ESPACIALIZAÇÃO DOS SUPERMERCADOS E OS EIXOS DE

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ESPACIALIZAÇÃO DOS SUPERMERCADOS E OS EIXOS DE
ADENSAMENTOS NA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA-BA
Claudio Ressurreição dos Santos
UFBA; FAMAM; [email protected]
(Pesquisa concluída)
1 INTRODUÇÃO
O estudo acerca da geografia dos supermercados na cidade de Feira de Santana
se torna relevante a princípio pelos aspectos quantitativos e qualitativos dos mesmos. Os
aspectos quantitativos revelam um número superior a 312 supermercados existentes na cidade
de Feira de Santana, segundo pesquisa de campo (2008), sendo responsável por uma parcela
significativa de empregos gerados no comércio varejista da cidade, além de se destacar no
abastecimento não só de gêneros alimentícios, como dos mais variados bens de consumo, a
exemplo dos produtos: vestuário, cama, mesa, banho, calçados; produtos eletrônicos computadores, notebook, aparelhos de som, eletrodomésticos, entre outros. Os
supermercados são responsáveis pela criação de um novo padrão de consumo, criando
marcas, principalmente com a introdução de novas variedades de produtos consumidas na
cotidianidade dos diversos segmentos da sociedade brasileira.
Com base nos aspectos qualitativos, os supermercados da cidade de Feira de
Santana apresentam um fenômeno de grande complexidade: o primeiro aspecto diz respeito
ao porte desses supermercados, que variam do pequeno supermercado de vizinhança com
poucas variedades de produtos, a grandes redes de supermercados com uma diversidade
muito grande de produtos que criam verdadeiras centralidades independentes do conjunto da
cidade. Desta forma, este estudo tem como objetivo: identificar e analisar os principais fatores
responsáveis pela espacialização dos supermercados nessa referida cidade.
Feira de Santana é o distrito sede do município homônimo, localizado a leste do
Estado da Bahia, entre a Zona da Mata e o Sertão, numa área de transição denominada
Agreste Baiana, a cidade de Feira de Santana dista 108 km de Salvador (distância rodoviária;
e em linha reta, 88 km).
Por este município passam três rodovias federais: BR – 324; BR – 101 e BR –
116, interconectadas por duas rodovias estaduais: a BA - 052, conhecida como Estrada do
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Feijão, e a BA – 502, conhecida como Feira – São Gonçalo. Todas essas rodovias tornam
Feira de Santana uma nodosidade das redes de transporte rodoviário, articulando o Sul –
Sudeste com o Norte – Nordeste.
No que se refere à população absoluta, esse município possui 480.949 habitantes
(2000), com a contagem do IBGE (2009) de 591.707 habitantes. Segundo dados do IBGE,
é o segundo maior município do estado da Bahia, sendo superado apenas pelo município de
Salvador, capital do estado.
A metodologia escolhida para atingir os objetivos propostos constou das
seguintes fases: num primeiro momento, utilizaram-se de fontes secundárias, como o
levantamento bibliográfico para a revisão da literatura sobre o tema em discussão,
paralelamente ao levantamento bibliográfico, realizaram-se um levantamento dos documentos
cartográficos, conforme sugerem Gerardi e Silva (1981), não só através de mapas e cartas,
mas também de imagens e fotografias, com o intuito de melhor compreender as
espacialidades das redes de Supermercados da cidade.
Em um segundo momento, foram utilizadas fontes primárias, através da coleta de
observações no campo pela mensuração direta, a exemplo de entrevistas e preenchimento de
formulários com gerentes e proprietários de supermercados.
2 AS LÓGICAS DA ESPACIALIZAÇÃO DOS SUPERMERCADOS EM FEIRA DE
SANTANA
Durante o trabalho de campo da pesquisa foram georeferenciados 312
supermercados localizados nos diferentes pontos da cidade, guardando características entre
eles das mais diferenciadas: uma delas se refere ao porte dos mesmos, tendo como referência
o número de caixas e a quantidade de empregos gerados A (tabela 1), evidencia bem esse
aspecto.
