ivelise maria moreira avaliação do processo diagnóstico das

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IVELISE MARIA MOREIRA
AVALIAÇÃO DO PROCESSO DIAGNÓSTICO
DAS DOENÇAS DO APARELHO DIGESTÓRIO ALTO
EM PACIENTES HIV-1 POSITIVOS, ATENDIDOS NO
INSTITUTO DE INFECTOLOGIA “EMÍLIO RIBAS”:
PROPOSTA DE NORMALIZAÇÃO DOS
PROTOCOLOS DE INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Infecções e Saúde Pública
da Coordenação dos Institutos de Pesquisa para
obtenção do Título de Mestre em Ciências.
Área de Concentração: Infectologia em Saúde
Pública.
Orientadora:
Kuschnaroff
São Paulo
2003
Profa.
Dra.
Tuba
Milstein
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pelo Centro Técnico de Documentação/GTIS/CPS/SES
reprodução autorizada pelo autor
Moreira, Ivelise Maria
Avaliação do processo diagnóstico das doenças do aparelho
digestório alto em pacientes HIV-1 positivos atendidos no Instituto de
Infectologia “Emílio Ribas” : proposta de normalização dos protocolos de
investigação diagnóstica / Ivelise Maria Moreira -- São Paulo, 2003.
Dissertação (mestrado) - - Programa de Pós-Graduação da
Coordenação dos Institutos de Pesquisa da Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo
Área de concentração: Infectologia em Saúde Pública
Orientador: Tuba Milstein Kuschnaroff
1.HIV-1/patogenicidade 2. Síndrome de imunodeficiência
adquirida/fisiopatologia 3. Sistema digestório/patologia 4. Técnicas de
diagnóstico do sistema digestório
SES/CIP/CTD-021/03
Dedicatória
__________________________________________________________________________________________
Aos meus pais (in memorian),
responsáveis pela minha formação
e tudo o que consegui realizar até hoje.
Aos meus queridos sobrinhos e sobrinhas que
sempre foram o estímulo para que eu
continuasse a lutar pelos meus ideais,
e as minhas afilhadas, Vanessa e Amanda.
Agradecimentos
__________________________________________________________________________________________
Meus sinceros agradecimentos à Professora Doutora Tuba Milstein Kuschnaroff,
minha orientadora, sempre presente e sempre me incentivando, tendo sido de suma
importância para a conclusão deste trabalho.
Agradeço, em especial, ao meu querido amigo Professor Doutor Silas Pereira
Barbosa Jr., que acreditou e me incentivou nas horas mais difíceis durante a
realização deste trabalho, sendo incansável em todos os momentos, e, também, à
Solange Savério pelo apoio e compreensão.
Ao Dr. Renato Curti Jr., diretor do Serviço de Patologia do I.I.E.R., que concedeu o
material para a realização deste estudo..
Ao Dr. Richard Calanca, chefe do serviço de Endoscopia do I.I.E.R., que permitiu
livre acesso aos laudos dos exames, fornecendo o material ilustrativo deste
trabalho.
Às Dras Cândida Maria Paradela e Fabiana César Gabas Kallas do Serviço de
Endoscopia.
Aos amigos da enfermaria do 4º andar, Dr. Alexandre, Dra. Elisa, Dra. Heloisa, Dr.
Ícaro, Dra. Mara, Dra. Maria do Socorro, Dra. Miriam, Dra. Sandra e Dr. Marcelo,
que sempre me apoiaram e incentivaram em todos os momentos.
Aos amigos do ambulatório Dra Ana Carla, Dr Ângelo, Dr Édson, Dra Margareth e
Dra. Rúbia Jalva, que me apoiaram durante minha ausência.
Ao Dr Alcides, meu afilhado e residente do terceiro ano do 4ª andar, que esteve
sempre pronto a me ajudar durante o desenvolvimento deste estudo.
Agradecimentos
__________________________________________________________________________________________
Aos funcionários do serviço de Endoscopia Patologia e Laboratório Clínico,
especialmente à Sra Fátima Takako Yamada.
Ao Sr. Francisco Pedro do Nascimento da Easy Systems pelo apoio nos serviços de
computação.
Ao Marcelo Barbosa e Elizabeth Prioste Henriques do Serviço de Documentação
Científica pelo apoio nas pesquisas bibliográficas.
Às funcionárias do setor de Pós-Graduação, Mônica Ferreira Dias, Margarete Leme
Costa Carle, pela paciência que tiveram comigo.
À Sueli Hessel da Associação dos Médicos que esteve sempre pronta a me ajudar.
Aos funcionários do 4° andar, em especial à enfermeira Stella, pela ajuda constante.
À Myuki e Gustavo, pela paciência durante o final do trabalho.
Agradeço, em especial, à minha cunhada Margaret (in memorian), pelo seu incentivo
e colaboração no início deste trabalho, e ao meu querido irmão Nelson pelo apoio
incondicional.
A minha querida prima Cecília que tanto me ajudou durante a elaboração desta
dissertação.
A minha amiga Vera Helena pelo apoio e incentivo durante a realização do trabalho.
A minha querida Minda, que sempre me incentivou na conclusão desta dissertação.
Ao Marco Antônio e Yádia, meus queridos primos, pelo apoio durante o período de
realização deste trabalho.
Agradecimentos
__________________________________________________________________________________________
Aos meus tios queridos e padrinhos pelo apoio incondicional em momentos tão
difíceis da minha vida.
À querida “Nitinha” pelos dias em que ficou ao meu lado, sempre confiante e solícita.
Aos queridos Sr Flávio e Bê pela ajuda durante a minha ausência durante todo ano.
Aos pacientes deste hospital que contribuíram imensamente para a realização desta
dissertação.
Lista de Siglas
__________________________________________________________________________________________
LISTA DE SIGLAS
AAS
Ácido Acetilsalicílico
ADA
Aparelho Digestório Alto
AIDS
Acquired Immunodeficiency Syndrome (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida)
AINH
Antiinflamatórios Não-Hormonais
BAAR
Bacilo Álcool - Ácido Resistente
CCR3
Chemoatractant Citokine Type 3
CCR5
Chemoatractant Citokine Type 5
CD4
Cluster of Differenciation 4
CDC
Center for Diseases Control
CLT
Cytotoxic T Lymphocytes (Linfócitos T Citotóxicos)
CMV
Citomegalovírus
Cry
Cryptosporidium
CXCR4
Couple Chemokine Receptor
DNA
Ácido Desoxirribonucleico
DUO
Duodeno
EBV
Epstein-Baar Virus
EDA
Endoscopia Digestiva Alta
EDM
Edematosa
ELISA
Enzyme-Linked Immunosorbent Assay
ENM
Enantemática
ERS
Erosiva
ESF
Esôfago
EST
Estômago
GCA
Gastrite Crônica Ativa
Lista de Siglas
__________________________________________________________________________________________
GDU
Gastroduodenal Ulcers (Úlceras Gastroduodenais)
GERD
Gatroesophageal Reflux Disease (Doença do Refluxo Gastroesofágico)
GI
Gastrointestinal
gp120
Glicoproteína 120
HAART
Highly Active Antiretroviral Therapy (Terapêutica Antiretroviral de Elevada Eficácia)
HIV/SIV
Human Immunodeficiency Virus / Simian Immunodeficiency Virus
HIV-1
Vírus da Imunodeficiência Humana Tipo 1
HPV
Human Papiloma Virus (Papiloma Vírus Humano)
HSV-1
Vírus Herpes Simples Tipo 1
HSV-2
Vírus Herpes Simples Tipo 2
I.I.E.R.
Instituto de Infectologia “Emílio Ribas”
I.A.L.
Instituto Adolfo Lutz
IL1
Interleucina 1
IL6
Interleucina 6
IL8
Interleucina 8
MAC
Mycobacterium Avium Complex (Micobactérias do Complexo Avium)
NK
Natural Killer
PAS
Ácido Periódico de Schiff
PCR
Polymerase Chain Reaction (Reação de Polimerização em Cadeia)
RNA
Ácido Ribonucleico
SIV
Simian Immunodeficiency Virus (Vírus da Imunodeficiência do Símio)
SK
Sarcoma de Kaposi
T CD4+
Linfócito T Classe ll do Complexo de Histocompatibilidade Principal
T CD8+
Linfócito T Classe l do Complexo de Histocompatibilidade Principal
TC
Tomografia Computadorizada
TEG
Transição Esofagogástrica
Lista de Siglas
__________________________________________________________________________________________
TNF-α
Fator de Necrose Tumoral Alfa
UEI
Úlcera Esofágica Idiopática
UG
Úlcera Gástrica
UGD
Úlcera Gastroduodenal
ULC
Ulcerada
WB
Western Blot
RESUMO
Resumo
___________________________________________________________________________________________
RESUMO
Foram analisados os resultados de 348 exames de Endoscopia Digestiva Alta
(EDA), realizados na Seção de Endoscopia e processados pela Seção de Anatomia
Patológica do Instituto de Infectologia “Emílio Ribas” (I.I.E.R.) no período de janeiro
a setembro de 2002.
As informações foram extraídas das solicitações de EDA, assim como dos
laudos da Seção de Endoscopia e da Seção de Anatomia Patológica. Foram
estudados a incidência, localização, topografia segmentar, multiplicidade e tipo de
lesões e os diagnósticos etiológicos das afecções do esôfago, estômago e duodeno.
Muito embora o objetivo inicial deste estudo tenha sido o de pesquisar a
incidência de afecções no Aparelho Digestório Alto (ADA) de pacientes portadores
do Vírus da Imunodeficiência Humana do Tipo 1 (HIV-1), várias falhas técnicas no
processo diagnóstico não permitiram a sua conclusão. Porém, os resultados obtidos
possibilitaram uma análise do processo diagnóstico das afecções do ADA, utilizado
no I.I.E.R., dando origem a Proposta de Protocolo Diagnóstico para o Corpo Clínico
e Seções de Endoscopia e de Anatomia Patológica (APÊNDICE 4).
ABSTRACT
Abstract
__________________________________________________________________________________________
ABSTRACT
The results of 348 Upper Endoscopy Procedures (UEP) carried out at the
Endoscopy Service and processed by the Pathology Service of Instituto de
Infectologia “Emílio Ribas” (I.I.E.R.), São Paulo - Brazil, between January and
September 2002, were reviewed.
Data were obtained from the endoscopy request forms and endoscopy and
pathology reports. The incidence, localization, segmentar topography, multiplicity,
type of lesion and aetiology of the abnormalities of the oesophagus, stomach and
duodenum were studied.
Although the initial aim of this study were focused on the research of affections
incidence in the Upper Digestive Tract (UDT) of Human Immunodeficiency Virus
Type 1 (HIV-1) patient, the conclusion of this step was not possible due to several
technical failures in the diagnosis process. However, an analysis of the diagnostic
process of the afections of UDT, used in I.I.E.R., were provided by the obtained
results, raising the Proposal of Diagnostic Protocol for the Clinical Staff and Sections
of Endoscopy and of Pathological Anatomy (APPENDIX 4).
Sumário
__________________________________________________________________________________________
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE TABELAS, FIGURAS E APÊNDICES
LISTA DE SIGLAS
1
INTRODUÇÃO .............................................................................................
1.1 MECANISMOS
DE ENTRADA DO
VÍRUS
DA IMUNODEFICIÊNCIA
21
HUMANA
TIPO 1 (HIV-1) NA MUCOSA DO TRATO DIGESTÓRIO .............................
23
1.1.1 Ação direta do vírus .............................................................
23
1.1.2 Função da mucosa gastrintestinal na infecção pelo Vírus
da Imunodeficiência Humana Tipo 1 (HIV-1) .......................
24
Sumário
__________________________________________________________________________________________
1.2 DOENÇAS
DO
APARELHO DIGESTÓRIO ALTO (ADA)
DA NA INFECÇÃO
...............
27
1.2.1 Doenças infecciosas ............................................................
28
PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA TIPO 1 (HIV-1)
1.2.1.1
Infecções por fungos..............................................
28
1.2.1.2
Infecções por vírus ................................................
31
1.2.1.3
Úlceras Esofágicas Idiopáticas (UEIs) ..................
35
1.2.1.4
Infecções por bactérias .........................................
36
1.2.1.5
Infecções por protozoários ....................................
43
1.2.2 Doenças não infecciosas do Aparelho Digestório Alto
(ADA) ...................................................................................
46
1.2.2.1
Neoplasias ............................................................
47
1.2.2.2
Doenças induzidas por medicamentos .................
48
1.3 DIAGNÓSTICO
DAS DOENÇAS DO
APARELHO DIGESTÓRIO ALTO (ADA)
EM PACIENTES POSITIVOS PARA O
VÍRUS
DA
IMUNODEFICIÊNCIA
HUMANA TIPO 1 (HIV-1) ....................................................................
50
1.3.1 Diagnóstico clínico ...............................................................
50
1.3.2 Estudo radiológico das doenças do Aparelho Digestório
Alto (ADA) em pacientes positivos para o Vírus da
Imunodeficiência Adquirida Tipo 1 (HIV-1) ..........................
1.3.3 Diagnóstico
endoscópico
das
doenças
do
54
Aparelho
Digestório Alto (ADA) em pacientes positivos para o Vírus
da Imunodeficiência Adquirida Tipo 1 (HIV-1) ......................
56
Sumário
__________________________________________________________________________________________
1.3.4 Diagnóstico etiológico das lesões do aparelho digestório
alto, identificadas no exame de endoscopia ........................
65
1.4 ACHADOS ENDOSCÓPICOS E DIAGNÓSTICO PRESUNTIVO ...............................
73
OBJETIVOS ...............................................................................................
78
2.1 ESPECÍFICOS ....................................................................................
78
2.2 GERAL .............................................................................................
78
METODOLOGIA ..........................................................................................
80
3.1 DADOS DEMOGRÁFICOS .....................................................................
80
3.2 AVALIAÇÃO DAS SOLICITAÇÕES DE ENDOSCOPIA ..................................
81
3.3 AVALIAÇÃO ENDOSCÓPICA .................................................................
81
2
3
3.3.1 Descrição do protocolo do Instituto de Infectologia “Emílio
Ribas” (I.I.E.R.) ....................................................................
81
3.3.2 Alterações estudadas nos laudos de endoscopia ................
82
3.4 DIAGNÓSTICO ANATOMOPATOLÓGICO .................................................
83
3.4.1 Descrição do protocolo ........................................................
83
3.4.2 Alterações estudadas ..........................................................
83
Sumário
__________________________________________________________________________________________
4
RESULTADOS ............................................................................................
85
4.1 DADOS DEMOGRÁFICOS .....................................................................
85
4.2 AVALIAÇÃO DAS SOLICITAÇÕES ..........................................................
85
4.3 AVALIAÇÃO ENDOSCÓPICA .................................................................
86
4.3.1 Avaliação das lesões ...........................................................
88
4.3.2 Suspeita diagnóstica etiológica à endoscopia ......................
97
4.4 DIAGNÓSTICO ANATOMOPATOLÓGICO .................................................
99
4.4.1 Diagnóstico
histopatológico
e
imunohistoquímico
do
material de biopsia ...............................................................
4.5 COMPARAÇÃO
102
ENTRE A SUSPEITA DIAGNÓSTICA E OS ACHADOS
....................................................................
104
5
DISCUSSÃO ...............................................................................................
107
6
CONCLUSÕES ............................................................................................
122
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................
124
ANATOMOPATOLOGICOS
APÊNDICES
Lista de Apêndices
__________________________________________________________________________________________
LISTA DE APÊNDICES
1 - Protocolo de Aprovação do Projeto de Pesquisa nº 46/00, da
Coordenação do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de
Infectologia “Emílio Ribas” (I.I.E.R.).
2 - Protocolo utilizado para realização de exames na Seção de Endoscopia
do Instituto de Infectologia “Emílio Ribas”.
3 - Protocolo utilizado para realização de exames na Seção de Patologia
do Instituto de Infectologia “Emílio Ribas”.
4 - Proposta de Protocolo de Investigação Endoscópica de Pacientes com
AIDS.
Lista de Figuras
__________________________________________________________________________________________
LISTA DE FIGURAS
01. Prevalência das afecções esofágicas em pacientes com AIDS ..............
75
02. Candidíase esofágica ..............................................................................
86
03. Úlcera gástrica por CMV ..........................................................................
86
04. Micobacteriose duodenal .........................................................................
87
05. SK em antro .............................................................................................
87
06. Distribuição dos pacientes submetidos à Endoscopia Digestiva Alta
(EDA) de acordo com a topografia das alterações ..................................
88
07. Tipos de esofagites (N=92) ......................................................................
90
08. Intensidade das esofagites (N=155) ........................................................
91
09. Tipos de gastrites (N=126) ......................................................................
91
10. Intensidade das gastrites (N=263) ...........................................................
92
11. Tipos de duodenites (N=51) ....................................................................
93
12. Intensidade das duodenites (N=68)..........................................................
93
Lista de Figuras
__________________________________________________________________________________________
13. Distribuição dos pacientes com úlceras esofágicas segundo a
topografia segmentar (N=22) ...................................................................
95
14. Distribuição dos pacientes com úlceras gástricas segundo a topografia
segmentar (N=5) ......................................................................................
95
15. Distribuição dos pacientes com erosões esofágicas segundo a
topografia segmentar (N=31)....................................................................
96
16. Distribuição dos pacientes com erosões gástricas segundo a topografia
segmentar (N=42).....................................................................................
97
17. Inclusão citomegálica em glândula gástrica ............................................
99
18. Múltiplas inclusões herpéticas ..................................................................
100
19. Hifas de Candida sp .................................................................................
100
20. Micobacteriose do esôfago .......................................................................
100
21. Estrongilóides na mucosa duodenal ........................................................
101
22. Imunohistoquímica para CMV ..................................................................
101
23. Imunohistoquímica para Herpes vírus .....................................................
101
Lista de Tabelas
__________________________________________________________________________________________
LISTA DE TABELAS
1. Prevalência e etiologia das úlceras gastroduodenais em pacientes com
AIDS.............................................................................................................
75
2. Distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta de
acordo com o topografia segmentar das lesões no esôfago (N=102) .........
89
3. Distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta de
acordo com a topografia segmentar das lesões no esôfago (N=73) ...........
89
4. Distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta de
acordo com o achado de úlcera e multiplicidade .........................................
94
5. Distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta de
acordo com a suspeita diagnóstica etiológica .............................................
98
6. Distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta de
acordo com o diagnóstico etiológico anatomopatológico ............................
103
7. Distribuição dos pacientes com lesões ulcerativas de acordo com o
diagnóstico etiológico anatomopatológico ...................................................
104
8. Distribuição dos pacientes com lesões erosivas de acordo com o
diagnóstico etiológico anatomopatológico ...................................................
105
1 INTRODUÇÃO
22
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
1
INTRODUÇÃO
Incialmente, este estudo pretendeu pesquisar a incidência de afecções no
Aparelho
Digestório
Alto
(ADA)
de
pacientes
portadores
do
Vírus
da
Imunodeficiência Humana do Tipo 1 (HIV-1). No decorrer da coleta de dados, várias
falhas técnicas no processo diagnóstico não permitiram a sua conclusão, mas os
resultados obtidos possibilitaram uma análise bastante favorável do processo
diagnóstico das afecções do ADA, utilizado no Instituto de Infectologia “Emílio Ribas”
(I.I.E.R.), dando origem a uma Proposta de Protocolo Diagnóstico para o Corpo
Clínico e Seções de Endoscopia (APÊNDICE 2) e de Anatomia Patológica (APÊNDICE
3).
Toda a trajetória de investigação deve ser baseada em protocolos bem
estabelecidos, para que os vários setores responsáveis obtenham melhores
resultados quanto às patologias mais freqüentemente observadas nos pacientes
portadores do HIV-1 ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e com
doenças do ADA.
Independentemente da forma de transmissão do HIV-1, as infecções
Gastrointestinais (GI) são as maiores causas de morbidade e, ocasionalmente,
mortalidade de pacientes portadores do HIV-1. Aproximadamente 90% desenvolvem
sintomas gastrointestinais no curso da doença(1, 2).
A imunodeficiência causada pelo HIV-1 desencadeia diferentes infecções
oportunísticas do trato gastrointestinal, usualmente acometendo o esôfago e os
intestinos(3). Porém, as infecções oportunísticas são menos freqüentes no estômago
e mais difíceis de se caracterizar(4).
23
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
A natureza das manifestações gastrointestinais depende do estado imunológico
do paciente, da exposição a agentes tanto infecciosos como não infecciosos(5). O
trato gastrointestinal torna-se um sítio comum de infecções oportunísticas, assim
como neoplasias relacionadas à AIDS(6).
Os procedimentos diagnósticos adequados são necessários para que o
rendimento final no processo de investigação seja favorável ao paciente evitando-se,
com isto, métodos invasivos desnecessários, com ônus para o doente e para a
instituição. O exame endoscópico, complementado por biopsia, é considerado
padrão ouro (gold standard) para a avaliação e diagnóstico das doenças
gastrointestinais(7,
8)
. Sempre que uma lesão for identificada, múltiplas biopsias
devem ser realizadas(9, 7).
1.1 MECANISMOS DE ENTRADA DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA
TIPO 1 (HIV-1)
NA MUCOSA DO TRATO DIGESTÓRIO
1.1.1 Ação direta do vírus
Os linfócitos T e macrófagos em tecidos linfóides e não linfóides são
as maiores populações de células que expressam co-receptores para os HIV/SIV
(Human Immunodeficiency Virus / Simian Immunodeficiency Virus), reafirmando o
fato de que são os maiores alvos para a infecção pelo HIV/SIV in vivo.
Aproximadamente, de 1% a 10% dos linfócitos T e macrófagos são
co-receptores positivos em tecidos linfóides como linfonodos e timo, onde um grande
número de linfócitos, inclusive imaturos, expressam CXCR4 (Couple Chemokine
Receptor)  proteínas de fusão susceptíveis à infecção sincicial, induzida por
variantes virais, facilitando a entrada do vírus.
24
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Observam-se, ainda, vários níveis de expressão de co-receptores
entre os diferentes tecidos e entre as diferentes células no mesmo tecido. Células
co-receptoras positivas são mais freqüentemente identificadas no cólon do que no
reto e mais freqüentes na cérvix do que na vagina, sugerindo que o nível de
expressão dos co-receptores depende do sítio anatômico. Além disso, altos níveis
de expressão dos co-receptores CXCR4 e CCR3 (Chemoatractant Citokine Type 3)
são encontrados em neurônios, tanto do sistema nervoso central como do periférico.
Estes achados podem sugerir certos aspectos da patogênese e
transmissão do HIV/SIV(10). Algumas pessoas, expostas múltiplas vezes à infecção
pelo HIV-1, permanecem resistentes à contaminação. Vários estudos realizados com
populações de risco demonstraram a presença de deleção do nucleotídeo na
posição 32 (delta 32), durante a codificação do co-receptor CCR5 (Chemoatractant
Citokine Type 5).
A resistência conferida à infecção primária pelo HIV-1 prevalece em
pessoas homozigotas para o gene alelo delta 32. Este alelo é freqüente entre a
população caucasiana, porém, não é encontrada entre os africanos e asiáticos.
