Dental Procedure 3D Simulation Using a Hapic Device Software de Simulação de Procedimentos Dentários Utilizando Dispositivo Phantom Omni e Modelos 3D Marlan Külberg INCT-MACC Laboratório Nacional de Computação Científica Petrópolis, RJ, Brasil [email protected] Abstract—This work aims at describing a 3D tooth repair procedure haptic simulation. 3D models are used to allow the user to interact realistically with the systems due to the force-feedback enabled haptic devices. This text describes the operation of the system, as well as future work. Keywords-haptic devices, PHANTOM, Virtual Reality, Dental Simulation, Human Computer Interaction I. I NTRODUÇÃO Nos dias de hoje, a higiene oral é efetuada por especialistas não só em instituições odontológicas mas também em outros tipos de instalações. Entretanto, para executar os procedimentos necessários adequadamente, é preciso que o especialista em questão obtenha habilidade através de treinamento. Infelizmente, a maioria das instituições de educação voltadas para esse fim possuem vários problemas, como a falta de pacientes voluntários para treinamento dos estudantes, os preços elevados dos artefatos artificiais para simulação de procedimentos sendo que mesmo assim não proporcionam sensações similares à realidade [1]. Desta forma, a realidade virtual (RV) pode ser utilizada como um método de treinamento que facilita a formação do especialista de forma barata, segura e eficaz, especialmente nos primeiros estágios do treinamento. Nesse sentido, é proposto um sistema de auxílio para treinamento e formação de especialistas. Foi construído um simulador de RV háptico com o intuito de viabilizar o aprendizado e a prática dos profissionais. É ainda necessário que se faça uma avaliação do simulador para que haja melhoramentos no sistema. A sensação háptica é relativa ao toque, e se dedica a simular a pressão, a textura, a vibração e outras sensações biológicas relacionadas com o tato [2]. A contribuição do presente estudo é, demonstrar como o uso de dispositivos hápticos com características de retorno de força pode ser utilizado no ensino de especialização de tratamento dentário de forma efetiva e barata, em comparação com as alternativas hoje existentes. Jauvane Cavalcante de Oliveira INCT-MACC Laboratório Nacional de Computação Científica Petrópolis, RJ, Brasil [email protected] II. T RABALHOS R ELACIONADOS A simulação virtual para treinamento tem sido amplamente utilizada em várias áreas do conhecimento, sendo uma das mais importantes, a área da saúde de modo geral. Podemos assim, apreciar um amplo leque de soluções para simulações de operações e procedimentos de todo tipo. Dentro dessa área, não é estranho que também haja pesquisa para procedimentos odontológicos. Citamos a seguir, alguns exemplos de sistemas bem sucedidos relacionados à simulação em ambientes virtuais. Criado pela Academisch Centrum Tandheelkunde Amsterdam (ACTA), o Simodont [3](figura 1(a)) é um simulador dental de alta qualidade, sendo usado por alunos para desenvolver suas habilidades em um mundo virtual, obtendo retorno sobre suas decisões e habilidades. Ele consiste de uma tela pequena de projeção (posicionada no lugar do paciente) onde é projetada a imagem da boca e os dentes. As imagens são transmitidas ao usuário em 3D através de óculos estereoscópicos que fornecem a percepção de profundidade. Há ainda um dispositivo que imita uma broca e permite que o usuário sinta resistência ao tocar em objetos virtuais. Esses objetos também respondem de forma diversa à sensação háptica, tendo por exemplo, um retorno de força maior quando se toca um esmalte saudável do que um cariado. O sistema também permite que as ações do usuário se comuniquem com o seu material de aprendizagem, de forma que o aluno possa aprender com seus erros. Pesquisadores do Korea Institute of Science and Technology desenvolveram um sistema de treinamento dentário utilizando uma interface multi-modal com sensações táteis, visuais e auditivas [4] (figura 1(b)). Ele permite que os estudantes de odontologia aprendam os procedimentos de manipulação dos instrumentos tendo sensações reais e, com isso, possam avaliar o seu desempenho. Neste projeto, foram utilizados algoritmos de renderização háptica estável com relação ao vídeo exibido, modelos de deformação para o dente virtual que está sofrendo o procedimento e renderização de som para simular o contato entre o instrumento e o dente. Além disso, foi criada uma bancada que registra todas as sensações promovidas, para que o usuário sinta, veja e ouça ao mesmo tempo o que acontece no ambiente virtual. Pesquisadores do Aoyama Gakuin University e do Chiba University, no Japão, desenvolveram um simulador para formação de profissionais que utiliza um dispositivo háptico do modelo Phantom Desktop e um capacete do tipo HMD para a visualização estereoscópica do mundo virtual [1] (figura 1(c)). A eficácia deste equipamento foi comprovada com base em testes realizados por alunos veteranos e por iniciantes, onde se levou em conta a diferença da força de operação de procedimentos entre eles. Constatou-se que o sistema háptico do simulador contribuiu para o treinamento enquanto que o sistema estereoscópico usado de forma isolada não logrou