Avaliação da qualidade de vida dos portadores de Diabetes Mellitus

Propaganda
1
Avaliação da qualidade de vida de portadores de Diabetes Mellitus do Tipo 2
Assessment of the quality of life of patients with Type 2 Diabetes Mellitus
Evaluación de la calidad de vida de pacientes con diabetes mellitus tipo 2
Karine de Oliveira Araújo. Enfermeira. Graduada pelas Faculdades Integradas de Patos,
Patos, Paraíba, Brasil. E-mail: [email protected]
Ankilma do Nascimento Andrade. Enfermeira. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem (PPGENF) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Professora da
Faculdade de Enfermagem, Cajazeiras, Paraíba, Brasil. E-mail: [email protected].
Tarciana Sampaio Costa. Enfermeira. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Professora das
Faculdades
Integradas
de
Patos.
Abaiara,
Ceará,
Brasil.
E-mail:
[email protected].
Maria Aparecida de Freitas. Acadêmica de Enfermagem da Faculdade Santa Maria,
Cajazeiras, Paraíba, Brasil. E-mail: [email protected].
Maria Mônica Paulino do Nascimento. Professora da Universidade Federal de Campina
Grande e da Faculdade Santa Maria. E-mail: [email protected].
Edineide Nunes da Silva. Professora da Universidade Federal de Campina Grande e da
Faculdade Santa Maria. E-mail: [email protected].
Autora responsável pela correspondência: Ankilma do Nascimento Andrade. Rua Sousa
Assis, 78, Centro, Cajazeiras, Paraíba, CEP 58900-000.
Artigo elaborado a partir Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Enfermagem
apresentado às Faculdades Integradas de Patos, Patos-PB, em 2012.
Resumo
2
Objetivo: avaliar a qualidade de vida de portadores de Diabetes Mellitus do Tipo 2.
Método: pesquisa exploratório-descritivo, quantitativa, realizada após a aprovação do
Comitê de Ética e Pesquisa das Faculdades Integradas de Patos, sob nº 165/2011. A
população foi constituída por 20 pacientes portadores de Diabetes Mellitus do tipo 2,
cadastrados na Equipe de Saúde da Família. A amostra foi composta por 100% dos
pacientes. Resultados: dos entrevistados 100% residem na zona urbana, sendo 65% do
sexo feminino. Quanto ao conhecimento da doença 100% relataram ter conhecimento;
85% fazem a dieta orientada pelo profissional de saúde; 90% usam corretamente a
medicação e 50% relataram ter uma boa qualidade de vida. Conclusão: o Diabetes
Mellitus do tipo 2 é considerado um grave problema de Saúde Pública por sua alta
frequência na população, suas complicações, mortalidade, altos custos financeiros e
sociais envolvidos no tratamento e deterioração significativa da qualidade de vida.
Descritores: promoção da saúde; diabetes mellitus; qualidade de vida.
Abstract
Objective: to assess the quality of life of patients with Type 2 Diabetes Mellitus.
Methods: an exploratory-descriptive research with quantitative approach, carried out
after being approved by the Research Ethics Committee of Faculdades Integradas de
Patos, under protocol No. 165/2011. The study population consisted of 20 patients with
Type 2 Diabetes Mellitus, registered at the Family Health Team. The sample comprised
100% of patients. Results: 100% of interviewees reside in the urban area, 65% female.
Regarding knowledge of the disease 100% reported knowledge, 85% have a diet oriented
by health professional, 90% use medication correctly and 50% reported having a good
quality of life. Conclusion: type 2 Diabetes Mellitus is considered a serious Public Health
problem due to its high frequency in the population, its complications, mortality, high
financial and social costs involved in treatment and significant deterioration in the
quality of life. Descriptors: health promotion; diabetes mellitus; quality of life.
3
Resumen
Objetivo: evaluar la calidad de vida de pacientes con diabetes mellitus tipo 2. Método:
investigación exploratoria, descriptiva, con enfoque cuantitativo llevada a cabo después
de aprobación del Comité de Ética en Investigación de las Faculdades Integras de Patos,
bajo nº 165/2011. La población consistió de 20 pacientes con diabetes mellitus tipo 2,
del Equipo de Salud de la Familia. La muestra fue de 100% de los pacientes.