Embora pessoas heterozigotas não apresentem proteção contra a infecção pelo HIV1, observou-se alguma limitação na progressão da doença(11, 12, 13).
1.1.2 Função da mucosa gastrointestinal na infecção pelo Vírus da
Imunodeficiência Humana Tipo 1 (HIV-1)
Na ausência de lesões da mucosa gastrointestinal, causadas por
traumas ou infecções, acredita-se que possa ocorrer a participação das células M
(células epiteliais especializadas), células dendríticas e células epiteliais(14), para a
entrada do HIV-1 no sistema digestório, atingindo as células mononucleares da
lâmina própria.
25
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Neutra(15) em estudo feito com células M de ratos e coelhos
observou que estas células são capazes de transportar o HIV-1 para os folículos
linfóides das mucosas, onde as células-alvo são numerosas (in vitro). As células M
envolvem as placas de Payer do intestino delgado transportando macromoléculas e
microrganismos para células adjacentes do sistema linfóide, assim como fazem os
folículos linfóides do reto. Estes dados sugerem que as células M, numerosas na
mucosa retal do homem, exerçam eficientemente a função de transportadoras do
HIV-1 para as células alvo dos tecidos linfóides, contribuindo para a transmissão
sexual da AIDS(16).
As células dendríticas são conhecidas pela sua alta eficiência como
apresentadoras de antígenos, expressando o receptor CD4, sendo identificadas nas
placas de Payer(17) dos intestinos delgado e grosso de ratos(18), células cérvicovaginais de macacos (19) e amígdalas, adenóide e cólon de humanos.
Smith(14), em recente estudo, demonstrou que as células dendríticas
ligam-se à glicoproteína gp120 do HIV-1 através de uma lecitina tipo C para
apresentá-lo às células T e, posteriormente, aos órgãos linfóides, causando a
disseminação do vírus. Apesar das células dendríticas estarem envolvidas na
patogênese da infecção pelo HIV-1, seu exato mecanismo de ação no intestino
delgado ou cólon ainda não está esclarecido.
Por constituir o mais numeroso tipo celular que recobre a mucosa
intestinal do cólon, as células epiteliais são potencialmente importantes para a
entrada do HIV-1 no sistema digestório. Podem expressar co-receptores para o HIV1, como a galactosylceramida (um receptor alternativo primário) além do co-receptor
CCR5 existente nos macrófagos. Porém, as células epiteliais não expressam
CXCR4, co-receptor para o HIV-1 expressado pelos linfócitos T assim como CD4,
co-receptor primário das células mononucleares, indicando que um mecanismo
seletivo ocorre na infecção primária pelo HIV-1, através do trato gastrointestinal,
onde predomina a passagem dos vírus que apresentem tropismo pelas células
macrofágicas (HIV-1 macrophage-tropic)(20).
26
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Após atravessar a superfície epitelial o HIV-1, que tem tropismo pelo
macrófago, alcança a lâmina própria, reservatório importante de macrófagos e
linfócitos do corpo.
Considerando-se que os macrófagos da lâmina própria não
expressam CCR5, não são permissivos à entrada do HIV-1(21), podendo explicar a
baixa prevalência de macrófagos infectados no trato digestório alto (in vivo)(22), como
também a não participação seletiva dos macrófagos intestinais na infecção primária
do vírus. Por outro lado, os linfócitos expressam ambos os co-receptores (CCR5 e
CXR4), permitindo a replicação viral, tanto pelo HIV-1 com tropismo pelo macrófago
como pelo HIV-1 com tropismo pelo linfócito(21).
Através de estudos em macacos, alguns autores observaram que
durante a infecção primária, na lâmina própria intestinal, a célula alvo para o HIV-1 é
o linfócito T e não o macrófago e que, coincidentemente, nesse período, a carga
viral no sangue e na mucosa intestinal encontrava-se em níveis altos, aumentando a
replicação do vírus dentro dos linfócitos T, mantendo um número expressivo de
linfócitos T ativados e contribuindo para a infecção de outros linfócitos, atingindo,
muitas vezes, números maiores do que no sangue periférico. Após 7 a 14 dias,
ocorre importante depleção das células TCD4+, provavelmente por apoptose e lise
celular(23).
O intestino parece ser o maior alvo para a replicação do SIV e o
sítio de maior depleção das células TCD4+ na infecção primária dos macacos(23). Foi
observada, igualmente, uma depleção imunológica na infecção pelo HIV-1, havendo,
em paralelo, um aumento da ativação de células TCD8+ nesse compartimento. Por
conseguinte, o trato gastrointestinal é um dos maiores órgãos-alvo para as infecções
secundárias e malígnas nos pacientes portadores de HIV-1(24).
27
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
1.2 DOENÇAS
DO
APARELHO DIGESTÓRIO ALTO (ADA)
NA INFECÇÃO
PELO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA TIPO 1 (HIV-1)
As esofagites e gastrites podem ser classificadas em infecciosas e não
infecciosas(25, 5). Fungos, vírus, bactérias e protozoários têm sido relatados como
causas de infecções oportunísticas do ADA em pacientes portadores do HIV-1(25, 5).
O desenvolvimento de doença relativo a cada grupo depende do estado imunológico
do paciente(25,
5)
e, conseqüentemente, determinados patógenos tornam-se mais
freqüentes(5).
Embora as infecções esofágicas não sejam freqüentes na população
geral imunocompetente são significativamente importantes como causa de
morbidade em pacientes portadores da imunodeficiência pelo HIV-1(25), constituindo
o fator de risco mais importante para o desenvolvimento das doenças do esôfago(25).
As afecções deste órgão ocorrem mais comumente em um terço das
pessoas portadoras do HIV-1(26) e as infecções oportunísticas podem ocorrer em
estágios avançados da doença ou representar a manifestação inicial da infecção
pelo HIV-1(27). Em contraste, as patologias gastroduodenais, especialmente as
úlceras gastroduodenais (GDUs), são menos freqüentes nesses pacientes, sendo
que a sua incidência no estômago e no duodeno ainda se mantém desconhecida(28).
Pacientes portadores do HIV-1 podem apresentar alteração da função
gástrica, incluindo diminuição da secreção ácida, pepsina e do volume do suco
gástrico, interferindo na má absorção de vitamina B12(5), assim como de
determinados medicamentos como o cetoconazole(29), além de propiciar o
crescimento de bactérias entéricas(30). O impacto da menor secreção gástrica
associado à profunda imunossupressão característica da AIDS, pode ser um
importante fator para as infecções gastrointestinais observadas nesses pacientes(31).
28
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
1.2.1 Doenças infecciosas
1.2.1.1
Infecções por fungos
Formas potencialmente invasivas de Cândidas: Candida
albicans, Candida glabrata, Candida tropicalis, Candida parapsilosis, Candida krusei,
Candida guilliermondii e Candida dublinensis; Histoplasma capsulatum, Penicillium
chrysogenum, Exophiala jeanselmei, Aspergillus sp(25, 7), Pneumocistis carinii(25,
predominantemente
encontrados
no
esôfago;
Cryptococcus
14)
,
neoformans
gastroduodenal(32).
CANDIDÍASE OROFARÍNGEA E ESOFÁGICA
A candidíase orofaríngea e esofágica tem como agente
infeccioso principal a Candida albicans, fungo comensal não patogênico, presente
na flora oral e gastrointestinal normal de pessoas imunocompetentes. Entre as
formas potencialmente invasivas de Candida, a Candida albicans é a espécie
predominante e responsável pelas infecções e inflamações orofaríngeas e
esofágicas dos pacientes infectados pelo HIV-1, com contagem de células TCD4
menor que 300 cel/ml.
A candidíase é a causa mais comum de esofagite em
pacientes HIV-1 positivos e, em pacientes que não estejam recebendo terapia
antifúngica, exames endoscópicos têm revelado uma incidência em torno de 50% a
79% nos pacientes com AIDS(33,
27)
. Em pacientes com risco para desenvolver
candidíase esofágica, a colonização pelo fungo é o primeiro estágio, seguido por
infecção epitelial com as formas avançadas de pseudo-hifas e hifas, e, então,
invasão profunda dos tecidos(25).
29
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Na cavidade oral, a infecção pode se apresentar de
quatro formas(34):
1
Candidíase pseudomembranosa (“sapinho”), placas exudativas em qualquer
tecido
2
Candidíase eritematosa, lesões avermelhadas e atróficas no palato e língua
3
Candidíase hipertrófica, com lesões hiperplásicas aderentes
4
Queilite angular, fissuras eritematosas nos cantos da boca
A patogênese do processo inflamatório da candidíase
esofágica é multifatorial. Sugere-se que, devido ao mecanismo de contração do
esôfago, pode haver rompimento da mucosa que envolve os microabcessos,
levando à formação de ulcerações(35).
Os sintomas mais freqüentes referidos pelos pacientes
com candidíase esofágica são odinofagia e disfagia, podendo apresentar candidíase
orofaríngea no momento do exame(27, 33). Candidíase esofagiana nem sempre está
acompanhada por candidíase orofaríngea e 40% dos pacientes com sintomas
esofágicos não apresentam candíase orofaríngea(33), assim como esofagite por
Candida sp pode ser assintomática. Candidíase orofaríngea pode pressupor o
diagnóstico de úlcera esofágica, porém, ocasiona, muitas vezes, confusão
diagnóstica, sendo indicativo de provável esofagite por Candida sp(36).
Nos últimos anos têm se observado o aumento
progressivo na freqüência de infecções fúngicas oportunísticas em pacientes
imunodeprimidos. Ao mesmo tempo, tem-se constatado um aumento progressivo do
uso de fluconazol nos tratamentos de leveduras diferentes da Candida albicans,
muitas das quais são resistentes a esses fármacos.
30
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Em uma elevada proporção dos doentes portadores do
HIV-1 identificam-se leveduras diferentes da Candida albicans, sendo que a maioria
tem uma sensibilidade diminuída ao fluconazol, como acontece com a Candida
glabrata. O único fator significativamente associado à infecção por esses fungos nos
pacientes portadores do HIV-1 está relacionado à imunodepressão avançada(37).
ASPERGILLUS SP
As esofagites por Aspergillus sp devem ser consideradas
em casos de falência ao tratamento antifúngico para candidíase em pacientes com
AIDS(25).
HISTOPLASMA CAPSULATUM
Pode ocasionar alterações esofágicas, geralmente de
forma indireta. O esôfago não é comumente colonizado ou primariamente infectado
por esse fungo, podendo ser acometido por doença nos pulmões, mediastino ou
disseminação hematogênica. As formas mais comuns de apresentação da patologia
esofágica pelo Histoplasma capsulatum são disfagia por compressão extrínseca do
esôfago, decorrente de linfonodos mediastinais ou fibrose mediastinal progressiva.
Apresentações menos freqüentes são os sangramentos e fístulas esôfagobrônquicas(25).
31
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
CRYPTOCOCCUS NEOFORMANS
Micose sistêmica mais comum em pacientes com AIDS,
relatada em todos os órgãos do corpo. Entretanto, doenças gástricas são muito
raras(32). Em uma série de 106 pacientes com AIDS e infecção pelo Cryptococcus
neoformans, não foi encontrado nenhum caso de envolvimento gastrointestinal.
Apenas cinco casos de criptococose gastroduodenal foram relatados em pessoas
HIV-1 positivas. Os sintomas incluíam náusea, vômito, anorexia e dor abdominal
acompanhados por febre e dor de cabeça refletindo criptococcemia e doença do
sistema nervoso central(32).
1.2.1.2
Infecções por vírus
Citomegalovirus(38) (CMV), Herpes simplex vírus(33,
25, 39)
(HSV-1, HSV-2). Epstein-Baar vírus(25) (EBV) como causa de esofagite.
INFECÇÃO DO TRATO GASTROINTESTINAL PELO CMV
Causa comum de morbidade e mortalidade de pacientes
portadores da imunodepressão devido à infecção pelo HIV-1, sendo que todos os
órgãos do sistema digestório podem ser envolvidos(40). Acomete predominantemente
o esôfago e o cólon sendo menos freqüentemente encontrado no estômago e
duodeno(38).
32
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
O CMV tem sido identificado em autópsias em mais de
90% dos pacientes com AIDS, dos quais 15% a 43% apresentam envolvimento
gastrointestinal(38). A infecção pode se manter subclínica, sendo em torno de 2,2%(41)
a prevalência de doença grave gastrointestinal. O esôfago e o cólon são os sítios
mais freqüentes da infecção pelo CMV no trato gastrointestinal, entretanto, gastrite,
colangite esclerosante, apendicite, hepatite e pancreatite têm sido documentadas(38).
No processo inflamatório do esôfago pelo CMV a infecção
é caracterizada pela presença das inclusões virais celulares, aumento do número de
células inflamatórias e pode ocorrer vasculite. As inclusões virais podem ser
morfologicamente atípicas na maioria dos espécimes de biopsia examinados, sendo
difícil a identificação do vírus, necessitando de técnicas mais específicas(1, 42).
A íntima relação entre as lesões ulceradas do esôfago e a
presença de inclusões virais pode justificar a sua patogênese, assim como um
número aumentado de inclusões virais das células da mucosa do esôfago e demais
regiões do trato gastrointestinal pode estar diretamente relacionado com a
intensidade do processo inflamatório(43, 1).
O vírus pode infectar células epiteliais(44), endoteliais da
mucosa, fibroblastos(44,
45)
, células musculares lisas, macrófagos, enterócitos(45) e
leucócitos mononucleares(40).
Um dos mecanismos de agressão pelo CMV é a infecção
das células endoteliais, levando a vasculite dos pequenos vasos sanguíneos e,
posteriormente, isquemia focal e necrose(1,
38)
. Em casos mais severos, como a
presença de grandes ulcerações podem ocorrer isquemia e/ou perfuração, sendo
mais observadas tais complicações no intestino delgado e grosso, provavelmente
por apresentarem parede mais delgada do que o estômago(5).
33
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Embora sugeria-se que a infecção das células endoteliais
associada à vasculite pelo CMV causasse obstrução, isquemia e danos teciduais(46),
a freqüente ausência de vasculite nos tecidos infectados pelo CMV infere que os
danos causados estejam relacionados a outros mecanismos além da vasculite, como
a indução de citocinas pró-inflamatórias incluindo as interleucinas 1, 6 e 8 (IL1, IL6,
IL8) e o Fator de Necrose Tumoral (TNF-α) pelas células mononucleares fagocíticas,
in vitro(47,
48, 49)
sendo estas citocinas importantes mediadoras do processo de
inflamação induzido pelo CMV.
O CMV constitui a segunda maior causa de infecção do
esôfago, segundo estudo prospectivo realizado em 110 pacientes que apresentavam
sintomas de odinofagia e disfagia(33), sendo a odinofagia o sintoma mais
freqüente(50). Apesar disso, a concomitância de infecções com outros patógenos
pode ocorrer, sendo que a odinofagia não é sintoma preditivo de infecção pelo
CMV(33, 7). Entre as manifestações principais do CMV encontradas no esôfago temos
a inflamação, ulcerações e, menos freqüentes, os pseudotumores(14).
A infecção pelo CMV constitui uma das causas mais
importantes de gastrite em pacientes com AIDS(51, 41). A infecção gástrica pelo CMV,
com conseqüente ulceração, tem sido considerada infreqüente como manifestação
sistêmica do vírus(52). Muitos pacientes apresentam náusea, vômito, diarréia e,
ocasionalmente,
dor
epigástrica
severa(51).
A
maior
parte
das
infecções
gastrointestinais pelo CMV refletem doença disseminada e, portanto, podem estar
presentes sintomas constitucionais como febre e perda de peso (44, 53).
34
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
LESÕES
ESOFÁGICAS PELO
HERPES
SIMPLEX VIRUS
(HSV–1 /
HSV-2)
Alterações da imunidade, como as relacionadas à
infecção pelo HIV-1, principalmente com contagem de células TCD4 menor do que
200 cel/ml, podem levar ao processo de reativação do estado de latência do HSV(54),
assim como a ativação das células natural killer (NK) e dos Linfócitos T Citotóxicos
(CLT), além da deterioração da imunidade humoral. Assim sendo, o HSV é reativado
difundindo-se ao longo das terminações nervosas ganglionares e nervos sensoriais
periféricos(54). Identificado predominantemente no esôfago(33, 25, 39)
Trabalhos têm demonstrado que o HSV é o terceiro
agente infeccioso mais freqüentemente responsável pelas esofagites, ficando sua
incidência entre 4% a 14% dos casos. Wilcox et al.(39) e Bonacini et al.(33)
demonstraram que as úlceras pelo CMV (45%) são as primeiras responsáveis,
seguidas pelas úlceras idiopáticas ou úlceras pelo HIV-1 (40 %) e o HSV como
terceira causa. Como mencionado, a candidíase pode estar presente e associada a
uma das infecções podendo haver, também, associação entre os outros agentes.
Os sintomas da esofagite pelo HSV são semelhantes aos
descritos para Candida albicans e CMV. Odinofagia e disfagia podem ocorrer,
porém, a odinofagia é o sintoma predominante.
35
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
1.2.1.3
Úlceras Esofágicas Idiopáticas (UEIs)
A associadas à infecção pelo HIV-1 atualmente são
reconhecidas como importante causa de doença esofágica nesta população(55) e
podem ser reconhecidas como a segunda causa de úlceras neste órgão(39,
56)
.
Existem controvérsias quanto à incidência das UEIs. Em estudo realizado sobre as
manifestações gastrointestinais em pacientes portadores da infecção pelo HIV-1,
Sharpstone(57) atribuiu uma prevalência aproximada das UEIs em torno de 10% em
relação às lesões mais freqüentes.
Com o uso de esquemas terapêuticos antiretrovirais mais
potentes (Highly Active Antiretroviral Therapy - HAART) a incidência das doenças
oportunísticas, assim como das doenças esofágicas, vem declinando(7).
Muitos fatores podem contribuir para a patogênese das
UEIs. Durante os estágios avançados da doença, AIDS propriamente dita, há
alteração fisiopatológica significativa decorrente de alterações imunológicas, levando
a respostas aberrantes de anticorpos e declínio da barreira mucosa, contribuindo
para disfunção e infecção do trato gastrointestinal(58), assim como estímulo para
produção de citocinas responsáveis pelo processo inflamatório(59). Estas mudanças
predispõem ao aumento da infecção de células mononucleares pelo HIV-1 na
mucosa esofágica quando comparado aos linfonodos periféricos(60).
Wilcox et al.(61) demonstraram a presença do HIV-1 em
tecidos de úlceras esofágicas através das técnicas de Polymerase Chain Reaction
(PCR) e imunohistoquímica com prevalência semelhante para o grupo com esofagite
por CMV e UEI. Sendo assim, manteve-se inconclusiva a participação dos vírus
como causa primária das UEIs.
36
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
A presença do HIV-1 na mucosa esofágica nem sempre
está relacionada com algum sintoma esofágico específico, inflamação da mucosa ou
ulcerações. Doenças esofágicas em pacientes com AIDS aparecem associadas a
processos patológicos específicos, mesmo antes da presença do HIV-1 na mucosa
esofágica(22).
A UEI pode ser a primeira manifestação durante a
síndrome aguda da infecção pelo HIV-1. Em 1986 Rabeneck et al.(62, 63), relataram a
presença de úlceras esofagianas, sem etiologia confirmada para outros patógenos,
apresentando os pacientes sintomas compatíveis com a síndrome aguda da infecção
pelo HIV-1. Quatro anos mais tarde, em outro estudo, Rabeneck et al.(64), sugeriram
que as células do esôfago eram alvo de infecção para o HIV-1. A presença destas
úlceras pode ser observada também em duas situações: durante a progressão
rápida da fase aguda da infecção pelo HIV-1 para o estágio da doença propriamente
dita (AIDS) ou, o que é mais comum, no percurso entre o estágio de latência da
infecção pelo HIV-1 com progressão rápida para a AIDS. Odinofagia constitui o
sintoma predominante referido pelos pacientes(7).
1.2.1.4
Infecções por bactérias
Bactérias da flora normal orofaríngea (Staphylococcus
aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus viridans podem colonizar o
esôfago,
estômago
e
o
duodeno(25,
65)
.
Streptococcus
não
hemolíticos,
Corynebacterium sp foram identificados no estômago e duodeno(30, 65).
Mycobacterium avium intracellulare complex (MAC) pode
ser causa de infecções do esôfago(26, 25, 27, 7), estômago(66) e duodeno(67, 68, 66, 69, 70).
37
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Mycobacterium tuberculosis incomum no esôfago, porém
há relatos de casos de tuberculose esofágica em países endêmicos(27, 25, 7).
Helicobacter pylori, predominantemente, em estômago e
duodeno(71, 72, 73, 74, 75, 28).
Treponema pallidum isolado no esôfago e estômago de
pacientes
(76, 25)
.
Bartonella henselae, Bartonella quintana foram descritas
como causas de gastrite(5, 77).
Actinomyces como agente causador de esofagite(78,
79)
.
(7)
Nocardia foi identificada em esôfago como citado por Wilcox .
Bactérias estreptocócicas hemolíticas como causa rara de
gastrite flegmonosa(80, 81).
INFECÇÕES BACTERIANAS DA FLORA NORMAL
As esofagites bacterianas decorrem quase sempre de
infecções da flora normal da boca e do trato respiratório superior (Staphylococcus
aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus viridans e Bacillus sp). Muitos
casos se devem à infecção secundária de lesões do epitélio por refluxo
gastroesofágico e outros microrganismos. A incidência das esofagites bacterianas
nos pacientes com AIDS é menor em relação aos pacientes oncológicos(25).
38
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
A importância da secreção gástrica como barreira para
infecções entéricas tem sido bem estabelecida(31). Estudos têm demonstrado que
pacientes com doença avançada pela infecção do HIV-1 estão propensos a
hipoacidez gástrica, embora a causa para esta alteração do pH não esteja ainda
muito clara(31, 65, 82). Com pH acima de três, pacientes com AIDS têm demonstrado
um risco maior para infecções por patógenos oportunísticos e da flora orofaríngea,
como: Streptococcus viridans, Streptococcus não hemolíticos, Corynebacterium sp,
Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus aureus(31,
65, 30)
. Além da hipoacidez
somam-se outros fatores como: o atraso no esvaziamento gástrico e o prejuízo da
imunidade local que contribuem para o aumento da colonização bacteriana do trato
digestório alto em pacientes com AIDS(31, 65).
Embora
o
significado
clínico
dessas
colonizações
bacterianas não seja claro, é possível que a sua participação ocorra em alguns
casos de diarréia crônica e perda de peso comumente observados nos pacientes
portadores do HIV(65).
INFECÇÕES POR MYCOBACTERIUM AVIUM COMPLEX (MAC)
Bactérias do grupo MAC são responsáveis pela maioria
das infecções bacterianas sistêmicas e associadas com comprometimento
gastrointestinal em uma porcentagem significante dos pacientes portadores da
imunodepressão grave secundária ao HIV-1, usualmente observada com contagem
das células TCD4 menor do que 50 células/mm³(66). A infecção localizada do trato
gastrointestinal pode ocorrer no esôfago, duodeno e intestino delgado e grosso,
porém, o envolvimento do estômago é sempre decorrente da manifestação sistêmica
da infecção por MAC(66). Embora a infecção por MAC seja quase sempre
disseminada e isolada do duodeno e intestino delgado, o comprometimento
esofágico é incomum(26). A porta de entrada através do trato gastrointestinal parece
ser mais freqüente do que a observada em relação ao trato respiratório(66).