êxito. suporte a dispositivos de retorno de força bem como sua avaliação, além de detecção de colisão e interatividade. O hardware responsável por proporcionar a sensação háptica ao usuário é o dispositivo Phantom Omni (figura 2), também da Sensable. Este modelo possui seis graus de liberdade de posicionamento (6DOF). Figure 2: Phantom Omini [5] IV. I MPLEMENTAÇÃO (a) (b) O software, basicamente, exibe um maxilar, com o qual o usuário poderá interagir através de instrumentos, como um escavador dental ou uma broca. O objetivo é desbastar um dente em uma área específica ou então em várias áreas, apresentando variados níveis de desgaste. Esses níveis, na verdade, são modelos estáticos que são exibidos ou retirados do programa conforme ocorre a interação do instrumento com o dente que recebe o procedimento. Há a opção de interagir no desgaste do dente de duas formas: utilizando apenas um modelo de dente com vários níveis de desbastamento, ou apresentando um modelo subdividido em várias partes coordenadas (figura 3), sendo que cada parte também oferece várias etapas para remoção. O segundo modelo permite que se escolha qual a parte do dente será diminuída ou a ordem do desgaste do dente no qual se está interagindo. O primeiro modelo permite a visualização do desgaste do dente apenas na sua parte central. (c) Figure 1: Exemplos de simuladores de treinamento de procedimentos dentários: (a) Simodont, da Acta [3]; (b) Simulador Multi-modal da KIST [4] e (c) Simulador com HMD da Chiba Universityt [1] III. H ARDWARE E S OFTWARE U TILIZADOS Para a realização do trabalho, foi utilizada a biblioteca Openhaptics 3.0 da Sensable Technologies [5], junto com as API’s de desenvolvimento HDAPI e Quickhaptics. O HDAPI representa a biblioteca de baixo nível para programação de retorno de força enquanto o Quickhaptics tem a função de efetuar uma linguagem mais consistente para trabalhar a sensação háptica dentro de um ambiente 3D. Através dela, é possível controlar a deformação de objetos, além de dar Figure 3: Modelo 3D de um dente subdividido em 5 partes coordenadas diferentes Pode-se escolher utilizar tanto um escavador quanto uma broca para proceder a intervenção. Através do algoritmo, a parte da gengiva fica separada dos dentes, permitindo que a sensação de retorno de força ocorra de forma diferente do que ocorre com os dentes, já que cada parte possui diferentes propriedades de rigidez e atrito. Como a gengiva é maleável, é possível, ao pressioná-la com o instrumento, sentir uma retração do modelo e consequente resistência, se a força for excessiva. Os dentes foram projetados para criar resistência máxima ao toque do instrumento, dando o retorno de força similar a quando se colide um objeto com algo sólido. A figura 4 ilustra um usuário utilizando o sistema. Figure 4: Sistema sendo utilizado. Embora seja possível modelar todos os dentes para interação em todos os níveis oferecidos pelo programa, isso ocasiona um peso computacional muito grande na questão gráfica. Por isso, em um primeiro momento optou-se por fazer uso de apenas um dente. No caso, um segundo molar inferior, para evitar sobrecarga no sistema. Os dentes restantes da arcada são modelados em conjunto, deixando assim o programa mais rápido. O desgaste do dente no programa pode se dar através da quantidade de vezes que o instrumento colide com a coordenada que se quer raspar, sendo esse número definido no sistema. Esse modo de uso é mais indicado para a utilização do escavador, pois simula melhor a ação de raspar o dente (figura 5 (a)). Na aplicação, ficou disposto que três colisões seriam necessárias para o instrumento alcançar um novo nível de desgaste do dente, na região onde acontece a colisão. Também é possível alcançar o desgaste através do tempo em que o instrumento interage com o dente, sendo que esse modo é aconselhável para uso da broca (figura 5 (b)), uma vez que o instrumento não necessita de grande quantidade de movimentos para conseguir desbastar o dente. Na aplicação, usa-se o tempo de 2 segundos totais em que o instrumento colide com o dente. O tempo e a quantidade de toques são configuráveis. O dente a sofrer intervenção possui cinco níveis de desgaste, sendo que ele também pode ser subdividido em cinco partes coordenadas. Neste caso, cada coordenada do dente possuirá cinco níveis de desgaste independentes. Dessa forma, é possível desnivelar certas partes do dente mais que outras, gerando um resultado irregular se este for o desejo do usuário. As figuras 5 (c) e 5 (d) mostram respectivamente o dente totalmente desgastado usando apenas um modelo, e usando o modelo subdividido. As partes são construídas para serem desbastadas linearmente, respeitando o desgaste atribuído anteriormente pelo algoritmo. (a) (b) (c) (d) Figure 5: Uso do escavador (a) e da broca (b) em um dente ainda perfeito. A figura (c) representa o desgaste máximo do modelo único de dente e a figura (d) apresenta o desgaste de um modelo de dente subdividido. V. R ESULTADOS E D ISCUSSÃO Uma vez que não é utilizado neste projeto nenhum tipo de ferramenta de modelagem dinâmica, chegou-se a conclusão que a troca de modelos 3D com diferentes níveis de desgaste seria o melhor método para a realização do trabalho. Essa solução