controle; Impossibilidade de cuidados em domicílio; vulnerabilidade social. Resultados: Entre setembro/2009 e maio/2010 o NACE recebeu 213 pacientes, sendo 81 mulheres (38%) e 132 homens (62%). A idade dos pacientes recebidos variou entre 21 e 88 anos e 65% destes tinham mais de 60 anos. Estes dados seguem a tendência nacional de maior coeficiente de mortalidade por neoplasia no sexo masculino e nas faixas etárias acima de 60 anos. O tempo de permanência dos pacientes variou entre 1 e 206 dias, sendo que 72% dos pacientes permaneceu no NACE por até 20 dias. Segundo o Ministério da Saúde, a freqüência de óbitos no Brasil em 2004 por neoplasia foi: pulmão 12,4%, estômago 8,6%, mama 7,0%, próstata 6,8%. Estes dados diferem dos encontrados na casuística do estudo: 20% cabeça e pescoço, 14% pulmão, 10% esôfagogástrico e 10% cólon e reto. Esta diferença se dá pois a amostra do NACE possui pacientes selecionados de acordo coma presença de sintomas intensos e impossibilidade de cuidados em domicilio. Ao analisarmos os tipos de tumores mais prevalentes na população atendida no NACE, verificamos que a dificuldade de cuidado em domicílio é o denominador comum a todas elas: Pacientes com tumores de cabeça e pescoço apresentam lesões estigmatizantes e de difícil cuidado. Além de muitas vezes serem traqueostomizados, gastrostomizados ou utilizarem sondas nasoenterais. Pacientes com neoplasias pulmonares freqüentemente são dependentes de oxigênio e apresentam dispnéia como um dos seus principais sintomas, o que também dificulta o seu manejo. Pacientes com neoplasias do trato gastrointestinal muitas vezes apresentam estomias (gastrostomias, colostomias, entra outras). Já os pacientes com tumores primários de sistema nervoso central cursam com déficits neurológicos e rebaixamento de nível de consciência, o que leva a um alto grau de dependência. Conclusão: O trabalho avaliou os primeiros 9 meses de funcionamento do NACE. Neste período, tivemos um número crescente de pacientes encaminhados (total de 213). Encontrou-se um número superior de encaminhamentos masculinos (62%) do que femininos (38%) e uma maior população de idosos (65% acima de 60 anos), o que segue a tendência nacional de mortalidade por neoplasia. Os principais sítios de tumores primários dos pacientes encaminhados foram cabeça e pescoço, pulmão, trato gastrointestinal e sistema nervoso central, o que parece estar relacionado com a dificuldade de cuidados em domicílio destas patologias em fase avançada. Desenvolvimento de equipe para o enfrentamento do sofrimento em pacientes oncológicos paliativos Autores: Toshio Chiba; Walmir Cedotti; Fabiana Tomie Becker de Carvalho Chino; Daniela Vivas dos Santos Instituição: Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) Introdução: Preocupados com a amplitude do sofrimento e angústia dos profissionais de saúde, bem como a relação psicodinâmica entre o trabalho,subjetividade e relacionamento, iniciamos um percurso que integrou as diferentes dimensões do individuo – pensar, sentir e agir - consideradas sistemicamente. Foram investigados e trabalhados os recursos internos - espirituais, cognitivos, culturais e psicossociais - das componentes da equipe de paliativos e suas relações com os campos emocional/afetivo, mental/intelectual, físico e espiritual frente ao sofrimento e dor no contato com pacientes e familiares, e também sobre o morrer. O tema morte é um mito, aonde segundo as diferentes crenças a esse respeito pode despertar interesse, negação, reações de medo, angústia, finitude, sofrimento, libertação, evolução, desenvolvimento, desejo, entre outras. Na visão secular, www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 68 ou seja, existencial ou materialista, a morte é algo terrível, pois representa a terminalidade e a finitude do ser. Na visão transcendente e espiritual trabalhada nos encontros por meio de diferentes canais de expressão, a morte está associada à evolução, libertação e transformação do eu individual e finito, para um eu eterno, sendo relacionada com menor sofrimento por meio dos entendimentos mais amplo deste processo. Material e métodos: Foram em média 24 encontros de 60 minutos semanais com as profissionais da assistência, onde pudemos constatar em diferentes momentos, grande disposição em entender e superar estados de tristeza, angústia e abatimento destas mesmas profissionais, quanto ao convívio diário com os cuidados oferecidos aos pacientes em alto grau de sofrimento e mesmo em processo de morte. Resultados: O afeto e o carinho dispensados aos pacientes e familiares, bem como as experiências anteriores vividas pelas integrantes do grupo no que se refere aos princípios de espiritualidade, religiosidade e voluntariado parecem aliviar o peso do sofrimento que sentiam ao acompanhar o processo de morte de seus pacientes, sugerindo que alguns colaboradoras da equipe de enfermagem encontram um sentido maior para a vida, o adoecer, a dor e a terminalidade quando carregam e praticam princípios voltados a transcendência. Desta forma, com base na intensidade do desgate emocional, psíquico e físico que o cuidar do paciente em paliativos exige, avançamos nas temáticas sobre qualidade de vida, relacionamentos, educação, como forma de investigar quais recursos capacitam estes profissionais a lidar com os desdobramentos provocados pela doença e como a espiritualidade e a religiosidade os ajuda. Conclusão: Deste modo, entendemos que as reuniões semanais realizadas no período de 6 meses que incluíram diálogo e vivencias com a equipe, (sempre com o apoio da diretoria de assistência e diretoria clinica, bem como com a presença da coordenadora) contribuíram para proporcionar maior estabilidade emocional, compreensão da imprevisibilidade da realidade, da importância dos tempos de reflexão, do valor do silêncio e do vazio , do convívio mais profundo com as colegas de trabalho, como uma experiência transcendente que pode, em muito, contribuir para expandir recursos internos – visões, valores, qualidades, princípios - e desenvolver estratégias positivas tanto pessoais como profissionais para desfrutar melhor cada momentos de ida, para produzir diariamente com mais atenção e acolhimento ao pacientes e sobre tudo para vivenciar a morte daqueles que sofrem com a experiência do câncer. Dietoterapia no tratamento de fístula enterocutânea em Cuidados Paliativos oncológicos Autores: Ana Paula Freitas Quintanilha Cardoso; Monica de Oliveira Benarroz; Carlos Henrique Debenedito Silva; Karine Pereira Instituição: Instituto Nacional do Câncer (INCA) Introdução: Fístulas são comunicações anormais entre duas superfícies epitelizadas e o seu surgimento representa uma séria complicação. As fístulas enterocutâneas podem ocorrer em pacientes submetidos a cirurgias de ressecção tumoral, porém outras causas não relacionadas à cirurgia são observadas em menos de 10% dessas fístulas. Representam um problema complexo e de difícil solução, sobretudo nos casos de câncer avançado em Cuidados Paliativos, cuja proposta de tratamento foca o controle dos sintomas e a qualidade de vida, respeitando a autonomia do paciente e da família quando esgotada a possibilidade de alguma outra terapia. Apesar dos recentes www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 69 avanços no suporte nutricional destinados aos pacientes gravemente enfermos, muitos profissionais temem liberar a dieta via oral e/ou enteral. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso, com abordagem qualitativa, da dietoterapia em um paciente em Cuidados Paliativos oncológicos portador de fístula enterocutânea em um hospital de referência nacional. Material e métodos: Paciente VAS, sexo masculino, 58 anos, branco, casado, internado em centro especializado em Cuidados Paliativos em fase pós-operatória de gastrectomia total por câncer gástrico avançado. O quadro clínico da internação apresentava: caquexia, astenia, hiporexia, fístula enterocutânea de alto débito e jejunostomia em sifonagem. Dieta suspensa. As visitas clínicas do nutricionista foram realizadas com o objetivo de viabilizar e adequar a dieta. Inicialmente, foi prescrita dieta enteral oligomérica via jejunostomia, com volume de 100 mL, fracionada em 02 refeições/dia. Posteriormente a dieta foi evoluída para polimérica, fracionada em cinco refeições/dia com volume de 150 ml conforme tolerância do paciente. Apesar dessa via alimentar ser a mais adequada para esse quadro clínico, não foi possível mantê-la por causa de obstrução intestinal com saída de secreção fecalóide pela jejunostomia. Nas visitas do Nutricionista o paciente reiteradamente insistia na via oral. Em atendimento às solicitações e expectativas do paciente, e após as restrições alimentares serem esclarecidas e “negociadas”, optou-se por dieta para satisfação oral, pobre em resíduo, com volume de 50 ml, conforme aceitação. A presença dos familiares em tempo integral contribuiu para maior aceitação das condutas propostas. Resultados: Em Cuidados Paliativos, quando o tratamento convencional e técnico não é efetivo recorre-se ao bom senso em atender às expectativas do paciente, primando pela qualidade de vida e considerando os princípios da beneficência e não maleficência. Para isso é fundamental desenvolver uma relação de confiança entre o profissional e o paciente. Nesse caso, o nutricionista, capacitado com os argumentos técnicos pôde esclarecer e tranquilizar o paciente e sua família quanto às limitações da dietoterapia, respeitando às necessidades emocionais do paciente em manter-se alimentado, apesar de não haver nenhuma perspectiva de melhora. Conclusão: Em Cuidados Paliativos, é freqüente o paciente apresentar hiporexia e desinteresse pelos alimentos. Por isso é importante que o nutricionista seja diligente na anamnese clínica, direcionando a orientação nutricional, a fim, quando possível, de atender às necessidades nutricionais e limitações inerentes à doença, proporcionado satisfação e conforto ao paciente. Neste caso relatamos a possibilidade de respeitar a vontade do indivíduo como forma essencial da beneficência da dietoterapia na condução clínica de um paciente em Cuidados Paliativos oncológicos. Dor oncológica crônica: mitos sobre a utilização de opióides Autores: Alexandre Casonatto; Kátia Cristine Carvalho Instituição: Universidade Norte do Paraná (Unopar) Introdução: A dor é uma das mais frequentes razões de incapacidade e sofrimento para pacientes com cânce r em progressão. Aproximadamente 80% dos pacientes experimentarão esse sintoma em algum momento da doença (BRASIL, 2001). Em resposta às dificuldades no manejo da dor oncológica, no ano de 1986 a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu alguns princípios específicos para esse tipo de tratamento, dentre os quais a utilização de opióides em larga escala (MACIEL, 2004). No entanto, é condição imprescindível que os profissionais de saúde saibam como controlar a dor de neoplasia avançada, que reajam contra mitos e conceitos, principalmente www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 70 sobre as drogas disponíveis, e que se mantenham atualizados. O objetivo do presente estudo foi identificar, através da literatura, concepções inadequadas dos profissionais da saúde na utilização de opióides em pacientes com dor oncológica crônica. Material e métodos: Foi realizado um levantamento bibliográfico na base de dados SciELO em abril de 2010. Para a presente revisão, foram admitidos estudos originais realizados em território nacional, e publicados entre os anos de 1998 a 2008. Para a busca de artigos, utilizou-se o cruzamento de forma isolada e combinada das seguintes palavras chaves: Dimorf, dor oncológica e morfina. Estudos de caso não foram aceitos na presente revisão. Resultados: Das concepções inadequadas dos profissionais da saúde, em relação ao uso de opióides no tratamento de dor oncológica crônica, o medo da dependência física e psicológica foi descrito em 50% dos artigos utilizados para essa coleta. Oliveira (2008) sugere que a utilização da morfina não causa dependência em pacientes com dor oncológica. Além disso, conceitos relacionados aos efeitos colaterais dessas drogas apareceram como causa significante de insegurança, destacando-se a depressão respiratória como sintoma mais temido. No entanto, este sintoma ocorre raramente em pacientes com câncer, devido à atuação da dor como antagonista fisiológico dos efeitos depressivos dos opióides no sistema nervoso central (LEÃO, 2004). Adicionalmente, uma pesquisa realizada com 1.107 prontuários de pacientes internados no Hospital das Clínicas de Porto Alegre apontou somente 6,5% de prescrições consideradas adequadas quanto ao manejo de dor com analgésicos opióides (DAUDT et. al., 1998). Conclusão: Estudos sugerem que podem existir concepções inadequadas dos profissionais da saúde na utilização de opióides em pacientes com dores neoplásicas. Como apresentado nesse trabalho, tais conceitos refletem diretamente no ato de prescrever essas drogas, proporcionando indicações impróprias de terapêutica analgésica desses pacientes. É possível realizar Cuidados Paliativos de final de vida longe do hospital?: relato de experiência Autores: Daniela Bonfietti Rodrigues; Carla Gonçalves Dias; Carlota Vitória Blassioli; Eliana Maria Monteiro Caran Instituição: Instituto de Oncologia Pediátrica; Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (IOP/GRAAC/UNIFESP) Introdução: O cuidado paliativo visa promover a qualidade de vida e resgatar a dignidade da criança e família durante todas as fases da doença, incluindo a terminalidade, sendo que este cuidado pode ser oferecido em hospitais, redes básicas de saúde e no domicílio. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi relatar a experiência da equipe interdisciplinar do Ambulatório de Cuidados Paliativos do Instituto de Oncologia Pediátrica (IOP-GRAACC) em oferecer cuidado paliativo de final de vida, em domicílio e à distância, a um menino de 12 anos com leucemia linfóide aguda. Material e métodos: Estudo descritivo de relato de experiência. Resultados: As ações e intervenções da equipe interdisciplinar incluíram: orientação sobre os medicamentos em uso; diálogo sobre o medo da família em vivenciar o período de final de vida e o contato telefônico com as redes de suporte do município para o qual a criança retornou. Foi www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 71 estabelecido vínculo com a equipe de saúde do hospital do município, que foi o suporte quando a criança precisou de intervenções invasivas para o alívio da dor intensa e do sangramento apresentados devido à progressão da doença. Foi oferecido suporte medicamentoso, inclusive com envio de opióides para uso endovenoso ao hospital do município, quando este não tinha disponíveis medicamentos para o alívio da dor. O contato telefônico com os familiares foi realizado de maneira sistematizada, conforme combinado previamente, com o acompanhamento dos sintomas apresentados, o uso continuado e o acréscimo de novos medicamentos, a utilização da rede básica de saúde e do hospital, os medos e o enfrentamento desta fase da doença que foram paulatinamente sendo vivenciados pela criança e família. A inclusão da família e da criança nas decisões de final de vida, principalmente na escolha do local onde gostaria de ser cuidado na terminalidade, e o vínculo estabelecido com a família e com a rede de suporte do município de origem da criança, foi fundamental para proporcionar a manutenção da qualidade de vida. As dificuldades encontradas no acesso aos medicamentos, pode nos alertar para a importância de discussões de projetos para a organização da rede de saúde Na atuação em Cuidados Paliativos, principalmente em regiões onde não existem centros de referência nesta área. Conclusão: A equipe interdisciplinar do Ambulatório de Cuidados Paliativos conseguiu realizar o cuidado de final da vida, em domicílio e à distância, mantendo sua qualidade e dignidade. Esta experiência foi fundamental para a discussão e elaboração de um projeto de atendimento domiciliar, que possibilitem e respaldem a decisão de crianças e famílias de permanecerem em suas casas. Elaboração de documento sobre diretrizes avançadas em ambulatório de Cuidados Paliativos geriátricos Autores: Tiago Pugliese Branco; Bruna Algrandi; Renata Diniz; Marcelo Altona; Luis Saporetti; Wilson Jacob Filho Instituto: Serviço de Geriatria (HC-FMUSP) Introdução: A comunicação adequada entre equipe de saúde e pacientes/familiares é um dos critérios de qualidade de um serviço de Cuidados Paliativos (CP). Dentre os tópicos a serem discutidos, destaca-se o planejamento de diretrizes avançadas, que procura esclarecer os anseios individuais em relação aos cuidados de fim de vida, bem como as preferências terapêuticas no momento em que se dá a perda de capacidade na tomada de decisões, incluindo adoção ou não de medidas de suporte avançado. É sabido que modelos de planejamento de cuidados avançados melhoram desfechos no trato de pacientes em fim de vida, além de reduzir estresse, ansiedade e depressão de familiares após o falecimento. Em nosso meio, foram recentemente introduzidos no Código de Ética Médica artigos que versam acerca de alocação adequada de recursos diagnósticos e terapêuticos visando CP apropriados em pacientes em fim de vida. Os pacientes atendidos pelo ambulatório de CP – Serviço de Geriatria do HC/FMUSP – recebem abordagem sistematizada referente ao planejamento de cuidados, sendo confeccionada carta ao fim da discussão com dados contendo diagnóstico, prognóstico e desejos relacionados aos cuidados de fim de vida. Em literatura, são descritas diferentes formas de se escrever o planejamento de cuidados avançados. Pode se optar por maneiras genéricas de descrição, como “priorização de conforto”, a outras específicas, como recusa a procedimentos de intubação orotraqueal etc. O objetivo do presente estudo é avaliar de forma qualitativa as cartas de planejamento de cuidados avançados confeccionadas durante o atendimento de pacientes no ambulatório de CP. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 72 Material e métodos: Estudo de avaliação qualitativa de cartas com descrição de diretrizes avançadas dos pacientes atendidos no Ambulatório de CP Geriátrico do serviço de Geriatria do HCFMUSP de janeiro de 2009 a junho de 2010. Resultados: Foram escritas 14 cartas com descrição de diretrizes avançadas no período. Todas descreviam se tratar de pacientes acompanhados pelo serviço de CP, o diagnóstico que indicava tal acompanhamento e a ciência dos mesmos (ou de seus familiares) acerca de diagnóstico e prognóstico. Doze (85,7%) indicavam e a proposta de alívio de sintomas e conforto. Três (21,4%) cartas continham o nome do familiar responsável, 1 (7,1%) apontava não indicação de medidas invasivas, 2 (14,2%) apontavam não indicação de medidas de sustentação artificial de vida, 3 (21,4%) especificavam determinado procedimento preterido no caso (hemodiálise, em 2 casos; quimioterapia, em 1 caso). Seis (42,8%) pacientes não apresentavam autonomia preservada por serem portadores de demência avançada. Conclusão: A dificuldade na abordagem do tema fica nítida quando se constata que as cartas analisadas neste estudo carecem de discriminar especificamente procedimentos a serem adotados nos cuidados de fim de vida dos pacientes, dizendo de forma genérica que devem receber medidas de alívio de sintomas e conforto. A adequada discussão sobre diretrizes avançadas é um dos grandes desafios durante o atendimento de paciente com doença ameaçadora de vida, tendo em vista a fragilidade psíquica na qual se apresentam seus valores pessoais e crenças religiosas. Contudo, este tema é determinante para sucesso no desfecho dos cuidados quando se estabelece como meta principal a priorização de conforto. Garante-se, assim, que a equipe de saúde que vá oferecer cuidados de fim de vida ao paciente saiba as metas de seu cuidado. Encontro de pais enlutados: relato de experiência Autores: Dileiny Antunes Geronutti; Érica Boldrini; Roberta Zeppini Menezes da Silva; Gisele Eiras Martins; Anna Helena Junqueira; Priscila Mara Flausino Silva; Debora Rebollo Instituição: Hospital do Câncer de Barretos Introdução: Mesmo com os avanços alcançados pela oncologia pediátrica há ainda uma parcela de pacientes que não consegue obter a cura. A perda de um filho é um acontecimento trágico para os pais. Pais enlutados precisam ser amparados e acolhidos em sua dor, para que possam encontrar outros sentidos que lhes permitam sobreviver à perda e prosseguirem suas vidas. Material e métodos: Frente a essa realidade organizamos o primeiro encontro de pais enlutados, com o intuito de acolher e oferecer a oportunidade de compartilhar aprendizados resultantes da morte de um filho. Resultados: O primeiro passo foi o convite às famílias que perderam seus filhos, durante o tratamento oncológico, no período de Janeiro de 2008 à Abril de 2010. O contato foi realizado por profissionais do departamento, através de ligações telefônicas. O encontro foi realizado em um ambiente acolhedor fora do hospital. Reunimos 12 famílias, totalizando 25 familiares, e membros da equipe como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicóloga, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, musicoterapêuta, brinquedista e voluntários. As famílias vieram dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Duas mães, impossibilitadas de comparecerem, encaminharam mensagens. Inicialmente a equipe e os pais se apresentaram e uma dinâmica de acolhimento foi realizada, com coordenação da psicóloga, com o intuito de partilhar sentimentos, www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 73 dificuldades e as diferentes formas de enfrentamento do luto. Em seguida, um almoço de confraternização foi servido e no decorrer do dia, atividades de canto e caminhada, permearam o encontro. No encerramento, simbolicamente, balões foram soltos. Mensagens com palavras de agradecimento, pelo dia de alegria, consolo, lazer e troca de experiências foram deixadas pelos pais para a confecção de um livro. Conclusão: Através desse encontro foi possível observar que é muito importante para os pais saberem que não estão sozinhos, que não foram esquecidos, que não são diferentes de outros pais. Para a equipe, fica a relevância dos laços entre os cuidadores e os que são cuidados, bem como a importância do trabalho em equipe para ajudar essas famílias a superarem a dor do luto. Dessa forma tentamos ajudar a reencontrar a serenidade, para que possam viver com uma ferida que nunca mais cicatrizará. Acreditamos que esse relato poderá servir como facilitador para profissionais que queiram compreender o luto e trilhar os difíceis caminhos que acompanham as perdas resultantes da morte. Ensino médico em terminalidade da vida: sua obrigatoriedade é válida? Autores: Andréia Padilha de Toledo; Lilian Zaghis Martinelo; Denise Gonçalves Priolli Instituição: Universidade São Francisco Introdução: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cuidado paliativo é a abordagem que promove qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, através de prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento impecável da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. Os princípios do tratamento paliativo se baseiam em: proporcionar alívio da dor e outros sintomas angustiantes; encarar a vida e a morte como um processo normal; não adiar nem acelerar o processo de morrer; integrar os aspectos psicológicos e espirituais da assistência ao paciente; oferecer um sistema de apoio para ajudar os pacientes a viver tão ativamente quanto possível até a morte; oferecer um sistema de apoio para ajudar a família a enfrentar a doença e até mesmo o luto; realizar uma abordagem em equipe para atender as necessidades dos doentes e suas famílias, incluindo o luto; melhorar a qualidade de vida, podendo influenciar positivamente no curso da doença; ser aplicado no início do curso da doença, em conjugação com outras terapias destinadas a prolongar a vida, como a quimioterapia ou radioterapia, incluindo as investigações necessárias para melhor compreender e gerir as angustiantes complicações clínicas. As diretrizes curriculares dos cursos de medicina do Brasil dispõem sobre a formação do médico, sendo que a questão do acompanhamento do processo de morte é uma competência que deve ser adquirida durante o curso de graduação. No entanto, a adoção obrigatória de uma disciplina com o foco primário em terminalidade da vida junto ao curso de Medicina não é uma exigência, assim, as escolas médicas podem ou não adotá-la. O trabalho tem por objetivo verificar a obrigatoriedade de disciplina clínica ou pré-clínica com foco primário em terminalidade da vida, frente ao cumprimento dos princípios que norteiam os Cuidados Paliativos propostos pela OMS. Material e métodos: Foi aplicado um questionário sobre o ensino em terminalidade da vida nos responsáveis pela elaboração do currículo, os coordenadores do curso das escolas médicas do Brasil. A análise estatística foi feita pelo programa SPSS 13.0, adotando nível de significância de 5%. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 74 Resultados: Escolas médicas que possuem disciplina pré-clínica ou clínica com foco primário em terminalidade da vida preenchem 6 dos 9 princípios da OMS enquanto os cursos cuja disciplina não é obrigatória cumprem 2 dos 9 critérios. Conclusão: A obrigatoriedade de disciplina pré-clínica ou clínica com foco primário em terminalidade da vida é fator preditivo para o cumprimento do ensino dos princípios dos Cuidados Paliativos da OMS. Escala de utilização de laxantes em Cuidados Paliativos Autores: Helga Priscila Giugno Bischoff; Danielle Menendez Zamboni; Fatima Regina Rodrigues de Assunção Instituição: Hospital Samaritano Introdução: A constipação intestinal é definida como uma série de sinais e sintomas relacionados à dificuldade na eliminação das fezes. Esta é uma condição freqüente em pacientes em Cuidados Paliativos e as causas são multifatoriais, envolvendo fatores psicológicos, fisiológicos, farmacológicos e ambientais. O tratamento farmacológico é importante para estes pacientes e tem por objetivo restabelecer os hábitos intestinais e diminuir os sintomas decorrentes da constipação. O objetivo do presente trabalho foi formular uma escala de utilização de laxantes para pacientes em Cuidados Paliativos, tabulando-se quais seriam de primeira escolha. Levaram-se em conta os mecanismos de ação, as reações adversas e via de administração das diferentes classes. Material e métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo de artigos científicos publicados de 2000 – 2010 na base de dados MEDLINE sobre o uso de laxantes em pacientes em Cuidados Paliativos, com os descritores: Cuidados Paliativos e constipação intestinal. Foram utilizados também como instrumento do estudo, as bulas dos medicamentos e o software Micromedex®. Resultados: A escala foi formulada da seguinte maneira: nos primeiros degraus da escala estão as classes administradas por via oral, por ser a via menos invasiva. Estas primeiras opções são: 1º degrau: laxantes lubrificantes – não ocorre absorção, formam apenas uma camada oleosa sobre a mucosa; 2º degrau: laxantes osmóticos – funcionam através da perda de água do organismo para o interior da luz intestinal, provocando amolecimento das fezes; 3º degrau: laxantes irritantes (estes são os mais indicados quando a constipação é devido ao uso de opióides) – provocam irritação do intestino, aumentando os movimentos de propulsão. As opções subseqüentes são administradas por via retal e utilizadas em situações emergenciais. São elas: 4º degrau: laxantes irritantes e emolientes na forma farmacêutica de supositórios; 5º degrau: laxantes osmóticos na forma de enemas, que são considerados mais invasivos do que os supositórios; 6º degrau: laxantes irritantes e emolientes na forma de enemas, estes ficaram no último degrau devido ao tipo de procedimento e por serem irritantes provocam mais efeitos adversos como cólicas. A classe dos laxantes formadores de bolo não entrou na escala, pois pacientes terminais normalmente tem a ingestão de líquidos diminuída, o que pode ocasionar obstrução intestinal com o uso desta classe. Conclusão: A escala servirá para auxiliar a equipe de Cuidados Paliativos em relação ao tratamento da constipação intestinal, de forma a não provocar ainda mais desconforto ao paciente, porém, a escolha do laxante deve ser feita de maneira individualizada, levando-se em conta as condições, necessidades e o histórico do paciente. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 75 Espiritualidade: modalidade terapêutica em Cuidados Paliativos Autores: Maria Elizabete Sobreira de Albuquerque; Isabelle Cristinne Pinto Costa; Kamyla Félix Oliveira dos Santos; Solange Fátima Geraldo da Costa; Maria Emília Limeira Lopes Instituição: Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Introdução: É notório nos dias atuais que a ciência reconhece a grandeza e a importância da espiritualidade na dimensão do ser humano. Logo, a atenção ao aspecto da espiritualidade se torna cada vez mais necessária na prática de assistência à saúde, haja vista que é considerada como um instrumento que contribui para a saúde e a qualidade de vida do ser humano nas diversas fases da vida, em particular, na terminalidade. Sob esse prisma, a espiritualidade emerge como uma modalidade terapêutica em Cuidados Paliativos, que visa fortalecer ao paciente por meio da promoção do conforto e diminuição da dor. Contudo, para o alcance desses objetivos é imperioso que o profissional promova uma assistência pautada no respeito, na humanização e no acolhimento. Nesse sentido, este estudo tem como objetivo caracterizar a produção científica acerca da espiritualidade como modalidade terapêutica em Cuidados Paliativos em periódicos online, no âmbito da saúde. Material e métodos: Trata-se de uma pesquisa documental que teve como fonte de dados artigos publicados acerca da temática disponibilizados na Biblioteca Virtual em Saúde, no período de 2002 a 2009. Após a busca dos artigos, utilizando-se os descritores “espiritualidade”, “espiritualidade and terminalidade”, “espiritualidade and Cuidados Paliativos”, foram mencionados um total de 3.424 publicações. Tendo em vista os critérios de inclusão desta pesquisa, em que os artigos científicos deveriam contemplar acerca da temática em estudo no seu título, no idioma português e dentro do período referido, a amostra foi constituída de 6 (seis) artigos. Considerando um número incipiente de produção, procurou-se também no Google Acadêmico, encontrando três artigos, perfazendo uma amostra final de nove estudos. Para a análise do material empírico optou-se pela técnica de análise de conteúdo. Resultados: Foi possível vislumbrar a categoria “espiritualidade e modalidade terapêutica”, deixando transparecer que as produções científicas acerca dessa temática destacam a importância de compreender a espiritualidade do paciente bem como de sua família no processo de adoecimento para a promoção da saúde. É inegável, portanto, a associação positiva entre espiritualidade e melhora clínica dos pacientes, além de propiciar uma melhor qualidade de vida no processo de morrer e uma morte mais serena e digna. Os estudos investigados apontam, ainda, para a necessidade de preparar os profissionais de saúde para o uso da intervenção por meio dessa modalidade, capacitando-os para uma assistência qualificada e integral. Diante do exposto, esse estudo revelou uma quantidade ínfima de produção científica acerca da espiritualidade como modalidade terapêutica em Cuidados Paliativos, o que evidencia que esse tipo de cuidar necessita de maior investigação por parte de pesquisadores da área de saúde. Conclusão: Reafirmamos a importância da reflexão sobre as questões de natureza espiritual no emprego de Cuidados Paliativos dirigidos ao cuidado do paciente na sua multidimensional idade, procurando assegurar que o amor ao próximo seja o caminho orientador dessa assistência. Estrutura e processo de trabalho do programa de internação domiciliar interdisciplinar (Pelotas, RS) www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 76 Autores: Julieta Carriconde Fripp; Isabel Arrieira; Mateus Valadão; Eliana Coelho; Patricia Abrantes Instituição: Universidade Federal de Pelotas Introdução: Pacientes com câncer fora de possibilidade de cura devem receber Cuidados Paliativos desde o momento do diagnóstico. A organização dos Cuidados Paliativos requer coordenação entre as diferentes estratégias de assistência à saúde, principalmente entre a internação hospitalar, situação em que se encontra a maioria dos pacientes com neoplasias em estágio avançado, e a atenção domiciliar. Esta coordenação oportuniza a continuidade dos cuidados e o acolhimento dos pacientes e familiares em ambiente domiciliar. A grande maioria dos países não dispõe de oferta pública de Cuidados Paliativos ou apresenta serviços pontuais com baixa cobertura das necessidades da população. A disponibilidade desse serviço ocorre de forma sistemática somente em países desenvolvidos. O presente estudo tem como objetivo descrever a estrutura e o processo de trabalhos desenvolvidos no Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) para pacientes oncológicos, implantado em 2005, no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. Material e métodos: Foi realizada a coleta de dados mediante aplicação de entrevista semiestruturada com os responsáveis pelo PIDI, a fim de obter informações a respeito da infra-estrutura e processo de trabalho do programa. A seguir as informações foram descritas mediante um roteiro semi-estruturado. Resultados: O PIDI foi implantado pela Fundação de Apoio Universitário em abril de 2005, tendo sua estrutura contígua à do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. A sede do programa conta com espaço de recepção, sala administrativa e sala de atividades interdisciplinares profissionais e acadêmicas, com mini-auditório equipado com projetor multimídia e capacidade para acomodar cerca de 20 pessoas, em que são analisados os casos clínicos e realizadas as reuniões com os cuidadores usuários do PIDI. O programa possui um veículo de médio porte para o transporte da equipe que realiza as visitas domiciliares aos pacientes. Com relação aos recursos humanos, o programa conta com uma médica coordenadora e um auxiliar administrativo na sede. A equipe assistencial direta é composta por médica, enfermeira, assistente social, duas técnicas de enfermagem e dois motoristas. A equipe matricial de suporte conta com uma nutricionista, uma psicóloga e um capelão. Processo de trabalho desenvolvido pelo PIDI: Os pacientes são incluídos no PIDI a partir de encaminhamentos provenientes dos serviços que prestam atendimento a pacientes oncológicos nas unidades da Universidade Federal de Pelotas: quimioterapia, radioterapia, hospital, ambulatório de oncologia e unidades básicas de saúde. Após avaliação inicial da equipe do PIDI (médica e enfermeira) e preenchendo os seguintes critérios de inclusão: ser morador zona urbana de Pelotas, ter cuidador e condições domiciliares para receber os cuidados, apresentar condições clinicas que exijam menos tecnologia especializada inerente ao ambiente hospitalar, estar em tratamento regular em unidade de saúde da UFPel. A atual estrutura do programa comporta no máximo 10 pacientes concomitantes, que recebem visitas diárias, duas vezes ao dia pela equipe assistencial direta, composta de médica, enfermeira, técnicas de enfermagem e assistente social. Os usuários são assistidos no domicílio pela equipe matricial de suporte – nutricionista, psicólogo e capelão – duas a três vezes por semana. Após a abertura do prontuário, os pacientes recebem diariamente todos os insumos necessários para o cuidado domiciliar, como medicamentos de uso oral ou injetável, material para curativos e dietas especiais. Os pacientes do PIDI que apresentam intercorrências de maior gravidade são levados para o Pronto Socorro local pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU – 192) e, quando retornam ao domicilio, permanecem sob www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 77 os cuidados do PIDI. Os óbitos que ocorrem em domicílio muitas vezes são acompanhados e constatados pela equipe do PIDI e, quando os profissionais do serviço não estão presentes, a constatação é realizada pelo médico do SAMU. Para os óbitos em domicílio, o atestado de óbito é fornecido pela médica do PIDI. Semanalmente, todos os membros da equipe se reúnem para discutir o projeto terapêutico de cada paciente. Estudantes de medicina, enfermagem, nutrição, serviço social e psicologia apresentam casos clínicos, periodicamente, utilizando a estrutura e os equipamentos do próprio serviço. A cada 15 dias, os usuários cuidadores e ex-cuidadores enlutados do PIDI participam de reuniões de grupo, organizadas pela enfermeira, a assistente social e a psicóloga do serviço. Além da educação permanente dos profissionais e estudantes do PIDI, através da construção de protocolos e rotinas, o serviço realiza anualmente seminário interdisciplinar voltado aos cuidados de pacientes oncológicos, dando ênfase aos temas internação domiciliar e Cuidados Paliativos. Desde a implantação do PIDI, há quatro anos, já foram realizados cinco seminários, tendo como públicos profissionais e estudantes das várias áreas da saúde. A média de público por evento foi de duzentas e cinquenta pessoas. Conclusão: A estrutura, os recursos humanos e o processo de trabalho observados no PIDI apresentam semelhanças com alguns serviços que realizam internação domiciliar no Brasil e no exterior, apesar de poucos contemplarem somente pacientes oncológicos. O presente estudo, oportuniza a divulgação de estratégias de cuidado paliativo domiciliar com caráter humanizado em pacientes com câncer, em situação de terminalidade, podendo subsidiar o delineamento e a implantação de políticas públicas não apenas no município do estudo, mas em outros locais do país. O presente estudo poderá auxiliar no fortalecimento da implantação de unidades de Cuidados Paliativos vinculados às estruturas que possuem CACON e UNACON. Estudo de caso: atuação dos residentes do programa de residência multiprofissional num HU (Niterói - RJ) Autores: Samantha da Silva Nazareth; Cristiane de Assis Marteleto; Paula Gava Pratti; Cássia Viviane Borges Lordêllo; Maria Cristina Freitas de Castro; Maria de Fátima Muniz Vidal; Maria Helena Ferreira Vieira Instituição: HUAP - UFF Introdução: Estudo Caso: Atuação dos Residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Conjunto com a Equipe de Cuidados Paliativos de um Hospital Universitário – Niterói/RJ. O Programa de Residência Multiprofissional foi implantado este ano em vários Hospitais Universitários do Brasil. No Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) em Niterói/RJ, os Cuidados Paliativos (CP) foram contemplados com três residentes das seguintes áreas: serviço social, nutrição e enfermagem. É entendido que o CP se constitui num conjunto de atos multiprofissionais, em que cada esfera de conhecimento deve-se fundir em uma só, sendo fundamental a integralidade e a qualidade no atendimento ao paciente e a família. O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo de caso em que as residentes puderam vivenciar a importância da abordagem multiprofissional junto com a equipe de CP. Material e métodos: O paciente J.A.S, 56 anos, com neoplasia maligna de nasofaringe, foi acolhido pelo CP no qual recebeu atendimento integrado de primeira vez por toda a equipe, inclusive com a participação ativa das residentes. Os cuidadores do paciente puderam participar de reuniões quinzenais coordenadas pela equipe de CP com objetivo de esclarecer dúvidas freqüentes, deixando abertas as discussões para a subjetividade de cada um. Neste momento, as residentes www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 78 puderam discutir temas como finitude, dor e sofrimento. Além destas abordagens, as residentes aplicaram o saber de cada profissão, tais como realização de curativos, orientações nutricionais e encaminhamentos para rede de saúde, sempre de maneira integrada. As residentes prestaram também assistência domiciliar. Dentre as demandas apresentadas pelo paciente, pode-se destacar além dos aspectos físicos (caquexia, ferida tumoral, disfagia, xerostomia e mucosite secundária a radioterapia paliativa), conflitos familiares e a ausência do Programa de Saúde da Família. Resultados: A equipe de residentes pode observar na prática profissional, a consolidação dos princípios propostos pelo CP, que coloca como ponto primordial a qualidade de vida do paciente e de sua família, o tratamento da dor, o alívio dos sintomas e a permanência do paciente ao lado de seus familiares. Foi observado ainda que a inserção das residentes fortaleceu e ampliou o trabalho da equipe multiprofissional do CP. Conclusão: O cuidado deste paciente possibilitou às residentes constatarem que o trabalho multiprofissional é possível e fundamental para o alcance da integralidade em saúde como preconiza os CP, o SUS e a proposta do Programa de Residência Multiprofissional. Experiência do grupo de cuidadores do serviço de assistência e internação domiciliar de Campinas (SP) Autores: Ana Augusta Estevam Martins Silveira; Ana Paula Blancato Silva de Oliveira; Carla Cristina da silva Alves; Liliane Martins Grassi Hirata; Maria Amália Guerra Monteiro; Monalisa Fernanda Bocchi de Oliveira; Mônica Regina prado de Toledo Macedo Nunes Instituição: Prefeitura Municipal de Campinas Introdução: A demanda crescente de pacientes com doenças crônicas e incapacitantes coloca em destaque a figura de um segmento crescente da população: pessoas que prestam o cuidado. Os cuidadores são indivíduos, na maioria das vezes, sujeitos a uma sobrecarga física e emocional que pode comprometer o cuidado. É responsabilidade da equipe de saúde estar atenta às necessidades do cuidador e buscar estratégias que visem à melhora da qualidade de vida desses indivíduos. Material e métodos: Descrever a experiência do grupo de cuidadores do Serviço de Assistência e Internação Domiciliar do Município de Campinas-SP. O serviço atende pacientes com doenças incapacitantes, em Cuidados Paliativos ou com internações recorrentes. Realizamos encontros bimestrais entre os cuidadores e as equipes de atendimento. Cada encontro tem duração de 2 horas e é aberto para os cuidadores e seus familiares. No primeiro encontro, os cuidadores foram questionados quanto aos temas que gostariam que fossem abordados. Surgiram temas como a doença de seus familiares, qualidade de vida, capacitação nos cuidados, entre outros. Na primeira parte do encontro um tema é abordado enquanto que num segundo momento, realizamos uma confraternização geralmente alusiva a uma data comemorativa (Páscoa, Festa Junina, Natal, Dia das Crianças...). Resultados: Os cuidadores participam de forma ativa n os encontros com boa avaliação por parte dos mesmos. No geral, vêm acompanhados de outros familiares e até mesmo do próprio paciente. Alguns ex-cuidadores continuam participando e dão sua contribuição com o relato de suas experiências pessoais. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 79 Conclusão: Concluímos que o Grupo de Cuidadores é uma estratégia válida por ser um espaço que permite o fortalecimento do vínculo com as equipes além de promover momentos de reflexão e descontração para o cuidador e seus familiares. Fortalecimento de recursos emocionais de enfrentamento através do trabalho de retrospectiva de vida Autores: Marilia Bense Othero; Gloria Teixeira Nicolosi Instituição: São Paulo Internações Domiciliares Introdução: A ameaça à continuidade de vida proveniente de patologias crônicas acompanha uma série de perdas tanto em âmbito individual, quanto social e econômicas tais quais: funcionais, sociais, de auto-imagem, de independência, de poder aquisitivo. Essa série de perdas pode favorecer o surgimento de reações emocionais como sintomas depressivos, ansiedade e desesperança interferindo na evolução da doença e na intensidade/freqüência de sintomas. Sob a ótica dos Cuidados Paliativos o psicólogo pode fornecer suporte e auxílio para o enfrentamento de tais questões. O objetivo deste trabalho é escrever como o atendimento psicológico focado na retrospectiva da história de vida pode favorecer o fortalecimento dos recursos emocionais. Material e métodos: Estudo de caso de paciente do sexo feminino, 60 anos, casada, mãe de duas filhas (31 e 29 anos), professora aposentada, portadora de esclerose lateral amiotrófica. No atendimento psicológico, foi utilizado trabalho de retrospectiva de vida, na qual ocorreu a retomada, escrita e análise de acontecimentos significativos da vida da paciente. Foram realizados atendimentos semanais em home care durante aproximadamente 18 meses. Resultados: A possibilidade de retomada dos principais aspectos da história facilitou a criação de vínculo entre psicólogo e paciente, funcionando como estratégia facilitadora para surgirem aspectos mais depressivos da personalidade da paciente e dificuldades que envolveram as perdas conseqüentes da doença como: de independência, de autonomia, de função social. Desta forma, através da contextualização do processo de adoecer em sua história de vida foram favorecidos os recursos individuais para maior fortalecimento de sua auto-estima. Também foi promovido o fortalecimento dos recursos internos de enfrentamento como: expressão de afetos negativos, comunicação mais eficiente de emoções, manutenção da sensação de esperança/fé, diminuição de comportamentos de esquiva. Conclusão: A intervenção psicológica em Cuidados Paliativos possibilita promoção de maior qualidade de vida. Ao proporcionar suporte emocional aos pacientes e familiares no enfrentamento do processo de adoecimento considera o bem-estar do indivíduo em sua integralidade biopsicossocial. Grupo de terapia ocupacional para adultos com sequelas neurológicas graves Autores: Tatiana dos Santos Arini; Maria Teresa Sales Furtado; Marilia Bense Othero Instituição: Hospital Premier www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 80 Introdução: A intervenção pela estimulação sensorial fundamenta-se na premissa de que estímulos oferecidos na periferia de SNC podem ser decodificados, armazenados e posteriormente integrados a outras partes do sistema. Dessa forma, visando oferecer atendimento de qualidade a pacientes crônicos, portadores de seqüelas neurológicas graves, o setor de Terapia Ocupacional do Hospital Premier elaborou uma proposta grupal de atendimento, focado em estimulação sensorial, partindo do pressuposto que promover saúde é possibilitar a amplificação de experiências, a construção de um ambiente afetuoso, além do enriquecimento de cotidiano hospitalar. O objetivo deste trabalho é apresentar uma intervenção de Terapia Ocupacional por estimulação sensorial, com um grupo de pacientes com seqüelas neurológicas graves. Material e métodos: Trata-se de relato de experiência de um grupo de Terapia Ocupacional em serviço hospitalar de Cuidados Paliativos na cidade de São Paulo. O grupo ocorre uma vez na semana, com duração média de 30 minutos, em sala específica, com número médio de 4 integrantes, entre homens e mulheres, com idades média de 50 anos e todos portadores de seqüela grave pós parada cardio-respiratória. O objetivo do grupo é promover a experimentação, o cuidado e o resgate da história de vida, através de vivências sensoriais diversificadas, por meio de atividades com música, toques, massagem, sabores, cheiros, sensações térmicas, luzes, fotografias, entre outros, com a possibilidade do resgate de experiências pessoais/emocionais e de interação com o contexto. O terapeuta ocupacional oferece gradualmente os estímulos, observando atentamente as respostas dos pacientes, interpretando-as e relacionando-as com sua história de vida. Resultados: Ao longo do trabalho foi observado que os pacientes, progressivamente, permanecem mais tempo em estados de alerta e vigília (auxiliando na manutenção e promoção das capacidades cognitivas de atenção e expressão), apresentam maior tolerância aos diferentes estímulos, como também o aumento da qualidade, freqüência e duração das respostas não verbais. Conclusão: A intervenção de Terapia Ocupacional junto ao paciente com seqüela neurológica grave mostra-se eficaz, ao proporcionar novas experiências de cuidado a partir da estimulação sensorial. Para além das respostas aos estímulos, esta estratégia pode contribuir para a evocação e manutenção da história de vida destes sujeitos, mesmo diante de suas importantes limitações funcionais. Identificação dos diagnósticos de enfermagem prevalentes no atendimento no ambulatório de Cuidados Paliativos geriátricos Autores: Ednalda Maria Franck; Rita de Cássia de Toledo Pinto; Luís Saporetti Instituição: Hospital das Clínicas (FMUSP) Introdução: O atendimento de pacientes no ambulatório de Cuidados Paliativos geriátrico tem a necessidade da elaboração de um instrumento para a realização da consulta de enfermagem. Para a elaboração do instrumento, se faz necessário a identificação do perfil do paciente atendido e dos principais problemas levantados e prever os recursos necessários para o atendimento. Desta forma, surgiu a necessidade de identificar os Diagnósticos de Enfermagem mais freqüentes nesta população, segundo NANDA (North American Nursing Diagnosis Association). A partir daí, desenvolveu-se um estudo cujo objetivo é levantar os principais diagnósticos de enfermagem encontrados no atendimento de idosos num ambulatório de Cuidados Paliativos de um hospital terciário para possibilitar uma intervenção de enfermagem adequada, criando subsídios para www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 81 posterior elaboração do instrumento para a realização da consulta de enfermagem específico para esta população. Material e métodos: Estudo transversal de avaliação quantitativa de prontuários dos pacientes atendidos no Ambulatório de Cuidados Paliativos Geriátricos do serviço de Geriatria do HC/FMUSP, de Setembro de 2009 a Junho de 2010. O atendimento de enfermagem foi realizado por duas enfermeiras que levantaram os diagnósticos de enfermagem referentes aos domínios: nutrição, atividade/repouso e segurança/proteção segundo a NANDA. Resultados: Foram identificados 54 atendimentos num total de 24 pacientes. A maioria era da cor branca 15 (27,78%) e com distribuição igualitária de sexo. Levantaram-se os 15 Diagnósticos de Enfermagem, pertencentes aos domínios nutrição, atividade/repouso e segurança/proteção, que se apresentaram prevalentes nos atendimentos de enfermagem realizados no período descrito: 22 Déficit do autocuidado para alimentação (91,66%), 19 Déficit do autocuidado para vestirse/arrumar-se (79,16%), 18 Capacidade de transferência prejudicada (75%), 17 Déficit do autocuidado para banho/higiene (70,83%), 17 Déficit do autocuidado para higiene íntima (70,83%), 15 Integridade da pele prejudicada (62,5%), 13 Risco de síndrome do desuso (54,16%), 12 Risco de aspiração (50%),), 10 Comunicação verbal prejudicada (41,66%), 09 Deambulação prejudicada (37,5%), 04 Risco de integridade da pele prejudicada (16,66%), 03 Deglutição prejudicada (12,5%), 02 Risco de infecção (8,33%), 02 Volume de líquidos excessivos (8,33%) e 01 Hipertermia (4,16%). Conclusão: Dos diagnósticos de enfermagem levantados constatou-se que as intervenções devem ser focadas na prevenção de complicações das alterações do déficit do autocuidado e da integridade da pele. Demonstrou-se a necessidade da criação de um instrumento que priorize a identificação das intervenções de enfermagem voltadas para nortear a orientação quanto ao cuidado realizado pelo paciente e/ou cuidador. O estudo mostrou a importância do atendimento de enfermagem nesta população. Impacto de carta de planejamento de cuidados avançados na qualidade de atendimento de fim de vida Autores: Tiago Pugliese Branco; Bruna Algrandi; Renata Diniz; Luis Saporetti; Wilson Jacob Filho; Tania Vanucci Vaz Guimarães Instituição: Serviço de Geriatria (HC-FMUSP) Introdução: A abordagem de Cuidados Paliativos (CP) é voltada para o alívio do sofrimento do paciente, visando melhorar sua autonomia e qualidade de vida. O estabelecimento de diretrizes avançadas faz parte deste cuidado e representa um instrumento usado por pacientes para declarar aos cuidadores, familiares e profissionais de saúde suas preferências em relação a terapêuticas futuras, bem como para designar quem será responsável pela tomada de decisão no momento em que perder a autonomia. Alguns estudos sugerem que a definição de diretrizes avançadas auxilia o cuidador a tomar decisões que refletem melhor os desejos dos pacientes. A partir desta visão, esforços vêm sendo feitos para que o uso de tal instrumento seja ampliado. Os pacientes atendidos no ambulatório de Cuidados Paliativos do Serviço de Geriatria do HC/FMUSP são questionados sistematicamente em relação ao planejamento de cuidados, sendo escrita carta ao fim da discussão com dados referentes a diagnóstico, prognóstico e anseios sobre cuidados avançados. O objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto de Carta de Planejamento de Cuidados Avançados (CPCA) www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 82 nos cuidados de fim de vida de pacientes em CP, com base na percepção de seus familiares/cuidadores. Material e métodos: Estudo transversal com série de casos acompanhados no ambulatório de CP do serviço de Geriatria, que faleceram no período de janeiro a maio de 2010. Foi aplicado questionário estruturado, aos familiares/cuidadores destes pacientes, após consentimento esclarecido, através de entrevista telefônica por profissional médico. Este questionário incluía dados referentes ao diagnóstico, data e local do óbito, utilização da carta no atendimento que precedeu o óbito, adoção ou não de medidas invasivas e o impacto da carta na qualidade do cuidado. Resultados: Foram entrevistados 5 familiares de pacientes que faleceram no período do estudo. Quanto aos diagnósticos, dois tinham demência avançada, dois neoplasia avançada e um disfunção renal grau 5 sem uso terapia renal substitutiva. Todos os pacientes faleceram em regime hospitalar, sendo 01 em unidade semi-intensiva, um na sala de emergência e os demais em enfermaria. Todos possuíam carta de planejamento, e quatro familiares apresentaram a mesma à equipe que cuidou do paciente em seus últimos dias de vida. Destes, 2 não foram submetidos à medidas invasivas e outros dois não tiveram esta informação esclarecida durante a entrevista. Apenas o paciente cujo familiar não apresentou a carta de planejamento foi submetido a intubação e transfusão sanguínea. Quando questionados se a carta ajudou, todos dos familiares que fizeram uso da mesma referiram que sim. Conclusão: Os achados de nosso estudo sugerem que a documentação de diretrizes através de CPCA melhora o suporte de fim de vida aos pacientes sob Cuidados Paliativos na visão de seus cuida dores. Destaca-se que a comunicação durante a consulta foi bem sucedida, pois a maioria dos familiares utilizou o instrumento fornecido da forma como foi abordado durante o atendimento. É necessário, entretanto, ampliar a mostra para confirmarmos tal achado. Indicador de qualidade na assistência de pacientes fora de possibilidade curativa e seus familiares Autores: Sathie Kamizono; Stella Ramos Pereira; Danile Azevedo; Camila Belentani; Luciane Patrícia Amaral Instituição: Santa Helena Assistência Médica Introdução: Frequentemente nos deparamos com o tema da morte e sofrimento na assistência de pacientes oncológicos fora de possibilidades curativas. Pacientes e familiares vivenciam um processo de luto que segundo Bowlby (1982) ocorre apenas quando existe o rompimento de um vínculo. O autor considera o luto como um momento de crise para a família, pois o impacto da morte provoca demandas emocionais e relacionais sobre os membros da família e os demais indivíduos que tenham algum vínculo afetivo com a pessoa que morreu. McGoldrick e Walsh (1998) referem que o processo de ajustamento ou adaptação não tem uma escala ou seqüencia fixa. As ligações pós-óbito possibilitam a expressão dos sentimentos diante da perda vivenciada. Material e métodos: Foi realizado um estudo transversal através de contato telefônico para familiares ou cuidadores de pacientes acompanhados por um serviço de Cuidados Paliativos do setor privado que evoluíram para óbito, com objetivo de verificar indicadores de qualidade no trabalho desenvolvido pela equipe interdisciplinar. As ligações se realizaram no período de novembro de 2009 a junho de 2010, tendo o contato ocorrido dentro do período mínimo de 15 dias após a morte de nossos pacientes, sendo o período máximo para a realização do contato, de até 20 www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 83 dias. Posterior a realização das ligações, foi preenchido