39
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Por se apresentar, na maioria das vezes, como doença
disseminada, os sintomas da infecção pelas bactérias do grupo MAC podem ser
inespecíficos e incluem febre, suores noturnos, anemia, perda de peso, dor
abdominal(68,
66)
e dor à deglutição nos casos de esofagites(25). Desde que o
envolvimento do duodeno está quase sempre presente, diarréia profusa e má
absorção são comuns(68,
66. 5)
. Os sintomas podem piorar com o início da terapia
antiretroviral coadjuvante, possivelmente como resultado da proliferação das células
TCD4 (reconstituição imunológica) específicas da infecção pelas bactérias do grupo
MAC(83).
INFECÇÕES PELO MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS
A reativação de infecção latente pelo Mycobacterium
tuberculosis pode ser responsável pelo aumento da incidência das infecções
esofágicas nos pacientes com AIDS(25).
Sintomas de disfagia, dor retroesternal, tosse, perda de
peso e febre podem estar presentes nas esofagites por tuberculose. A disfagia pode
resultar da compressão esofágica extrínseca pela linfadenopatia mediastinal.
Nódulos mediastinais ou hilares podem levar a processos erosivos para dentro do
esôfago,
complicando-se
por
hemorragias,
perfurações
esofágicas
com
mediastinites ou formações de fístulas entre a árvore traqueobrônquica e o esôfago,
resultando em pneumonite bacteriana. Relatos de infecção primária por tuberculose
limitada ao esôfago são raros(25).
40
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Helicobacter pylori
A infecção pelo Helicobacter pylori tem sido demonstrada
como a causa principal de gastrite crônica tipo B (não autoimune), assim como um
importante co-fator patogênico para as úlceras duodenais(71, 75) e, quando presente,
quase que invariavelmente, há evidências de alterações histológicas compatíveis
com gastrite(71). Grandes estudos têm demonstrado que o Helicobacter pylori está
presente nos pacientes imunocompetentes em 90% dos portadores de gastrite
crônica ativa e 70% a 100% com úlceras duodenais(75) e continua sendo
extremamente comum nos portadores do vírus HIV-1 com contagem de TCD4 acima
de 300 células por mm³(73, 75, 28). Entretanto, muitos estudos têm demonstrado uma
incidência menor do Helicobacter pylori em pacientes portadores do HIV-1 do que na
população não infectada pelo vírus(75). Em pacientes com AIDS e contagem de
TCD4 abaixo de 200 células por mm³, entretanto, as inflamações gástricas e
ulcerações são mais comumente associadas às infecções pelo CMV ou
Cryptosporidium parvum(5, 51).
A freqüência dos sintomas gastrointestinais em pacientes
com AIDS, junto ao fato de apresentarem deficiência imunológica mediada por
células, levou alguns autores a pensar na hipótese de que esses pacientes deveriam
manifestar um aumento na incidência da infecção pelo Helicobacter pylori(71). Os
resultados de vários estudos, entretanto, têm mostrado que a proporção da infecção
pelo Helicobacter pylori e úlceras é, de fato, menor em pacientes com AIDS do que
na população imunocompetente com sintomas semelhantes do trato gastrointestinal
superior(73, 75, 28). A menor prevalência do Helicobacter pylori tem sido observada em
pacientes com doença avançada pela infecção do HIV-1 com contagem de células
TCD4 < 200, onde foi identificada em apenas 13% dos pacientes(74). Outro estudo
demonstrou uma incidência da infecção de apenas 33% dos pacientes com
úlceras(73). Varsky(28) em um estudo com 497 pacientes HIV-1 positivos e sintomas
gastrointestinais do trato digestório superior, identificou que apenas 23 (5%) tinham
úlceras gastroduodenais, sendo o CMV o responsável pela maior parte das úlceras.
41
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
A menor colonização e a conseqüente infecção pelo
Helicobacter pylori, em pacientes imunodeprimidos, têm sido atribuídas a vários
fatores, incluindo a presença de outros patógenos oportunísticos competindo com o
Helicobacter
pylori
inibindo
o
seu
crescimento(28);
o
uso
freqüente
de
antibióticos(28,75); hipocloridria, presente na maioria dos pacientes portadores do
HIV-1, exercendo um fator de proteção contra a colonização pelo Helicobacter
pylori(31) e que a imunodepressão mediada por células não aumenta o risco para a
associação dessa bactéria com as gastrites e úlceras nesses pacientes(72, 74).
INFECÇÃO PELO TREPONEMA PALLIDUM
A infecção pelo Treponema pallidum, agente responsável
pela sífilis, foi descrita em trabalhos anteriores como responsável por formação de
gomas, ulcerações e estenose do esôfago em pacientes com sífilis terciária(25).
Gastrite luética é rara, sendo identificada em menos de
1% dos pacientes com sífilis. Um aumento da incidência da sífilis tem sido
observado nos pacientes portadores da infecção pelo HIV-1, quase sempre com
manifestações atípicas nas fases secundária e terciária(76). Em 1992 Kasmin et al.(76)
descreveram o primeiro caso de gastrite sifilítica em paciente com AIDS. Os
sintomas descritos incluíam perda de peso, fadiga e um mês de dor abdominal.
Pacientes portadores da imunodeficiência pelo HIV-1
apresentam maior dificuldade na erradicação do Treponema pallidum, resultando em
falhas do tratamento para sífilis tendo como conseqüência a progressão da doença
para as fases secundária e terciária da sífilis(76).
42
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
INFECÇÕES
POR
BARTONELLA
HENSELAE E
BARTONELLA
QUINTANA
Essas
duas
espécies
de
bactérias
têm
sido
documentadas como agentes responsáveis por infecções oportunísticas sistêmicas
que podem envolver o estômago. A prevalência desses organismos não foi
estabelecida ainda. Pacientes com doença gástrica podem apresentar dor
abdominal, náusea, vômito e febre em associação com manifestações em outros
órgãos como ossos, fígado e pele. As manifestações hepáticas e da pele são mais
comuns do que as gástricas(5, 77).
INFECÇÕES POR BACTÉRIAS ESTREPTOCÓCICAS HEMOLÍTICAS
Embora rara e quase sempre fatal pode ser causa de
gastrite em pacientes portadores da infecção pelo HIV-1, sendo que em 50% dos
casos o diagnóstico se faz por autópsia estando usualmente relacionada à infecção
pelo grupo das bactérias estreptocócicas hemolíticas. Desde 1945 apenas 38 casos
foram descritos, sendo extremamente rara e ocorrendo geralmente associada a
doenças preexistentes tais como carcinomas gástricos, doenças do fígado por
alcoolismo e diabetes(80, 81).
Pacientes portadores da gastrite flegmonosa geralmente
apresentam vários dias de dor epigástrica, febre, náusea e vômito. O diagnóstico
radiológico é inespecífico. A mortalidade aproximada é de 60% dos casos,
principalmente
devido
as
dificuldades
em
se
estabelecer
precocemente e instituir o tratamento adequado em tempo hábil(80).
o
diagnóstico
43
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
1.2.1.5
Infecções por protozoários
Cryptosporidium
parvum,
menos
freqüentemente
encontrado no esôfago e estômago em relação aos demais segmentos do trato
digestório(25, 84, 85).
Leishmania donovani tem sido descrita principalmente
em países endêmicos como documentado por Laguna e Alvar, podendo acometer o
esôfago e estômago(25, 2, 86).
Toxoplasma gondii descrito como causa de gastrite e
identificado por Kofman(87).
CRYPTOSPORIDIUM PARVUM
Parasita intracelular que infecta células epiteliais dos
tratos digestório e respiratório de vertebrados foi descrito, pela primeira vez em
1976, em humanos
(88, 89)
. Geralmente as infecções se devem à ingestão de água
contaminada por fezes de animais. Até o advento da epidemia de AIDS, a doença
era autolimitada, principalmente em viajantes e crianças(51). Com o avanço da
epidemia, entretanto, o Cryptosporidium parvum tem sido causa comum de sérias
infecções do trato gastrointestinal. Em vários estudos de pacientes com diarréia
crônica nos Estados Unidos da América do Norte, a incidência da infecção tem sido
estimada em torno de 16% a 33%(3,
85)
. Em paises desenvolvidos a prevalência
estimada da infecção em pacientes com AIDS é de 55%(51).
44
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
A
infecção
pelo
Cryptosporidium
parvum
ocorre
primariamente nos enterócitos do intestino delgado e a infecção gástrica ocorre
sempre associada ao envolvimento duodenal(84,
85)
. O acometimento do trato
gastrointestinal superior vem sendo detectado com maior freqüência(90,
84, 91, 92)
. O
envolvimento esofágico pelo Cryptosporidium parvum é raro e pode ser relatado em
dois pacientes com AIDS os quais apresentavam sintomas de disfagia, vômitos e
diarréia volumosa(25). Em relação a outros protozoários que infectam o intestino
delgado tais como a Giardia lamblia, Isospora belli, Microsporidium sp e
Strongyloides stercoralis, apenas o Cryptosporidium parvum infecta o estômago(51).
O Cryptosporidium parvum foi identificado na região do antro gástrico e vários casos
de estreitamento do mesmo, secundário à infecção por esse agente foram
relatados(93).
Muitos pacientes apresentam diarréia aquosa profusa
com conseqüente desidratação, má absorção, alterações dos eletrólitos e perda de
peso(51,90).
Desconforto
e
cólicas
abdominais
são
comuns,
geralmente
acompanhadas por náusea, vômito, fadiga, inchaço, anorexia e febre baixa(90).
A intensidade dos sintomas em pacientes HIV-1 positivos
está relacionada com o estado imunológico do paciente, sendo que a piora
geralmente ocorre quando a contagem de células TCD4 encontra-se abaixo de 100
células /mm³. A resolução dos sintomas pode ocorrer com a recuperação
imunológica após o uso de terapia antiretroviral(94,
95)
. A co-infecção com outros
patógenos pode levar a manifestações clínicas mais importantes, como acontece
com a infecção pelo Cryptosporidium parvum associada ao CMV(85). Uma
complicação,
particularmente
problemática
do
estreitamento antral com conseqüente obstrução(89).
envolvimento
gástrico,
é
o
45
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
INFECÇÃO PELA LEISHMANIA SP
Leishmania donovani é um parasita intracelular facultativo
que infecta macrófagos do baço, medula óssea, linfonodos, fígado e intestinos de
mamíferos hospedeiros imunocompetentes. Nos pacientes HIV-1 positivos, o
declínio da contagem de células TCD4 e a redução da produção do interferon gama,
podem facilitar a disseminação da Leishmania sp com conseqüente acometimento
visceral resultando em localizações incomuns do parasita nesses organismos, assim
como resposta inadequada aos tratamentos convencionais e um curso grave da
doença(2).
Em pacientes HIV-1 positivos com leishmaniose, o trato
digestório é um local relativamente comum para a infecção por esse protozoário(86).
A Leishmania sp pode invadir qualquer parte do trato
digestório podendo ser assintomática ou acompanhada por sintomas esofágicos,
epigastralgia, diarréia ou desconforto retal, embora, muitas vezes, estes sintomas
sejam produzidos por outros patógenos oportunísticos que infectam o trato digestório
dos pacientes com AIDS, ocorrendo a infecção simultânea em muitos casos(2). A
concomitância da infecção esofágica pode ser observada em revisão de três casos
de Leismania donovani gastroduodenal(25).
Deve-se considerar o diagnóstico de leishmaniose em
pacientes com AIDS, em pacientes que viajaram para zonas endêmicas e com
sintomas gastrointestinais(2).
46
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
INFECÇÃO PELO TOXOPLASMA GONDII
A toxoplasmose, cujo agente etiológico responsável é o
Toxoplasma gondii um parasita intracelular, tem sido reconhecida como uma das
infecções oportunísticas comumente observada em pacientes portadores da
imunodeficiência devido à infecção pelo HIV-1 e com contagem de células TCD4
inferior a 100 células/mm³, usualmente responsável por doença do sistema nervoso
central(96, 87).
Cinco casos de toxoplasmose gástrica foram descritos até
1996 e os pacientes apresentavam dor abdominal severa, náusea e vômito(87),
sendo que em um deles foi identificado estreitamento do antro(96). Em um estudo de
80 autópsias de pacientes com AIDS, observou-se uma incidência de envolvimento
do aparelho gastrointestinal pela toxoplasmose em torno de 6,1%(87).
1.2.2 Doenças não infecciosas do Aparelho Digestório Alto (ADA)
Neoplasias: SK, linfoma não Hodgkin, esôfago, estômago e
duodeno(93, 97, 5) e o carcinoma de células escamosas do esôfago(5).
Doença do Refluxo Gastroesofágico (GERD)(7).
Drogas: Zidovudina e Zalcitabina como causas de esofagites(27,
25)
,
além dos antiinflamatórios não hormonais, antibióticos (tetraciclina, eritromicina e
doxiciclina) e os quimioterápicos, causadores de esofagites e gastrites(27, 25, 5, 98, 99).
Pacientes com AIDS podem apresentar doenças do trato digestório
alto de origem não infecciosa decorrentes do uso de medicamentos como
antiinflamatórios não hormonais, além de neoplasias como o SK e os linfomas.
47
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
As lesões gástricas decorrentes do uso de medicamentos em
pacientes com AIDS devem entrar no diagnóstico diferencial das doenças, quando
houver associação de sintomas digestivos como dor abdominal, dispepsia ou
hemorragias durante o uso destes medicamentos.
1.2.2.1
Neoplasias
SARCOMA DE KAPOSI (SK)
Neoplasia multifocal do sistema retículo-endotelial(100), é o
tumor mais freqüentemente observado em pacientes com AIDS, podendo acometer
pele e/ou vísceras. O comprometimento visceral ocorre em aproximadamente 10%
dos pacientes com lesões de pele. Entretanto, como as lesões viscerais
normalmente são assintomáticas, a incidência do SK visceral pode ser maior do que
o estimado.
O SK é comum no estômago e o seu envolvimento junto
com a porção proximal do intestino delgado é mais freqüente do que em relação à
porção distal deste último e cólon.
Embora, muitas vezes, as lesões sejam clinicamente
assintomáticas pode haver, em casos de lesões maiores, hemorragias e obstruções
gástricas(5).
48
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
LINFOMA NÃO HODGKIN
O envolvimento gástrico pelo linfoma não Hodgkin é
relativamente comum nos pacientes com AIDS e muito mais freqüente quando
comparado com a população geral e o trato gastrointestinal está entre os sítios mais
comuns de manifestações do linfoma não Hodgking. Os sintomas gástricos são
inespecíficos e o sangramento digestivo pode ocorrer em torno de 10% a 30% dos
pacientes. Ao exame físico pode-se palpar massa abdominal em 20% dos pacientes
com linfoma gástrico(5).
1.2.2.2
Doenças induzidas por medicamentos
ESOFAGITES INDUZIDAS POR MEDICAMENTOS
Caracteriza-se
pela
ingestão
de
medicamento
em
comprimido ou cápsula, acompanhado, após quatro a seis horas, de sintomas de dor
retroesternal, odinofagia e, mais raramente, disfagia, com piora progressiva,
atingindo seu pico em dois a quatro dias, referindo melhora em uma semana. Pode
simular dor anginosa na fase aguda. Sinais e sintomas menos freqüentes:
hemorragia, náusea, pirose e febre. A maioria dos casos tem evolução espontânea,
sem deixar seqüelas(98).
Entre os medicamentos mais comumente envolvidos nas
lesões da mucosa esofágica destacam-se os antiinflamatórios não hormonais, como
o ácido acetilsalisílico. Entre os antibióticos, a tetraciclina, a eritromicina e a
doxiciclina. A quinidina induz a esofagite com formação característica de placas de
secreção fibrinosa. Outros medicamentos como o cloreto de potássio, ácido
ascórbico, sulfato ferroso, comprimidos de Alendronate podem induzir a esofagites.
As
complicações
estenose(98).
são
raras,
sendo descritas
hemorragias,
perfurações e
49
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
GASTRITES INDUZIDAS POR MEDICAMENTOS
Úlcera péptica, gastrectomia, doença auto-imune, anemia
e câncer gástrico. Sua prevalência aumenta com a idade e ocorre em qualquer
região do globo. Apesar do progresso, especialmente da endoscopia e da
redescoberta do Helicobacter pylori, o diagnóstico depende fundamentalmente da
anamnese, sendo freqüente, na prática, a falha da detecção do uso de
antiinflamatórios.
Entre
os
medicamentos
mais
freqüentemente
relacionados às lesões da mucosa gástrica destacam-se os Antiinflamatórios NãoHormonais (AINH) e o Ácido Acetilsalicílico (AAS), quimioterápicos, corticosteróides,
cloreto de potássio e ferro, responsáveis pela gastrite aguda.
Além dos medicamentos, vale ressaltar também os
agentes físicos como as sondas, endoscópio e os procedimentos endoscópicos
(corpos estranhos, radiação e calor), como fatores predisponentes à gastrite
aguda(99).
50
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
1.3 DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS DO APARELHO DIGESTÓRIO ALTO
(ADA) EM PACIENTES POSITIVOS PARA O VÍRUS DA
IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA TIPO 1 (HIV-1)
1.3.1 Diagnóstico clínico
Primeiramente, a suspeita de doença esofagiana é feita na
presença de sintomas, especialmente disfagia ou odinofagia. Raramente a
manifestação inicial da doença do esôfago pode ser uma complicação como
sangramento gastrointestinal(27, 101).
As manifestações clínicas mais freqüentes do esôfago de origem
infecciosa são causadas pela Candida albicans, CMV, UEI, HSV(27). Esofagite por
Candida sp usualmente se apresenta com sintomas de disfagia ou odinofagia,
embora não tipicamente severa. Em contraste, esofagites ulceradas apresentam,
predominantemente, odinofagia a qual pode ser intensa, dificultando a ingesta oral e,
conseqüentemente, levando à desidratação e perda de peso. Dor retroesternal
espontânea pode ser também um sintoma proeminente em pacientes com esofagite
ulcerada. Neoplasias esofágicas como os linfomas e o SK podem ocasionar disfagia
quando o tumor for grande e volumoso(27). Em aproximadamente 20% dos pacientes,
dois patógenos estão presentes(26,
33)
. Juntas estas infecções causam sintomas
esofagianos em aproximadamente 30% dos pacientes infectados pelo HIV-1 e
representam a segunda manifestação gastrointestinal mais comum da AIDS(26).
Normalmente a esofagite sintomática causa má nutrição e, conseqüentemente,
perda de peso podendo o paciente progredir para caquexia, principalmente se
associada à diarréia e síndrome de má absorção.
51
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Os sintomas mais comuns são disfagia, odinofagia e, menos
freqüentemente, dor retroesternal independentemente da deglutição. Porém,
nenhum sintoma ou a combinação de sintomas está associado com algum agente
infeccioso específico(102).
O exame físico inicial deve ser direcionado para a inspeção da
orofaringe devido à possibilidade de concomitância de lesão esofágica. Em estudo
endoscópico preliminar de dez pacientes com candidíase orofaríngea detectou-se
candidíase esofágica em todos e, portanto, acreditou-se que a presença de infecção
pela Candida sp na cavidade oral fosse um bom marcador para a doença esofagiana
concomitante(103). Estudos maiores, entretanto, sugeriram que o valor preditivo da
candidíase orofaríngea e sintomas esofágicos para esofagite por Candida sp varia
em torno de 70% a 100%(33, 104, 26). Em contraste, candidíase orofaríngea pode estar
ausente em paciente recebendo terapia antifúngica, como a nistatina, apesar da
presença de esofagite por Candida sp. Inversamente, candidíase esofágica pode ser
totalmente assintomática(104, 105).
Embora a presença de candidíase orofaríngea em pacientes HIV-1
positivos com sintomas esofagianos sugira a possibilidade de haver concomitância
da infecção pelo fungo no esôfago, não prova que a infecção pela Candida sp seja a
única causa da doença nesse órgão necessariamente. Vesículas na orofaringe,
placas vermelho-violáceas ou ulcerações grandes podem sugerir concomitante
comprometimento do esôfago pelo HSV, SK ou ulcerações respectivamente. Como
na candidíase orofaríngea, onde a presença destas lesões na cavidade oral pode
sugerir, mas não comprova o envolvimento esofagiano concomitante(27). Ulcerações
na orofaringe são incomuns em pacientes com esofagite ulcerada, com exceção da
infecção pelo HSV. Candidíase orofaríngea é comum em pacientes com esofagite
ulcerada, resultando em confusão diagnóstica. A candidíase orofaríngea é de
moderada utilidade como marcador de candidíase esofágica(36).
52
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Considerando-se que a esofagite por Candida sp é a causa mais
comum de doença esofagiana em pacientes com AIDS, muitos clínicos oferecem o
tratamento com antifúngicos para os pacientes com sintomas esofagianos e
candidíase oral, empírica e rotineiramente, baseando-se na resposta clínica(7).
Rabeneck et al.(106) apresentaram um estudo onde propunham uma
estratégia, comparando o custo e benefício do tratamento inicial com antifúngico
empiricamente versus exame endoscópico inicial. A conclusão final do trabalho
demonstrou que em relação aos dois antifúngicos testados (ketoconazol e
fluconazol), o fluconazol seria a melhor escolha e este a melhor opção estratégica
inicial quando comparado à endoscopia.
Em outro estudo realizado por Wilcox et al.(107), em que se avaliou a
melhor estratégia entre o tratamento empírico com fluconazol versus endoscopias
iniciais, concluiu-se que o uso de fluconazol oral foi de alta eficácia, seguro e de
menor custo em pacientes com sintomas esofagianos iniciais, reservando-se a
endoscopia para aqueles pacientes que não apresentaram melhora ou pioraram dos
sintomas após uma semana, assim como sinais de complicações como sangramento
gastrointestinal.
O diagnóstico presuntivo das infecções gástricas torna-se, muitas
vezes, mais difícil no que se refere às patologias específicas, pois os pacientes
podem ser assintomáticos assim como apresentarem sintomas inespecíficos como:
diarréia, dispepsia, dor abdominal, náusea, vômitos, anorexia, hematêmese, febre e
perda de peso. Portanto, alguns estudos documentaram a dificuldade em se
correlacionar a apresentação clínica com o diagnóstico endoscópico das doenças
gastroduodenais em pacientes HIV-1 positivos cujos sintomas se apresentavam de
forma semelhante a várias infecções, neoplasias e gastrites não específicas(28, 97, 93).
53
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Um dos sintomas comuns em pacientes portadores do HIV-1 é a dor
abdominal. Geralmente sua freqüência aumenta com a progressão da doença e,
normalmente, está associada a alguma das várias patologias infecciosas ou não
infecciosas, como as neoplasias, presentes nesses pacientes durante a evolução da
AIDS. Além disso, o diagnóstico e o tratamento da dor abdominal tornam-se
complicados pelo uso de vários medicamentos, que podem, muitas vezes, serem os
únicos responsáveis pelos sintomas de dor(5).
