14 1 INTRODUÇÃO Espondilite Anquilosante (EA), para Buss et al (2000), é a mais comum disfunção do grupo das espondiloartropatias, caracterizada por associação do HLA-B27 histocompatibilidade complexa, propensão à inflamação das ênteses, das articulações sinoviais e cartilagem articular. O marco radiográfico é a anquilose, principalmente na coluna e articulação sacroilíaca. Segundo Sampaio Barros et al (1999), o acometimento pulmonar na EA foi inicialmente descrito em 1941, considerando uma manifestação extra-articular da doença, tendo como achado a fibrose apical. Dentre as hipóteses sugeridas para explicar esta fibrose, pode-se incluir o distúrbio da ventilação apical, devido a marcante restrição da expansibilidade torácica causada pela anquilose das articulações costovertebrais. A avaliação da função pulmonar na EA tem relevado elevada prevalência de defeito ventilatório restritivo segundo muitos autores, caracterizado pela diminuição da capacidade vital forçada, geralmente correlacionado à diminuição da expansibilidade torácica. A existência da vida animal segundo Ficher (2002) é caracterizada pelo deslocamento corporal, ou movimento físico, dependente do fornecimento contínuo de energia. Em consequência da capacidade pulmonar diminuída, esses pacientes podem vir a ter reserva metabólica diminuída para realizar os exercícios. Eles são menos ativos por causa da dor que ocorre com o movimento. Resultando 15 em um descondicionamento cárdio-respiratório para realizar suas tarefas cotidianas. E, devido o comprometimento postural, esses pacientes tem um maior gasto energético para realizar suas atividades do que os indivíduos sadios. O desejo de buscar maior compreensão a respeito dos efeitos do treinamento aquático sobre a função pulmonar desses pacientes foi o que impulsionou a idéia desta pesquisa com o intuito de o conhecimento obtido possa indicar para a formulação de tratamento fisioterápico que reduza o acometimento da doença, melhorando a qualidade de vida. Em geral esses pacientes estão interessados em tratamento terapêutico, especialmente o exercício, capazes de ajudá-los a controlar sua doença e reduzir seus níveis de incapacidade. A escolha do treinamento aquático foi devido ao fato de que na água, há pouca ou nenhuma sustentação de peso sobre a coluna, e também é menos doloroso segundo o relato dos pacientes. Neste estudo, o objetivo geral é avaliar o efeito do treinamento aquático sobre as capacidades e volumes pulmonares, assim como a força muscular ventilatória após treinamento aquático no pacientes com EA. Já nos objetivos específicos: avaliar a capacidade vital forçada (CVF); avaliar a capacidade pulmonar total (CPT); avaliar a capacidade residual funcional (CRF); avaliar o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1); avaliar o fluxo expiratório forçado entre 25% e 75% da capacidade vital (FEF25-75%); avaliar o pico de fluxo expiratório (PFE); avaliar o índice de Tiffenau (VEF1/CVF); avaliar a capacidade muscular inspiratória máxima através da pressão inspiratória máxima (PImáx).; avaliar a capacidade muscular expiratória máxima através da pressão expiratória máxima (PE máx). Esta pesquisa em seu sentido estrutural divide-se em cinco capítulos. No primeiro capítulo há uma breve introdução sobre o trabalho, o segundo contém uma revisão bibliográfica abordando os principais assuntos do trabalho, falando sobre espondilite anquilosante, função pulmonar, treinamento aquático, avaliação funcional 16 pulmonar. No terceiro capítulo temos o delineamento da pesquisa, onde a pesquisa caracteriza-se como exploratória, sendo um estudo multi-caso. No quarto capítulo foram analisados e discutidos os dados, apresentados em forma de gráficos e tabelas, e por fim, no quinto capítulo as considerações finais. 17 2 EFEITOS DO TREINAMENTO AQUÁTCO NA FUNÇÃO PULMONAR DE PACIENTES COM ESPONDILITE ANQUILOSANTE 2.1 Espondilite anquilosante 2.1.1 Definição Inicialmente será feita uma breve definição de Espondilite Anquilosante, segundo alguns autores. Para a Sociedade Brasileira de Reumatologia (2004), a Espondilite Anquilosante (EA) é uma doença inflamatória crônica que acomete preferencialmente a coluna vertebral, podendo evoluir com rigidez e limitação funcional progressiva do esqueleto axial. Geralmente inicia-se no adulto jovem, preferencialmente no sexo masculino, da cor branca e em indivíduos HLA – B 27 positivos. “A EA diferencia-se da artrite reumatóide que ataca a membrana sinovial, pois ela acomete o sítio de inserção dos tendões, ligamentos, fáscia e cápsulas fibrosas articulares (ênteses)” (BUSS et al 2000). Golding (1999), define a EA, como uma condição, não rara que afeta principalmente adultos jovens do sexo masculino. Seu quadro completo se caracteriza por 18 anquilose das articulações sinoviais da coluna, e ossificação dos ligamentos espinhais. Por vezes acomete as articulações periféricas, e produz irite a aortite. É a mais comum disfunção do grupo das espondiloartropatias soronegativas, caracterizada por associação com HLA-B27, histocompatibilidade complexa, propensão à inflamação das ênteses, das articulações sinoviais e cartilagem articular. “Sabe-se atualmente que a EA é quase tão comum quanto a artrite reumatóide e também que as mulheres jovens são afetadas quase tão frequentemente quanto os homens jovens.” (SALTER, 2001, p. 131). 2.1.2 Etiopatogenia Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (2004), é freqüente a associação com o HLA-B27 faz com que a doença seja mais comum em populações brancas, onde a prevalência do HLA–B27 é significativamente maior. Por sua vez, a positividade do HLA – B27 nos pacientes espondilíticos pode variar entre 80 a 98% sendo mais elevadas nas populações brancas não miscigenadas do norte da Europa. Devido à extrema raridade do HLA – B27 em populações negras africanas, a doença é muito pouco frequente em negros; no Brasil, país de intensa miscigenação racial, a EA, costuma ser encontrada em mulatos (devido à influência da ascendência genética branca), mas é bastante rara em negros não miscigenados. Essa predisposição genética está ligada direta ou indiretamente ao gene HLA-B27 do complexo maior de histocompatibilidade humano. Assim enquanto 6 a 8% da população branca normal apresenta o referido gene, cerca de 90 % dos pacientes espondilíticos brancos são HLA-B27 positivos, (MEIRELES ; KITIDAI, 1999). Segundo Cruz Filho (1980) do ponto de vista etiopatogênico, admite-se hoje que 19 fatores precipitantes como a colite ulcerativa ou outras doenças associadas, tais como infecções urogenitais ou mesmo reumatismos e exposições climáticas desfavoráveis possam precipitar o aparecimento da EA em indivíduos geneticamente predispostos, marcados com HLA-B27. A doença poderia então ser perpetuada por alguma forma de mecanismo imunológico não identificado. “A grande maioria dos pacientes desenvolve os sintomas entre os 20 e 35 anos de idade.”(BUSS et al, 2000). 2.1.3 Incidência Para Ghosh (2003), a EA costuma surgir na terceira década de vida sendo a relação de homens e mulheres de 3:1. Segundo Meirelles e Kitidai (2001), a EA apresenta uma forte agregação familiar, de tal forma que parentes de primeiro grau de pacientes espondilíticos apresentam um risco cerca de 20 vezes maior de vir manifestá-la, quando comparados à população em geral. Acomete principalmente indivíduos caucasianos, possivelmente pela maior incidência de HLA-B27 nesta amostragem, e é enfermidade relativamente mais comum, ocorrendo em cerca de 0,1 a 0,2 % da população geral. Entretanto, se forem consideradas as populações em que a incidência do HLA-B27 é mais alta, como na Finlândia, a prevalência da doença chega de 0,5 a 1,0 % da população geral. Observa-se também que a enfermidade é muito mais freqüente entre parentes de 1º grau HLA-B27 positivos de pacientes portadores de Espondilite Anquilosante e, também portadores do antígeno HLA-B27. (MOREIRA; CARVALHO, 2001, p. 405). Segundo Sampaio Barros et al (2003), após estudos com 80 pacientes portadores de espondiloartropatias observou que o gene HLA-B27 foi observado em 92,5% dos pacientes com EA, sendo esse estudo o primeiro realizado em uma população espondilítica brasileira, onde há uma grande variedade racial e étnica. Para Buss et al (2000), as mulheres com EA carregam grande hereditariedade do que 20 os homens, enquanto estes têm maior carreamento a psoríase (quando EA presente). Entretanto essa susceptibilidade não afeta a severidade da doença. 2.1.4 Evolução Para a maioria dos autores a doença segue de uma maneira lenta e progressiva. Segundo Cruz Filho (1980), a doença começa sempre nas articulações sacroilíacas, onde normalmente estende-se para cima envolvendo a coluna lombar torácica e frequentemente a cervical. Ocasionalmente os quadris e os ombros também são afetados. A cartilagem articular sinóvial e ligamentos apresentam alterações inflamatórias e eventualmente tornam-se ossificados. Após vários anos o processo inflamatório torna-se quiescente. Para Sampaio Barros et al (2003), a presença do HLA-B27 é um importante fator de evolução da doença após dois anos de segmento se comparado com pacientes que não apresentam. Esse resultado representa um importante fator prognóstico, indicando um começo cedo e mais agressivo da doença. 