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A montanha-russa
de Kelvin
Revelação da última edição da competição, o atacante
ex-Gama quase foi para o Atlético-PR, mas uma pubalgia
travou o negócio. Agora, no Anápolis, ele será operado
Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press
» LORRANE MELO
Longe do bolso
a mesma velocidade em
que apareceu como revelação do Gama, Kelvin regrediu na carreira. Mas, sonha
ele, por pouco tempo. Diagnosticado com pubalgia, o atacante
aguarda pela cirurgia e já sonha
com o retorno aos gramados.
“Vítima” da cultura pop dos
anos 1980 e 1990, Kelvin foi assim
batizado para homenagear os gêmeos Kléber e Kelvin, que faziam
sucesso com a música sertaneja e
o cabelo ao estilo de Chitãozinho
e Xororó. Da mãe, Kátia, recebeu o
primeiro nome. Do pai, o segundo: Gibson. Seu José de Arimatea
era apaixonado por filmes de ação,
principalmente de Mel Gibson.
Mas, mesmo longe da música e do cinema, o atacante fez
arte. Um drible contra o Ceará,
durante a Copa do Brasil do ano
passado, o colocou na mídia, e
o jovem, então com 20 anos,
deixou o Gama — onde ganhava
R$ 1 mil por mês — para integrar
o elenco do Atlético-PR.
E foi aí que a carreira de Kelvin
mudou. Mas para pior. Sua passagem pelo Furacão durou apenas duas semanas. No Paraná, os
médicos descobriram, por meio
de uma ressonância magnética,
que o atacante sofria de uma inflamação no púbis e o rejeitaram.
O atleta voltou para casa antes
mesmo de assinar contrato.“Nem
cheguei a jogar”, recorda. Sem
clube, Kelvin ficou parado por
quatro meses até que o Anápolis,
O contrato de Kelvin com o Gama ia
até 31 de maio de 2012, com multa
rescisória de R$ 600 mil. No entanto,
como a transferência do atacante
ocorreu depois do prazo, o alviverde
não lucrou com a venda. A diretoria
da equipe ainda ofereceu uma nova
proposta, mas a família do jogador
achou os valores baixos.
N
que disputa a elite do Campeonato Goiano, se ofereceu para realizar o tratamento.
Lá, Kelvin fez duas semanas de
fisioterapia. Voltou aos treinos e,
durante a corrida, as dores fortes
na virilha voltaram. O suficiente
para os médicos do tricolor indicarem uma cirurgia. A operação
deve ocorrer na semana que vem.
Enquanto não chega o dia, ele
descansa no alojamento do clube,
dividido com outros dois atletas.
As dores já eram comuns nos
tempo de Gama, mas não tão frequentes. “Eu treinava normalmente e sentia dor quando chegava em casa. Não olhei o que era e
piorou”, conta, ainda desapontado. “É ruim ficar sem jogar”, diz,
sabendo que ainda há chance de
retomar a promissora carreira.
“Dois jogadores no clube fizeram
a cirurgia e estão jogando bem”,
argumenta o rapaz.
Por enquanto, Kelvin recebe uma
ajuda de custo. O salário começará a
ser pago quando voltar aos treinamentos, mas ele diz ser maior do
que o que recebia do alviverde.
Perto do
rebaixamento
Em sétimo lugar na classificação
geral, liderada pelo Goiás, o
Anápolis só venceu uma partida
em sete jogos. A 11 rodadas do fim
da primeira fase, a equipe corre o
risco de cair para a segunda
divisão. Está a apenas três pontos
de distância do Grêmio Anápolis.
Quem é ele
Nome: Kelvin Gibson Nascimento
Data de nascimento: 6/2/1992
Local: Brasília (DF)
Peso: 66kg
Altura: 1,67m
Posição: Atacante
Clubes: Santa Maria-DF, Gama,
Atlético-PR e Anápolis-GO
Saiba mais
A cirurgia de pubalgia é
simples e visa tirar a pressão
do osso, como explica
Montenegro. Depois dela, o
paciente demora cerca de
quatro meses para retomar
as atividades.
Pelo Gama, atacante ganhou destaque nacional após dar
um drible em jogador do Ceará, na Copa do Brasil do ano passado
Doença afeta
jogadores de futebol
A pubalgia é mais comum
em jogadores de futebol, atingindo apenas 5% dos outros esportistas, segundo o médico do
Anápolis. Ela consiste em uma
inflamação no púbis, osso que
se localiza no fim do músculo
do abdome.
Essa “dor na virilha”, como é
comumente chamada, pode
ser confundida com outras enfermidades, de acordo com o
ortopedista e traumatologista
do Esporte, Marcus Montenegro. “É preciso consultar um
médico para fazer essa diferenciação e extinguir a possibilidade de uma hérnia, algo
mais grave”, diz.
Geralmente, a pubalgia é ocasionada por um trauma após muito esforço, causando um desequilíbrio muscular. A lesão também é
mais frequente em homens, já
que a bacia da mulher se adapta
melhor aos impactos.
Há duas formas de tratamento:
a clínica e a cirúrgica. Porém, antes
de tudo, é preciso fazer uma classificação da lesão, que vai de grau 1,
quando o atleta sente dor durante
o jogo, ao 4, quando é sentida até
parado. No primeiro tratamento,
um anti-inflamatório é prescrito, e
o paciente tem de ficar em repouso
por, pelo menos, 30 dias, além de
fazer fisioterapia para fortalecer e
reequilibrar os músculos.
7
Número de gols marcados
por Kelvin com a
camisa do Gama
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