FONÉTICA E FONÊMICA

Propaganda
FONÉTICA E FONÊMICA
Baseado na Gramática do Português Contemporâneo de
Celso Cunha
Os sons da fala
Os sons da nossa fala resultam quase todos da ação de
certos órgãos sobre a corrente de ar vinda dos pulmões.
Para a sua produção, 3 condições são necessárias:
a) a corrente de ar;
b) um obstáculo encontrado por essa corrente de ar;
c) uma caixa de ressonância.
Estas condições são criadas pelos ÓRGÃOS DA FALA,
denominados de APARELHO FONADOR no seu conjunto.
O aparelho fonador
É constituído das seguintes partes:
a) os PULMÕES, os BRÔNQUIOS e a TRAQUÉIA, órgãos
respiratórios que fornecem a corrente de ar,
b) a LARINGE, onde se localizam as CORDAS VOCAIS, que
produzem a energia sonora utilizada na fala,
c) as CAVIDADES SUPRALARÍNGEAS (FARINGE, BOCA e
FOSSAS NASAIS), que funcionam como caixas de
ressonância.
Quase todos os sons da nossa fala são produzidos na expiração.
A inspiração funciona normalmente como um instante de silêncio,
uma pausa na elocução. Porém, há algumas línguas africanas que
possuem uma série de consoantes articuladas na inspiração. São o
hotentote, o zulo, o boximane entre outros e são chamados de
CLIQUES.
Em português, praticamos alguns CLIQUES, mas sem valor
fonêmico, como o beijo, que é uma bilabial inspiratória; o estalido
línguo-dental com que animamos o andar de cavalgaduras e mais
uns poucos ruídos que valem por interjeições.
1
Funcionamento do aparelho fonador
O ar expelido dos PULMÕES, pelos BRÔNQUIOS, penetra na
TRAQUÉIA e chega à LARINGE, onde, ao atravessar a GLOTE,
costuma encontrar o primeiro obstáculo à sua passagem.
A GLOTE, que fica na altura do chamado pomo-de-adão ou
gogó, é a abertura entre duas pregas musculares das paredes
superiores da LARINGE, chamadas de CORDAS VOCAIS. No
primeiro caso, o ar força a passagem através das CORDAS
VOCAIS retesadas, fazendo-as vibrar e produzir o som musical
característico das articulações SONORAS. No segundo caso,
relaxadas, as CORDAS VOCAIS, o ar escapa sem vibrações
laríngeas. As articulações produzidas são chamadas de SURDAS.
Ex.: ∕ b ∕ [=sonoro]
∕ p ∕ [=surdo]
Ao sair da LARINGE, a corrente expiratória entra na
CAVIDADE FARÍNGEA, com duas saídas possíveis, o CANAL
BUCAL e o NASAL. Suspenso no cruzamento destes dois canais
fica o VÉU PALATINNO, órgão com mobilidade capaz de obstruir
ou não a entrada do ar na CAVIDADE NASAL e de determinar a
natureza ORAL ou NASAL de um som.
Quando levantado, o VÉU PALATINO cola-se na parede
posterior da FARINGE, deixando livre apenas o CONDUTO BUCAL.
As articulações assim produzidas chamam-se ORAIS (do latim os,
oris=a boca). Quando abaixado, o VÉU PALATINO deixa ambas as
passagens livres. A corrente expiratória então se divide, e uma
parte dela sai pelas FOSSAS NASAIS, produzindo um som NASAL.
Ex.: ∕ a ∕ [=oral]
∕ ã ∕ [=nasal]
É na CAVIDADE BUCAL que se produzem os movimentos
fonadores mais variados, graças à maior ou menor separação dos
MAXILARES, das BOCHECHAS e, sobretudo, à mobilidade da
LÍNGUA e dos LÁBIOS.
FONÉTICA & FONOLOGIA
Fonética é a disciplina que estuda os sons da fala, as
produções dos FONEMAS.
Fonologia, Fonêmica ou Fonemática é a parte da gramática
que estuda o comportamento dos FONEMAS numa língua.
2
A descrição dos SONS DA FALA (descrição FONÉTICA), para
ser completa, deve considerar sempre:
a) como os sons são produzidos,
b) como são transmitidos,
c) como são percebidos.
Os sinais fonéticos são colocados entre colchetes [ ] e os
FONEMAS são transcritos entre barras oblíquas ∕ ∕.
CLASSIFICAÇÃO DOS FONEMAS
Os fonemas se classificam em VOGAIS, CONSOANTES e SEMIVOGAIS.
Vogais e consoantes
Do ponto de vista articulatório, as VOGAIS podem ser consideradas
sons formados pela vibração das cordas vocais e modificados
segundo a forma da cavidade bucal, que deve estar sempre aberta
ou entreaberta à passagem do ar. Na pronúncia das
CONSOANTES, ao contrário, há sempre na cavidade bucal
obstáculos à passagem da corrente expiratória.
Semivogais
Entre as VOGAIS e as CONSOANTES estão as SEMIVOGAIS, que
são os fonemas ∕ i ∕ e ∕ u ∕quando, juntos a uma vogal, com ela
formam sílaba. Assim em riso (ri-so) e rio (ri-o) o ∕ i ∕ é VOGAL, mas
em herói (he-rói) e vários (vá-rios) é SEMIVOGAL. Também o ∕ u ∕
é VOGAL, por exemplo, em muro (mu-ro) e rua (ru-a), mas
SEMIVOGAL em chapéu (cha-péu) e quatro (qua-tro).
CLASSIFICAÇÃO DAS VOGAIS
De acordo com a Nomenclatura Gramatical Brasileira, as VOGAIS
de nossa língua devem ser classificadas:
a) quanto à ZONA DE ARTICULAÇÃO, em: ANTERIORES,
MÉDIAS e POSTERIORES,
b) quanto ao TIMBRE, em: ABERTAS, FECHADAS e
REDUZIDAS,
c) quanto ao PAPEL DAS CAVIDADES BUCAL E NASAL em:
ORAIS e NASAIS,
d) quanto à INTENSIDADE, em: ÁTONAS ou TÔNICAS.
3
Download