IMS Instituto de Pós-Graduação Dermatológica 2000 3os 1 an 2013 www. institutoims .com.br Fevereiro / 2013 - Volume II - Número 5 CURSOS DISPONÍVEIS Maiores informações : www.institutoims.com.br (24) 3343-3015 | (21) 2223-3239 | (21) 2223-0159 CIRURGIA DERMATOLÓGICA (2013/2014) INSCRIÇÕES ABERTAS Início: Outubro de 2013 MODULAR GUARULHOS - SP INSCRIÇÕES ABERTAS Início: Junho de 2013 SÃO LUIS - MA INSCRIÇÕES ABERTAS Início: Fevereiro de 2013 EXTENSIVO INSCRIÇÕES ESGOTADAS Início: Janeiro de 2013 VOLTA REDONDA - RJ INSCRIÇÕES ESGOTADAS Início: Fevereiro de 2013 Periódico de Dermatologia IMS Instituto de Pós-Graduação Dermatológica Publicação Oficial do Serviço de Dermatologia do IMS Sumário 01 Neurofibromatose tipo 1 04 Ocronose Exógena Relato de caso: - Rodrigo José de Vasconcelos Valença - Flávio Marcondes Hércules Relato de caso: - Juliana de Araújo Borges Ferreira - Nayla Andrade Barbosa - Adriano Alencar Periódico de Dermatologia - IMS, V.I, n.5 - Fev. 2013 Relato de caso Neurofibromatose tipo 1 ¹ Rodrigo José de Vasconcelos Valença, ² Flávio Marcondes Hércules Resumo: A neurofibromatose é uma doença neurocutânea autossômica dominante, que acomete um a cada 3.000 indivíduos e tem como principais manifestações dermatológicas o neurofibroma, o neurofibroma plexiforme, efélides em região inguinal e axilar e manchas café-au-lait. Os autores relatam o caso de neurofibromatose tipo 1 em uma paciente do sexo feminino com neurofibroma plexiforme exuberante no braço direito. Palavras chaves: Neurofibromatose tipo 1;Neurofibroma plexiforme;Manchas café-au-lait. Abstract: Neurofibromatosis is an autosomal dominant neurocutaneous disease that affects one in 3,000 people and its main dermatological manifestations are the neurofibroma, the plexiform neurofibroma, freckles in the inguinal regions and axillas and café-au-lait macules. The authors report a case of type 1 neurofibromatosis in a female patient with a large plexiform neurofibroma on the right arm. Keywords: type 1 Neurofibromatosis; plexiform neurofibroma; café-au-lait macules. A Neurofibromatose foi descrita, inicialmente, em 1882, pelo patologista alemão Friedrich Daniel von Recklinghausen. Esta é uma doença neuroectodérmica de origem genética e transmissão autossômica dominante, 1 Mestre em Ciências e Saúde pela Universidade Federal do Piauí, aluno do Instituto IMS do campus de São Luís do Maranhão. de penetrância quase completa e expressividade variável, tendo metade dos casos história familiar, enquanto que a outra metade tem origem de mutações espontâneas.1 As principais manifestações dermatológicas encontradas na neurofibromatose são: neurofibroma, neurofibroma plexiforme, efélides em dobras, as manchas café-com-leite. O neurofibroma consiste em um tumor benigno originário da bainha do nervo periférico, que se apresenta com consistência macia, é depressível,solitário ou múltiplo, normocrômico ou violáceo, semigloboso ou pediculado. O neurofibroma plexiforme é um tumor benigno que acomete todo o trajeto de um nervo periférico, com crescimento aberrante dos tecidos moles e osséos na sua topografia. As manchas café-com-leite são definidas como máculas de tamanhos variados de 0,5 a 50 cm, com pigmentação uniforme e bordas bem marcadas, geralmente ovais, aleatoriamente distribuídas. As efélides medem entre 1-3 mm, localizam-se preferencialmente em axilas e virilhas, porém podem estar presentes em outras áreas do corpo. O objetivo deste relato é apresentar um caso de diagnóstico tardio de neurofibromatose tipo 1 e revisar seu manejo terapêutico adequado para o dermatologista frente a esses pacientes. 