avaliação de genótipos de cucurbitáceas quanto à resistência à

Propaganda
FRANCO AJ; CHARLOAvaliação
HCO; GALATTI
FS; BRAZ
LT. Avaliaçãoquanto
de genótipos
de cucurbitáceas
quanto
à resistência à Meloidogyne
de genótipos
de cucurbitáceas
à resistência
à Meloidogyne
incognita
incognita. Horticultura Brasileira 26: S3650-S3654.
AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE CUCURBITÁCEAS
QUANTO À RESISTÊNCIA À MELOIDOGYNE INCOGNITA
1
1
Alexandre Junqueira Franco ; Hamilton César de O. Charlo ; Francine de Souza
1
1
Galatti ; Leila Trevizan Braz
1
UNESP - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Departamento de Produção Vegetal (Via de Acesso
Prof. Paulo Donato Castellane s/n, Jaboticabal-SP, CEP: 14884-900); e-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Devido aos poucos estudos
realizados com enxertias em melão
rendilhado, visando um maior controle de
patógenos do solo, o presente trabalho teve
por objetivo avaliar a reação de 16
genótipos de cucurbitáceas com potencial
para utilização em enxertia com melão
rendilhado quanto aos nematóides de
galha ( Meloidogyne incógnita) . O s
tratamentos consistiram de 16 genótipos de
cucurbitáceas que foram: Benincasa
híspida, Bucha, Abóbora Jacarezinho,
Abóbora Menina Brasileira, Moranga
Exposição, Moranga Coroa, Abóbora
Canhão Seca, Abóbora Squash, Mogango
Enrrugado Verde, Abóbora Mini Paulista,
Abóbora Goianinha, Melancia Charleston
Gray, Melão Rendondo Gaúcho, Melão
Redondo Amarelo, Pepino Caipira HS e
Pepino Caipira Rubi, quanto à resistência
ao nematóide M. incognita, com base no
fator de Reprodução (FR), segundo Cook
e Evans (1987). Dos genótipos avaliados
verificou-se que os genótipos Bucha,
Abóbora Goianinha, Abóbora Mini Paulista,
Melão Redondo Amarelo e Melancia
Charleston Gray são resistentes à
Meloidogyne incognita.
Evaluation of cucurbits genotypes as
resistance to Meloidogyne incognita
PALAVRAS-CHAVE:
resistência; enxertia.
Nematóides;
Due to the limited studies with
grafting in net melon, seeking greater
control of soil pathogens, the aim of the
present work was to evaluate the reaction
of 16 Cucurbits genotypes with potential
for grafting with net melon about the
resistance to Meloidogyne incognita.
Tr e a t m e n t s c o n s i s t e d 1 6 c u c u r b i t s
genotypes that were: Benincasa híspida,
Bucha, Pumpkin Jacarezinho, Pumpkin
Menina Brasileira, Moranga Exposição,
Moranga Coroa, Pumpkin Canhão Seca,
Pumpkin Squash, Mogango Enrrugado
Verde, Pumpkin Mini Paulista, Pumpkin
Goianinha, Watermelon Charleston Gray,
Melon Rendondo Gaúcho, Melon Redondo
Amarelo, Cucumber Caipira HS and
Cucumber Caipira Rubi, about the
resistance
to
nematode
M.
incognita,based on the factor of
Reproduction (FR), according by Cook e
Evans (1987). Of the genotypes evaluated
found that the genotypes Bucha, Pumpkin
Goianinha, Pumpkin Mini Paulista, Melon
R e d o n d o A m a r e l o a n d Wa t e r m e l o n
Charleston Gray are resistant to
Meloidogyne incognita.
KEYWORDS: Nematodes; resistance;
grafting.
Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008
S 3650
Avaliação de genótipos de cucurbitáceas quanto à resistência à Meloidogyne incognita
INTRODUÇÃO
O cultivo do melão rendilhado é recomendado em ambiente protegido, para o melhor
controle das condições ambientais, possibilitando a semeadura em várias épocas,
proporcionando muitas colheitas por ano (Brandão Filho & Vasconcellos, 1998). Porém,
segundo Peil (2003) o cultivo intensivo de hortaliças em ambiente protegido tem ocasionado
graves problemas de contaminação por patógenos de solo, cada vez mais difíceis de solucionar
por meio de métodos tradicionais de controle. Sendo assim, o processo de enxertia, consiste
numa alternativa de cultivo em áreas contaminadas por patógenos, uma vez que evita o contato
da planta sensível com o agente patógeno.
Devido ao surgimento de raças fisiológicas, estirpes ou grupos diferentes de patógenos,
o uso de variedades e resistentes tem sido limitado, bem como a obtenção de materiais
resistentes. Com base nisso, a adoção da enxertia utilizando porta-enxertos resistentes, constitui
uma alternativa de controle em curto prazo. Desde que começou a ser praticada em hortaliças,
a enxertia se apresentou como uma boa alternativa na solução de problemas de ocorrência
freqüente na olericultura (Goto et al. 2003).
Segundo Alexandre et al. (1997) são conhecidos trabalhos japoneses de
pesquisa sobre a utilização de enxertia em plantas hortícolas, desde o princípio do
século anterior. Na França, uma série de estudos preliminares, a partir de 1959,
começaram utilizando a enxertia do melão sobre Benincasa cerifera, para o controle
da fusariose (Louver & Deyriere, 1962).
De acordo com Lee et al. (2006), na Coréia, mudas enxertadas de melancia são utilizadas
no controle de doenças de solo e para melhorar a tolerância às baixas temperaturas, já que
são cultivadas também nestas condições.
Recentemente nos trabalhos de pesquisa realizados na UNESP-FCAV, com a cultura
do melão rendilhado, foram verificados intensos ataques de Meloidogyne incognita, os quais
reduziram a produtividade da cultura. Portanto, a identificação de porta-enxertos resistente
possibilitaria o cultivo de melão rendilhado em áreas contaminadas com o patógeno.
Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar 16 genótipos de cucurbitáceas
quanto à resistência a Meloidogyne incognita.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação, pertencente ao Setor de
Olericultura e Plantas Aromático-Medicinais do Departamento de Produção Vegetal, nas
dependências da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (UNESP-FCAV), Câmpus
de Jaboticabal.
Foram avaliados 16 acessos de cucurbitáceas (Benincasa híspida, Bucha, Abóbora
Jacarezinho, Abóbora Menina Brasileira, Moranga Exposição, Moranga Coroa, Abóbora
Canhão Seca, Abóbora Squash, Mogango Enrrugado Verde, Abóbora Mini Paulista, Abóbora
Goianinha, Melancia Charleston Gray, Melão Rendondo Gaúcho, Melão Redondo Amarelo,
Pepino Caipira HS e Pepino Caipira Rubi) quanto à resistência ao nematóide M. incognita. O
tomateiro cv. Santa Cruz ‘Kada’ foi utilizado para avaliação da viabilidade do inóculo e o híbrido
comercial de melão rendilhado Bônus N° 2 como testemunha.
Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008
S 3651
Avaliação de genótipos de cucurbitáceas quanto à resistência à Meloidogyne incognita
Para a multiplicação e manutenção do inóculo de nematóides, foram utilizadas plantas
de tomateiro (Lycopersion esculentum Mill.), cv. Santa Cruz ‘Kada’, que foram cultivados em
vasos com capacidade de 3 litros. Os vasos foram preenchidos com uma mistura de solo,
esterco de curral e areia, na proporção de 1:1:1, previamente autoclavado (120°C a 1atm por
1 hora). No ato do transplante das mudas, foi feita inoculação de 3000 ovos e juvenis de segundo
estádio de M. incognita por muda de tomateiro. Para tal, foi aplicado através de pipeta
graduada, 10 mL da suspensão do inóculo por muda, ou seja 300 ovos e juvenis de segundo
estádio por mL. O inóculo inicial foi proveniente de plantas de quiabo infectados por M.
incognita, preparado segundo a técnica de Hussey & Barker (1973), com as modificações
introduzidas por Bonetti & Ferraz (1981). A estimativa da população de ovos e juvenis na
suspensão foi efetuada com auxilio da câmara de contagem de Peters, ao estereoscópio e a
concentração da suspensão foi ajustada para 300 ovos e juvenis por mL. Então, 10 mL dessa
suspensão foram inoculados por planta.