Uma das causas importantes de dor abdominal em pacientes com
AIDS é a gastrite. A incidência de inflamação e infecção gástrica não é bem
conhecida, pois quase sempre a gastrite é assintomática nesses casos(5). Para o
diagnóstico etiológico preciso da gastrite, se faz necessário exame endoscópico
seguido de biopsia e exame histológico do material colhido. Entretanto, as
anormalidades histológicas podem ser inespecíficas(5).
Uma vez que algumas infecções gastrointestinais refletem doença
disseminada, sintomas como febre e dor abdominal podem sugerir o diagnóstico
presuntivo de doença pelo CMV(51, 44, 53); MAC(68, 66); gastrite flegmonosa(80). Quando
esses sintomas vierem acompanhados por lesões de pele características de
infecção pela Bartonella henselae e Bartonella quintana, pode-se pensar no
diagnóstico provável de comprometimento do estômago por essas bactérias(5,
77)
.
Hemorragias e obstruções gástricas em associação com lesões de pele sugestivas
de SK fazem pressupor o envolvimento do estômago pelo tumor(5). Quadros de
diarréia profusa e aquosa, acompanhados por febre, desconforto abdominal e,
ocasionalmente, dor epigástrica, podem sugerir o envolvimento do intestino delgado
concomitante, como acontece nas infecções pelo Cryptosporidium parvum(51,
MAC(68, 66), CMV(51).
90)
54
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
1.3.2 Estudo radiológico das doenças do Aparelho Digestório Alto
(ADA) em pacientes positivos para o Vírus da Imunodeficiência
Adquirida Tipo 1 (HIV-1).
Estudos radiológicos são sempre úteis para se localizar as
infecções do trato digestório e identificar complicações severas como úlceras,
obstruções e perfurações que podem ocorrer em pacientes com AIDS como
conseqüência das infecções oportunísticas ou neoplasias. Entretanto, o diagnóstico
etiológico específico não pode ser obtido somente por radiografia. Portanto, estudos
radiográficos são primariamente recomendados como método inicial de avaliação
dos sintomas gastrointestinais antes dos testes diagnósticos invasivos(108).
Em casos de dor abdominal aguda, as radiografias simples podem
ser os primeiros testes obtidos rapidamente para o diagnóstico de perfurações ou
obstruções(51).
Através do estudo com bário pode-se identificar e detalhar anormalidades da mucosa e submucosa, entretanto, esses achados são inespecíficos e o
diagnóstico definitivo deve ser estabelecido após endoscopia e biopsia(93).
O esofagograma contrastado com bário é relativamente pouco
sensível e não específico para a avaliação de esofagite em pacientes com AIDS.
Entretanto, alguns aspectos radiográficos são únicos para esses processos
infecciosos. Os achados radiográficos mais freqüentes para a esofagite por Candida
sp são múltiplas placas ou uma irregularidade difusa da mucosa, resultando no
aspecto “felpudo” podendo mimetizar lesões tipo ulceradas. As lesões pelo HSV são
usualmente associadas a múltiplas e pequenas úlceras(63). O esofagograma
contrastado não pode fazer a diferença entre as lesões ulceradas decorrentes da
infecção pelo CMV e UEIs, desde que ambas as doenças resultam em lesões únicas
ou múltiplas, bem delimitadas com profundidade variável(109, 55, 110).
55
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Fístulas para o mediastino podem resultar da infecção pelo MAC e
pelo
CMV(111,
112)
.
Achados
inespecíficos
de
anormalidades
da
mucosa
gastrointestinal ao exame do ADA, como: neoplasias (SK e linfomas); processos
infecciosos por vírus (CMV), protozoários (Cryptosporidium parvum e Toxoplasma
gondii), só puderam ser diagnosticados através de exame endoscópico como
observado
por
Falcone(93).
Embora
pacientes
com
alterações
neoplásicas
apresentem nódulos ou massas com maior freqüência, aqueles com processos
infecciosos podem demonstrar espessamento das pregas gástricas e estenose do
antro. O diagnóstico definitivo, entretanto, não pode ser feito sem o exame por
endoscopia e biopsia(93).
A avaliação por Tomografia Computadorizada (TC) em pacientes
com quadro clínico de abdômen agudo é de valor inegável por propiciar a
localização anatômica da condição patológica e instituição de terapêutica
apropriada. A TC é a modalidade de escolha nesses pacientes, favorecendo a
avaliação de todo o abdômen e pélvis, incluindo linfonodos, vísceras sólidas,
peritônio, retroperitônio e intestinos(51, 44). Em infecções gástricas oportunísticas a TC
quase sempre revela achados não específicos como espessamento de parede e
estreitamento do antro secundário a processos inflamatórios(5,
44)
e ulcerações as
quais, dependendo do tamanho, podem sugerir doença pelo CMV(51). A
concomitância de afecções abdominais é comum nesses pacientes e manifestam-se
com uma gama de achados ao exame. A TC pode demonstrar pneumoperitônio ou
abscessos, estabelecendo o diagnóstico de perfurações e propiciando intervenção
cirúrgica precoce nesses pacientes(51).
56
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
1.3.3 Diagnóstico endoscópico das doenças do Aparelho Digestório
Alto
(ADA)
em
pacientes
positivos
para
o
Vírus
da
Imunodeficiência Adquirida Tipo 1 (HIV-1)
O exame endoscópico tem sido considerado de escolha no que se
refere ao manuseio dos pacientes com AIDS, pois a documentação de doenças
oportunísticas é sempre necessária para se estabelecer o diagnóstico.
Com a progressão da imunodeficiência, a endoscopia se torna mais
importante devido à predisposição maior dos pacientes para tais infecções do trato
gastrointestinal. O rendimento da endoscopia em pacientes portadores do HIV-1
depende, principalmente, da indicação do procedimento, incluindo a apresentação
clínica e o estágio da imunodeficiência do portador.
As Indicações às quais a endoscopia tem um alto rendimento
incluem: pacientes com AIDS e sintomas esofágicos refratários ao tratamento
empírico com antifúngicos, biopsia do intestino delgado para pacientes com diarréia
crônica severa e sangramento digestivo alto(113). Embora as alterações possam ser
identificadas, o diagnóstico se torna menos provável em pacientes que apresentem
náusea, vômito ou dor abdominal inespecífica(113,
114)
. O diagnóstico poderá ser
melhor abordado pela endoscopia, se associado aos sintomas apresentados pelo
paciente e à contagem dos linfócitos TCD4(113).
O exame endoscópico complementado por escovado e biopsia é
considerado padrão ouro para a avaliação e diagnóstico etiológico das complicações
esofágicas dos pacientes com AIDS(25, 7). Sempre que uma lesão for identificada,
múltiplas biopsias devem ser obtidas(9, 7).
O número necessário de biopsias de uma úlcera esofágica para
excluir doença viral, especialmente CMV, ainda não está bem estabelecido(39).
Entretanto, pelo menos dez espécimes devem ser obtidos(9,
bases e bordas das úlceras
(50, 110, 6, 7)
.
7)
principalmente das
57
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
O mesmo número de biopsias, isto é, de oito a dez espécimes deve
ser obtido da mucosa gástrica, principalmente quando se deseja excluir o
diagnóstico de CMV(28). Embora as infecções oportunísticas comuns nesses
pacientes possam se apresentar de forma variável ao exame endoscópico, o estudo
histopatológico do material biopsiado freqüentemente leva ao diagnóstico específico
e diferenciação em relação aos processos neoplásicos. Em pacientes com doença
avançada pelo HIV-1, biopsia de áreas de mucosa aparentemente normal deve ser
feita para se estabelecer o diagnóstico(5, 115). Em estudo realizado por Bonacini(116),
os autores questionaram a necessidade de realização de biopsias em áreas de
mucosa normal do esôfago.
Independentemente dessas estratégias, muitos pacientes com AIDS
e sintomas gastrointestinais não têm o diagnóstico etiológico concluído. Em dois
estudos de pacientes HIV-1 positivos e com sintomas gastroduodenais onde foram
realizadas endoscopias complementadas por biopsias, o diagnóstico específico foi
feito em apenas 25 (42%) de 59 pacientes e em 12 (46%) de 26 pacientes(97, 117).
No esôfago a Candida sp pode acometer toda extensão do órgão
sendo mais freqüente nos terços proximal e distal, levando a queratinização e
formação de placas brancas contendo exudato e fungos, patognomônicos da
esofagite por Candida sp. Ao exame histológico do material de biopsia observa-se
invasão da lâmina própria, mas não da camada submucosa.
Classicamente, a candidíase esofágica resulta em múltiplas placas
branco-amareladas, nacaradas, aderidas sobre a mucosa esofágica, com a
aparência de “queijo tipo cotage”(7). A severidade da esofagite fúngica pode ser
classificada segundo os critérios de Kodsi: GRAU 1 poucas placas elevadas
esbranquiçadas de até 2mm de tamanho sem ulcerações; GRAU 2 múltiplas
placas elevadas esbranquiçadas maiores do que 2mm de tamanho sem ulcerações;
GRAU 3 placas elevadas esbranquiçadas, confluentes, lineares e nodulares com
ulcerações; GRAU 4 grau 3 com estreitamento do lúmen do esôfago(25).
58
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
O diagnóstico definitivo resulta na identificação de formas
leveduriformes, através de material obtido por biopsia ou escovado da mucosa do
esôfago para a realização de citologia, histologia e cultura(105, 118).
A técnica por escovado “cego” do esôfago é considerada
econômica, podendo ser realizada por técnico especializado, com perda mínima da
sensibilidade e especificidade quando comparada à endoscopia(105). A detecção de
candidíase esofágica por esses métodos não exclui outras doenças, desde que a
Candida sp tem sido encontrada em associação com outros processos infecciosos
do esôfago em mais de 25% dos pacientes sintomáticos(119, 36).
O Cryptococcus neoformans pode levar a processos inflamatórios
não específicos, pólipos ou erosões no estômago(32).
A manifestação mais freqüente encontrada pela infecção por CMV
no esôfago, através da endoscopia, é a presença de uma ou mais ulcerações
grandes, bem delimitadas, superficiais ou profundas, que podem ser circulares(7).
Quanto às manifestações da infecção pelo CMV no estômago, a aparência
endoscópica pode ser muito variável, desde mucosa normal, úlceras superficiais ou
profundas, eritema de mucosa e massa discreta em antro(38).
Esofagite por CMV, é causa importante de úlcera esofágica em
pacientes com AIDS(39, 119).
Ao exame endoscópico, as ulcerações aparecem como lesões
características da esofagite pelo CMV, podendo ser grandes, maiores do que 5cm²,
podendo ocorrer úlceras gigantes com 10cm², solitárias, muitas vezes hemorrágicas,
predominantemente com bordas bem delimitadas e localizadas, mas não
exclusivamente, no terço distal do esôfago. Também podem ocorrer úlceras
menores e mais comumente localizadas no terço proximal e médio do esôfago. A
mucosa entre as úlceras usualmente encontra-se normal(50, 109, 7).
59
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Como observado por Bonacini(33) inflamações erosivas, com ou sem
ulcerações, são a segunda forma de apresentação das lesões causadas pela
infecção da mucosa esofágica pelo CMV. Rich(38) relata que as lesões erosivas
esofagogástricas e colite são as apresentações mais comuns da infecção pelo CMV.
A terceira forma de apresentação das lesões pelo CMV é o
pseudotumor, constituindo-se de massa tumoral normalmente no terço distal do
esôfago(50). Rich(38) descreveu apresentações de lesões do tipo massas tumorais
que podiam simular neoplasia, identificando em um dos casos relatados, massa
tumoral na região do fundo do estômago mimetizando neoplasia.
Apesar das apresentações mais comuns mencionadas, trabalhos
posteriores demonstraram que as lesões podem se apresentar de múltiplas formas.
Wilcox et al.
(109)
, em trabalho prospectivo, durante três anos identificaram 141
úlceras por CMV em 33 pacientes através da endoscopia. A esofagite por CMV foi o
diagnóstico de infecção pelo HIV-1 em 8 pacientes. Odinofagia o sintoma
predominante, embora o sangramento gastrointestinal tenha sido a primeira
manifestação em 5 pacientes. Múltiplas úlceras foram identificadas em 58% dos
pacientes. Úlceras gigantes foram observadas em 28%, embora 43% das lesões
tivessem sido menores do que 1cm na sua maior dimensão.
A maioria das lesões localizava-se nos terços médio e distal do
esôfago. As úlceras caracterizavam-se por serem rasas ou de profundidade
intermediária em 74% dos pacientes; úlceras profundas foram identificadas em 8%;
erosões difusas foram encontradas em 6%; em 12% as úlceras tinham aparência de
“úlceras empilhadas”. Em contraste com trabalhos anteriores, o aspecto endoscópico
da doença esofagiana por CMV pode se apresentar de forma variável. Múltiplas
ulcerações bem circunscritas foram as apresentações mais observadas à
endoscopia, embora as lesões podiam variar em tamanho, número e aparência.
60
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Desde que a ausência de apresentação uniforme das lesões na
esofagite pelo CMV pode levar a dúvidas diagnósticas com outras condições
caracterizadas por ulcerações do esôfago, todos os pacientes que apresentarem
ulcerações esofágicas deverão ser submetidos à biopsia para que o diagnóstico
definitivo possa ser obtido(109).
A inflamação ou ulceração gástrica pelo CMV pode se apresentar
sozinha ou em associação com ulceração esofágica. Geralmente a infecção é
encontrada na região do fundo do estômago em contigüidade com o esôfago e
junção gastroesofágica(51, 6). O segmento distal e o antro do estômago são menos
acometidos, embora existam alguns poucos relatos de casos de infecção pelo CMV
com a presença de massa na região do antro(38).
A infecção pelo CMV no estômago pode se apresentar de diversas
maneiras, normalmente produzindo úlceras únicas, grandes e superficiais, e,
ocasionalmente ulcerações difusas(5) e gastrite erosiva. Alternativamente, a mucosa
pode se mostrar espessa com nódulos ou massas tumorais (5, 38).
As lesões pelo HSV acometem, principalmente, o terço distal do
esôfago, pelo menos no início da doença(120, 25). Em estudo realizado por Gérnéreu
et al.(120), em 1996, os autores observaram uma prevalência das lesões de 50% no
terço distal, 12% no terço médio, 1% no terço proximal e em 32% as lesões eram
difusas.
A infecção pelo HSV normalmente se inicia com lesões do tipo
vesiculares que evoluem rapidamente para ulcerações discretas, superficiais e
múltiplas. Embora a presença de pequenas vesículas seja comumente observada
em pacientes imunocompetentes, este achado não é freqüente nos pacientes HIV-1
positivos. Com a progressão da infecção, as úlceras coalescem para formarem
grandes áreas de ulcerações e, eventualmente, esofagite pseudomembranosa(121).
61
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Lesões do tipo erosivas semelhantes à esofagite péptica e às
ulcerações sobrelevadas em forma de cone com ulceração central (volcano ulcers)
podem ser identificadas(121,
110)
. As áreas de erosão e úlceras podem apresentar
hemorragia(14). Nesse estágio os pacientes tornam-se sintomáticos e são
diagnosticados,
levando
à
suspeita
diagnóstica
ao
exame
endoscópico.
Alternativamente, os pacientes podem apresentar vários estágios de envolvimento
esofágico no início da infecção, provavelmente relacionados com a severidade da
doença ou com a intensidade da imunodepressão(121).
No exame endoscópico as UEIs apresentam-se como úlceras
únicas ou, predominantemente, ulcerações múltiplas, com bordas bem delimitadas,
variando em profundidade e com diâmetro entre 1 e 5cm, acometendo qualquer
parte do esôfago. Como nas úlceras pelo CMV, a mucosa adjacente encontra-se
normal(55,
59, 110)
. As úlceras solitárias podem se apresentar como úlceras gigantes,
maiores do que 5cm² e profundas(122).
Em estudo realizado por Wilcox et al.(55), os autores observaram que
as úlceras podem se apresentar de várias formas. Estudando 23 pacientes ao longo
de 28 meses, os autores identificaram 68 úlceras esofágicas idiopáticas através de
exame endoscópico. A maioria dos pacientes tinha doença avançada pelo HIV-1.
Múltiplas úlceras foram identificadas em 57% das endoscopias. Úlceras gigantes
foram vistas em um terço, sendo 37% menores ou iguais a 1cm de diâmetro na sua
maior dimensão.
A maioria das úlceras localizava-se nos terços médio e distal do
esôfago. Foram observadas úlceras superficiais ou de profundidade intermediária
em 53% dos pacientes, sendo que 7% apresentaram úlceras profundas. Também
foram observadas úlceras aglomeradas e empilhadas em 40% dos pacientes. Ao
exame endoscópico as úlceras podem se apresentar de várias formas, tamanhos e
aparência. Considerando-se essa ausência de uniformidade e podendo se
assemelhar com outras lesões do esôfago, todos os pacientes com infecção pelo
HIV-1 e ulcerações esofágicas devem ser encaminhados para exame de endoscopia
digestiva, acompanhada por biopsia para se obter diagnóstico definitivo das lesões.
62
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Pacientes com AIDS e infecções gástricas por bactérias, inclusive
Helicobacter pylori, usualmente apresentam as mesmas alterações que os pacientes
negativos para o HIV-1 com infecções semelhantes(73, 71).
Infecções
inespecíficos,
variando
pelo
desde
MAC,
mucosa
resultam
em
achados
aparentemente
normal,
endoscópicos
eritematosa,
edematosa e friável. Pequenas erosões e nodulações finas e esbranquiçadas
recobrindo a mucosa do intestino delgado têm sido descritas(70). Ulcerações com
fístulas esofágicas e adenopatia retroesternal podem ser identificadas(25). O duodeno
foi o local mais acometido pelo MAC, segundo estudos realizados por Gray(68),
muitas vezes podendo simular a doença de Whipple(69, 123).
No exame endoscópico a infecção gástrica luética pode-se
apresentar como inflamação difusa multinodular do estômago distal com erosões e
ulcerações que se estendem até a porção bulboduodenal. A região do antro não
apresentava distensibilidade e a mucosa era muito friável(76).
No exame endoscópico a Bartonella henselae e a Bartonella
quintana apresentam-se como máculas ou nódulos vermelhos purpúreos e no
exame anatomopatológico observa-se proliferação neovascular, podendo envolver a
mucosa e a submucosa gástrica. O diagnóstico diferencial se faz com o SK(77, 5).
Geralmente, a apresentação endoscópica da gastrite flegmonosa
se faz por ulcerações profundas da mucosa gástrica recobertas por exudato
fibrinopurulento. Na laparotomia observa-se exudato fibrinopurulento na cavidade
peritoneal acompanhado por edema e espessamento da parede gástrica(81).
A aparência endoscópica da infecção pelo Cryptosporidium na
mucosa gástrica é variável, incluindo hiperemia, edema, atrofia, sangramento, pólipo
e até mucosa aparentemente normal. O exame endoscópico com biopsia pode ser
limitado à região do antro e, devido à provável infiltração difusa do parasita na
mucosa gástrica, múltiplas biopsias devem ser recomendadas(84).
63
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Em 1994, Laguna(2) descreveu cinco pacientes e, em revisão de dez
casos previamente publicados sobre leishmaniose do trato gastrointestinal,
documentou que a contagem de TCD4 nesses pacientes era menor do que 200
células/mm³. Leishmania sp foi identificada no duodeno em 90% (nove de dez
casos) e na mucosa gástrica em 75% (seis de oito casos).
Entretanto, o sítio de maior acometimento pela Leishmania sp no
trato digestório se mantém incerto(2). Os achados endoscópicos variavam desde
mucosa normal em cinco pacientes (45% das biopsias revelaram leishmaniose
nesses casos); gastroduodenite erosiva em três (27%); úlcera gástrica em três
(27%); múltiplas lesões eritematosas colonizadas em um (9%); SK e Leishmania sp
em um (9%); úlcera esofágica e CMV em um (neste caso o protozoário não foi
identificado). Estes resultados ilustram que diferentes patógenos ou neoplasias
podem levar a exames endoscópicos semelhantes em pacientes com AIDS e que
apesar da mucosa aparentemente normal, múltiplas biopsias ao acaso devem ser
feitas.
Assim como a leishmaniose, a toxoplasmose gástrica tem sido
descrita como lesões inespecíficas à endoscopia(2), com diferentes achados
endoscópicos, incluindo desde edema de mucosa, inflamação, ulceração até lesões
arroxeadas umbilicada(87).
O diagnóstico por endoscopia do SK pode identificar pápulas com
contorno avermelhado ou purpúreo, pólipos azulados com ou sem umbelicação
central, máculas eritematosas que variam entre poucos milímetros até alguns
centímetros de tamanho(5) e nódulos violáceos(100). Não há preferência na
localização dentro do estômago, podendo as lesões ser únicas ou múltiplas. No
exame histológico há confirmação diagnóstica em apenas 25% dos casos
biopsiados, pois como as lesões, muitas vezes, localizam-se na submucosa ficando
fora do alcance para as pinças normalmente usadas em biopsias(5).
64
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
No diagnóstico das lesões por acometimento gastrointestinal pelo
linfoma não-Hodgking, feito através de exame radiológico contrastado, observa-se
massa irregular, ulcerada ou com pregueamento rugoso espesso. A endoscopia é o
exame de eleição para o diagnóstico, pela possibilidade de realização de biopsia
para diagnóstico de certeza. A laparotomia deverá ser realizada como exame
complementar, em muitos casos, uma vez que as lesões infiltrativas encontram-se
até o nível da submucosa(5), assim como a biopsia de congelação com análise pela
imunoperoxidase para avaliar infiltrado de imunoglobulinas monoclonais(5).
Os achados endoscópicos das esofagites medicamentosas variam
de acordo com o tipo de medicação ingerido e o tempo de contato com a mucosa.
Enantema e erosões superficiais são freqüentes. As úlceras são de tamanho e
profundidade variáveis, associadas ou não a membrana fibrinosa, comumente
localizadas no terço médio do esôfago e podem ser em número de duas
diametralmente opostas, chamadas kissing ulcers. Úlceras de forma arredondadas e
com bordos planos, bem delimitadas e regulares, são aspectos da fase aguda. A
presença de medicamentos e seus fragmentos na luz esofágica auxilia no
diagnóstico de certeza. Algumas vezes, as lesões só podem ser diferenciadas dos
processos infecciosos ou neoplásicos através da biopsia. Não é rara a associação
da esofagite de refluxo, hérnia de hiato e estenose péptica, cáustica ou précirúrgica(98).
65
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
1.3.4 Diagnóstico etiológico das lesões do Aparelho Digestório Alto
(ADA) identificadas à endoscopia
O exame por endoscopia favorece a visualização direta da mucosa
do trato gastrointestinal possibilitando a obtenção de espécimes através de biopsia
e, com isso, permitindo que se estabeleça um diagnóstico definitivo das lesões
observadas(27).
Desordens,
como
a
candidíase,
têm
certas
características
endoscópicas sendo que um diagnóstico imediato pode ser feito. Nessa população
as lesões ulceradas do esôfago apresentam uma diversidade de diagnósticos,
tornando o exame histológico obrigatório. Além disso, devido ao custo e toxicidade
das terapias existentes, o diagnóstico definitivo se impõe antes do início do
tratamento(27).