2.1.5 Diagnóstico “O diagnóstico da EA será baseado, fundamentalmente, em três pilares: a sintomatologia clínica, as alterações radiológicas e a determinação do HLA-B27.” (GOLDING, 1999, p. 126). Para Buss et al (2000), a EA é uma doença de caráter sistêmico. Os sintomas ocorrem nos períodos de maior atividade da doença ou nas fases iniciais e consistem de astenia, fadiga, hiporexia, emagrecimento leve e febrícula. 21 “O diagnóstico de certeza da EA envolve achados clínicos de história ou exame físico, laboratorial e de métodos de imagem.” (MEIRELES; KITIDAI, 1999). Os critérios originais de Nova Iorque de 1996, (descritos no quadro 1) ainda são utilizados em função de apresentarem maior grau de especificidade. A. Diagnóstico Clínico 1. Limitação da mobilidade lombar nos 3 planos: flexão, inclinação e extensão. 2. História ou presença de dor na junção dorsolombar ou na coluna lombar. 3. Limitação da expansibilidade torácica para 1cm ou menos no nível do 4º espaço intercostal. B. Graduação Radiográfica das Sacroilíacas Grau 0 – Ausência de sacroileíte. Grau 1 – Ausência de sacroileíte (pseudo-alargamento articular). Grau 2 – sacroileíte leve (esclerose periarticular). Grau 3 – sacroileíte moderada (erosão periarticular). Grau 4 – sacroileíte grave (anquilose articular). Espondilite Anquilosante Definida Sacroileíte bilateral grau 3 ou 4, e no mínimo 1 critério clínico. Sacroileíte unilateral grau 3 ou 4, ou sacroileíte bilateral grau 2 com critério clínico 1 ou ambos critérios clínicos 2 e 3. Espondilite Anquilosante Provável Sacroileíte bilateral grau 3 ou 4, sem outro critério clínico. Quadro 1: Critérios de Nova Iorque para EA. Fonte: MEIRELLES e KITIDAI 1999 apud TAYLOR. 2.1.6 Prognóstico Segundo Cruz Filho (1980), a doença cessa de progredir após dez ou quinze anos, deixando rigidez permanente, cuja magnitude varia para cada paciente. As complicações 22 incluem deformidade em flexão fixa da coluna infecções respiratórias intercorrentes e iridocidite que em casos graves pode causar cegueira. Nas formas mais graves de EA a coluna vertebral se torna progressivamente rígida (poder back); ela também tende a tornar-se progressivamente fletida (rocker back). Além disso, esta progressiva deformidade em flexão da coluna pode ser drasticamente acelerada por uma série de fraturas patológicas de insuficiência, resultantes do traumatismo trivial. Eventualmente o paciente é incapaz de visão horizontal, incapacidade perigosa e embaraçosa. (BUSS et al, 2000). 2.1.7 Manifestações osteo-articulares “Pacientes com EA geralmente desenvolvem osteoporose, particularmente no esqueleto axial, podendo contribuir para a deformidade espinhal e dor óssea.”(BUSS et al, 2000).” São próprias da enfermidade. Segundo Serra Gabriel, Pett e Carril (2001), acometem principalmente a coluna (em todos os seus níveis), no tórax e articulações sacroilíacas este comprometimento pode ser periférico e do tipo assimétrico, com preferência pela localização proximal antes da distal, isto é serão mais afetados os quadris e os ombros e, em menor grau, joelhos, tornozelos e pés. Dentre as características do comprimento axial, temos as sinovites de repetição, que darão lugar à formação de um tecido de granulação que se estenderá, originando sindesmófitos, em direção vertical, as quais unirão uma vértebra a outra, isto, junto com a calcificação dos ligamentos, dará lugar à rigidez. (SERRA GABRIEL; PETT; CARRIL 2001, p. 351). 2.1.7.1 Comprometimento vertebral O comprometimento da cervical geralmente se instalará tardiamente, ainda que 23 possam haver exceções em que possam haver maior rigidez cervical em relação ao restante da coluna. Segundo Serra Gabriel, Pett e Carril (2001), os movimentos comprometidos em primeiro lugar são as inclinações laterais, seguidas de flexão e extensão; as rotações serão mantidas por um maior tempo em virtude das articulações atlaidontóideos e atlodaxóideas que habitualmente se comprometem num estágio mais avançado da doença. Mas, na fase avançada da doença, poderá ocorrer a perda total da mobilidade articular. Como resultado ocorrerá a projeção do pescoço para frente (Figura 1). Figura 1 – Anquilose cervical com retificação da lordose fisiológica, calcificação ligamentar e fusão das articulações interapofisárias. Fonte: Espondiloartropatias (2006). Serão comprometidas segundo Serra Gabriel, Pett e Carril (2001) as articulações costovertebrais, costotransversais e condrosternais, o que dará uma limitação da expansão torácica e uma diminuição dos diâmetros ântero-posterior e transverso do tórax, até o ponto em que, nas fases avançadas da enfermidade, a ventilação terá lugar unicamente a custa do diâmetro vertical, por descida do diafragma. “Nesses casos em que a respiração é totalmente diafragmática geralmente observamos uma protusão abdominal.”(BUSS et al, 2000). 24 Em conseqüência disto haverá perda do movimento de rotação e instalação de uma deformidade em cifose fixa (Figura 2). Figura 2 – Cifose fixa. Fonte: Espondilite anquilosante (2006). A retifição da lordose presente no estágio inicial da doença, que na fase avançada da doença segundo Serra Gabriel, Pett e Carril (2001), ocorrerá uma anquilose total do segmento (com ausência de cifose lombar na flexão de tronco. Também surgirão contratura e retração dos músculos espinhais e paravertebrais e uma diminuição ou perda dos movimentos laterais de rotação. A manifestação mais comum é a dor nas articulações sacroilíacas e/ou lombar, segundo Bus set al (2000), a dor tem início geralmente na segunda década de vida e de modo insidioso. Serra Gabriel, Pett e Carril (2001), afirmam que geralmente a primeira manifestação da EA será uma sacroileíte. Todos os pacientes portadores de EA apresentam, na evolução da história natural da doença, acometimento do esqueleto axial, sendo característico o envolvimento e bilateral e precoce das articulações sacroilíacas (sacroileíte) (Figura 3). 25 Figura 3 – Sacroileíte bilateral. Fonte: Espondiloartropatias (2006). Golding (1999), descreve que na articulação sacroilíaca, de início ocorre sinovite e infiltração celular como na artrite reumatóide (porém sem necrose da camada superficial da membrana sinovial. Posteriormente, destruição da cartilagem, causando um estreitamento das articulações e destruição do osso justa-articular, cursando esclerose, ao final anquilose óssea. Nos quadris, segundo Serra Gabriel, Pett e Carril (2001), acontecerá uma coxite que evoluirá com limitação importante de todos os movimentos e contratura e retração de flexores e adutores. A deformidade se instalará em forma de contratura em flexão, que associada à rigidez vertebral, dará lugar a uma atitude de flexão e uma grande dificuldade para a marcha. A solução cirúrgica será a artroplastia total de quadril, que em algum casos terá que ser bilateral, para devolução da funcionalidade daquela articulação permitindo uma reintegração à atividade profissional. O comprometimento escapuloumeral estará associado a um comprometimento acromioclavicular e esterno clavicular, existindo uma limitação importante de todos os movimentos que causará uma incapacidade para as atividades de vida diária de moderada a grave. Já o comprometimento dos joelhos é menos freqüente, e em geral se manifesta em formas de artrites transitórias, as quais normalmente não deixam sequelas, salvo uma 26 moderada contratura em flexão que somada à do quadril (mais severa) e à rigidez vertebral obrigará o paciente a uma postura como de um esquiador. Nos tornozelos e pés, podem acontecer artrites transitórias pouco frequentes. 2.1.8 Manifestações extra articulares A EA é uma doença de caráter sistêmico, segundo Buss et al (2000), os sintomas ocorrem nos períodos de maior atividade da doença ou nas fases iniciais e consistem de astenia, fadiga, hiporexia, emagrecimento leve e febrícula. Para Moreira e Carvalho (2001), os olhos são acometidos em cerca de 20 a 30% dos pacientes, ocorrendo uma uveíte anterior aguda (iridociclite), não granulomatosa, unilateral e recidivante, acontece uma hiperemia ocular intensa, visão borrada, dor, fotofobia e lacrijamento, de início súbito geralmente durando dias a semanas. No aparelho geniturinário, a manifestação mais comum é a prostatite, representada clinicamente por uma piúria estéril. De descrição mais recente, a nefropatia mesengial por depósitos de IgA tem tradução clínica à custa de hematúria microscópica e as vezes macroscópica, podendo ou não ser acompanhada por proteinúria. A síndrome da cauda eqüina é complicação rara, possivelmente secundária a uma aracnoidite, e se traduz por um quadro insidioso de dor nas nádegas e nas faces internas das coxas e pernas, com alterações sensoriais e motoras. Para Serra Gabriel, Pett e Carril (2001), a fibrose pulmonar é bem mais rara, porém pode revestir-se de gravidade se associada ao processo restritivo consequente da pouca elasticidade do tórax. 