PUC-CAMPINAS Programa Permanente de Capacitação Pedagógica – Outubro/2006 Oficina – TCC: Modalidade Estudo de Caso – Texto de apoio ESTUDOS DE CASO E TRANSDISCIPLINARIDADE: DESAFIOS DA COMPLEXIDADE Profa. Dra. Elisabete M. M. de Pádua1 Resumo O texto busca trazer elementos para uma reflexão sobre o Estudo de Caso, no que se refere à produção de conhecimento e à prática profissional; mantendo o foco no modo de produção do conhecimento, caracteriza o Estudo de Caso nas perspectivas disciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. Mostra que, neste momento histórico de transição nos paradigmas da Ciência, enfrentamos o desafio de re-contextualizar conceitos, procedimentos e técnicas para o Estudo de Caso, no sentido tanto de uma maior integração entre disciplinas e áreas do saber, quanto de um maior comprometimento ético entre os participantes de um estudo desta natureza. Apresenta elementos metodológicos para o desenvolvimento dos Estudos de Caso. Conclui que a visão transdisciplinar é a que, hoje, pode ampliar o potencial dos Estudos de Caso para contribuir com práticas profissionais inovadoras e a produção de conhecimento a partir dos princípios do paradigma da complexidade. Palavras-chave: Estudo de Caso, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade. Metodologia, disciplinaridade, O objetivo do Método, aqui, é ajudar a pensar por si mesmo, para responder ao desafio da complexidade dos problemas” (Edgar Morin, Método 3, 39) Considerações Iniciais Os estudos de caso tem, há longo tempo, se constituído como um desafio, no âmbito das pesquisas qualitativas, em função de suas possibilidades de explicação/compreensão da intervenção em diferentes contextos - pedagógicos, sociais, clínicos, terapêuticos - ao mesmo tempo em que possibilitam a produção do conhecimento “em ação “. Esta dupla possibilidade tem sido abordada mais recentemente no campo da Ciência, e tem se constituído também em desafio permanente no campo da 1 Doutora em Filosofia e História da Educação, assessora pedagógica da Pró-reitoria de Graduação da PUC-Campinas. 2 pesquisa, uma vez que, historicamente, produção de conhecimento e práticas profissionais traçaram caminhos separados. No entanto, compartilhamos a idéia de Samaja, quando afirma que “nada impede que os resultados de uma prática profissional particular se incorporem à base observacional de uma investigação científica, ou que as idéias produzidas durante a execução das ações se transformem em fontes de inspiração para novas propostas teóricas. Nada impede, tampouco, que um projeto de intervenção profissional se proponha tanto modificar uma realidade quando produzir um resultado conceitual no marco dos cânones da Ciência.” 2 Nesta perspectiva, os estudos de caso, enquanto recurso metodológico, podem possibilitar esta “dupla entrada” no processo de conhecimento da realidade estudada: de um lado, na busca de compreender a evolução do caso estudado para nele intervir, de outro, na intencionalidade de aprofundar conhecimentos para contribuir com o avanço teórico em determinada área do saber. No entanto, a própria compreensão dos estudos de caso como recurso metodológico tem percorrido uma longa e diversificada trajetória, que acabou por delimitar “modelos para o uso da técnica”, a partir de enfoques teóricos distintos, que por sua vez, tem seus fundamentos em concepções também distintas de Ciência e Método. Assim , é possível analisar o estudo de caso a partir dos pontos de vista disciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar, e das características que cada um assume, segundo a concepção de método e de ciência que os orienta. Tendo em outros textos 3 abordado o estudo de caso enfocando mais suas vertentes metodológica e pedagógica, buscamos agora tratar de algumas questões epistemológicas4, que podem trazer elementos conceituais para ampliarmos a compreensão do estudo de caso como um recurso importante para intervenção na realidade e para se produzir conhecimento, em todos os campos do saber. As abordagens disciplinar e interdisciplinar nos estudos de caso Quando se fala na possibilidade de produzir conhecimento, uma primeira idéia que nos vem à mente é que estamos entrando no campo da Ciência, por si só um “campo minado”, em função dos grandes debates em torno dos pressupostos, dos métodos e das técnicas próprias a esta atividade, que busca, acima de tudo, compreender o homem, seu habitat, sua cultura e que tem, ao longo se sua história como “locus” de produção de conhecimento, construído não uma, mas diversas formas de desenvolver esta atividade. Daí o debate, os enfrentamentos, as discussões para se chegar a um razoável consenso sobre a “melhor” ou a mais “verdadeira” forma de se apreender e compreender a realidade. 