Resultados: los encuestados residían en zonas urbanas, 65% eran mujeres. Todos
revelaron conocimiento de la enfermedad, 85% hacían cuidado de la salud basada en la
dieta, 90% uso de la medicación correcta y 50% reportaron haber tenido buena calidad
de vida. Conclusión: La diabetes mellitus tipo 2 es un problema grave de salud pública
debido a su alta frecuencia en la población, sus complicaciones, mortalidad, altos
costos financieros y sociales que intervienen en el tratamiento y deterioro significativo
de la calidad de vida. Descriptores: promoción de la saúde; diabetes mellitus; calidad
de vida.
INTRODUÇÃO
O Diabetes Mellitus (DM) constitui um grupo de distúrbios que envolve diferentes
mecanismos patogênicos, cuja característica principal é a hiperglicemia associada a um
defeito hormonal, que é falta absoluta ou relativa de insulina no organismo. Quando a
insulina produzida pelo pâncreas se torna insuficiente, a glicose é impedida de ser
absorvida pelas células, isso vai provocar a elevação dos níveis sanguíneos de glicose,
cuja taxa normal em jejum é de 70 a 110mg/dl por 100 ml de sangue(1).
O DM é a sexta causa de internação hospitalar como diagnóstico primário e está
presente em 30 a 50% de outras causas, como cardiopatias isquêmicas, insuficiência
cardíaca, colecistopatia, acidente vascular cerebral e hipertensão arterial; 30% dos
pacientes que se internam em unidades coronarianas são portadoras da doença, além
disso, o DM é a principal causa de amputações não traumáticas de membros inferiores e
4
também a principal causa de cegueira(2).
Pacientes com DM enfrentam mudanças importantes no estilo de vida, como
alterações nos hábitos alimentares e adesão a esquemas terapêuticos restritivos. Além
disso, os pacientes devem lidar com o fato de ter que conviver durante toda a vida com
uma doença que é responsável por complicações clínicas que prejudicam a saúde do
indivíduo(3).
O Diabetes Melitus do tipo 2 (DM2) ocorre freqüentemente em pacientes com mais
de 40 anos e mais de 50% dos casos se desenvolvem em pacientes com idade superior a
55 anos. Os principais fatores que contribuem para o aparecimento do DM2 são: étnicos,
genéticos, idade, sobrepeso e obesidade, sedentarismo, ou seja, essa forma de diabetes
está relacionada á associação de forte predisposição genética e familiar com o estilo de
vida e os fatores ambientais(4).
O DM2 acomete aproximadamente 90% dos casos, sendo freqüentemente
associado a obesidade, e freqüência insidiosa com sintomas de fadiga, ganho de peso, na
cicatrização das feridas e infecções recorrente. Os pacientes com esse tipo de diabetes,
mais adiante podem ser tratados com insulina, mesmo assim continuam sendo referidos
como portadores de DM2(5).
Embora idade, histórico familiar, dentre outros fatores não modificáveis, possam
estar presentes, na realidade os fatores modificáveis para o DM2 é que devem ser alvo
de intervenção. Dentre os fatores de risco modificáveis para o DM2 destacam-se a
obesidade e fatores dietoterápicos, o sedentarismo, bem como o tabagismo. Stress
psicossocial e episódios depressivos maiores também podem estar associados a um
aumento de risco para DM2(6).
Sabe-se que o DM2 é causado pela deficiência da insulina, e que vários aspectos
levam ao risco da doença, desde a história familiar até o seu estilo de vida, como
pessoas obesas e sedentárias, então se questiona: como podemos avaliar a qualidade de
5
vida do paciente portador de DM2?
Nesse contexto, o presente estudo objetivou avaliar a qualidade de vida dos
portadores
de
DM2,
sendo
imprescindível
para
isso
a
adoção
de
mudanças
comportamentais e quando necessário o uso correto de agentes farmacológicos.