Tabela 1 - Porte, quantidade e empregos gerados pelas redes de supermercados em Feira de
Santana – 2008
Supermercados
Pequeno porte
Quantidade
Nº de empregos gerados
291
977
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2
%
46,3
Médio porte
Grande porte
Total
10
11
312
144
988
2.109
6,8
46,8
100,0
Fonte: Claudio Ressurreição dos Santos, 2008
Com base nos dados expostos, 46,3% dos empregos gerados, ou seja, 977
empregos são oriundos dos supermercados de pequeno porte; 6,8% dos empregos gerados,
o que equivale a 144 empregos, são oriundos dos supermercados de médio porte; e 46,8%,
ou seja, 988 empregos são gerados pelos supermercados de grande porte. Com base nos
dados evidenciados, observa-se certo equilíbrio na quantidade de postos de trabalho criados
entre os supermercados de pequeno e os de grande porte.
Entretanto, quando analisada a quantidade desses supermercados por porte,
levando-se em conta a geração de emprego, defronta-se com um desequilíbrio muito grande,
quando um total de 11 supermercados de grande porte chega a superar na criação de postos
de trabalho os 206 supermercados de pequeno porte. Acrescenta-se, ainda, a quantidade
pequena de supermercados considerados de médio porte e o reduzido número de empregos
por eles gerados o que evidencia ainda mais a concentração de renda nas mãos das grandes
redes de supermercados que atuam na cidade.
No que se refere a espacialização dos supermercados em relação ao porte, é a
seguinte: os supermercados de pequeno porte são encontrados em toda a cidade, entretanto
vale ressaltar que do total de 291 supermercados de pequeno porte existentes, apenas 1
estabelecimento encontra-se no centro da cidade, a poucos metros do Centro de
Abastecimento.
No que diz respeito aos supermercados de médio porte, estes também são
encontrados em toda a cidade. Entretanto, dos 10 estabelecimentos, apenas 2 localizam-se na
área central da cidade, o G.Barbosa da Comandante Almiro e o Faça-Feira, da Rua
Marechal Deodoro.
Dentre os supermercados de grande porte, de um total de 11 estabelecimentos, 5
encontram-se no centro da cidade: G. Barbosa da Rua Marechal Deodoro; G. Barbosa da
Estação Rodoviária; Mercantil Rodrigues na Avenida Maria Quitéria; além de 2 outros
supermercados da rede J. Santos, um na Rua JJ. Seabra e outro na Avenida Getúlio Vargas.
A maioria, um total de 6 supermercados de grande porte, está localizada em
diversas partes da cidade, com destaque às áreas fora do Anel de Contorno, as suas margens
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ou nas proximidades, a exemplo do Atacadão e do G. Barbosa, na Cidade Nova e no
Tomba; ou dentro do anel do contorno, porém próximo a este, como é o caso do G. Barbosa
do Sobradinho; do Hiper Bom Preço no Shopping Boullevarde e do J. Santos na Avenida
José Falcão.
Nesse contexto, é relevante destacar que, em um espaço de tempo curto, uma
média de 1, ano, foram inaugurados 5 grandes supermercados na cidade, todos fora da
região central. Este acontecimento demonstra as transformações que estão acontecendo na
configuração espacial do centro da cidade, como o surgimento de subcentros comerciais:
Tomba, Cidade Nova e o funcionamento do Shopping Boullevarde, do qual o Hiper Bom
Preço é uma das lojas âncora. De acordo com Pintaudi (2008), grandes supermercados e
shopping centers têm a capacidade de criar novas centralidades. Essa dinâmica
socioespacial contribui para pôr em xeque o monocentrismo ainda forte da centralidade
existente no centro da cidade de Feira de Santana.
Um dos aspectos que justificam a diferenciação espacial dos supermercados
quanto ao porte diz respeito aos traçados das principais vias de circulação. A estrutura física
da cidade de Feira de Santana é definida através da Avenida Eduardo Fróes da Mota, que
circula toda a cidade, formando o Anel do Contorno. É nítida a diferença da malha viária
dentro e fora deste Anel: o sistema viário básico intra-anel é dotado de vias largas e
pavimentado que concentram quase todo o comércio e serviços.
Essa espacialização do comércio e serviços é refletida também na rede de
supermercados da cidade. Segundo Pintaudi (1999), os supermercados tendem a se localizar
ao longo dos principais corredores de circulação. Nesse contexto, são destacados na área
intra-anel cinco principais eixos, caracterizados pelo forte adensamento de supermercados
Quadro 1 - Síntese da espacialização em eixos de adensamento dos supermercados de
Feira de Santana – 2008
(continua...)
