MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME MDS FUNDAÇÃO DE APOIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO R.G. DO SUL FAURGS REDE INTEGRADA DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL - R E D E S A N - 2 0 0 8 CURSO DE FORMAÇÃO DE GESTORES DE RESTAURANTES POPULARES – 2008 PRODUÇÃO TEXTUAL FINAL A Importância das Boas Práticas de Fabricação para o Bom Funcionamento do Restaurante Popular. Eva de Vasconcelos Lima Indira Gaide de Aguiar Cavalcante Sobral-CE 2008 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME MDS FUNDAÇÃO DE APOIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO R.G. DO SUL FAURGS REDE INTEGRADA DE EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL – R E D E S A N - 2 0 0 8 CURSO DE FORMAÇÃO DE GESTORES DE RESTAURANTES POPULARES – 2008 PRODUÇÃO TEXTUAL FINAL A Importância das Boas Práticas de Fabricação para o Bom Funcionamento do Restaurante Popular. Eva de Vasconcelos Lima Sobral/ CE (088) 9232-1979/3611-2874 [email protected] Indira Gaide de Aguiar Cavalcante Sobral/ CE (088) 9958-7557/3611-2013 [email protected] ORIENTADORES: Coordenadores, Professores e Tutores REDESAN-2008 Trabalho apresentado como requisito para conclusão do Curso FGRP-2008 INTRODUÇÃO O Projeto Restaurante Popular é uma iniciativa do Governo Federal, através do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome/ Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, numa perspectiva de implementar a política de segurança alimentar e de garantir o acesso a uma alimentação saudável de baixo custo a população carente, que por força da distância entre o local de trabalho e a moradia, do ritmo acelerado da vida atual, passam a lançar mão de uma alimentação inadequada como sanduíches, frituras, etc., na tentativa de buscar o alimento mais barato, passam a comprometer sua saúde quando consomem alimentos de baixo valor nutricional e/ou com precárias condições higiênico-sanitárias. As Boas Práticas de Fabricação de Alimentos (BPFA) abrangem um conjunto de medidas que devem ser adotadas pelos estabelecimentos que comercializam alimentos a fim de garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos alimentícios com os regulamentos técnicos. A legislação sanitária federal regulamenta essas medidas em caráter geral, aplicável a todo o tipo de estabelecimentos de alimentos. A mesma consiste de um manual onde são descritos procedimentos de nível sanitários que vão desde normas de construção específicas, com a finalidade de prevenir a entrada de pragas (roedores, insetos, pássaros e outras espécies de animais) e facilitar a manutenção de higiene das instalações industriais, estocagem e transporte até os cuidados no cadastramento de fornecedores das matérias primas, no seu recebimento, estocagem e manuseio, na elaboração, transporte e distribuição dos alimentos. As normas descritas no manual devem ser conhecidas e praticadas por todos os colaboradores da empresa, em maior ou menor profundidade, dependendo da área de atuação de cada um. A conscientização e o treinamento dos colaboradores quanto às mesmas é fundamental É de suma relevância que todos os equipamentos de SAN (Segurança Alimentar e Nutricional), principalmente o Restaurante Popular pelo seu volume de refeições, tenham noções da importância e benefícios do cumprimento das Boas Práticas de Fabricação para se atingir um padrão de qualidade dos produtos comercializados ou distribuídos. A partir daí pode-se oferecer alimentos com total segurança, evitando doenças transmitidas por alimentos e melhorar o valor nutricional dos mesmos. DESENVOLVIMENTO Tendo como referência os princípios e diretrizes do Programa Fome Zero no que diz respeito à promoção de ações que visem à garantia de segurança alimentar e nutricional, proporcionando a todos os cidadãos e cidadãs o acesso a uma alimentação digna com regularidade, qualidade e quantidade suficientes, o município de Sobral vem possibilitando o acesso a uma refeição balanceada a preço popular a todos os indivíduos em situação de insegurança alimentar. O Restaurante Popular de Sobral foi inaugurado no dia 30 de dezembro de 2004 e aberto ao público dia 20 de maio de 2005. Funcionando de segunda a sexta das 11h00 às 14h00 e com atendimento médio de 1200 refeições/dia, tendo em vista que uma parcela da população tem uma única refeição durante o dia, assim este um dos principais atrativos do restaurante. A alimentação é preparada sob a supervisão de uma nutricionista garantindo uma alimentação segura sob os aspectos higiênico-sanitários. A segurança dos alimentos tem por objetivo principal garantir que o consumo de um alimento não cause nenhuma forma de prejuízo ao consumidor. Sua prática está fundamentada na implantação de um sistema de qualidade denominado Boas Práticas, composto de princípios e regras desenvolvidos para garantir a qualidade higiênicosanitária