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Primeira escola sustentável do Brasil consome até 80% menos energia
Lydia Cintra 24 de maio de 2011
Na última sexta-feira foi inaugurada a primeira escola sustentável do Brasil, no Rio de Janeiro. A Escola
Estadual Erich Walter Heine é a primeira da América Latina a receber o certificado LEED Schools (Leadership
in Energy and Environmental Design), do Green Building Council. Poucas têm o selo. Fora os EUA, que
concentram 118 construções desse tipo, Noruega, Bali e agora Brasil somam 121 escolas certificadas em todo o
mundo.
A lista de características que conferem o status à construção é grande. Um exemplo é o sistema que capta água
da chuva para uso nas descargas dos vasos sanitários, nos jardins e na limpeza e chega a economizar metade
da água potável disponível no local. Outras medidas interessantes são:
- Iluminação toda feita com lâmpadas LED, o que reduz em até 80% o consumo de energia. Há também
painéis solares para geração de energia limpa;
- Formato da construção pensado para gerar maior aproveitamento da circulação do ar e, por isso, menor
necessidade de refrigeração;
- Coleta seletiva e espaço para armazenar lixo para reciclagem;
- Uso de “telhado verde” com vegetação que absorve calor (deixando o ambiente com temperatura mais
amena) e melhora o escoamento de água da chuva;
- Bicicletário e vagas especiais para veículos com baixa emissão de poluentes;
- Acessibilidade a alunos com necessidades especiais;
- Tratamento acústico nas salas de aula, corredores e ambientes internos próximos às salas;
- Análise prévia da qualidade do solo para a construção e uso de 70% da permeabilidade natural do terreno;
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- Reaproveitamento de 100% do material de entulho gerado durante a obra.
Investimento na escola foi de R$11 milhões
A certificação para construções verdes dialoga com a necessidade cada vez maior de soluções que interliguem
construção civil e sustentabilidade. Segundo dados da USP, de 40% a 75% dos recursos extraídos da
natureza são utilizados nesse setor, responsável por grandes impactos ambientais ao longo do processo de
produção de matéria-prima, transporte, montagem e descarte.
Os “restos” gerados pelas atividades de construção e demolição geram uma massa que chega a representar 500
kg de resíduos por habitante ao ano – mesmo que seja possível reciclar ou reaproveitar a maior parte desses
materiais. Por isso, iniciativas que buscam melhorar a eficiência e economia das construções são sempre bemvindas. Você não acha?
*Fotos: Divulgação Governo do RJ
Para saber mais:
Brasil é o 5º país no ranking da construção sustentável
LEED for Schools (em inglês)
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Em outubro do ano passado o planeta contabilizou seus sete bilhões de habitantes. No último século, a população
da terra quintuplicou e a metade das pessoas do mundo já vive nas cidades. Até 2040, estima-se que serão 70%
dos habitantes da Terra, nas áreas urbanas. O setor da construção e sua imensa cadeia produtiva estão na base
do desenvolvimento dos espaços urbanos e influenciam fortemente a evolução das cidades, das edificações e da
infraestrutura em todos os países.
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O impacto e os reflexos que o setor gera sobre o meio ambiente, principalmente durante a fase de utilização da
infraestrutura dos edifícios e dos espaços urbanos, contabilizam números que surpreendem. Segundo o UNEPSBCI, o setor da construção civil é responsável por um terço dos recursos naturais consumidos pela sociedade,
incluindo 12% de toda a água potável do planeta, sendo responsável também pela produção de 40% de todo o lixo
sólido, além dos 35% das emissões de carbono. Estima-se que apenas os edifícios consumam atualmente 40% de
toda a energia produzida no mundo.
Os números colocam a construção civil como uma das vilãs da degradação do planeta. Contudo, a preocupação
mundial com o meio ambiente, tem feito com que as construções (e seus construtores) comecem a ter maiores
preocupações com o meio ambiente na hora de construir.
A conselheira da Câmara Brasileira de Construção Sustentável (CBCS), Cristina Montenegro, chama o movimento
de onda verde, e afirma que há uma visível mobilização do setor, por parte tanto dos construtores, arquitetos,
engenheiros e demais profissionais do ramo imobiliário, quanto da indústria de materiais e equipamentos de
construção. “A certificação da conservação de energia e outros recursos naturais são requisitos cada vez mais
exigidos por empresas financiadoras e também pelos consumidores. Esta ampla gama de instituições e indivíduos
envolvidos demonstra por si só o crescente interesse e engajamento da sociedade neste tema”, afirma.
Contudo, os especialistas ressaltam que para ser considerada sustentável, uma construção precisa, além de
respeitar o meio ambiente, é preciso ser economicamente viável e cumprir com o seu papel social, respeitando o
ser humano e o local onde a construção está inserida. Assim, o setor está diante de uma oportunidade única de
impulsionar o desenvolvimento das cidades com maior eficiência, tecnologia, e principalmente planejamento, para
gerar mais economia, qualidade de vida e reduzir o consumo de bens naturais.
Os bons exemplos rodam o mundo. Na China, o governo pretende construir 500 cidades ecológicas nos próximos
anos, e assim diminuir o impacto do seu imenso projeto habitacional. Outro exemplo é a cidade de Songdo, na
Coréia do Sul, à beira mar está sendo erguida a cidade global do futuro, uma metrópole com o que há de mais
moderno em tecnologia sustentabilidade e noções de urbanismo. Com um investimento de quase R$ 80 bilhões,
em um terreno de seis quilômetros quadrados ,a cidade deve ficar pronta em 2015 e contabilizar 80 mil
apartamentos residenciais, 4,6 quilômetros quadrados de escritórios e 40% de sua área destinada para parques e
praças.