27 Para Moreira e Carvalho (2001) as manifestações cardio-respiratórias são os distúrbios de condução do ritmo cardíaco, insuficiência aórtica, pericardite, miocardite e uma fibrose pulmonar apical que, com a evolução da doença, torna-se bilateral. “A árvore respiratória é atingida, indiretamente, por três fatores: pela rigidez cervical, hipercifose dorsal, pela redução da expansibilidade torácica e pela dos quadris.” (CRUZ FILHO 1980, p. 277). Devido à deformidade postural, que leva uma anquilose das articulações vertebrais desses pacientes, sua árvore respiratória poderá ser atingida em alguns casos. Segundo Shneerson (1993), As alterações típicas do volume pulmonar ocorrem na forma de uma queda discreta da capacidade pulmonar total e da capacidade vital e um aumento do volume residual e capacidade residual funcional. A queda da capacidade vital é proporcional ao grau de anquilose vertebral e a queda da complacência pulmonar, porém não se relaciona ao grau de cifose ou duração da doença. Sampaio Barros et al (1999), afirma que a diminuição de difusão CO2 e o diâmetro torácico diminuído na EA estão associados ao acometimento da coluna dorsal, doença tardia e disfunção pulmonar restritiva crônica, frequentemente pior em tabagistas. A contração diafragmática é relativamente mais importante do que os músculos intercostais acessórios na Espondilite Anquilosante, comparando com a de indivíduos normais. Ela compensa em grande parte a incapacidade de expansão do gradil costal e minimiza as alterações dos volumes pulmonares. O volume minuto encontra-se até menos anormal que a capacidade vital, provavelmente porque o diafragma permite a utilização de uma proporção incomumente elevada da capacidade vital. As resposta ventilatórias aos exercícios são notavelmente normais e são habitualmente limitadas por fatores circulatórios. (SHNEERSON, 1993, p. 187). 2.1.9 Achados radiológicos O diagnóstico feito por imagem radiográfica, segundo estudos de Meireles e 28 Ktadai (2001), baseia-se no achado de alterações do esqueleto axial tais como sacroileíte, em regra bilateral e simétrica, quadratização vertebral, anquilose das articulações interfacetárias vertebrais, presença de sindesmófitos vertebrais e ossificação do ligamento longitudinal anterior da coluna vertebral. Segundo Meireles e Ktadai (2001), a investigação radiográfica completa do esqueleto axial e justaaxial na EA compreende as radiografias de bacia em ântero-posterior ou na posição de Fergunson, radiografias da coluna lombar, dorsal e cervical em ântero-posterior e oblíquas. O grau de intensidade das alterações radiográficas das articulações sacroilíacas pode ser avaliado segundo a escala quantitativa de Nova Iorque (Quadro 1). Segundo Greenspan (2001), o formato quadrado da borda anterior das vértebras torácicas inferiores e lombares é um dos primeiros aspectos radiológicos da EA, que é melhor demonstrado da radiografia lateral de coluna. À medida que a condição progride, formam-se sindesmófitos, unindo os corpos vertebrais. O aspecto delicado destes crescimentos e sua orientação vertical, e não horizontal, os distinguem de osteófitos da doença vertebral degenerativa. As ossificações paravertebrais são comuns na EA. Quando as articulações apofisárias e os corpos vertebrais se fundem mais tarde na evolução da doença, pode ser observada uma característica radiológica deste distúrbio, a coluna em “bambu”, as articulações sacroilíacas são também são invariavelmente afetadas neste processo. Nas articulações periféricas para, Greenspan (2001), as alterações inflamatórias podem ser indistinguíveis das observadas na artrite reumatóide. Segundo Buss et al (2000), o aspecto da coluna em “bambu”, no sexo feminino, está ausente nos achados radiológicos. 29 2.1.10 Tratamento O tratamento da EA envolve medidas educacionais, farmacológicas, físicas ou reabilitacionais, radioterápicas e cirúrgicas, devendo, portanto, idealmente ser multidisciplinar e multiprofissional, envolvendo médicos especialistas em reumatologia, ortopedia e fisiatria, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, enfermeira, psicóloga e assistente social (MEIRELES ; KITIDAI, 2001). Os principais objetivos do tratamento estão relacionados à redução da dor controle inflamatório, redução da rigidez articular e da sua conseqüente incapacidade funcional, através da prevenção das deformidades osteoarticulares, principalmente coluna vertebral e quadris. Visa paralelamente, reabilitação pisicossocial e profissional do paciente (MEIRELES; KITIDAI, 2001). 2.1.10.1 Tratamento medicamentoso Segundo Meirelles e Kitadai (2001), o tratamento medicamentoso visa o controle da inflamação articular, com conseqüente alívio da dor e rigidez articular. Pode ser sintomático ou de ação rápida e potencialmente indutor de remissão ou de ação lenta. Segundo o mesmo autor, os analgésicos mais utilizados são parecetamol e os opiódes morfínicos leves, como codeína, o profenol e, ou, com menor freqüência os opióides morfínicos potentes agonistas completos ou parciais 30 2.1.10.2 Tratamento cirúrgico A intervenção cirúrgica mais comum é a prótese de quadril. Um número menor de pacientes pode se beneficiar de correção cirúrgica de deformidades em flexão na coluna ou em casos de subluxação atlanto-axial (SKARE, 1999). 2.1.10.3 Tratamento fisioterapêutico Linden, Tubergen e Hidding (2006), afirmam que o tratamento fisioterapêutico tradicionalmente visa a manutenção da função músculo-esquelética. Segundo Bus set al (2000), a fisioterapia é amplamente reconhecida como a estratégia de maior relevância no tratamento da EA. A reabilitação física desses pacientes deve ser dirigida para os aparelhos locomotor e respiratório. No que se refere à função respiratória Gabriel (2001), devido a diminuição da mobilidade do tórax (pela perda da expansão torácica se faz necessário a manutenção da função respiratória através de exercícios respiratórios. Outro ponto importante à mobilidade do aparelho locomotor, que segundo Gabriel (2001), seria o objetivo prioritário que dele dependerá, unicamente a não instalação da anquilose óssea. Este compreende exercícios de flexibilização de todos os segmentos vertebrais. Para Henderson (2003), o treinamento dos indivíduos portadores de EA, mostra uma redução da dor minimizando a perda funcional e melhorando a qualidade de vida. Uma importante revisão sobre o metabolismo energético humano se faz necessário. Pois muitos pacientes com EA queixam-se sobre a capacidade reduzida do 31 exercício quando são atendidos pela fisioterapia. No contexto biológico, energia química (potencial) dos alimentos e a energia mecânica (cinética) do trabalho muscular (W) expressam-se fisicamente como calor (Q), sendo regidas, portanto pelas leis básicas da termodinâmica. Em poucas palavras a primeira lei da termodinâmica estabelece o princípio universal da energia, ou seja, energia não é criada, nem destruída e sim transformada. (NEDER; NERY 2003, p. 35). O exercício é um processo que depende da transformação de energia bioquímica dos alimentos ingeridos em energia mecânica para contração muscular. “A função primordial dos sistemas respiratório e cardiovascular é manter a troca gasosa celular dentro dos limites compatíveis com as demandas energético metabólicas e o equilíbrio ácido-básico.” (NEDER; NERY 2003, p. 36). Durante o esforço físico, o aumento da atividade contrátil do músculo estriado induz consideráveis incrementos no consumo celular de oxigênio (QO2) e na liberação celular de dióxido de carbono (QCO2), e por conseguinte a sobrecarga dos sistemas de suporte ao exercício (Figura 4). Figura 4 – “Engrenagem” dos sistemas respiratório e cardiovascular. Fonte: Neder; Nery 2003, p.36. Para os mesmos autores, o fundamental para a manutenção do exercício é o transporte de oxigênio para as células e a remoção de gás carbônico dos tecidos, e, para satisfazer o aumento da demanda de trocas entre a atmosfera e as células durante o exercício, 32 a ventilação e a circulação têm que se elevar conjunta e adequadamente para se acoplar às demandas do metabolismo. “Entretanto as anormalidades destas respostas, eventualmente não detectadas no repouso, podem ser identificadas no exercício, quando os sistemas cardiovascular e pulmonar encontram-se em sobrecarga funcional.”(NEDER; NERY 2003, p. 9). Muitos estudos mostram, segundo Ficher (2002), que os pacientes com AO, AR, SFM, exibem funções neuromuscular e cardio-respiratória mais baixas, assim como seu condicionamento físico (flexibilidade, desempenho funcional), essa espiral descendente (perda de reserva fisiológica) progressiva, a não ser que sejam administrados tratamentos apropriados. Tendo essas funções diminuídas, haverá então um maior gasto energético para realizar os exercícios. O aspecto mais notável da transição repouso-exercício diz respeito ao paradoxo entre as necessidades imediatas de energia e a natureza progressiva dos processos mitocondriais oxigênios-dependentes (aeróbios), seja por limitação enzimática ou por verdadeira deficiência local de O2. Segundo Ficher (2002), muitos programas de exercícios diferentes foram estudados nesses grupos de pacientes, a maioria concentrou-se nos exercícios aeróbico, exercício de resistência ou protocolo de condicionamento geral. Em geral eles foram bem sucedidos no sentido de induzir algum nível de aprimoramento da flexibilidade, na função neuromuscular, na função cardiovascular, no desempenho funcional, na dor, na sintomatologia da doença, na auto eficácia com os exercícios e na função psicológica. Segundo Neder e Nery (2003), o metabolismo dos chamados substratos energéticos- proveniente dos alimentos fornece importante energia química potencial. Esta, portanto, é primeiramente armazenada na porção terminal da molécula de adenosina trifosfato (ATP) sob a ligação de fosfato de alta energia, que é a moeda energética orgânica. “Embora essas reservas corporais de ATP sejam razoavelmente vasta (80-100g) 33 sua mobilidade é extremamente restrita; disto decorre que, somente a ATP disponível no sítio de contração pode ser utilizada”.