MÉTODOS
Estudo do tipo exploratório-descritivo, com abordagem quantitativa, realizado
com grupo de pacientes portadores de Diabetes Mellitus do Tipo 2, cadastrados na
Equipe de Saúde da Família (ESF) no município de Patos-PB.
A população alvo para o desenvolvimento da pesquisa foi composta por 20
pacientes cadastrados na referida ESF e a amostra constituída por 100% da população.
Como critérios de inclusão, foram selecionados pacientes com diagnóstico de diabetes
há mais de um ano. Como critério de exclusão os pacientes com diagnóstico há menos de
um ano, que não estavam no local do estudo no momento da coleta.
Utilizou-se instrumento composto de dados sociodemográficos e pertinentes ao
objetivo do estudo. Os dados obtidos com a aplicação do questionário foram analisados
estatisticamente e os resultados foram apresentados em tabela para facilitar a
compreensão e abordagem em questão, com o intuito de expor a avaliação da qualidade
de vida de pacientes portadores de DM2. Os dados foram analisados com auxílio do
programa Microsoft Office Excel 2007. Os procedimentos permitiram a análise e
discussão, com base na literatura consultada e pertinente ao tema abordado.
A coleta de dados foi realizada em fevereiro de 2012, após a apreciação e
aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa das Faculdades Integradas de Patos, conforme
parecer número 169/2011, obedecendo ao que preconiza a Resolução n°. 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde, que versa sobre a pesquisa envolvendo seres humanos. Os
sujeitos demonstração aceitação e interesse em participar da entrevista, por meio da
6
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A maior incidência dos portadores de DM2 encontra-se na faixa etária de 65-75
anos. O Diabetes é particularmente prevalente nos idosos, com até 50 % das pessoas com
mais de 65 anos sofrendo algum grau de intolerância a glicose(7). A patologia mencionada
atinge, sobretudo, as faixas etárias mais altas, sem qualquer distinção de raça, sexo ou
condições socioeconômicos, e vem aumentando sua importância pela crescente
prevalência na população mundial (8).
Reportando-se ao sexo verificamos que 65% (n = 13) do sexo feminino e 35% (n =
07) do sexo masculino, com prevalência da doença na população feminina, indicando
que, dentre estes pacientes a incidência da doença entre as mulheres é bem mais
acentuada do que nos homens. Essa doença é mais freqüente em determinados grupos,
por exemplo, o maior acontecimento está presente no sexo feminino(9).
Com relação a procedência, observamos que 100% são da zona urbana,
prevalência de Diabetes Mellitus e da tolerância a glicose na população urbana chega a
15,4%, estima-se que existam oito milhões de brasileiros que necessitam de orientações
especificas para o planejamento e mudanças de hábitos alimentares e o estilo de
vida(10).
Quando questionados sobre o conhecimento da doença, 100% (n=20) admitiram
que conhecem a doença. Um estudo que objetivou relacionar o conhecimento com o
controle do Diabetes mostrou que o conhecimento associado ao estilo de vida, crenças e
controle metabólico podem ter grande impacto no comportamento das pessoas(11).
O programa educativo em Diabetes tem a intenção de aumentar os conhecimentos
sobre a patologia, desenvolver habilidades para o autocuidado; estimular a mudança de
7
comportamento, oferecer subsídios para solucionar os problemas diários conseqüentes
doença e prevenir as complicações agudas e crônicas(12).
Figura 1. Dados relacionados a adesão da dieta orientada pelos profissionais de saúde.
15%
SIM
NÃO
85%
Fonte: Coleta de dados (2012)
Em relação à dieta, 85% (n=) dos pacientes fazem a dieta corretamente, conforme
orientação, enquanto 15% (n=) não fazem, apresentando desta forma uma amostra com
resultado satisfatório. O seguimento da dieta e a prática de atividades físicas compõem
atividades fundamentais para o tratamento do diabetes. O não seguimento da dieta e o
fato de às vezes a seguirem podem significar ingesta inadequada de nutrientes o que
contribuiria com o descontrole metabólico(13).