A técnica do escovado durante a realização da endoscopia,
segundo alguns autores, entre eles Porro(104), demonstra maior sensibilidade em
relação à biopsia no diagnóstico da candidíase esofágica. A justificativa para tal se
refere à preservação das formas miceliais do fungo, durante a técnica do escovado
quando comparada às técnicas de fixação em formol através da biopsia. Na
candidíase superficial, na qual os tecidos mais profundos não são acometidos, a
fixação em formol pode lavar as amostras durante o processo. Com isso, o escovado
pode ser considerado exame padrão no diagnóstico da candidíase esofágica(104).
Escovado seguido por exame citológico utilizando-se as colorações de Papanicolau
e Giemsa são feitos de rotina na investigação das alterações esofágicas(124).
Os espécimes biopsiados podem ser normalmente fixados para
exame histológico usando colorações de rotina como a Hematoxilina-Eosina e
colorações específicas para fungos e bactérias, incluindo as micobactérias (ZiehlNeelsen), se indicados.
66
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Leveduras em brotamento, hifas e pseudo-hifas são melhor
visualizadas através da coloração pela prata, Ácido Periódico de Schiff (PAS) ou
Gram sendo diagnósticos de infecção pela Candida sp(124, 25). Os patologistas devem
estar atentos para a história e exame endoscópico, pois nem todas as colorações no
exame histológico são aplicáveis para todas as espécies. Devem ser feitos
esfregaços dos espécimes obtidos,n assim como as colorações para fungos e
bactérias, assim como o devido transporte em meio adequado para cultura de vírus.
Normalmente não se realiza cultura de espécimes para fungos e bactérias, pois as
culturas nem sempre são fidedignas em se diferenciar flora normal, colonizações e
infecções. Entretanto, se um patógeno não usual como algumas espécies de
Candida sp, Aspergillus sp, M. tuberculosis ou bactérias que possam levar às
esofagites são tidas como suspeitas e responsáveis por determinada doença através
da clínica e exame endoscópico, as culturas podem ser úteis, particularmente se a
sensibilidade para as drogas antimicrobianas for viável a partir dessas culturas(25).
A biopsia de mucosa gástrica acometida por Cryptococcus
neoformans revelou gastrite com identificação de múltiplas formações arredondadas
leveduriformes demonstradas pela coloração com o PAS na lâmina própria(32).
O diagnóstico etiológico das lesões decorrentes da infecção pelo
CMV se faz pela realização de biopsias, sendo estas mais aplicáveis na porção
basal das úlceras, pois o CMV normalmente infecta fibroblastos e células endoteliais.
Múltiplos espécimes devem ser obtidos do centro das úlceras(25). Espécimes
contendo apenas epitélio escamoso não são viáveis para o diagnóstico de CMV e
escovado superficial para exame citológico exerce pouca utilidade no rendimento
diagnóstico. Em contraste, as células colunares epiteliais do estômago e intestinos
podem apresentar a infecção pelo CMV, sendo que biopsias podem ser obtidas
quando doença entérica for provável(25).
67
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
A presença das inclusões do CMV em tecidos de biopsia
geralmente indica replicação viral ativa e as inclusões associam-se com as lesões
patológicas e processo inflamatório(42,
43)
. O diagnóstico da infecção do trato
gastrointestinal pelo CMV usualmente se confirma pela presença de células com
efeito citopático, as quais são específicas para esse patógeno. Classicamente a
infecção apresenta três alterações maiores que incluem: citomegalia, inclusões
intranucleares tipo Cowdry A e inclusões intracitoplasmáticas.
Entretanto, como as inclusões citoplasmáticas não se encontram no
início da infecção, este achado não se inclui como critério histológico mínimo para
confirmação do diagnóstico(42). Sabe-se que nem todas as células infectadas pelo
CMV apresentam esse efeito citopático maior, podendo-se identificar uma variação
desses efeitos clássicos e, em alguns estudos, os autores demonstraram haver uma
prevalência dessas alterações não clássicas no trato gastrointestinal, principalmente
quando comparados aos tecidos pulmonares e glândula adrenal(1).
Em
trabalho
realizado
por Schwartz et
al.(42),
os
autores
identificaram três formas de apresentação das alterações citopáticas decorrentes da
infecção pelo CMV e as classificaram em tipo I, II e III, sendo o diagnóstico
confirmatório realizado através da técnica de hibridização in situ. Um achado
importante desse trabalho foi a ausência de inclusões citomegálicas detectáveis nas
células epiteliais do esôfago, conforme observado também por outros autores(1).
A técnica de hibridização in situ para detecção da infecção pelo
CMV é rápida, altamente sensível e específica. Diferente da técnica por
imunohistoquímica, onde se empregam anticorpos monoclonais para antígenos
virais, a hibridização in situ não depende da expressão precoce ou tardia dos
antígenos virais e da integridade de suas proteínas. O aumento da sensibilidade da
hibridização in situ quando comparado com a técnica por imunohistoquímica para as
alterações histopatológicas no diagnóstico da infecção pelo CMV, foi notada por
Wu(125). A imunohistoquímica é considerada uma técnica específica e sensível para a
detecção do CMV. Entretanto, como observado por Wu, é apenas um pouco mais
sensível do que a técnica padrão de microscopia eletrônica.
68
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Demonstraram ainda que metade dos casos em que o diagnóstico
do CMV foi confirmado por hibridização in situ, não havia sido confirmado pela
imunohistoquímica(125). Genta(45) reportou um caso de perfuração intestinal onde a
causa não havia sido identificada, sendo provavelmente secundária à infecção pelo
CMV e isso só foi possível de se diagnosticar após os exames pelas técnicas de
hibridização in situ e imunohistoquímica. É claro, no entanto, que a técnica de
hibridização in situ é mais onerosa do que a coloração pela hematoxilina-eosina que,
por sua vez, é relativamente mais onerosa do que a imunohistoquímica com
anticorpos anti-peroxidase(125). Carbo(126), em trabalho comparando o exame
histopatológico com a imunohistoquímica concluiu que a primeira era melhor.
Quando a imunodepressão progride e os mecanismos antivirais do
hospedeiro declinam  inclusive a ativação das células NK e CLT(127)  o
citomegalovirus pode ser isolado através de cultura de várias células, incluindo as
circulantes mononucleares, fluidos do corpo como sêmen e secreções cervicais e
outros como as mucosas do trato gastrointestinal.
O isolamento do vírus de material obtido através de biopsia ou
escovado de uma lesão ulcerada, não pode ser adequadamente estabelecido como
diagnóstico de infecção pelo CMV esofágico. Devido a viremia por CMV poder estar
presente em 50% dos pacientes com AIDS, é possível que a positividade da cultura
resulte de partículas virais carreadas pelo sangue que acompanham o material da
biopsia dentro do meio de cultura. Além disso, amostras de biopsias negativas para
o CMV em cultura, cujo exame histopatológico demonstra provável doença viral,
pode ser devido à exigente conservação dos meios de cultura para que ocorra o
crescimento viral adequado(50).
Resultados benéficos têm sido observados com o uso do PCR
principalmente em estudos onde houve a necessidade de se descartar a
possibilidade de infecção viral em úlceras esofágicas(61).
69
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Ulcerações confluentes e acometimento difuso da mucosa podem
ser encontrados em esofagites intensas pelo HSV. Esses casos são difíceis para o
endoscopista, pois as áreas das ulcerações podem ocupar todo o esôfago deixando
as bordas das lesões com epitélio escamoso sem limites. As margens das úlceras e
ilhotas de epitélio escamoso devem ser biopsiados e escovados para que o
diagnóstico possa ser realizado; biopsias da região central das úlceras são
usualmente inadequadas para o diagnóstico do HSV. Todavia, a realização da
imunohistoquímica das lesões difusas pode ser utilizada para se identificar células
infectadas pelo HSV(25).
A infecção pelo HSV no esôfago pode ser diagnosticada através de
biopsia da mucosa, cultura e exame citológico do escovado tanto das vesículas
como das ulcerações(121). O exame citológico pode ser altamente específico e
sensível (ambos em torno de 90,9%) sugerindo infecção de etiologia viral pelo HSV
em 100% dos pacientes(128).
A cultura viral é um pouco mais sensível do que o exame
microscópico para o diagnóstico das infecções pelo HSV, assim como as culturas de
biopsias são também um pouco mais sensíveis do que as culturas por escovado(121).
Parece então, que o melhor seria encaminhar o material de biopsia para cultura. O
HSV cresce rapidamente em fibroblastos e células de rins de coelhos. Os efeitos
citopáticos
podem
ser
observados
em
24-96
horas
após
a
inoculação.
Alternativamente, o vírus pode ser identificado rapidamente por imunohistoquímica
de uma cultura centrifugada em suspensão (shell vials) após 24-36 horas(25).
O diagnóstico histológico da infecção pelo HSV se faz pela
identificação de células multinucleadas gigantes, degeneração em “balão” das
células, corpúsculos de inclusão Cowdry tipo A e núcleo em espelho(120). Diferente
da infecção pelo CMV, não há corpúsculos de inclusão citoplasmática. Testes
imunohistológicos usando anticorpos monoclonais para antígenos do HSV podem
demonstrar células infectadas as quais não apresentam alterações morfológicas.
70
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
A combinação do escovado direto e biopsia submetida à cultura e
exame histológico, melhora a sensibilidade do diagnóstico endoscópico quando
comparada somente à biopsia(25,
120)
. A sensibilidade do diagnóstico aumenta
quando utilizadas as técnicas de hibridização in situ e imunohistoquímica(121).
As UEIs pelo HIV-1 são caracterizadas por necrose das células
epiteliais, acúmulo de células polimorfonucleares, mononucleares e deposição de
colágeno. O exame histológico e cultura do material de biopsia são negativos para
os patógenos conhecidos, embora Candida sp possa estar presente como infecção
secundária(62).
Pacientes com AIDS e infecção bacteriana gastrointestinal,
incluindo-se o Helicobacter pylori, a identificação de gastrite crônica ativa é o achado
mais freqüente(72). Como conseqüência da diminuição da imunidade celular,
pacientes HIV-1 positivos podem apresentar um número reduzido de linfócitos
plasmáticos assim como na lâmina própria. Algumas bactérias especiais podem ser
obtidas através da cultura do aspirado gástrico e o Helicobacter pylori pode ser
diagnosticado por testes rápidos como o da urease, sorologia, cultura ou pela
coloração de Giemsa modificada(5,
65, 72)
. Embora muitos autores tenham sugerido
que os testes sorológicos para o Helicobacter pylori sejam menos sensíveis na
doença avançada em pacientes com AIDS, outros acharam que os testes
sorológicos têm uma importância significativa(73, 75).
Pacientes
com
infecção
pelo
MAC
são
freqüentemente
bacteriêmicos e a sensibilidade das culturas de sangue têm sido documentadas
como sendo acima de 85% a 98%. Mesmo assim, biopsias por endoscopia devem
ser realizadas e encaminhadas para exames diretos através de colorações especiais
como PAS e
cultura
para
micobactérias
gastrointestinal pela micobactéria(68, 66).
para
confirmar o
envolvimento
71
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
O exame microscópico caracteriza-se pela presença de organismos
dentro de macrófagos da lâmina própria com positividade para PAS, podendo
simular a doença de Whipple(67, 123, 69). A confirmação diagnóstica se faz através de
cultura do material de biopsia(66).
A infecção gástrica pelo Treponema pallidum pode demonstrar na
biopsia, gastrite aguda ou crônica do tipo erosiva intensa com comprometimento da
muscular-mucosa por infiltrado inflamatório e duodenite aguda e crônica. A
coloração Warthin-Starry do material de biopsia pode identificar numerosas
espiroquetas no epitélio e lâmina própria dos espécimes. Os testes laboratoriais
sorológicos para sífilis são todos positivos(76).
O diagnóstico laboratorial da infecção pela Bartonella henselae e
Bartonella quintana pode ser feito através de biopsia com análise histopatológica
com colorações pela hematoxilina-eosina e Warthin-Starry, cultura em Agar
chocolate, PCR e imunohistoquímica. No exame anatomopatológico observa-se
proliferação neovascular, podendo envolver a mucosa e a submucosa gástrica. O
diagnóstico diferencial se faz com o SK(5, 77).
Mittleman(80) descreveu os achados de autópsia de um paciente
com gastrite flegmonosa, onde observou no exame anatomopatológico, hemorragia
focal
da
mucosa
acompanhada
por
infiltração
branco
amarelada.
Microscopicamente, a submucosa apresentava-se edematosa e espessada, com
trombose vascular e intensa inflamação recoberta por exudato fibrinopurulento.
Culturas de sangue, peritônio ou aspirado gástrico podem revelar o agente causador
da doença que, na maioria das vezes, 70% dos achados são devido à infecção pelo
grupo das bactérias estreptocócicas hemolíticas do grupo A ou B(80, 81).
O diagnóstico da infecção por Cryptosporidium sp gástrico depende
da identificação do parasita dentro da camada superficial e epitelial do estômago(85).
72
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
O exame histológico demonstra reação inflamatória aguda com
infiltrado neutrofílico das células epiteliais, embora inflamação crônica com infiltrado
linfocítico, histiócitos e eosinófilos possa ocorrer também(85).
Exames sorológicos para Leishmania sp demonstram uma baixa
sensibilidade sendo a técnica de Western Blot (WB) mais sensível. A visualização
direta das formas amastigotas em leucócitos do sangue periférico é um método
simples e pouco agressivo. O melhor método diagnóstico para pacientes HIV-1
positivos com leishmaniose visceral, entretanto, é a aspiração da medula óssea com
exame microscópico direto das amostras coradas cujo diagnóstico pode ser feito em
95% dos casos, podendo ser acompanhada por cultura do material, aumentando a
eficácia do exame(2). Uma alternativa para detecção do parasita seria o PCR,
embora o seu uso epidemiológico, prevenção e tratamento da doença ainda está
para ser determinado(86).
Embora a melhor técnica para o diagnóstico da leishmaniose
visceral seja o aspirado de medula e coloração para tal, a demonstração do parasita
em exame histológico de material de biopsia à endoscopia é necessário para a
confirmação diagnóstica do envolvimento gástrico(2).
O diagnóstico da toxoplasmose gástrica é feito por biopsia e na
infecção aguda pode-se demonstrar trofozoítas intracelulares no epitélio e
estroma(96).
Os achados histológicos do material de biopsia das esofagites
medicamentosas são geralmente inespecíficos, caracterizando-se por necrose e
processo inflamatório agudo inespecífico(98).
73
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
1.4 ACHADOS ENDOSCÓPICOS E DIAGNÓSTICO PRESUNTIVO
Segundo Wilcox et al.(7), os sintomas e diagnósticos das infecções
esofágicas em pacientes HIV-1 positivos podem ser como resumido abaixo.
SINTOMAS
•
Disfagia: mais comum em candidíase, incomum em CMV
•
Odinofagia: incomum em candidíase, mais comum em
CMV, HSV e UEI
•
Dor cervical: doenças da hipofaringe
•
Dor retroesternal: CMV, HSV, UEI
•
Azia e regurgitação: GERD, atenção para a contagem de
TCD4
•
Hematêmese: úlceras esofágicas, CMV, HSV, UEI
EXAME FÍSICO
•
Disfagia: mais comum em candidíase, incomum em CMV
•
Odinofagia: incomum em candidíase, mais comum em
CMV, HSV e UEI
•
Dor cervical: doenças da hipofaringe
•
Dor retroesternal: CMV, HSV, UEI
•
Candidíase: 1/3 dos pacientes com esofagite têm “sapinho”
•
Úlceras perorais e úlceras nasais (bolhas): HSV
74
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
ESOFAGOGRAMA COM BÁRIO
•
Irregularidades difusas da mucosa: (“aparência felpuda”):
candidíase
•
Uma ou mais lesões ulceradas grandes e bem circunscritas:
CMV, UEI.
ENDOSCOPIA
•
Placas amareladas múltiplas (aparência de “queijo tipo
cotage”): candidíase
•
Uma ou mais úlceras bem circunscritas: CMV,HSV,UEI.
•
Ulcerações difusas e rasas: CMV,HSV.
•
Úlceras rasas, bem circunscritas, comuns no esôfago distal:
CMV, HSV.
•
Esofagite erosiva difusa, úlceras rasas, raras vesículas: HSV
•
Úlceras localizadas no terço médio do esôfago: induzidas por
drogas
•
Úlceras ou erosões no esôfago distal: CMV, GERD.
DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO
Citologia: candidíase, também útil para HSV, não aplicável
para CMV,UEI.
•
Escovado esofágico: candidíase, não aplicável para CMV
Biopsia de mucosa: são necessárias biopsias das bases e
margens das úlceras no mínimo seis vezes: CMV (base da
úlcera), HSV (borda da úlcera) e UEI.
75
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Segundo Wilcox et al.(7), a prevalência das afecções esofágicas nos
pacientes com AIDS pode ser resumida como demonstrado na FIGURA 1.
2%
5%
45%
5%
19%
24%
Candida sp
CMV
UEI
HSV
GERD
Outros
CMV = Citomegalovírus; HSV = Vírus Herpes Simples; UEI = Úlceras Esofágicas Idiopáticas;
GERD = Doença do Refluxo Gastroesofágico
Fonte: Adaptado de Wilcox, 1998.
FIGURA 1. Prevalência das afecções esofágicas em pacientes com AIDS
Segundo
Varsky(28),
em
497
pacientes
HIV-1
positivos,
a
prevalência e etiologia das úlceras gastroduodenais comparadas com pacientes HIV1 negativos está resumida na tabela 1.
TABELA 1. Prevalência e etiologia das úlceras gastroduodenais em pacientes com
AIDS.
H pylori + n/%
CMV n/%
Cry n /%
GCA n/%
Grupo I (HIV-1 +
com UGD).
5/16 (31,2%)
8/16 (50%) *
2/16 (12,5%)
13/16 (81,20%)
Grupo II (HIV-1+
sem UGD).
12/20 (60%)
1/20 (5%)*
1/20 (5%)
12/20 (60%)
Grupo III (HIV-1com UGD).
11/16 (68,7%)
0/16 (0%)
0/16 (0%)
15/16 (93,6%)
H pylori = Helicobacter pylori; CMV= citomegalovirus; Cry = Cryptosporidium; GCA = gastrite crônica ativa; UGD = úlcera
gastroduodenal.
* p < 0.005.
Fonte: Adaptado de Varsky, 1998.
76
1 Introdução
___________________________________________________________________________________________
Alguns autores sugerem que a baixa prevalência da infecção pelo
Helicobacter pylori pode explicar a menor incidência de úlceras gástricas nos
pacientes com AIDS. De acordo com esse estudo, os agentes etiológicos do grupo I
com UGD foram o CMV, Cryptosporidium sp e Helicobacter pylori. O único agente
que está associado claramente com as UGD no grupo I é o CMV (50%).
Paradoxalmente os autores observaram uma menor prevalência do H. pylori nos
pacientes com UGD do grupo I em relação aos pacientes HIV-1 positivos do grupo II,
sem UGD (31,2% vs 60%). Como proposto por alguns autores(73), a prevalência do
Helicobacter pylori diminui com a progressão da imunodepressão, sendo que a
menor incidência no grupo I pode explicar esse achado. O grupo I inclui pacientes
com imunidade provavelmente menor, tanto que a incidência da infecção pelo CMV
foi maior.
2 OBJETIVOS
78
2 Objetivos
__________________________________________________________________________________________
2
OBJETIVOS
2.1
ESPECÍFICO
Propor um protocolo de investigação diagnóstica para pacientes
HIV-1 positivos ou com AIDS com afecções do ADA, dirigido aos
clínicos e às Seções De Endoscopia, Laboratório Clínico e
Anatomia Patológica do I.I.E.R.
2.2
GERAL
1
Analisar o processo diagnóstico das afecções do ADA no
I.I.E.R. em pacientes HIV-1 positivos ou AIDS, avaliando
as solicitações médicas dos pedidos de endoscopia,
procedimentos endoscópicos, exames laboratoriais e
anatomopatológicos.
2
Comparação entre os diagnósticos do ADA obtidos no
I.I.E.R., em relação à literatura estudada.
3 METODOLOGIA
80
3 Metodologia
__________________________________________________________________________________________
3
METODOLOGIA
Foi realizado um estudo retroprospectivo transversal sobre as afecções do
ADA em pacientes HIV-1 positivos e com AIDS.
As informações foram obtidas dos bancos de dados das Seções de
Endoscopia, de Anatomia Patológica e do Serviço do Laboratório Clínico do I.I.E.R.
Neste período foram avaliados 348 pacientes HIV-1 positivos, sendo que 234
foram submetidos à endoscopia digestiva alta somente uma vez e 114 a duas ou
mais endoscopias. Os pacientes com mais de uma endoscopia foram incluídos
apenas uma vez, considerando-se apenas a primeira endoscopia realizada.
Os pacientes estudados eram sabidamente HIV-1+ e/ou com AIDS,
matriculados no I.I.E.R. e com idade superior a 13 anos, submetidos a endoscopia
digestiva alta no período de janeiro a setembro de 2002.
3.1 DADOS DEMOGRÁFICOS
Foram avaliados a idade e sexo dos pacientes.
81
3 Metodologia
__________________________________________________________________________________________
3.2 AVALIAÇÃO DAS SOLICITAÇÕES DE ENDOSCOPIA
Foram avaliados os seguintes parâmetros:
INDICAÇÃO: dor, sangramentos, disfagia, candidíase oral, lesões
ulceradas orofaríngeas, controle de tratamento de doença do ADA.
DOENÇAS ASSOCIADAS ATUAIS E PREGRESSAS: doença do ADA pregressa,
doenças sistêmicas, doenças oportunistas atuais.
Drogas em utilização pelo paciente com possível ação sobre o ADA.
Hemograma com contagem de plaquetas e coagulograma.
3.3 AVALIAÇÃO ENDOSCÓPICA
3.3.1 Descrição do protocolo do Instituto de Infectologia “Emílio
Ribas” I.I.E.R.
Devido à inexistência de uma rotina diagnóstica, formalizada por
escrito, foi solicitado ao Serviço de Endoscopia que descrevesse o protocolo
utilizado, constante do APÊNDICE 2.
82
3 Metodologia
__________________________________________________________________________________________
3.3.2 Alterações estudadas nos laudos de endoscopia
Foram estudados os seguintes parâmetros endoscópicos descritos
nos laudos:
Topografia das lesões com a descrição dos achados nos
diferentes segmentos do esôfago (terço proximal, médio, distal e
transição esofagogástrica, este último incluído no segmento
distal para análise); estômago (fundo, corpo e antro) e duodeno.
Caracterização dos achados endoscópicos como edema,
enantema, úlceras, erosões e tumorações nos diferentes
segmentos do esôfago, estômago e duodeno.
Diagnóstico endoscópico e intensidade das lesões.
Suspeita diagnóstica etiológica.
