Press Review page

Propaganda
|
PORTUGUÊS FERIDO
|
Escrever, ler e contar
Alfredo Barbosa
Vou tirar "auga"
"posso"
ao
do vizinho e nada
me "acontece"
porque o
"gajo" é "porreiro, pá" e
não se "emporta" porque
corria
se se "emportace"
(ou é "curria"?) "atraz" de
mim "á" vassourada (ou
será "vaçourada"?...
Nisto da língua o que
parece contar é a oralidade, não importa nada
a formação
das palavras,
saber conjugar os verbos,
distinguir os substantivos
dos adjectivos,
as preposições
xos; fala-se
considerar
e os
refle-
- e pronto.
A "auga" voltou pela
água, o "posso"
pode ser
usado como forma do
verbo poder e, também,
como substantivo "poço";
o verbo acontecer pode ficar mais bonito com o cê
cedilhado; o "gajo" assume-se como plebeísmo
de superior
"porreiro,
dignidade; o
pá", depois do
pódio europeu (Sócrates
e Barroso no Tratado de
Lisboa), tornou-se uma
elegância; e já poucos se
importam se se confunde a forma verbal do verbo trazer ("traz") com o
advérbio "atrás" ou se a
dupla consoante formada
com o "s" pode ser substituída alegremente por um
bonito cê com rabinho
como diziam as crianças
antigamente.
Não, isto não é culpa do
novo Acordo Ortográfico.
O mal é os alfabetizados
com o secundário e, até,
dotados de formação superior estarem a escrever
tão mal - e a traduzirem
nos canais televisivos,
nas redes sociais e, até,
em teses de doutoramento (oh, Direito, oh, Direito, que tão torto andas!)
incompetência
na escri-
ta.
É preciso voltar a sério
a escrever, ler e contar.
Download