2 Juan Samaja, apud M. M. Bottinelli, 134 E. M. M. de PÁDUA e P. M. POZZEBON. O Estudo de Caso: aspectos pedagógicos e metodológicos. 4 A epistemologia dedica-se a estudar as condições e métodos de produção do conhecimento, bem como as relações possíveis de se estabelecer entre o sujeito que se dispõe a conhecer e o objeto a ser conhecido. Este estudo pode se dar no âmbito da Teoria do Conhecimento, da Filosofia da Ciência, da Lógica ou da Linguística. 3 3 No entanto, podemos constatar que, historicamente, uma destas formas legitimou-se e constituiu-se no paradigma5 dominante, ou seja, a Ciência Moderna, nos últimos 4 séculos, foi estabelecendo seus critérios de verdade, bem como os procedimentos e técnicas considerados “corretos” para se ler e estabelecer um discurso verdadeiro sobre os mais diferentes e abrangentes aspectos do real. Este discurso foi sendo legitimado tanto pela lógica formal, pela experimentação e pelo esforço de tradução de suas conclusões para uma linguagem matemática, quanto pelo “isolamento do sujeito” com relação a seu objeto de estudo, a fim de se garantir objetividade e neutralidade na busca do conhecimento. Nesta ótica, a experimentação ganhou terreno no campo científico, pela possibilidade metodológica de se dividir o real em quantas partes fosse necessário, fragmentado-o em áreas, disciplinas, casos/experimentos, para que pudesse ser estudado em profundidade.; por sua vez, cada caso/experimento foi possibilitando comparar resultados, estabelecer tendências, de tal maneira que “n” casos/experimentos com resultados comprovadamente idênticos, possibilitou a construção das teorias, leis científicas e doutrinas, que regiam determinados fenômenos. Desta forma, princípios e regras foram sendo estabelecidos para se garantir que esta “tradução”, representação, do real fosse a mais exata possível, no sentido de se legitimar as teorias científicas originadas dos procedimentos experimentais; critérios de validade, fidedignidade, previsibilidade e generalização acabaram por se constituir nos parâmetros que definiam a cientificidade (ou não) de determinado discurso sobre a realidade. Ao mesmo tempo, legitimaram-se as técnicas operacionais, sob o rótulo de método científico. Nesta perspectiva, foi necessário destacar desta realidade o caso a ser estudado, vinculá-lo a uma área do saber ou à disciplina(s)6 desta área, formular sobre ele uma hipótese, a partir de um esquema teórico previamente estabelecido, selecionar um conjunto de procedimentos/técnicas que pudessem garantir a mensuração e verificação experimental da hipótese, identificar suas causas, para se chegar a uma explicação objetiva, neutra, sobre o caso estudado. Neste sentido, os estudos de caso, retirados de seu contexto, submetidos a uma “grade” de observação controlada, parametrizável e previsível, foram gerando instrumentos operativos, os chamados protocolos de pesquisa, que se voltaram quase que exclusivamente à análise das variáveis verificáveis/quantificáveis/formalizáveis do caso, naquela área/disciplina de conhecimento. Assim, constata-se o surgimento de um “clima de isolamento” entre as áreas de conhecimento e até entre as disciplinas de uma mesma área, ainda que o caso estudado fosse o mesmo; a visão a-histórica e a-espacial, portanto, descontextualizada, do caso, aprofundou a fragmentação dos saberes, à medida que reforçou a especialização do conhecimento numa perspectiva disciplinar, linear e unidimensional. Sem dúvida, a ciência é uma atividade de investigação e pesquisa, é, portanto, uma atividade cognitiva do sujeito que busca compreender dada realidade. No entanto, à medida que a visão clássica de Ciência separou fato e valor, para Paradigma: utilizamos o termo para designar, alargando o conceito de T. Kuhn, “grandes períodos históricos em que predominaram formas específicas de explicação da realidade, as quais, em graus diferenciados, orientaram a prática dos homens, suas relações com o trabalho, a cultura, a organização social”. Ver E. M. M. de PÄDUA, Metodologia da Pesquisa, 16. 6 Entendemos aqui que a disciplina constitui-se de um corpo de procedimentos metodológicos e conteúdos específicos, que determinam o recorte que se faz da realidade estudada. 