Informações sobre a língua portuguesa Este texto reúne algumas informações sobre a língua portuguesa, bem como links e referências para o estudo do nosso idioma, conhecimento fundamental para a condução do processo de alfabetização de crianças ou adultos. Fonética e Fonologia Vogais Classificação das vogais Intervenção das cavidades bucal e nasal Orais - pá, pelo, vivo, mó, sul Nasais - rã, tendo, fim, som, fundo Anteriores ou Palatais - rir, pé, vê Zona de articulação Médias ou Centrais - átomo, ânsia Posteriores ou velares - lomba, avô, dominó Abertas - pá, pé, mó Timbre Médias - ano, fêmea, ânsia, dedo Fechadas - vi, burro, rio, rústico Tónicas - armário, pé, mito Intensidade Átonas - casa, meter, povo [a] Como em "água"; produzido com a língua numa posição de repouso e sem elevação do seu dorso, sem arredondamento dos lábios e boca ligeiramente aberta. [ɛ] Como em "pé"; produzido com a língua elevada em direção ao palato duro (céu da boca) e com o seu dorso ligeiramente elevado, sem arredondamento dos lábios e boca ligeiramente aberta. [e] Como em "medo"; produzido com a língua elevada em direção ao palato duro (céu da boca) e com o seu dorso um pouco elevado, sem arredondamento dos lábios e boca ligeiramente fechada. [ə] Como em "sede"; produzido com a língua numa posição de repouso e com o seu dorso elevado, sem arredondamento dos lábios e boca quase fechada. [ɔ] Como em "cola"; produzido com a língua elevada em direção ao véu palatino e com o seu dorso ligeiramente elevado, com arredondamento dos lábios e boca ligeiramente aberta. [o] Como em "bolo"; produzido com a língua elevada em direção ao véu palatino e com o seu dorso um pouco elevado, com arredondamento dos lábios e boca ligeiramente fechada. [i] Como em "pilha"; produzido com a língua elevada em direção ao palato duro (céu da boca) e com o seu dorso elevado, sem arredondamento dos lábios e boca ligeiramente fechada. [u] Como em "sul"; produzido com a língua elevada em direção ao véu palatino e com o seu dorso elevado, com arredondamento dos lábios e boca quase fechada. Semivogais [j] Como em "praia" [w] Como em "pau" ou "mel" Consoantes Consoantes do português Bilabiais Labiodentais Dentais Alveolares Plosivas Nasais Fricativas p b t PósPalatais Velares Glotais alveolares d k m n f v s ɲ z Laterais l Tepes ɾ g ʃ h ʒ ʎ [b] Como em "ambos"; os lábios tocam-se obstruindo a passagem do ar, as cordas vocais vibram. [p] Como em "pata"; os lábios tocam-se obstruindo a passagem do ar, as cordas vocais não vibram. [g] Como em "frango"; a parte posterior da língua toca o palato mole, ou véu palatino, obstruindo a passagem do ar, as cordas vocais vibram. [k] Como em "porco"; a parte posterior da língua toca o palato mole, ou véu palatino, obstruindo a passagem do ar, as cordas vocais não vibram. [d] Como em "andar"; a parte imediatamente anterior à ponta da língua toca a parte interior dos dentes incisivos do maxilar superior obstruindo a passagem do ar, as cordas vocais vibram. [t] Como em "atado"; a parte imediatamente anterior à ponta da língua toca a parte interior dos dentes incisivos do maxilar superior obstruindo a passagem do ar, as cordas vocais não vibram. [m] Como em "arma"; os lábios tocam-se obstruindo a passagem do ar, as cordas vocais vibram e é uma consoante nasal. [n] Como em "cano"; a ponta da língua toca os alvéolos no maxilar superior obstruindo a passagem do ar, as cordas vocais vibram e é uma consoante nasal. [ɲ] Como em "vinho"; o dorso da língua toca o palato duro, ou céu da boca, obstruindo a passagem do ar, as cordas vocais vibram e é uma consoante nasal. [l] Como em "calo"; a ponta da língua toca os alvéolos no maxilar superior permitindo a passagem do ar lateralmente, as