Entrevista com Dr. Rodrigo Caselli Belém, diretor de APH da SBAIT

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ENTREVISTA
Assistência continuada
◗Diretor de APH na SBAIT e coordenador do SAMU Brasília
quer desenvolver a interação entre o pré e o intra-hospitalar
E
m 2013, o SAMU completa dez anos de funcionamento como
programa federal no Brasil. A década de atendimentos não livra
o serviço de problemas que o acompanham desde que foi lançado. Persistem os casos de desconhecimento quanto as suas atribuições, além de trotes e de conflitos na passagem do paciente da
ambulância para o hospital.
Todas estas dificuldades encontram estratégias de enfrentamento
no SAMU do Distrito Federal, que tem na coordenação-geral o médico
Rodrigo Caselli Belém. Uma delas, em especial, ele pretende destinar
maior atenção enquanto diretor do Comitê Pré-Hospitalar da SBAIT
(Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado), cargo
DESDE AS SUAS PRIMEIRAS
EXPERIÊNCIAS, SEMPRE ESTEVE
LIGADO À EMERGÊNCIA. POR QUÊ?
Comecei a trabalhar com emergência antes
de entrar para a Medicina. Era estudante de
Engenharia quando ingressei
na Cruz Vermelha do Distrito Federal. O que
mais chama atenção
é o fato de estar lidando com uma si-
que assumiu em janeiro último. Rodrigo coloca a entidade como parceira
no cumprimento da normatização que prevê o atendimento em rede na
urgência e emergência, com a assistência contínua ao paciente do pré
ao intra-hospitalar.
Nesta entrevista, o médico fala da sua ligação com o setor e explica
as ações pioneiras do serviço pré-hospitalar na capital federal, cuja
equipe é formada por cerca de 900 servidores, que atuam em 37 ambulâncias (30 básicas e sete avançadas), 14 motos, na inovadora
bikelância e no helicóptero da Polícia Rodoviária Federal.
Por Rafael Geyger
tuação na qual seu conhecimento e atuação
podem fazer a diferença entre a vida e a morte.
Ao mesmo tempo em que dá uma satisfação
muito grande, também dá responsabilidade.
Outra questão interessante é trabalhar com as
pessoas. O espírito destas pessoas, no
sentido de perfil, de iniciativa e de
querer ajudar, é bastante atraente.
Não que não ocorra em outras
áreas da Medicina, mas quem
trabalha com pré-hospitalar
tem uma pró-atividade diferente e uma vontade
de ajudar que contagia.
QUE CONTRIBUIÇÕES AS EXPERIÊNCIAS
VOLUNTÁRIAS TROUXERAM PARA SUA
ATUAÇÃO?
A passagem na Cruz Vermelha me motivou
a fazer Medicina. Com relação a Nova Petrópolis, foi importante ao mostrar que voluntariado é diferente de amadorismo. É possível ter
um serviço de excelência como em Nova Pe-
PERFIL
RODRIGO CASELLI BELÉM
LULA LOPES/AGÊNCIA BRASÍLIA
Graduado em Medicina pela Universidade de Brasília, é especialista em
Cirurgia Geral, fellow em Medicina de Emergência e Cirurgia do Trauma pela
Universidade de Tel-Aviv, em Israel, e pós-graduando em Rede de Gestão do
Paciente Crítico. Coordenador-geral do SAMU Distrito Federal e instrutor do
seu Núcleo de Educação em Urgências, atua há sete anos como médico do
serviço. Desde 2009, é plantonista do serviço aeromédico PRF/SAMU
DF. Integra a diretoria do Colégio Brasileiro de Cirurgiões Capítulo DF e é diretor do Comitê Pré-Hospitalar da
SBAIT, gestão 2013/2014. É membro da IATSIC
(International Association of Trauma Surgery and
Intensive Care), ESTES (European Society for
Trauma and Emergency Surgery) e AMPA (Air
Medical Phisician Association). Também Cirurgião do Trauma do Hospital de Base do Distrito
Federal, preceptor da Residência de Cirurgia
Geral e R3 de Cirurgia do Trauma e orientador
de ligas de emergência e trauma de escolas
de Medicina do Distrito Federal. Voluntariamente, atuou na Cruz Vermelha de Brasília
e no Corpo de Bombeiros Voluntários de
Nova Petrópolis/RS.