5 4 que se pudesse conhecer com objetividade os fatos, buscou também isolar/separar do objeto o sujeito que desenvolve a atividade de conhecê-lo, independentemente da natureza ou diversidade deste objeto.. É como se o sujeito não devesse ter um comprometimento ético ou responsabilidade sobre o que vai conhecer, a fim de que sua práxis como pesquisador possa se tornar neutra, desinteressada e, sobretudo, afastada das questões políticas e das esferas de poder existentes nos múltiplos contextos da sociedade. O comprometimento ético, nesta perspectiva, está limitado, predominantemente, aos procedimentos (protocolos) que garantem a cientificidade do conhecimento produzido a partir do estudo do caso. Representando esquematicamente esta perspetiva, podemos observar que um mesmo caso pode ser objeto de estudo de diferentes áreas do conhecimento ou de disciplinas de uma mesma área, que se encontram separadas e sem comunicação entre si, cada uma produzindo um conhecimento sobre o caso, ou seja, uma espécie de “saber para si”, um saber disciplinar, especializado e que, no entanto, atende aos critérios de validade e fidedignidade a que uma abordagem desta natureza se propõe, e que, por isso mesmo, tem sido considerado científico, tanto no campo das Ciências Físicas e Biológicas, quanto no campo das Ciências Humanas e Sociais. 2 DI SC IP LI NA ÁREA 1 DISC IPL INA 1 Esquema 1 IN PL I C DIS A3 CASO ÁREA 4 ÁREA 2 ÁREA 3 5 Os desafios que se colocam nesta perspectiva são referentes ao esforço para se manter a análise do caso dentro dos parâmetros pré-estabelecidos, isolando-o do contexto mais amplo7 ; assim, foi possível classificar uma série de casos estudados como típicos, atípicos ou extremos, quando comparados a um padrão previamente estabelecido que lhe serve de referência teórica, ou a um protocolo, também previamente estabelecido, que lhe serve de referência para atuação profissional ou intervenção clínica. Pode-se verificar que há ênfase na análise quantitativa dos dados e que as formas de registro dos dados relevantes do caso são bastante hierarquizadas, lineares, rígidas, do tipo checklist, protocolos de laboratório, gabaritos, instrumentos de medição, formulários e/ou prontuários previamente construídos a serem preenchidos, delimitando-se a priori o que seria relevante observar no caso. Diante de um conjunto de questionamentos a que esta forma de produzir conhecimento não tinha condições de responder, muitos teóricos buscaram procedimentos alternativos para a investigação da realidade. É no interior da própria comunidade científica que se evidencia a necessidade de maior interlocução/diálogo entre as áreas de conhecimento, a fim de que a troca de saberes especializados e/ou disciplinares contribuísse para se chegar a uma nova forma de produzir conhecimento, que ampliasse a compreensão do objeto de estudo. Assim, a interdisciplinaridade se colocou como uma das alternativas para superação das dificuldades metodológicas advindas da visão disciplinar; surgiram então abordagens que já consideravam nos estudos de caso alguns elementos de contexto (meio-ambiente, instituições, comunidades) que certamente estariam interferindo/influenciando no caso estudado. Ao se considerar elementos do contexto mais amplo, ficou evidente a necessidade de diálogo entre os saberes que poderiam trazer novas explicações para a compreensão e resolução do caso; no entanto, mesmo tendo iniciado a geração de um “clima de troca” entre disciplinas e/ou áreas de conhecimento, a nosso ver, isso se deu com um cuidado exagerado, para que os saberes não se “dissolvessem” ou se “misturassem” e perdessem suas “identidades”. Entendemos que a questão aqui não é que cada área/disciplina perca sua competência, mas que possa ampliá-la e articulá-la a outras competências, no sentido de compreender os múltiplos aspectos que envolvem o entendimento do caso estudado. Procurou-se a interdisciplinaridade, mas manteve-se ainda a idéia de que “cada um faz sua parte”, apesar das passagens construídas no momento de se investigar e analisar o caso. O esquema 2 ilustra esta abordagem e podemos observar que algumas áreas de saber são mais permeáveis ao contexto que outras, de forma que a interdisciplinaridade é ainda hoje tímida e difícil e nem sempre as “passagens” abertas permanecem por longo tempo, como observa, com uma certa ironia, Edgar Morin: “Ë por isso que se diz cada vez mais: façamos interdisciplinaridade. Mas a interdisciplinaridade controla tanto as disciplinas como a ONU controla as Nações. Cada disciplina pretende, primeiro, fazer Edgar MORIN, em Ciência com Consciência, trata deste “princípio do isolamento”, ou seja, “separação do objeto em relação ao seu ambiente”, ver pg. 331 e seguintes. 