cordas vocais vibram. [ʎ] Como em "alho"; o dorso da língua toca o palato duro, ou céu da boca, forçando o ar a passar lateralmente, as cordas vocais vibram. [r] Como em "caro"; a ponta da língua toca, vibrando, os alvéolos no maxilar superior, as cordas vocais vibram. [R] Como em "carro"; a parte posterior da língua toca, vibrando, no palato mole, ou véu palatino, interrompendo por diversas vezes a passagem do ar, as cordas vocais vibram. [f] Como em "faca"; o ar é forçado a passar por entre os dentes incisivos do maxilar superior e o lábio inferior, as cordas vocais não vibram. [v] Como em "vaca"; o ar é forçado a passar por entre os dentes incisivos do maxilar superior e o lábio inferior, as cordas vocais vibram. [s] Como em "posso"; a parte imediatamente anterior à ponta da língua aproxima-se da parte interior dos dentes incisivos do maxilar superior formando uma passagem estreita (como uma fenda) à passagem do ar, as cordas vocais não vibram. [z] Como em "casa"; a parte imediatamente anterior à ponta da língua aproxima-se da parte interior dos dentes incisivos do maxilar superior formando uma passagem estreita (como uma fenda) à passagem do ar, as cordas vocais vibram. [ ʃ ] Como em "acho"; o ar é forçado a passar por uma fenda estreita entre o dorso da língua e o palato duro, ou céu da boca, as cordas vocais não vibram. [ʒ] Como em "genro"; o ar é forçado a passar por uma fenda estreita entre o dorso da língua e o palato duro, ou céu da boca, as cordas vocais vibram. Relações entre ortografia e fonologia A letra é uma figura cujos limites são bem definidos. Ela const it ui a menor unidade segmental ortográfica. O mesmo não se pode dizer do fonema. É impossível estabelecer claramente os seus limites, sejam acústicos, sejam articulatórios. Por isso, o estudo dos fonemas, para finalidades pedagógicas, se apóia na sua relação com os signos gráficos. Nessa relação, pode-se considerar o fonema como sendo a menor unidade da língua oral que pode ser distinguida por nossa percepção acústica de falante nativo para fins de comparação com uma entidade gráfica. Analisando os grupos de letras e fonemas, podem ser identificados dois tipos básicos de relações entre eles: Relações biunívocas entre letra e fonema Neste grupo estão as letras que correspondem a apenas um fonema, o qual, por sua vez é representado por somente uma letra. São elas: Letra p [ p ] : pá, pé, pó, pia, pua; sapato, topete, capoeira, apito, república. Letra b [b]: babá, belo, bicho, bola, bula; cobalto, sabe, sabido, cebola, abutre. Letra f [ f ] : faca, fere, fica, foca, furo; garrafa, afeto, safira, reforma, parafuso. Letra v [v]: vaca, vê, vila, vovó, vulto; carvão, caveira, revista, revolta, avulso. Nesse caso específico, a representação ortográfica apresenta-se coerente nos dois sentidos. Essa é a relação mais simples e, em tese, seria a ideal do ponto de vista pedagógico, embora não se possa antecipar questões decorrentes de variações dialetais (por exemplo, a palavra vassoura pode ser pronunciada /basora/ em determinados grupos sociolingüísticos). Apenas no caso dessa relação biunívoca poderia fazer sentido orientar o alfabetizando a “escrever como ele fala”, porém que são poucas as palavras compostas apenas por letras e fonemas desse tipo. Entidades fonológicas com representação cruzada Entende-se por representação ortográfica cruzada a reunião de duas possibilidades diferentes de relação entre a letra e o fonema: α)fonemas com múltipla representação, β)símbolos gráficos de valor fonológico múltiplo. . Segue uma análise destes elementos segundo esses dois tipos de relações. Fonemas com múltipla representação Sí m b ol os g r áficos c o m v alor fo n oló gic o m ú ltiplo Do ponto de vista