83
3 Metodologia
__________________________________________________________________________________________
3.4 DIAGNÓSTICO ANATOMOPATOLÓGICO
3.4.1 Descrição do protocolo
Devido à inexistência de uma rotina diagnóstica formalizada por
escrito, foi solicitado ao Serviço de Patologia que descrevesse o protocolo utilizado,
constante do APÊNDICE 3.
3.4.2 Alterações estudadas
Topografia da lesão no material de biópsia com a descrição das
alterações no esôfago, estômago e duodeno.
Foram estudados os diagnósticos obtidos pela rotina do Serviço de
Patologia, através dos laudos de acordo diagnóstico histológico, etiológico e
imunohistoquímico.
4 RESULTADOS
85
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
4. RESULTADOS
Os dados demográficos dos pacientes, os resultados obtidos pela avaliação
dos laudos e os resultados de patologia clínica e anatomopatologia são descritos a
seguir.
4.1 DADOS DEMOGRÁFICOS
Foram estudados 348 pacientes, 209 homens (60,05%) e 139 mulheres
(39,94%) com idade entre 15 e 69 anos (média 37 anos, EP-0,48), submetidos a
EDA.
4.2 AVALIAÇÃO DAS SOLICITAÇÕES
A avaliação das informações nas solicitações para realização de
endoscopia dos 348 pacientes estudados mostrou que a queixa do paciente foi
referida em 309 (88,8%), o estado imunológico em 14 (4%), as patologias
associadas atuais e pregressas em 165 (47,4%), o perfil da hemostasia em 13
(3,7%) e as drogas em utilização em nenhum dos pedidos.
86
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
4.3 AVALIAÇÃO ENDOSCÓPICA
Algumas das alterações típicas encontram-se exemplificadas nas Figuras
2 a 5.
FIGURA 2. Candidíase esofágica
Fonte: Seção de Endoscopia do I.I.E.R.
FIGURA 3. Úlcera Gástrica por CMV
Fonte: Seção de Endoscopia do I.I.E.R.
87
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
FIGURA 4. Micobacteriose duodenal
Fonte: Seção de Endoscopia do I.I.E.R.
FIGURA 5. SK em antro
Fonte: Seção de Endoscopia do I.I.E.R.
88
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
4.3.1 Avaliação das lesões
Os valores apresentados representam os pacientes com alterações
descritas em cada segmento do esôfago, estômago e do duodeno ou com
diagnóstico topográfico genérico de um desses órgãos.
Foram identificadas 645 lesões em 348 pacientes, sendo que,
destes, 228 (35,4%) localizavam-se no esôfago, 305 (47,3%) no estômago e 112
(17,3%) no duodeno.
Quanto à distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia
digestiva alta segundo a topografia das lesões, 41 (11,8%) apresentavam lesões no
esôfago, 75 (21,5%) no estômago, 120 (34,5%) lesões no esôfago e no estômago, 2
(0,6%) lesões no esôfago e no duodeno, 45 (12,9%) lesões no estômago e no
duodeno e 65 (18,7%) lesões no esôfago, estômago e duodeno (FIGURA 6).
140
ESF+EST
(34,5%)
Número de Pacientes
120
120
100
EST
80
60
ESF+EST+DUO
(18,7%)
(21,6%)
(21,5%)
ESF
(11,8%)
EST+DUO
(12,9%)
75
40
20
0
41
ESF+DUO
(0,6%)
65
45
2
Topografia
FIGURA 6. Distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta,
de acordo com a topografia das alterações.
ESF – esôfago; EST – estômago; DUO – duodeno
89
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
Em 102 pacientes com alterações no esôfago foi possível identificar
a topografia segmentar das lesões, sendo que 3 (2,9%) se localizavam no terço
proximal, 4 (3,9%) no terço médio, 82 (80,4%) no terço distal, 3 (2,9%) nos terços
proximal e médio, 1 (1%) nos terços proximal e distal, 1 (1%) nos terços médio e
distal e 8 (7,9%) nos terços proximal, médio e distal (TABELA 2).
TABELA 2. Distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta de acordo com
a topografia segmentar das lesões no esôfago (N=102).
P
M
D
P+M
P+D
M+D
P+M+D
N
3
4
82
3
1
1
8
%
2,9
3,9
80,4
2,9
1
1
7,9
P = Proximal; M = Médio; D = Distal
Em 73 pacientes com alterações no estômago foi possível
identificar a topografia segmentar das lesões, sendo que em 50 (68,5%) se
localizavam no antro, 2 (2,7%) no corpo, 5 (6,9%) no fundo, 6 (8,2%) no antro e
corpo, 2 (2,7%) no antro e fundo, 4 (5,5%) no corpo e fundo e 4 (5,5%) no antro,
corpo e fundo gástricos (TABELA 3).
TABELA 3. Distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta de acordo com
a topografia segmentar das lesões no estômago (N=73).
A
C
F
A+C
A+F
C+F
A+C+F
N
50
2
5
6
2
4
4
%
68,5
2,7
6,9
8,2
2,7
5,5
5,5
A = Antro; C = Corpo; F = Fundo
Em relação à distribuição dos pacientes de acordo com a
multiplicidade de topografias das alterações descritas nos diferentes segmentos do
esôfago e estômago, dos 102 pacientes com alterações no esôfago, 88 (86,3%)
apresentavam alterações em uma topografia, 5 (4,9%) em duas topografias e 9
(8,8%) em três topografias e em relação aos 73 pacientes com alterações no
estômago, 57 (78,1%) tinham acometimento em uma topografia, 12 (16,4%) em
duas topografias e 4 (5,5%) em três topografias.
90
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
Esôfago
Entre os 228 pacientes que apresentaram alterações esofágicas,
216 (94,7%) apresentaram esofagites. Em 92 pacientes foi possível identificar o tipo
de esofagite: 39 (42,4%) esofagites ulceradas, 38 (41,3%) esofagites do tipo
erosiva, 11 (11,9%) esofagites do tipo edematosa, 2 (2,2%) esofagites dos tipos
ulcerada e erosiva, 2 (2,2%) esofagites dos tipos erosiva e edematosa (FIGURA 7).
45
Número de Pcientes
40
42,4%
35
30
39
41,3%
38
25
20
15
11,9%
12%
10
11
2,2%
2,2%
2
2
ULC+ERS
ERS+EDM
5
0
ULC
ERS
EDM
ULC = ulcerada; ERS = erosiva; EDM = edematosa
FIGURA 7. Tipos de esofagite (N=92)
Em 155 pacientes foi descrita a intensidade da esofagite: leve 68
(43,9%), moderada 64 (41,3%) e intensa 23 (14,8%) (FIGURA 8). Em 1 (0,4%)
paciente observou-se SK, em 4 (1,8%) pacientes observou-se lesão cicatricial, e em
10 (4,4%) pacientes varizes de esôfago.
91
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
Moderada
N=64
(41,3%)
Intensa
N=23
(14,8%)
Leve
N=68
(43,9%)
FIGURA 8. Intensidade da esofagite (N=155)
Estômago
Entre os 305 pacientes que apresentaram alterações gástricas, 275
(90,2%) tinham gastrites. Em 126 desses pacientes foi possível identificar-se o tipo
de gastrite: 56 (44,4%) pacientes apresentaram gastrite enantemática, 41 (32,5%)
gastrite do tipo erosiva, 7 (5,6%) gastrite do tipo ulcerada, 18 (14,3%) dos tipos
enantemática e erosiva, 3 (2,4%) dos tipos enantemática e ulcerativa e 1 (0,8%)
dos tipos enantemática, erosiva e ulcerativa (FIGURA 9).
Número de pacientes
60
50
44,4%
56
32,5%
40
41
30
5,6%
20
14,3%
7
10
2,4%
0-,8%
3
1
18
0
M
EN
S
ER
C
UL
R
+E
M
EN
S
L
+U
M
EN
C
E
M+
EN
LC
+U
S
R
ENM = enantemática; ERS = erosiva; ULC = ulcerada
FIGURA 9. Tipos de gastrite (N=126)
92
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
Em 263 pacientes foi descrita a intensidade da gastrite: leve 172
(65,4%), moderada 87 (33,1%) e intensa 4 (1,5%) (FIGURA 10). Em 1 (0,3%)
paciente observou-se lesão cicatricial, em 3 (1%) pacientes varizes de estômago,
em 2 (1%) pacientes neoplasias e em 11 (3,8%) pacientes SK.
Leve
N=172
(65,4%)
Intensa
N=4
(1,5%)
Moderada
N=87
(33,1%)
FIGURA 10. Intensidade das gastrites (N=263)
Duodeno
Entre os 112 pacientes que apresentaram alterações duodenais,
102 (91,9%) tinham duodenite. Em 51 desses pacientes foi possível identificar-se o
tipo de duodenite: 18 (35,3%) duodenites do tipo enantemática, 19 (37,3%)
duodenite do tipo erosiva, 10 (19,6%) pacientes apresentaram duodenite ulcerada, 2
(3,9%) duodenite dos tipos enantemática e erosiva e 2 (3,9%) dos tipos erosiva e
ulcerada (FIGURA 11).
93
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
20
36,5%
37,3%
35,3%
34,6%
18
16
19
18
14
12
19,2%
19,6%
10
10
8
6
4
3,8%
3,9%
3,8%
3,9%
2
2
ENM+ERS
ERS+ULC
2
0
ENM
ERS
ULC
ENM = enantemática; ERS = erosiva; ULC = ulcerada
FIGURA 11. Tipos de duodenites (N=51)
Em 68 pacientes foi descrita a intensidade da duodenite: leve 45 (66,2%),
moderada 18 (26,5%) e intensa 5 (7,4%) (FIGURA 12). Em 8 (7,2%) pacientes
observou-se SK, em 6 (5,4%) pacientes observou-se lesão cicatricial, e em 1 (0,9%)
paciente neoplasia.
Leve
N=45
(66,2%)
Moderada
N=18
(26,5%)
Intensa
N=5
(7,4%)
FIGURA 12. Intensidade das duodenites (N=68)
94
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
Úlceras
Quanto à distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia
digestiva alta de acordo com o achado de úlcera e multiplicidade identificou-se 41
pacientes com lesões ulceradas no esôfago, sendo 26 (63,4%) úlceras múltiplas e
15 (36,6%) úlceras únicas; foram identificados 11 pacientes com lesões ulceradas
no estômago, sendo que 8 (72,7%) apresentavam úlceras únicas e 3 (27,3%)
úlceras múltiplas; 12 (3,4%) pacientes apresentavam lesões ulceradas no duodeno,
sendo 11 (91,7%) pacientes com lesões únicas e 1 (8,3%) paciente com lesões
múltiplas (TABELA 4).
TABELA 4. Distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta de acordo com o achado de úlcera e
multiplicidade.
ESÓFAGO
(N=41)
ESTOMAGO
(N=11)
DUODENO
(N=12)
U
M
U
M
U
M
N
15
26
8
3
11
1
%
36,6
63,4
72,7
27,3
91,7
8,3
Quanto à distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia
digestiva alta de acordo com o achado de úlcera e topografia segmentar foi possível
identificar-se a topografia das úlceras no esôfago em 22 pacientes, sendo 1 (5%)
paciente com úlcera no terço médio, 15 (67%) no terço distal, 1 (5%) nos terços
proximal e médio, 1 (5%) nos terços proximal e distal, 1 (5%) nos terços médio e
distal e 3 (13%) nos terços proximal, médio e distal (FIGURA 13).
95
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
Proxim al+Médio
N=1
(5%)
Distal
N=15
(67%)
Proxim al+Distal
N=1
(5%)
Médio+Distal
N=1
(5%)
Proxim al+Médio
+Distal
N=3
(13%)
Médio
N=1
(5%)
FIGURA 13. Distribuição dos pacientes com úlceras esofágicas segundo a topografia segmentar (N=22)
Em 11 pacientes com úlceras gástricas, foi possível identificar-se a
topografia segmentar das úlceras em 5, sendo que 2 (40,0%) na região do antro, 1
(20%) na região fúndica, e 2 (40%) pacientes com úlceras nas regiões do corpo e
fundo gástrico (FIGURA 14).
Fundo
N=1
(20%)
Corpo+Fundo
N=2
(40%)
Antro
N=2
(40%)
FIGURA 14. Distribuição dos pacientes com úlceras gástricas segundo a topografia segmentar (N=5)
96
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
Erosão
Do total de 348 pacientes submetidos à EDA, 125 (35,9%)
apresentaram lesões erosivas: 42 (33,6%) de esôfago, 60 (48,0%) de estômago e
23 (18,4%) de duodeno.
A topografia das erosões no esôfago pode ser determinada em 31
pacientes, dos quais 2 (6%) no terço médio, 28 (91%) no terço distal, 1 (3%) nos
terços proximal e distal (FIGURA 15).
Prox.+Distal
N=1
(3%)
Distal
N=28
(91%)
Médio
N=2
(6%)
FIGURA 15. Distribuição dos pacientes com erosões esofágicas segundo a topografia segmentar (N=31)
Em 42 pacientes com lesões do tipo erosiva no estômago foi
possível identificar-se a topografia segmentar das lesões, sendo que 36 (86%)
pacientes apresentaram erosões na região do antro, 1 (2%) na região do fundo, 2
(5%) nas regiões do antro e corpo, 2 (5%) nas regiões do antro e fundo e 1 (2%) nas
regiões do corpo e fundo (FIGURA 16).
97
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
Antro
N=36
(86%)
Fundo
N=1
(2%)
Antro+Corpo
N=2
(5%)
Antro+Fundo
N=2
(5%)
Corpo+Fundo
N=1
(2%)
FIGURA 16. Distribuição dos pacientes com erosões gástricas segundo a topografia segmentar (N=42)
4.3.2 Suspeita diagnóstica etiológica à endoscopia
Quanto à distribuição dos pacientes submetidos à EDA de acordo
com a suspeita diagnóstica etiológica, em 228 pacientes com alterações no esôfago,
112 (49,2%) infecção por fungos, 7 (3,1%) infecção pelo CMV, 5 (2,2%) infecção
pelo HSV, 1 (0,4%) pelo SK, 3 (1,3%) infecção por CMV e fungos, 1 (0,4%) infecção
pelo HSV e fungos, 1 (0,4%) infecção por CMV, HSV e fungos, e, 98 (43,0%) sem
suspeita diagnóstica.
No estômago, em 305 pacientes 1 (0,3%) infecção por CMV, 11
(3,6%) com lesões sugestivas de SK, 2 (0,7%) lesões sugestivas de neoplasia,
sendo 291 (95,4%) sem suspeita diagnóstica.
No duodeno, dos 112 pacientes 1 (0,9%) apresentavam infecção
por CMV, 1 (0,9%) infecção por BAAR, 1 (0,9%) por parasitas, 8 (7,1%) lesões
sugestivas de SK, 2 (1,8%) lesões sugestivas de neoplasia, sendo 99 (88,4%) sem
suspeita diagnóstica (TABELA 5).
98
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
TABELA 5. Distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta de acordo com a suspeita diagnóstica etiológica.
ESÔFAGO
(N=228)
ESTÔMAGO
(N=305)
DUODENO
(N=112)
N
¨%
N
¨%
N
¨%
CMV
7
3,1
1
0,3
1
0,9
HSV
5
2,2
0
0,0
0
0,0
Fungos
112
49,2
0
0,0
0
0,0
BAAR
0
0,0
0
0,0
1
0,9
Parasitas
0
0,0
0
0,0
1
0,9
SK
1
0,4
11
3,6
8
7,1
Neoplasia
0
0,0
2
0,7
2
1,8
CMV+Fungos
3
1,3
0
0
0
0
HSV+Fungos
1
0,4
0
0
0
0
CMV + HSV + Fungos
1
0,4
0
0
0
0
Sem suspeita
diagnóstica
98
43
291
95,4
99
88,4
99
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
4.4 DIAGNÓSTICO ANATOMOPATOLÓGICO
Algumas das alterações típicas encontram-se exemplificadas nas
FIGURAS 17 a 23.
FIGURA 17. Inclusão citomegálica em glândula gástrica.
Fonte: Seção de Patologia do I.I.E.R.
100
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
FIGURA 18. Múltiplas inclusões herpéticas
Fonte: Seção de Patologia do I.I.E.R.
FIGURA 19. Hifas de Candida sp
Fonte: Seção de Patologia do I.I.E.R.
FIGURA 20. Micobacteriose do esôfago
Fonte: Fonte: Seção de Patologia do I.I.E.R.
101
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
FIGURA 21. Estrongilóides na mucosa duodenal
Fonte: Fonte: Seção de Patologia do I.I.E.R.
FIGURA 22. Imunohistoquímica para CMV
Fonte: Seção de Patologia do I.I.E.R.
Figura 23. Imunohistoquímica para Herpes vírus
Fonte: Fonte: Seção de Patologia do I.I.E.R.
102
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
4.4.1 Diagnóstico histopatológico e imunohistoquímico do material
de biopsia
Dos 348 pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta, 252
(72,41%) foram submetidos à biopsia do estômago e/ou esôfago e/ou duodeno,
sendo que 91 (36,1%) pacientes foram submetidos à biópsia de estômago, 95
(37,6%) de esôfago, 4 (1,6%) de duodeno, 11 (4,4%) de esôfago, estômago e
duodeno, 39 (15,5%) estômago e esôfago, 3 (1,2%) esôfago e duodeno e 9 (3,6%)
de estômago e duodeno.
O diagnóstico histológico entre os 148 pacientes com biópsia do
esôfago, 5 (3,4%) foram normais, 97 (65,5%) tinham esofagite e 46 (31,1%)
esofagite ulcerada. Entre os 150 pacientes com biópsia do estômago, 7 (4,7%)
foram normais, 127 (84,6%) tinham gastrite, 7 (4,7%) gastrite ulcerada, 7 (4,7%) SK
e 2 (1,3%) neoplasias. Entre os 27 pacientes com biópsia do duodeno, 1 (3,7%) foi
normal, 16 (59,3%) tinham duodenite, 6 (22,2%) duodenite ulcerada, 3 (11,1%) SK e
1 (3,7%) neoplasia.
A TABELA 6 corresponde aos pacientes submetidos à EDA de
acordo com diagnóstico etiológico anatomopatológico, em 148 pacientes com
biopsia de esôfago tiveram como diagnóstico, 13 (8,8%) infecção por CMV, 8 (5,4%)
infecção por HSV, 73 (49,3%) infecção por fungos, 2 (1,3%) infecção por CMV e
fungos, 1 (0,7%) infecção por BAAR, 51 (34,5%) sem diagnóstico etiológico
anatomopatológico.
Em 150 pacientes com biópsia do estômago tiveram como
diagnóstico 3 (2%) infecção por CMV, 1 (0,7%) por fungos, 1 (0,7%) por parasita, 63
(42%) por Helicobacter pylori, 7 (4,6,%) lesão por SK, 2 (1,3%) lesão por neoplasia,
1 (0,7%) infecção por CMV e Helicobacter pylori, 72 (48%) sem diagnóstico
etiológico ao exame anatomopatológico.
103
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
Em 27 pacientes com biópsia de duodeno tiveram como
diagnóstico 1 (3,7%) infecção por HSV, 1 (3,7%) infecção por BAAR, 1 (3,7%)
infecção por parasita, 3 (11,1%) lesões por SK, 1 (3,7%) lesão por neoplasia, 20
(74,1%) sem diagnóstico etiológico anatomopatológico (TABELA 6).
TABELA 6. Distribuição dos pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta de acordo com o diagnóstico etiológico
anatomopatológico
ESOFAGO
(N=148)
ESTOMAGO
(N=150)
DUODENO
(N=27)
N
¨%
N
¨%
N
¨%
CMV
13 a
8,8
3b
2
0
0
HSV
8c
5,4
0
0
1d
3,7
Fungos
73
49,3
1
0,7
0
BAAR
0
0
0
0
1
3,7
Parasita
0
0
1
0,7
1
3,7
HPY
0
0
63
42
0
SK
0
0
7
4,6
3
11,1
Neoplasia
0
0
2
1,3
1
3,7
CMV+Fungos
2a
1,3
0
0
0
0
Fungos+BAAR
1
0,7
0
0
0
0
CMV_HPY
0
0
1b
0,7
0
0
Sem diagnóstico
etiológico
51
34,5
72
48
20
74,1
a
Diagnóstico de CMV por exame direto em 9 pacientes, imunohistoquímica em 6 pacientes e exame direto e
imunohistoquímica em 2 pacientes.
b
Diagnóstico de CMV por exame direto em 3 pacientes e imunohistoquímica em 1 paciente.
c
Diagnóstico de HSV por exame direto em 6 pacientes, imunohistoquímica em 1 paciente e exame direto e
imunohistoquímica em 1 paciente.
d
Diagnóstico por exame direto e imunohistoquímica em 1 paciente.
104
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
4.5 COMPARAÇÃO
ENTRE A SUSPEITA DIAGNÓSTICA E OS ACHADOS
ANATOMOPATOLOGICOS
Comparando-se a suspeita diagnóstica e os achados anatomopatológicos
em pacientes com lesões ulceradas, demonstrou que dos 41 pacientes com úlceras
em esôfago, 7 (17,1%) apresentaram infecção por CMV, 11 (26,8%) infecção por
fungos, 1 (2,4%) infecção por BAAR, 22 (53,7%) sem diagnóstico etiológico
anatomopatológico.
Em 11 pacientes com lesões ulceradas no estômago, 2 (18,2%) infecção
por CMV, 1 (9,1%) infecção por Helicobacter pylori e 1 (9,1%) neoplasia, sendo 7
(63,6%) sem diagnóstico etiológico (TABELA 7).
TABELA 7. Distribuição dos pacientes com lesões ulcerativas de acordo com o diagnóstico etiológico anatomopatológico
ESOFAGO
(N=41)
ESTOMAGO
(N=11)
N
¨%
N
¨%
CMV
7
17,1
2
18,2
HSV
0
0
0
0
Fungos
11
26,8
0
0
BAAR
1
2,4
0
0
Parasita
0
0
0
0
HPY
0
0
1
9,1
SK
0
0
0
0
Neoplasia
0
0
1
9,1
Sem diagnóstico
etiológico
22
53,7
7
63,6
105
4 Resultados
__________________________________________________________________________________________
Comparando-se a suspeita diagnóstica e os achados anatomopatológicos
dos pacientes com lesões do tipo erosivas, em 42 dos pacientes com lesões no
esôfago, 7 (16,7%) apresentavam infecção por CMV, 7 (16,7%%) infecção pelo HSV
e 6 (14,3%) por fungos, sendo que 22 (52,3%) pacientes sem diagnóstico etiológico
anatomopatológico.
No estômago, dos 60 pacientes com lesões do tipo erosivas, 1 (1,7%)
apresentavam infecção pelo CMV, 21 (35%) infecção por Helicobacter pylori, 38
(63,3%) sem diagnóstico etiológico anatomopatológico (TABELA 8).