7 6 reconhecer sua soberania territorial, e, à custa de algumas magras trocas, as fronteiras confirmam-se em vez de se desmoronar” 8 Assim, pode-se observar que na prática, muitas vezes, os mesmos pesquisadores, diante de um novo estudo de caso, não voltam a dialogar nem a abrir novas passagens entre os saberes, ou seja, a inclusão de elementos do contexto externo ao caso estudado pode ter caráter esporádico, uma vez que a interdisciplinaridade requer novas formas de se organizar e articular os conhecimentos e estas dependem, por sua vez, de uma nova postura (forma de pensamento) dos sujeitos envolvidos com a construção do conhecimento, nem sempre possível de se estabelecer de forma duradoura. ÁREA 1 2 DI SC IP LI NA DISC IPLI NA 1 Esquema 2 IN IPL C DIS A3 CASO ÁREA 4 ÁREA 2 ÁREA 3 8 Edgar MORIN, Ciência com Consciência, 135. 7 O desafio aqui parece ser o de incluir alguns elementos do contexto, sem contudo ultrapassar ou “desrespeitar” os cânones do paradigma da ciência clássica. Para alguns autores9 a interdisciplinaridade se inscreve no mesmo paradigma da Ciência clássica, apesar de seus esforços de integração entre as áreas/disciplinas. Neste sentido, os estudos de caso desenvolvidos a partir desta visão, podem incluir o contexto em graus muito diferenciados, ao mesmo tempo em que deixam de lado saberes que seriam importantes para se ampliar o conhecimento sobre o caso. No que se refere às técnicas, para se considerar elementos de contexto, há que se buscar formas de registro dos dados não necessariamente experimentais, mais flexíveis, mas que a Ciência considere legítimas, científicas: relatos, fotos, depoimentos, vídeos, diários, que possam ser “chamados a comprovar” o que se afirma como conhecimento do caso . Apesar dos limites apresentados, com a interdisciplinaridade começam a surgir novas formas de se organizar a investigação da realidade, com iniciativas importantes para se inscrever a produção de conhecimento no contexto históricosocial, em especial no campo das Ciências Humanas e Sociais. Assim, nota-se, a partir dos anos 1960, um deslocamento do Estudo de Caso, como recurso metodológico, do campo das ciências experimentais para o campo das ciências sociais, justamente pela sua capacidade explicativa de um conjunto de fenômenos amplos e complexos, em seu contexto social real; daí, muitos autores, a partir deste período, considerarem o Estudo de Caso como um recurso da pesquisa de campo, da pesquisa qualitativa. Além disso, se organizam novos procedimentos e técnicas para o registro dos elementos que compõem o caso estudado, e principalmente, iniciativas para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas e atuações multiprofissionais, que começam a revelar um maior comprometimento ético com resultados e ações advindas do estudo de caso. A abordagem transdisciplinar nos Estudos de Caso A abordagem transdisciplinar já se insere no paradigma da Complexidade. Este paradigma, elaborado “nos interstícios entre as disciplinas” como diz Edgar Morin, tem origem no próprio interior da Ciência, quando teorias nos Campos da Física ( Einstein, Bohr), da Matemática (Wiener, Von Neumann), da Filosofia (Kuhn, Lakatos, Feyerabend), entre outras, foram constatando os limites da Ciência Moderna para produzir um conhecimento científico inquestionável, absolutamente verdadeiro, que obedecesse estritamente aos princípios da lógica formal. Assim, a transdisciplinaridade busca levar em conta, ao mesmo tempo, os conhecimentos entre as disciplinas, através das disciplinas e além das disciplinas, visando superar a fragmentação dos saberes, isto é, visando uma unidade do conhecimento. Como paradigma emergente, a Complexidade traz novos elementos a se considerar na esfera da produção de conhecimento e compreendemos este novo paradigma “não como moda passageira, mas como necessidade de se superar o reducionismo das ciências puras e duras que pretendem dominar seu objeto e generalizar suas conclusões” 10 9 Ver Basarab NICOLESCU. Rumo a uma educação transdisciplinar. André MORIN. Pesquisa-ação integral e sistêmica, 30 10 8 No entanto, a Complexidade requer uma outra forma de pensamento para articular e organizar os conhecimentos. Como afirma Edgar Morin “O conhecimento só pode ser pertinente se ele situar seu objeto no contexto e, se possível, no sistema global do qual faz parte, se ele cria uma forma incessante que separa e reúne, analisa e sintetiza, abstrai e reinsere no concreto. ” 11 No entanto, esta reinserção no concreto não busca, no paradigma da Complexidade, reduzir o conhecimento a leis gerais ou a um princípio unitário de todos os conhecimentos, como o fazia a Ciência clássica. O paradigma emergente busca criar possibilidades de comunicação/interação entre as ciências, ou seja “a ciência transdisciplinar é a que poderá desenvolver-se a partir dessas comunicações, dado que o antropossocial remete ao biológico, que remete ao físico, que remete ao antropossocial”.12 Nesta perspectiva, há que se incorporar em toda tentativa de compreender a realidade, o