(NEDER; NERY 2003, p.37). Segundo Neder e Nery (2003), outro ponto importante á a eficiência desse fornecimento de energia, e quanto da energia disponível nos alimentos, o músculo consegue realmente utilizar para gerar trabalho, que é cerca de 50 a 55%. Isso que dizer que 45-50% da energia total contida no substrato está perdida. Por outro lado, a quantidade de trabalho realizada pelo músculo, como resultado da transferência de energia, das ligações de fosfato de alta energia para as proteínas musculares depende da eficiência contrátil. É importante que o terapeuta determine com exatidão a função fisiológica e o desempenho funcional no paciente com EA para poder prescrever uma progressão do exercício que se concentre na redução das limitações fisiológicas e funcionais do paciente. Ao prescrever exercícios para os pacientes com EA é essencial avaliar com extremo cuidado a capacidade basal de realizar exercícios (cárdio-respiratório, neuromuscular, flexibilidade, etc.) e o desempenho e estado funcional a fim de prescrever individualmente, o programa mais benéfico para cada paciente. Os programas progressivos prescritos individualmente com base nos déficits fisiológicos funcionais, são necessários para garantir que o paciente não falhe nos estágios iniciais de um programa de exercícios. 2.2 Função pulmonar Segundo Silveira (2000), a função respiratória fisiológica se dá quando o ar atmosférico penetra nos pulmões se houver um gradiente de pressão entre a atmosfera e o alvéolo. E a criação desse gradiente só poderá ser possível por dois modos: ou criando uma pressão subatmosférica dentro do tórax ou aumentando a pressão no ar ambiente (pressão positiva). Para haver uma respiração normal, os músculos inspiratórios fazem aumentar os 34 diâmetros do fole torácico; a ampliação torácica cria uma pressão atmosférica intrapleural, e esta atrai o pulmão distendendo-o. 2.2.1 Mecânica da ventilação Para West (1996), na respiração corrente normal, o nível do diafragma move-se cerca de um centímetro mais ou menos, mas na inspiração e expiração forçadas pode ocorrer uma excursão total de até dez centímetros. Na inspiração o diafragma move-se para cima porque a pressão intratorácica cai. Isto é conhecido como movimento paradoxal. Para Kapandji (2000), a mecânica respiratória acontece da seguinte maneira: inspiração a contração do diafragma faz o centro frênico baixar, que aumenta o diâmetro vertical do tórax; porém em seguida, a resistência ao alongamento dos elementos verticais do mediastino se contrapõem assim como a resistência das massas viscerais abdominais. Com isso a pressão atmosférica é superior a pressão interior, fazendo com que o ar entre. Já na expiração o diafragma se relaxa, e a contração dos músculos abdominais faz baixar o orifício inferior ao tórax, diminuindo simultaneamente os diâmetros transversal e ântero-posterior ao tórax, aumentando a pressão intra-torácica fazendo com que ar seja expulso (Figura 5). Figura 5 - Mecânica da ventilação. Fonte: Kapandji, 2000. 35 2.2.2 Complacência pulmonar Para Shneerson (1993), a análise da expansão do gradil costal é complexa, por causa da multiplicidade de músculos que se insere no gradil costal e na coluna vertebral e das diferenças de comprimento, obliquidade e tipos de articulações e costelas. Quando o gradil costal se espande, ele é deformado pela força dos músculos. Sua forma não segue o padrão que seria possível apenas com base em suas propriedades elásticas. A extensão dessa deformação varia com o padrão de atividade dos músculos inspiratórios e o volume pulmonar. A expansão pode ocorrer nos diâmetros longitudinal, ântero-posterior e transverso. O comprimento do gradil costal aumenta através da elevação da primeira costela, extensão da coluna e descida do diafragma. Kapandji (2000), a noção de distembilidade está diretamente relacionada com a elasticidade dos elementos anatômicos do tórax e dos pulmões. Durante a expiração normal, o tórax e os pulmões tomam uma posição de equilíbrio comparável a de uma mola que não esteja nem comprimida nem esticada. Existe então um equilíbrio de pressão entre o ar intra alveolar e o ar atmosférico. 2.2.3 Capacidades pulmonares Silva; Rubin e Silva (2000), definem que ao final de uma inspiração máxima, a quantidade de ar contida nos pulmões denomina-se capacidade pulmonar total (CPT), esta compreende algumas divisões e subdivisões, sendo que a capacidade vital (CV) é quantidade máxima de ar que pode ser expirada a partir da capacidade pulmonar total (CPT). A capacidade residual funcional (CRF) é a quantidade de ar nos pulmões ao final de uma 36 expiração normal. A capacidade residual funcional (CRF) possui dois componentes: o volume de reserva expiratório (VRE), sendo o volume máximo que pode ser eliminado a partir da CRF, e o volume residual (VR), quantidade de ar que não pode ser eliminada dos pulmões após uma expiração máxima. 2.2.4 Músculos ventilatórios A classificação dos músculos responsáveis pela respiração do homem sofre algumas alterações de autor para autor, mas alguns aspectos básicos são inconfundíveis, como é o caso dos músculos primários e músculos acessórios da respiração. Segundo Costa (2004), os músculos que desempenham papel indispensável na respiração normal são o diafragma e os músculos intercostais externos, para expiração normal, basta o relaxamento desses músculos, pois a própria elasticidade do parênquima, somada aos gradientes intratorácico e intrapulmonar, é suficiente para produzir o mecanismo da expiração. Na expiração mais profunda, ou simplesmente na tosse, há necessidade de um trabalho muscular, onde exige a ação dos músculos da parede abdominal. Costa (2004), afirma que a classificação dos músculos intercostais internos e externos, como respectivamente expiradores e inspiradores, tem sido contestada por investigações eletromiográficas, nas quais foi detectada tanto a ação dos internos como externos durante a fase inspiratória, quando analisados próximo ao osso externo, durante a fase expiratória, quando analisados próximos das vértebras. 37 2.2.4.1 Propriedades contráteis Segundo Shneerson (1993), a contração dos músculos ventilatórios fornece energia para a expansão do pulmão. Em comum com todos os outros músculos esqueléticos, eles são compostos de fibras musculares alinhadas longitudinalmente, em meio ao tecido conjuntivo. As fibras são ativadas quando um impulso alcança a junção neuromuscular e libera acetilcolina da membrana pré-sináptica. Esta despolariza a membrana da fibra muscular, com perda de seu potencial negativo em cerca de 75 mV. O grupo de fibras musculares inervados por um axônio constitui uma unidade motora. Todas as fibras dentro de uma unidade motora contraem-se simultaneamente. As fibras dentro de uma unidade motora são todas do mesmo tipo, apesar de poderem estar espalhadas pelo músculo. O número de fibras que compreende uma unidade motora de modo geral é maior, se as fibras forem de contração rápida, e menor se forem de contração lenta. São atividade é controlada não apenas pelos motoneurônios alfa, porem também por retroalimentação provenientes dos fusos musculares. (SHNEERSON, 1993, p. 15). 2.2.4.2 Tipos de fibras musculares Para Shneerson (1993) fibras dentro de cada músculo possuem diferentes propriedades estruturais, histoquímicas e contráteis. Reconhece-se dois tipos principais. O tipo 1 (vermelho) possui um diâmetro menor, mais enzimas oxidativas, uma menor atividade da fosforilase, mais mitocôndrias e enzimas lipídicas e um maior conteúdo de mioglobina que as fibras do tipo 2. as fibras do tipo 2 foram subdivididas em 2a e 2b; as fibras 2a são intermediarias entre as fibras de tipo 1 e 2b. 38 2.2.4.3 Massa contrátil Segundo Shneerson (1993), força desenvolvida pelo músculo depende de sua massa ou área de secção transversal e da porção de fibras que foram ativadas. Os músculos esqueléticos podem hipertrofiar-se e aumentar sua força com esquemas de treinamento adequado. A massa é influenciada também pelo estado nutricional, idade (que está relacionada à perda de motoneurônios alfa e de unidades motoras) e a distúrbios patológicos dos músculos. A massa de músculo que se contrai empregada em determinada carga pode ser aumentada através do recrutamento de novos grupos musculares. Isto possibilita a diminuição da freqüência de descarga dos motoneurônios, o que impede ou alivia a fadiga muscular. A incapacidade de recrutar músculos pode ser devida à falta de motivação ou a um comprometimento do controle respiratório. A força de contração pode ser aumentada também através do recrutamento de unidades motoras extras. Para Shneerson (1993), tensão desenvolvida durante uma contração muscular isolada é menor do que a observada na estimulação repetida rápida. Após uma estimulação isolada, a fibra muscular relaxa-se antes que suas propriedades elásticas permitam que atinja a tensão máxima: esta é a base de relação freqüência-força. A relação exata entre freqüência força de contração muscular depende do tipo de composição, em termos de fibras, do músculo e de fatores que afetam a contratilidade, como por exemplo a fadiga. De modo geral, a força desenvolvida é de aproximadamente 25% do máximo a uma freqüência de estimulação de 10Hz, 70% do máximo a 20 Hz, 95% do máximo a 50 Hz e máxima 100 Hz. As fibras musculares adaptam-se prontamente a alterações de seu comprimento, geralmente, a não ser que o músculo seja hiper-estendido, quanto maior for o comprimento inicial, tanto maior será a força que ele consegue desenvolver durante estimulação tetânica. 