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Emergência
MARÇO / 2013
A NORMATIZAÇÃO ACABOU VINDO
CINCO ANOS DEPOIS.
A portaria 2.048 foi um dos grandes marcos
em Saúde Pública no Brasil. Ela botou a mão
numa área que era uma terra de ninguém, onde
cada um fazia o que queria, montava seu cursinho próprio, fazia sua autocapacitação e ia
para o pré-hospitalar. A 2.048 foi um marco,
pois estabeleceu normas. Hoje, temos o SAMU
em quase 60% do país, em lugares onde não
havia nada, nenhum tipo de serviço.
QUAIS AS PARTICULARIDADES DO SAMU
NA CAPITAL FEDERAL?
O SAMU do Distrito Federal tem uma característica interessante, porque aqui trabalhamos
realmente em rede. Temos um sistema de
saúde que engloba 30 regiões administrativas,
que têm uma rede de urgência e emergência.
Embora tenha seus problemas, ao menos
teoricamente, existe um sistema organizado,
que está sob um mesmo governo, que mantém
uma rede para os casos de Trauma, de Infarto,
de AVC. Para o SAMU, em termos de regulação, esta é uma ferramenta bastante importante, pois concede tranquilidade ao regulador
para trabalhar. Embora, na prática, tenha as
dificuldades do dia a dia.
O SERVIÇO FOI PIONEIRO NA CRIAÇÃO
DO PERSONAGEM SAMUZINHO PARA
REDUZIR AS CHAMADAS FALSAS. QUAIS
OS REFLEXOS DESTA INICIATIVA?
Conseguimos reduzir de 60% para 35% o
número de trotes. Temos uma Assessoria de
Comunicação Social bastante atuante, que
envolve não só o Samuzinho, que virou a Turma
do Samuzinho, mas também outros projetos
dentro das escolas, junto às comunidades, informando e orientando à população sobre o
que é o SAMU. O Samuzinho começou focado
nos trotes, mas hoje ele está atuando na
informação às pessoas sobre o que é o SAMU
e, principalmente, quando acionar o serviço e
o que fazer quando ele é acionado, ou seja,
noções de primeiros socorros.
AO CONHECER O TRABALHO DO SAMU,
HÁ MAIOR CONSCIÊNCIA DO CIDADÃO?
MARÇO / 2013
RODRIGO CASELLI BELÉM
trópolis, em Santa Catarina, e em vários lugares do mundo que utilizam a ferramenta. A
ideia de que a remuneração é que faz a qualidade do serviço é uma falácia. Tive contato
também com a parte de capacitação e treinamento. Em 1997, não existia ainda a portaria
2.048 do Ministério da Saúde e estávamos
montando a parte pré-hospitalar, com camionete e em Caravan. Faltava normatização.
SAMU atende também no Hospital de Base em Brasília
Sim, pois é um trabalho para ele. Optamos
pela abordagem de conscientização, que é
mais demorada do que a repressão. Estamos
num país em que um cidadão dirige bêbado,
mata uma família inteira e não vai para a cadeia. Então, ele vai ser preso porque passou
um trote para o SAMU? Rastrear, ir atrás e entregar o infrator à polícia é muita energia despendida para nada. Desta forma, houve a
redução nos trotes e percebemos também uma
queda no número de reclamações.
QUE TIPO DE RECLAMAÇÕES?