risco da incerteza, ou melhor, nesta perspectiva, a incerteza faz parte de todo o processo de dialogar com o mundo, ele próprio um universo composto de ordem/desordem 13, que faz com que seja praticamente impossível se chegar a um conhecimento absolutamente verdadeiro, como era o objetivo maior da Ciência clássica. A complexidade do universo, suas formações, evoluções, transformações, tem mostrado a impossibilidade de uma “fórmula única” para se compreender a realidade, bem como a impossiblidade do sujeito lidar de forma neutra com as contradições, incertezas, múltiplos níveis que se apresentam no momento de se conhecer a realidade, na qual o próprio sujeito está incluso, faz parte dela. Portanto, reconhecendo a impossibilidade da neutralidade do sujeito frente à busca do conhecimento, esta visão indica novas possibilidades para os estudos de caso, uma vez que o contexto mais amplo passa a ser considerado como parte do caso e o conhecimento que se constrói a partir de sua análise inclui a multiplicidade dos fatos e das áreas de conhecimento, mas também os valores, os significados de sua evolução, de seu processo, assim como a visão de mundo daquele que se propõe conhecê-lo ou seja “a realidade do objeto de pesquisa percebida em seu contexto supõe a possibilidade deixada às múltiplas variáveis de emergir, e ao pesquisador de observar a complexidade das interações entre os diferentes componentes “. 14 11 Edgar MORIN, Inteligência da Complexidade, 91. Edgar MORIN, Ciência com Consciência, 139. 13 “Nosso universo físico, biológico, antropossocial, o das nossas existências e dos nossos entendimentos é uma mistura/combinação de ordem (leis, regularidades, constâncias, estruturas, probabilidades) e de desordens (acasos, agitações, encontros aleatórios, colisões, dispersões). Este universo aparentemente incoerente, contudo, é o único em que se pode conceber o devir e a inovação. Não se pode entender como surgiria o novo, a mudança, num universo totalmente determinista; não se pode entender como se poderiam estabelecer as organizações e as estruturas num universo totalmente aleatório”. Edgar MORIN, Para Sair do Século XX, 156. 14 Ändré MORIN,op. cit., 93 12 9 Quando se admite que o próprio caso faz parte do contexto e é “permeável” às múltiplas variáveis que podem interferir tanto no seu desenvolvimento quanto no seu estudo, não há como estabelecer tipologias rígidas para classificá-lo, nos moldes da abordagem disciplinar; alguns autores15 tem buscado estabelecer esta tipologia, já utilizando nomenclaturas que evidenciam claramente que o contexto mais amplo está sendo considerado, por exemplo: estudos de caso históricoorganizacionais, estudos de caso observacionais, estudo de caso microetnográfico, entre outras. Dada a amplitude e flexibilidade da abordagem transdisciplinar, isso não seria necessário, sob o risco de se “aprisionar” o real na tentativa de “enquadrá-lo” numa classificação; a organização de quadros de referência matriciais, no nosso entendimento, permite o cruzamento de variáveis, tanto horizontal quanto verticalmente, possibilitando apreender a rede de relações, contextos, significados que permeiam o caso. No esquema 3 buscamos ilustrar as inúmeras possibilidades do estabelecimento de passagens, de comunicação e intercomunicação entre contextos, áreas de conhecimento, disciplinas e o caso estudado. Esquema 3 2 DI SC IP LI NA ÁREA 1 DISC IPLI NA 1 ÉTICA C DIS IN IPL A3 CASO ÁREA 4 ÁREA 2 ÁREA 3 10 Diante destas inúmeras possibilidades de intercâmbio acreditamos que se ampliam também os espaços de formação mútua16, criando-se verdadeiros espaços pedagógicos no interior dos processos de produção do conhecimento,, onde se entrelaçam construção do conhecimento, ética e comprometimento profissional solidário. Acreditamos que estes espaços ampliados de troca, permitem a construção gradativa de novos olhares para a realidade, acrescidos dos olhares de outros pesquisadores, que, possivelmente, terão outros pontos de vista, diferentes dos nossos, ou seja, “A complexidade exigirá, também, o aprofundamento do assunto por meio de observações sobre situações reais e levando em conta várias perspectivas de outras pesquisas do mesmo tipo e mesmo fora de nossa situação, mas capazes de enriquecer nosso pensamento reflexivo” 17. Outro aspecto importante a ser levado em consideração é que os resultados dos estudos de caso passam a ser únicos para cada situação: se já havia dificuldades de generalização dos resultados na abordagem clássica, no paradigma da Complexidade já se considera a não generalização e a imprevisibilidade como parte do processo de conhecimento. Isso não significa o abandono de critérios de