Eixo de
adensamentos
Primeiro eixo
Segundo eixo
Área de abrangência
Características
Localiza-se na parte Nordeste
da cidade, entre os bairros do
Ponto Central, CASEB e São
João do Cazumbá.
Localiza-se na parte Noroeste
da cidade, compreende os
Maior adensamento de supermercados
da cidade, orientado pela Avenida João
Durval Carneiro destaque ao Hiper Bom
Preço do grupo Wal Master.
Fortemente influenciado pelo CAF
devida a sua proximidade com o mesmo,
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bairros Calumbi e Rua Nova.
Terceiro eixo
Quarto eixo
Quinto eixo
Localiza-se
no
quadrante
sudoeste da cidade, engloba os
bairros da Muchila, Chácara São
Cosme e Jardim Acácia.
Localiza-se na parte Sul da
cidade, área extra-anel de
contorno, compreende o bairro
do Tomba.
Localiza-se na parte Norte da
cidade, compreende em grande
parte a área extra-anel de
contorno. Formado pelos bairros
Campo Limpo, Cidade Nova,
Parque Ipê e parte do
Sobradinho.
orientado pela Av. Tomé de Souza.
Ausência de supermercados de grande e
médio porte.
Ausência de supermercados de grande
porte. Orientado pelas Ruas Senador
Quintino e Papa João XXIII.
Caracterizada pela menor densidade de
supermercados.
Diversidade
de (conclusão)
supermercado quanto ao
porte. Orientado pela BA – 052.
Destaque ao G. Barbosa.
Maior quantidade de supermercados da
cidade, orientado pela BR-116 e
diversidade dos mesmos quanto ao porte.
Destaque ao Atacadão do grupo
Carrefour.
Elaboração: Claudio Ressurreição dos Santos, 2009
O traçado dos principais eixos de circulação é de grande relevância para a
compreensão da espacialização dos supermercados na cidade e das diferenciações existentes
nos mesmos, no memento em que o traçado das ruas e avenidas vem atender à lógica do
automóvel, em nome da circulação e da fluidez do capital.
Nessa perspectiva, concorda-se com Pintaudi (1999), sobre a nova
espacialização dos supermercados, em decorrência do papel do automóvel.
Por sua vez, o automóvel, que a partir de meados da década de 60 passou a
ser adquirido pelos estratos de rendimento médio da população, deu maior
autonomia aos seus proprietários, liberando-os das compras restritas aos
limites do bairro. Nesse momento, ampliou-se o número de famílias que
adquiriram também um segundo automóvel e quem começou a fazer uso do
segundo veículo da família foi à mulher, organizadora do cotidiano da
unidade familiar. Com o automóvel, ela teve a chance de ampliar
territorialmente o raio de alcance dos membros da família dentro de um
mesmo período de tempo. O espaço passa, então, a ser concebido de acordo
com as pressões do automóvel, certamente um dos principais responsáveis
pela redefinição do local de compras. Nesse momento, coincidentemente
expandiram-se os supermercados. (PINTUADI, 1999, p.152).
No intuito de compreender as diferenciações espaciais decorrentes da
espacialização dos supermercados da cidade de Feira de Santana, na qual se constata que a
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grande maioria dos supermercados está dentro do Anel do Contorno, na Avenida Eduardo
Fróes da Mota, que tem uma extensão de 22 km. Os bairros aí existentes são caracterizados
pela elevada densidade demográfica e pelos maiores contingentes populacionais (Tabela 2),
com ressalva feita ao bairro do Campo Limpo, com uma população de 40.564 habitantes,
sendo considerado o segundo maior bairro da cidade, só superado pelo bairro do Tomba,
com 45.034 habitantes.