tem a desvantagem de impedir que o desgaste seja efetuado livremente, já que os modelos são pré-definidos. Contudo, permite um controle didático maior no método de ensino aplicado ao aluno. A interação háptica ocorre de forma satisfatória, no que tange às colisões entre os objetos que se relacionam no projeto. O retorno de força emitido tanto na gengiva quanto na arcada dentária ou mesmo no dente que sofre intervenção proporciona sensação de realidade, atendendo à necessidade principal da simulação. É necessário ainda gerar um método para carregar ou retirar dinamicamente os modelos de forma a minimizar o processamento da aplicação. Deve-se considerar fornecimento de uma grande quantidade de modelos e que cada modelo de dente deve ser dividido em várias partes e ainda, que cada uma delas deve possuir vários níveis de desgaste. Sem isso, corre-se o risco de atrasar a sensação háptica devido ao atraso de processamento, o que acarreta na perda da sensação de realidade. Um trabalho em conjunto com profissionais da área poderia resultar em modelos dentários que reflitam a necessidade de intervenção e aprendizado do aluno. Com esses modelos pré-definidos, o aluno poderia fazer uso de variados tipos de treinamento específico, com um conjunto de modelos sendo utilizado para cada fim. Assim, podem existir funções no software para tratamentos de canal, obturações, limpeza, extração, entre outros procedimentos. VI. C ONCLUSÃO Foi demonstrado neste artigo, um método para auxílio no treinamento de procedimentos dentários, usando dispositivo e aplicações hápticas de retorno de força. O projeto permite que, através de objetos virtuais controlados pelo usuário, consiga-se não somente ter a sensação de toque como também seja possível interagir com objetos. No caso, o usuário pode fazer uso do instrumento que controla para raspar um dente, desgastando-o em vários lugares e em diferentes níveis. Para realizar a aplicação, foram modelados em um mundo virtual, todos os elementos necessários para a interação usuário/sistema, como modelos de gengiva, arcada dentária, vários modelos de partes de dentes e instrumentos característicos ao uso do projeto. Há ainda oportunidade para evoluir o sistema considerando várias situações, mas é preciso observar sempre a otimização da execução do programa já que o dispositivo háptico não tolera atraso de processamento, com o revés de se perder a sensação de realidade na simulação. VII. T RABALHOS F UTUROS As principais sugestões de trabalhos futuros se baseiam em aumentar o grau de imersão do usuário com a aplicação. Para isso, pode-se introduzir mais dispositivos e adaptar o software à outras situações. A aplicação é baseada na linguagem C++, possibilitando assim, a construção de um plugin voltado para a exibição estereoscópica. O Framework Instantreality [6] permite a implementação de dispositivos à sua plataforma, de modo que é possível fazer com que o Phantom interaja com modelos 3D usando tanto extensões X3D [7] quanto VRML. Além disso, o dispositivo poderá dispor de recursos de estereoscopia passiva, já que o Instantreality oferece suporte a esse modelo de exibição. Para evoluir a aplicação, também podem ser construídos modelos para tratamentos dentários específicos, como limpeza de placa e tártaro, canal, etc. Nesses casos, também é necessário alterar o procedimento e as ferramentas a serem utilizadas na dentadura virtual, bem como a duração de tempo, intensidade e quantidade de colisões entre instrumento e dente. Além disso, é possível desmembrar o objeto que simula os instrumentos, por exemplo, separando a broca de seu corpo, e através disso representar somente o movimento rotatório da broca. Para isso, faz-se necessário atribuir as funções de transformação em razão do tempo do objeto em questão. AGRADECIMENTOS Agradecemos o apoio financeiro proveniente do Programa de Capacitação Institucional - PCI/LNCC/MCTI, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (Processos 308857/2008-9 e 309318/2011-4), da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - FAPERJ (Processos E26/103.106/2008 e E-26/103.241/2011), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Assistida por Computação Científica - INCT-MACC (Processos CNPq 181813/2010-6 e FAPERJ E-26/170.030/2008). R EFERENCES [1] N. Hashimoto, H. Kato and K. Matsui, Evaluation of Training Effect of Tooth Scaling Simulator by Measurement of Operation Force. Aoyama Gakuin University Chiba University, Netherlands, 2011. [2] T. A. C. dos Santos and R. B. de Araújo, Dicionário de Informática, Multimídia e Realidade Virtual. Melhoramentos, São Paulo, 2001. [3] P. Koopman, J. Buis., P. Wesselink and M. Veervom, Simodont, A Haptic Dental Training Simulator Combined With Courseware. Academisch Centrum Tandheelkunde Amsterdam, Netherlands, 2011. [4] L. Kim, Y. Hwang, H. Park and S. Ha, Dental Training System using Multi-modal Interface. Korea Institute of Science and Technology, South Korea, 2005. [5] Sensable technologies., http://www.sensable.com/productshapticdevices.htm. Acessado em 11/03/2012. [6] Instantreality.org., http://www.instantreality.org/. em 11/03/2012. Acessado [7] D. Brutzman and L. Daly., X3D: 3D Graphics for Web Authors. Morgan Kaufmann Publishers, 2007.