protocolo previamente elaborado pela Psicóloga, para avaliação dos dados coletados. Em situações em que não foi possível o contato telefônico na primeira tentativa, foram realizadas até 3 tentativas em dias diferentes. Verificar indicadores de qualidade no trabalho desenvolvido pela equipe interdisciplinar de um serviço de Cuidados Paliativos. Resultados: Realizamos no período (Nov/09 a Jun/10) acompanhamento de 33 ligações para os familiares. Dos 33 familiares, tivemos 93% satisfeitos e 84% expressaram agradecimentos à equipe. Destes 33 familiares, 51% referiram óbito hospitalar e 42% relataram medo de óbito domiciliar, pois não se consideravam emocionalmente preparados. Observamos ainda, que 69% demonstrou vínculo afetivo com a equipe e 63% relataram benefícios com a preparação para a morte, através da abordagem desenvolvida pelos profissionais da equipe. Verificamos que 33% expressou queixas ou reclamações, que consideravam importantes para a melhoria do serviço. E ainda, observamos no discurso dos familiares enlutados, aspectos emocionais tais como: raiva, revolta, tristeza, estado depressivo reativo, negação, ansiedade, culpa, seqüelas emocionais por perdas anteriores, ambivalência, aceitação, elaboração do luto antecipatório e aspectos de luto complicado. Conclusão: Através de relato livre, observamos quais aspectos trabalhados pela equipe, foram relevantes e contribuíram para o melhor enfrentamento da perda pelos familiares enlutados. Sendo que 63% relataram benefícios com a preparação para a morte, através da abordagem desenvolvida pelos profissionais da equipe. E ainda, verificamos a necessidade de promover aos familiares enlutados, apoio psicológico para a elaboração ou prevenção de lutos complicados. Ingestão alimentar dos pacientes assistidos por um Programa de Internação Domiciliar em Pelotas (RS) Autores: Julieta Carriconde Fripp; Catiússa Colling; Patrícia Abrantes Duval; Cora Luiza Pavin Araújo; Samanta Winck Madruga Instituição: Universidade Federal de Pelotas (UFpel) Introdução: A desnutrição atinge 66,4% dos pacientes com câncer, de acordo com o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional (IBRANUTRI). O grau e a prevalência da desnutrição estão relacionados, dentre outros fatores, ao estágio do tumor, podendo acometer mais gravemente os pacientes em Cuidados Paliativos. Pacientes com câncer apresentam em geral anorexia e emagrecimento involuntário, levando ao estado de caquexia, que tem impacto negativo sobre a expectativa e na qualidade de vida do paciente com câncer em cuidado paliativo. Segundo o Consenso Nacional de Nutrição Oncológica (INCA, 2009) nos casos de doença avançada ou terminal, os pacientes devem receber de 20 a 35 kcal/kg peso atual/dia e 1,0 a 1,8 g proteína/kg peso/dia. Distúrbios do trato gastrintestinal são frequentes e atingem 58% destes pacientes, impedindo de se alimentar e atingir suas necessidades nutricionais. O objetivo deste trabalho foi avaliar a ingestão alimentar de pacientes oncológicos em Cuidados Paliativos internados no Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) Oncológico do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas. Material e métodos: Para este estudo foram considerados 106 pacientes internados no PIDI que receberam pelo menos uma visita da equipe de Nutrição entre fevereiro de 2006 e fevereiro de 2008. Através de recordatório alimentar pode-se calcular o Valor Calórico Total (VCT) ingerido. O www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 84 VCT ideal foi calculado a partir do peso atual e da recomendação de calorias por kg de peso atual para pacientes com câncer. Resultados: A média de VCT ideal dos pacientes do PIDI foi de 1600 kcal, enquanto que a média de calorias totais ingeridas foi de 1200, representando 20,78 kcal/kg de peso/dia. Quarenta e um por cento dos pacientes acompanhados tiveram uma ingestão calórica superior a 80% da sua recomendação energética, mas destes, cerca de metade utilizavam a terapia nutricional enteral para se alimentar. Já a categoria inferior de ingestão (de 30% a 79% do VCT ideal) englobou aproximadamente metade d os pacientes e destes, apenas um paciente mantinha alimentação via enteral. Conclusão: A ingestão alimentar reduzida é esperada durante o curso da doença oncológica, principalmente em sua fase avançada, onde se encontra a maioria dos pacientes do PIDI. É preciso ressaltar que o objetivo principal da assistência nutricional nesta fase não é alcançar recomendações energéticas ou protéicas. A alimentação deve ser considerada um ato prazeroso, respeitando a tolerância e a aceitação do paciente, promovendo conforto e qualidade de vida. Portanto pode-se concluir que uma porção significativa dos pacientes conseguiu manter uma razoável ingestão alimentar utilizando a via oral. Instrumentos aplicados pelo serviço social a pacientes com câncer no PIDI (HEUFPEL, Pelotas, RS) Autores: Julieta Carriconde Fripp; Angela Julia Abreu; Isabel Arrieira; Mateus Valadão Instituição: Universidade Federal de Pelotas Introdução: O programa de internação domiciliar interdisciplinar, PIDI, do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas, há cinco anos realiza Cuidados Paliativos a pacientes com câncer fora de possibilidade de cura em ambiente domiciliar. O serviço conta com equipe interdisciplinar, para atender aos aspectos que dizem respeito ao alivio de sofrimento nas dimensões físicas, sociais, emocionais e espirituais. O serviço social avalia e acompanha os pacientes e familiares do PIDI, utilizando instrumentos que facilitam a abordagem dos problemas apresentados. Objetivos: descrever os instrumentos utilizados pelo serviço social aos pacientes e cuidadores do PIDI. Material e métodos: analise dos prontuários de 300 pacientes que internaram no PIDI, a fim de identificar instrumentos aplicados pelo serviço social. Resultados: os instrumentos encontrados nos prontuários dos pacientes foram: Escala de Zarit Reduzida que é um instrumento utilizado para medir a claudicação dos cuidadores, viabilizando a análise do grau de sobrecarga em leve, moderada e intensa. Genograma que é um instrumento gráfico que possibilita a visualização das relações familiares do paciente e seu contexto biopsicossocial através de simbologias que ilustram no mínimo três gerações, avaliação sócio econômica: permite caracterizar, através das informações de renda familiar, escolaridade e condições de moradia, a situação social dos usuários, para contemplar aqueles com maiores necessidades sociais, regida pelo principio da equidade do Sistema Único de Saúde. Conclusão: para garantir o cuidado integral de pacientes em Cuidados Paliativos e seus cuidadores, os instrumentos que avaliam as necessidades existentes, direcionam as futuras intervenções para www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 85 alívio do sofrimento, favorecendo uma melhor qualidade de vida aos usuários inseridos no programa. Intervenção da terapia ocupacional nos Cuidados Paliativos de uma idosa institucionalizada: um estudo de caso Autores: Paola Tavares Moreira; Marcella Guimarães Assis Tirado Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Introdução: Os Cuidados Paliativos visam minimizar a dor, controlar os sintomas da doença, promover qualidade de vida e ajudar na preparação para a morte. A intervenção da Terapia Ocupacional (TO), por meio de atividades terapêuticas com significado e sentido, pode promover maior dignidade, conforto e autonomia no desempenho ocupacional. O papel do terapeuta ocupacional engloba em três eixos norteadores, nos diferentes estágios da doença: intervenção adaptativa (ambiente e tarefa); restauradora (estratégias de reabilitação e compensatórias; suporte emocional); e educativa (orientações aos familiares e equipe cuidadora). Desta forma objetiva-se discutir a intervenção terapêutica ocupacional nos Cuidados Paliativos a uma idosa institucionalizada. Material e métodos: Uma idosa, com 67 anos, fragilizada e recém chegada à Instituição de Longa Permanência, cadeirante, com diagnóstico de AVE (acometimento do membro superior esquerdo e membros inferiores), sem equilíbrio de tronco, atrofia muscular generalizada, e dependência completa para AVDs, exceto alimentação. Apresenta-se disártrica, o que torna difícil sua comunicação. Familiares relataram que a paciente apresenta idéias delirantes de cunho persecutório, embora não observado. Relataram também quadro depressivo com comportamento de isolamento social e desinteresse por atividades laborais. É atendida por uma estagiária curricular de terapia ocupacional da UFMG, 2 vezes por semana, com duração de 30 a 40 min. As intervenções da terapia ocupacional foram estruturadas nos eixos: adaptativas, educativas e restauradoras. Resultados: Foram realizados 16 atendimentos até o momento. Nos atendimentos iniciais a idosa apresentou baixo limiar de tolerância, irritação e apatia, queixando-se constantemente de cefaléia. Posteriormente apresentou-se mais receptiva e cooperativa, mas, ainda referindo-se a cefaléia. As intervenções realizadas incluíram a abordagem Adaptativa com a proposta de confecção de órtese de repouso para diminuir a dor, evitar contraturas e deformidades. A idosa aceitou esta proposta e a órtese está sendo confeccionada. A abordagem Restauradora consistiu no suporte emocional, na estimulação do senso de auto-eficácia, por meio do reforço positivo na realização de atividades de auto-cuidado, e na realização de massagem preventiva para relaxamento e manutenção dos tecidos e articulações. Foram realizados passeios nos diferentes espaços da Instituição como os jardins e a varanda, acompanhamento das atividades festivas e socializantes, como apresentações de música, teatro, atividades físicas que possibilita ram abordar a vida na instituição e a preparação para a morte. A idosa tornou-se mais participativa, mais receptiva com funcionários e com os outros idosos, e tem demonstrado sentimentos positivos frente a sua institucionalização. A abordagem educativa visou orientar cuidadores quanto as técnicas de transferência e manejo no leito; e às estratégias para diminuir a irritabilidade principalmente durante a higiene pessoal. Conclusão: Estes resultados ilustram uma possibilidade de intervenção efetiva da terapia ocupacional nos Cuidados Paliativos com uma idosa institucionalizada. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 86 Intervenção de terapia ocupacional em Cuidados Paliativos domiciliares: resgate da história de vida Autores: Tatiana dos Santos Arini; Marilia Bense Othero Instituição: São Paulo Internações Domiciliares Introdução: A Terapia Ocupacional na assistência domiciliar em Cuidados Paliativos busca maior independência e autonomia do paciente, resgatando a presença de atividades significativas no cotidiano. A realização de atividades expressivas e manuais pode ser uma das estratégias neste sentido. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de acompanhamento domiciliar em Terapia Ocupacional, de paciente com doença neurológica progressiva e demonstrar como a intervenção pode contribuir para o resgate de atividades significativas, contribuindo para sua dignidade e autoestima. Material e métodos: Trata-se de um estudo de caso de M.LR.P., sexo feminino, 66 anos, acompanhada pelo setor por 16 meses. Com diagnóstico de Doença do Neurônio Motor, está altamente incapacitada para as atividades de vida diária, alimenta-se por gastrostomia, é afásica, comunica-se com os olhos. Durante sua vida, realizou atividades artesanais, processo interrompido pela evolução da doença. O acompanhamento era quinzenal, utilizando atividades de seu repertório ocupacional. Com o olhar, a paciente escolhia todos os passos da atividade; o terapeuta “emprestava” sua capacidade motora para a execução. Resultados: Em um momento inicial, a paciente escolheu atividades para decorar sua casa; em um segundo momento, com uma piora funcional, a paciente passou a não sair do quarto e suas produções voltaram-se a presentear a família e profissionais. A cadeira de rodas da paciente foi então adaptada pelo setor; no terceiro momento, ela voltou a circular pela casa, reapropriando-se deste espaço; por isso, suas produções voltaram-se aos objetos para sua casa. O acompanhamento foi finalizado, pois a paciente foi internada devido complicações clínicas. Conclusão: Com o acompanhamento em Terapia Ocupacional pautado no referencial dos Cuidados Paliativos, pôde-se observar resgate da autonomia, do fazer e da história de vida da paciente, apesar das debilidades e incapacidades apresentadas, contribuindo para sua qualidade de vida. Intervenções e Cuidados Paliativos na terminalidade: produção cientifica em periódicos online Autores: Monica Ferreira de Vasconcelos; Cecília Danielle Bezerra Oliveira; Miaria Eliane Moreira Freire; Marifane Januário de Souza Instituições: Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Hospital da Polícia Militar General Edson Ramalho Introdução: Os Cuidados Paliativos (CP) adotam uma abordagem terapêutica humanista e integrada, direcionada a pacientes sem possibilidades de cura, com a finalidade de promover alívio dos sintomas, maximizar o conforto e o bem-estar, contribuindo para melhoria da qualidade de vida destes pacientes. Trata-se de uma abordagem de cuidado integrado, promovido por uma equipe multiprofissional, com a intenção de proporcionar suporte psicossocial e espiritual ao paciente e www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 87 seus familiares. Notório enfatizar que os CP se firmam no entendimento de que, mesmo sem chances de cura, há muito que ser feito pelo doente. Nesse sentido, a atuação de profissionais da saúde torna-se indispensável para proporcionar o máximo de conforto a estes pacientes, ajudandoos vivenciar o processo da morte com dignidade. Neste contexto, é inegável a importância da valorização dos cuidados para nortear e alicerçar a busca pela manutenção da qualidade de vida sem intervir no curso natural do processo do morrer. Mas, que ações devem ser realizadas por profissionais de saúde, com ênfase nos Cuidados Paliativos direcionados a pacientes na terminalidade? Diante desse questionamento, este estudo se propôs a investigar intervenções em Cuidados Paliativos na terminalidade, descritos em publicações disponibilizadas em periódicos online da área da saúde. Material e métodos: Trata-se de uma pesquisa documental, realizada na base d e dados LILACS e SciELO, em periódicos publicados no período de 2005 a 2010; a busca teve como descritor primário “Cuidados Paliativos”, sendo encontrados um total de 331 artigos; destes foram selecionados 07 artigos que versavam sobre Cuidados Paliativos na terminalidade. Para a análise do material empírico optou-se pela técnica de análise de conteúdo. Resultados: Nos artigos que foram submetidos à análise, foi dado destaque às intervenções direcionadas aos pacientes em situação de terminalidade; dentre estas intervenções foi dado ênfase à comunicação, sendo considerada de primordial importância para a condução do tratamento de um paciente terminal, devendo ocorrer entre a equipe de saúde, o paciente e a família, sugerindo-se que sejam definidas técnicas para uma boa comunicação, pois os envolvidos nestes cuidados são submetidos à grande estresse e tensão. Na literatura consultada, ressalta-se que as ações respeitem a singularidade do paciente, bem como estejam em consonância com os princípios bioéticos: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça. Estas poderão ser adotadas e realizadas por profissionais de saúde, cuidadores e familiares, sendo considerada fundamental a aceitação da morte como um evento natural. Os autores sugerem ainda a suspensão de medicamentos que tenham a finalidade de prolongar a vida e a adequação do tratamento para o controle da dor e dos sintomas, promovendo alívio do sofrimento do paciente terminal, acatando-se a decisão do paciente, sempre que possível. Considerou-se ainda que para a prestação de Cuidados Paliativos a pacientes críticos e seus familiares, devem ser seguidos princípios e metas que visem o respeito às necessidades e anseios individuais. Por fim, o planejamento de programas de Cuidados Paliativos no domicílio deve ter como pressuposto a realização de cuidados continuados, evitando-se rupturas no atendimento. Conclusão: Com este estudo pode-se evidenciar que ainda são incipientes publicações científicas da área da saúde acerca de intervenções em Cuidados Paliativos, direcionados a pacientes terminais. Espera-se que os resultados constatados possam suscitar reflexões a respeito desta modalidade terapêutica, instigando os profissionais a divulgar cada vez mais temas envolvendo Cuidados Paliativos. Liga Acadêmica Baiana de Cuidados Paliativos: relato sobre formação de uma liga acadêmica Autores: Aline Fernanda Araújo Palmeira; Ladymirian de Oliveira Santos; Analu Pereira Gianezeli; Alice de Andrade Santos; Brunna Lima de Carvalho Passo; Emanuela Santos Oliveira; Ruth Fernandes de Oliveira; Juliana Bezerra do Amaral Instituição: Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 88 Introdução: Os Cuidados Paliativos (CP) são um conjunto de práticas multiprofissionais com atenção direcionada aos indivíduos com doenças transmissíveis e não-transmissíveis, progressivas e sem perspectivas de cura que proporcionam fragilidades e limitações físicas, psicológicas, sociais e espirituais aos enfermos. Esta prática busca propiciar maior qualidade de vida aos pacientes através do controle dos sintomas além de oferecer apoio durante todo o processo às famílias que também se encontram fragilizadas. O estado da Bahia, apesar de sua amplitude assistencial, ainda possui poucos centros de atenção paliativista, sendo a sua maioria com foco na oncologia. Nesta perspectiva, e somado as inquietações vivenciadas ao longo da formação acadêmica, o objetivo deste trabalho é de relatar a experiência da fundação de uma liga acadêmica em CP. Material e métodos: Relato de experiência sobre a construção e implantação de uma liga acadêmica em uma instituição filantrópica de ensino superior da cidade do Salvador, Bahia no ano de 2009 a 2010. Resultados: A Liga Acadêmica em CP foi idealizada no ano de 2009 por um grupo de estudantes do curso de enfermagem da Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), após as inquietações vivenciadas no cuidado de pacientes sem perspectiva de cura durante as práticas assistenciais em unidades hospitalares. Iniciaram, assim, discussões referentes ao cuidar desses indivíduos consolidando em 2010 na formação de uma liga acadêmica em virtude da especificidade e importância do tema. Em seguida, criou-se um estatuto que apresenta os objetivos da liga com base na tríade acadêmica: ensino, pesquisa e extensão, por possibilitar a construção de medidas que planejem, implementem, ofereçam, agreguem e renovem os CP no cenário atual. A liga se propõe a promover atividades inter e multidisciplinar nos diversos contextos (comunidade, universidade e serviços de saúde), pois este perfil torna o desempenho desta entidade acadêmica integral e holístico, já que na interdisciplinaridade deve-se ocorrer reciprocidade, enriquecimento mútuo, promovendo uma horizontalização das relações de poder nas áreas envolvidas, além de propor uma troca inestimável de conhecimento. Desde a aprovação pela diretoria da EBMSP com filiação em março, estamos promovemos debates científicos entre os membros, a fim de construirmos um maior embasamento técnico e científico da temática. Além disso, promovemos sessões científicas mensais abertas à comunidade acadêmica, onde as diversas realidades dos Cuidados Paliativos são discutidas e esclarecidas. Desenvolvemos mini-curso sobre CP, com enfoque interdisciplinar, ministrado durante a Mostra Científica e Cultural da EBMSP e, atualmente iniciamos parceria com um programa de atendimento domiciliar de uma instituição de referência em oncologia, onde estaremos participando das visitas domiciliares, sessões científicas e acompanhamento dos familiares. Conclusão: A criação de uma liga é uma oportunidade extraclasse singular, pois é um importante elemento na construção do saber acadêmico. Deste modo, acreditamos que guiados pelos objetivos propostos no estatuto, a Liga Acadêmica Baiana de Cuidados Paliativos (LABCP) contribuirá para divulgação e sensibilização dos CP entre os profissionais de saúde, estudantes e comunidade da cidade do Salvador (BA), permitindo com que o cuidar oferecido aos enfermos e familiares promovam qualidade de vida e conforto. Ligações pós-óbito aos familiares enlutados: assistência ao familiar enlutado na prevenção de lutos Autores: Sathie Kamizono; Stella Ramos Pereira; Danile Azevedo; Camila Belentani; Luciane Patrícia Amaral www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 89 Instituição: Santa Helena Assistência Médica Introdução: Em Cuidados Paliativos, observamos que no processo que antecede a morte do familiar gravemente enfermo, todos os envolvidos demonstram grande sofrimento muitas vezes expresso de forma velada. Isto porque pacientes e familiares diante da impotência gerada pela proximidade da morte, escondem sua dor e demonstram a esperança que lhes permite continuar lutando pela vida e/ou enfrentando as dificuldades decorrentes do adoecimento. Segundo Fonseca (2004) o enlutamento possibilita que o enlutado reconheça que a pessoa perdida realmente se foi e que precisa realizar mudanças internas (psicológicas) e externas (comportamentais e sociais) que lhe permitem se adaptar a sua nova realidade. Por meio do luto a pessoa pode admitir a perda e se preparar para outros processos que virão. Material e métodos: Foi realizado um estudo transversal através de contato telefônico para familiares ou cuidadores de pacientes acompanhados por um serviço de Cuidados Paliativos do setor privado que evoluíram para óbito. As ligações se realizaram no período de novembro de 2009 a junho de 2010, tendo o contato ocorrido dentro do período mínimo de 15 dias após a morte de nossos pacientes, sendo o período máximo para a realização do contato, de até 20 dias. Posterior a realização das ligações, foi preenchido protocolo previamente elaborado pela Psicóloga, para avaliação dos dados coletados. Em situações em que não foi possível o contato telefônico na primeira tentativa, foram realizadas até 3 tentativas em dias diferentes. As ligações tiveram como objetivo verificar aspectos emocionais no relato de familiares enlutados como prevenção de lutos complicados. Resultados: Realizamos no período (Nov/09 a Jun/10) acompanhamento de 33 ligações para familiares enlutados. Verificamos que 69% relataram sobre o adoecimento de seus entes, 45% falaram a respeito do momento da morte e 45% do pós-morte. Observamos como aspectos emocionais que: 39% apresentavam ambivalência de sentimentos, 12% perdas anteriores não elaboradas, 12% com sintomas físicos e 30% com sintomas emocionais relacionados ao luto, 18% demonstraram dependência emocional, 21% consideram que se despediram, 39% apresentaram família integrada, 48% relataram a preparação para morte através de condutas de profissionais da equipe de Cuidados Paliativos, 30% atribuíram significados positivos à perda e 3% significados negativos. Verificamos ainda, 24% sofreram perdas secundárias após a morte de seus familiares. E 36% utilizaram-se da fé ou religiosidade como recurso de enfrentamento. Dessa forma, encaminhamos 15% para acompanhamento psicológico, com a finalidade de elaboração do luto normal e prevenção de lutos complicados. Conclusão: Através do relato obtido nas ligações pós-óbito, avaliamos o estado emocional dos familiares enlutados, oferecendo assistência aos que necessitaram de apoio psicológico. E ainda, verificamos a relevância da intervenção no luto antecipatório de pacientes e seus familiares. Materiais instrucionais para capacitação de famílias em Cuidados Paliativos oncológicos no domicílio Autores: Maria Cristina Soares Figueiredo Trezza; Raysa E. S. Assis; Vanessa Pereira Neves; Mariane M. Oliveira; Vinícius S. Rodrigues Instituição: Universidade Federal de Alagoas www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 90 Introdução: Esse trabalho trata sobre a experiência de confeccionar materiais educativos para acadêmicos de enfermagem e familiares que cuidam em domicílio de pessoas em Cuidados Paliativos oncológicos (CPO). A idéia de realizá-lo surgiu da vivência dos autores em um projeto de extensão desenvolvido por docentes e estudantes de Enfermagem da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que capacita as famílias para cuidar de seus familiares em fase de Cuidados Paliativos oncológicos no domicílio. A experiência mostrou que a orientação na modalidade apenas verbal era insuficiente para garantir uma fonte segura de consulta para os estudantes e familiares que norteasse o cuidado e as demandas originadas em situações onde o facilitador e acompanhante da família não estivessem presentes. Portanto, o objetivo desse trabalho é apresentar à comunidade que lida com estudantes e famílias que cuidam de pessoas na fase CPO, os materiais instrucionais desenvolvidos por esse grupo como mais uma fonte que vem a somar com outras no aperfeiçoamento desse tipo de assistência. Material e métodos: O processo de confecção dos materiais, que foi realizado de forma coletiva pelo grupo, no período de agosto de 2009 a julho de 2010 passou pelas seguintes fases: 1ª) Levantamento e discussão dos materiais existentes e veiculados pela Internet, com enfoque semelhante ao que necessitávamos; 2ª) Decisão acerca de que materiais seriam confeccionados para nossa realidade; 3ª) Divisão com os membros do grupo de tarefas referentes a partes do trabalho que seria executado a partir de um sumário tentativo; 4ª) Discussão com todo o grupo sobre o material que foi estudado e produzido; 5ª) Seleção, organização e revisão final dos materiais confeccionados; 6ª) Busca de uma fonte de financiamento para editoração. Resultados: No levantamento e discussão, concluímos que os materiais existentes não atendiam às nossas necessidades, pois alguns eram muito extensos, muitos tinham uma linguagem de difícil entendimento para o nosso público e em sua maioria eram voltados para a instituição hospitalar e não domiciliar. Os temas dos materiais foram selecionados a partir das dúvidas, dificuldades de acesso aos profissionais e da falta de habilidade, expressados pelos estudantes e familiares. Os materiais produzidos foram: Manual da família cuidadora; Manual do estudante de Cuidados Paliativos; Folders sobre traqueostomia, soroterapia, hipodermóclise, sonda nasoenteral e ostomias, esses últimos direcionados ao público das salas de espera do ambulatório do CACON e aos pacientes residentes no interior que serão socializados nesse congresso. A fonte que financiou a editoração foi o Programa de Redirecionamento Curricular de Profissionais de Saúde para o SUS (PROSAUDE), no qual existia uma rubrica que apoiava a confecção de materiais educativos. Conclusão: Ainda não foi possível fazer uma avaliação do impacto desses materiais no trabalho do grupo, vez que estamos iniciando a sua utilização da qual precederá um treinamento dos estudantes com base no conteúdo veiculado no manual e o fornecimento às famílias a partir de agora do manual direcionado às mesmas. No entanto, ao apresentar à comunidade esses instrumentos, consideramos como uma avaliação inicial, sugestões, acréscimos e críticas para o seu aperfeiçoamento. Medicamentos e fluidos utilizados por hipodermóclise Autores: Toshio Chiba; Gabriela Ferri Carone; Fabiana Tomie Becker de Carvalho Chino; Daniela Augusta Pereira; Fernanda Rodrigues Sbrissa Instituição: Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 91 Introdução: O tratamento medicamentoso e a reposição hidroeletrolítica podem ser realizados de forma efetiva pela hipodermóclise (método de infusão de fluidos isotônicos e/ou medicamentos por via subcutânea). Esta técnica pode ser adotada nos pacientes em Cuidados Paliativos que já não toleram administração por via oral. Os medicamentos utilizados pela hipodermóclise devem ser de baixa viscosidade, não irritantes teciduais e as soluções utilizadas devem ter tonicidade próxima à fisiológica. A absorção pela via subcutânea é semelhante à via intramuscular, porém mais lenta e gradual, permitindo efeito prolongado dos fármacos. Material e métodos: Revisão de literatura realizada nas bases de dados PubMed, Cinahl e Web-ofScience e em periódicos científicos da área da saúde. Utilizados artigos na íntegra, publicados entre 2005 e 2009. Resultados: Revisados 12 estudos, sendo 33,3% relato de experiência, 33,3% revisão de literatura, 8,3% ensaio clínico, 8,3% relato de caso e 16,7% revisão sistemática de literatura. A hipodermóclise foi utilizada para infundir soluções de glicose, cloreto de sódio e glicofisiológica a concentrações determinadas, com volumes de 250 a 3000 mL em 24h, sendo indicado até 1 500 mL por sítio de punção. Os eletrólitos cloreto de sódio e cloreto de potássio podem ser administrados na forma diluída. Os medicamentos relatados foram analgésicos (21,1%), antieméticos e neurolépticos (10,5%), anticolinérgicos (7%), benzodiazepínicos (10,5%), antiinflamatórios (5,3%), antibióticos (14%) entre outros. Conclusão: A hipodermóclise é uma alternativa promissora para administração de medicamentos e fluidos quando se trata de terapia paliativa, minimizando o estresse causado ao paciente. No entanto, faltam estudos evidenciando a segurança terapêutica e farmacológica dos medicamentos utilizados. Na trilha do Prado do Sol: composições para um novo despertar Autores: Lara Teixeira Karst; Patrícia Marinho Gramacho Instituição: Associação de Combate ao Câncer de Goiás Introdução: Numa manhã de quinta-feira, no leito de um hospital oncológico, uma criança de dez anos de idade canta para a musicoterapeuta a composição musical que fez na noite anterior. A música escrita em seu caderninho de composições recebeu o nome de “Primeira Estrela”, a terceira das dezessete músicas que compôs pós transplante de medula óssea. A canção é um diálogo da criança com a estrela primeira do céu. Um sinal subjetivo, indicativo para um novo caminho do acompanhamento terapêutico interdisciplinar. Foram quatro meses da primeira composição musical até o óbito. Considerando a dificuldade de acompanhar o sofrimento infantil diante de uma doença grave, utilizamos a metáfora como um recurso para contar esta experiência. Partimos de uma história infantil que fala de como pode ser difícil esta vida de criança e como a fantasia, a cor e principalmente a música podem nos auxiliar a lidar com o real, ajudando na transição. “Como é difícil esta nossa vida de criança” é a estrofe continuamente repetida na história “O Prado do Sol”, imagem trabalhada junto a alguns pais enlutados nos atendimentos de psicologia e também junto a algumas crianças que enfrentam muitas frustrações durante o processo de tratamento com seqüelas e perdas físicas evidentes. É uma história difícil de ouvir, porém tem a finalidade de dar à criança a sensação de não estar sozinha no vivenciar de suas impossibilidades. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 92 Material e métodos: O suporte terapêutico foi feito por meio de atendimentos diários de musicoterapia e psicologia. Os conteúdos internos eram trazidos através de composições musicais e desenhos feitos pela criança. Cada canção, cada desenho, mostrava o lugar aonde a criança se encontrava emocionalmente, assim como trazia suas necessidades de acolhimento e respostas. O processo de criação das músicas durou três meses. Seguindo a vontade da criança, foi feita a gravação de um cd contendo treze canções. Resultados: A criança compôs a trilha sonora de seu caminho rumo à despedida, fazendo vários fechamentos. Na sequência de composições, a paciente traz elementos da hospitalização; conversa com seu corpo para que ele melhore; insere a espiritualidade trazendo estrelas, anjos; conscientizase das dificuldades do tratamento; expressa seu cansaço; relembra uma infância de brincadeiras e amigos legais; canta o sonho de tornar-se musicoterapeuta para ajudar as crianças; brinca com os bichinhos que enfeitam as paredes do hospital; declara seu amor à mãe; traz dúvidas, planeja atividades para quando tiver alta e retornar para casa; agradece ao papai do céu pela sua cura. Paralelamente, no trabalho psicológico a paciente foi integrando as dificuldades de sua vida de criança. Partindo de desenhos que expressavam desamparo, foi aos poucos se permitindo regredir e conseguir pedir aos pais aquilo que em sua vida de criança ainda não havia devidamente usufruído – a possibilidade de vivenciar o colo da mãe, como cantou em uma de suas músicas: “Mamãe eu quero o colinho seu que é o melhorzão, eu guardarei aqui no meu coração (...)”. Conclusão: O envolvimento de toda a equipe nos cuidados à paciente viabilizou o retorno à vida de criança, no movimento de transformar a realidade difícil da doença, das dores do tratamento, da distância de casa, em cantos de esperança, de reconciliações, reajustes de vínculos. A presença do trabalho integrado da equipe funcionou como uma ponte de duas vias, por onde seguiam os apelos da criança, por onde retornavam respostas para o seu fortalecimento Necessidade de Cuidados Paliativos em UTI: Santa Casa de Misericórdia de Pelotas (RS) Autores: Julieta Carriconde Fripp; Bianca Rodrigues Orlando; Aline Andre Rodrigues Instituições: Santa Casa de Misericórdia de Pelotas e Universidade Católica de Pelotas Introdução: As Unidades de Terapia Intensiva apresentam-se como espaços terapêuticos onde obstinadamente busca-se a cura de pacientes graves. Entretanto, observamos um crescente número de pacientes com doenças crônicas em fase avançada e sem possibilidade de cura, tendo a UTI responsabilidade de controlar sintomas e melhorar a qualidade de vida ou pelo menos não prolongar o sofrimento. Cuidados Paliativos em UTI são imprescindíveis, tendo em vista que as necessidades dos pacientes e seus familiares correspondem não somente aos aspectos físicos, mas também psicológicos, sociais e espirituais. Material e métodos: Realizou-se revisão dos registros de um ano de internações de pacientes com diagnóstico de câncer em fase avançada (estádios III e IV) internados n a UTI Geral da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, no período de março de 2009 a março, cujo desfecho comum foi óbito. A fonte de coleta do s dados foi uma planilha de registros diários, evoluções e intervenções realizadas na UTI, com destaque para as últimas 48h de vida dos pacientes estudados. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 93 Resultados: Foram incluídos na pesquisa 36 pacientes, sendo que 19,4% deles permaneceram um tempo inferior às 24h na UTI. Tempo médio de internação dos pacientes 9,7 dias e a média de idade foi 61 anos. Pontuação média do SOFA (Avaliação Seqüencial de Falência Múltipla) na admissão e no óbito, respectivamente, 5 e 10. Nas últimas 48 horas de vida os pacientes receberam: Ventilação mecânica (58,3%), Sedação (38,9%), Analgesia (44,5%), Antibióticos (66,7%), Vasopressores (36,1%). Motivos mais freqüentes de encaminhamento para a UTI: Insuficiência ventilatória (36,1%), pós-operatório de cirurgias com intenção curativa (25%), pós-operatórios de cirurgias com intenção paliativa (11%), Sepse ou choque séptico (11%), Insuficiência renal aguda (11%), outros (5,5%). Conclusão: Aceitar a morte como processo natural e dar suporte ao paciente em cuidado paliativo torna-se cada dia mais uma das atribuições da UTI. Ao tomar conhecimento da prevalência desses pacientes no cuidado intensivo, deve-se ter em mente evitar as futilidades terapêuticas, dolorosas e ineficazes, além de manter um contato humanizado com a família para que a morte seja aceita e mais digna. O atendimento da equipe interdisciplinar de Cuidados Paliativos oncológicos do Hospital do Câncer de Londrina Autores: Tatiana Brum Mendes; Alexsandra Nunes Santana Instituição: Hospital do Câncer de Londrina Introdução: O Serviço de Cuidados Paliativos do Hospital do Câncer de Londrina, de acordo com os princípios da Organização Mundial de Saúde, da IAHPC (2006), dos Centros Especializados em Oncologia, Ministério da Saúde e Leis Complementares do Sistema Único de Saúde vem em sua trajetória implantando essa atividade que passou por várias etapas até ser consolidada em 01 de março de 2008. Assim busca-se o controle dos sintomas físicos e dos problemas psicológicos, sociais e espirituais, tendo em vista alcançar a melhor qualidade de vida possível ao paciente e seus familiares. (Manual IAHPC2006) O Hospital do Câncer de Londrina possui uma equipe multiprofissional de Cuidados Paliativos que atende os pacientes em seus leitos a pedido de outras especialidades. Além desse serviço também possui área de assistência ambulatorial em Cuidados Paliativos, sem internação e uma assistência domiciliar que mantém visitas aos pacientes em suas casas. A equipe multiprofissional atinge as necessidades básicas citadas por Dunlop, sendo assim é formada por Médicos, Enfermeira, Assistente Social, Psicóloga, Fonoaudióloga e Nutricionista Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo divulgar as atividades de Cuidados Paliativos do Hospital do Câncer de Londrina tendo em vista alertar a necessidade desse serviço aos pacientes oncológicos, seus familiares e aos profissionais de saúde. Material e métodos: Para que o paciente possa ser atendido na Clinica de Cuidados Paliativos, seja na enfermaria, no ambulatório, ou no Atendimento Domiciliar, é necessário que médico assistente preencha o pedido de consulta padrão do Hospital. Para o ambulatório, a consulta deve ser marcada na data em que houver disponibilidade. Na enfermaria, o médico da equipe fará a avaliação, que poderá ser precedida da avaliação multiprofissional (Enfermeira, Nutricionista, Psicóloga e Assistente Social). A enfermaria fica destinada para os pacientes que se encontram com alto grau de dependência para executar as Atividades de Vida Diária, que estejam com necessidade de controle de sintomas e cuja família ainda não está organizada para cuidados no domicílio. Uma vez os sintomas estando controlados, o paciente necessitará de acompanhamento e monitoramento que poderá ocorrer no ambulatório (para aqueles pacientes que tem performance status igual ou maior www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 94 que 60) ou domicílio (para pacientes residentes de Londrina e com performance status menor que 60). Desde Setembro de 2008, o Hospital do Câncer de Londrina oferece a modalidade de atendimento domiciliar para os pacientes atendidos pela EICPO. Para a avaliação dos sintomas em qualquer modalidade de atenção, a equipe utiliza a Escala de Edmonton (ESAS). Resultados: Para demonstrar o atendimento realizado pela equipe foram utilizados os dados de 2009 sobre as atividades realizadas pelo serviço. No ano de 2009, tivemos 250 pacientes em ambulatório, 177 de internação, 110 óbitos, 197 atendidos no domicílio e 552 visitas domiciliares. Conclusão: Conclui-se que o trabalho da equipe proporcionou aos pacientes e seus familiares uma abordagem mais humana nas questões do cuidado, no controle de sintomas, no pré-luto e luto, aos pacientes de Londrina e Região. Demonstra sua necessidade de continuidade e ampliação para que possa atender o numero maior de pessoas que precisem desse serviço na nossa região. Reforça a importância dos Cuidados Paliativos como parte integrante da política nacional de câncer. O controle da dor no câncer avançado: atuação fisioterapêutica e relato de caso Autora: Luiza Pokrajac Veloso Instituição: Instituto Nacional do Câncer (INCA) Introdução: O câncer de pele é o mais incidente no Brasil e corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no país, sendo o tipo epidermóide o mais agressivo e menos incidente. O câncer pode lesar os nociceptores através da invasão direta do tecido pela neoplasia, ou pela lesão do sistema nervo central ou periférico provocando, por exemplo, a dor fantasma comum em amputados. Cerca de 18 milhões de pessoas, em todo mundo, sofrem da dor gerada pelo câncer e quase 25% dos pacientes oncológicos morrem com dor severa e mal controlada. Este relato de caso apresenta um paciente do sexo masculino, 66 anos, casado, ex-caminhoneiro, matriculado no INCA em 08/06/09, recebeu no dia 16/06/09 o diagnóstico de carcinoma epidermóide de pele em membro inferior esquerdo progredindo para região axilar à esquerda e pulmões. Foi submetido a quatro sessões de Radioterapia neo-adjuvante no período de 20/07 a 10/08/09. Foi realizada no dia 09/12/09 a cirurgia de Berger à esquerda (ressecção de todo o membro superior e cintura escapular incluindo a escápula e uma porção da clavícula). Com o avanço da doença foi encaminhado para unidade de Cuidados Paliativos (UCP) desta Instituição, com o propósito do alívio dos sintomas e melhora da qualidade de vida. Ocorrem três internações hospitalares (IH) após o seu encaminhamento para UCP, sendo a 1ª do dia 09/03/10 a 19/03/10, a 2ª 26/04/10 a 04/05/10 e a 3ª de 24/05/10 a 26/05/10, neste ocorreu seu óbito. Este estudo tem como propósito demonstrar e enfatizar a importância da atuação fisioterapêutica, especializada em oncologia, em unidades de Cuidados Paliativos oncológicos. Material e métodos: A pesquisa constou da análise de prontuário de um paciente encaminhado para Unidade de Cuidados Paliativos oncológicos, esta localizada no Instituto Nacional de Câncer (INCA) Unidade IV; e de um levantamento bibliográfico, em língua portuguesa, através das bases de dados MEDLINE, LILACS utilizando o portal da Biblioteca Virtual em Saúde – BVS (http://www.bvs.br) no período de 2002 a 2010. O tratamento fisioterapêutico consistiu de uma sessão diária utilizando as técnicas de dessensibilização (associado com o toque terapêutico), estimulação elétrica nervosa transcutânea por 60 – 120 minutos e exercícios ativos, nesta seqüência, o cuidador foi orientado a lançar mão da dessensibilização em caso de dor noturna. As técnicas foram aplicadas ao redor da região do tumor. A Escala Análogo-Visual de Dor (EVA) foi utilizada www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 95 como instrumento na mensuração da dor, previamente e após atendimento, uma vez que as informações fornecidas serão sempre parâmetros para a avaliação da adequação do tratamento. Resultados: Constatou-se que desde o primeiro dia de abordagem fisioterapêutica até o último dia da sessão, na 1ª IH, a redução da dor foi de 100%, já na 2ª IH foi de 75% e na 3ª IH chegando a 85%; a quantidade de resgates foi de 4, 9 e 14 respectivamente. Conclusão: A dor gera sofrimento em aproximadamente 90% dos pacientes em fase terminal, sua intensidade varia de moderada a severa. Mediante os resultados significativos no manejo da dor, vêse fundamental a atuação de fisioterapeutas especializados em oncologia nas unidades de Cuidados Paliativos oncológicos, tendo em vista seus propósitos de priorizar a redução dos sintomas, promover funcionalidade e melhora da qualidade de vida ao paciente, através de métodos e recursos que lhes são peculiares.. O uso da hipodermóclise na assistência domiciliar do município de Campinas (SP) Autores: Talita Cristina Barbosa Rezende; Carla Cristina da Silva Alves; Liliane Martins Grassi Hirata; Maria Amália Guerra Monteiro; Monalisa Fernanda Bocci de Oliveira; Monica Regina Prado de Toledo Macedo Nunes Instituição: Prefeitura Municipal de Campinas Introdução: A hipodermóclise é uma via de manejo fácil e seguro pelos profissionais da área da saúde e pelos cuidadores. Representa uma alternativa às vias oral e retal para a manutenção do suporte clínico dos pacientes em Cuidados Paliativos. Permite a administração de fluídos, eletrólitos e medicações por via subcutânea. Nosso objetivo é descrever o uso da hipodermóclise no tratamento dos pacientes do Serviço de Assistência e Internação Domiciliar (SAID) das regiões Norte e Leste do Município de Campinas-SP. Material e métodos: Estudo retrospectivo, transversal, realizado a partir do levantamento de prontuários do SAID Norte e Leste. Foram incluídos os pacientes que receberam qualquer tratamento através de hipodermóclise nos meses de janeiro a junho de 2010. Foi feito levantamento do perfil etário e de sexo para descrição da amostra; das doenças de base e dos diagnósticos para a realização da hipodermóclise; dos medicamentos ou fluidos utilizados, da ocorrência de complicações e da aceitação pelos cuidadores. Resultados: O Serviço apresentou média de 84 pacientes/mês, sendo 77 em Cuidados Paliativos, com média de idade de 71 anos; 55,6% eram homens. Neste período, 18 pacientes usaram hipodermóclise. Nove pacientes apresentavam como doença de base neoplasia, oito apresentavam demência, dois seqüela de Acidente Vascular Cerebral e um paciente lesão encefálica anóxica. As medicações realizadas para controle dos sintomas foram: morfina, haldol, clorpromazina, dexametasona, midazolam e hioscina. Dois pacientes receberam hidratação por esse acesso e 2 antibioticoterapia (ceftriaxone). Em um paciente foi administrado glicose. Somente três casos (16,7%) apresentaram complicações locais (hiperemia (11,1%), edema (5,6%), prurido (5,6%) e endurecimento local (5,6%) e somente im caso (5,6%) apresentou extravasamento da medicação no sítio da punção. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 96 Conclusão: A hipodermóclise é uma via de administração segura, eficaz e de fácil realização técnica, com baixo risco de complicações. Ocasionou poucos desconfortos para o paciente, favorecendo o controle adequado dos sintomas e foi de boa aceitação pelos cuidadores. Além disso, diminuiu o número de internações hospitalares desses pacientes por possibilitar o tratamento domiciliar. Sendo assim, promoveu um impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes e de seus cuidadores, assim como redução de custos na assistência à saúde. O uso da terapia subcutânea por um programa de atenção domiciliar municipal: relato de experiência Autores: Ana Paula Abranches F. Peixoto; Bruno Fernando da Silva Reis; Linalva Ferreira de Souza Instituição: Programa de Atenção Domiciliar da Prefeitura de Belo Horizonte (PAD/SUS/BH) Introdução: A hipodermóclise, administração de fluidos por via subcutânea, foi introduzida na década de 40 e vem sendo “redescoberta” nos últimos anos, principalmente devido ao crescimento de determinadas áreas da medicina, tais como os Cuidados Paliativos e a Geriatria. Seja pela administração de fluidos ou de fármacos, em bólus ou infusão contínua, a via subcutânea mostra-se técnica segura, de fácil realização e baixo custo, permitindo conforto ao paciente e seus familiares. Apesar de sua eficácia e baixa incidência de complicações, ambas já evidenciadas pela literatura científi ca, há ainda desconhecimento por parte de muitos profissionais da existência desta técnica. Objetivando demonstrar a experiência de um serviço de atenção domiciliar municipal com uso da via subcutânea, o presente estudo se justifica como meio de divulgação desta técnica Material e métodos: Realizou-se estudo descritivo, retrospectivo, por meio da análise dos prontuários dos pacientes atendidos no período de agosto de 2008 a maio de 2010, nos quais foi utilizada a via subcutânea. As seguintes variáveis foram buscadas: idade, sexo, patologias, indicação de uso, fármacos administrados, duração média da técnica e complicações. Realizou-se revisão de literatura nos bancos de dados LILACS e PUBMED com os descritores hypodermoclysis e subcutaneous infusion. Resultados: No período do estudo a via subcutânea foi utilizada em 30 pacientes. A média de idade foi de 69,9 anos, com mínimo e máximo, respectivamente, de 30 e 97 anos. Os pacientes de 60 anos ou mais representaram 76,66% da amostra do estudo. Houve prevalência do sexo masculino (56,66%). Os diagnósticos mais encontrados foram as neoplasias malignas (43,33%) e doenças cerebrovasculares/neurológicas (33,33%). As principais indicações de uso foram: hidratação (53,33%); hidratação e controle de dor/outros sintomas (40%); controle de dor/outros sintomas (3,33%); e administração de medicamentos (3,33%). Os fármacos utilizados foram morfina, escopolamina, haloperidol, midazolam, furosemida e ceftriaxona. Morfina e escopolamina foram os mais prevalentes, representando, respectivamente, 33,33% e 23,33% dos medicamentos utilizados. A duração média de uso da via subcutânea foi de 4,2 dias por paciente, com variação de uso de no mínimo um e no máximo 16 dias. Em 93,33% dos casos não houve relato de complicações. Em dois casos (6,66%) houve relato de dor. Conclusão: A via subcutânea revelou ser método terapêutico eficaz dentro das suas indicações, proporcionando conforto e redução do sofrimento associado ao processo de doença, bem como, de fácil manejo e baixo índice de complicações em nosso serviço, o que se assemelha com os trabalhos científicos já publicados acerca do tema. A distribuição de folder explicativo sobre a www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 97 hipodermóclise para os pacientes e seus familiares contribuiu para maior compreensão, aceitação e divulgação da técnica. O uso de filme como ferramenta de ensino do processo de morrer: relato de experiência Autores: Tatiane Vagette Pinto Instituição: Faculdade de Jaguariúna Introdução: A morte faz parte do desenvolvimento humano em seu ciclo vital. A educação é fundamental para construir a base e criar a cultura necessária para a difusão do conceito do cuidado paliativo e de todas as características que lhe são inerentes. Torna-se necessária a existência de diferentes níveis de educação para as diversas profissões da área de saúde, de acordo com as necessidades de cada um e a especificidade de cada profissão, assim, tais conteúdos devem ser tratados desde a graduação. Objetivo: este trabalho tem por objetivo apresentar a experiência no ensino do processo de morrer, utilizando como ferramenta filmes sobre o tema junto a graduandos do 5° semestre, dentro da disciplina Saúde da Criança e do Adolescente II, do curso de enfermagem da Faculdade de Jaguariúna (FAJ). Material e Métodos: inicialmente foram selecionados dois longas-metragens “Minha vida sem mim” e “Uma prova de amor” e dois curtas-metragens: “A morte”, “O ensaio”, que tratam da morte e do luto. Em seguida, os graduandos foram orientados a assistir um longa e um curta-metragem e a elaborar a ficha técnica do filme e a identificar situações que representassem: Cuidados Paliativos, morte e luto. Então, foi ministrada uma aula para discussão dos conceitos descritos anteriormente. Para finalizar foi realizada a discussão sobre os filmes e foram esclarecidas dúvidas ainda presentes. Resultados: os conteúdos de morte e luto foram trabalhados em três momentos diferentes e utilizando estratégias diferentes, isso facilitou o processo de aprendizado e avaliação dos mesmos. A maioria dos graduandos optou por assistir ao longa “Uma prova de amor” e aos dois curtas sugeridos, provavelmente essa escolha se deva ao fato de que o longa é relativamente recente e fácil de ser encontrado, já os curtas, estão disponíveis na internet o que facilita o acesso.Utilizar como ferramenta os filmes além de sensibilizar sobre o tema, aproxima de uma forma mais afetiva o conteúdo, o que pode ser constatado tendo em vista que durante as discussões alguns alunos fizeram relatos de experiências pessoais associando-as a situações presentes no filme e aos conteúdos trabalhados. O uso dessa ferramenta contempla o desenvolvimento das habilidades de observação, escuta, elaboração dos sentimentos e a partilha com os outros alunos e docentes. Conclusão: a experiência nos mostrou que o uso de filmes facilita o processo de aprendizagem de temas tão difíceis como a morte e o luto na medida em que facilita a comunicação, e que a discussão posterior permite o amparo emocional deste pelo grupo e pelo docente. Há um conhecimento prévio que precisa ser valorizado, mas que muitas vezes tem que ser desmistificado, ampliado e consolidado, (des)construído e (re)construído. Entretanto é real a necessidade de que outras estratégias sejam associadas e que os conteúdos sejam trabalhados em diferentes momentos ao longo de processo de formação. O uso de materiais alternativos para confecção de órteses em Cuidados Paliativos www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 98 Autores: Tatiana dos Santos Arini; Maira Tereza Sales Furtado; Marília Bense Othero Instituição: Hospital Premier Introdução: Define-se como órteses todos os dispositivos utilizados para suportar ou imobilizar parte do corpo que esteja em processo de reabilitação, a fim de prevenir e/ou corrigir deformidades. Em Cuidados Paliativos, a prevenção e/ou a recuperação de deformidades deve priorizar a qualidade de vida. Para oferecer um atendimento de qualidade a pacientes portadores de seqüelas neurológicas graves, o setor de Terapia Ocupacional de um hospital de Cuidados Paliativos na cidade de São Paulo desenvolveu uma nova forma de órtese para prevenção e melhora funcional com conforto. O objetivo deste trabalho é relatar a utilização de órteses em materiais alternativos, mais confortáveis para promover a prevenção, correção de deformidades e melhor alinhamento na posição funcional. Material e métodos: Trata-se de relato de caso de atendimento individual em Terapia Ocupacional em serviço hospitalar de Cuidados Paliativos na cidade de São Paulo. V.P.E, paciente do sexo feminino, casada, 53 anos, com seqüela de AVCH pós rompimento de aneurisma cerebral, com graves seqüelas motoras e cognitivas, acamada, dieta por via GTT. Chegou para atendimento em Terapia Ocupacional com dedos, punho e cotovelo de ambos os membros com deformidades em flexão, espasticidade grave e hipersensibilidade ao toque. Avaliou-se a necessidade de melhorar o posicionamento da paciente, a fim de evitar piora das deformidades, bem como facilitar cuidados gerais, como higiene. Para isso, foram desenvolvidas órteses em material de espuma de alta densidade e modeladas conforme a necessidade da paciente, no máximo de extensão alcançado pela mesma. A colocação e retirada das órteses ocorrem nos atendimentos de Terapia Ocupacional, que são realizados cinco vezes por semana, no leito. As órteses são retiradas após um período de duas horas. . Resultados: Com a utilização da espuma de alta densidade, observou-se aceitamento do dispositivo pela paciente, sem desconforto, mesmo com a sua hipersensibilidade ao toque inicial. Após quatro meses de utilização das órteses, observa-se ainda relaxamento da musculatura de membros superiores e pequeno ganho da amplitude de movimento. É importante ressaltar que este modelo de órtese possibilitou o melhor controle da dor à manipulação. Conclusão: A utilização da órtese em Cuidados Paliativos deve ser bem avaliada, já que o objetivo máximo é o conforto. A prevenção e/ou correção de deformidades é importante, visando controle da dor e piora do quadro com a evolução da doença; porém, é necessário adaptar o material e o modelo a ser utilizado. A utilização de materiais alternativos, como a espuma de alta densidade, mostrou-se um recurso eficaz e confortável para o melhor posicionamento de pacientes com graves seqüelas neurológicas. Os medos das mães de crianças gravemente enfermas atendidas na Casa do Aconchego Autores: Eleny Vassão de Paula Aitken; Rosana Chami Gentil; Giselda Tardim; Amanda Durões Figueiredo Instituição: Associação de Capelania Evangélica Hospitalar www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 99 Introdução: No ministério de capelania evangélica hospitalar desenvolvido em todo o Complexo HC/FMUSP por mais de 20 anos, com equipe especializada em atendimento espiritual às mães e crianças do Instituto da Criança e do ITACI, aprendemos a observar através do ouvir com compaixão e ministrar às dores das mães e das crianças enfermas, principalmente aquelas que enfrentavam a morte próxima. Por esta razão, criamos a Casa do Aconchego, localizada perto destes hospitais, visando oferecer à estas mães e também às crianças em tratamento ambulatorial, um lugar de conforto físico (banho, cama, máquinas para lavagem de roupas, refeições, roupas), emocional (artesanato, palestra, atividades lúdicas para as crianças) e espiritual (aconselhamento), onde pudessem expressar as dores de suas almas e serem consoladas. O objetivo deste trabalho é apresentar às necessidades internas mais profundas das mães das crianças enfermas em tratamento ambulatorial, principalmente aquelas que enfrentavam a morte próxima, na Casa do Aconchego.. Material e métodos: Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, buscando no discurso dessas mães a compreensão do significado de cuidar do seu filho gravemente enfermo. Para tal, foram entrevistadas 24 mães com situações de vida semelhantes, de diferentes credos religiosos, que compareceram espontaneamente na Casa do Aconchego, no período de 22 a 28 de julho do corrente ano, para receber seus benefícios. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas individuais semi-estruturadas. Os dados foram analisados segundo a metodologia de análise de conteúdo. Este estudo faz parte de uma pesquisa maior que esta sendo realizada e relatamos aqui algumas das respostas mais comuns. Resultados: As perguntar realizadas e as respostas obtidas foram: O que tem sido, para você, cuidar de seu filho doente? “Nada fácil, mas com muita luta e com muito carinho, com vitória”; “Uma luta para nós dois.”;”As vezes é muito cansativo, outras vezes é como uma penitência”; “A cada dia que passa, uma coisa diferente.”; “Bem cansativo, até pelo fato de não estar em minha cidade.”; “Muito sofrimento.”; “Muito difícil, pois todas as vezes que venho tenho que deixar minhas filhas em outra cidade.”; “Um aprendizado, uma verdadeira lição de vida.”; “Um grande ensinamento de vida e de temor a Deus.”; “Não tem sido fácil, mas com fé em Deus, tenho força para seguir adiante.”; “Muito difícil, mas seguro na mão de Deus e para Ele nada é impossível.”; “Uma lição de vida, as vezes bem difícil, mas superamos por etapas”.Qual tem sido sua fonte de forças para continuar a cuidar de seu filho? “O amo r que sinto por minha filha e saber que ela está reagindo bem, graças a Deus.”; “Meu Deus.”; “Meu Deus, pois só nele encontro a minha esperança.”; “Deus e minha família.”; “Deus”; “Sempre Deus em primeiro lugar, com muita fé e orações.”; “A força espiritual que vem do Senhor Jesus.”; “Deus e o povo da igreja.”; “Deus e a minha mãe.”; “Primeiro Deus e depois a minha família.”; “A força que o Senhor todo poderoso me deu.”; “Minha família e a fé.”; “Quem me dá força é Jesus, porque eu sei que em todos os momentos Ele está comigo.”; “Me apeguei a Deus.”; “Deus, meu marido e os outros filhos.”; “Em primeiro lugar Deus, pois só através dele pude superar esses obstáculos.; “Deus, e depois os médicos e as pessoas.”; “Fé em Deus”.Quais são as perguntas e os medos mais comuns seus e dele (a)?“Que ela tenha recaída no tratamento.”; “Medo de morrer e me deixar.”; “Medo de não se recuperar totalmente.”; “Medo de ser furado.”; “Medo dela vir a falecer, de não agüentar.”; “Mãe, o que fiz para merecer isso?”; “Por que só eu sou diferente?”; “Medo de não podermos chegar até o fim Conclusão: Percebemos que as mães formam fortes vínculos umas com as outras por causa da situação, necessidades e medos em comum, e estão muito abertas em busca de conforto e atendimento integral para que possam continuar a ter forças para lutar e enfrentar as dores e perdas de seus filhos. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 100 Percepção do cuidador de um portador de Alzheimer: relato de experiência Autores: Marina Apolônio de Barros; André Luis Braga Costa; Rayanne Luiza Tajra Mualem Araújo; Erika Bárbara Abreu Fonseca Thomaz Introdução: O Alzheimer é uma doença neurológica degenerativa que se caracteriza por perdas graduais da função cognitiva e distúrbios do comportamento e afeto. As alterações fisiológicas e biológicas no idoso exigem participação e ajuda dos familiares. É comum a família obrigar-se a reajustar seus papéis para facilitar o enfrentamento da situação específica no âmbito doméstico. Na literatura, a maioria dos estudos vincula ao papel do cuidador ônus e estresse, segundo a avaliação dos familiares que desempenham esse papel. Os cuidadores correm o risco de não saber lidar com a situação por não possuírem conhecimentos prévios sobre a doença, prejudicando assim não só a saúde do idoso, mas, principalmente a própria saúde. Este estudo tem como objetivo analisar a percepção do cuidador sobre os cuidados prestados ao idoso com Alzheimer. . Material e métodos: Relato de experiência realizado na Clínica Médica do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão no dia 10/12/09. A pessoa estudada é a cuidadora de uma idosa portadora de Alzheimer, internada neste hospital devido diabetes descompensado. Para instrumento de pesquisa, foi utilizada uma entrevista estruturada, com questões abertas e fechadas segundo os dados de identificação da cuidadora, além de perguntas objetivando as necessidades da mesma.. Resultados: R.T.M, 54 anos, feminino, aposentada, 2º grau completo, é cuidadora de sua mãe M.L.T.M., 86 anos, portadora de Alzheimer. Há 10 anos a cuidadora notou na idosa, modificações como: surtos, teimosia, falhas de memória, déficit no autocuidado e desorientação no tempo e espaço. Após perceber esses sintomas, levou-a no médico, sendo diagnosticada a doença de Alzheimer no estágio moderado. A cuidadora relata que não consegue assumir empregos extradomiciliares devido aos cuidados que devem ser dispensados integralmente e diariamente à idosa. No início, quando a doença foi descoberta, as reações da cuidadora foram diversas: insegurança, revolta, preocupação e pena. Quando questionada sobre como é cuidar de um paciente com Alzheimer, a cuidadora relatou: “É difícil porque você não tem conhecimento, não sabe o que é realmente essa doença, e no dia a dia você vai lidando com situações bem diferentes, muitas vezes perde a paciência, fica estressada, na verdade, você fica pior do que ele, porque ele está ali lhe olhando e não tem nenhuma reação, enquanto você está desesperada com a situação.” Dentre os fatores que facilitam o cuidado, foi citado que a idosa ainda consegue andar, se alimentar sozinha e compreende as ordens verbais. Já os fatores que dificultam são segundo ela: falta de condições financeiras para contratar outro cuidador e as eliminações intestinais. Ela relata: “É muito difícil a hora que ela vai fazer as necessidades, porque ela não quer ajuda, não consegue se limpar direito, pega no papel sujo, e não aceita ajuda. Isso é extremamente estressante porque ela fica fedendo, não quer tomar banho e ainda se irrita com nossa ajuda.” Por fim, a cuidadora foi indagada quanto ao seu preparo para realizar os cuidados, respondeu que sente a necessidade do preparo adequado para cuidar de um portador de Alzheimer, pois possui conhecimentos superficiais sobre a doença, e refere que somente com tempo e experiência, será capaz de cuidar da idosa por si só. Conclusão: Nota-se a dificuldade para se cuidar de um idoso com Alzheimer, observando assim a necessidade de uma assistência a esses cuidadores, com o intuito de prepará-los para as alterações adivinhas da doença de Alzheimer. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 101 Perfil de pacientes atendidos em um serviço de oncologia para direcionamento dos Cuidados Paliativos Autores: Raissa Silva Souza; Elenice Dias Ribeiro de Paula Lima; Késsia R. Alves Instituição: Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Introdução: Desde que os primeiros serviços de Cuidados Paliativos iniciaram-se no Brasil, na década de 1980, novas iniciativas têm-se tornado cada vez mais frequentes em nosso meio. Em Minas Gerais, apesar de alguns ambulatórios vinculados ao SUS que prestam atendimento ambulatorial às pessoas com doença oncológica fora de possibilidade de cura, ainda há falta de serviços específicos que ofereçam Cuidados Paliativos. Reconhecendo a enorme necessidade de se oferecer tais cuidados a pacientes oncológicos, iniciamos há aproximadamente 5 meses, um serviço de Cuidados Paliativos em um setor de oncologia de um hospital escola em Belo Horizonte. Para que intervenções adequadas e eficazes sejam planejadas e implantadas no manejo dos sintomas, sentimos a necessidade de realizar uma coleta sistematizada de dados referentes ao perfil sóciodemografico e clínico dos pacientes atendidos nesse ambulatório. Objetivo: Por este motivo, propusemos a realização deste estudo com o objetivo de identificar o perfil sóciodemografico e clínico dessa população, proporcionando assim subsídios para um adequado planejamento de ações que visam o alívio de sintomas dos pacientes e melhoria da qualidade de vida. . Material e métodos: Trata-se de um estudo seccional, descritivo. Para levantamento dos dados, propomos usar os seguintes instrumentos: (1) Formulário de informações sociodemografico e clínicas, (2) Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton (ESAS), (3) Escala de capacidade funcional pessoal (ECOG) e (4) questões específicas sobre sintomas mencionados pelo paciente, para mensuração de frequência, intensidade, fatores desencadeantes, fatores que levam à piora ou melhora do sintoma, interferência do sintoma nas AVD, e utilização ou não de medidas medicamentosas ou não-medicamentosas para alivio do sintoma. Os instrumentos serão utilizados para direcionamento da coleta de dados durante as consultas clínicas dos pacientes, e em consultas aos prontuários. Análise dos dados: Os dados serão inseridos no programa estatístico SPSS, onde serão tratados e analisados. Será computada estatística descritiva para todas as variáveis do estudo. Os resultados permitirão a identificação do Perfil dos pacientes para adequado planejamento dos Cuidados Paliativos. Resultados: Os resultados serão apresentados em gráficos e tabelas, analisados à luz da literatura e divulgados. . Conclusão: A conclusão do trabalho será apresentada e servirá para direcionar o plano de assistência aos pacientes atendidos no serviço. Perfil do paciente internado e seus cuidadores e familiares numa unidade de Cuidados Paliativos Autores: Bianca Oigman; Daniella Righetti de Oliveira Glória Instituição: Instituto Nacional do Câncer (INCA) www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 102 Introdução: A doença afeta o indivíduo na sua totalidade. Um paciente sendo assistido pela pro posta de Cuidados Paliativos demanda suporte integral e um olhar tanto para o seu corpo, quanto para a sua história, incluindo suas impossibilidades, seus desejos, suas relações. Partindo deste pressuposto, fica clara a necessidade de uma abordagem holística, onde o paciente e sua família podem ser atendidos nas suas necessidades, sejam elas: físicas, psíquicas/emocionais, sociais e espirituais. Lidar com o “não há mais nada a fazer” é um dos grandes desafios na abordagem com pacientes e familiares acompanhados numa Unidade de Cuidados Paliativos. A abordagem da Psicologia visa proporcionar um espaço para identificar e instrumentar as instâncias envolvidas no processo, buscando recursos de enfrentamento possíveis e saudáveis diante da realidade de um prognóstico reservado. O presente trabalho visa mostrar o perfil do paciente internado na Unidade de Cuidados Paliativos do Instituto Nacional de Câncer e avaliar no momento da alta hospitalar o enfrentamento a partir da intervenção do atendimento psicológico. Material e métodos: Durante a internação hospitalar, a abordagem da Psicologia ocorre por meio de demanda do paciente, familiares/cuidadores, equipe, ou da busca ativa do próprio psicólogo. Após essa abordagem, os indicadores clínicos da Psicologia são preenchidos, auxiliando a traçar um perfil psicológico do paciente e seus familiares/cuidadores. Nos indicadores clínicos avaliamos sintomas psicológicos presentes, como: humor triste, ansiedade, a existência ou não de estresse pelo processo de hospitalização e sobrecarga do cuidador. O modo como manejam o prognóstico reservado e como se apresenta o enfrentamento no momento da alta hospitalar, também estão inclusos na avaliação. Resultados: A partir da avaliação dos indicadores clínicos dos pacientes e seus familiares/cuidadores, coletados durante o período de janeiro à julho na internação hospitalar, verifica-se uma alta incidência de sintomas psicológicos. Em torno de 70% dos pacientes apresentam humor triste, 50% ansiedade, 30% estresse pelo processo de hospitalização e 10% dor total. Em relação aos cuidadores/familiares abordados, 80% apresentam humor triste, 60% ansiedade e 50% sentem-se sobrecarregados emocionalmente e fisicamente em função dos cuidados necessários ao paciente. O enfrentamento na alta/óbito do paciente se mantém em 44%, 34% modificam de alguma forma e 22% são impossíveis de avaliar. Em relação aos cuidadores e familiares, 40% mantém sua forma de enfrentamento, 48% tem seu enfrentamento modificado e 13% ficou impossível de avaliar. Conclusão: Analisando os resultados fica clara a importância da abordagem psicológica aos pacientes e cuidadores/familiares, facilitando a identificação dos recursos internos e externos existentes e auxiliando na elaboração dos conteúdos pertinentes ao enfrentamento diante do processo de adoecimento e finitude. A atuação da psicologia corrobora com a filosofia maior dos Cuidados Paliativos de promoção de qualidade de vida, facilitando esse difícil processo vivenciado pelo paciente e seus familiares. Perfil dos pacientes acompanhados em ambulatório de Cuidados Paliativos geriátrico Autores: Tiago Pugliese Branco; Manuela Vasconcelos de Castro Sales; Mayra de Almeida Frutig; Carolina Menon Romani; Luís Saporetti; Wilson Jacob Filho Instituição: Hospital das Clínica (FMUSP) www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 103 Introdução: O novo Código de Ética Médica determina que, nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico deve evitar a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciar aos pacientes sob sua atenção todos os Cuidados Paliativos (CPs) apropriados. No Brasil, os serviços de CPs são, na sua maioria, voltados para pacientes oncológicos. Entretanto, com o envelhecimento populacional, tem-se notado o aumento da prevalência de doenças crônico-degenerativas, que, muitas vezes, exigem uma abordagem de CPs. Objetivamos com este trabalho, descrever o perfil do ambulatório de CP Geriátrico do Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP. Material Em métodos: Estudo retrospectivo de análise de prontuários de pacientes atendidos no Ambulatório de CP Geriátrico (ACPG) do HCFMUSP no período de Abril de 2009 a Junho de 2010. Resultados: Os pacientes acompanhados no ACPG têm idade maior ou igual a 60 anos, diagnóstico definido ou impossibilidade diagnóstica bem caracterizada. Os critérios de inclusão são: neoplasia metastática ou inoperável sem proposta de radioterapia ou quimioterapia curativas, com baixa funcionalidade (Karnofsky < 50); demência avançada caracterizada por perda da capacidade de deambular ou outros sinais e sintomas indicadores de mau prognóstico (infecções de repetição, desnutrição e internações de repetição); doença cardíaca ou pulmonar com sintomas ao repouso apesar de terapêutica otimizada; doença hepática Child-Pugh C, sem indicação de transplante, disfunção renal grau 5 sem indicação de hemodiálise/transplante e fragilidade (ausência de doenças tratáveis/múltiplas causas, internações e visitas a emergência freqüentes, albumina < 2.5, perda não intencional de peso e úlcera de pressão). O paciente e/ou familiar responsável devem estar de acordo com a proposta paliativa. Foram avaliados 32 pacientes com idade média de 79,4 anos, sendo 66% do sexo feminino. Quanto ao estado civil, 56% eram viúvos, 38% casados, 3% solteiros e 3% divorciados. Setenta e dois por cento tinham entre 1 e 4 anos de escolaridade e 6% entre 5 e 8 anos, enquanto 22% eram analfabetos. Quanto à religião, 88% eram católicos, 9% evangélicos e 3% não tinham religião definida. Em relação ao diagnóstico, 50% apresentava demência avançada, 28% neoplasia, 6% disfunção renal, 6% doenças pulmonares, 6% fragilidade e 3% impossibilidade diagnóstica definida. Dentre os 16 pacientes com diagnóstico de demência, de acordo com o estadiamento funcional (FAST), encontramos a seguinte distribuição: 7C=4, 7D=6, 7E=1, 7F=2 e 7G=3. A maioria dos pacientes foi encaminhada pelo serviço de geriatria (69%), seguido da clínica médica (13%), clínicas cirúrgicas (9%), pneumologia (6%) e psiquiatria (3%). Durante o período analisado, ocorreram 18 óbitos. A média de tempo de seguimento no ambulatório até o óbito foi de 88 dias (mín. 9 e máx. 319 dias). A maioria dos óbitos foi em ambiente hospitalar (16), sendo apenas 2 em domicílio domiciliar. Conclusão: O ambulatório de CP geriátrico atende na sua maioria pacientes em CP nãooncológicos. Esta experiência mostra a necessidade da ampliação da abordagem de CP para pacientes com doenças crônico-degenerativas, além das neoplasias. Dessa maneira, políticas públicas para uma melhor estruturação e abrangência dos serviços de CP serão extremamente importantes para que os serviços de saúde correspondam à demanda criada pelo envelhecimento populacional e suas conseqüências. Perfil dos pacientes em radioterapia paliativa atendidos em um centro de oncologia no sul do Rio Grande do Sul www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 104 Autores: Rosani Manfrin Muniz; Aline Baroni; Altair D. R. Faes; Sandê L. Ribeiro; Gabriela M. Dadalt Instituição: Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) Introdução: Nas ultimas décadas testemunhamos um importante avanço relacionado ao tratamento do câncer, tendo-se como principal objetivo a cura terapêutica real em 50% dos tumores diagnosticados. Apesar dos avanços no tratamento oncológico, nem sempre é possível obter a cura; com isso, estes pacientes podem necessitar de Cuidados Paliativos que visam, além do controle da dor e de outros sintomas diversos, interferir nos aspectos psicológicos, sociais e espirituais, no intuito de investir na melhora de sua qualidade de vida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, Cuidados Paliativos são definidos como cuidados ativos e totais aos pacientes quando a doença não responde aos tratamentos curativos, e o controle de sintomas torna-se prioridade, objetivando melhor qualidade de vida para pacientes e familiares. O tratamento radioterápico paliativo visa o controle local do tumor primário ou de metástases sem influenciar na taxa de sobrevida do paciente, é utilizada em tumores incuráveis, cujo controle local é vantajoso para o paciente, também utilizado para amenizar a dor. O presente trabalho visa conhecer o perfil dos pacientes em radioterapia paliativa atendidos no ambulatório de radioterapia do Centro Regional de Oncologia e Radioterapia/UFPel que atende a clientela da região sul do Rio Grande do Sul. Material e métodos: O estudo foi do tipo quantitativo, descritivo, favorecendo a coleta e análise dos dados secundários. Assim, foram coletados os dados a partir dos prontuários dos pacientes atendidos no serviço no período de junho de 2009 a junho de 2010. As variáveis coletados e analisadas foram: idade, sexo, tipo de câncer e local das metástases. Resultados: Na análise de dados coletados por esta pesquisa, constatou-se que no referido período, foram atendidos 328 pacientes pelo serviço, destes 61 realizaram o tratamento radioterápico paliativo. Assim as apresentou as seguintes características: um total de 61 pacientes, com uma média de idade de 59,83%, com uma variação de 17 a 91 anos. Com relação ao sexo a amostra deste estudo atingiu um percentual de 52,46% sexo feminino e 47,54% sexo masculino. Com relação ao tipo de câncer foi possível observar os mais prevalentes: câncer de pulmão com 19,67%, seguido do de mama com 16,39%, próstata com 8,2. Já a localização das metástases, prevaleceu as metástases ósseas com 34,42%, seguido das cerebral com 11,47% e hepática 9,83%. Ao analisar os dados observou-se que a a radioterapia paliativa é eficaz na redução dos sintomas na maioria dos tipos de câncer, resultados estes também encontrado na literatura. Neste estudo, encontrou-se a predominância no sexo masculino, na faixa etária de 65,6 anos, o tipo de câncer mais freqüente é o de pulmão com prevalência de metástases ósseas, o que verificou-se também em outras populações estudadas. Conclusão: O presente estudo apresentou limitações, como o prontuário de pacientes conter poucas informações e o pequeno número de clientes estudados. Entretanto acredita-se que a presente pesquisa atingiu parcialmente seu objetivo, pois possibilitou observar a necessidade de uma revisão do prontuário para contemplar os dados necessários para futuros estudos desta natureza, junto a este cliente em radioterapia paliativa atendidos no ambulatório de radioterapia no sul do RS. Perfil epidemiológico de pacientes acompanhados no atendimento domiciliar de uma cooperativa médica Autores: Maria Aparecida Scottini; Fabiana Lucia Cadore; Juliana Teixeira Barreiros; Iberê do Nascimento www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 105 Instituição: Unimed Grande Florianópolis Introdução: O aumento de pessoas convivendo com doenças crônicas e progressivas vêm constituindo um desafio para os cuidados em saúde. Neste sentido, o Gerenciamento de Casos configura-se como um modelo de atenção à saúde centrado em intervenções baseadas em necessidades, e não apenas no diagnóstico ou mesmo prognóstico. Desta forma, a prestação de cuidados, partilhada com o médico assistente do paciente, é baseada na tomada de decisões pautadas na ética clínica, de forma a garantir a continuidade e atenção preventiva e por ora paliativa. Cuidados Paliativos aqui visto como uma atit ude que visa oferecer qualidade de vida ao paciente e família, com intervenções efetivas para alívio de sofrimento físico e emocional, durante a vida do paciente e no luto familiar. Material e métodos: Trata-se de estudo descritivo com análise de dados de pacientes incluídos na modalidade de atendimento domiciliar Gerenciamento de Casos, caracterizados pelo alto grau de dependência para as atividades da vida diária, de uma cooperativa médica em 2009 e 2010, e ainda ativos no programa. Resultados: Foram analisados 64 clientes ativos ingressantes no programa em 2009 e 68 clientes ativos ingressantes em 2010. Em relação aos clientes de 2009, a prevalência foi do sexo feminino (57,8%), com a média de idade de 83 anos (± 14) e 77 anos (± 16) para o sexo masculino. Em relação ao grupo de patologias, 65,6%apresentam doenças neurológicas (incluem-se os Acidentes Vasculares Cerebral e doença s neurodegenerativas); 57,8% doenças cardiovasculares; 26,6% doenças pulmonares; 15,6% doenças endocrinológicas (especificamente diabetes mellitus) e 6,3% neoplasias sem possibilidade de tratamento. Quanto à relação de dependência para as atividades diárias, 76,6% estão acamados; 14,1% utilizam oxigenoterapia e 28,1% alimentação enteral. Na análise dos pacientes ingressos em 2010, a prevalência foi de 70,6% para o sexo feminino, com a média de idade de 82 anos (± 13) e 77 anos (± 10) para o sexo masculino. Em relação ao grupo de patologias, 52,9%apresentam doenças neurológicas; 51,5% doenças cardiovasculares; 27,9% doenças endocrinológicas; 19,1% doenças pulmonares e 14,7% neoplasias. Quanto à relação de dependência para as atividades diárias, 61,8% estão acamados; 11,8% utilizam oxigenoterapia e 10,3% alimentação enteral. Conclusão: A análise do perfil de clientes ativos no programa revela a prevalência de idosos, mulheres, com patologias crônicas e progressivas, com extrema dependência para as atividades da vida diária. Fato notório é o aumento da demanda de clientes, em que os ingressantes do ano de 2010 representam 106,3% dos clientes ativos de 2009, o que representa a credibilidade do programa frente à cooperativa e aos clientes. Ressalta-se a prevalência de doenças neurológicas, como as demências, em que se faz necessário uma maior sensibilidade dos profissionais e cuidadores para percepção de sintomas como dor. Assim, o Gerenciamento de Casos responde à necessidade de tratar, cuidar e apoiar ativamente a família neste cuidado, bem como, a família tornar-se objeto da atenção da equipe. Perfil sociodemográfico de pacientes atendidos em ambulatório de Cuidados Paliativos Autores: Letícia Andrade; Naina Sanches; Ivone Bianchini; Marcelo Altona; Tiago Branco; Tânia Guimarães; Keite Paia; Sumatra Jales; Luís Saporetti Instituição: Hospital das Clínicas (FMUSP) www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 106 Introdução: A abordagem paliativa, preconizada pela OMS, inclui o atendimento à pacientes e suas famílias que enfrentam problemas associados a doenças com risco de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio da identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais. Tal intervenção perpassa pelo conhecimento dos diferentes diagnósticos que podem resultar na necessidade de uma abordagem paliativa, assim como no reconhecimento do paciente e família de forma integral, incluindo aspectos sociais e econômicos relevantes e que podem influenciar positiva ou negativamente na adesão ao tratamento. Objetivo: descrever o perfil social e demográfico de pacientes atendidos em ambulatório de Cuidados Paliativos de um hospital terciário.. Material e métodos: Estudo retrospectivo de abordagem quantitativa. Análise de prontuários do período de maio/95 a dezembro/2009 totalizando 543 (quinhentos e quarenta e três) prontuários. Resultados: Do total de prontuários analisados, que perfaz 543 pacientes, temos quanto ao perfil socioeconômico: 293 (54%) são do sexo masculino e 250 (46%) do sexo feminino; faixa etária: 336 (62%) com 60 anos ou mais por ocasião do encaminhamento; 310 (57%) eram casados, e 19%, viúvos; 165 (30%) residiam fora do município de São Paulo; renda familiar: 01 a 03 SM, 239 (44%) e 3,1 a 5,0 SM, 122 (22,5%); situação previdenciária ou de renda: 233 (43%) eram aposentados, mas 147 (27%) não possuíam nenhum tipo de renda; composição familiar 249 (45,8%) com até 3 mem bros e 255 (47,0%) com mais de 4; escolaridade do paciente: a maioria, 277 (51,0%) com até 04 anos de estudo; quanto à religião: 347 (64%) professam a religião católica, seguido de 114 (21%) a evangélica. Clínica encaminhadora: a maioria proveniente da Oncologia, 154 (28,4%), seguido de Clínica Médica, 77 (14,2%); sendo o tempo de permanência no ambulatório: 182 (33,5%) até um mês e 140 (25,8%), de 1,1 a 3 meses. Quanto ao o local do óbito: 72% faleceram em ambiente hospitalar. Conclusão: O perfil social e demográfico apresentado demonstra uma população, em sua maioria, idosa, com baixa escolaridade, proveniente de famílias nucleares e de baixa renda; dados que sugerem a necessidade de organização específica no que se refere à políticas públicas de atenção. O estudo ainda aponta para o grande percentual de pacientes que, apesar da abordagem paliativa, falecem em ambiente hospitalar, o que sugere que a cultura hospitalocêntrica ainda prevalece apesar do cuidado ao final da vida ser possível de ser realizado em outros ambientes, a saber: domicílio, hospice etc. População idosa e Cuidados Paliativos: relatório inicial Autores: Letícia Andrade; Angélica Massako Yamaguchi; Keila Tomoko Higa-Taniguchi; Pedro José Vilaça; Naina Mendes Sanches Instituição: Hospital das Clínicas (FMUSP) e FAPESP Introdução: A avaliação sobre a atenção paliativa recebida hoje é tema de diferentes estudos brasileiros. O Cuidado Paliativo, ao final da vida, prevê alívio de sintomas, conforto e abordagem adequada junto à família (OMS). A avaliação dos serviços engloba não só a alocação adequada de recursos, mas e, principalmente, a obtenção de resulta dos satisfatórios junto ao paciente e família: morte digna e atendimento integral. Assim, a pesquisa em curso visa a obter, na perspectiva do familiar cuidador, a avaliação sobre o atendimento paliativo recebido pelo seu familiar falecido. Objetivos: obter junto aos familiares entrevistados dados referentes ao perfil socioeconômico das www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 107 famílias, diagnóstico, período de cuidados a partir da instalação da dependência e percepção quanto à: controle de sintomas e abordagem paliativa. Material e métodos: Estudo quanti-qualitativo; metodologia: necropsia verbal. Quanto aos dados quantitativos: 3156 Declarações de Óbito (DO) analisadas. Dados qualitativos: 74 entrevistas realizadas, 31 analisadas. O ponto de partida é a busca de informações das Declarações de Óbito de idosos falecidos na capital, com diagnósticos da declaração de óbito (DO) que sugerem a necessidade de CP, com 3 ou mais ABVD comprometidas. Dados preliminares obtidas no PROAIM (Programa de Aprimoramento de Informações sobre Mortalidade) da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo; período de julho a novembro de 2008. Resultados: Resultados quantitativos: de 3156 DO estudadas, apenas 10,7% morreram em casa. Destes, os que residiam na periferia da cidade, nas zonas leste e sul, são propensos a serem encaminhados à necrópsia (61,29% e 52,27% respectivamente), já na região centro-oeste, a taxa de necrópsia é de apenas 14,49%. Cerca de 22,6% das DO estudadas não monstravam informação sobre a realização de necrópsia. Realizado estudo de geoprocessamento, indicando que o achado de prestação de assistência médica durante a doença que c ausou a morte é homogênea e concentrada nas áreas bem desenvolvidas. Resultados qualitativos: 70% dos entrevistados são filhas/os; escolaridade de 4 a 11 anos de estudo; renda familiar: 2 a 4 SM (70%), distribuídos nas classes D e E; idade dos pacientes: 80%, 76 a 95 anos; diagnóstico principal, neoplasias (50%). 