Às vezes, o cidadão reclama que ligou para
o SAMU porque estava com dor de dente e
não mandaram ambulância. O SAMU não existe para mandar ambulância para dor de dente. Infelizmente, vivemos num país de terceiro
mundo, onde as pessoas não têm educação,
não têm saneamento, não têm escola, não têm
acesso ao serviço público de emergência, então, muita coisa acaba sobrando para o SAMU.
O cidadão vai ao posto de saúde e não tem
médico, mas a criança está com febre e ele
acaba ligando para o SAMU. É importante o
SAMU também aprender a trabalhar. Não é
simplesmente dizer que não é com ele. Estamos inseridos dentro de um sistema de saúde
“
Às vezes, ouço que a função do
SAMU não é atender dentro do
hospital. Eu respondo que a função
do SAMU é salvar vidas
que tem suas falhas. Não que tenhamos que
suprir todas elas, mas temos que ter mecanismos para minimizá-las.
QUAL A SOLUÇÃO?
Não mandar uma ambulância, mas criar um
link com a vigilância em saúde e com a atenção
básica. Comunicar que há pacientes de determinada região ligando para o SAMU, reclamando de febre, de diarreia. O SAMU não vai mandar ambulância, mas estas frentes podem verificar o que está acontecendo lá. O SAMU é um
órgão privilegiado pela visão que tem do
sistema de saúde. Nós somos um observatório
da saúde. Somos uma ferramenta importante
para os órgãos de saúde, tanto para o planejamento de ações, quanto para o acompanhamento delas.
QUAIS OS DESAFIOS COMO DIRETOR DA
ÁREA PRÉ-HOSPITALAR NA SBAIT?
Vamos buscar desenvolver a interação entre
o pré e o intra-hospitalar, mostrar que o préhospitalar é um braço muito importante e, na
verdade, não é algo isolado. Temos que eliminar
aquela ideia antiga de que o pré-hospitalar é
botar a vítima dentro de um carro qualquer e
levá-la para o hospital. Não é e está longe de
ser isto. Estamos lidando com vidas e o atendimento à vítima é contínuo. Começa na rua
com o pré-hospitalar e tem continuidade no
hospital. Um objetivo da SBAIT é fazer esta aproximação.
COMO ALCANÇAR ESTA
APROXIMAÇÃO?
Vamos tentar cumprir as normas, junto com
Emergência
9
ENTREVISTA
os órgãos fiscalizadores. Ainda há serviços que
não cumprem a portaria 2.048, nem os preceitos da regulação médica. Acho que deve haver
um papel mais fiscalizador dos órgãos atuantes, do Ministério da Saúde e da própria SBAIT.
Como ocorre nos Estados Unidos, que estas
instituições sejam responsáveis por chancelar
os serviços. Ou seja, a SBAIT reconhecer que
determinado serviço está de acordo com as
normas definidas pelo Ministério da Saúde.
Pode ser uma certificação ou uma acreditação,
que seria um estímulo aos serviços para cumprir o que é determinado, ou tecnicamente recomendado.
SUA VIVÊNCIA NO SAMU TRAZ QUE
CONTRIBUIÇÃO PARA ESTE
ENFRENTAMENTO?
O que aconteceu no Distrito Federal foi que
assumimos parte da emergência do maior
hospital de Brasília, que é o Hospital de Base.
O SAMU assumiu a sala de trauma. O objetivo
é garantir que a qualidade do atendimento será
continuada no hospital. Infelizmente, as equipes
hospitalares têm um nível muito baixo de capacitação, porque não se investe nisto. Quando
os servidores de um hospital são liberados para
um treinamento? Quase nunca. O SAMU de
Brasília, por ter um Núcleo de Educação em
Urgências bastante atuante, treina suas equipes permanentemente.
forma, foi criado um uniforme, uma roupa mais
leve. Não é um macacão, mas é uniforme do
SAMU. O próprio SAMU equipou a Emergência, o que é outro problema. O serviço chega
à Emergência, ela está sucateada e o hospital não tem dinheiro para comprar equipamentos. Como virou uma peça do SAMU, o
SAMU está investindo neste atendimento.