2 Mestre em Dermatologia pela UFRJ, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia e professor do Instituto IMS. 1 Relato de caso | Neurofibromatose tipo 1 RELATO DO CASO Paciente do sexo feminino, 23 anos, natural de São Luís do Maranhão, veio ao ambulatório de dermatologia com história de manchas na pele e no braço direito, desde a infância, com crescimento durante a puberdade, principalmente do “sinal” no braço direito. Relatava já ter procurado assistência médica em outros serviços anteriormente, onde foi informada que sua doença era “de nascença” e que não tinha tratamento. Porém, ouviu falar que poderia realizar algum tipo de cirurgia no braço. Ao exame dermatológico, foram identificadas máculas hipercrômicas, uniformes, de cor castanho-claro (café-au-lait) localizadas no antebraço esquerdo (Figura 1), joelho esquerdo (Figura 2), colo e região anterior do tórax (Figura 3). Tumoração macia, depressível, hipercrômica e deformante, em todo o braço direito, definida como um neurofibroma plexiforme (Figura 4 e 5). Foi feito diagnóstico clínico de Neurofibromatose tipo 1 (NF-1) e foram realizadas orientações quanto à doença e ao tratamento adequado. foto 1: Mácula hipercrômica, uniforme, de cor castanho-claro (café-au-lait) no antebraço esquerdo. foto 2: Máculas hipercrômicas de cor castanhoclaro (café-au-lait) no joelho esquerdo. 2 Relato de caso | Neurofibromatose tipo 1 foto 3: Mácula hipercrômica de cor castanho-claro (caféau-lait) no colo e em região anterior do tórax foto 5: Neurofibroma plexiforme no braço direito 3 Relato de caso | Neurofibromatose tipo 1 foto 6: Neurofibroma plexiforme no braço direito DISCUSSÃO A neurofibromatose tipo 1 é a doença de predisposição familiar a tumores mais comum em humanos, com incidência estimada de um caso para cada 3.000 habitantes, e atinge todas as raças, sendo responsável por 90% das neurofibromatoses.3 O gene responsável pela neurofibromatose tipo1 encontra-se na banda 11.2 do braço longo do cromossomo 17.4 O produto deste gene é denominado neurofibromina, que em condições normais atua como supressor tumoral, com possível papel na transdução de sinal intracelular, relacionado ao proto-oncogene ras.5 Mutações neste gene resultam em excesso de sinais mitogênicos para a proliferação celular, o que favorece o aparecimento de tumores.6 As principais manifestações dermatológicas encontradas na NF-1 são o neurofibroma, neurofibroma plexiforme e manchas café-au-lait e efélides em dobras. Entretanto, além destas alterações, o dermatologista deve estar atento ao fato de que a neurofibromatose é um doença sistêmica e que outras manifestações clínicas e radiológicas podem ser encontradas, tais como a macrocefalia, baixa estatura, escoliose, pseudoartrose dos 4 Relato de caso | Neurofibromatose tipo 1 ossos longos, menigocele e os nódulos de Lish. Estes últimos são hamartomas pigmentados da íris, observados pela lâmpada de fenda no exame oftalmológico e que estão presentes em até 90% dos pacientes com neurofibromatose.7 O diagnóstico da neurofibromatose tipo 1 é baseado em critérios clínicos, oftalmológicos e radiológicos, segundo padronização do Instituto Nacional de Saúde dos EUA em 1990 (Tabela1), sendo necessários dois ou mais critérios para se fechar o diagnóstico. Deve-se ter cuidado especial em pacientes com história familiar e em indivíduos com quadro clínico discreto devido ao risco do diagnóstico passar despercebido nos primeiros anos de vida.8 Tabela 1 – Critérios Diagnósticos da NF1 (NIH, 1990)* 1. Seis ou mais manchas café-com-leite: 5 mm de extensão em pacientes na pré-puberdade, ou 15 mm em pacientes na pós-puberdade 2. Dois ou mais neurofibromas de qualquer tipo ou um neurofibroma plexiforme. 3. Efélides nas regiões axilares ou inguinais 4. Glioma óptico 5. Dois ou mais nódulos de Lisch (hamartomas pigmentados de íris) 6. Uma lesão óssea característica, como displasia do osso esfenóide ou afilamento dos ossos longos do córtex, com ou sem pseudoartroses 7. Quadro incompleto, porém possuindo um parente em primeiro grau (pai, irmão ou filho) que satisfaz os critérios do NIH *dois ou mais dos critérios são necessários para o diagnóstico; Nf1: neurofibromatose tipo 1; National Institutes of Health (NIH) Adaptado de Espig et al., 2008 5 Relato de caso | Neurofibromatose tipo 1 O tratamento da NF-1 é baseado em: acompanhamento psicológico do paciente, devido a esta doença ser associada a deformidades físicas e a estigmatização aconselhamento genético, devido à chance de transmissão da doença para a próxima geração ser de 50%;10 acompanhamento oftalmológico dos nódulos de Lish e acompanhamento oncológico dos pacientes com neurofibroma plexiforme pelo risco de transformação maligna para neurofibrossarcoma e schwannoma maligno, principalmente nos casos em que ocorram modificação da cor da lesão, deficit neurológico ou aparecimento de dor;11 cirurgias são indicadas, do ponto de vista estético, para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, ou quando há transformação maligna do neurofibroma plexiforme.12 O diagnóstico precoce e o manejo adequado da neurofibromatose tipo1 contribuem para uma melhor qualidade de vida dos portadores desta síndrome. 