Ao enfermeiro cabe educar os pacientes para que estes obtenham conhecimento
sobre suas condições, dos riscos a saúde, incentivando a aceitação da doença e a
implementação das medidas de autocontrole, tais como: controle dos níveis glicêmicos
através de mudança nutricional (conforme pirâmide alimentar), prática de exercícios
físicos, terapêutica medicamentosa, além das medidas preventivas como cuidados com
os pés, aferição da pressão arterial regularmente e evitar maus hábitos de vida, como
alimentos ricos em gordura, tabagismo e etilismo. O enfermeiro deve informar ao
paciente sobre a sintomatologia da hipoglicemia e hiperglicemia para o mesmo saber
como agir diante dessas situações(14).
8
Figura 2. Distribuição dos portadores de diabetes quanto ao uso correto da medicação.
10%
SIM
NÃO
90%
Fonte: Coleta de dados (2012)
Tratando-se da terapia medicamentosa, 90%(n=) fazem o uso corretamente e
apenas 10% (n=) não seguem o tratamento adequado. O resultado é considerado positivo,
já que uma grande maioria dos portadores de diabetes possuem um fator facilitador ao
tratamento que é a adesão. Uma quantidade menor, porém consequentemente
relevante, dos portadores confessam não seguir corretamente o tratamento proposto
para seu problema; colocando vários tipos de barreiras para a não adesão.
O tratamento do diabetes visa, predominantemente, o controle glicêmico(15). A
Sociedade Brasileira de Diabetes preconiza também como objetivos: aliviar os sintomas,
melhorar a qualidade de vida, prevenir complicações agudas e crônicas, reduzir a
mortalidade e tratar as doenças associadas(12).
Figura 3. Distribuição dos dados de acordo com o número de internações hospitalares
por causa da doença.
9
25%
SIM
NÃO
75%
Fonte: Coleta de dados (2012)
A figura 3 mostra claramente que apesar do diabetes trazer diversas
complicações, poucos foram os casos de internação hospitalar decorrentes das
complicações dessa patologia, sendo que apenas 25% dos portadores relataram terem
sido internados e 75% negaram qualquer internação devido a doença.
Conseqüentemente, o DM aparece como a sexta causa mais freqüente de
internação hospitalar, e contribui de forma significativa para outras causas como
cardiopatia isquêmica, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e hipertensão
arterial. Pacientes diabéticos representam cerca de 30% dos indivíduos que se internam
em Unidades Coronarianas Intensivas. A doença é a principal causa de amputações de
membros inferiores, e também a principal causa de cegueira adquirida. Além disso,
cerca de 26% dos pacientes que ingressam em programas de diálise são diabéticos(16).
Figura 4. Distribuição de dados relacionados à satisfação dos portadores de diabetes
com sua saúde.
10
50%
50%
SIM
NÃO
Fonte: Coleta de dados (2012)
De acordo com a figura 4, nota-se que 50% (n=10) dos portadores de diabetes
consideram ter uma boa saúde e 50% (n=10) consideraram ter uma saúde ruim. As
pessoas que consideram ter uma boa saúde podem ter seus anos de vida mais
prolongados comparando-se aos que dizem ter uma saúde ruim, pois essas pessoas
correm um risco maior de adquirir várias doenças.
Esta nova conceitualização de saúde vai trazer novas implicações no que diz
respeito à prática de cuidados de saúde, nomeadamente, no que diz respeito à
consideração da interação dos fatores biológico, psicológico e social na avaliação da
situação de saúde e doença do indivíduo, incluindo dimensões de caráter mais objetivo e
outras de caráter mais subjetivo. Se as doenças devem ser avaliadas com base na
opinião dos técnicos de saúde, devidamente fundamentada nas técnicas de avaliação ao
seu dispor, independentemente da opinião do indivíduo avaliado, a saúde só pode ser
avaliada pelo próprio(17).
Figura 5. Distribuição dos dados sobre a existência de dificuldades para a execução das
atividades diárias.