As sementes dos acessos de cucurbitáceas e tomateiro foram semeadas na densidade
de duas sementes por célula, em bandeja de poliestireno expandido, com 128 células, contendo
®
substrato Plantmax HT. Quinze dias após a semeadura, as mudas foram transplantadas para
vasos com capacidade de 3 litros. Os vasos foram preenchidos com uma mistura de solo,
esterco de curral e areia, na proporção de 1:1:1 previamente autoclavada (120°C, a 1 atm.,
por 1 hora), e estes dispostos no espaçamento de 1m entre linhas e 0,45m entre plantas.
No dia do transplante, foi feito a inoculação de ovos e juvenis de segundo estádio de M.
incógnita em 10 mudas individuais de cada genótipo estudado, que constituiu as repetições.
Para isso, foi aplicado através de pipeta graduada, 10 mL da suspensão por repetição, ou seja,
3000 ovos ou juvenis de segundo estádio, sendo estes chamados como população inicial (PI).
Para o preparo da suspensão inoculada nos 16 genótipos de cucurbitáceas, foi também
utilizada a técnica de Hussey & Barker (1973) modificada por Bonetti & Ferraz (1981), utilizandose raízes de plantas de tomateiro em que foi multiplicado o inóculo.
Aos 60 dias após o transplante, as 10 repetições de cada genótipo, foram removidas
dos vasos. As partes aéreas foram cortadas e descartadas e as raízes foram lavadas, de
modo a eliminar o solo e detritos aderidos. A resistência dos materiais foi definida com a base
na reprodução do nematóide em cada genótipo, tendo em vista o conceito de Roberts et al.
(1998), segundo o qual a resistência de uma planta a um nemátoide é medida pela habilidade
da planta em suprir o desenvolvimento ou a reprodução do mesmo.
A avaliação da resistência dos genótipos a de M. incognita, foi realizada com base no
fator de Reprodução (FR), segundo Cook & Evans (1987). A população, obtida para cada
sistema radical, designada de população final (PF), foi dividida pelo número de ovos ou juvenis
de segundo estádio inoculados por plantas (PI), sendo assim, determinados os valores médios
de fator de reprodução (FR) para cada genótipo. Foram considerados como genótipos
resistentes, os que apresentarem o valor do FR<1. Todos os genótipos que exibiram FR>1
foram considerados susceptíveis.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 são apresentadas as médias dos fatores de reprodução de M. incognita
em 16 genótipos de cucurbitáceas e em um híbrido comercial de melão rendilhado e no tomateiro
Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008
S 3652
Avaliação de genótipos de cucurbitáceas quanto à resistência à Meloidogyne incognita
Santa Cruz ‘Kada’.
De acordo com esta tabela observa-se que os genótipos Bucha, Abóbora Goianinha,
Abóbora Mini Paulista, Melão Redondo Amarelo e Melancia Charleston Gray apresentaram
fator de reprodução <1, podendo então ser considerados como resistentes à Meloidogyne
incognita. Todos os demais genótipos avaliados, bem como o híbrido Bônus N°2 apresentaram
fator de reprodução >1, sendo considerados como susceptíveis à M. incognita.
A utilização de plantas resistentes como porta-enxerto no controle de nematóides
juntamente com outras práticas de controle de pragas e doenças pode substituir a aplicação
de produtos químicos que venham ser danosos ao meio ambiente.
Vale ressaltar que os genótipos considerados resistentes à M. incognita devem ser
mais estudados, avaliando-se a compatibilidade com os exertos, e também o comportamento
destes genótipos como porta-enxertos para melão rendilhado.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao CNPq pela concessão de bolsa de iniciação científica ao primeiro
autor do trabalho.