39 O comprimento muscular segundo Shneerson (1993), constitui importante fator na determinação de força gerada pelos músculos respiratórios. Os músculos inspiratórios são mais eficazes quando próximos ao VR, visto que apresentam o comprimento máximo, e os músculos expiratórios são mais eficazes na CPT, quando se encontram distendidos. O volume dos pulmões, entretanto, constitui um guia grosseiro para o comprimento dos músculos. Em qualquer volume pulmonar, a configuração do gradil costal depende da quantidade de deformação causada pela contração muscular a partir de sua forma o prevista com base em suas propriedades elásticas. O comprimento dos músculos respiratórios pode variar, assim, de um ciclo respiratório para outro, mesmo com o mesmo volume pulmonar. Quando as fibras musculares são ativadas, o músculo pode encurtar (contração isotônica) ou pode haver desenvolvimento de tensão (contração isométrica). Quanto mais rápido for o encurtamento muscular, menor a tensão que pode ser mantida. Há mais necessidade de mais energia muscular, se o músculo encurtar rapidamente, do que quando seu comprimento permanece constante. A velocidade de encurtamento dos músculos respiratório é difícil de ser analisada em pormenores, porém, mostrouse que a fadiga muscular é mais provável se a velocidade de fluxo inspiratória for rápida. (SHNEERSON, 1993, p. 17). Para Shneerson (1993), fraqueza de um músculo é a incapacidade de gerar força esperada, porem a fadiga é a incapacidade de manter uma força. É o oposto da resistência muscular e pode ser considerada como desenvolvimento de fraqueza durante contrações mantidas ou repetidas. Quando se desenvolve fadiga muscular, ocorre normalmente um aumento compensatório da freqüência de descargas e do número de motoneurônios ativos que suprem o músculo. 2.3 Treinamento aquático Primeiramente se abordará uma breve revisão dos benefícios do exercício 40 realizado na água. A fim de compreender os princípios do treinamento aquático, através do conhecimento das propriedades da água. 2.3.1 Água aquecida “A água aquecida (temperatura variando entre 30ºC e 34ºC) diminui a tensão e dores musculares, proporcionando um ambiente confortável e relaxante para o exercício terapêutico precoce.” (KOURY, 2000 p. 3). Ainda para Koury (2000), a redução da espasticidade muscular pode melhorar a amplitude de movimento, e a redução da dor pode beneficiar psicologicamente o paciente. O calor da água durante o treinamento aquático diminui a sensibilidade da fibra nervosa rápida (tato) e a exposição prolongada diminui a sensibilidade da fibra nervosa lenta (dor). Quando as articulações são mobilizadas, a amplitude do movimento aumenta mais facilmente, indicando mais vantagens para o uso da água aquecida como meio terapêutico (DEGANI, 1998, p. 99). Exaustão muito mais cedo durante a execução do exercício físico intenso no calor porque o sangue, além de carregar oxigênio para o músculo em exercício, também precisa carregar calor do interior do corpo para a pele. Isso representa uma carga extra para o coração, que tem que bombear mais fortemente. (ASTRAND e RODAHL apud KOURY, 2000). Segundo Koury (2000), o estresse por calor durante a atividade física (basicamente do tipo condicionamento físico) aumente a frequência cardíaca a uma determinada carga de trabalho, sendo que ao reduzir o estresse e aumentar o calor no condicionamento físico podemos ser capazes de diminuir a frequência cardíaca no exercício a uma determinada carga de trabalho, aumentando dessa forma a tolerância ao exercício. 41 2.3.2 Flutuação A flutuação é a força ascendente vertical sobre um corpo que esteja submerso ou flutuando em um fluido. A quantidade de força direta ascendente exercida sobre o corpo será equivalente ao peso do volume do fluido deslocado pela fração do corpo que esta abaixo da superfície da piscina. (KOURY, 2000, p. 14). Isso significa que, para Koury (2000), quanto maior a porcentagem do corpo que está embaixo da água, maior será a força de flutuação que estará agindo sobre o corpo. Um corpo flutuando na água está apenas deslocando uma quantidade suficiente de líquido para equilibrar seu peso. A quantidade de força de flutuação experimentada por um corpo será determinada pela densidade do líquido no qual está submerso. Para Degani (1998), o peso corporal dentro da água é reduzido em quase 90%, as articulações ficam livres de atrito e há uma diminuição de riscos de lesões. Com isso há uma maior facilidade na realização dos movimentos. 2.3.3 Gravidade específica Segundo Astrand e Rodall apud Koury (2000), o peso submerso do corpo humano na água é reduzido a poucos quilogramas, uma vez que a gravidade específica do corpo não é muito diferente daquela da água. A gravidade específica do corpo humano varia ligeiramente acima ou abaixo de 1,0. A da piscina tem uma gravidade de 1,0. 42 2.3.4 Pressão hidrostática Segundo a Lei de Pascal, a PH é a pressão que o líquido exerce igualmente sobre cada partícula da superfície de um corpo imerso em repouso, a uma dada profundidade. É exercida igualmente em todas as direções e aumenta de acordo com a densidade do líquido. (DEGANI, 1998, p. 97). Ainda para Degani (1998), essa pressão exercida em toda a superfície do corpo oferece estabilização articular auxiliando o trabalho dos músculos enfraquecidos e sua ação nas faces do tórax promove resistência à expansão, solicitando um maior trabalho da musculatura inspiratória e favorecendo a expiração. 2.4 Avaliação da função pulmonar 2.4.1 Espirometria Com a espirometria segundo Silva; Rubin e Silva (2000), basicamente são medidos volumes e fluxos aéreos. Pode ser realizada tanto com tradicionais espirômetros de campânula, como modernos aparelhos computadorizados que fornecem adicionalmente à curva volume-tempo, os fluxos instantâneos em cada volume pulmonar, compondo-se a curva fluxo-volume. Esse volume de gás dentro dos pulmões pode ser subdividido em volumes e capacidades pulmonares tais como as descritas a seguir: • Capacidade residual funcional (CRF): volume de ar nos pulmões após uma expiração normal: CRF = VR +VRE. • Volume residual (VR): volume retido nos pulmões após uma expiração máxima. 43 • Volume de reserva expiatória (VRE): volume máximo que pode ser expirado após o final de uma expiração normal. • Volume corrente (VC): volume expirado ou inspirado durante cada movimento respiratório, em repouso. • Volume de reserva inspiratória (VRI): volume máximo que pode ser inspirado a partir do final de uma inspiração de repouso. • Capacidade inspiratória (CI): volume máximo que pode ser inspirado a partir do final de uma expiração normal; CI= VRI = VC. • Capacidade vital (VC): volume máximo que pode ser expirado após a inspiração máxima: CV= VRE + VC + VRI. • Capacidade pulmonar total (CPT): volume de ar nos pulmões após uma inspiração máxima: CPT = CV + VR. Segundo Silva, Rubin e Silva (2000), os espirômetros modernos fornecem a curva fluxo-volume para a análise gráfica do fluxo gerado durante a manobra da capacidade vital forçada (CVF), plotando o volume e fluxo. Para se obter os dados necessários, o paciente realiza a seguinte manobra: inspira até a CPT e, após expira de maneira forçada e rápida até o VR; após inspira rapidamente do VR até a CPT. No início do movimento expiratório, o fluxo chega rapidamente ao máximo possível – este é pico de fluxo expiratório – e a seguir, ocorre redução progressiva à medida que se aproxima do VR. Considerando a curva expiratória, a partir dos seus primeiros 30%, o fluxo torna-se independente do esforço. 2.4.2 Manovacuometria O desempenho ventilatório depende não apenas das propriedades mecânicas dos 44 pulmões (vias aéreas e parênquima) e da parede torácica, mas também da ação dos músculos respiratórios. Segundo Silva, Rubin e Silva (2000), enquanto a avaliação dos músculos, dos membros pode ser feita diretamente através da força que eles podem desenvolver no levantamento de pesos, em contraste, a avaliação dos músculos respiratórios só pode ser determinada indiretamente pela medida das pressões exercidas contra uma via aérea ocluída. A manovacuometria é um teste relativamente simples realizado com o esforço voluntário, com a utilização de um manovacuômetro arenóide a vácuo. A PImáx é o índice da força diafragmática, e a PEmáx mede a força da musculatura abdominal e intercostal. O teste deve ser repetido pelo menos três vezes, sendo que os dois melhores resultados podem diferir no máximo em 10%, sendo escolhido o de maior valor. O resultado é dado em cmH2O, sendo que a PImáx expressa com sinal negativo e a PEmáx, com valor positivo. Valores abaixo de 60%, segundo Silva; Rubin e Silva (2000), são considerados anormais, indicando alteração na força muscular respiratória. 45 3 DELINEAMENTO DA PESQUISA O delineamento da pesquisa, segundo Gil (1996, p. 70), “refere-se ao planejamento da mesma em sua dimensão mais ampla.” Neste momento, o investigador estabelece os meios técnicos da investigação, prevendo-se os instrumentos e os procedimentos necessários utilizados para a coleta de dados. 