Relação entre produtividade e uso de fertilizantes no Brasil Fonseca, B.C.1; Serrano, D.V.T. 1; Ikeda, V.Y.1; Ribeiro, R.G.²; Osaki, M.4 Alves, L.R.A.3 1 Graduandos em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP, estagiários do Cepea/Esalq-USP; ² Pesquisador do Cepea/ESALQ-USP; 3 TES Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES) da ESALQ/USP e pesquisador do Cepea/Esalq-USP; 4 Orientador, Professor Doutor do LES da ESALQ/USP e pesquisador do Cepea/Esalq-USP 1. Objetivo De forma geral, agentes costumam relacionar diretamente o uso de fertilizantes nas culturas agrícolas com o crescimento da produtividade, na expectativa de que quanto maior o uso, maior será a produtividade. Economicamente, ressaltase que nem sempre maior produtividade implica em maior rentabilidade e, tecnicamente, sabe-se que um nível considerado ótimo de utilização de fertilizantes, nível até o qual há relação positiva entre uso e produtividade e, posteriormente, rendimentos decrescentes. Desta forma, o presente trabalho visa analisar a relação gráfica – estudo preliminar – entre a produtividade de culturas selecionadas e seu respectivo uso de fertilizantes. Especificamente, busca-se identificar se a produção cresceu devido ao aumento de área ou de produtividade. 2. Material e métodos Para realização do trabalho foram utilizados dados secundários referentes ao consumo total de fertilizantes (N-P-K) das culturas de algodão, café, cana-de-açúcar, milho, soja e trigo. Estes dados foram obtidos na Associação Nacional para a Difusão de Adubos (ANDA). Os dados referentes à produção e área cultivada das culturas acima foram obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados se referem ao período de janeiro de 1990 a dezembro de 2008. 3. Resultados e discussão A agricultura brasileira evoluiu bastante nos últimos anos em termos de produtividade. Esta evolução, dentre outros fatores, aparentemente esteve bastante apoiada no aumento da utilização de fertilizantes minerais. Em 1990 o consumo de NPK no Brasil era de 8,35 milhões toneladas, passando para 22,42 milhões de toneladas em 2008, um aumento absoluto de 168%. No mesmo período, a área cultivada no país teve um aumento de 21,55% passando de 45,98 milhões de ha, para 55,88 milhões de ha. Porém, apesar de não avançar em termos maiores áreas disponíveis, houve intensificação do uso da terra, como as lavouras de segunda safra no cerrado brasileiro. Dentre as culturas analisadas a soja foi a cultura que apresentou o maior aumento no consumo de fertilizantes no período, de 509%, mas também foi a cultura que mais se expandiu no período, tendo um aumento de 80% em sua área e de 62% em sua produtividade. Outra cultura que também apresentou uma grande evolução de produtividade por unidade de área foi o algodão. Em 1990 eram produzidas em média 85@/ha de algodão em caroço, passando para a media de 243@/ha em 2007. Para o café, o consumo de fertilizantes avançou 170% e a produtividade caiu, 24%; na cana-de-açúcar, os aumentos foram de 103% e 26%, respectivamente; para milho, 266% e 102%; e, para o trigo, 2% e 92%. Gráfico 1. Evolução (índice) de área colhida e consumo de fertilizantes no Brasil Fonte: IBGE (2009); ANDA (2009) 4. Conclusão De forma geral, vale ressaltar que vários fatores podem ter contribuído para o aumento da produtividade no Brasil, como cultivares mais adaptados às condições regionais e utilização de transgênicos. Porém, até o momento se observou uma relação direta entre consumo de fertilizantes e maior produtividade, mas na maioria das culturas a respostas não parece tão expressiva. Assim, é necessário se analisar a taxa de retorno financeiro entre uso de insumos e produção, e não necessariamente maiores produtividades. 5. Referência bibliográfica Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA). Disponível em: <www. anda.org.br>. Acesso em: julho 2009. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Disponível em: <www. ibge.gov.br>. Acesso em: julho 2009.