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Neurosurgery. 2010;66: 833–40. 5 IMS Instituto de Pós-Graduação Dermatológica ESPECIALIZE-SE www.institutoims.com.br Relato de caso Ocronose Exógena ¹ Juliana de Araújo Borges Ferreira, ¹ Nayla Andrade Barbosa, ¹ Adriano Alencar Resumo: Ocronose exógena é uma condição pouco frequente, podendo ser ocasionada pelo uso de medicamentos sistêmicos, como antimaláricos, ou de uso tópico, como fenol, resorcinol, benzeno, ácido pícrico e principalmente hidroquinona. As manifestações clínicas envolvem a presença de máculas marrom-acinzentadas ou preto-azuladas em regiões da pele que sofreram ação das substâncias supracitadas. A exata incidência da doença e sua fisiopatogenia permanecem desconhecidas. Apresentamos um caso clínico de uma paciente que desenvolveu ocronose exógena durante o uso de preparados contendo hidroquinona e outros agentes clareadores para tratamento de melasma. É necessário o reconhecimento dessa patologia no seu estágio precoce e imediata interrupção da droga, em vista de seu difícil tratamento. A exposição solar é um fator precipitante e deve ser estritamente evitada, embora isso seja difícil em um país de clima tropical, como o Brasil. Palavras chaves: Hidroquinona; Ocronose exógena. Abstract: Exogenous ochronosis is an uncommon condition that may be caused by the use of systemic drugs such as antimalarials, or topical ones, such as phenol, resorcinol, benzene, picric acid, and especially hydroquinone. Clinical manifestations involve the 1 Pós-Graduandos em Dermatologia no Instituto IMS, Campus de São Luís do Maranhão. presence of gray-brown macules or blue-black in regions exposed to any of the above substances. The exact incidence of the disease and its pathogenesis remain unknown. We report a case of a patient who developed exogenous ochronosis due to the use of preparations containing hydroquinone and other bleaching agents for the treatment of melasma. It is necessary to recognize this disease in its early stage, as well as to immediate discontinue the drug, given its difficult treatment. Sun exposure is a precipitating factor and should be strictly avoided, although this is difficult in a countries with tropical climate, such as Brazil. Keywords: Hydroquinone; exogenous ochronosis. O termo ocronose, descrito pela primeira vez por Virchow em 1866, descreve o acúmulo de pigmento amarelo-acastanhado, denominado de pigmento ocronótico, no tecido conjuntivo de vários órgãos, como tecido cartilaginoso, ligamentos, tendões, esclera e a pele. A ocronose pode ter duas apresentações clínicas, a saber: a forma endógena e a exógena. A endógena, também conhecida como alcaptonúria, decorre de herança autossômica recessiva, resultando em falha no metabolismo dos aminoácidos e purinas. A patogenia da doença consiste na 6 Relato de caso | Ocronose Exógera deficiência da enzima oxidase homogentísica, responsável pela oxidação do ácido homogentísico, um metabólito dos aminoácidos tirosina e fenilalanina. O quadro clínico da doença engloba a presença da tríade: urina escura, hiperpigmentação da pele e artropatias. A ocronose exógena é uma doença rara, apesar de sua relação bem documentada com o uso tópico da hidroquinona. Nesta patologia, diferente da alcaptonúria, as manifestações da doença restringem-se somente às alterações cutâneas, com depósito microscópico de pigmento acastanhado na derme, como resultado do uso prolongado do despigmentante. Em 1975, Findlay fez o relato do primeiro caso de ocronose exógena relacionado ao uso da hidroquinona, medicamento usado com frequência no tratamento de melasma, cujo mecanismo de ação interfere na pigmentação da pele, através da alteração do mecanismo de melanogênese. Atua como competidor da produção de melanina, por inibir o grupo sulfidrila e atuar como substrato da tirosina, resultando em uma ação