TABELA 8. Distribuição dos pacientes com lesões erosivas de acordo com o diagnóstico etiológico anatomopatológico
ESÔFAGO
(N=42)
ESTÔMAGO
(N=60)
N
¨%
N
¨%
CMV
7
16,7
1
1,7
HSV
7
16,7
0
0
Fungos
6
14,3
0
0
BAAR
0
0
0
0
Parasita
0
0
0
0
HPY
0
0
21
35
SK
0
0
0
0
Neoplasia
0
0
0
0
Sem diagnóstico
etiológico
22
52,3
38
63,3
5 DISCUSSÃO
107
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
5
DISCUSSÃO
O diagnóstico etiológico preciso das afecções gastrointestinais, quando
possível, torna-se ainda mais importante em estágios avançados da infecção pelo
HIV-1. Normalmente, as manifestações do aparelho digestório surgem marcando a
progressão para a doença propriamente dita (AIDS), e como relatado por Francis et
al.(1) e Laguna et al.(2), independentemente da forma de transmissão, constituem as
maiores causas de morbidade e, ocasionalmente, mortalidade nesses pacientes,
sendo que aproximadamente 90% dos doentes desenvolvem sintomas digestivos no
curso da doença. A natureza das manifestações depende do estado imunológico
dos pacientes e da exposição a agentes desencadeantes, tanto infecciosos como
não infecciosos.
Dos 348 pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta, 645 lesões foram
identificadas, sendo prevalentes no estômago 305 (47,3%) em relação ao esôfago
228 (35,4%) e duodeno 112 (17,3%). Houve nesse estudo uma aparente
discordância em relação à incidência de doenças em relação aos diferentes órgãos
do ADA, provavelmente por estarem agrupadas doenças do estômago de cunho não
relevante como as gastrites de leve intensidade. Como referido por Baehr et al.
(25)
,
as esofagites infecciosas são incomuns na população imunocompetente, porém,
significativamente importantes como causa de morbidade nos pacientes com
imunodepressão avançada ou podem ser a manifestação inicial da infecção pelo
HIV-1(27), ocorrendo aproximadamente em um terço dos pacientes(26). Em contrate,
doenças gastroduodenais, especialmente as úlceras, são menos freqüentes nessa
população, sendo que a incidência das mesmas no estômago e duodeno ainda se
mantém desconhecida(28), pois quase sempre a gastrite é assintomática nesses
pacientes(5).
108
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
Como observado na FIGURA 6, a multiplicidade de topografias das alterações é
comum nesses pacientes, sendo que dos 348 pacientes submetidos à endoscopia
digestiva alta, 41 (11,8%) apresentavam lesões apenas no esôfago, 75 (21,5%)
apenas no estômago, 120 (34,5%) no esôfago e estômago, 2 (0,6%) no esôfago e
duodeno, 45 (12,9%) no estômago e duodeno e 65 (18,7%) no esôfago, estômago e
duodeno. A associação das afecções pode ser comum, sendo que num mesmo
paciente podem ocorrer doenças diferentes no mesmo órgão e associadas a
alterações de etiologias semelhantes ou não em outros segmentos do ADA.
De acordo com a topografia segmentar das lesões descritas na TABELA 2,
houve predomínio no terço distal do esôfago 82 (80,4%) em relação aos terços
médio 4 (3,9%%) e proximal 3 (2,9%), havendo associação de lesões em diferentes
topografias, sendo 8 (7,9%) nos terços proximal, médio e distal, 1(1%) nos terços
médio e distal e 1 (1%) nos terços proximal e distal. Confrontando com dados da
literatura, houve concordância no que se refere a lesões decorrentes das infecções
esofágicas por vírus (CMV(50,
109, 7)
e HSV(120)), e as UEIs(55), onde podem ser
observadas predominantemente, mas não exclusivamente, no terço distal do
esôfago. Wilcox et al.(109) em estudo realizado observou que os segmentos de maior
acometimento das úlceras pelo CMV correspondia aos terços médio e distal do
esôfago.
As
UEIs,
como
observado
em outros trabalhos, localizavam-se
principalmente nos terços médio e distal, sendo que qualquer parte do esôfago pode
ser acometida(55, 59, 110).
As úlceras devido à infecção pelo HSV podem acometer o terço distal, pelo
menos no início da doença(120, 25). Généreau et al.(120) identificou em seu estudo que
50% das lesões pelo vírus HSV localizam-se no terço distal do esôfago, 12% no
terço médio, 1% no terço proximal e que em 32% as lesões eram difusas. A
candidíase esofágica pode acometer toda a extensão do órgão e estar associada a
qualquer outra afecção do esôfago, como observado por Connolly et al.(26,
124)
e
Bonacini et al.(33) onde os autores identificaram tal associação em aproximadamente
28,5% e 26%, respectivamente.
109
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
Com isso, a prevalência dos achados endoscópicos da TABELA 2, onde a
candidíase poderia fazer parte de qualquer seguimento e estar associada ou não a
outras afecções encontradas, justifica o acometimento de toda a extensão do órgão,
e, segundo Wilcox et al.
(109)
, a multiplicidade das lesões em vários segmentos do
esôfago pode ocorrer com freqüência, principalmente quando múltiplas úlceras
acometem este órgão como referido. Entre as patologias não infecciosas destaca-se
(7)
a GERD com prevalência no terço distal do esôfago .
A TABELA 3 se refere à distribuição dos pacientes segundo a topografia
segmentar das lesões do estômago e, como observado, houve predomínio das
mesmas na região do antro gástrico 50 (68,5%) em relação ao corpo 2 (2,7%) e
fundo 5 (6,9%). Associações de topografias também foram observadas, sendo que 6
(8,2%) localizavam-se no antro e corpo, 2 (2,7%) no antro e fundo, 4 (5,5%) no
corpo e fundo e 4 (5,5%) no antro, corpo e fundo. Pode-se inferir que a prevalência
das afecções na região do antro se deve ao fato dos achados endoscópicos de
gastrites e pangastrites deste estudo. Comparando com a literatura, a infecção pelo
Helicobacter pylori tem sido demonstrada como a principal causa de gastrite crônica
do tipo B (não autoimune), assim como co-fator patogênico para as úlceras
duodenais(71,
75)
, com acometimento principalmente da região do antro e do corpo
gástrico(129).
As esofagites foram classificadas neste estudo como sendo dos tipos
ulceradas 39 (42,4%), erosivas 38 (41,3%%) e edematosas 11 (11,9%) (FIGURA 7),
ocorrendo associação entre as mesmas. Em trabalho realizado por Bonacini et
al.(33), houve um predomínio das lesões do tipo ulceradas e erosivas (22,09%) em
relação as eritematosas (11,62%) com etiologia viral prevalente no primeiro grupo. O
CMV constitui causa importante de úlceras esofágicas nos pacientes com AIDS(39,
119)
, assim como as UEIs, tendo sido relatadas como a segunda manifestação mais
importante de acometimento do esôfago nesses pacientes(39, 114, 56).
110
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
As lesões do tipo erosivas com ou sem ulcerações decorrentes da infecção
pelo CMV são a segunda forma de apresentação da infecção causada por esse
vírus(33) e podem ser também uma das formas de apresentação da infecção pelo
HSV, sendo esta identificada como o terceiro estágio de evolução das lesões
esofágicas devido a esse vírus
(121, 128, 120)
.
Entre os 305 pacientes que apresentavam alterações gástricas, 275 (90,2%)
tinham gastrites. Em 126 desses pacientes foi possível se identificar o tipo de
gastrite, sendo que 56 (44,4%) pacientes apresentavam gastrite enantemática, 41
(32,5%) do tipo erosiva, 7 (5,6%) do tipo ulcerada, 18 (14,3%) dos tipos
enantemática e erosiva, 3 (2,4%) dos tipos enantemática e ulcerativa e 1 (0,8%) dos
tipos enamtemática, erosiva e ulcerada (FIGURA 9). As gastrites dos tipos erosivas e
enantemáticas foram as mais freqüentes. Os resultados de vários estudos têm
demonstrado que a proporção da infecção pelo Helicobacter pylori e úlceras é, de
fato, menor em pacientes com AIDS do que na população imunocompetente com
sintomas semelhantes do ADA(73,
75, 28)
. Uma menor prevalência do Helicobacter
pylori tem sido observada em pacientes com doença avançada pela infecção do
HIV-1, onde a bactéria foi identificada em 31% das úlceras versus 69% dos
pacientes imunocompetentes(73, 28).
O menor crescimento e colonização pelo Helicobacter pylori pode ser devido a
uma progressiva atrofia e involução da mucosa gástrica com hipocloridria
secundária(31) e aumento da freqüência do uso de antimicrobianos para tratamentos
de
infecções
bacterianas,
principalmente
em
estágios
avançados
de
imunossupressão. O uso de sulfametoxazol-trimetroprim como profilaxia para as
infecções oportunísticas não impede o crescimento do Helicobacter pylori, porém,
pode interferir no exame histopatológico do material de biopsia(75). Outra explicação
para a menor incidência do Helicobacter pylori seria por competição com o CMV,
cujo mecanismo ainda se mantém desconhecido(28), sendo o CMV uma importante
causa de gastrite em estágios avançados da AIDS(41, 51).
111
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
Varsky et al.(28) identificou em estudo realizado com pacientes que
apresentavam sintomas gastrointestinais que o CMV era o responsável pela maior
parte das úlceras (50%).
Em estudo realizado por Cacciarelli et al.
(74)
com 72 pacientes (48 HIV-1
positivos e 24 HIV-1 negativos), com sintomas gastrointestinais observou-se uma
prevalência da infecção pelo Helicobacter pylori de 69% nos pacientes HIV-1
positivos com contagem de células TCD4 > 200, 13% nos pacientes com contagem
de células TCD4 < 200 e 63% nos pacientes HIV-1 negativos. A presença de úlcera
péptica também foi menor nos pacientes portadores de infecção avançada pelo HIV1 em relação aos pacientes com TCD4 > 200 e no grupo controle HIV-1 negativo.
Portanto, pode-se inferir que na população geral o Helicobacter pylori é o
principal agente responsável pelas gastrites crônicas e ulceradas, sendo que essa
incidência
diminui
nos
portadores
do
HIV-1
com
doença
avançada,
e,
conseqüentemente, as úlceras gastroduodenais também, aumentando o risco para
as infecções oportunísticas com o progredir da doença, que incluem as infecções
pelo CMV(51), MAC(66,
70)
, Cryptosporidium parvum(84,
85)
, Toxoplasma gondii(87) e
Leismania donovani(2, 86).
As alterações do duodeno observadas na FIGURA 11 demonstraram uma
prevalência das lesões do tipo enantemáticas 18 (35,3%%), erosivas 19 (37,3%%) e
ulceradas 10 (19,6%%). Pode-se inferir que dependendo do estado imunológico do
paciente, a incidência das infecções oportunísticas aumenta, sendo que o
Cryptosporidium parvum pode ser o responsável por algumas alterações
gastroduodenais, variando desde mucosa com hiperemia, edema, atrofia, assim
como aparentemente normal(84, 85).
A TABELA 4 identificou a prevalência de multiplicidade das úlceras no esôfago
26 (63,4%) em relação ao encontrado no estômago 3 (27,3%) e duodeno 1(8,3%).
112
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
Como observado na literatura, as úlceras esofágicas, principalmente as
idiopáticas e as decorrentes da infecção pelo CMV, podem se apresentar como
úlceras múltiplas ou únicas, acometendo principalmente os terços médio e distal do
esôfago.
As
úlceras
decorrentes
da
infecção
pelo
CMV
apresentam-se
caracteristicamente como úlceras grandes, maiores do que 5cm², podendo ocorrer
úlceras gigantes, com até 10cm², solitárias, com bordos bem delimitados, sendo que
úlceras múltiplas e menores podem ocorrer e se apresentarem como úlceras
“empilhadas”(50, 109, 7). As UEIs podem ocorrer de forma semelhante às decorrentes
da infecção pelo CMV(59,
55, 110)
. A apresentação das lesões do tipo ulcerada da
infecção pelo HSV é mais específica, principalmente se o aspecto de cone com
ulceração central, denominadas de úlceras em forma de vulcão (“volcano ulcers”) for
identificado, como relatado por McBane et al.
(121)
e Dieterich et al.(110). A candidíase
esofágica pode levar à formação de ulcerações formadas, provavelmente, pelo
mecanismo de contração do esôfago(35).
A infecção pelo CMV no estômago pode se apresentar de diversas maneiras,
sendo
que
normalmente
produz
Ocasionalmente, ulcerações difusas
(5)
úlceras
únicas,
grandes
e
superficiais.
e gastrite erosiva.
A distribuição topográfica segmentar das lesões ulceradas como mostra a
figura 13, identificou uma prevalência maior das úlceras no terço distal do esôfago
15 (67%), sendo observada também, como segunda localização mais freqüente, a
associação dos segmentos proximal e médio 3 (13%). As úlceras como as causadas
pelo CMV
(109)
, UEI(55,
61)
e, na fase inicial da infecção pelo HSV(120), podem
predominar nos terços distal e médio do esôfago(7).
As ulcerações gástricas, representadas na FIGURA 14, foram identificadas em 1
(20%) na região do fundo, corpo e fundo 2 (40%%) e antro 2 (40%). Os dados da
literatura referem um maior acometimento do CMV na região do fundo gástrico por
contigüidade com o esôfago(51, 6).
113
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
O menor acometimento das regiões do corpo e antro, principalmente este
último, pode estar relacionada à menor incidência da infecção pelo Helicobacter
pylori.
O achado de erosões e topografia segmentar (FIGURA 15) mostrou que no
esôfago houve um predomínio no terço distal 28 (91%) o que pode estar relacionado
a múltiplos fatores, entre eles a infecção pelo CMV, onde o processo inflamatório
erosivo é a segunda forma de apresentação desse vírus(33, 7), Erosões difusas são
mais comumente observadas na infecção pelo HSV(7). Além das patologias
infecciosas, deve-se ressaltar a GERD, mais comumente observado no terço distal
do esôfago, levando a processo inflamatório do tipo erosivo(7) e as esofagites
medicamentosas(98) mais comuns no terço médio(7). As lesões erosivas do estômago
com predomínio na região do antro 36 (86%) (FIGURA 16) e duodeno, podem ter
múltiplos fatores, entre eles o próprio Helicobacter pylori(73), infecção por MAC(70),
(51)
Cryptosporidium parvum
, assim como por medicamentos
(99)
.
Quanto aos prováveis diagnósticos feitos no momento da endoscopia (TABELA
5), houve uma incidência alta das lesões sugestivas de candidíase esofágica 112
(49,2%) em relação aos demais agentes etiológicos, como as causadas pelo CMV 7
(3,1%) e HSV 5 (2,2%), além das associações entre CMV e candidíase 3 (1,3%),
HSV e candidíase 1 (0,4%), CMV, HSV e candidíase 1 (0,4%), sendo que 98 (43%)
dos pacientes ficaram sem diagnóstico. Esse achado pode não estar de acordo com
os dados levantados na literatura, pois, nos estudos realizados, os pacientes foram
tratados inicialmente para candidíase com suposta esofagite associada e
posteriormente, submetidos ao exame de endoscopia, favorecendo uma melhor
abordagem de possíveis lesões associadas(114, 119, 39).
Quanto aos agentes etiológicos identificados ao exame anatomopatológico
(TABELA 6), 13 (8,8%) tiveram como diagnóstico o CMV, enquanto 8 (5,4%)
apresentaram positividade para o HSV, sendo os demais pacientes, 73 (49,3%)
candidíase.
114
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
A associação com fungos e CMV 2 (1,3%), candidíase e BAAR 1 (0,7%),
sendo que 51 (34,5%) dos pacientes não tiveram confirmação diagnóstica. Esses
dados podem ser comparados ao trabalho realizado por Connolly et al.(26)
Bonacini et al.
(33)
e
onde as lesões diagnosticadas sem tratamento anterior da
candidíase levaram a proporções semelhantes na etiologia de tais afecções. Já os
trabalhos posteriores enfatizavam o tratamento prévio da candidíase para melhor
visualização das lesões associadas, realizando com isso, procedimentos de biopsia
mais adequados(39, 114, 119).
O diagnóstico das lesões do estômago, principalmente em relação à
identificação de úlceras por Helicobacter pylori foi de 63 (42%) e pode estar de
acordo com os dados da literatura, onde Varsky et al.(28), Cacciarelli et al.(74) e Vaira
et al.(73) documentaram a menor prevalência desta bactéria em doença avançada,
AIDS propriamente dita, aumentando no entanto, a incidência de infecções
oportunísticas, como o CMV, e Cryptosporidium parvum. Quanto ao duodeno,
observou-se no estudo a presença de patógenos oportunísticos como a infecção por
BAAR em 1 (3,7%) paciente e em 3 (11,1%) pacientes lesões por SK, ressaltando a
importância do acometimento por agentes oportunísticos com o avançar da doença.
Segundo dados da literatura, a infecção por MAC localizada do trato gastrointestinal
pode ocorrer no esôfago, duodeno e intestino delgado e grosso, porém, o
envolvimento do estômago é sempre decorrente da sua manifestação sistêmica66).
Embora a infecção por MAC seja quase sempre disseminada e isolada do duodeno
e intestino delgado, o comprometimento esofágico é incomum(26).
Quanto à distribuição das lesões ulceradas de acordo com o diagnóstico
etiológico e anatomopatológico (TABELA 7), no esôfago CMV 7 (17,1%), fungos 11
(26,8%) e BAAR 1 (2,4%), sendo que 22 (53,7%) dos pacientes ficaram sem
diagnóstico.
115
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
De acordo com a literatura, as úlceras esofágicas são predominantemente de
origem viral, tendo como principais causas o CMV, HSV em ordem de
prevalência(119,
7)
. Observou-se, portanto, uma diminuição da porcentagem do
diagnóstico etiológico das infecções virais. A patogênese das UEIs se mantém
incerta e ainda sem uma clara ligação a uma infecção específica, embora o HIV
tenha sido identificado por imunohistoquímica e PCR em tecidos de úlceras
esofágicas idiopáticas, com prevalência semelhante a da infecção pelo HIV
observada em pacientes com úlceras pelo CMV(59, 22, 7).
Porém, observou-se nesta pesquisa uma baixa casuística diagnóstica, pois
Wilcox et al.
(7)
em trabalho conclusivo sobre a prevalência das afecções no esôfago
documentou que as alterações virais se encontram em torno de 24% por CMV. No
estômago 2 (18,2%) tiveram diagnóstico de CMV, Helicobacter pylori 1 (9,1%)
paciente, neoplasia em 1 (9,1%) tendo ficado sem diagnóstico etiológico 7 pacientes
(63,6%). Como mencionado acima, a prevalência das lesões ulceradas no estômago
é menor e depende do estado de imunidade do paciente(28).
Quanto a distribuição dos pacientes com achado de lesões do tipo erosivas
(TABELA 8) no esôfago CMV 7(16,7%), HSV 7 (16,7%) e fungos 6 (14,2%). No
estômago, 21 (35%) das erosões tiveram como diagnóstico o Helicobacter pylori,
sendo em 1 (1,7%) caso diagnosticado CMV. De acordo coma literatura, as lesões
mais comuns nas infecções esofágicas por vírus são as úlceras e erosões(7,
sendo que representa o segundo tipo de acometimento pelo CMV
33)
,
(33)
, e freqüente
em infecções pelo HSV(7).
Em relação ao estômago, as lesões pelo Helicobacter pylori levando à gastrite
crônica ativa é o achado mais comum e podem ser semelhantes ao observado na
população geral(72). As lesões por CMV no estômago apresentam-se, na maioria das
vezes, como ulceradas, únicas e ocasionalmente difusas, podendo ocorrer gastrite
erosiva(5, 38).
116
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
O diagnóstico adequado de uma doença baseia-se em vários fatores, entre
eles a história atual e pregressa dos pacientes, exame físico adequado e
direcionado para a queixa principal, exames complementares e, nas afecções do
trato gastrointestinal, a endoscopia seguida por biopsia é considerada exame
padrão ouro
(25, 7)
.
Os achados clínicos podem ter um valor preditivo favorecendo o manuseio do
diagnóstico e possibilitando o tratamento adequado. Como referido no trabalho de
Bonacini et al.(33), o valor preditivo da candidíase oral para o diagnóstico de uma
provável esofagite por Candida albicans é em torno de 70%, versus 38% para os
pacientes sem candidíase oral e com sintomas esofágicos.
O autor também identificou que esses pacientes com sintomas esofágicos e
candidíase oral tiveram diagnóstico de esofagite por CMV em 10% dos pacientes.
Naqueles pacientes com sintomas esofagianos sem candidíase oral, a identificação
de infecção pelo CMV foi de 15% e UEI 18%. Os sintomas devem ser avaliados,
principalmente quando apresentarem algumas particularidades em relação a alguns
possíveis diagnósticos a eles relacionados(33). Wilcox et al.(7) resumiu certos
parâmetros os quais podem direcionar, de alguma forma, para um diagnóstico
presuntivo justificado pelos sintomas esofágicos apresentados pelos pacientes.
Disfagia é o sintoma mais comum em pacientes com candidíase esofágica e
incomum nas úlceras pelo CMV, já a queixa de odinofagia, dor retroesternal e
hematêmese ocorrem com maior freqüência nas infecções pelo CMV, HSV e pelas
UEIs. A associação dos sintomas pode ocorrer e um não exclui a possibilidade da
existência de patologias coexistentes. Doenças esofagianas associadas podem
estar presentes em mais da metade dos pacientes com sintomas esofágicos(27). Os
sintomas gastroduodenais são mais inespecíficos e a dor abdominal aumenta com a
progressão da doença, além disso, o diagnóstico da dor abdominal se torna
complicado pelo uso de vários medicamentos por esses pacientes e, muitas vezes,
são os únicos responsáveis pelos sintomas apresentados(5).
117
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
As indicações para que a endoscopia tenha um alto rendimento incluem
pacientes com AIDS e sintomas esofágicos refratários ao tratamento empírico com
antifúngicos, biopsia do intestino delgado para pacientes com diarréia crônica
severa e sangramento digestivo alto(113). Embora as alterações sejam identificadas,
um diagnóstico torna-se menos provável em pacientes que apresentarem náuseas,
vômitos ou dor abdominal inespecífica
(113, 114)
.
O diagnóstico poderá ser melhor abordado pela endoscopia se associado aos
sintomas apresentados pelo paciente e a contagem de TCD4 estiver à disposição no
momento do exame(113).
O trabalho identificou que das 348 solicitações de pedidos de endoscopia
apresentavam 309 (88,8%) a queixa principal referida pelo paciente, 14 (4%) o valor
da contagem de células TCD4, 165 (47,4%), referências de patologias associadas,
hemostasia em 13 (3,7%) pacientes e em nenhum pedido a utilização de drogas
com potencial para ocasionar lesões do ADA.
Visto que o perfil imunológico dos pacientes é importante para se levantar
uma hipótese, podendo também contribuir para o melhor rendimento diagnóstico, a
sua ausência, provavelmente, dificultou muito o diagnóstico endoscópico no
momento da realização do exame. O perfil de hemostasia pode ser um fator
limitante, pois a realização de biopsias e escovados para se fazer o diagnóstico das
patologias virais e fúngicas depende de tal resultado, visto que esses pacientes
apresentam distúrbios freqüentes de coagulação sanguínea. O número necessário
de biopsias de úlceras esofágicas e gástricas para excluir doença viral,
especialmente o CMV, deve ser de seis a dez espécimes pelo menos(9, 7, 28) e devem
ser obtidos das margens e centros das lesões ulceradas(50, 110, 7). Há controvérsias
quanto à realização de biopsias em mucosa aparentemente normal.