validade que possam legitimar o conhecimento produzido; admitindo-se a complexidade da realidade, vamos lidar com múltiplos níveis de análise, que se entrecruzam e devem ser focalizados a partir de diferentes recursos metodológicos; exigências de rigor, como credibilidade, confirmabilidade e pertinência dos dados devem permanecer sem, no entanto, a rigidez e inflexibilidade dos protocolos clássicos. Assim, permanecem as exigências de rigor nos campos conceituais e teóricos e nas relações que se estabelecem entre os fatos; as trocas e a avaliação contínua dos processos de investigação desenvolvidos e de suas implicações para quaisquer tipos de intervenção, vão possibilitando a retro-alimentação do processo, detectando limites, revendo procedimentos e redirecionando as ações, quando necessário. Admite-se a possibilidade de “correção da hipótese” a partir do contato com a realidade, da percepção de novas proposições, da discussão de estratégias, no sentido de realimentar o processo de conhecimento do caso estudado. Nesta perspectiva, como o próprio caso é delimitado e construído no processo, diferentes procedimentos vão sendo incorporados ao processo de investigação, à medida que se mostram mais adequados para detectar as informações que contribuam para a compreensão do caso e/ou intervenção profissional. Assim, a Observação (direta/indireta/participante,etc.), o Relatório de atividades, a Análise documental e/ou estatística, as Entrevistas, o Grupo Focal, a História Oral, as Histórias de Vida, o Diário de pesquisa, o Diário de Bordo, o Diário de Itinerância, o Caderno de Campo, o Inventário de Fatos, as Atas de reuniões, os 15 ver Augusto N, S. TRIVINÕS. Introdução à Pesquisa em C. Sociais, 133-136. Ver K. El ANDALOUSSI, Pesquisas-ações: ciências, desenvolvimento, democracia, em especial Segunda Parte, 57-113. 17 André MORIN, op. cit., 28. 16 11 Estudos Multicasos, os Prontuários, os Depoimentos18, são “chamados a contribuir” para o registro e a compreensão ampliada do caso e das complexas condições históricas e sócio-culturais que podem fazer parte do contexto. Os elementos utilizados para descrever o caso são frequentemente polissêmicos e intersubjetivos, uma vez que os envolvidos com o processo possuem diferentes conhecimentos, práticas, valores. Esta diversidade é justamente o que possibilita a formação de processosredes, ou em rede, abertos, flexíveis, relacionais, entrecruzados, que caracterizam a produção de conhecimento no novo paradigma e que, ao mesmo tempo, tem se tornado um dos grandes desafios postos pela Complexidade. A diversidade de procedimentos para coleta de dados ou para se chegar a descrever o caso, mostra que o paradigma da Complexidade já propõe um sistema aberto, onde o “clima de cooperação” (no sentido de operação mental em conjunto) se torna necessário entre os investigadores ou profissionais de diferentes áreas e disciplinas, que necessitam compartilhar, em relação de igualdade, a construção de um conhecimento que ultrapassa as fronteiras entre estas áreas e disciplinas, um conhecimento transdisciplinar, que seja capaz de contextualizar, de globalizar, mas que seja ao mesmo tempo, capaz de reconhecer e distinguir o individual, o singular, as diferenças, as contradições, as divergências, os conflitos. Quanto à questão Ética, devemos observar que o comprometimento com os procedimentos permanece, só que ampliado, permeando todos os processos, frente à complexidade inerente aos contextos, que passam a integrar a investigação e análise do caso; assim, tanto na perspectiva da produção de conhecimento, quanto na da intervenção profissional, esse comprometimento se refere também à intencionalidade de se contribuir para que mudanças ocorram no contexto e/ou no próprio caso estudado. Compreender que esta nova forma de produzir conhecimento exige uma nova forma de pensar o mundo e uma nova ética também se configura como outro grande desafio que o paradigma da Complexidade nos coloca. No nosso entender, há aqui uma ruptura epistemológica com os paradigmas da Ciência Moderna, uma vez que a implicação maior é no processo, com todas as incertezas intrínsecas que pode ter, e não no procedimento previsível, mensurável, exato, inquestionável. No entanto, é importante observar que esta ruptura paradigmática não significa que agora vamos eliminar todos os processos de produção de conhecimento já construídos ou substituir um paradigma por outro, nem é essa a perspectiva dos autores que tem investido na construção do paradigma da Complexidade. Como afirma Edgar Morin, o pensamento complexo “não é absolutamente um pensamento que elimina a certeza pela incerteza, que elimina a separação pela inseparabilidade, que