seletiva no metabolismo dos melanócitos, inibindo a melanina e agindo na síntese de DNA e de RNA. A hidroquinona é uma substância ativa, conhecida pelo seu efeito clareador na pele. É usada desde 1950 no tratamento de hipermelanoses, lentigo senil, áreas pigmentadas de vitiligo e melasma. Os principais efeitos adversos decorrem do seu uso crônico e são: ocronose exógena, despigmentação em confete, dermatites, pigmentação da esclera e unhas, carcinoma de células escamosas no sítio de ocronose exógena, diminuição da capacidade de cicatrização da pele e catarata. O quadro clínico da ocronose exógena caracteriza-se por hiperpigmentação da pele na coloração azul-escuro, com aspecto fuliginoso, assintomático, em região onde ocorreu o uso tópico da medicação, como face, região cervical, dorso e superfícies extensoras das extremidades, cujo aspecto é brilhante, liso e inelástico. O exame histopatológico revela, pela coloração hematoxilina-eosina, pigmento acastanhado, na forma de finos grânulos livres na derme, feixes colágenos com o pigmento ocronótico em formato de banana. São também descritos granulomas sarcoídicos com células gigantes multinucleadas e eliminação transfolicular de fibras. Vários tratamentos têm sido empregados na ocronose exógena, como o uso do ácido retinoico, ácido azeláico, ácido kójico, dermoabrasão, crioterapia, laser como CO2, laser Q rubi, todos com resultados pouco satisfatórios. Relato do caso R.S.A., 45 anos, sexo feminino, parda, viúva, professora, brasileira. Paciente com queixa de manchas enegrecidas em face, sem especificar o tempo de aparecimento das lesões. Fez uso de diversos clareadores, sem indicação médica, incluindo Renew® e medicação tópica à base de hidroquinona. Nega presença de antecedentes mórbidos pessoais, assim como o uso crônico de medicações. 7 Relato de caso | Ocronose Exógena 1° consulta – Novembro 2011 Exames complementares Foi realizada na primeira consulta biópsia incisional com punch 3 (três) em lesão de região malar direita. O laudo histopatológico revelou a presença de epiderme retificada e focos de hipergranulose. Na derme, mostrou o acúmulo de pigmento de cor marrom, além de formato de banana, predominantemente na derme superficial e média, cujos achados são compatíveis com ocronose exógena. Evolução do caso À primeira consulta foi orientado o uso de fotoproteção ao longo do dia, sendo a paciente encaminhada para acompanhamento no serviço ambulatorial e de cosmiatria do Instituto IMS, em São Luís, Maranhão. Em Novembro de 2011, foi realizado peeling de ácido mandélico, com prescrição para tratamento no domicílio de ácido tranexâmico a 2%, acqua de licorice a 3% e azelan gel. No retorno em Dezembro de 2011, foi aplicado novo peeling, porém com ácido retinóico a 5%. Em Abril de 2012, foi empregado procedimento com peeling de ácido retinóico a 8%. No retorno de Maio de 2012, a paciente foi submetida à peeling de ácido retinóico a 10%, em Junho de 2012, feito peeling de ácido mandélico a 40% e em Julho de 2012, peeling de ácido retinóico a 10%. Houve pouca melhora do aspecto da lesão com a realização dos procedimentos. Novembro 2011 8 Relato de caso | Ocronose Exógena Dezembro 2011 Abril 2011 9 Relato de caso | Ocronose Exógena Abril 2011 Abril 2011 10 Relato de caso | Ocronose Exógena Abril 2012 Abril 2012 11 Relato de caso | Ocronose Exógena Discussão A paciente fez uso por longos períodos de formulações contendo hidroquinona em concentrações variadas e referia exposição à radiação solar, sem o uso regular de fotoproteção. Não apresentava outra queixa relacionada à hiperpigmentação facial, como alterações articulares, urinárias ou oculares, afastando a possibilidade de diagnóstico diferencial com alcaptonúria. O exame histopatológico demonstrou a presença de pigmento ocronótico na derme, confirmando o diagnóstico de ocronose exógena. A associação entre o uso tópico da hidroquinona e o aparecimento de ocronose exógena vem sendo bem relatada na literatura. Muitos casos têm sido relatados na população da África do Sul, em oposição aos poucos casos entre os hispânicos e caucasianos. Acredita-se que a incidência de 28 a 35% de casos na população negra devese a inúmeros fatores, como o uso indiscriminado de