dos alimentos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio da Resolução de Diretoria Colegiada RDC n°216/2004 de 15 de setembro de 2004 do Ministério da Saúde estabeleceu procedimentos de Boas Práticas em alimentos para garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado pronto para o consumo. Com isso a ANVISA objetivou proteger a saúde da população, aperfeiçoar as ações de controle sanitário e proporcionar a melhoria das condições higiênico-sanitárias dos alimentos preparados. Os segmentos de alimentação englobados pela RDC 216/2004 são: cantinas, bufês, comissárias, confeitaria, delicatessens, lanchonete, padaria, pastelaria, restaurantes, cozinhas industriais, cozinhas institucionais e outros estabelecimentos congêneres. Os itens exigidos para implantação das Boas Práticas são: Edificação e instalações O fluxo de preparo de alimentos não deve permitir o cruzamento de áreas sujas (de preparo / recepção) com as das áreas limpas (preparo /distribuição); deve existir acesso independente à área de manipulação; a dimensão das áreas precisa ser compatível com todas as operações; as instalações físicas devem ser de revestimento liso, impermeável e lavável; equipamentos; sanitários e vestuários sem comunicação com as áreas de manipulação e os lavatórios exclusivos para higiene das mãos na área de manipulação. Todas as recomendações de edificação e instalação física são encontradas na Portaria da ANVISA N°216/04. Higiene A maior parte das principais medidas que devem ser adotadas no combate às contaminações estão diretamente ligadas à boa higiene. Higiene Ambiental A higiene ambiental compreende as operações de higienização da estrutura físicas, dos equipamentos bancadas de trabalho e utensílios, realizadas de maneira freqüente para minimizar os riscos de contaminação dos alimentos. Para higienizar com segurança um ambiente é importante compreender a diferença ente limpeza e sanitização. Limpeza é o ato de remover substâncias visíveis indesejáveis como: terra, poeira, gordura, restos de comida e outras sujidades, utilizando água potável e detergente. Sanitização ou desinfecção significa remover ou reduzir a nível aceitável os microorganismos, invisíveis a olho nu utilizando o calor ou produtos químicos: cloro e o álcool a 7%. A manutenção de limpeza e sanitização devem ser feitas por profissionais treinados para este fim; deve existir também programa de higienização freqüente e descrição dos procedimentos de limpeza. Os produtos químicos utilizados para os processos de higiene precisam ser registrados no Ministério da Saúde para assegurara a qualidade e eficiência dos mesmos. Higiene Pessoal Os seres humanos são os principais causadores das contaminações e carregam em todo seu corpo diferentes bactérias, incluindo muitas causadoras de doenças que podem ser transmitidas a outros seres humanos através dos alimentos. Por isso é fundamental que as pessoas que manipulam alimentos mantenham práticas higiênicas que incluem: Tomar banho todo dia; Fazer barba e bigode; Manter as unhas curtas e limpas, sem esmalte e sem base; Usar desodorante suave; Utilizar uniforme limpo e sapato fechado; Manter cabelos curtos e protegidos; Escovar os dentes após as refeições; Higienizar as mãos de maneira correta; Não utilizar adornos (anéis, cordões, entre outros); Não fumar. Controle de pragas Faz-se necessário a implantação de barreiras físicas contra o acesso de pragas nas áreas de manipulação de preparação além de um controle químico realizados por empresas especializadas para impedir a atração, abrigo, acesso ou proliferação de pragas; não esquecendo do bom acondicionamento e retirada freqüente do lixo. Em um Restaurante Popular esse controle deve ser rigoroso, uma empresa especializada deve ser responsável pela dedetização sendo a periodicidade a cada 30 dias, evitando assim uma infestação de pragas. Abastecimento de água A água é um dos maiores veículos de contaminação humana, podendo apresentar microrganismos patogênicos, parasitas e substancia tóxicas. Por esse motivo, os estabelecimentos que trabalham com manipulação de alimentos, devem ter um cuidado especial para com a qualidade da água. Utilizando somente água potável, que deve ser límpida, transparente, insípida e inodora. Para garantir a qualidade da água utilizada para a produção de alimentos a caixa d’água, cisternas e tubulações devem ser limpas e desinfectadas a cada 6 meses mediante a laudos laboratoriais. Aquisição de alimentos Para fornecer alimentos seguros é de suma importância a construção de barreiras sanitárias contra as contaminações em cada uma das etapas do fluxo de produção existente desde a compra de matéria prima até a distribuição dos alimentos. Adquirir produtos de boa procedência é fundamental para garantir a qualidade higiênico-sanitária do produto final. Esse procedimento deve ser planejado e controlado, para