11
30%
SIM
NÃO
70%
Fonte: Coleta de dados (2012)
No tocante as dificuldades encontradas para a execução das atividades diárias,
70% (n=) disseram sentir dificuldades na realização das tarefas e 30% (n=) relataram não
apresentar quaisquer contratempo. Pode-se perceber que as pessoas que relataram não
sentir dificuldades, são justamente as que têm uma maior qualidade de vida, pois apesar
de estarem em processo de envelhecimento e serem portadores de diabetes, ainda
possuem autonomia de realizar suas atividades de vida diária.
Existem evidências consistentes dos efeitos do exercício físico no DM, como a
melhora no controle glicêmico, redução do risco de doenças cardiovasculares,
diminuição do peso corporal e o aumento da auto-estima(18).
A prática do exercício físico é uma atividade saudável para qualquer pessoa,
porém traz benefícios adicionais aos portadores de DM, como a melhora no
condicionamento físico, principalmente da capacidade cardiorrespiratória, aumenta a
massa muscular e diminui a tensão psicológica provocadas pela doença e pelos
problemas diários(19).
Figura 6. Dados relacionados a sentimentos negativos diante da doença.
12
40%
SIM
NÃO
60%
Fonte: Coleta de dados (2012)
Quando questionados sobre os sentimentos negativos, 60% (n=) responderam
apresentarem em algum momento sentimentos negativos e 40% (n=)disseram não terem
sentimentos ruins. Isso implica que essas pessoas que tiveram a maior pontuação têm
maior risco de desenvolveram depressão seja de forma mais grave ou leve, quando
comparadas a essas que não tem nenhum sentimento negativo.
Os sintomas depressivos estão correlacionados com o nível de incapacidade
funcional e negativamente com a adequação do suporte social. Adicionalmente, o
suporte social modera a depressão, nos indivíduos que registram maior incapacidade
funcional relacionado com a doença. Deste modo, parece que um suporte social
adequado permite uma relativa proteção contra a depressão, ao passo que indivíduos
com inadequado suporte social estão em maior risco de apresenta sintomatologia
depressiva, quando a incapacidade relacionada com a doença aumenta(20).
Figura 7. Dados relacionados à satisfação dos portadores de diabetes com o acesso aos
serviços de saúde.
13
SIM
100%
Fonte: Coleta de dados (2012)
Conforme o figura 7, 100% dos pacientes sentem-se satisfeitos com o acesso aos
serviços, ainda relataram terem um bom atendimento, seguido de orientações e
esclarecimentos sobre a doença.
O conceito de satisfação privilegia o usuário na avaliação da qualidade em saúde.
Há vários modelos de medida, mas todos têm o pressuposto comum de abordar as
percepções do paciente em relação às suas expectativas, valores e desejos. De um modo
geral, satisfação do usuário pode ser definida como a avaliação que cada indivíduo faz
das diferentes dimensões do cuidado à saúde(21).
A qualidade dos serviços prestados é influenciada pela percepção subjetiva do
usuário a respeito dos serviços. A satisfação é avaliada a partir da opinião dos usuários
acerca da qualidade do serviço oferecido em relação à resolubilidade na prestação dos
serviços, entre outros. De modo geral, esses aspectos avaliam a eficácia, a efetividade,
eficiência, conformidade, eqüidade, a adequação e a legitimidade(22).
Figura 8. Dados relacionados a avaliação da qualidade de vida dos portadores de
diabetes.
14
50%
BOA
50%
RUIM
Fonte: Coleta de dados (2012)
Na figura 8, observa-se que diante da indagação sobre como você avalia sua
qualidade de vida, 50% (n=10) responderam ter uma boa qualidade de vida e 50% (n=10)
uma qualidade de vida ruim. Essas pessoas que consideram ter uma qualidade de vida
ruim correrão maior risco de desenvolver uma baixa da auto-estima, pois ocorre a baixa
da serotonina, que pode acarretar, muitas vezes, em um quadro de depressão.
