ISOMERIA I – DEFINIÇÃO: Compostos que apresentam a mesma fórmula molecular (portanto a mesma massa molar), mas que apresentam fórmulas estruturais (planas e/ou espaciais) diferentes. Exemplo: com a fórmula molecular C2H6O poderemos ter dois compostos diferentes: CH3-O-CH3 e CH3-CH2-OH II – TIPOS DE ISOMERIA: II.a) PLANA: Quando diferenciamos os compostos através da fórmula plana (sem se preocupar com os ângulos verdadeiros) II.b) ESPACIAL (ESTEREOISOMERIA): Quando os compostos são diferenciáveis somente pela fórmula estrutural espacial. III – ISOMERIA PLANA (ESTRUTURAL ou ESTRUTURAL PLANAR): Se reclassifica em: III.a) Entre compostos de mesma função - CADEIA - POSIÇÃO - COMPENSAÇÃO (OU METAMERIA) III.b) Entre compostos de diferentes funções - FUNCIONAL - TAUTOMERIA 1) Isomeria de Cadeia: ocorre entre compostos de mesma fórmula molecular, mesma função, mas com diferenciação na cadeia carbônica, variando os graus de ramificação e/ou saturação e/ou ciclização e/ou heterogenicidade. Exemplos: Fórmula Molecular Composto 1 Composto 2 C4H10 n-butano - grau de ramificação metil-propano - grau de ciclização e saturação C3H6 propeno C2H7N Diferenciação NH2 ciclopropano H N etil-amina - grau de heterogenicidade dimetil-amina C5H12 - grau de ramificação metil-butano dimetil-propano 2) Isomeria de Posição: ocorre entre compostos de mesma fórmula molecular, mesma função, mesma cadeia carbônica, variando a posição de radicais (orgânicos ou grupos funcionais) e insaturações. Exemplos: Fórmula Molecular Composto 1 Composto 2 Diferenciação OH C3H8O OH propan-1-ol propan-2-ol - posição do grupo funcional - posição da insaturação. C4H8 but-1-eno but-2-eno CH3 O O C5H10O2 OH OH - posição do radical orgânico. ác. 3-metil-butanóico CH3 ác. 2-metil-butanóico - posição de união do último núcleo aromático. C14H10 antraceno fenantreno OH C3H6O OH prop-1-en-1-ol prop-1-en-2-ol - posição do grupo funcional mantendo a função orgânica 3) Isomeria de Compensação (Metameria): ocorre entre compostos de mesma fórmula molecular, mesma função e mesma cadeia, variando exclusivamente o posicionamento de heteroátomos. Exemplos: Fórmula Molecular C4H11N Composto 1 H N Composto 2 metil-n-propil-amina dietil-amina N H O C4H10O O etóxi-etano éter etílico 1-metóxi-propano éter metil-n-propílico O O C4H8O2 O O propanoato de metila etanoato de etila O O C4H9NO N H N-metil-propanamida N H N-etil-etanamida Diferenciação - variação da posição do heteroátomo N - variação da posição do heteroátomo O - variação da posição do heteroátomo O em relação aos demais carbonos da cadeia - variação da posição do heteroátomo N em relação aos demais carbonos da cadeia 4) Isomeria Funcional: ocorre entre compostos de mesma fórmula molecular, mas pertencentes a diferentes funções, que não permanecem em equilíbrio dinâmico entre si. Exemplos Fórmula Molecular Composto 1 Composto 2 O OH C2H6O etanol O metóxi-metano O C3H6O H propanal propanona O O C3H6O2 OH ác. propanóico O etanoato de metila OH OH C3H6O prop-2-en-1-ol prop-1-en-2-ol CH 2-OH OH CH3 C7H8O fenil-metanol o-hidróxi-tolueno 5) Tautomeria (isomeria dinâmica): isomeria que ocorre entre compostos de diferentes funções, mas que permanecem em equilíbrio dinâmico entre si. Exemplos: TIPO DE TAUTOMERIA EQUILIBRIO DINÂMICO H H O OH Aldo-enólica H prop-2-en-1-ol H propanal OH O prop-1-en-2-ol propanona Ceto-enólica O Amida-iminol OH NH2 etanamida N Nitrilo-isonitrilo cianeto de metila NH 2-hidróxi-etilideno-imina N isocianeto de metila IV – ISOMERIA ESPACIAL (ESTEREOISOMERIA) a) Definição: isomeria onde os compostos são possíveis de serem diferenciados apenas pela fórmula estrutural espacial. b) Tipos: a isomeria espacial se divide em dois tipos: b.1) Geométrica (ou CIS/TRANS) b.2) Óptica 1) ISOMERIA GEOMÉTRICA: Ocorre com compostos que obedecem a uma das condições a seguir: a) Compostos com dupla e ligantes diferentes em cada carbono da dupla: L1 L3 L2 L4 Onde L1L2 e L3L4 Como são denominados os isômeros geométricos? Tais isômeros podem ser denominados por cis e trans ou por Z e E. Critério cis-trans 1. Analise a repetibilidade de ligantes dos carbonos unidos pela dupla. Se estiverem no mesmo semi-espaço (lado), será denominado de CIS. Se estiverem em lados opostos, será denominado de TRANS. 2. Se não houver repetibilidade, verifique qual é o maior ligante (em número de átomos). Se os maiores ligantes estiverem do mesmo lado, será denominado de CIS. Caso o número de átomos seja igual, será usada como critério de desempate a massa molar do radical. Critério Z/E 1. Verifique qual é o maior ÁTOMO ligante de cada carbono da dupla (em massa atômica). Se os átomos escolhidos de cada carbono estiverem no mesmo semi-espaço, será denominado de isômero Z (zuzamen = ao lado, em alemão); se estiverem em semi-espaços opostos, será denominado de E (entgegen = do outro lado). 2. Se porventura os primeiros átomos ligantes do carbono insaturado por dupla forem iguais, analisa-se o átomo subseqüente até que o maior átomo desempate. Cl H Cl CH3 Cl H3 C cis-1,2-dicloro-propeno Z-1,2-dicloro-propeno FÓRM. MOLEC. FÓRM. PLANAR C4H8 CH3-CH=CH=CH3 C2H2Cl2 C2 H5 H Cl-CH=CH-Cl trans-3-cloro-pent-2-eno Z-3-cloro-pent-2-eno ESTRUTURA 1 ESTRUTURA 2 cis-but-2-eno trans-but-2-eno Cl Cl Cl cis-1,2-dicloro-eteno H C2H5Cl Cl-CH=CH-CH3 Cl H CH3 Z-1-cloro-propeno H3 C C6H12 CH3-CH=C(CH3)-C2H5 H CH3 CH2-CH3 CIS-3-metil-pent-2-eno E-3-metil-pent-2-eno Cl trans-1,2-cicloro-eteno H Cl CH3 H E-1-cloro-propeno H3 C H CH2-CH3 CH3 trans-3-metil-pent-2-eno Z-3-metil-pent-2-eno b) Compostos com parte cíclica e com ligantes diferentes em, pelo menos, 2 carbonos da parte cíclica: L1 L2 L3 L4 Da mesma forma, identificaremos os isômeros pelas denominações cis-trans ou Z/E, seguindo os critérios anteriores. Exemplos: Nome do composto 1,2-dimetil-ciclobutano Estrutura 1 H H H H3C CH3 H3C cis-1,2-dimetil-ciclobutano Z-1,2-dimetil-ciclobutano H H 1,3-dimetil-ciclobutano H3C H HO CH3 H trans-1,2-dimetil-ciclobutano E-1,2-dimetil-ciclobutano CH3 H CH3 H H3C cis-1,3-dimetil-ciclobutano Z-1,3-dimetil-ciclobutano 2-cloro-2-metilciclopentan-1-ol Estrutura 2 Cl CH3 cis-2-cloro-2-metil-ciclopentan-1-ol E-2-cloro-2-metil-ciclopentan-1-ol trans-1,3-dimetil-ciclobuta E-1,3-dimetil-ciclobutano no H HO CH3 Cl trans-2-cloro-2-metil-ciclopentan-1-ol Z-2-cloro-2-metil-ciclopentan-1-ol 2) ISOMERIA ÓPTICA: Ocorre com compostos que apresenta assimetria (quiralidade) molecular. Compostos que são assimétricos (quirais), assim como estruturas macroscópicas, são classificados em “direitos” e “esquerdos”. Molecularmente, essa classificação (moléculas dextrógiras e levógiras) é verificada através de um aparelho óptico denominado de polarímetro, que é um emissor de luz polarizada e onde é verificada a capacidade do composto em desviar o plano da luz polarizada emitida. A quiralidade molecular, em compostos orgânicos, pode ocorrer em 3 situações: a) Presença de Carbono(s) Quiral(ais): É denominado carbono quiral ao carbono tetraédrico (acíclico ou cíclico), ou seja, com ângulos entre os ligantes de 109º28´, que apresente seus quatro