Tabela 2 - Principais bairros da cidade de Feira de Santana com maior população absoluta e
densidade demográfica - 2000
Tomba
Campo Limpo
Muchila
Brasília
Queimadinha
Calumbi
45.034
40.564
20.122
20.122
17.524
15.175
Dens.
hab/ha
64,9
50,6
92,1
63,2
84,9
96,1
Jardim Cruzeiro
14.864
107,3
Bairro
População
Bairro
Rua Nova
Chácara São Cosme
Caseb
Jardim Cruzeiro
Serraria Brasil
Calumbi
Olhos d Água
Dens.
hab/ha
201,4
182,6
131,4
107,3
100,7
96,1
95,2
População
13.995
4.408
11.062
5.805
9.101
15.175
14.864
Fonte: PPDU de Feira de Santana, 2000
Com exceção do Tomba e do Campo Limpo, os demais cinco bairros estão
inseridos totalmente dentro do anel de contorno com populações que variam de 20.971 a
14.864 habitantes. No que diz respeito à densidade demográfica, todos os bairros
evidenciados estão também espacialmente inseridos dentro do Anel do Contorno.
Contrapondo os dados expostos com a quantidade de supermercados existentes
nos bairros é necessário distinguir diferenciações para melhor compreender a espacialização
dessas formas de comércio na cidade. Foi encontrado um total de 52 supermercados no
bairro do Tomba e 29 no bairro do Campo Limpo: juntos, somam 81 supermercados, o que
equivale a mais de 25% do total existente na cidade. Por outro lado, a população desses dois
bairros, somam 85.598 habitantes, o que equivale a mais de 22% da população. Essas
reflexões evidenciam certa correlação entre o número de habitantes desses bairros e a
quantidade de supermercados.
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Essa idéia é ainda reforçada quando o bairro do Calumbi aparece com um total
de 18 supermercados, sendo classificado como o 3º bairro com maior concentração desse
tipo de estabelecimento, e o bairro da Muchila aparece como a 6ª colocação. O Calumbi se
insere entre os sete bairros de maior população e, ao mesmo tempo, de maior densidade
demográfica, e no caso da Muchila, é o terceiro bairro de maior população.
Um fato curioso é revelado quando se compara à população dos sete maiores
bairros da cidade com os 7 maiores municípios da microrregião geográfica de Feira de
Santana (Figura 1). É importante esclarecer que a referida comparação é feita entre escalas
diferentes para bairros e municípios, e que os dados acerca da população dos municípios é da
contagem do IBGE (2007), enquanto o dado referente à população dos bairros é do mesmo
órgão, mas do Censo 2000.
Fica evidente o desequilíbrio populacional existente na microrregião geográfica de
Feira de Santana, quando os bairros que compõem esta cidade apresentam contingentes
populacionais equivalentes ou até mesmo superiores a vários municípios da microrregião.
Esta contextualização é relevante para se compreender, até certo ponto, as
causas pelas quais grande parte dos supermercados que se instalaram na cidade têm como
endereço os bairros mais populosos ou vizinhos a esses, como é o caso do Tomba, Campo
Limpo e Sobradinho. Entretanto, nenhuma rede de supermercados, com exceção do G.
Barbosa, investiu na instalação de supermercado na microrregião. Em outros termos, a
concentração populacional é um dos aspectos que contribuem para a geração da centralidade
de equipamentos.
Tabela 6 - Comparação da população dos municípios da Microrregião Geográfica de Feira
de Santana com os principais bairros da cidade de Feira de Santana – 2000
Município
Ipirá
Santo Estevão
São G. Campos
Conceição da Jacuípe
Coração de Maria
Rafael Jambeiro
Conceição da Feira
População (2007)
60.043
44.532
29.205
27.522
23.161
23.107
19.091
Bairro
Tomba
Campo Limpo
Muchila
Brasília
Queimadinha
Calumbi
Jardim Cruzeiro
População (2000)
45.034
40.564
20.971
20.122
17.524
15.175
14.864
Fonte: IBGE, contagem da população 2007 e Censo demográfico, 2000
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Nos bairros da Asa Branca, Pedra Ferrada, Campo do Gado Novo, Nova
Esperança e Papagaio não foram identificados nenhuma forma de comércio que pudesse ser
classificada como supermercado (Figura 2). Atrelando-se os aspectos demográficos a esses
bairros, como população e densidade demográfica, verifica-se que os mesmos apresentam
baixo contingente populacional e demográfico. O bairro Nova Esperança é o de menor
população, com 1.416 habitantes, e densidade demográfica de 2,5 habitantes. Já o bairro do
Papagaio apresenta a 4ª menor densidade demográfica, com 4,3 habitantes, enquanto que o
Campo do Gado Novo configura-se como o 3° de menor população.