Nesse sentido, a qualidade de vida depende, então, da interpretação emocional
que cada indivíduo faz dos fatos e eventos e está intimamente relacionada à percepção
subjetiva dos acontecimentos e condições de vida. A diminuição da visão, por exemplo,
pode não significar o mesmo para dois indivíduos diferentes; a perda funcional tem
importância emocional e social diferentes para cada indivíduo(23).
A qualidade de vida pode ser influenciada pela percepção que um indivíduo tem
sobre seu estado de saúde. Esta afirmação reforça o fato de que, para os entrevistados,
estar saudável foi um fator considerado importante para sua qualidade de vida(24).
A
avaliação
da
qualidade
de
vida
é
particularmente
importante
no
acompanhamento de doentes crônicos, nomeadamente os diabéticos, nos quais os
prejuízos à saúde persistem, apesar de um tratamento adequado, e as necessidades de
mudanças de estilo de vida e do controle adequado da glicemia influenciam a forma
como o individuo avalia o seu bem-estar(20).
15
CONCLUSÃO
O DM2 é considerado um grave problema de Saúde Pública por sua alta freqüência
na população, suas complicações, mortalidade, altos custos financeiros e sociais,
envolvidos no tratamento e deterioração significativa da qualidade de vida, sendo mais
prevalente principalmente em indivíduos com obesidade e sedentários, devendo estes
controlar sua taxa de glicemia através da dieta e atividade física e quando necessário
com o uso de hipoglicemiante oral.
Observou-se que mesmo muito dos entrevistados sendo idosos ainda relataram ter
uma boa qualidade de vida, quando se tratou da satisfação com os serviços prestados
houve resultado bem elevado, já se tratando da questão de internação observamos que,
mesmo o Diabetes ser uma doença crônica e que acarreta uma série de complicações são
poucos os que foram internados por conta de alguma complicação, ou seja, esses
pacientes que nunca foram internados fazem um bom acompanhamento e segue sua
dieta corretamente.
Sendo assim, os objetivos da pesquisa foram alcançados, ao percebermos que
apesar da maioria dessas pessoas estarem passando pelo processo de envelhecimento e
serem portadores de uma doença crônica e que não tem cura, ainda consideram ter uma
boa qualidade de vida. Desta forma, torna-se necessário que sejam promovidos
programas de intervenção que visem mudanças no estilo de vida, no intuito de melhorar
a qualidade de vida dos portadores de DM2.
REFERÊNCIAS
1. Filho FF. Diabetes. 2006. Disponível em: <http://www.anad.org.br>. Acesso em: 03
de set. de 2011.
2. Ladeira JP, DIEL LA. Principais Temas em Endocrinologia para Concursos Médicos.
São Paulo: Medcel, 2005.
16
3. Curcio R, Lima MHM, Alexandre NMC. Instrumento relacionado ao Diabetes adaptados
e validados para cultura brasileira. Rev. Eletrônica de Enfermagem. 2011 abr/jun;
13(2):331-7.
Disponível
em:
http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen/article/view/9476/9640
4. Souza RADP. Qualidade de vida Relacionada á saúde controle glicêmico e seus
determinantes em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Dissertação de conclusão
decurso. Universidade Federal do Paraná, 2008.
5. Nettina SM. Prática de enfermagem – 7 ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2003.
6. Lyra R, Mônica O, Lins D, Cavalcanti N. Prevenção do diabetes mellitus tipo 2. Arq
Bras Endocrinol Metab, São Paulo, 2006 apr; 50(2):239-249. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/abem/v50n2/29307.pdf
7. Smeltezer SC, Bare BG. Brunner e Suddarth: Tratado de Enfermagem MédicoCirúrgica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
8. Brasil. Ministério da Saúde. Diabetes Mellitus. Caderno de Atenção Básica, 16.
Brasília: MS. 2006.
9. Pinto AB, Moretto MB. Diabetes Mellitus e Fatores de Risco em Pacientes
Ambulatoriais.
2004,
66:106-118.
Disponível
em:
http://www.newslab.com.br/ed_anteriores/66/DIABETES.pdf
10. Seyffart AS, Lima LP, Leite MC. Abordagem Mellitus nutricional em Diabetes.
Brasília, 2000.