cremes clareadores com elevadas concentrações de hidroquinona antes de 1984. Em 1979, o autor sul-africano Dogliotte classificou a ocronose exógena em 3 estágios clínicos bem distintos. O estágio 1 envolve a presença de eritema e discreta hiperpigmentação local. O estágio 2 apresenta lesões do tipo milium coloide pigmentado (pápulas caviar-like) e pouca atrofia, enquanto que o estágio 3 possui lesões pápulo-nodulares com ou sem componente inflamatório. Os fatores predisponentes incluem fototipos elevados pela classificação de Fitzpatrick, o grau de fotoproteção e o uso prolongado de hidroquinona a uma concentração maior que 5% por um período maior que 6 meses. Diversas teorias vêm sendo formuladas para descrever a patogênese da ocronose exógena, sendo que a mais aceita atualmente é a teoria de Penney, que propõe que a hidroquinona inibe a atividade local da enzima ácido homogentísico oxidase, resultando no acúmulo do ácido homogentísico, que é polimerizado, formando o pigmento ocronótico, que é depositado na derme. Vale ressaltar que a ocronose exógena também pode ser resultado do contato com outros produtos químicos contendo resorcina, fenol, mercúrio, ácido pícrico e antimaláricos, porém através de mecanismos ainda desconhecidos. O diagnóstico é histopatológico, confirmado através da presença de incontinência pigmentar, presença de pigmento marrom-amarelado em formato de banana na derme papilar, elastose solar e degeneração do colágeno. Quadro compatível com os achados histopatológicos da paciente. Ocasionalmente, podem ser encontrados granulomas e milium coloide. O tratamento da ocronose exógena é difícil, daí a importância da prevenção da doença. Medidas cautelares devem ser empregadas, como o uso da hidroquinona em baixas concentrações, a suspensão do seu uso na presença de irritação da pele ou na ausência de resultados com o uso da medicação em um período de 6 meses. Os tratamentos com ácido tricloroacético e a crioterapia têm mostrado resultados satisfatórios. Também podem ser usados os corticóides de baixa potência associados com fotoproteção, além da dermoabrasão, laser de CO2 e peelings de ácido retinoico, mandélico e glicólico. No caso da paciente o tratamento vem sendo baseado na fotoproteção e na realização de sucessivos 12 Relato de caso | Ocronose Exógena peelings de ácido mandélico e retinóico a diferentes concentrações. Conclusão A ocronose exógena é uma condição rara, desfigurante do ponto de vista cosmético, com grande impacto psicológico na vida do paciente, merecendo diagnóstico precoce e interrupção da droga desencadeadora da doença em tempo hábil. A prescrição da hidroquinona a qualquer paciente deveria ser acompanhada de orientação sobre seus efeitos adversos, incluindo o tempo em que a medicação pode ser tolerada e a necessidade de seguimento médico durante o tratamento. A falta de estatísticas com o número exato de casos da doença e a aparente subnotificação pode ocorrer por alguns fatores, tais como: a permissividade do uso da medicação, sem prescrição médica, a falta de advertência ao paciente sobre a possibilidade de efeitos adversos e a dificuldade de diagnóstico diferencial com o melasma. Sugere-se atenção dos dermatologistas para a possibilidade do diagnóstico de ocronose exógena, nos casos refratários de melasma, devendo os pacientes serem informados sobre os efeitos adversos dos medicamentos clareadores. Além disso, os profissionais devem se organizar junto às autoridades de saúde, com o objetivo de controlar a venda e o uso dos produtos que contenham hidroquinona em suas formulações. Referências Azulay, RD. Dermatologia / Rubem Davi Azulay, Luna Azulay-Abulafia. 5. ed., rev. e atual. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. de França ER, Paiva V, Toscano LPN, Nunes GJB, Rodrigues TFA. Ocronose exógena: relato de caso. SurgCosmetDermatol. 2010;2(4)319-21. Dogliotti M, Leibowitz M. Granulomatousochronosis: a cosmeticinducedskindisorder in blacks. S AfrMed J 1979; 56(19): 757-60. Fitzpatrick, TB.; Freedberg, IM. Tratado de dermatologia, 7ª edição, Rio de Janeiro: Revinter, 2011. Martins VMR, Sousa ARD, Portela NC, Tigre CAF, Gonçalves LMS, Castro Filho RJL. 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