ligantes diferentes entre si. L1 L4 L2 L3 L1L2L3L4 Quanto maior a quantidade de carbonos quirais diferentes que um composto apresentar, mais comportamentos ópticos diferentes a molécula poderá ter. Esse número de comportamentos (isômeros opticamente ativos) pode ser calculado pela fórmula 2n, onde n = número de carbonos quirais diferentes que a molécula possuir. A metade desses isômeros terá comportamento dextrógiro (desvio da luz polarizada para a direita) e a outra metade, levógiro (desvio da luz polarizada para a esquerda). Os isômeros ópticos que forem exatamente opostos entre si, no desvio da luz polarizada (o dextrógiro e o respectivo levógiro) são denominados de antípodas ópticos, enantiômeros ou enantiomorfos. A mistura equimolar de enanciômeros nos fornece uma mistura opticamente inativa, denominada de mistura racêmica ou racemosa, abreviada para dl. Exemplos: Composto Isômeros d Isômeros l Mistura racêmica NH2 O H3 C ác. d-2-aminpropanóico ác. l-2-aminpropanóico ác. dl-2-aminpropanóico d1-3-cloro-butan2-ol d2-3-cloro-butan2-ol l1-3-cloro-butan2-ol l2-3-cloro-butan2-ol d1l1-3-cloro-butan2-ol d2l2-3-cloro-butan2-ol d1, d2, d3, d4, d5, d6, d7 e d8 -glicose l1, l2, l3, l4, l5, l6, l7 e l8- glicose d1l1, d2l2, d3l3, d4l4, d5l5, d6l6, d7l7 e d8l8 - glicose H OH ác. 2-amin-propanóico (alanina) OH H H3 C C H3 H Cl 3-cloro-butan-2-ol OH OH O HO H H H H H OH H H OH glicose n=4 C* No caso de compostos que apresentam carbonos quirais equivalentes, pelo menos uma das formas espaciais será simétrica, mesmo com a presença de carbonos assimétricos, originando uma estrutura opticamente inativa denominada de isômero mesógiro (ou mesoisômero). Exemplo: HO OH CH3 H3C H H butan-2,3-diol 2 C* equivalentes Os isômeros serão: d-butan-2,3-diol, l-butan-2,3-diol e meso-butan2,3-diol. A mistura dos isômeros d e l formará a mistura racêmica b) Compostos Cíclicos quirais. Certos compostos cíclicos apresentam quiralidade mesmo sem apresentar carbono quiral. Devemos imaginar a estrutura espacial do referido composto e verificar se existe ou não um plano de simetria. Caso não haja, o composto apresentará isômeros d e l. Exemplos: Composto Estrutura cis Estrutura trans Estereoisômeros -cis-1,2-dimetilciclobutano H H CH3 H H H -trans-d-1,2dimetil-ciclobutano H3C CH3 CH3 CH3 H CH3 -trans-l-1,2simétrica assimétrica 1,2-dimetil-ciclobutano dimetil-ciclobutano H H H H3C CH3 H H CH3 OH assimétrica OH 2-metil-ciclobutanol H OH H H H OH CH3 CH 3 simétrica 3-metil-ciclobutanol H OH assimétrica OH H CH3 H simétrica -cis-d-2-metilciclobutanol -cis-l-2-metilciclobutanol -trans-d-2-metilciclobutanol -trans-l-2-metilciclobutanol - cis-3-metilciclobutanol -trans-3-metilciclobutanol (não possui forma quiral) c) Derivados alênicos: são considerados derivados alênicos compostos insaturados por duas duplas ligações localizadas no mesmo carbono. Se os ligantes dos carbonos unidos ao carbono central apresentarem seus ligantes diferentes entre si, o composto será assimétrico. L1 L2 L3 L4 derivado alênico Exemplos: H3C H CH3 H pent-2,3-dieno isômeros d e l Cl H CH3 H 1-cloro-but-1,2-dieno isômeros d e l EXERCÍCIO: Dados os compostos: I – butan-2-ol II – butan-1-ol III – metóxi-propano IV – etóxi-etano V – metil-propan-2-ol VI – but-1-eno VII – but-2-eno VIII - ciclobutano IX – 1,2-dimetil-ciclopropano X – but-1-en-2-ol Cite: a) b) c) d) e) f) g) isômeros de cadeia isômeros de posição isômeros de compensação (metâmeros) isômeros funcionais tautômeros que apresentem isômeros geométricos que apresentem isômeros ópticos