100% receberam assistência médica, somente 30% domiciliar, sendo que 70% permaneceu totalmente dependente de 1 a 2 anos. Freqüência aos pronto-socorros nos últimos 6 meses (50% mais de 4 vezes) e o não controle dos sintomas é apontado por 50% dos cuidadores (dor, fadiga, falta de ar, agitação mental). [trechos das entrevistas serão transcritos no pôster] Apesar de estarem em final de vida, 50% dos pacientes faleceram em UTIs sob procedimentos invasivos. Conclusão: Conclusão: há muitas discrepâncias regionais na cidade de São Paulo, relacionadas à assistência prestada a idosos com indicações de Cuidados Paliativos. A análise demonstra que a abordagem paliativa, na perspectiva do familiar cuidador, ainda não é realizada a contento na realidade brasileira, condenando paciente a sofrimento evitável e o cuidador a cuidados extremos. As regiões mais pobres de São Paulo demandam urgente atenção para garantir a equidade na prestação de serviços de saúde. Sugere-se que gestões atuais e futuras criem recursos para os CP domiciliares, os cuidados contínuos e de transição (continuum of care e transitional care). Médicos devem ser continuamente orientados sobre o correto preenchimento da DO, o que auxilia a realização de estudos epidemiológicos sobre mortalidade. Práxis dos profissionais de saúde no contexto dos Cuidados Paliativos: reflexões à luz da literatura Autores: Mônica Ferreira de Vasconcelos; Cecília Danielle Bezerra Oliveira; Terezinha Nunes da Silva; Maria Eliane Moreira Freire; Solange Fátima Geraldo da Costa Instituição: Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Introdução: Quando se esgotam os recursos curativos e a pretensão de restabelecimento das funções vitais do indivíduo torna-se cada vez menos possível, surge uma proposta de assisti-lo qualitativamente, visando controle dos sintomas e alívio do sofrimento, integrando ações interdisciplinares de Cuidados Paliativos (CP), com a possibilidade de o paciente chegar a finitude da vida acompanhado de pessoas que possam ouvi-lo e que sustentem seus desejos. O www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 108 desconhecimento ou a carência de informações inerentes aos CP dificulta a sua execução. Sob este enfoque, este estudo teve como objetivo investigar na literatura como ocorre a práxis dos profissionais de saúde no contexto dos CP e discutir acerca dos limites e possibilidades enfrentados por estes profissionais, diante da necessidade de oferecer CP ao cliente e à sua família. Material e métodos: Trata-se de um estudo bibliográfico, realizado a partir de levantamento de pesquisas divulgadas em bancos de dados online, como SciELO e Medline; leituras de artigos científicos de periódicos indexados e livros, utilizando como descritores profissionais de saúde e Cuidados Paliativos, no período de outubro de 2009 a março de 2010. Resultados: CP são cuidados básicos que visam a promoção de conforto. Apesar de serem simples, é importante observar que implica aos profissionais de saúde a aquisição de conhecimentos e habilidades técnicas, atendendo a critérios científicos, exigindo maior investimento com recursos humanos multiprofissionais comprometidos com o ser assistido e não apenas com a enfermidade. A deficiência na capacitação dos profissionais em CP começa em sua formação acadêmica, onde estes são negligenciados em sua totalidade, ou abordados com irrelevância. Também são negligenciados pelas autoridades e profissionais de saúde, são poucos os centros públicos e privados que se dedicam à assistência à dor e CP. Assistir paliativamente requer envolvimento, empatia e desejo de superação no cuidar, o que torna desafiador e intrigante, considerando que resta pouco a ser feito, porém o pouco tem muita relevância, pois, proporciona novas dimensões de cuidado e valorização da vida humana. A comprovação dos efeitos curativos gera no profissional de saúde realização profissional, porém quando objetivo não atingido, estes se sentem incapazes ou impotentes, podendo dificultar o processo natural do cuidado, tornando-se assim uma limitação para agirem paliativamente. Como fator desencadeante desta situação, podemos observar a preparação acadêmica inadequada, fatores inerentes aos profissionais, envolvendo seus medos, suas próprias dores emocionais, que os impossibilitam de prosseguir um pouco mais na assistência ao cliente que se encontra sob CP. A possibilidade de implantação dos CP pela equipe multiprofissional está na adoção de estratégias fundamentais para o controle dos sintomas prevalentes, entre os quais, os enfermeiros são os que mais avaliam a dor, a resposta à terapêutica, a ocorrência de efeitos colaterais e reorganizam o esquema analgésico e de controle dos sintomas, propondo estratégias não farmacológicas e não invasivas, auxiliando no ajuste de atitudes e expectativas sobre os tratamentos. . Conclusão: A partir dessa reflexão concluímos que é necessária uma mudança sobre nossos conceitos e atitudes diante do cenário patológico que nos é conferido, convergindo a oportunidade de aproveitamento mais abrangente no cuidado, seja ele curativo ou paliativo, visando o bem estar da vida que foi acometida pela enfermidade e não a enfermidade acometida. Prevenção de quedas na assistência domiciliar Autores: Silvia Cristina Martinez Baldivieso; Priscila Citriniti Stuck; Pedro Luiz Fernandes Instituição: Instituto Nacional do Câncer (INCA) Introdução: A queda é o deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial com a incapacidade de correção em tempo hábil, determinado por circunstâncias multifatoriais que comprometem a estabilidade. A queda acidental é decorrente de uma causa extrínseca ao indivíduo, pela presença de um fator de risco ambiental danoso, como um piso escorregadio, um degrau sem sinalização ou devido à atitudes de risco como,subir em banquinhos. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 109 A queda recorrente expressa a presença de fatores etiológicos intrínsecos como doenças crônicas, poli farmácia, distúrbios do equilíbrio corporal, déficits sensoriais, sedentarismo, distúrbios músculos-esqueléticos. (Perracini, 2009) Afeta a qualidade de vida por conseqüências psicossociais, provocam sentimentos como medo, fragilidade e falta de confiança. As intervenções eficazes baseiam-se na identificação precoce dos pacientes com maior chance de sofrerem quedas e apresentarem também um risco aumentado de sofrerem lesões graves decorrentes da mesma (fraturas) (Close et al,1999). A aplicação de uma avaliação abrangente do risco de quedas pode ser a base da prevenção efetiva. Decorrente disso, a equipe de fisioterapia da Assistência Domiciliar do HCIV implantou o indicador de risco de queda através de uma planilha de coleta de dados e pela Escala de Índice de Tinetti onde se faz uma avaliação em todos os pacientes de 1ª vez e são reavaliados uma semana após, é traçado as condutas fisioterapêuticas como: casa segura, fornecimento de órteses, fortalecimento muscular, treino de marcha e equilíbrio e orientações ao cuidador. O objetivo do indicador descrito acima é a prevenção da queda nos pacientes em domicílio, diminuindo a incidência de politraumatismos. Material e métodos: Foram avaliados 121 pacientes de 1ª vez do mês de março a junho de 2010, foi usada como ferramenta a Escala de Índice Tinetti, que avalia equilíbrio e marcha em duas escalas distintas. O equilíbrio possui 09 itens, escore dessa escala varia de 0 até 16 pontos, sendo que quanto mais pontos, melhor é o equilíbrio. A marcha possui 07 itens, o escore varia de 0 a 12 pontos, sendo que quanto mais pontos, melhor é a qualidade da marcha. Ao final das duas escalas, somam se os pontos obtidos nas duas e tem-se um escore de 0 a 28 pontos para classificação geral. Pontuação menor que 19 indica alto risco, de 19-24 risco moderado e de 25-28 baixo risco de quedas. Foram coletados dados através de uma planilha que abrange (nome, matrícula, KPS, Escores do Índice de Tinetti, medo de cair, estado mental, fatores ambientais, complicações associadas, condutas, órteses fornecidas, queda anteriores e posteriores) e foram reavaliados em 1 semana. Resultados: Destes 121 pacientes avaliados, segundo os escores do Índice de Tinetti, 2,6% baixo risco, 10,7% médio risco e 86,7% alto risco de queda. Foi demonstrado que 52% dos pacientes tiveram quedas anteriores à avaliação, devido a complicações osteomioarticulares, fadiga, complicações neurológicas e desinformação sobre casa segura. Após a intervenção da fisioterapia 93,4% não tiveram quedas, devido melhora da fadiga, força muscular, equilíbrio, marcha e orientações fornecidas para uma casa segura. Conclusão: A incidência de quedas diminuiu consideravelmente após a intervenção da fisioterapia no âmbito preventivo com os exercícios de equilíbrio, marcha e fortalecimento e com as orientações quanto às adaptações domiciliares (casa segura). Isto foi concluído através de coleta de dados feito mensalmente pelo fisioterapeuta em todos os pacientes de primeira vez e reavaliados 1 semana após a coleta, aplicando também o Índice de Tinetti para avaliação de equilíbrio e marcha . A Fisioterapia recomenda que os pacientes que são encaminhados para a assistência domiciliar devem ser prevenidos do risco de queda antes de sua ocorrência, no início do tratamento oncológico demonstrando que com a evolução da doença, medicações, procedimentos como a quimioterapia e radioterapia a probabilidade de ocorrer o risco de queda é maior. Produção de trabalhos acadêmicos de enfermagem em Cuidados Paliativos Autores: Ricardo Quintão Vieira; João Victor Fornari Instituição: Universidade Nove de Julho www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 110 Introdução: Em um hospital brasileiro de referência em Oncologia, descobriu-se que o fluxo de informação técnica em Cuidados Paliativos aponta o profissional enfermeiro como a segunda categoria profissional interessada em buscas técnicas, seja por canais formais e informais (oral) de comunicação. Entretanto quando se aborda a formação básica do enfermeiro em universidades, a abordagem quase inexistente2. Este trabalho objetiva quantificar a produção acadêmica em trabalhos de conclusão de curso de Enfermagem em Cuidados Paliativos. Material e métodos: Análise exploratória, retrospectiva e quantitativa da produção de Enfermagem em Cuidados Paliativos. Enumeraram-se todos os Institutos de Ensino Superior (IES) que oferecem o curso de Enfermagem através da página do E-MEC. Consultou-se o catálogo de biblioteca de cada Instituição utilizando o assunto ou termo livre “paliativo” ou “paliativa”. Os resultados que tivessem relação direta com o tema “Cuidados Paliativos” foram extraídos para uma planilha eletrônica pelos seguintes dados: data da defesa, unidade da feder ação, característica do IES (pública, privada) e palavras-chave. O recorte foram os trabalhos de conclusão de curso (graduação e pós-graduação latu sensu), dissertações e teses (pós-graduação strictu sensu) em fichas catalográficas contidas em catálogos de biblioteca disponíveis em linha, publicados até 2009 e que fossem defendidos na Instituição de origem. O conjunto de dados desta planilha permitiu diversas análises quantitativas. As palavras-chave foram tratadas em termos controlados com uso do Tesauro do Ministério da Saúde4. Finalmente os termos foram reunidos em grandes categorias (abordagens) para análise geral. Resultados: A coleta foi realizada em maio e junho de 2010. De 594 IES pesquisadas, 560 permitiram acesso à página institucional. Destas, 339 (60,5%) disponibilizaram catálogo de biblioteca operante e de livre acesso, onde foram obtidos 45 trabalhos distribuídos em 26 IES de 9 unidades da federa ção. A região sudeste foi responsável por 61% da produção nacional, seguida pelas regiões sul (24%), nordeste (9%), norte (4%) e centro-oeste (2%). Cerca de 65% dos trabalhos foram provenientes de IES públicas. Do total de trabalhos, 49% formam TCCs de graduação, 7% de TCCs de especialização, 31% de dissertação de mestrado e 6% de teses de doutorado. A maioria das palavras-chave foi controlada pelo Tesauro da BVS, resultando em 89 termos, sendo a média de dois termos por trabalho. Os cinco termos isolados mais citados foram Câncer (11), Tanatologia (10), Enfermagem Oncológica (9), Cuidados Domiciliares (6) e Saúde da Família (5). Os termos foram organizados em áreas temáticas que seguem em ordem decrescente: 25 abordagens em Oncologia; 12 abordagens em Morte; 10 abordagens em Controle de Sintomas; 9 abordagens em Instrumentos; 7 abordagens em Família; 7 abordagens em Gestão; 6 abordagens em Atendimento Domiciliar; 6 abordagens em Saúde Pública; 4 abordagens em Doenças Transmissíveis ; 3 abordagens em Saúde do Idoso . Confirmando a evidência de termos isolados, as reuniões temáticas demonstraram que a maioria dos trabalhos (29%) abordou a Oncologia, seguida da temática Morte (13%). Conclusão: A região sudeste foi responsável pela maioria das publicações. São as IES públicas, principalmente em seus programas de pós-graduação, responsáveis pela maioria da produção científica. A análise temática demonstrou que a enfermagem em Cuidados Paliativos produzida pelas IES tem forte ligação com a oncologia e reflexões sobre a morte. Programa de descentralização de Cuidados Paliativos em Santa Catarina Autores: Maria Tereza Evangelista Schoeller; Maristela Jeci dos Santos www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 111 Instituição: Centro de Pesquisas Oncológicas - CEPON Introdução: Santa Catarina destaca-se por ter a visão da descentralização da assistência como um todo, incluindo a oncologia, considerando a grande incidência e prevalência do câncer como doença, com repercussões devastadoras para pacientes e famílias, quadro que pode ser agravado pelo afastamento do seu local de residência, caso estes Serviços não estejam disponíveis nestas localidades. O Plano Estadual de Saúde aprovado em Outubro de 2006, apresenta entre seus objetivos, a redução de anos potenciais de vida perdidos e a redução das desigualdades regionais de acesso aos Serviços de Saúde. Na abordagem do câncer torna-se uma prioridade não somente o acesso aos Serviços de diagnóstico precoce e tratamento, mas também indo ao encontro das prioridades da OMS, a prevenção do sofrimento. O Serviço de Cuidados Paliativos do CEPON surgiu em 1991. Desde o início ficou evidente que o controle da dor era a prioridade máxima e por isto, o CEPON, através da Secretaria do Estado da Saúde e FAHECE, sua fundação de apoio, passou a disponibilizar os analgésicos opióides para estes pacientes. Atualmente, os Serviços de câncer organizaram-se em várias Regiões do Estado, no entanto, muitos pacientes continuam deslocando-se a Florianópolis porque não têm acesso a Cuidados Paliativos em suas Regiões. Com o objetivo de auxiliar a SES no seu Programa de Descentralização, apresentamos o Programa Estadual de Descentralização em Cuidados Paliativos. Este programa visa educar, treinar e mobilizar os centros oncológicos já existentes na filosofia dos Cuidados Paliativos, evitando assim que os pacientes desloquem-se em busca deste cuidado global e humanizado. Material e métodos: Por se tratar de um Centro de Referência em Cuidados Paliativos, o CEPON, propõe-se a capacitar as equipes das demais Unidades da SES e da Estratégia de Saúde da Família dos11 Municípios que já têm implantado o Programa de Descentralização de Oncologia. Para montar um Serviço de Cuidados Paliativos, cada Centro deve indicar ao menos: um médico, e um enfermeiro, sendo que outros profissionais da equipe poderão estar na equipe multiprofissional e fazer uma interface com Cuidados Paliativos. A seguir apresentamos a proposta de capacitação: 1. Capacitação teórica (aulas expositivas, dinâmicas, debates, leituras de temas específicos para formação profissional do paliativista). 2. Concomitante aos encontros teóricos, cada equipe apresentará um Projeto, considerando suas especificidades, para implantação do Serviço de Cuidados Paliativos na sua Unidade. O desenvolvimento desse Projeto será acompanhado pela Equipe de Cuidados Paliativos do CEPON (Matriz). 3. Acompanhamento das equipes - Monitoria Durante o primeiro ano de funcionamento, um membro da equipe de Cuidados Paliativos do CEPON passará a cada três meses dois dias no Serviço em implantação para acompanhar o desenvolvimento do mesmo, tirar dúvidas e propor as adequações necessárias. Concomitantemente disponibilizaremos um espaço on-line para contato com as equipes. 4. Realizaremos um Encontro Anual dos Serviços de Cuidados Paliativos, com o objetivo de troca de experiências entre os Centros. 5. O Serviço de Cuidados Paliativos do CEPON será o responsável pela elaboração do Protocolo Clínico considerando as características do Centro Descentralizado. Resultados: A descentralização do atendimento em Cuidados Paliativos, instaurando uma abordagem humanizada com foco em qualidade de vida e controle da dor e de outros sintomas através da implantação de um Serviço de Cuidados Paliativos em cada uma das unidades de tratamento oncológicos do Estado. Conclusão: A implantação do Programa Estadual de Cuidados Paliativos ampliará o acesso à saúde da população catarinense, reduzindo os riscos e os agravos com uma atenção descentralizada, especialmente aos pacientes fora de possibilidades de cura. A Capacitação dos profissionais dos Centros e a assessoria continuada da equipe de Cuidados Paliativos do CEPON têm como principal www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 112 foco a excelência no atendimento com a diminuição do sofrimento e a busca da melhoria na qualidade de vida dos pacientes e famílias nas mais remotas regiões do Estado. Relação entre nível de conhecimento da doença e presença de sintomas Autores: Sathie Kamizono; Ana Cláudia O. Lepori; Luciana Regina B. Cabral; Keite Priscila Paiá; Cristiane Ribeiro Maués; Margarete da Silva Augusto; Luciane Patrícia Amaral Instituição: Santa Helena Assistência Médica Introdução: A revelação do diagnóstico de câncer apresenta-se como um dos assuntos mais controversos na oncologia clínica e é motivo de estudo em vários países. Hosaka et al concluíram não haver diferença estatística na presença de transtornos psiquiátricos entre os pacientes que sabiam e os que não sabiam ter câncer. Um trabalho australiano verificou que a maior quantidade de informação recebida não estava relacionada a maiores níveis de ansiedade, e, pelo contrário, sugeriu que a falta de informação pode aumentá-los. No Brasil, entretanto não há muitos artigos publicados a esse respeito. Material e métodos: Este estudo visa avaliar se existe relação entre o nível de conhecimento da própria doença e a quantidade de sintomas apresentados pelo paciente do ambulatório de Cuidados Paliativos de um serviço privado. Foram analisadas as consultas realizadas no período de maio a agosto de 2009, os quais foram avaliados quanto ao nível de conhecimento da doença (NCD) através de escala própria e a presença e intensidade de sintomas através da Escala de Edmonton. Neste estudo somente foi levado em consideração a quantidade de sintomas, a intensidade não foi avaliada. . Resultados: Foram analisadas 270 consultas. Nenhum paciente disse não saber nada por não ter sido informado previamente (NCD 1), 13 pacientes (5%) tinham bloqueio de informação por pacto familiar de silêncio (NCD 2), 41 pacientes (15%) não faz perguntas nem desejam atualização de informação (NCD 3), 19 (7%) tem informação falsa ou insuficiente sobre a doença e/ou seu prognóstico vital (NCD 4), 44 (16%) conhecem o diagnóstico da doença, porém desconhecem a progressão clinica atual e seu prognóstico (NCD 5), 103 (38%) conhecem a situação atual da doença, a progressão clínica, mas o prognóstico está supervalorizado ou desvalorizado (NCD 6), 50 (19%) conhecem a situação atual da doença, a progressão clínica e conhecem adequadamente seu prognóstico vital (NCD 7). Dos pacientes que tem total conhecimento do diagnóstico, progressão clínica e prognóstico, 90% apresentam até 3 sintomas (p=0,058) e o grupo que apresentou maior porcentagem de pacientes com 4 sintomas ou mais foi o grupo que tinha informação falsa ou insuficiente sobre a doença e/ou seu prognóstico vital (NCD 4). Conclusão: Quanto maior o nível de conhecimento da própria doença, menor a quantidade de sintomas apresentados pelos pacientes. Mais estudos devem ser realizados com número maior de pacientes para confirmar a relação entre nível de conhecimento e quantidade de sintomas. Relato de caso: Cuidados Paliativos de um paciente pediátrico portador de epidermólise bolhosa www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 113 Autores: Ana Cristina Henrique; Ivete Zaboli; Silvia Maria de Macedo Barbosa; Eva Fabiana Angelo Sendin; Rita Tiziana Verardo Polastrini; Marcia Pirpim Instituição: Instituto da Criança - HCFMUSP Introdução: A Epidermólise Bolhosa caracteriza-se por fragilidade da pele levando a formação de bolhas espontâneas e ou por mínimos traumatismos, podendo acometer a pele e ou todas as mucosas, geralmente de origem genética. Associada as manifestações cutâneas, esta síndrome compromete outros órgãos e sistemas: osteoarticular, digestório, ocular, genitourinário, cardiovascular; além de complicações sistêmicas: anemia grave, infecções, desnutrição, retardo do crescimento, alterações da fala, entre outros. Até o momento, não há tratamento para es ta síndrome, sendo os Cuidados Paliativos a possibilidade de proporcionar para estes pacientes uma melhor qualidade de vida e aumento da sobrevida. O objetivo deste trabalho é relatar o acompanhamento de um paciente pediátrico que se encontra em Cuidados Paliativos, mostrando as dificuldades e a importância do atendimento das várias especialidades médicas e da interdisciplinalidade. Material e métodos: Análise retrospectiva do prontuário de um paciente pediátrico acompanhado pelo Grupo de Dor e Cuidados Paliativos Pediátrico de um Hospital Público de nível terciário da Cidade de São Paulo, até o primeiro semestre de 2010. Resultados: I.C.S., 5 anos de idade, ao nascimento já apresentava lesões bolhosas em cavidade oral, joelhos e pés; tornando-se generalizadas nas primeiras horas de vida; sendo iniciado, então, acompanhamento pelo grupo de neonatologia, dermatologia, gastroenterologia e nutrição. Recebeu orientações quanto aos cuidados com a pele (curativos, hidratação), medicações para controle da dor, orientações nutricionais, suporte vitamínico, reposição de ferro, além de acompanhamento psicológico familiar e recomendações fisioterápicas, fonoaudiológicas e odontológicas. Com 40 dias de vida realizou ecocardiografia sem nenhuma alteração significativa, mantido sem medicações cardiológicas. Aos 4 meses de vida foi realizada biópsia de pele que mostrou pele com clivagem subepidérmica e proliferação melanocítica intraepidérmica juncional e lentiginosa com atipias acentuadas. Foi encaminhado para o Grupo de Dor e Cuidados Paliativos aos 8 meses de idade, devido a dificuldade de controle da dor, sendo introduzido além da analgesia antes do banho, medicações analgésicas de horário e anti-histamínicos. Com 1 ano e 2 meses, devido a dor intensa foi associado medicamento adjuvante. Necessitou várias hemotransfusõ es, infusões de albumina, antibióticoterapia devido:anemia severa, hopoalbuminemia grave e infecções de pele. Aos 4 anos apresentou alteração ecocardiográfica (aumento de atrio e ventrículo esquerdos, fração de ejeção normal), sendo introduzido medicação inotrópica via oral. Associado antibióticoterapia profilática, para prevenção de infecções recorrentes. Atualmente com 5 anos e 10 meses de idade apresenta-se estável hemodinamicamente, com lento ganho ponderal, sem complicações infecciosas, em acompanhamento ambulatorial, com hemotransfusões e infusões de albumina seriadas. Conclusão: A epidermólise bolhosa é uma síndrome que pode apresentar importante comprometimento de vários órgãos e sistemas, logo nos primeiros anos de vida. Como revisto neste caso apresentado, o acompanhamento deve ser iniciado logo após o diagnóstico clínico, ou seja, no período neonatal, pois aumentará a qualidade de vida, diminuindo ou prorrogando o aparecimento de complicações sistêmicas. Este acompanhamento deve ser multidisciplinar, minucioso, com consultas regulares em curto prazo. Resgate de atividades significativas junto a pacientes em Cuidados Paliativos www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 114 Autores: Tatiana dos Santos Arini; Maria Tereza Sales Furtado; Marilia Bense Othero Instituição: Hospital Premier Introdução: Além do controle de sintomas, os Cuidados Paliativos preconizam a manutenção do viver ativo e criativo até o final da vida, respeitando as limitações e capacidades de cada sujeito em seu processo de adoecimento e finitude. O objetivo deste trabalho é demonstrar como o atendimento em Terapia Ocupacional em Cuidados Paliativos, através da realização de atividades expressivas, pode contribuir para o fazer significativo no processo de adoecimento, bem como seu beneficio para a melhoria da qualidade de vida no ambiente hospitalar. Material e métodos: Relato de caso de atendimento individual no setor de Terapia Ocupacional desenvolvido em um hospital privado de Cuidados Paliativos, em São Paulo, no qual são empregados cuidados diferenciados e especializados a pacientes com doenças crônicas. O paciente O.C.F., do sexo masculino, 79 anos, profissão desenhista, foi internado após traqueoplastia por neoplasia avançada de faringe. Em primeiro contato, paciente chegou ao hospital com humor deprimido e com dificuldades de comunicação com a equipe multiprofissional. O trabalho inicial da Terapia Ocupacional foi com o objetivo de estabelecer o melhor método de comunicação alternativa; conjuntamente com o paciente, optou-se pela escrita em um caderno. Com vínculo e melhor comunicação, seguiu-se com a avaliação terapêutica ocupacional mais detalhada, através de entrevistas e proposição de atividades diversas. Foram avaliados os aspectos físicos, emocionais, cognitivos, bem como seu repertório de atividades. O paciente traz a pintura como atividade que sempre realizou, sendo interrompida pelo adoecimento. Como estratégia de intervenção em Terapia Ocupacional propôs-se então a atividade de pintura em tela. Resultados: No período de 12 meses, o paciente produziu em media 10 telas, com pintura a mão livre ou com risco, elaborada em conjunto no projeto terapêutico ocupacional. O principal resultado alcançado com a intervenção foi o resgate da atividade mais significativa para este sujeito, promovendo a autonomia auto-estima e dignidade. Além disso, são observados: aumento das capacidades de comunicação e interação entre o paciente e a equipe; reconhecimento das capacidades e habilidades; melhoria das funções cognitivas; possibilidade de expressar escolhas; maior controle sobre si, sobre as relações e sobre o ambiente; valorização dos produtos finais das atividades, como produção própria. Conclusão: Mesmo em um contexto de dificuldades e limitações vivenciadas pelo pacientes com doença avançada, as intervenções em Terapia Ocupacional mostram-se eficazes na ampliação da autonomia e das possibilidades de ação no mundo, bem como na melhoria e/ou resgate de seu desempenho ocupacional. A existência de uma estratégia específica para este paciente possibilitou a validação da identidade enquanto ser produtivo, durante o fim da vida, valorizando sua dignidade. Residência multiprofissional em oncologia e Cuidados Paliativos em domicilio – Pelotas - RS Autores: Julieta Carriconde Fripp; Daniela Haberekosty Cardoso; Aline Ferreira Almeida; Catiussa Colling; Cristiane Silveira Beirsdorf Instituição: Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Introdução: A equipe que trabalha com Cuidados Paliativos, tem como meta melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias. Essa abordagem é feita através de prevenção e alívio dos www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 115 sintomas, por meio de identificação, avaliação e tratamento de problemas