Figura 2 - Feira de Santana: espacialização dos
supermercados nos bairros - 2009
Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento, adaptado
por Claudio Ressurreição dos Santos, 2009
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Um aspecto observado em campo é o baixo poder aquisitivo (renda) dos
moradores, desses bairros, as quais são privadas de serviços essenciais como luz elétrica,
água encanada, saneamento básico, entre outros. O poder aquisitivo se reflete nas formas de
comércio existentes no bairro, de tal maneira que não foram encontrados supermercados
nesses recortes espaciais da cidade. Entretanto, há uma variedade de outras formas de
comércio, como: quitandas, vendas, etc.
Essa população enquanto segmento social diferenciado por níveis de renda
demanda bens e serviços que encontram diversas formas espaciais, entre elas feiras-livres,
centrais de abastecimento, supermercados, mercadinhos, vendas, quitandas entre outras, que
suprem em parte essas demandas locais e regionais.
A existência de uma massa de pessoas com salários muito baixos ou vivendo
de atividades ocasionais, ao lado de uma minoria com rendas muito elevadas,
cria na sociedade urbana uma divisão entre aquelas que podem ter acesso de
maneira permanente aos bens e serviços oferecidos e aqueles que, tendo as
mesmas necessidades, não têm condições de satisfazê-las. Isso cria ao
mesmo tempo diferenças quantitativas e qualitativas no consumo. (SANTOS,
2004, p.34)
Este pensamento revela em parte a dimensão da estrutura social em cidades
marcadas por acentuadas disparidades de renda. Esta é uma das causas que estão nas raízes
das diferentes formas de comércio, como: feiras-livres, centrais de abastecimento,
supermercados, hipermercados, shopping center, entre outros. A diferença está, muitas
vezes, no tipo de produto e serviço ofertado ou na qualidade dos mesmos, o que cria espaços
com funcionalidades diferenciadas, para atenderem a determinados segmentos da sociedade.
Uma característica marcante na espacialização dos supermercados é o
adensamento desses estabelecimentos dentro do Anel de Contorno, que diminui à medida que
dele se afastam. Esse aspecto fica evidente na (Figura 2) ao apontar que a totalidade dos
supermercados localizados nos bairros fora do Anel de Contorno, ou estão às margens ou
próximos a este.
Este fato é revelador da forte imbricação existente entre os supermercados
enquanto forma de comércio ligado a essência do urbano. Nos bairros mais afastados da
cidade os supermercados enquanto formas de comércio tendem a desaparecer na paisagem e
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dão lugar a outras formas comerciais como os mercadinhos, mercearias, quitandas entre
outras.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste contexto conclui-se o referido trabalho afirmando que, a espacialização dos
supermercados da cidade de Feira de Santana está fortemente atrelada aos seguintes
aspectos: traçados das vias de acesso, número de habitantes, densidades demográfico e
renda; esses aspectos resultam na atual espacialização dos supermercados em cinco grandes
eixos, o que auxilia na compreensão das lógicas que estruturam a espacialização dos
supermercados na cidade de Feira de Santana.
REFERÊNCIAS
GERARDI, Lucia Helena de Oliveira; SILVA, Barbara Christine Nentwing. Quantificação
em geografia. São Paulo: Difel, 1981.
IBGE–INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. www.ibge.gov.br
(em 27/04/2009).
PINTAUDI, Silvana Maria. A cidade e as formas de comércio. In: CARLOS, Ana Fani
Alessandri (Org.). Novos caminhos da geografia. São Paulo: Contexto, 1999. p. 143-159.
________ M. O consumo do espaço de consumo. In: OLIVEIRA, Márcio PIÑOM de;
COELHO, Maria Célia Nunes; CORRÊA, Aureanice de Mello (org.) Brasil, a América
Latina e o mundo: espacialidades contemporâneias (II).Rio de Janeiro: Lamparina: Faperj,
Ampeg, 2008. p.121-127
SANTOS, Milton. Os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos.
2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.
SILVA, Bárbara Christine Nentwing. et. al . Atlas escolar Bahia: espaço geo-histórico e
cultural. João Pessoa: Grafset, 2004.
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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