3.1 Tipo de pesquisa Essa pesquisa pode ser classificada quanto ao nível como exploratória, quanto abordagem quantitativa e quanto ao procedimento estudo multi-caso. 3.1.1 Tipo de pesquisa quanto ao nível Essa pesquisa tem caráter de pesquisa exploratória. Segundo Heerdt e Leonel (2005), o principal objetivo da pesquisa exploratória é proporcionar maior familiaridade com o objeto de estudo. Ou seja, neste caso, é necessário “[...] desencadear um processo de investigação que identifica a natureza do fenômeno e aponte as características essenciais das variáveis que 46 se quer estudar [...]” (KOCHE apud HEERDT; LEONEL, 2005). 3.1.2 Tipo de pesquisa quanto à abordagem A pesquisa tem caráter quantitativa, sendo que é objetiva e analisa números. Para, Richardson (1989), a pesquisa é quantitativa porque emprega técnicas, estatísticas como média. 3.1.3 Tipo de pesquisa quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados A pesquisa quanto ao procedimento é um multi-caso, para Rauen (2002) é uma análise profunda e exaustiva de um ou mais objetos de estudo de modo a permitir o seu amplo e detalhado conhecimento. Tem como vantagens o estímulo a novas descobertas, a ênfase na totalidade e na simplicidade dos procedimentos.Tendo como objetivo geral avaliar a função pulmonar de pacientes com EA, os objetivos específicos indicam exatamente os dados que se pretende obter. Como as variáveis nesse estudo não são passiveis de observação imediata, foi necessário operacionalizar esses conceitos ou variáveis, ou seja, torná-los passível de observação empírica e de mensuração. 3.2 População/ amostra A pesquisa tem caráter acidental não probabilística, segundo Rauen (2002), elas 47 caracterizam-se por não permitir iguais oportunidades, para todos os elementos participarem da seleção amostral, elas podem ser: acidentais, por quotas ou intencionais. A pesquisa é do tipo amostra acidental, foi utilizado os pacientes que procuraram os atendimentos da clínica escola de fisioterapia da Unisul, atingindo determinado tamanho.“Amostra é conjunto de elementos de uma população, que é escolhido de acordo com uma regra ou plano para representá-la, em função de alguma característica sob estudo.” (RAUEN, 2002, p.120) Foram estudados três pacientes adultos do sexo masculino com EA em diferentes estágios da doença (utilizando critérios do American College of Rheumatology, Nova Iorque, 1990, quadro 2), através da radiografia da articulação sacroilíaca realizada na avaliação. A. Diagnóstico Clínico 1. Limitação da mobilidade lombar nos 3 planos: flexão, inclinação e extensão. 2. História ou presença de dor na junção dorsolombar ou na coluna lombar. 3. Limitação da expansibilidade torácica para 1cm ou menos no nível do 4º espaço intercostal. B. Graduação Radiográfica das Sacroilíacas Grau 0 – Ausência de sacroileíte. Grau 1 – Ausência de sacroileíte (pseudo-alargamento articular). Grau 2 – sacroileíte leve (esclerose periarticular). Grau 3 – sacroileíte moderada (erosão periarticular). Grau 4 – sacroileíte grave (anquilose articular). Espondilite Anquilosante Definida Sacroileíte bilateral grau 3 ou 4, e no mínimo 1 critério clínico. Sacroileíte unilateral grau 3 ou 4, ou sacroileíte bilateral grau 2 com critério clínico 1 ou ambos critérios clínicos 2 e 3. Espondilite Anquilosante Provável Sacroileíte bilateral grau 3 ou 4, sem outro critério clínico. Quadro 2: Critérios de Nova Iorque para EA. Fonte: TAYLOR apud MEIRELLES e KITIDAI 1999. ID 1: Indivíduo com 39 anos de idade, massa 57Kg, 174 centímetros de altura, IMC = 0,19 Kg/m2, fazendo o uso de antiinflamatórios no período de exacerbação da doença. 48 Figura 6: Radiografia da articulação sacroilíaca do indivíduo 1. ID 2: Indivíduo com 44 anos de idade, massa 83 Kg, 156 centímetros de altura, IMC = 0,34 Kg/m2, apresentando grau de acometimento avançado da articulação sacroilíaca fazendo o uso de medicações constantes. Figura 7: Radiografia da articulação sacroilíaca do indivíduo 2. ID 3: Indivíduo com 47 anos de idade, massa 80 Kg, 160 centímetros de altura, IMC = 0,31 Kg/m2, não fazendo uso de medicações. Figura 8: Radiografia da articulação sacroilíaca do indivíduo 3. 49 3.3 Protocolo de treinamento O programa de treinamento consistiu em 12 semanas, de exercícios na piscina, com a altura da água no processo xifóide, aquecida a 33ºC a 35ºC, três vezes por semana, sempre no período matutino, 60 minutos por dia, de acordo com os critérios do American College of Sports Medicine (2002). Cada sessão era composta por exercícios de aquecimento, alongamento global, fortalecimento de membros superiores e tronco associados a padrão respiratório diafragmático, condicionamento aeróbico, e alongamento. Ao início da sessão era realizado a aquecimento sendo cinco minutos de caminhada em ritmo moderado. Após eram realizados alongamento global de membros inferiores, superiores e tronco. O condicionamento aeróbico era realizado caminhadas (Figura 9.1-a) em intensidade moderada, marcha lateral para ambos os lados (Figuras 9.1-b 9.1–c) e marcha para trás (Figura 9.1-d), compondo 20 minutos nas primeiras 4 semanas de atendimento, progredindo para 25 minutos e utilização de carga de 1Kg na extremidade dos membros inferiores dos indivíduos I e III, o indivíduo II, não utilizava carga em virtude do comprometimento avançado da articulação sacroilíaca, nas quatro semanas seguintes e após trinta minutos. Figura 9.1-a Figura 9.1-b 50 Figura 9.1-c Figura 9 – Aquecimento. Figura 9.1-d No fortalecimento de membros superiores e tronco, eram realizados exercícios de flexão de ombro (Figura 10.2-a) e rotação de tronco com abdução horizontal de ombro (Figura 10.2-b) e flexão de 90º graus ombro, com auxílio de bastões, associados ao padrão respiratório diafragmático, com duração de cinco minutos cada um, eram realizados exercícios de e abdução de ombros com alteres de espuma (Figura 10.2-c), arremesso de bola com todos os pacientes (Figura 10.2-d) todos os exercícios com água acima do nível dos ombros. Figura 10.2-a Figura 10.2-b Figura 10.2-c Figura 10.2-d Figuras 10 – Fortalecimento de membros superiores e tronco. 51 Ao final era realizado novamente o alongamento global dos pacientes de membros inferiores (Figuras 11.3-a, 11.3-b), membros superiores e tronco (Figura 11.3-c e 11.3-d). Figura 11.3-a Figura 11.3-b Figura 11.3-c Figura 11.3-d Figuras 11 - Alongamento de membros superiores e inferiores. Durante as sessões o Indivíduo II, apresentava exarcebação das dores na região sacroilíaca, portanto tinha necessidade de parar algumas vezes para descanso. Os Indivíduos I e III não tiveram dificuldades na realização do treinamento. 3.4 Instrumentos utilizados para a coleta de dados Para a pesquisa foram utilizados os seguintes instrumentos o para a coleta de dados: • Manovacuômetro. 52 Para mensuração da força muscular ventilatória foi utilizado o manovacuômetro da marca Gerar® (MVC300) aparelho que mede as pressões inspiratórias e expiratórias máximas, sendo quantificadas em centímetros d’água. Avaliando-se o conjunto dos músculos inspiratórios e expiratórios. Figura 12 – Manovacuômetro. • Espirômetro Para a mensuração das capacidades pulmonares foi utilizado o Espirômetro da marca Multispiro™., aparelho que mede o fluxo de ar nas vias aéreas ou brônquios, que compara os resultados obtidos com pessoas da mesma idade, altura, sexo, raça e etnia: • Capacidade pulmonar vital (CPV); • Capacidade vital forçada (CVF); • Volume expiatório forçado no primeiro segundo (VEF1); • Fluxo expiratório forçado entre 25 e 75% da capacidade vital (FEF25-75%); • Pico de fluxo expiratório (PFE); • Índice de Tiffeneau (VEF1/CVF). 53 Figura 13 – Espirômetro. 3.5 Procedimentos para a coleta de dados A coleta de dados foi realizada no período de agosto a novembro de 2005, na Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL – campus Tubarão/SC. Primeiramente todo o procedimento da coleta de dados foi explicada aos indivíduos da pesquisa. No mesmo dia foi iniciada a coleta de dados através da avaliação fisioterapêutica. A coleta de dados compreendeu uma consulta inicial denominada avaliação, realizadas um dia antes aos procedimentos terapêuticos, equivalentes há doze semanas. Os indivíduos realizaram um programa de exercícios aquáticos seguindo os critérios do American College of Sports Medicine (ACSM) (2002), três vezes por semana, com duração de sessenta minutos cada atendimento. Concluído o período de exercícios aquáticos foi realizada a reavaliação quarenta e oito horas após o término dos exercícios. Totalizando quarenta e oito atendimentos, um para avaliação, quarenta e seis de abordagem terapêutica e um para reavaliação. 3.5.1 Procedimentos utilizados na avaliação 54 Os procedimentos descritos a seguir foram utilizados para realização da avaliação e reavaliação, consistem em verificação da estatura e massa corpórea, espirometria, manovacuometria. A radiografia da coluna foi aplicada na avaliação com objetivo de identificar o grau de acometimento da doença, através da análise da articulação sacroilíaca. 