118
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
Goodgame et al.(115) em seu estudo sugeriu que tal procedimento deveria ser
feito em doença avançada para que se possa estabelecer um diagnóstico.
Entretanto, Bonacini et al.
(116)
questionou tal conduta. O escovado pode ser utilizado
no diagnóstico das infecções pelo HSV, tanto das vesículas quanto das
ulcerações(121). As margens das úlceras e ilhotas do epitélio escamoso devem ser
escovados e biopsiados para que o diagnóstico possa ser realizado. A biopsia da
região central das úlceras é usualmente inadequada para o diagnóstico da infecção
pelo HSV(25).
Com isso, pode-se pressupor que o material não foi suficiente para que
houvesse um maior rendimento diagnóstico neste trabalho, principalmente quanto
as lesões ulceradas do esôfago e estômago. Conseqüentemente, o diagnóstico
etiológico tornou-se prejudicado, visto que as biopsias não propiciaram material
suficiente para a análise histopatológica.
As inclusões virais patognomônicas do CMV
(1)
e HSV
(42)
nem sempre estão
presentes no material de biopsia e com isso, uma abordagem ampla durante a
retirada do material deve ser feita, pois, se garante desta forma, a possibilidade
maior de detecção do vírus.
A técnica do escovado durante a endoscopia para o diagnóstico das infecções
por Candida sp não invasiva, é considerada por alguns autores, um método mais
sensível do que a biopsia, pois preserva as formas miceliais do fungo, o que não
acontece com o material biopsiado
(104)
.
O diagnóstico das lesões esofagogástricas é feito por exame endoscópico,
acompanhado por biopsia e confirmado pela presença de inclusões virais
intranucleares ou citoplasmáticas(44,
125)
. As inclusões virais são mais facilmente
observadas nas bordas das úlceras onde predomina tecido inflamatório e de
granulação.
119
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
A presença de inclusões virais representa o exame padrão ouro para o
diagnóstico,
porém,
pode
ser
complementado
imunohistoquímica ou hibridização in situ
por
cultura
de
vírus,
(1, 125)
. A positividade da cultura, na
ausência de lesões patognomônicas no material de biopsia, não é suficiente para
estabelecer o diagnóstico da infecção pelo CMV
(50)
.
A identificação de alterações citopáticas do HSV e CMV nem sempre estão
presentes ao exame histopatológico como mencionado acima. Com isso, técnicas
mais sensíveis e específicas deverão ser utilizadas como a imunohistoquímica
usando anticorpos monoclonais para antígenos do HSV e CMV e a hibridização in
situ,
rápida,
altamente
sensível
e
específica.
Diferente
da
técnica
por
imunohistoquímica, a hibridização in situ não depende da expressão precoce ou
tardia dos antígenos virais e da integridade de suas proteínas, sendo mais sensível
do que a primeira(125). A imunohistoquímica é pouco mais sensível do que a
microscopia eletrônica
(125, 45)
.
O fator limitante das técnicas mais sofisticadas, no entanto, é o custo. A
hibridização in situ é mais cara do que a coloração pela hematoxilina-eosina,
moderadamente
mais
cara
do
que
a
imunohistoquímica
com
anticorpos
antiperoxidase(125). Carbo et al.(126), comparando o exame histopatológico com a
imunohistoquímica concluiu que o primeiro era melhor. Resultados benéficos têm
sido observados com o uso do PCR, principalmente em estudos onde houve a
(61)
necessidade de se descartar a possibilidade de infecção viral
.
O isolamento do vírus através de cultura do material de biopsia ou escovado
de uma lesão, não pode ser considerado adequadamente estabelecido como
diagnóstico da infecção pelo CMV, pois, devido a viremia que pode estar presente
em até 50% dos pacientes com AIDS, é possível que a positividade da cultura
resulte de partículas virais carreadas pelo sangue que acompanha o material da
biopsia dentro do meio de cultura(50).
120
5 Discussão
__________________________________________________________________________________________
Os comentários acima têm o intuito de se fazer um questionamento mais
dirigido sobre as condições que se dispõem no serviço do I.I.E.R. para se realizar
diagnósticos mais precisos e, sobretudo, minimizar o custo de tais procedimentos.
O diagnóstico não pode basear-se apenas em exames sofisticados se as
biopsias não forem realizadas de forma adequada, o que depende do clínico
também no que se refere às indicações precisas de endoscopia e solicitações mais
completas do exame, favorecendo com isso, uma melhor abordagem das lesões,
principalmente úlceras e erosões, durante o exame endoscópico. Mediante essas
avaliações, foi proposto um protocolo de investigação diagnóstica das doenças do
ADA para o I.I.E.R. (APÊNDICE 4).
O diagnóstico não pode se basear apenas em exames sofisticados, caso as
biopsias não sejam realizadas de forma adequada. As indicações precisas de
endoscopia e solicitações mais completas do exame dependem, também, do clínico.
Uma melhor abordagem das lesões durante o exame endoscópico, principalmente
das úlceras e das erosões, favorecerá um direcionamento diagnóstico mais preciso.
O patologista, por sua vez, poderá fazer uma análise mais minuciosa da amostra
colhida, indicando os exames complementares que realmente forem necessários.
Mediante essas avaliações, foi proposto um protocolo de investigação diagnóstica
das doenças do ADA para o I.I.E.R. (APÊNDICE 4).
6 CONCLUSÕES
122
6 Conclusões
__________________________________________________________________________________________
6
CONCLUSÕES
A prevalência das doenças do Aparelho Digestório Alto (ADA), causadas por vírus
em pacientes HIV-1 positivos, foi menor do que a descrita na literatura pesquisada,
embora
a
proporção entre as etiologias tenha sido mantida, indicando,
provavelmente, deficiência do processo diagnóstico dessas patologias.
O processo diagnóstico endoscópico das afecções do Aparelho Digestório Alto
(ADA) em pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), atendidos
no Instituto de Infectologia “Emílio Ribas” (I.I.E.R.), possui falhas na solicitação dos
exames.
O protocolo do procedimento endoscópico não é padronizado em relação a
realização de biópsias quanto ao seu número e localização. A dificuldade da
realização das biópsias deve-se, provavelmente, a falta de tratamento empírico
prévio para candida.
O modelo de protocolo proposto neste estudo poderá otimizar a qualidade
diagnóstica do processo de investigação dos pacientes com a Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e afecções do Aparelho Digestório Alto (ADA).
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APÊNDICES
APÊNDICE 1. Protocolo de Aprovação do Projeto de Pesquisa nº 46/00
__________________________________________________________________________________________
APÊNDICE 2. Protocolo utilizado para realização de exames na Seção de Endoscopia do I.I.E.R.
__________________________________________________________________________________________
O protocolo para realização de exames endoscópicos, descrito a seguir, foi
fornecido pela Seção de Endoscopia do I.I.E.R.
INDICAÇÕES DIAGNÓSTICAS
Dispepsia
Dor Epigástrica
Azia ou Pirose
Náuseas ou Vômitos
Disfagia
Odinofagia
Hemorragia Digestiva Alta
Emagrecimento
Ingestão de Cáusticos
Seguimento e ou Estadiamento de Doenças Pré-Neoplásicas
Controle de Tratamento Clínico
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS
Hemostasia
Esclerose de Varizes + Ligadura Elástica
Polipectomia
Colocação de Sonda Nasoenteral
Biopsias
CONTRA-INDICAÇÕES ABSOLUTAS
Recusa do Paciente
Perfuração Gastroduodenal
Instabilidade Cardiopulmonar
Lesões Graves de Hipofaringe
APÊNDICE 2. Protocolo utilizado para realização de exames na Seção de Endoscopia do I.I.E.R.
__________________________________________________________________________________________
CONDUTA ENDOSCÓPICA NAS PATOLOGIAS
ÚLCERAS E EROSÕES ESOFÁGICAS
(CMV, Herpes, Candidíase)
EDA
BIOPSIA
POSITIVA
NEGATIVA
EDA PARA
CONTROLE
NOVAS BIOPSIAS
APÓS
TRATAMENTO
CLÍNICO
TRATAMENTO
EMPÍRICO
OUTRAS PROVAS
DIAGNÓSTICAS
APÊNDICE 2. Protocolo utilizado para realização de exames na Seção de Endoscopia do I.I.E.R.
__________________________________________________________________________________________
ÚLCERAS PÉPTICAS
GASTRO-DUODENAIS
EDA + BIOPSIA
(HISTOLOGIA + PESQUISA DE H. PYLORI)
BIOPSIA
POSITIVA (H. PYLORI)
NEGATIVA (H. PYLORI)
TRATAMENTO CLÍNICO
CONTROLE APÓS
TRATAMENTO CLÍNICO
(CONTROLE DE
CICATRIZAÇÃO)
REPETIR EDA + BIOPSIA
60 - 90 DIAS
PÓS-TRATAMENTO DO H.PYLORI
APÊNDICE 2. Protocolo utilizado para realização de exames na Seção de Endoscopia do I.I.E.R.
__________________________________________________________________________________________
CANDIDÍASE / KAPOSI
EDA + BIOPSIA
APÓS TRATAMENTO CLÍNICO
EDA DE CONTROLE
APÊNDICE 3. Protocolo utilizado para realização de exames na Seção de Patologia do I.I.E.R.
__________________________________________________________________________________________
O protocolo para realização de exames anatomopatológicos, descrito a
seguir, foi fornecido pela Seção de Patologia do I.I.E.R.
ENTRADA DO MATERIAL
O material é recebido na Seção e é feita a conferência dos dados de
identificação do frasco e da requisição. Faz-se um registro intenso, que
obedece numeração seqüencial anual, que passa a ser o referencial
do caso. Encaminha-se o material e a requisição do exame para a
macroscopia. No caso de endoscopia, recebe-se o material em solução
fixadora de formol a 10%.
MACROSCOPIA
O exame inicial, que é feito pelo médico patologista, consiste na
descrição do aspecto morfológicos do material e preparo para o
seguimento técnico. A partir de então, coloca-se em cápsula fechado
contendo o número de identificação. Nas biopsias endoscópicas é
freqüente envolver o material em papel de filtro encaminhando-o com o
material recebido.
Como se trata de material minúsculo, não se faz corte do tecido com a
finalidade de orientar o plano do material para confecção da lâmina.
APÊNDICE 3. Protocolo utilizado para realização de exames na Seção de Patologia do I.I.E.R.
__________________________________________________________________________________________
Ao final do exame, de acordo com as hipóteses formuladas constantes na
solicitação ou com o tecido recebido, já são solicitadas colorações específicas
apropriadas com o intuito de se observar o diagnóstico. Todos são encaminhados
para a técnica de coloração pela hematoxilina-eosina e demais técnicas
histoquímicas específicas, tais como: suspeita de fungos-Grocott e PAS; suspeita de
BAAR, Ziehl-Nielsen; pesquisa de Helicobacter- Giemsa.
TÉCNICA
O material é preparado para inclusão em parafina líquida, submetido a
ação do álcool (desidratante) e xilol (clarificante e solvente, o qual
permite que o material fique embebido pela parafina). Confeccionado o
bloco, procede-se o corte histológico fino de 2 a 5 micra e a
manufatura da lâmina, que, ao ser desparafinada, volta a ser
submetida a um preparo químico para a coloração pela hematoxilinaeosina. Cortes histológicos adicionais são submetidos a técnicas
histoquímicas específica.
MICROSCOPIA
O patologista novamente analisa o material procedendo a microscopia.
Reunindo todos os elementos necessários para o diagnóstico, o resultado é liberado para o médico assistente por meio de um laudo de exame anatomopatológico. Os blocos, lâminas, cópias e requisição original
são arquivados. Caso as lâminas e colorações ainda não sejam suficientes para o diagnóstico, podem ser necessárias técnicas complementares que serão conduzidas sob orientação estrita do médico patologista: técnica imunohistoquímica, na qual o material será submetido a
uma bateria de anticorpos antígeno específicos, objetivando os
diagnósticos diferenciais (pesquisa de fungos, vírus, bactérias ou
imunofenotipagem de tumores). Ocasionalmente, pode-se proceder a
hibridização in situ apropriada, principalmente, para o diagnóstico de
HPV ou EBV) técnicas feitas na Seção de Patologia ou no IAL.
APÊNDICE 3. Protocolo utilizado para realização de exames na Seção de Patologia do I.I.E.R.
__________________________________________________________________________________________
FATORES LIMITANTES
Identificação: o recebimento de material com identificação incompleta
impede, muitas vezes, a análise conjunta de biópsias ou citológicos
referentes a outros órgãos não é incomum, por exemplo, em caso de
biopsia esofágica para pesquisa de CMV, haver resultado anterior de
biopsia cutânea com diagnóstico de SK ou biopsia de mucosa com
resultado positivo para HSV.
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS E ORIGEM DO MATERIAL
Em alguns casos, a ausência de informação pode dificultar
uma
pesquisa dirigida com relação a diagnóstico hipotético.
Exemplo: Há hipótese clínica de citomegalovirose não referida. O
achado de uma exulceração da mucosa associada à candidíase
intensa. Neste caso, a menos que haja suspeita de CMV ou herpes no
exame microscópico do material, a pesquisa não será aprofundada por
métodos
complementares
como
exame
imunohistoquímico
por
exemplo para CMV e HSV.
Quanto a referência do órgão, a ausência do informe preciso da
localização da lesão dificulta o diagnóstico completo.
Exemplo: úlceras e tumores que, por si só, alteram localmente a
arquitetura histológica impedindo a identificação tecidual.
APÊNDICE 3. Protocolo utilizado para realização de exames na Seção de Patologia do I.I.E.R.
__________________________________________________________________________________________
Dados completos podem ser relevantes do ponto de vista epidemiológico,
especialmente quando identifica-se manifestação morfológica não habitual de
determinadas doenças, mesmo as novas ou re-emergentes.
MATERIAL
Especialmente neste Instituto a maioria dos pacientes submete-se ao
procedimento em condições instáveis, principalmente do ponto de vista
hemodinâmico, fato que leva o endoscopista à coleta de material em
quantidade mínima. Ao exame histopatológico, porém, a representação
parcial quantitativa e qualitativa do material impede o diagnóstico
completo do caso.
Por outro lado, a escassez de material inviabiliza o emprego de
técnicas complementares, pois freqüentemente exigem a obtenção de
novos cortes em parafina, o que acarreta no esgotamento do material.
APÊNDICE 4. Proposta de Protocolo de Investigação Endoscópica de Pacientes com AIDS
___________________________________________________________________________________________
PROPOSTA DE PROTOCOLO DE INVESTIGAÇÃO
ENDOSCÓPICA DE PACIENTES COM AIDS
Após a avaliação do processo diagnóstico dos exames endoscópicos,
realizados no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, foi desenvolvida uma proposta
de rotina para se estabelecer condutas diagnósticas nas afecções do ADA em
pacientes com AIDS.
Justifica-se o protocolo proposto para otimizar a qualidade diagnóstica, utilizar
tratamentos empíricos, se necessários, evitando-se os efeitos adversos das drogas
e a indicação desnecessária de exames de alto custo.
Com base em experiências descritas na literatura, as seguintes propostas são
feitas às equipes médicas do serviço de Endoscopia, Patologia e Clínica.
INFORMAÇÃO DOS PEDIDOS:
Os pedidos de endoscopia deverão ser padronizados, contendo dados de
interesse do médico que realizará o exame, tais como: a identificação completa do
paciente (idade e sexo); motivo pelo qual está sendo solicitado o exame (queixa
principal do paciente e duração dos sintomas); doenças e tratamentos prévios
realizados de interesse que possam ajudar durante o exame; drogas em uso pelo
paciente, principalmente aquelas com potencial para ocasionarem lesões do ADA,
hemograma completo com contagem de plaquetas, coagulograma e TCD4, ambos
os mais próximos possíveis da realização da EDA.
APÊNDICE 4. Proposta de Protocolo de Investigação Endoscópica de Pacientes com AIDS
___________________________________________________________________________________________
INDICAÇÕES DE ENDOSCOPIA:
As indicações para exames de endoscopia são descritas abaixo:
•
Queixas esofágicas resistentes ao tratamento empírico com antifúngicos.
•
Disfagia ou odinofagia intensas que resultem em diminuição da ingesta oral
e desidratação.
•
Doença do refluxo gastroesofágico que não melhore com os tratamentos
convencionais.
•
História pregressa de doença do ADA com suspeita de recidiva atual
•
Co-morbidade que possa inferir em diagnóstico provável de doença
gastroduodenal associada.
•
Diarréia crônica intensa para biopsia do intestino delgado.
•
Hemorragia digestiva.
•
Estadiamento de tumor.
•
Persistência de dor abdominal que não melhore com tratamentos
convencionais.
•
Investigação de varizes esofagogástricas.
•
Controle de tratamento clínico.
APÊNDICE 4. Proposta de Protocolo de Investigação Endoscópica de Pacientes com AIDS
___________________________________________________________________________________________
O diagrama seguinte foi proposto para o manuseio de pacientes HIV-1
positivos ou AIDS com sintomas esofágicos baseado nas seguintes justificativas: 1)
candidíase esofágica é a causa mais comum de doença esofagiana nesses
pacientes e, freqüentemente, está associada com candidíase oral; 2) disfagia ou
odinofagia intensa que resulte em diminuição da ingesta oral e desidratação, não
são freqüentes em pacientes com candidíase esofágica somente; 3) mais de uma
doença esofagiana pode estar presente em mais da metade dos pacientes com
sintomas esofágicos e 4) a terapia para cada uma dessas afecções que ocorrem
nesses pacientes é diferente e então, o tratamento empírico para cada uma delas se
torna impraticável.
Para os pacientes apresentando sintomas esofagianos moderados, sem
limitação para a ingesta oral, a terapia com cetoconazol ou fluconazol poderá ser
indicada na presença ou ausência de candidíase orofaríngea. Se o paciente
apresentar melhora dos sintomas após 7 a 10 dias de tratamento, então o
diagnóstico presuntivo de candidíase esofágica poderá ser feito e um curso
completo do tratamento deverá ser instituído.
A manutenção do tratamento será avaliada para cada caso individualmente. Se
o paciente não melhorar ou piorar durante os 7 a 10 dias de tratamento, o exame
endoscópico deverá ser indicado para um diagnóstico definitivo. Se um paciente
apresentar
sintomas
esofagianos
intensos
resultando
em
desidratação
e
hospitalização, candidíase esofágica não seria o diagnóstico mais provável nesse
caso. Para esse paciente, a endoscopia deverá ser indicada para que o diagnóstico
definitivo seja feito rapidamente e o tratamento adequado instituído.
APÊNDICE 4. Proposta de Protocolo de Investigação Endoscópica de Pacientes com AIDS
___________________________________________________________________________________________
História + Exame Físico + TCD4
Leve a
Moderada
Sem
melhora
Suspeita de esofagite por drogas
Sintomas característicos de
refluxo gastro-esofágico
Bloqueador
H 2 específico
Odinofagia/Disfagia
+
Intensidade
Sem
melhora
EDA
EDA
Leve a
Moderada
Itensa
Tratamento empírico com
Cetoconazol ou Fluconazol
(7 a 10 dias)
EDA
Sem
melhora
EDA
FIGURA 24. Proposta de Esquema para Indicação de Endoscopia Digestiva em Pacientes
com AIDS e Sintomatologia Esofágica. Adaptado de Wilcox(27) pelo Pesquisador
APÊNDICE 4. Proposta de Protocolo de Investigação Endoscópica de Pacientes com AIDS
___________________________________________________________________________________________
Exame endoscópico:
O exame endoscópico que identifique alterações esofágicas, gástricas
e duodenais, principalmente lesões do tipo ulceradas, erosivas, edematosas,
nodulares,
tumorações
e,
eventualmente,
enantemáticas,
deverão
ser
complementadas por biopsia.
Das lesões do tipo ulceradas e erosivas, seis a dez espécimes deverão
ser colhidos. O material das úlceras deverá ser obtido das margens e região central
das mesmas para se descartar doença viral.
Ulcerações confluentes e o acometimento difuso da mucosa, como
acontece nas lesões do tipo erosivas, são de difícil abordagem pela endoscopia e
podem ocupar toda a extensão do esôfago deixando as margens das mesmas com
epitélio escamoso sem limites. As margens das úlceras e as ilhotas do epitélio
escamoso devem ser biopsiados e escovados para que o diagnóstico seja realizado.
Biopsias da região central das úlceras sugestivas de HSV, geralmente são
inadequadas.
As lesões com aparência de infecção pela Candida sp deverão ser
escovadas e encaminhadas para cultura em caso de recidivas freqüentes da
doença, para que descarte outras espécies de Candida diferentes da Candida
albicans. A biopsia deverá ser feita quando houver suspeita de candidíase esofágica
invasiva e úlceras.
APÊNDICE 4. Proposta de Protocolo de Investigação Endoscópica de Pacientes com AIDS
___________________________________________________________________________________________
Exame anatomopatológico:
O material de biopsia deverá ser normalmente fixado para exame
histológico usando as colorações de rotina como a hematoxilina-eosina e colorações
especiais específicas para fungos (coloração pela prata, ácido periódico de Schiff
(PAS) ou Gram), bactérias (Gram) e micobactérias Ziehl-(Neelsen) e Helicobacter
pylori (Giemsa) para a análise histológica.
A imunohistoquímica será realizada quando as alterações ao exame
histológico não forem características ou estiverem ausentes, sendo a suspeita
clínica e endoscópica relevantes.
Nos casos em que a imunohistoquímica não for conclusiva, a
hibridização in situ deverá ser considerada pelo patologista para a conclusão do
diagnóstico.
Quanto ao PCR deverá ser aplicável, individualmente nos casos
julgados pelo patologista.
As culturas para fungos e bactérias, incluindo as micobactérias,
deverão seguir as normas estabelecidas. Como citado acima, cultura para Candida
sp deverá ser avaliada individualmente, em casos de recidivas freqüentes de
candidíase esofágica e resistência ao tratamento com antifúngicos. As culturas de
vírus, principalmente para o CMV, deverão ser correlacionadas com a clínica,
endoscopia e exame anatomopatológico pelos fatores acima relacionados, onde a
possibilidade de contaminação da amostra pela freqüente viremia comum nos
pacientes com AIDS, resultar em exame positivo sem correlação com a doença
vigente.
APÊNDICE 4. Proposta de Protocolo de Investigação Endoscópica de Pacientes com AIDS
___________________________________________________________________________________________
Nenhuma estratégia diagnóstica etiológica terá um rendimento
satisfatório se as solicitações de endoscopia não forem devidamente preenchidas,
conforme sugerido, para que o endoscopista e o patologista possam direcionar o
diagnóstico. Conseqüentemente, a biopsia poderá ser realizada de forma adequada
através da endoscopia e a patologia não necessitará de exames mais caros como:
imunohistoquímica e PCR para concluir o diagnóstico.
A proposta deste protocolo deverá ser discutida com os Serviços de
Endoscopia,
Patologia
e
Laboratório
Clínico,
para posterior aprovação e
implantação, visando estabelecer uma rotina diagnóstica no I.I.E.R.
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