11. Pace AE, Ochoa-vigo K, Caliri MHL, Fernandes APM. Conhecimento sobre diabetes
mellitus no processo de autocuidado. Rev. Am. Enfermagem, V.15, n.5, Ribeirão
Preto,
Set/Out.
2006.
Disponível
em:
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n5/pt_v14n5a14.pdf
12. Brasil. Ministério da Saúde (SBD) SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diabetes
mellitus guia básico para diagnóstico e tratamento. Brasília, 2001.
13. Pace AE, Nunes PD, Ochoa-vigo K. O conhecimento dos familiares acerca da
problemática do portador de diabetes mellitus. Rev. Latino-am Enfermagem, 2003
maio-junho;
11(3):312-9.
Disponível
em:
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v11n3/16540.pdf
14. Grillo MFF. Caracterização e práticas de autocuidado de pessoas com diabetes
mellitus tipo 2 de uma unidade básica de saúde. Dissertação de mestrado. Porto
Alegre,
2005.
Disponível
em:
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/6967/000493094.pdf?sequence=
1
15. Guimarães FPM, Takayanagui AMM. Orientações recebidas do serviço de saúde por
pacientes para o tratamento do portador de diabetes mellitus tipo 2. Rev. Nutr.,
17
Campinas,
v.
15,
n.
1,
Jan.
http://www.scielo.br/pdf/rn/v15n1/a05v15n1.pdf
2002.
Disponível
em:
16. Umbelino AF, Serrano HMS, Cruz NR. Avaliação nutricional e clínica em pacientes
diabéticos Hospitalizados. Revista Digital de Nutrição – Ipatinga: Unileste-MG, V. 2 –
N.
2
–
Fev./Jul.
2008.
Disponível
em:
http://www.unilestemg.br/nutrirgerais/downloads/artigos/avaliacao_nutricional.pd
f
17. Ribeiro JLP. O importante é a saúde: estudo de adaptação de uma técnica de
avaliação do estado de saúde – SF-36. [s.l.]: SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ENDOCRONOLOGIA E METABOLOGIA. Diabetes Mellitus: Tratamento Medicamentoso.
7 nov. 2005.
18. Gil GP, Haddad MCL, Guariente MHDM. Conhecimento sobre diabetes mellitus de
pacientes atendidos em programa ambulatorial interdisciplinar de um hospital
universitário público. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, 2008
jul/dez.;
29(2):141-154.
Disponível
em:
http://www.uel.br/proppg/portal/pages/arquivos/pesquisa/semina/pdf/semina_29
_2_20_30.pdf
19. Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, p. 12-13, 2002.
20. Moreira RO, Papelbaum M, Appolinario JC, Matos AG, Coutinho WF, Meirelles RMR, et
al. Diabetes mellitus e depressão: uma revisão sistemática. Arquivo Brasileiro de
Endocrinologia e Metabolismo vol.47 n.1 São Paulo, Feb. 2003. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-27302003000100005&script=sci_arttext
21. Vaitsman J, Andrade GRB. Satisfação e responsividade: formas de medir a qualidade
e a humanização da assistência à saúde. Ciênc Saúde Coletiva, 2005 setembro;
10(3):599-613. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v10n3/a17v10n3.pdf
22. Zanetti ML, Otero LM, Biaggi MV, Santos MA, Peres DS, Guimarães FPM. Satisfação do
paciente diabético em seguimento em um programa de educação em diabetes. Rev.
Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 15, n. 4, Aug. 2007. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010411692007000400010&lng=pt&nrm=iso
23. Reis LA. Avaliação da Qualidade de Vida em Idosos Portadores de Diabetes Mellitus
tipo 2. Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, 2009 jan./dez.; 2(1):6476.
Disponível
em:
http://189.3.47.195/revista/index.php/memorias/article/view/61/37
24. Souza TT, Santini L, Wada AS, Vasco CF, Kimura M. Qualidade de vida de Pessoas
Diabéticas. Rev. Esc. Enf. USP, 1997 abril; 31(1): 150-64. Disponível em:
http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/380.pdf
Download