que atenda as necessidades em relação à qualidade e quantidade das matérias primas. Recebimento O recebimento é o primeiro contato do restaurante com o alimento, o que deve ser realizado em área específica, mantida organizada e muito limpa. As matérias primas, os ingredientes e as embalagens devem ser submetidos a: inspeção; conferencia de peso; checagem de prazo de validade; temperatura dos alimentos e o selo de qualidade. Armazenamento Após a conferência e aprovação as matérias primas devem ser armazenadas em condições adequadas, que evitem sua deterioração ou quaisquer danos a elas, assim devem ser obedecido critério de segurança em todas as operações. As matérias primas devem ser armazenadas de acordo com as especificações do fabricante. O acondicionamento deve ser realizado em local limpo e organizado; a disposição dos produtos deve obedecer à data de fabricação, de forma que as primeiras mercadorias recebidas deverão ser as primeiras consumidas. Os alimentos não-perecíveis devem ser armazenados sobre paletes, estrados ou prateleiras respeitando o espaçamento mínimo necessário para garantir a adequada ventilação. Os alimentos perecíveis devem atender aos critérios de temperatura. Os alimentos congelados devem ser armazenados a -18°C com tolerância de até -12°C, já os refrigerados são armazenados à uma temperatura de 4°C a 6°C. Os alimentos resfriados podem ser mantidos de 6 a 10°C conforme especificação do fabricante. Os alimentos devem passar por uma pré-lavagem antes de serem estocados. Os produtos destinados à limpeza precisam ser guardados em local diferente dos alimentos, um local seco, arejado, limpo e organizado, evitando assim uma possível contaminação química dos alimentos. Pré-preparo e preparo São etapas onde os alimentos sofrem modificações através da seleção, higienização, cortes, escolha, moagem e/ou adição de outros ingredientes, além do processo de descongelamento. Neste momento há uma maior manipulação dos alimentos, aumentando os riscos de ocorrência da contaminação cruzada, que se dá com a transferência de contaminantes de um determinado local, superfície ou alimento para outros alimentos e superfícies através de utensílios, equipamentos, mãos, entre outros. O controle da higiene, da temperatura e do tempo é muito importante no combate à contaminação. Cocção É neste processo que os alimentos sofrem transformações através da aplicação do calor. É exigido que o alimento atinja a temperatura mínima de 74°C para garantir que os microrganismos sejam eliminados (conforme resolução RDC N°216/04). O tempo e a temperatura de cocção a que o alimento é submetido é um ponto essencial para o controle da contaminação biológica, sendo que a temperatura indicada normalmente refere-se aquela medida no centro geométrico do alimento, enquanto o tempo de cocção refere-se ao mínimo recomendado para que o alimento permaneça na temperatura adequada. Distribuição Durante a distribuição os alimentos prontos para o consumo podem estar expostos a novas contaminações, além do risco de contaminação dos microrganismos que possam ter sobrevivido às outras etapas de preparação de alimentos. Portanto nessa etapa é necessário tomar providência para evitar novas contaminações e assegurar o correto controle de tempo e temperatura, tanto para os alimentos frios, expostos em balcões refrigerados, como para os quentes expostos em banho-maria e balcões aquecidos. CONLCUSÃO O Restaurante Popular de Sobral tem implantado as BPFA e com isso alcançouse a diminuição do desperdício, aquisição de matéria-prima de boa qualidade, uma melhor conservação de seus gêneros, economia no uso dos produtos de limpeza, proteção à saúde da população, melhoria da qualidade do serviço, produção de alimentos confiáveis e seguros, cumprimento da legislação e inexistência de surtos causados por doenças transmitidas por alimentos. Os colaborados do estabelecimento precisam estar envolvidos no processo de implantação e manutenção das Boas Práticas, por isso treinamentos periódicos devem ser realizados para encorajar a equipe. Todas as etapas do Manual de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos (BPFA) são de fundamental importância para garantir a saúde do usuário do Restaurante Popular. Por se trabalhar com uma grande variedade de pessoas tem-se a obrigação de garantir a inocuidade do alimento que é servido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria RDC N°216, 15 de setembro de 2004. Manual de Elementos de Apoio para o Serviço APPCC. Rio de Janeiro, SENAC/DN, 2001, Projeto APPCC Mesa – Convênio CNC/CNI/SEBRAE/ANVISA. SILVA JR, Eneo Alves. Manual de Controle Higiênico-Sanitário em Alimentos. Varela, 6ª edição, 2005, São Paulo. ABRC – Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas – “Manual de Práticas de Elaboração e Serviço de Refeições para a Coletividade”, 3ª edição, 1998, São Paulo.