de ordem física, psicossocial e espiritual. Cicely Saunders define Cuidados Paliativos como um conjunto de ações que permite uma abordagem holística do paciente com doença incurável, desenvolvidas por uma equipe interdisciplinar, combinando cuidado clínico, pesquisa e ensino. O paciente em Cuidados Paliativos tem necessidades especiais, assim como sua família, sendo este o contexto em que atua o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), com profissionais de diferentes áreas, bem como a Residência Integrada Multiprofissional em Atenção a Saúde Oncológica/UFPel, que é composta por enfermeiros, dentistas, nutricionistas e psicólogos. Material e métodos: Foi realizada entrevista com os profissionais a fim de adquirir informações a respeito do papel da residência multiprofissional em oncologia e a sua relação com pacientes e familiares com necessidade de Cuidados Paliativos. Resultados: Sendo assim, o psicólogo na equipe de Cuidados Paliativos desempenha a escuta clinica, que auxilia o paciente a identificar e transformar os aspectos emocionais que contribuem para esse sofrimento, ajudando-o em relação ao enfrentamento da doença, na sua reorganização psíquica, bem como na elaboração do processo de morte. Paralelamente a atenção à família, que requer suporte e orientação no manejo de situações, tendo em vista que a relação entre família e paciente pode beneficiar ou prejudicar o processo de adoecimento, morte e luto para ambas as partes Nutrição: A assistência nutricional a pacientes com câncer é direcionada ao tratamento das intercorrências clínicas relacionadas à quimioterapia e radioterapia como náuseas, vômitos, desidratação, disfagia, mucosite, xerostomia, constipação, diarréia e anorexia. Aos pacientes em Cuidados Paliativos, o objetivo da Nutrição não consiste em atingir necessidades nutricionais e energéticas, tampouco restabelecer o estado nutricional. A alimentação deve ser oferecida conforme a tolerância do paciente, como ato prazeroso, melhorando a qualidade de vida deste indivíduo nesta fase da doença. O acompanhamento nutricional aos pacientes do PIDI é realizado através de visitas domiciliares semanais feitas por dois membros da equipe de nutrição,uma nutricionista do Hospital Escola, uma aluna da Residência Integrada Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola/UFPel e duas alunas da Faculdade de Nutrição/UFPel. Enfermagem: na atuação do enfermeiro são utilizados instrumentos como de avaliação qualitativa e quantitativa, entre estas a Escala de Edmonton, Zubrod e Karnofisky, que buscam identificar sintomas para promover seu plano terapêutico para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias. Odontologia: Problemas orais têm grande impacto na qualidade de vida dos pacientes e podem resultar anorexia e má nutrição além de afetar a comunicação e a interação social. O cuidado paliativo em odontologia pode ser definido como o atendimento de pacientes com doença avançada que apresentam comprometimento da cavidade oral de forma direta ou indireto como resultado do tratamento recebido e o foco do cuidado é a qualidade de vida imediata. Conclusão: A residência multiprofissional atuando em Cuidados Paliativos contempla o ciclo de cuidado integral aos pacientes oncológicos. Resultados de quatorze meses de funcionamento de uma equipe interdisciplinar de Cuidados Paliativos Autores: Daniela Charnizon; Juliana Elias Duarte; Ana Luisa Rugani Barcellos Instituição: Hospital Risoleta Tolentino Neves www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 116 Introdução: Essencialmente, Cuidado Paliativo significa aliviar a dor e o sofrimento físico, psicossocial e espiritual em pacientes portadores de doenças sem perspectiva de cura. As iniciativas nesta área têm crescido muito no Brasil nos últimos anos, com o surgimento de novos serviços especializados. O atendimento hospitalar é uma modalidade deste cuidado. Nossa equipe foi criada em março de 2009, em um hospital da rede pública de Belo Horizonte. Material e métodos: Análise dos prontuários eletrônicos dos pacientes. Seguimento da coorte realizado desde a admissão na equipe até o desfecho dos casos (óbito ou alta hospitalar). Resultados: Foram acompanhados por equipe interdisciplinar, após solicitação de interconsulta pelo médico assistente, 111 pacientes (63 homens e 48 mulheres) com idade média de 68,5 (20 a 98) anos. O motivo da solicitação da equipe foi para controle de sintomas em 69 casos (62 %) e para definição de limite de esforço terapêutico em 42 casos (38%). Dos pacientes acompanhados, 24 (21%) receberam alta, 82 (74%) faleceram no hospital , 3 (3%) foram transferidos e 2 ainda estão em acompanhamento. Os motivos da admissão hospitalar foram diversos, especialmente causas infecciosas e delirium (36%). As principais doenças de base definidoras de prognóstico foram: demência (30%), câncer (36%), seqüela grave d e AVC agudo e TCE (9 e 3% respectivamente) e estado vegetativo persistente (4%). O tempo médio entre a admissão hospitalar e o desfecho foi de 36,8 dias e entre o início do seguimento pela equipe e o desfecho foi de 11 dias. A maioria dos pacientes (75%) tinham performance paliativa (PPS) menor que 30% no início do acompanhamento pela equipe. Conclusão: O perfil dos pacientes admitidos na equipe foi de idosos frágeis, dependentes e em fase final de vida, justificando o óbito como desfecho principal. A atuação de uma equipe interconsultora de Cuidados Paliativos em um hospital geral propicia ao paciente e familiar um atendimento diferenciado e especializado e permite a disseminação do conceito e da prática paliativa entre todos os membros da instituição. Reuniões familiares: estratégia de suporte à família do paciente com câncer em final de vida Autores: Toshio Chiba; Elisa Miranda Aires; Fátima Lourdes Iared; Milena dos Reis Bezerra de Souza; Fabiana Tomie Becker de Carvalho Chino Instituição: Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) Introdução: Os pacientes com doença avançada e seus familiares enfrentam diversas crises e dificuldades para a aceitação da interrupção do tratamento curativo e da morte. Neste processo o sofrimento é frequente e requer destes indivíduos adaptação física, social e emocional. Deste modo, o profissional responsável por comunicar más noticias precisa utilizar estratégias que facilitem a comunicação e compreensão da situação e dos recursos disponíveis para continuidade do cuidado. Uma das estratégias para facilitar esta adaptação é a reunião familiar (RF), a qual ainda é pouco utilizada nas instituições brasileiras. Material e métodos: Estudo retrospectivo descritivo. Os dados foram levantados a partir das atas das RF realidades entre março e junho/2010, no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). As atas contemplavam características demográficas de pacientes, familiares e equipe; o restante das informações eram abertas (conforme a demanda da reunião). www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 117 Resultados: Foram realizadas 56 RF todas referentes a pacientes internados sob os cuidados da equipe de Cuidados Paliativo s do ICESP (23% dos mesmos), sem indicação de tratamento oncológico. Sessenta e um por cento deles eram homens e 57% tinham idade entre 50 e 70 anos. Os cânceres mais prevalentes apresentados foram: cabeça/ pescoço e pulmão (14,3% cada), mama (10,7%), colon/reto (8,9%). No total das 56 RF estiveram presentes 161 familiares (media de 2,8 familiares por reunião), sendo 36,5% filhos, 16,5% irmãos e 16,5% cônjuges. Estiveram presentes 173 profissionais (media de 3,1 profissionais por reunião) distribuídos da seguinte maneira: médicos (100%), enfermeiros (100%), psicólogos (51,8%), assistentes sociais (12,5% ). Dos familiares entrevistados a maioria conhecia o diagnóstico dos pacientes (91%) e seu prognostico (64,3%); não foi possível avaliar o grau de conhecimento sobre Cuidados Paliativos. Os principais problemas/expectativas apontados pelos familiares foram: dúvidas sobre tratamento e prognóstico (64,3 %), dificuldades de cuidados em domicilio (53,6%), problemas na dinâmica da família (28,6%), questões emocionais (21,4%), conflitos familiares (17,9%) e desejo de alta para casa (23,2%). As principais condutas dos profissionais foram: esclarecimento do quadro clínico/prognóstico (94,6%), esclarecimento sobre Cuidados Paliativos (67,8%), planejamento terapêutico (51,8%), planejamento de alta (lugar indefinido) (41,1%), planejamento de alta para NACE (Núcleo de Assistência e Cuidados Especiais = Hospice) (41,3%), planejamento de alta para casa (14,3%). Conclusão: As entrevistas foram abertas e, portanto, muitas informações não puderam ser obtidas. As RF formais foram realizadas para uma minoria de pacientes internados em leitos de Cuidados Paliativos do ICESP entre os meses de março a junho de 2010 (a maioria das RF foi informal). Os familiares mais presentes foram filhos; a maioria dos familiares referia conhecer diagnóstico e prognóstico. Os profissionais que estiveram em todas as RF foram médicos e enfermeiros. Os familiares continuavam com muitas dúvidas sobre tratamento oncológico curativo mesmo quando o paciente chegava para a equipe de Cuidados Paliativos; apresentaram com freqüência dificuldades nos cuidados dos doentes em domicilio, problemas na dinâmica familiar e conflitos familiares. Além do papel fundamental da equipe nas informações sobre quadro clínico e prognóstico, as RF foram úteis para planejamento de alta e discussão sobre conflitos apresentados. S.O.S. Family Autores: Claudia Silva Pereira Barroso; Sonia Pires Instituição: Bem-me-care – S.O.S. Family Introdução: O BMC desenvolveu uma metodologia de cuidados às famílias que possuem um familiar adoecido. Estes cuidados visam proporcionar uma assistência integral orientando, informando e apoiando a partir do reconhecimento da sua necessidade de ser cuidada tanto quanto o familiar adoecido. Material e métodos: Famílias são apresentadas por parceiros Psiquiatras, Psicólogos, Psicanalistas, Geriatras, Pediatras, Oncologistas e outros profissionais das áreas envolvidas; Recebimento das famílias para primeiro contato objetivando: acolhimento, esclarecimentos preliminares sobre a doença e objetivo do trabalho; Reconhecer a família como protagonista no tratamento e também como objeto de intervenção; Desenvolvimento: Oferecer o primeiro acolhimento no momento em que a família receber o diagnóstico da doença, para que ela não se sinta abandonada e nem a única responsável pelos cuidados com o familiar necessitado e sim, apoiada e capacitada para o enfrentamento da doença; Oferecer orientação teórica e prática; Fazer um diagnóstico das www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 118 necessidades psicológicas da família e do familiar adoecido através: - Análise do contexto em que a família está inserida (história, composição, trajetória, etc.) e compreensão do seu funcionamento; Análise da qualidade e intensidade dos vínculos existentes: dos membros entre si, de todos em relação ao familiar adoecido. - Orientar a reflexão sobre as mudanças ocorridas nas relações e surgimento de novos papéis. Fazer um diagnóstico das necessidades de logística que porventura possam se apresentar, orientando sobre normas de segurança, ferramentas de suporte, ocorrências mais comuns, etc.; Identificar, oferecer e orientar sobre a necessidade de tratamento terapêutico para os outros membros da família; Constituir uma rede de contatos com profissionais ligados aos Cuidados Paliativos. Estar posicionado ao lado da família, oferecendo mecanismos de enfrentamento da doença, a partir de seus próprios recursos, potenciais e limitações. . Resultados: Reduzir o impacto traumático/negativo do diagnóstico; aumentar o nível de conhecimento sobre a doença; reduzir o nível de preconceito em relação à doença e de discriminação/exclusão em relação ao familiar adoecido; aumentar o nível de comprometimento e participação efetiva da família no tratamento do familiar adoecido; aumentar as chances de adesão ao tratamento medicamentoso e psicoterápico; aumentar as chances de manutenção e sucesso do tratamento medicamentoso e psicoterápico; reduzir o nível de ansiedade sobre: a convivência com o paciente e as expectativas de progressão e melhora da doença; estabelecer expectativas realistas em relação ao desenvolvimento do familiar adoecido; reduzir a necessidade de internação; ajudar a família a reconhecer e aceitar que também necessita de ajuda, tanto quanto o familiar adoecido, e ser reconhecido como um facilitador neste processo. Conclusão: O S.O.S. Family pressupõe e pretende ser um facilitador do entendimento e interação multiprofissional voltado aos familiares. Sua meta principal é estender à família do adoecido o conhecimento e os esforços já colocados à disposição do paciente, consequentemente revertendo benefícios ao próprio paciente e toda equipe. . Seminário de tanatologia: espaço de reflexão para a equipe de saúde em Cuidados Paliativos Autores: Bianca Oigman; Daniella Righetti de Oliveira Glória; Silvana Maria Aquino da Silva Instituição: Instituto Nacional do Câncer (INCA) Introdução: Lidar com a perda e com a morte é rotina para os profissionais da Unidade de Cuidados Paliativos do Instituto Nacional de Câncer. O contato com pacientes com doença avançada, em controle de sintomas, significa entrar em contato com a experiência de luto que a pessoa vem vivendo, ao longo do curso da enfermidade. Desta experiência diária podem surgir: angústias, receios e dúvidas, podendo gerar aumento de manifestações somáticas, aumento do absenteísmo e estresse crônico. Portanto, a necessidade de criar estratégias para um melhor manejo com o constante sofrimento psíquico advindo dos pacientes e seus familiares. Percebendo uma demanda dos funcionários por um espaço para reflexão sobre a pratica, o Serviço de Psicologia criou um projeto chamado Seminário de Tanatologia, onde os participantes são estimulados a refletir sobre temas relacionados a pratica diária, visando um melhor preparo do profissional de saúde que lida com situações limites, como a morte. Material e métodos: Os seminários são realizados no auditório da Unidade de Cuidados Paliativos do Instituto Nacional de Câncer, a cada dois meses. É direcionado para todos os funcionários da www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 119 Unidade, que tenham interesse em refletir sobre sua prática, aprimorando sua atuação. A cada aula, são utilizados diversos recursos: literatura sobre o tema abordado, recursos audiovisuais e casos clínicos como ilustração. Esses recursos visam sensibilizar os participantes para o tema e motivar uma discussão no grupo, que antecede a aula propriamente dita. Até o momento, os temas apresentados incluem: o luto na rotina diária do profissional, espiritualidade e morte e luto na infância. Ao final de cada aula, é disponibilizado um momento para os profissionais realizarem verbalmente sua impressão sobre o seminário. Resultados: Através de uma lista de presença foi verificado que em torno de 100 funcionários da Unidade participaram dos seminários já realizados. Em seus depoimentos, relatam sobre a possibilidade de trazerem suas questões referentes à pratica diária e sobre as trocas de experiência com os colegas de trabalho, recebendo apoio e suporte teórico. Referem lidar melhor com suas limitações, ansiedades, sentindo-se mais habilitados para a sua atuação. Conclusão: A partir da análise do discurso dos participantes, fica evidente a importância de um espaço para o profissional de saúde que lida com uma rotina difícil, cercada de sofrimento. Esta realidade reflete a deficiência da formação na área da saúde do profissional, de habilidade técnica e de um espaço para uma significação da sua experiência. Sentimentos e emoções do enfermeiro frente ao paciente oncológico em estágio terminal Autores: Elaine Maria Ribeiro Demuner; Luiza Mendes Merlo; Munique Alves da Silva; Priscilla Pinheiro de Oliveira Instituição: Centro Universitário de Vila Velha Introdução: Quando nenhum tratamento resultar em uma resposta curativa, a equipe médica decide submeter este paciente aos Cuidados Paliativos. Tendo em vista o crescente número de pacientes com câncer que são submetidos apenas aos Cuidados Paliativos, a qualidade de vida desses pacientes pode ser mantida em níveis satisfatórios através de técnicas utilizadas em terapia paliativa (BRASIL, 2009). O cuidado paliativo afirma a vida e encara o “estar morrendo” como um processo normal, e seu objetivo é permitir aos pacientes e suas famílias viver cada dia pleno e confortavelmente tanto quanto possível e ajudar a lidar com o stress causado pela doença, morte, e dor da perda (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2002). Segundo Bettinelli, Waskievicz e Erdmann (2004), o grande desafio dos profissionais de saúde é cuidar do ser humano na sua totalidade, principalmente em relação a sua dor e ao seu sofrimento, nas dimensões física, psíquica, social e espiritual, com competência tecnocientífica e humana. (MOHALLEM; RODRIGUES, 2007). Objetivou-se com este estudo desvelar as emoções desencadeadas no enfermeiro por prestar assistência ao paciente oncológico em estado terminal, identificando de que forma os enfermeiros lidam com essas emoções. Material e métodos: Um estudo descritivo com abordagem qualitativa. Realizado em um hospital referência em tratamento oncológico no Estado do Espírito Santo. Utilizado um roteiro estruturado, tendo a entrevista gravada e transcrita na sua totalidade, construindo-se categorias analíticas. Este estudo foi realizado dentro dos padrões éticos de pesquisa, respeitando a Resolução 196/96. Resultados: A maioria dos entrevistados não apresentou resistência a esta especialidade, exceto pelo fato de uma delas ter descrito apreensão e medo, em um primeiro momento, pelo fato de se tratar de uma doença que mutila e deixa muitas seqüelas físicas nos pacientes durante e após o www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 120 tratamento. Elas utilizam a espiritualidade e a fé para tentar animar o paciente sem prognóstico, uma vez que a força de vontade e o psicológico do paciente contam muito. Como forma de enfrentamento das situações consideradas difíceis, as enfermeiras lançam mão, a nível individual, de algumas técnicas de defesa como a religião ou alguma forma de ajuda espiritual, mencionando também o choro como válvula de escape. O reconhecimento da assistência prestada, quando vinda do paciente, exerce um poder de gratificação e age como se fosse “a grande recompensa” a sensação de “missão cumprida”, reafirmando a importância que o enfermeiro possui diante da equipe multidisciplinar e principalmente perante o paciente e seus familiares. Conclusão: Como defesa alguns profissionais agarram-se na espiritualidade, outras buscam um atendimento técnico sem envolvimento direto com o paciente, e há aquelas que usam da empatia e do bom humor para assistir o paciente mesmo que vivencie uma carga de sentimentos e emoções. O ato de cuidar não é apenas uma intervenção técnica, mas uma relação de ajuda que deve envolver respeito e compreensão, além de uma visão holística, experiências e sentimentos. Algumas afirmaram que podem existir pacientes com os quais se estabelece uma relação diferenciada e singular, e ao vivenciarem seu processo de morte, emergem sentimentos de tristeza e perda. O sentimento de insegurança é dito como uma lacuna da graduação, que não prepara o profissional. Não se compreendendo os sentimentos que norteiam ações ao paciente oncológico terminal, dificultando o diálogo do enfermeiro com o paciente e a família. Serviço social e família: atuando no cenário em Cuidados Paliativos Autores: Izilda Cristina Beltrão Martins; Maria Bernardete Tanganelli Piotto Institutição: Hospital Universitário (HU/USP) Introdução: Atualmente no Brasil, os Cuidados Paliativos em idosos refletem a necessidade de planejamento de políticas públicas. Além disso, o conceito de cuidar para salvar vidas cria uma expectativa na equipe interdisciplinar, no paciente e nas famílias, que se deparam com a ausência de prognósticos, gerando complexidades nas altas. Material e métodos: Um dos desafios atuais da humanidade vai além da luta pela sobrevivência, prima pela qualidade desta. Assim sendo, objetivamos trabalhar nas reflexões dos principais desafios enfrentados hoje pelos pacientes fora de possibilidades de cura científica e sua rede de apoio em nossa sociedade. Subsidiamo-nos em estudos bibliográficos sobre o tema, aliado à nossa prática de observação e atendimento no Pronto Socorro Adulto e Enfermaria de Clínica Médica no Hospital Universitário da USP. O trabalho se desenvolve nas mediações e articulações da rede social do paciente, onde um de seus objetivos é dinamizar a relação de cuidados integral, sendo a família o foco da abordagem no acolhimento do paciente, preparação dos amigos e do domicilio, fortalecendo as relações e resgatando as identidades. Resultados: Esta ação concretiza-se quando classificamos as atuais condições do paciente, decodificando os diagnósticos, prognósticos, resgatando relações familiares, redefinindo papéis e fazendo adaptações, com os recursos disponíveis, já que é sabido que nas famílias contemporâneas os integrantes trabalham, existem poucos filhos e desaparece a figura do cuidador. Hoje ela é construída de mosaicos com ex-sogras, ex-esposos, enteados ou somente o paciente. Atuamos em prol da aceitação da doença e capacitação dos familiares para que o atual momento de vida e saúde seja permeado por informações e comunicação adequada, seja trabalhada a reflexão sobre o prolongamento desnecessário do processo de morrer e amadurecimento dos laços e compromissos www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 121 familiares. Estes pacientes contarão com sua inclusão no Programa de Atendimento Domiciliar (PAD) e no Grupo de Apoio aos Profissionais de Saúde e Paciente Críticos (GRAPAAC) do HU/USP, com vistas aos Cuidados Paliativos como uma intervenção estruturada e fundamental no processo de adaptação a doença vivenciada. Esta intervenção tem como objetivo prestar assistência ao paciente em estado grave, aos seus familiares e aos profissionais que assistem o doente, visando prevenir a distanásia, geralmente acompanhada de sofrimento ao paciente, aos familiares e a equipe de saúde. Conclusão: Há que se pensar em processo de viver saudável, onde a saúde de todos seja constituída com mudanças sociais, políticas públicas de atenção ao idoso, valorização de laços afetivos e mudanças de hábitos e estilo de vida, pois é de conhecimento que os fatores que contribuem hoje para saúde e longevidade estão no estilo de vida (70%) e na genética (30%). Sendo assim, neste novo cenário, usufruiremos integralmente os benefícios que a tecnologia nos oferece. . Sinais e sintomas apresentados pelos pacientes encaminhados ao NACE (Hospice - ICESP) Autores: Toshio Chiga, Maria Perez Soares D´Alessandro; Eduardo Guilherme D´Alessandro; Leonardo Consolin; Elisa Miranda Aires Instituição: Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) Introdução: O Núcleo Avançado de Cuidados Especiais (NACE) do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) é fruto de uma parceria entre o ICESP, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e o Recanto São Camilo. Ele está localizado no município de Cotia e foi inaugurado em 02 de setembro de 2009. Criado dentro da filosofia de Hospice, o NACE oferece assistência ativa a pacientes cuja doença neoplásica não responde mais ao tratamento específico, sendo o foco do tratamento a garantia da melhor qualidade de vida, tanto para o paciente como para seus respectivos familiares. Este é um estudo observacional com o intuito de descrever os sinais e sintomas apresentados pela população encaminhada ao NACE. Material e métodos: Entre março e abril de 2010 foi feito um levantamento das queixas referidas pelos pacientes na chegada ao NACE. Foram incluídos 72 pacientes consecutivos, sendo 27 mulheres (37%) e 45 homens (63%). A faixa etária variou entre 28 e 88 anos no sexo masculino e de 30 a 84 anos no sexo feminino. Os tumores primários mais prevalentes nos pacientes estudados foram cabeça e pescoço (17%), pulmão (14%), esôfago-gástrico (10%). As queixas foram avaliadas no primeiro contato da equipe médica do NACE com os pacientes. Foram registradas as queixas expressadas pelos próprios pacientes. Quando estes estavam confusos ou apresentavam rebaixamento de nível de consciência, a queixa foi informada pelo familiar cuidador. Resultados: As principais queixas na entrada foram: confusão mental 19%, depressão e ansiedade 16%, fadiga 15% e dispnéia 12%. Enquanto na literatura a dor é uma queixa presente em 71% dos pacientes com câncer incurável, um estudo com pacientes encaminhados a Hospices no Reino Unido encontra 62% de prevalência de dor. Dos pacientes encaminhados ao NACE, apenas 26,4% relatam dor como queixa inicial, sendo que apenas 7% identificam esta como a sua principal queixa. Proporções discrepantes como estas também podem ser vislumbradas no caso de constipação e náuseas. Uma possível explicação para tal fato seria que todos os pacientes antes de serem encaminhados ao NACE são avaliados e a acompanhados pela equipe de Cuidados Paliativos do www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 122 ICESP. Desta forma, estes sintomas de controle mais fácil já estariam melhores paliados na entrada quando comparados a sintomas de mais difícil controle como dispnéia, fadiga e confusão mental. Conclusão: O trabalho avaliou as queixas apresentadas por 72 pacientes consecutivos encaminhados ao NACE entre março e abril de 2010. Os principais sinais e sintomas apresentados na entrada foram confusão mental (19%), depressão e ansiedade (16%), fadiga (15%) e dispnéia (12%). Considerando que nos critérios de encaminhamento ao NACE está pontuada a presença de sintomas de difícil controle, estes dados apontam quais seriam os sintomas de maior dificuldade de manejo no contexto ambulatorial. Sistematização da assistência de enfermagem ao paciente oncológico ao fim da vida Autores: Luciana Aparecida Faria de Oliveira; Vera de Lima Belo Instituição: Instituto Nacional do Câncer (INCA) Introdução: A enfermagem vem ao longo dos anos se afirmando como ciência e a sistematização de suas intervenções com o uso de metodologias fornece embasamento para sua prática. Uma destas práticas são os cuidados ao fim da vida, cuidados estes dispensados ao paciente oncológico em Cuidados Paliativos em seus últimos dias de vida. Este trabalho teve como objetivos identificar na literatura científica os principais diagnósticos de enfermagem para o paciente ao fim da vida e traçar um plano de intervenções de acordo com os diagnósticos de enfermagem identificados. A relevância do estudo consiste em possibilitar ao enfermeiro familiarizar-se com a temática, aprimorando seus cuidados e conhecimentos e adaptando sua assistência para atender necessidades únicas e inerentes a este paciente. Material e métodos: Para realização deste trabalho foram analisados artigos científicos, livros e periódicos que versavam sobre Cuidados Paliativos, paciente terminal e processo de enfermagem, tanto na língua portuguesa, como estrangeira (inglês e espanhol), sendo identificados os diagnósticos e intervenções de enfermagem relacionados ao paciente ao fim da vida baseados em NANDA 2007-2008 e NIC 2009. Resultados: O paciente oncológico em Cuidados Paliativos se encontra em uma situação de enfermidade avançada, incurável, polissintomático e com múltiplas causas de sofrimento na esfera psicossocial .Ao enfermeiro cabe então reexaminar sua atuação diante da morte e do morrer para estar disposto e aberto para cuidar com tranqüilidade do cliente e família em suas necessidades físicas, espirituais e sociais.Devendo aplicar a sistematização da assistência de enfermagem para otimizar seu trabalho e planejar e implementar os cuidados baseados nos princípios de Cuidados Paliativos. A sistematização da assistência de enfermagem é uma abordagem de resolução de problemas para atender às necessidades de um cuidado de saúde e de enfermagem de uma pessoa de maneira ordenada, Melhorando a qualidade de assistência prestada pelo enfermeiro aos pacientes em fim de vida; proporcionando melhor qualidade de vida aos pacientes, nos seus últimos dias e minimizando a angústia da família nessa fase final de vida. Considerando esse critério, os diagnósticos de enfermagem foram formulados com seus domínios e classes estabelecidas de tal forma que o enfermeiro identificasse as prioridades para cada um dos diagnósticos. Foram identificados 11 diagnósticos e foi elaborado o plano de intervenções de enfermagem que consiste em descrever as atividades de enfermagem para cada diagnóstico identificado. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 123 Conclusão: consideramos de suma importância que o enfermeiro que prestará assistência a esses pacientes, tenha conhecimento técnico-científico, de forma sistematizada, pois desempenhará um papel crucial nos últimos momentos de vida desses pacientes. Por isso faz-se necessária uma sistematização da assistência de enfermagem, garantindo ao paciente dignidade, respeito e o conforto necessário em sua fase final da vida. Terapia nutricional e medicamentosa: modalidades terapêuticas em Cuidados Paliativos Autores: Maria Elizabete Sobreira de Albuquerque; Isabelle Cristinne Pinto Costa; Alice Iana Tavares Leite; Juliana Paiva Góes da Silva; Kamyla Félix Oliveira dos Santos Instituição: Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Introdução: Os Cuidados Paliativos configuram-se como sendo um trabalho de suporte às necessidades oriundas da patologia, ajudando o paciente a ter consciência de seu estado bem como apoiando os familiares diante da finitude do seu ente querido. É relevante destacar que essa nova forma de cuidar permeia no contexto de cuidados totais, ativos e integrais, dispensados entre a relação dos profissionais aos pacientes e suas famílias com doenças avançadas e em fase terminal, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, identificação precoce e avaliação correta de problemas de ordem física, psicossocial e espiritual, sendo, portanto, mais que uma opção terapêutica. Nesse sentido, para o alcance dessa proposta de assistência é imperioso que os Cuidados Paliativos façam uso de modalidades terapêuticas, destacando-se o emprego da farmacoterapia e da nutrição. Destarte, este estudo tem como objetivo caracterizar a produção científica acerca da terapia nutricional e medicamentosa como modalidades terapêuticas em Cuidados Paliativos em periódicos online, no âmbito da saúde. Material e métodos: Trata-se de uma pesquisa documental que teve como fonte de dados artigo s publicados acerca da temática disponibilizados na Biblioteca Virtual em Saúde no período de 2005 a 2009. Após a busca dos artigos, utilizando-se o descritor “Cuidados Paliativos”, foram encontrados um total de 4.121 artigos, dos quais sete versaram acerca da temática em estudo, sendo cinco em português e dois em espanhol. Para a análise do material empírico optou-se pela técnica de análise de conteúdo. Resultados: A pesquisa revelou que o ano de 2009 foi o que obtive maior produção, apresentado três (43%) publicações. A partir da análise proposta foi abstraída a categoria “intervenção biológica”, com suas respectivas subcategorias “nutricional” e “farmacológica”. Quanto à subcategoria nutricional, os estudos demonstraram que o cuidado nutricional em Cuidados Paliativos é direcionado ao controle de sintomas, valorização dos alimentos preferenciais, adequação da dieta, conforto emocional, diminuição da ansiedade, aumento da auto-estima e o respeito ao desejo do próprio paciente por alimentos. É importante destacar que um dos estudos constatou a existência de controvérsias na escolha do tipo de dieta para o paciente com quadro de doença incurável. Entretanto, é mister que a eficácia da conduta nutricional esteja diretamente envolvida com a capacidade de intervir individualmente, adaptando os procedimentos às necessidades e expectativas de cada ser paciente. No que concerne a subcategoria farmacológica, verificou-se que o emprego de drogas à pacientes sem possibilidade de cura, emerge com o cerne de aliviar o quadro de dor em que os mesmos se encontram, haja vista que irão propiciar uma melhora no quadro geral de saúde. Dentre as drogas empregadas, as pesquisas contemplaram o emprego de canabinóides bem como o uso de fármacos para o alcance da sedação, ambos utilizados com o escopo de diminuir de promover alívio da dor e de outros sintomas decorrentes da doença terminal. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 124 Conclusão: Diante do exposto, evidencia-se que esse modo diferenciado de tratar vem merecendo atenção por parte de pesquisadores, o que sugere boas perspectivas para a inserção das modalidades terapêuticas em Cuidados Paliativos em redes assistenciais de saúde e na formação acadêmica de diversos profissionais. Terminalidade de vida em UTI: levantamento e caracterização de necessidades em Cuidados Paliativos Autores: Ricardo Tavares de Carvalho; José Augusto Souza Silva; Silvia Helena G. Lage Instituição: Hospital das Clínicas - FMUSP Introdução: Com o desenvolvimento técnico-científico e a obstinação pela cura, as UTIs tornaramse o local onde frequentemente os pacientes falecem. Atualmente, questiona-se os critérios para internação desses pacientes em UTI tendo em vista que , em muitos casos, tratam-se de portadores de doenças terminais e sem expectativa de cura. No Brasil, a caracterização desse fato ainda não é bem documentada. O objetivo do estudo foi caracterizar os pacientes internados em UTI com relação a seus diagnósticos, presença de doença terminal, expectativa de sobrevida dada pela equipe médica assistente e o impacto desses dados sobre a condução dos casos até a alta ou óbito, inclusive quanto à existência de ações paliativas nesses casos. Material e métodos: Em levantamento realizado por três meses em Unidade Clinica de Terapia Intensiva Cardiológica, foram aplicados instrumentos de avaliação prospectiva dos prontuários médicos durante todas as internações com duração maior do que 24h. Buscou-se caracterizar a população de acordo com a idade, sexo, diagnóstico de internação e doenças de base. Buscou-se também identificar a presença de critérios de terminalidade e a perspectiva dos profissionais médicos e de enfermagem quanto à evolução desses pacientes avaliada após as primeiras 24h de internação. Com esses dados avaliou-se se a conduta adotada nos casos que faleceram na UTI de forma a obter dados para análise crítica e como é encarada a finitude de vida e a terminalidade. Resultados: Das 134 internações ocorridas no período, 13 evoluíram para óbito em menos de 24h. Das 121 internações restantes, 82 tiveram alta da UTI (15 óbitos no hospital e 67 altas hospitalares) e 39 faleceram na UTI. Na análise dos óbitos em UTI , a idade média foi de 69+/-15anos, 46%homens e 54% mulheres. Os principais diagnósticos de internação foram Choque Cardiogênico (30%), Insuficiência Respiratória (17%), Sepse (17%), Insuficiência Renal Aguda (15%) e pós PCR(10%) . Havia critério de terminalidade em 72% desses casos, em 85% deles devido a doença de base. O médico conseguiu prognosticar, com acerto, nas primeiras 24h de internação, que a morte ocorreria, em 92% dos casos. Entretanto, a discussão sobre terminalidade só foi feita em 28% de todos os casos. Dos casos que evoluíram a óbito, 62% (25casos) não foram submetidos a RCP. Desses, apenas 40%(10casos) tinham ordem de não reanimar. A análise da última prescrição de todos os óbitos ( dentro e fora da UTI - 52 vasos), excluindo-se as mortes súbitas, revelou que, no dia da morte, 90% deles tiveram exames laboratoriais colhidos, 75% fizeram RX , 15% tiveram USG ou Tomografia solicitados, 75% receberam vasopressores, 70% recebeu dieta enteral e 75% receberam medicação fútil como AAS, estatina ou hormônio tireoidiano. Não houve emprego de ações paliativas de forma sistematizada. Em cinco casos foram dirigidas ações específicas para controle de sintomas a assistência psicossocial ao paciente e família. Em um caso houve alguma atenção ao luto. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 125 Conclusão: Apesar de haver congruência entre a expectativa de óbito, pelo médico, e a ocorrência concreta desse fato, isto não foi suficiente pata determinar uma mudança na postura desses profissionais no sentido de evitar o emprego de medidas de suporte avançado de vida mesmo em condição de terminalidade. Há necessidade de discussão sistematizada dos casos frente a filosofia de Cuidados Paliativos de forma a que a terminalidade de vida possa ser reconhecida mais eficientemente e que a condução clínica desse processo se dê de forma mais adequada. Trajetória de um adolescente e sua família no grupo de Cuidados Paliativos: relato de experiência Autores: Maira Deguer Misko; Maiara Rodrigues dos Santos; Rita Tiziana Verardo Polastrini; Neuza Keiko Sakita; Regina Szylit Bousso Instituição: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Introdução: No percurso do tratamento, a família depara-se com a possibilidade da morte do filho a todo instante, vivendo períodos de incerteza, que diminuem a possibilidade de vislumbrar perspectivas de vida. Enfrentar a realidade através de intervenções que possam aliviar a dor e o sofrimento pode ser importante forma de tornar esse contexto menos ameaçador, tanto para o doente, quanto para sua família e para a equipe de saúde envolvida nos cuidados. Material e métodos: Um relato de experiência propõe tornar visível e compartilhar com outros profissionais e estudantes uma vivência prática. Consta da narrativa da trajetória de um adolescente de 15 anos,portador de xeroderma pigmentoso e de sua família,desde a sua chegada no grupo de Cuidados Paliativos (CP) até o dia de sua morte, na visão de um grupo de enfermeiras do grupo de dor e CP de um hospital público terciário. Serão abordados aspectos da doença, do planejamento e organização da assistência paliativa instituídos para este adolescente e sua família, bem como seus resultados. Resultados: O adolescente permaneceu no grupo de CP por um ano e meio. As principais manifestações apresentadas pelo adolescente e sua família foram: dor; desestruturação familiar decorrente da rotina de tratamento e internações freqüentes no início; alteração da auto-imagem causada pelas lesões decorrentes da doença que foram piorando com o progredir da mesma; sua irmã, portadora da mesma doença, vendo o desenrolar da patologia do irmão; pais, tendo uma outra filha com o mesmo problema, perdendo um filho e reportando-se ao futuro de se ver passando pela mesma situação novamente; período de luto.A comunicação foi um dos focos mais importantes da atuação profissional, pois consistiu em uma oportunidade ímpar de expressar emoção e fortalecer a família para manejar a doença.Os seguintes pontos puderam ser trabalhados:concessão de tempo e espaço para ajudar a recompor os pensamentos; oportunidades para expressar a dor e aflição diante da perda; estratégias para que reconhecessem seus próprios recursos e suas dificuldades, flexibilidade de tempo da família:atividade,descanso;e aceitação de novos apegos.Ao falarmos em CP,é necessário que se avalie as angústias física, psicológica e social do adolescente e de seus familiares.Não podemos esquecer que devemos trabalhar colaborativamente com a família, pois esta é responsável direta pelo cuidado à criança e pela manutenção do tratamento desejado para o paciente. A participação da família e principalmente do cuidador no processo de tomada de decisão para cada cuidado prestado possibilita que se encontre o melhor caminho para aquele paciente, utilizando-se uma programação adequada da assistência com uso racional dos recursos. Conclusão: Acreditamos que, conhecer as necessidades psicoemocionais e sociais da família e do paciente, nos ajuda a compreender comportamentos e atitudes que de outra maneira seriam julgados www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 126 como impróprios. Poder compreender os pacientes e seus familiares, aceitar seus limites e possibilidades é também uma forma de o profissional cuidar de si, na medida em que está em contato íntimo com suas próprias necessidades e limitações. Criar metas realistas com os pacientes e suas famílias é uma forma de restabelecer e manter sua esperança. Mesmo diante da complexidade de cuidar do adolescente na fase paliativa, os profissionais, com compaixão e solidariedade, podem reduzir o impacto da doença e proporcionar alívio do sofrimento, possibilitando a construção de novas perspectivas para que as intercorrências cotidianas possam ser vencidas. Uma psicanálise possível na clínica de Cuidados Paliativos Autores: Daniela Charnizon; Laila Braga Mota; Michelle Karina Silva Instituição: Hospital Risoleta Tolentino Neves Introdução: A forma como a morte é entendida pelo homem varia de acordo com aspectos históricos e culturais. A morte tradicional, experimentada pelo sujeito em casa, foi gradativamente substituída por um modelo que podemos chamar de morte moderna. Atravessada pelo discurso científico racionalizado, a morte moderna se dá no ambiente hospitalar como um evento inscrito em regras institucionais. Os primeiros modelos de Cuidados Paliativos (CP) surgem na Inglaterra, na década de 60. Esta proposta, enquanto alternativa “humanizada” à morte moderna, vem para dar voz ao sujeito, reconhecer o saber que ele constrói sobre seu corpo e sua finitude. No entanto, na tentativa de desconstruir o modelo artificial da morte atravessada pelo aparato técnico-científico, pode-se caminhar no sentido de produzir uma naturalização forçosa ou uma classificação artificial do processo de morrer. A prática da psicanálise se distancia, nesse sentido, da forma de racionalização categorial produzida por uma identificação artificial a partir de um código já estabelecido sobre os estágios de terminalidade. A coletivização do processo de morte interfere na escuta real do que o sujeito produz, uma vez que a equipe busca insistentemente encontrar uma categoria estabelecida a priori para conseguir representar a angústia, muitas vezes impossível de ser dirimida, que eclode no confronto coma condição de morte. Para a psicanálise, o sujeito morre sempre de uma forma singular. Como se vê, a aplicação do discurso da psicanálise à prática de CP, dentro da cena hospitalar, aponta para uma forma singular de atuação. Esse trabalho visa apresentar as nuances dessa clínica refletindo a respeito da experiência de uma equipe de Cuidados Paliativos atuante em um hospital geral. Material e métodos: A prática de CP no hospital em questão conta com uma equipe interdisciplinar composta por médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais. O objetivo mais imediato do trabalho é possibilitar a minimização do sofrimento do paciente ao longo do processo de morrer. A demanda para encaminhamento dos casos surge a partir da decisão médica. Depois que a interconsulta é formulada, a equipe se mobiliza para a realização de uma avaliação inicial. O caso clínico, discutido em reuniões semanais que envolvem toda a equipe é construído e reconstruído de acordo com as indicações do próprio sujeito. Assim, elabora-se uma prática técnica que contraria o discurso da ciência para todos. Ancorada na construção do caso clínico, a prática de CP se alicerça na clínica feita por muitos, com uma multiplicidade de saberes que tem sua fundação enraizada no “Um” discursivo. Na equipe, há um corpo de palavra que circula lado a lado com o silêncio e a reserva necessários para que a construção de saber se coloque do lado do sujeito. Resultados: Os resultados desse trabalho são observados no campo subjetivo, na esfera singular. Até o momento foram realizados 111 atendimentos que se sustentam nessa proposta de escuta dos www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 127 efeitos de particularização do sujeito. Todos os pacientes tiveram seu processo de morte tomado como enigma singularizado e elaborado em um tecido significante próprio. O relato de um caso clínico explicitará como o trabalho da equipe é ancorado no deciframento da cadeia de linguagem subjetiva por via de uma leitura que testemunha e escreve a história particularizada da morte de Um. Conclusão: A prática de CP requer que o profissional coloque em jogo sua vivacidade, para que a relação transferencial seja sustentada e os espaços de palavra venham à tona. As apostas e investimentos nas soluções apontadas pelo paciente abrem caminho para a construção de um projeto terapêutico fundamentado na subjetividade. Trata-se de uma técnica de escuta reservada e apoiada na ética do desejo, sustentada por uma ética que privilegia a produção singular, radicalizada e ampliada para o acompanhamento, caso a caso, do processo de morte de cada sujeito. Utensílio alternativo para alimentação: relato de um caso clínico Autores: Paula Pelegrini; Débora Cristina Cardoso Santos; Silvia Carneiro Bitar; Maria Teresa Aparecida Silva Odierna; Miriam Ikeda Ribeiro Instituição: Residencial Israelita Albert Einstein Introdução: Após avaliação da deglutição, o fonoaudiólogo sugere posturas de cabeça ou mudanças de posição para uma deglutição segura, modifica a consistência dos alimentos e verifica a melhor forma de oferta das refeições de acordo com a necessidade e segurança do paciente. O tratamento da disfagia, embora possa apresentar um caráter curativo, pode ser também adaptativo e paliativo, através do gerenciamento fonoaudiológico alimentar e da atuação de uma equipe multidisciplinar. Objetivo: relatar o caso de uma paciente com indicação de via enteral para alimentação e descrever o manejo do caso com um utensílio alimentar alternativo. Material e métodos: Paciente institucionalizada há 06 anos, sexo feminino, 88 anos, dependente total para as atividades de vida diária, com diagnóstico clínico de demência avançada com alteração psicomotora, acompanhada pelo setor de fonoaudiologia de julho de 2007 até a presente data. Foi solicitada avaliação fonoaudiológica clínica da deglutição devido a queixas dos cuidadores da dificuldade em alimentar a paciente e presença de engasgos durante todas as refeições. Na avaliação realizada durante a refeição, foi observada alteração da fala e linguagem, diminuição de força dos órgãos fonoarticulatórios, travamento da mandíbula e não abertura espontânea de boca, dificuldade de manipulação do bolo alimentar, dificuldade para iniciar a deglutição, presença de engasgos, acúmulo de resíduo alimentar em cavidade oral após deglutição e ausculta cervical positiva sugestiva de penetração ou aspiração laríngea para todas as consistências. Durante a refeição, a paciente apresentou agitação psicomotora interferindo na dinâmica alimentar e aumentando os riscos de aspiração. Concluiu-se, disfagia orofaríngea de grau severo. Foi sugerida gastrostomia devido alteração da deglutição e devido à dificuldade de manejo que os cuidadores apresentavam para oferecer a dieta, pois a paciente apresenta alteração psicomotora importante, interferindo, em sua dinâmica alimentar. Em conversa com o médico e os familiares da paciente, foi acordado cuidados de conforto exclusivo devido diagnóstico avançado e sem medidas invasivas, como, gastrostomia. Resultados: A partir da discussão entre o médico responsável e os familiares e diante dos achados da avaliação fonoaudiológica, realizamos a estratégia de manter os alimentos por via oral, com dieta pastosa e líquidos espessados, através de uma seringa de 60 ml com bico longo (utilizada para www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 128 administração por gastrostomia), uma vez que os cuidadores não conseguiam alimentar a paciente com colher. Ao ingerir os alimentos com a seringa, foi observado ao longo desses 03 anos, melhora da aceitação alimentar, melhor conforto e segurança para o cuidador oferecer as refeições e maior segurança da deglutição com diminuição dos engasgos, pois com o uso da seringa, observou-se maior coordenação entre as fases da deglutição e a paciente passou a controlar melhor o alimento na boca e degluti-lo com mais facilidade, embora permaneça com disfagia e risco de aspiração. Neste período, não houve a necessidade de intervenção medicamentosa para infecção pulmonar. Conclusão: A adaptação realizada para a paciente com o uso da seringa de 60 ml, foi realizada com o intuito de prover, uma alimentação tranqüila e segura. Quando a alimentação via oral não é mais possível, cabe aos profissionais observarem e buscarem estratégias alternativas, avaliando as vantagens e desvantagens de cada método, minimizando o sofrimento do paciente e da família durante o processo de finitude. Utilização da hipodermóclise no paciente oncológico em Cuidados Paliativos do ICESP Autores: Toshio Chiba; Gabriela Ferri Carone; Juliana Gomes Ballerini; Fabiana Tomie Becker de Carvalho Chino; Camila Cristofero Yamashita Instituição: Istituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) Introdução: A hipodermóclise (HDC) é um método de infusão de fluidos e/ou medicamentos pela via subcutânea, geralmente por dificuldade de acesso venoso e impossibilidade de administração por via oral. A efetividade dessa técnica deve envolve r a avaliação de uma equipe multiprofissional em conjunto com a decisão dos pacientes e familiares para a eficácia do tratamento proposto. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a utilização da hipodermóclise em pacientes oncológicos internados sob os cuidados da equipe de Cuidados Paliativos do ICESP. Método: Estudo retrospectivo. Dados revisados em prontuários de pacientes internados sob os cuidados da equipe de Cuidados Paliativos do ICESP, entre agosto de 2009 e maio de 2010, que fizeram uso de hipodermóclise. As variáveis estudadas foram sexo, idade, diagnósticos, medicamentos prescritos. Material e métodos: Estudo retrospectivo. Dados revisados em prontuários de pacientes internados sob os cuidados da equipe de Cuidados Paliativos do ICESP, entre agosto de 2009 e maio de 2010, que fizeram uso de hipodermóclise. As variáveis estudadas foram sexo, idade, diagnósticos, medicamentos prescritos. Resultados: Foram revisados 472 prontuários de pacientes internados sob os cuidados da equipe de Cuidados Paliativos destes 50 tinham prescrição de hipodermóclise (10,5%). Houve predomínio do sexo feminino (52%). A média de idade encontrada foi de 61 anos, sendo as idades mínima e máxima 24 e 87 anos, respectivamente. Neoplasia de mama (22%) e neoplasia de pulmão (16%) foram os diagnósticos mais frequentes destes pacientes. De um total de 212, os medicamentos prescritos por HDC foram analgésicos (32,5%), neurolépticos (12,7%), antieméticos (11,3%), soluções (9,9%), corticóides (8%), anticolinérgicos (7,5%), antibióticos (5,7%), benzodiazepínicos (5,7%), anticonvulsivantes (2,4%), eletrólitos (2,4%), entre outros (1,9%). Dipirona foi prescrita para 60% dos pacientes, seguida por morfina (56%), haloperidol (54%), metoclopramida (44%), dexametasona (34%), escopolamina (32%), entre outros. As soluções utilizadas foram fisiológica, glicofisio lógica e glicosada, e os volumes infundidos variaram de 500 a 2000 mL por dia. A HDC também foi utilizada para infusão dos eletrólitos cloreto de sódio 20% e cloreto de potássio 19,1%, na forma diluída. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 129 Conclusão: De acordo com os resultados percebemos a prevalência dos analgésicos, neurolépticos e soluções, confirmando a intenção de controle de sintomas, que é um dos objetivos principais no tratamento paliativo. A porcentagem de pacientes que utilizaram hipodermóclise (10,5%) pode ser considerada baixa, no entanto, por se tratar de um estudo retrospectivo houve perda de informações, sendo este número subestimado. A amostra foi formada por pacientes atendidos pela equipe médica de Cuidados Paliativos, e lembramos que pode ser empregada de maneira segura e eficaz através do protocolo institucional criado mesmo em pacientes que não estejam em tratamento paliativo. Com base nessa caracterização sugerimos um estudo mais abrangente, com a finalidade de difundir a utilização dessa técnica com segurança. Via subcutânea como segunda opção para a administração de fármacos na atenção aos pacientes em Cuidados Paliativos Autores: Gislene Pontalti; Márcia Fabris; Marcele Gnata Vier; Rose Mary Valejos; Tânia Maria Massutti; Vanessa Kenne Longaray. Instituição: Hospital de Clínicas de Porto Alegre Introdução: Nos Cuidados Paliativos ao final de vida do paciente, que apresenta intolerância de ingestão por via oral ou rede venosa inacessível, é consensualmente reconhecida a eleição da via subcutânea (SC) como segunda opção para a administração de fármacos ou de fluidos (hipodermóclise). No Brasil, a prática assistencial evidencia que a eleição da via subcutânea como segunda opção em Cuidados Paliativos é incipiente e, no hospital em estudo, a adesão é muito baixa quando comparada com os benefícios dessa prática, diferente do que acontece em outros países. Sendo assim, é premente a necessidade de estudos que abordem a prática da perfusão subcutânea na administração de medicamentos aos pacientes em Cuidados Paliativos; soma-se ainda a necessidade de um protocolo ou de diretrizes para sua aplicação na clínica paliativista, como também em outros cenários clínicos. O objetivo foi a realização de revisão literária sobre o uso da via subcutânea com pacientes em Cuidados Paliativos, para embasar a padronização e estabelecer diretrizes na administração de fármacos por essa via a ser adotada na prática paliativista do hospital em estudo. Material e métodos: O levantamento bibliográfico foi realizado através de busca eletrônica nas bases de dados: LILACS, MEDLINE, SciELO e PUBMED de 2000 a 2008, acessado durante o meses de setembro e outubro de 2008. A análise de dados foi feita mediante associação de aspectos práticos à utilização da via subcutânea, os sítios topográficos onde a técnica pode ser aplicada, as drogas empregadas e os riscos e benefícios auferidos. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clinicas de Porto Alegre. Resultados: O método é considerado seguro, não produz nenhuma complicação séria, e tecnicamente a aplicação é mais fácil quando comparado ao intravenoso (IV). Os efeitos adversos da administração de fármacos por essa via são raros, dependendo principalmente da seleção do fármaco, do volume administrado e do local da punção. Os fármacos mais utilizados pela via subcutânea são: morfina, metoclopramida, haloperidol, dexametasona, dentre outros. Os locais de inserção do cateter incluem o abdômen, o tórax superior, a área escapular, e os braços. Não foram encontrados relatos de complicações e os trabalhos reportaram os bons resultados desta prática. Para socializar essas informações foi elaborado um folder sobre a técnica e os cuidados dessa intervenção, direcionado para a equipe do serviço de Cuidados Paliativos, e será proposto um grupo de estudo para dar continuidade ao projeto e estabelecer as diretrizes de aplicação. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos 130 Conclusão: A conclusão apontou que é uma técnica de fácil aplicação, baixo custo, tem eficácia garantida e boa tolerância. Em relação às vias IV e intramuscular ( IM), a SC mostrou-se mais cômoda, menos dolorosa, produz poucos efeitos adversos, e permite adesão em ambiente hospitalar ou domiciliar. No entanto a equipe necessita de um protocolo instituído e do conhecimento para utilizar esta via, pois é fundamental o aprimoramento profissional, como um processo contínuo de ensino-aprendizagem tanto dos que cuidam quanto dos que são cuidados. A escolha da via subcutânea como segunda opção qualifica a assistência, assegura o controle sintomático e maximiza o conforto e a qualidade de vida do doente - prioridade central na atenção ao final de vida. Seria positiva a disseminação dessa técnica para outros cenários hospitalares, que representa associar eficácia terapêutica a menor invasão. www.paliativo.org.br Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos Créditos IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos Presidente Silvia Maria de Macedo Barbosa Presidente da ANCP Presidente da Comissão Científica Maria Goretti Sales Maciel Diretora Científica – ANCP Presidente da Comissão Organizadora Ricardo Tavares de Carvalho Secretário Geral – ANCP Diretoria da ANCP (2008-2010) Presidente Dra. Silvia Maria de Macedo Barbosa – SP Vice-Presidente Dr. Robeto Bettega – PR Tesoureira Dra. Dalva Yukie Matsumoto – SP Secretário Geral Dr. Ricardo Tavares de Carvalho – SP Diretora Científica Dra. Maria Goretti Sales Maciel – SP Edição e Revisão Carla Dórea Bartz Coordenadora de Comunicação – ANCP www.paliativo.org.br 131 Anais do IV Congresso Internacional de Cuidados Paliativos www.paliativo.org.br 132