da leitura, esse é o grupo que pode trazer mais dificuldades aos alfabetizandos, pois um mesmo símbolo pode ser traduzido em diversos fonemas. Ortografia Acentuação gráfica As palavras na língua portuguesa possuem a seguinte característica: são paroxítonas, ou seja, a sílaba tônica é a penúltima e terminam em vogais átonas (a, o, e). As regras de acentuação gráfica existem, em linhas gerais, para indicar os casos em que essa regra geral não ocorre, quando: 1)a sílaba tônica é a antepenúltima 2)a palavra é paroxítona, mas termina em vogal tônica (i, u) ou consoante. 3)A palavra é oxítona, mas termina em vogal átona (a, o, e) Essas regras cobrem a ampla maioria das palavras acentuadas em português, por isso vale a pena gravá-las. Para os casos específicos e as exceções pode-se recorrer aos dicionários. Uso de certas letras Nesse caso, o principal aspecto a ser trabalhado com os alfabetizando é o mecanismo de derivação, que permite compreender como uma palavra se forma a partir de uma já existente e assim conserva as letras com as quais a palavra primitiva era escrita. Esse é o princípio da Etimologia, que é uma das características da nossa ortografia. Para entender esse princípio é preciso distinguir entre o radical de uma palavra e suas desinências. O radical é a parte que não se altera nas flexões de gênero, número, etc. Por exemplo: casa, casinha, casarão, casebre. As letras CAS não se modificam por constituírem o radical da palavra. Note-se que o uso do S com som de Z permanece nessas variações. Esse princípio permite compreender as principais regras sobre os usos das letras em português, embora nesse caso, seja preciso recorrer a um dicionário para saber a forma correta da palavra primitiva. Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 O Acordo Ortográfico de 1990 foi proposto para criar uma norma ortográfica única, de que participaram na altura todos os países de língua oficial portuguesa, com a adesão da delegação de observadores da Galiza. Os signatários que ratificaram o acordo original foram Portugal (1991), Brasil (1996), Cabo Verde (2006) e S. Tomé e Príncipe (2006). Timor-Leste, não sendo um subscritor do acordo original, ratificou-o em 2004. Em julho de 2004 foi aprovado, em São Tomé e Príncipe, o Segundo Protocolo Modificativo, durante a Cúpula dos Chefes de Estado e de governo da CPLP. O Segundo Protocolo permitiu que o Acordo passasse a vigorar com a ratificação de apenas três países, sem a necessidade de aguardar que todos os demais membros da CPLP adotassem o mesmo procedimento. Assim, tendo em vista que o Segundo Protocolo Modificativo foi ratificado pelo Brasil (2004), Cabo Verde (2006) e S. Tomé e Príncipe (Dez. 2006), e que o Acordo passaria automaticamente a vigorar um mês após a terceira ratificação necessária, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa está em vigor, na ordem jurídica internacional e nos ordenamentos jurídicos dos três Estados acima indicados, desde 1º de Janeiro de 2007. Morfologia verbal Os verbos são divididos em três conjugações, identificadas pela terminação dos infinitivos, -ar, -er, -ir (e -or, remanescente no único verbo, pôr, juntamente com seus compostos; este verbo pertence, todavia, à conjugação de infinitivos terminados em -er, pois tem origem no latim poner, evoluindo para poer e pôr). A maioria dos verbos terminam em ar, tais como cantar. De uma forma geral, os verbos com a mesma terminação seguem o mesmo padrão de conjugação. Porém, são abundantes os verbos irregulares e alguns chegam a ser até mesmo anômalos: ir, ser, saber, pôr e seus derivados apor, opor, compor, dispor, supor, propor, decompor, recompor, repor, sobrepor e antepor. Morfologia nominal Todos os substantivos portugueses