LITERATURA CITADA
ALEXANDRE BM; DIAS JS; MARREIROS, A. 1997. Influência do tipo de enxertia e do porta
enxerto, na produtividade, precocidade e qualidade do melão gália em estufa, no Algarve.
Acta Horticulturae 16:147-152.
BONETTI SI; FERRAZ S. 1981. Modificações do método de Hussey & Barker para exração de
ovos de Meloidogyne exigua de raízes de cafeeiro. Fitopatologia Brasileira, 6: 533 suplemento.
BRANDÃO FILHO JUT; VASCONCELLOS MAS. 1998. A cultura do meloeiro. In: GOTO, R.;
TIVELLI, S. W. Produção de hortaliças em ambiente protegido: condições subtropicais. São
Paulo: Editora UNESP, p.161-194.
COOK R; EVANS K. 1987. Resistance and tolerance. In: BROWN RH; KERRY BR. Principles
and practice of nematode control in crops. New York: Academic Press, p. 179-231.
GOTO R; SANTOS HS; CAÑIZARES KAL. 2003. Enxertia em hortaliças. São Paulo: Editora
UNESP, p.19.
HUSSEY RS; BARKER KR. 1973. A comrasion of methods of collecting inocula of Meloidogyne
spp., including a new technique. Plant Disease Report, 57:1025-1028.
LEE SG; JANG YA; MOON JH; LEE JW; KO KD. 2006. Effect of seedling age, cell size, and
Nursery conditions on grafted seedling quality in watermelon. In: INTERNATIONAL
HORTICULTURAL CONGRESS & EXHIBITION, 27, Seoul. Abstracts...Seoul: ISHS, p. 408.
LOUVER J; DEYRIERE J. 1962. Intéret du greffage du melon sur Benincasa cerifera. In: CONGRES
INTERNATIONAL HORTICULTURE,16, Bruxelles. Résumé...Bruxelles :ISHS p.167-71.
Hortic. bras., v. 26, n. 2 (Suplemento - CD Rom), jul-ago. 2008
S 3653
Avaliação de genótipos de cucurbitáceas quanto à resistência à Meloidogyne incognita
PEIL, RM. 2003. Grafting of vegetable crops. Ciência Rural, 33:1169-1177. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782003000600028&lng=
en&nrm=iso>. Acesso em: 19 set. 2006.
ROBERTS PA; MATHEWS WC; VEREMIS JC. 1998. Genetic mechanisms of host plant
resistance to nematodes. In: BARKER KR; PEDERSON GA; WINDHAM GL. Plant and
nematode interactions. American Society of Agronomy 209-238.
Tabela 1. Médias do fator de reprodução de M. incognita, em 16 genótipos de cucurbitáceas, e em um
híbrido comercial de melão rendilhado e no tomateiro Santa Cruz ‘Kada’. UNESP-FCAV. 2008.
Table 1. Averages of factor reproduction of M. incognita, in 16 genotypes of cucurbits, and one commercial
hybrid net melon and tomato Santa Cruz ‘Kada. “ UNESP-FCAV. 2008.
Tratamentos
Mogango enrugado
Pepino Rubi
Ab. Nova caravela
Moranga exposição
Moranga Coroa
Ab. Squash
Ab. Cnhão Seca
Ab. Menina brasileira
Bucha
Ab. Goianinha
Melão redondo gaúcho
Ab. Mini-paulista
Benincasa hispida
Melão redondo amarelo
Melancia Charleston Gray
Melão Bônus n 2
Tomate ‘Kada’
Fator de reprodução (FR)
Resultado
3,27
6,26
1,33
1,59
5,12
1,59
1,54
2,65
0,67
0,59
1,97
0,32
1,07
0,34
0,24
1,82
1,33
Suscetível
Suscetível
Suscetível
Suscetível
Suscetível
Suscetível
Suscetível
Suscetível
Resistente
Resistente
Suscetível
Resistente
Suscetível
Resistente
Resistente
Suscetível
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S 3654
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