Entre a lista de itens sustentáveis, a água de todas as residências, por exemplo, será reutilizada na irrigação. Já o
lixo, tanto o orgânico quanto o reciclável, será transportado por meio de canos pressurizados, dispensando a
necessidade de coleta. Na cidade, o sistema viário será totalmente planejado. Além dos altos investimentos em
metrô e bondes elétricos, as ruas terão sensores no asfalto, para ajudar a entender em tempo real os
deslocamentos, aumentar o tempo dos sinais em caso de congestionamentos e até diminuir a iluminação das vias
quando ninguém estiver passando, para economizar energia.
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É possível construir edifícios “verdes”?
Investir em novas alternativas que promovam a ecoeficiência é fundamental para diminuir os impactos da
construção civil. No Brasil, por exemplo, na construção de casas e edifícios estima-se que 30% dos materiais
sejam perdidos, principalmente por conta do sistema construtivo convencional onde são gerados entulhos
provenientes da quebra-quebra de tijolos e de um gerenciamento de obras pouco eficiente. Alguns sistemas
construtivos têm mudando esta realidade, gerando obras mais limpas e com menos desperdício de materiais, mas
eles ainda representam uma pequena parcela das construções brasileiras. “Já existem muitas construções
sustentáveis no país, mas de forma geral o que vemos é uma construção muito artesanal, que ainda tem técnicas,
ferramentas e métodos ineficientes do ponto de vista da sustentabilidade”, afirma Fernanda Medeiros,
Coordenadora da Câmara Técnica de Biodiversidade do CEBDS.
Para que seja considerada ambientalmente sustentável, uma construção precisa aproveitar ao máximo os recursos
naturais, como iluminação, ventilação e água, gerando eficiência energética e economia de água. “É preciso
também reduzir os impactos ambientais causados pelos processos construtivos, com o uso racional de materiais e
a destinação correta dos resíduos da edificação, além de escolher materiais e produtos que agridam menos o meio
ambiente durante a sua produção, e que colaborem para a economia dos recursos naturais”, explica a arquiteta
Juliana Jagelski Daniel.
De acordo a diretora do CBCS, Diana Csillag a sustentabilidade é alcançada quando há um equilíbrio entre os
impactos ambientais e sociais com a viabilidade econômica. “Não devemos pensar apenas na construção do
imóvel, o foco precisa ser o ciclo de vida do edifício, desde seu planejamento, passando por sua construção e sua
operação, que é o período onde ocorre a maior parte dos impactos ambientais e sociais e dos custos da utilização
do edifício, até a fase da demolição”, afirma.
Em relação aos custos, mesmo com um bom projeto as construções sustentáveis tem um custo um pouco maior
para construção, mas que é diluído em forma de economia ao longo do uso do imóvel. Os construtores que arcam
com o custo inicial maior, acabam se valendo da sustentabilidade como um argumento de marketing. “Em geral, os
prédios sustentáveis são 5% mais caros para serem construídos, mas economizam 30% de recursos ao longo de
sua vida útil, afirma Fernanda, do CBEDS.
Certificação
Os números da busca por certificações ambientais não deixam dúvidas de que os construtores e consumidores
estão preocupados em construir com sustentabilidade. “Esta é a melhor forma do consumidor garantir que está
adquirindo um produto sustentável, e este é um processo continuo, quanto mais os consumidores perguntarem
pelas certificações, mais os construtores vão procurar por elas”, afirma a Coordenadora da Câmara Técnica de
Biodiversidade do CEBDS, Fernanda Gimenenes.
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Recentemente os dados da UC GBC (internacional Green Building Council) mostram que o país já recebe mais de
um pedido de certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), por dia útil, uma das
certificações mais comuns do país. Eles estão aparecendo tanto por conta da iniciativa pública quanto privada. Das
12 arenas que sediarão a Copa do Mundo em 2014, por exemplo, dez já pediram o selo que atesta o atendimento
de vários critérios de sustentabilidade ambiental durante a construção e operação dos empreendimentos, como o
Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, que vai contar com 9,6 mil painéis solares e será a maior estrutura
de captação de energia solar do país.
Em Santa Catarina, o edifício comercial Office Green em construção na Pedra Branca, bairro planejado e
sustentável em Palhoça, será o primeiro prédio verde em Santa Catarina. No mês de junho o edifício recebeu a
pré-certificação LEED. Depois de concluído no fim de 2013, o Office Green deve ser o primeiro a conquistar o selo
no estado.
De 2007 até abril de 2012, o Brasil registrou um total de 526 empreendimentos sustentáveis, sendo 52 certificados
e 474 em processo de certificação certificação Leed. O país já ocupa a quarta posição no ranking mundial de
construções sustentáveis e começa a despontar como um dos países líderes desse mercado, que vem crescendo
muito nos últimos anos. Até 2007, eram apenas oito projetos brasileiros certificados. O ranking mundial é liderado
pelos Estados Unidos, com um total de 40.262 construções sustentáveis, seguido pela China, com 869, e os
Emirados Árabes Unidos, com 767. Nos Estados Unidos, esse processo começou 15 anos antes do que no Brasil.
http://destaqueimobiliario.com/noticias/143-construcoes-verdes.html
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