apresentam dois gêneros: masculino ou inclusivo e feminino ou exclusivo. Muitos adjetivos e pronomes, e todos os artigos, indicam o gênero dos substantivos a que eles se referem. O gênero feminino em adjetivos é formado de modo diferente dos substantivos. Muitos adjetivos terminados em consoante permanecem inalterados: "homem superior", "mulher superior", da mesma forma os adjetivos terminados em "e": "homem forte", "mulher forte". Fora isso, o substantivo e o adjetivo devem sempre estar em concordância: "homem alto", "mulher alta". O grau dos substantivos é, de uma forma genérica, representado pelos sufixos "-ão, -ona" para o aumentativo e "-inho, -inha" para o diminutivo, ainda que haja numerosas variações para representar esses graus. Os adjetivos podem ser empregados em forma comparativa ou superlativa. A forma comparativa é representada pelos advérbios "mais...que", "menos...que" e "tanto...quanto" (ou "como"), e a forma superlativa é representada pelas locuções "o mais" ou "o menos". Para representar o superlativo absoluto, pode-se ainda acrescentar os sufixos "-íssimo, -íssima" (alguns adjetivos, no entanto, fazem o superlativo absoluto com a terminação "-érrimo, -érrima", ou "-ílimo", "-ílima"). Os substantivos vêm geralmente acompanhados de um numeral, pronome ou artigo, assumindo variações de acordo com as funções sintáticas, a saber: •Nominativo (sujeito ou objeto direto): a, o, este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo; •Genitivo (adjunto adnominal de posse): da, do, deste, desta, disto, desse, dessa, disso, daquele, daquela, daquilo; •Locativo (adjunto adverbial de lugar): na, no, neste, nesta, nisto, nesse, nessa, nisso, naquele, naquela, naquilo; •Dativo (objeto indireto): à, ao, àquele, àquela, àquilo (a preposição não se funde com os demais demonstrativos). Os advérbios podem ser formados pelo feminino dos adjetivos, com o acréscimo do sufixo "-mente", por exemplo: certo = cert(a)mente. Curiosidades •A maior palavra do português é "Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico", com 46 letras, que denota o estado de quem é vítima de uma enfermidade causada pela aspiração de cinzas vulcânicas. •A língua portuguesa é o único idioma românico em que existe mesóclise. •A palavra "saudade" é considerada de existência única no português, em relação ao seu significado. Contudo, esta ideia foi mitificada, devido a não existir uma palavra equivalente nas línguas estrangeiras mais conhecidas. No polaco/polonês, por exemplo, existe a palavra tęsknię, com a mesma definição. Com relação ao inglês usase o miss, por exemplo na frase I miss you, como: Sinto sua falta, relacionando falta a saudade, ou seja falta(en)=saudade(pt) •A Guiné Equatorial é o país mais novo em relação à oficialização da língua portuguesa.. Texto adaptado dos sites: http://criarmundos.do.sapo.pt/Linguistica/pesquisalinguagem011.html http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_portuguesa Foram utilizados também trechos do livro: SILVA, Miriam Barbosa da. Leitura, ortografia e fonologia. São Paulo : Ática, 1981. (Ensaios 75) Outros Links interessantes: http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo&version=1991 informações sobre a lingua portuguesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfabeto_fon%C3%A9tico_internacional sobre o alfabeto fonético internacional AFI http://www.paulmeier.com/ipa/charts.html traz a pronuncia das consoantes e vogal do AFI http://hctv.humnet.ucla.edu/departments/linguistics/VowelsandConsonants/course/chapter1 /chapter1.html outro site que traz a pronuncia dos fonemas http://www.chass.utoronto.ca/~danhall/phonetics/sammy.html mostra a posição do aparelho fonador e o fonema correspondente