elimina a lógica para permitir todas as transgressões. A caminhada consiste, ao contrário, em fazer um ir e vir incessante entre as certezas e as incertezas, entre o elementar e o global, entre o separável e o inseparável. Do mesmo modo ela utiliza a lógica clássica e os princípios da identidade, de não contradição, de dedução, de indução, mas conhece seus limites, e sabe que, em alguns casos, é preciso transgredí-los. 18 Não é nosso objetivo, neste texto, detalhar processos/técnicas de investigação utilizados nestes procedimentos; citamos aqui os que são mais frequentemente utilizados e seu detalhamento pode ser encontrado consultando-se a bibliografia de referência ao final do capítulo. 12 Não se trata, pois, de abandonar os princípios de ordem, separabilidade e de lógica, mas de integrá-los numa concepção mais rica” 19(grifos nossos) O mesmo pode-se observar com relação à transdisciplinaridade, como alerta Nicolescu: mesmo reconhecendo seu caráter distinto com relação à disciplinaridade e interdisciplinaridade “seria extremamente perigoso tomar a diferença em forma absoluta, pois desse modo a transdisciplinaridade seria esvaziada de todo o seu conteúdo. Sua eficácia, como instrumento de ação, seria reduzida a nada”.(grifo nosso) Desde o início dos anos 80, Edgar Morin vem propondo a necessidade de se integrar e enraizar os conhecimentos físicos e biológicos na cultura, na sociedade, na história, no sentido de se construir uma ciência transdisciplinar que articule e organize conhecimentos e informações e não apenas os acumule. Os estudos de caso, como um procedimento metodológico que nos possibilita ampliar o conhecimento sobre a realidade, certamente podem contribuir para enfrentarmos o desafio de construir uma visão poliscópica sobre o caso estudado, ou seja, precisamos de comunicação e diálogo com olhares diferentes dos nossos, “de modo geral, precisamos de uma visão poliocular” 20, como afirma este autor. Elementos metodológicos e técnicas para o desenvolvimento do Estudo de Caso Frente às novas perspectivas metodológicas no campo do conhecimento, se abrem possibilidades de escolha quanto à abordagem do caso, que, a nosso ver, podem ser organizadas a partir da articulação de três dimensões: a da incidência, a do foco e a da abrangência no estudo do caso. Tradicionalmente, o estudo de caso se estruturou a partir de elementos comuns a um conjunto de casos, a partir de possíveis padrões, de tal forma que casos não conformes com o que se convencionou chamar de típicos, acabaram por gerar uma classificação para casos atípicos e extremos, nomenclatura esta até hoje utilizada nos meios acadêmicos; tendo como pressuposto a idéia de disfunção, ou seja, de aspectos não conformes a um padrão de normalidade/funcionalidade, se prende à dimensão da incidência/frequência, portanto a um aspecto quantitativo, que pode vir a definir se um caso é típico ou não. Esta classificação do caso pode ocorrer tanto pelo estudo da literatura científica da área estudada, quanto pela pesquisa experimental, a partir de variáveis que possam ser controladas. Quanto ao foco, a abordagem pode ser disciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar, a partir do recorte e do grau de complexidade que se admite para o Estudo de Caso, conforme vimos na parte inicial deste texto. A abrangência já se refere aos diferentes contextos em que um caso está inserido e como estes contextos serão levados em consideração para se analisar e compreender um caso, independentemente de ser típico, atípico ou extremo. O que se considera aqui, admitindo-se que a abordagem transdisciplinar é a que possibilita maior grau de compreensão do caso, é que a delimitação do caso já 19 20 Edgar MORIN, Inteligência da Complexidade, 212. Idem, Para Sair do Século XX, 167. 13 considere a articulação destas dimensões, de modo a construir um conhecimento ampliado do caso, que possa dar conta da sua complexidade, ainda que seja necessário estabelecer os limites da unidade de análise, ou seja, o que é o caso e como ele se constitui. Neste sentido, qualquer que seja a unidade de análise – um indivíduo, um grupo, uma família, uma escola, uma empresa, um hospital, uma estrutura organizacional, um processo, entre outros exemplos possíveis, o caso, enquanto objeto de estudo, deverá ser compreendido em contexto e não mais isolado do contexto. Assim, a compreensão do caso, levando em consideração que buscamos explicações para fenômenos que ocorrem (ou ocorreram) durante um tempo e que já temos a unidade de análise delimitada, poderá ser desencadeada a partir de algumas questões orientadoras para elaboração do plano de estudo e de pesquisa a ser desenvolvido: - que questões devem ser estudadas? (problematização) que dados são relevantes? que dados devem ser coletados? que contextos devem ser considerados? como serão analisados os resultados? que “conclusões” se pode esperar do estudo do caso? As discussões em torno destas questões são também orientadoras na escolha das técnicas de pesquisa mais adequadas para a compreensão do caso; nesta perspectiva, além dos recursos metodológicos anteriormente citados, hoje podemos contar com uma série de fontes e registros consideradas cientificamente válidas (desde que fidedignas) para a coleta de dados, como cartas, artigos da mídia, desenhos, croquis, fotos, vídeos, filmes, folders, jornais, biografias, relatos de experiências pessoais, portfólios, entre outros, que podem auxiliar na construção dos diferentes contextos em que o caso se insere e por vezes, definir o próprio caso. Desta forma, o roteiro a seguir pode ser uma referência geral para o desenvolvimento dos Estudos de Caso, podendo ser completado com orientações específicas de cada área de conhecimento ou de cada campo profissional que vierem a trabalhar nesta perspectiva que propomos: - Introdução (objetivos do Estudo de Caso) - Contextualização do Caso (contexto (s), descrição e metodologia para coleta de dados) - Interpretação do Caso (resultados obtidos, análises quantitativa e qualitativa, recursos ilustrativos que auxiliem a compreensão do caso) - Considerações finais (credibilidade e pertinência dos dados obtidos, possibilidades de generalização, indicadores para novas pesquisas, outros) - Anexos (os que forem pertinentes e necessários para a compreensão do caso) Cabe registrar que, mesmo trabalhando sob a ótica da transdisciplinaridade, as conclusões de um estudo de caso são rigorosamente válidas para o caso 14 estudado; não se exclui totalmente a possibilidade de generalização dos resultados, já que um conjunto de casos semelhantes poderá sugerir uma generalização. No entanto, a questão que se coloca é quantos casos, ou quantas semelhanças poderiam sugerir uma generalização, o que é extremamente difícil de se estabelecer a priori. O que podemos afirmar é que comparações aproximativas são possíveis e certamente podem trazer contribuições para o avanço do conhecimento na área estudada. Considerações finais “O pensamento complexo não se reduz nem à Ciência, nem à Filosofia, mas permite sua comunicação, como se fosse uma naveta que trabalha para unir os fios”.21 Como pudemos ver, os estudos de caso, no que se refere à produção de conhecimento e à prática profissional, tem sido tratados sob diferentes aspectos, conforme o olhar de cada paradigma que a Ciência foi historicamente construindo. Hoje, vivemos um momento de transição paradigmática, uma vez que a Ciência Moderna enfrenta os limites e questionamentos do seu Método de compreensão da realidade e o paradigma da Complexidade ainda é emergente, está em construção. Desta forma, hoje convivem propostas disciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares quando nos referimos ao estudo de caso como recurso metodológico; enfrentamos, assim, o desafio da re-contextualização e re-leitura dos procedimentos e técnicas que nos ajudam a compreender a realidade e os casos que dela destacamos como objeto de estudo. Enfrentamos ainda o desafio de compreender que, independentemente de nosso esforço pessoal de investigação, os procedimentos e técnicas tem limites, alguns possibilitando, mais do que outros, tanto a relação e a integração do conhecimento entre áreas do saber e disciplinas, quanto o comprometimento ético e as relações intersubjetivas entre os participantes do processo. Entretanto, na visão transdisciplinar se amplia, a nosso ver, o potencial dos estudos de caso para contribuir com as práticas profissionais e a produção de conhecimento, uma vez que propõe não só trabalhar com as incertezas e os limites do conhecimento, mas sobretudo, construir estratégias de ação cooperativas e flexíveis para abordagem do caso, estratégias estas que podem se modificar a partir da realidade encontrada, das informações coletadas, dos intercâmbios entre os saberes e do nosso comprometimento ético com a transformação da realidade estudada. 21 Edgar MORIN, A inteligência da Complexidade, 213. 15 Referências Bibliográficas BARBIER, René. A pesquisa-ação. DF. Brasília: Ed. Plano, 2002. BOTTINELLI, M. Marcela. Y col. Metodologia de Investigacion: herramientas para un pensamiento cientifico complejo. Buenos Aires: El Autor, 2003. EL ANDALOUSSI, K. Pesquisas-ações: ciências, desenvolvimento, democracia. Trad. Michel Thiollent. S. Carlos: EdUFsCar, 2004. MORIN, André. 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