3.5.1.2 Verificação da estatura e massa corpórea A mensuração da estatura e massa corpórea foi obtida através da balança antropométrica da marca Welmy, com carga máxima de 150 Kg, esses dados foram necessários para a utilização do programa que realiza os gráficos da espirometria. Para a verificação da massa e estatura, o indivíduo foi posicionado na balança antropométrica, sendo orientado a retirar os calçados, permanecendo com vestimenta leve. O mesmo foi instruído a permanecer na posição ortostática, com os membros superiores (MMSS) junto ao corpo e olhar voltado para o horizonte, aferindo assim a sua estatura e massa corpórea. A importância de se verificar estatura e massa corpórea seria porque para utilização do programa do aparelho espirômetro se faz necessária para correlacionar com as variáveis antropométricas e clínicas. Foi avaliado o índice de massa corporal (IMC), calculado pela fórmula peso/altura ao quadrado (KG/M2), de acordo com Zanchet, Viegas e Lima (2004), utilizado para diagnóstico nutricional, de acordo com a World Healt Organization: magreza (IMC< 18,5), eutrofia (IMC entre 18,5 e 24,9), pré-obesidade (IMC entre 25 e 29,9), obesidade grau I (IMC entre 30 e 30,9) obesidade grau II (IMC entre 35 e 39,9) e obesidade grau III (IMC>40). 55 3.5.1.2 Manovacuometria As pressões inspiratória e expiratória máxima (PImáx e PEmáx): a pressão inspiratória máxima foi aferida após o paciente expirar da capacidade pulmonar total (CPT) até o volume residual (VR) com subseqüente esforço inspiratório máximo contra uma válvula ocluída. A PEmáx foi obtida após o paciente inspirar do VR até a CPT e subseqüente esforço expiratório máximo contra uma válvula ocluída. Sendo os valores quantificados em centímetros d’ água. O protocolo realizado para avaliação das pressões inspiratórias e expiratórias máximas (PImáx e PEmáx) compreendeu as seguintes etapas: 1- O paciente foi colocado na posição sentada. 2- Os lábios do paciente eram pressionados contra um largo bocal achatado de borracha, o qual pôr conveniência é conectado a uma válvula tridimensional estrangulável. Segundo Azeredo (1999), o uso de um tubo de borracha tem sido interpretado por diversos estudiosos como causa de altas pressões, quando comparada a peça de bocal rígida colocada no interior dos lábios, podendo ocorrer em razão das propriedades elásticas da bochechas. 3- Foram fixados clipes nasais ao nariz do paciente para evitar vazamentos. 4- O paciente foi orientado a realizar uma ou mais respirações profundas quando a válvula é aberta e quando expira completamente o volume residual. 5- O paciente foi solicitado a inspirar e mais profundo e rápido possível, para atingir sua PImáx e mantê-la pôr mais de um segundo, através de estímulo verbal. 6- O procedimento foi realizado não mais de três vezes com cada paciente, permitindo-se um minuto de repouso entre os esforços. 56 7- O teste foi realizado também para avaliar a PEmáx, com a mesma rotina sendo realizado a partir da capacidade pulmonar total. 8- Nesse teste, foram acompanhados pelo fisioterapeuta onde não se permite escape de ar pressionando suas bochechas, e permitir o mínimo de pressão em torno da cavidade oral. 3.5.1.3 Espirometria A espirometria foi quantificada através do aparelho espirômetro, para verificar as capacidades pulmonares, como a capacidade pulmonar total (CPT), capacidade vital forçada (CVF), volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), fluxo expiratório forçado entre 25 e 75% da capacidade vital (FEF25-75%), pico de fluxo expiratório (PFE), e índice de Tiffeneau (VEF1/CVF). Para a realização do testes espirométricos, primeiramente foi realizada uma demonstração para o indivíduo das manobras e movimentos respiratórios que ele deveria realizar durante o exame, para que ficasse mais fácil o entendimento. • Primeiramente o paciente foi instruído a sentar-se; • Foi orientada a colocação de um clipe nasal e aclopamento dos lábios ao bocal do espirômetro hermeticamente; • Foi instruído então a realizar uma respiração normal, logo após que ao final da expiração realizasse inspiração forçada máxima, seguida sem interrupção, de expiração rápida e forçada durante um mínimo de seis segundos. Ao final da inspiração máxima que precede a expiração forçada, pausa inspiratória de no máximo três segundos; 57 • O teste foi realizado até serem obtidas três curvas reprodutíveis, considerando satisfatório quando a curva foi adequada, ou seja, pico de fluxo expiatório inicial o mais elevado o possível, seguido de queda homogênea dos fluxos e semelhantes nas manobras sucessivas, e quando os valores da VEF1 e CVF não diferiam mais de 5 %. • O teste foi realizado algumas vezes até conseguir a curva adequada, respeitando o limite de tentativas, que eram oito. 3.6 Procedimentos para a análise e interpretação de dados Após a coleta dos dados realizada durante a avaliação dos indivíduos onde foram expostos em forma de tabelas utilizando-se o Microsoft Excel. As variáveis foram descritas em média ± erro padrão médio, o método estatístico utilizado foi o teste de distribuição The Stundent pareado (p< 0,05). Segundo Ander Egg apud Rauen (2002), uma tabela tem a função de auxiliar o investigador, permitindo que ele “distinga semelhanças e diferenças em relações mediante a clareza e o relevo que a distribuição lógica presta a classificação.” Tem a função de simplificar os dados para melhor compreensão. Os gráficos serão utilizados assim como as tabelas para todos os dados coletados “[...] por vezes, os dados apresentados em tabelas são de difícil interpretação e a representação pictórica é mais acessível.” (RAUEN, 2002, p. 139), o gráfico utilizado foi o histograma de colunas. 58 4 ANÁLISE E DISCUSÃO DOS DADOS 4.1 Resultados Os resultados foram expressos em tabelas, (Tabela 1) foram representados os valores referentes aos efeitos do treinamento sobre as capacidades pulmonares dos pacientes com EA. Pela avaliação espirométrica as variáveis apresentaram os valores com média ± EPM (erro padrão médio): CVF (3,8 l ± 0,7l antes e 3,9 ± 0,6 l depois); VEF1 (antes 3,2 l ± 0,7 e 3,1 ± 0,8 após); VEF1 % (antes 83,2± 3,1% e após 78,7 ± 6,7%); FEF25-75%, (antes 3,4 ± 1,0 l e após 3,1 ± 1,4 l); PFE (antes 8,8 ± 1,5 l e após 8,3 ± 1,5 l); portanto, não apresentaram diferenças significativas após o período de treinamento (Tabela 1). Um paciente apresentou distúrbio ventilatório restritivo leve, devido à redução da CVF e VEF1 e índice de Tiffeneau normal (Tabela 1). 59 Tabela 1 – Efeitos do treinamento sobre as capacidades pulmonares de pacientes com EA. Os valores estão expressos em média ± de erro padrão médio. NS para p> 0,05 e S <0,05. Capacidades Antes Depois Significância CVF ¹ 3,8 l ± 0,7 3,9 ± 0,6 NS VEF1 ¹ 3,2 ± 0,7 3,1 ± 0,8 NS VEF1 ³ % 83,2%± 3,1 78,7% ± 6,7 NS FEF25-75%¹, 3,4 ± 1,0 3,1 ± 1,4 NS PFE ² 8,8 ± 1,5 8,3 ± 1,5 NS ¹ - Valores em litros; ² - Valor em l/min; -³Valor em porcentagem. Na tabela 2, foram representados os valores dos efeitos do treinamento sobre os músculos ventilatórios dos pacientes com EA. Já na manovacuometria, pode-se constatar que houve um aumento significativo de 15% na PEmáx, entre o início do treinamento (160,0±15,3cmH2O) e o final (183,3±16,7 cmH2O), melhorando a mecânica respiratória quanto a funções de tosse e expectoração. Entretanto a PImáx manteve-se inalterada, sendo no início do treinamento (183,3± 34,8 cmH2O) e o final (180,0±40,4 cmH2O) tabela 2. Tabela 2 – Efeitos do treinamento sobre os músculos ventilatórios de pacientes com EA. Os valores estão expressos em media ± de erro padrão médio. NS para p> 0,05 e S <0,05. Força Muscular Antes Depois PImáx ¹ 183,3± 34,8 180,0±40,4 NS PEmáx ¹ 160,0± 15,3 183,3±16,7 S Significância 1 – Valores em cmH2O Após a reavaliação do IMC os pacientes não apresentaram diferença significativa na massa corporal, após 12 semanas de exercícios na piscina. 60 4.2 Discussão Para Dagfinrund (2004), após uma meta-análise constatou que existe uma tendência favorável sobre os efeitos positivos da fisioterapia na manutenção da EA, e os novos exames dirigem outras intervenções terapêuticas das geralmente usadas na clínica. Segundo Peralta (2004), uma das principais intervenções no tratamento da EA, seria a manutenção da mobilidade torácica e expansão da caixa torácica que compromete muitas vezes a função pulmonar desses pacientes, assim como a excussão de exercícios respiratórios para a função dos músculos paravertebrais envolvidos na respiração, mantendo assim uma melhor função respiratória. O treinamento em ambiente aquático foi benéfico, devido às propriedades físicas da água, facilitando a realização do treinamento. Para Hernandes et al (2005), após treinamento aquático com quatro indivíduos com EA durante dez semanas, observou uma melhora qualidade de vida e capacidade funcional desses indivíduos. A diminuição da função pulmonar está freqüentemente relacionada com a diminuição da expansibilidade torácica para muitos autores, entretanto após estudos Sampaio Barros et al (1999), observou que defeito ventilatório restritivo não estava associado à restrição volumétrica causada pela anquilose das articulações costovertebrais, em pacientes de longa duração. Na avaliação da função pulmonar dos indivíduos da pesquisa pode-se constar um padrão ventilatório restritivo leve em um dos indivíduos, após a análise dos valores de VEF1 e CVF, que seria 4,15 e 5,2 (valores aproximados) respectivamente, sendo menor que 80% do predito. Segundo Pereira (1996), os resultados de VEF1 e CVF devem diferir menos de 0,2 . Após estudos, Sampaio (1999), avaliou a função pulmonar de 27 pacientes com EA, encontrou alteração em 81% dos pacientes, sendo o defeito restritivo encontrado em 48% dos 61 pacientes. A análise da função pulmonar através da espirometria não apresentou valores significativos após o período de treinamento aquático. A CPT, CRF, CI (Gráfico 1) no geral estavam dentro dos valores preditos, esse fato seria explicado segundo Seckin et al (2002), porque a função pulmonar dos pacientes com EA, estaria sendo mantida pela compensação diafragmática, devido a diminuição da complacência torácica. Gráfico 1 – Capacidades pulmonares em litros pré e pós treinamento aquático em pacientes com EA Henderson (2003), após um estudo de caso com um paciente com EA observou que expansão pulmonar na inspiração apresentou-se diminuída e a inspiração forçada estava acompanhada de um audível estridor. Entretanto pode-se observar que VEF1 encontrava-se um pouco diminuída em relação ao predito antes e após o treinamento aquático, mas com diferenças não significantes. Hernandes (2004), que após treinamento aquático em 10 semanas, observou uma redução da VEF1 em metade dos indivíduos e aumento na outra metade, diminuindo na reavaliação. A CVF encontrava-se um pouco diminuída relacionada ao previsto, mantendo o mesmo valor na reavaliação isto sugere que o treinamento diminuiu a progressão da doença 62 no que se refere à função pulmonar. (Gráfico 1). Esse resultado corrobora com os estudos de Seckin et al (2002), em que demonstrou que a capacidade do exercício do pacientes com EA, não está influenciada pela diminuição da complacência torácica e sim devido à falta de manutenção de uma atividade física moderada, junto com estilo de vida ativo. Foi possível observar uma diminuição após o treinamento aquático da FEF25-75%, mantendo-se ainda dentro dos valores preditos segundo Pereira (1996), a redução do FEF2575%, após estudos comparativos com análises anátomo-fisiológicos, seria em conseqüência de uma alteração histológica nas vias áreas periféricas. Esses resultados sugerem que não haveria, acometimento no que se refere à fibrose apical, geralmente assintomática, e, segundo Sampaio et al (1999), comum em doenças e longa duração, relacionada com a restrição da expansibilidade torácica (Gráfico 2). Segundo Pereira (1996), o PFE é um parâmetro expiratório esforço-dependente que reflete o calibre das vias aéreas proximais e ele pode ser usado como índice da capacidade de tossir. O PFE encontrava-se diminuído após o treinamento aquático com valores não significantes (como visto anteriormente no item 4.1), como podemos observar no Gráfico 2. Gráfico 2 – Valores espirométricos em litros por segundo pré e pós treinamento aquático em paciente com EA. 63 Seckin (2002), afirma que a pressão expiratória máxima (PEmáx) e a pressão inspiratória máxima (PImáx), estão correlacionadas com a expansão da caixa torácica. Vaderchuerem et al (1999), observaram que a força muscular respiratória estava preservada nos pacientes com EA devido à manutenção da força da musculatura intercostal. Após a avaliação da força muscular respiratória pode-se constar uma diminuição da PImáx não significante, diferentemente do resultado encontrado por Hernandes (2004), que após o treinamento observou um aumento da PImáx, após o treinamento de 37% em três dos quatro indivíduos treinados. Assim como nos estudos de Carter et al (1999), onde se constou um valor mais elevado na pressão inspiratória máxima (PImáx) no grupo com EA, comparado ao controle, o que significa que os pacientes com EA tiveram uma força muscular maior do que o grupo controle. Esses achados seriam devido à compensação diafragmática. Esses achados corroboram com os estudos de Souza Jr (2001), onde avaliou 17 pacientes com EA através da tomografia computadorizada e observou que não houve correlação entre alterações pleuropulmonares e grau de acometimento da coluna, entretanto observou redução da mobilidade parietal dos campos médio e superior, com aumento da mobilidade diafragmática. Na PEmáx foi possível observar um aumento significativo de 15% entre o início do treinamento e o final (Gráfico 3), sugerindo uma melhora nas funções de tosse e expectoração desses pacientes. Em virtude disso, para Carter et al (1999), concluíram em seus estudos que não há nenhuma correlação significativa entre a expansão da caixa torácica, função pulmonar e capacidade do exercício. Neste estudo concluíram que a força dos músculos periféricos era determinantemente mais importante, sugerindo então que o descondicionamento era o fator principal na capacidade reduzida do exercício, os músculos periféricos, explicariam 53% da capacidade do exercício. 64 Gráfico 3 – Valores da manovacuometria em centímetros d’ água pré e pós treinamento aquático em pacientes com EA. Segundo estudos de Zanchet; Viegas; Lima; (2004), após 12 semanas de exercícios aquáticos de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ocorreu uma aumento da PImáx, que seria decorrente ao condicionamento geral do paciente, uma vez que não realizado treino da musculatura respiratória e também não houve alteração no IMC. Foi observado que os exercícios aquáticos minimizaram a progressão da doença no que se refere à função pulmonar, isso seria confirmado também por Seckin et al (2002), onde neste estudo demonstrou que a função pulmonar dos pacientes não está influenciada somente pela limitação caixa torácica, mas sim devido a não manutenção de atividade física moderada junto com um estilo de vida ativo. Este estudo corrobora com os estudos de Chouri e Driusso (2004), onde após cinco meses de treinamento em solo e água de pacientes com EA observou, uma melhora na função pulmonar e qualidade de vida dos indivíduos pesquisados. Este trabalho confirma a importância do treinamento físico desses indivíduos. Esses achados são confirmados por Ghosh (2003), onde ele afirma que o tratamento fisioterápico para EA seria melhorar a mobilidade e vigor físico, prevenindo a redução da curvatura vertebral anormal. O tratamento físico deve incluir fisioterapia e exercícios 65 regulares contribuindo para diminuição da progressão da EA, mas não substitui o tratamento farmacológico. Para o autor o exercício físico é impossível com dor e infamação não controladas, entretanto a rigidez e a deformidade postural não são prevenidas apenas com drogas. . . 66 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS • Após a análise dos valores espirométricos pode-se verificar neste estudo que apesar da diminuição da complacência torácica causada pela doença, capacidade vital forçada (CVF) encontrava-se pouco diminuída, manteve-se no mesmo valor após o treinamento aquático, provavelmente devido à compensação diafragmática. • As capacidades pulmonar total e residual funcional (CPT) e (CRF) assim como capacidade inspiratória (CI) estavam dentro do previsto e permaneceram após o treinamento com valores não significantes. • O volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) em apenas um indivíduo encontrou-se diminuído antes e após o treinamento aquático em relação predito. Esse resultado provavelmente devido a o padrão pulmonar restritivo de acometimento da patologia. • O índice Tiffenau (VEF1/CVF) apresentou-se dentro dos níveis normais e permaneceu inalterada após o treinamento. • O fluxo expiratório forçado entre 25 e 75% da capacidade vital (FEF25-75%) encontrou-se dentro do predito, sugerindo não acometimento anátomo-funcional de vias aéreas periféricas, permanecendo o mesmo após o treinamento. • A pressão inspiratória máxima (PImáx), mostrou alterações não significantes. Devido à rigidez da caixa torácica desses pacientes, haveria um aumento da função do músculo 67 principal da inspiração o diafragma, para compensar a pouca mobilidade do gradil costal, fator importante para a mecânica da ventilação. • Após o treinamento aquático pode-se constar um aumento significativo na PE máx sugerindo que o descondicionamento seria então um fator importante para a capacidade cardio-respiratória desses pacientes. Esse resultado ressalta a importância de um programa de treinamento para os indivíduos portadores de EA, para diminuir a progressão da doença não só no acometimento músculo-esquelético, mas também uma melhora da função pulmonar. 68 REFERÊNCIAS AZEREDO, Carlos Alberto Caetano. Fisioterapia respiratória moderna. 3 ed. São Paulo: Manole. 1999. BUSS, Daniela Cristina, et al. Conceitos avaliação e tratamento da espondilite anquilosante: uma revisão de literatura. UNISUL, Tubarão – SC. 2000. CARTER, R; RIANTAWAN, P. An investigation of factors limiting aerobic capacity in patients with ankylosing spondylits. Respiratory Medicine. 1999. Oct. 700-8. CHOURI, Tatiane Melloni; DRIUSSO, Patrícia. Tratamento fisioterapêutico de pacientes com espondilite anquilosante. 2004. UMESP. Disponível em: <http//www.usp.br>. Acesso em: fev. 2005. COBRA, Castor; COBRA, Alessandra. Espondilite anquilosante. 2006. Disponível em: <http//www.reumatismo.med.br/espnd.anq.>. Acesso em 25 abr de 2006. COSTA, Dirceu. 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Assim informo que estou ciente dos procedimentos que serei submetido, concordando com os mesmos e que posso abandonar. Tubarão (SC) em ____/____/____ Assinatura do avaliado:__________________________________________________ Assinatura do avaliador:____________________________________________________