Esta é uma dificuldade no Brasil inteiro e, inclusive, há serviços querendo adotar o mesmo caminho.
A EFETIVAÇÃO FOI COMPLICADA?
Muito. Primeiro, porque precisa partir do
próprio diretor do hospital, que deve assumir a
deficiência. Em segundo lugar, começam os
conflitos com as equipes, ou seja, aquela ideia
de que o SAMU vem mostrar como o hospital
deve trabalhar. Às vezes, ouço que a função
do SAMU não é atender dentro do hospital. Eu
respondo que a função do SAMU é salvar
vidas. Se nós somos profissionais de saúde,
nossa formação é hospitalar, por que não
podemos contribuir dentro do hospital? O que
não dá é deixar o povo morrer, fazer tudo por
uma vítima na rua e, quando ela chega ao
hospital, fica largada e morre. Mas, no final, a
LAFAIETE VIEGAS ALVES JUNIOR
A EQUIPE TRABALHA UNIFORMIZADA NO
HOSPITAL?
Acredito que o uniforme tem um impacto bastante forte no moral da equipe. Trata-se literalmente de vestir a camisa do serviço. Desta
“
Quem trabalha com pré-hospitalar
tem uma pró-atividade
diferente e uma vontade de ajudar
que contagia
integração se mostrou muito eficiente, numa
parceria que evoluiu para a ala clínica da
Emergência, com a instalação do Centro de
Emergência Neurocardiovascular, no mesmo
modelo do Centro de Trauma.
A MUDANÇA REFLETIU NA ASSISTÊNCIA
PRÉ-HOSPITALAR?
Não fechamos ambulância para cuidar do
hospital. Não desativamos nenhum serviço préhospitalar, mas fizemos um remanejamento de
pessoal. O que estamos fazendo é um bem para
a população. Em momento algum nós deixamos
a assistência pré-hospitalar de lado. Os médicos
são do hospital, são especialistas, como cirurgião, neurocirurgião e ortopedista. Entramos com
os enfermeiros e técnicos de Enfermagem e melhorou muito o acolhimento do paciente. Nossa
Enfermagem é muito capacitada.
OUTRA IDEIA PIONEIRA FOI O USO DA
BIKELÂNCIA. COMO SURGIU A
FERRAMENTA?
Foi uma ideia do então chefe da Enfermagem, o enfermeiro Wellington Antônio da Silva,
que viu uma reportagem sobre um serviço
semelhante em um parque de Londres. Como
temos um parque em Brasília, o Sarah Kubitschek, por onde passam mais de 10 mil pessoas por dia, surgiu a ideia de fazer o projeto.
O objetivo é aproximar o SAMU da população,
atuar na parte preventiva, tirar dúvidas e, se
tiver alguma emergência, dar o primeiro atendimento. Há muitos atletas de final de semana,
insolação e hipertensão. O projeto também
trabalha o bem-estar do servidor, que está fazendo exercício. A capacitação física no SAMU
e no serviço público, de maneira geral, é deixada de lado. Porém, na rua, somos exigidos
fisicamente. Foi uma das maneiras que encontramos para dar ao servidor a oportunidade de
ele realizar uma atividade física.
A ADESÃO À BIKELÂNCIA E AO
HOSPITAL FOI VOLUNTÁRIA?
Voluntária, tanto num espaço quanto no
outro. As bikelâncias atuam das 7h às 22 horas,
em duplas e com equipamentos para atender
trauma e parada cardiorrespiratória, como
desfibrilador externo automático e material para
ventilação. Eles têm contato com a regulação
e podem dar o atendimento inicial enquanto a
ambulância está a caminho.
Serviço de bikelância do SAMU atende e educa população em parque de Brasília
10 Emergência
QUE ANÁLISE FAZ DA MOTOLÂNCIA,
DESDE QUE ELA FOI IMPLANTADA, EM
2009?
A implantação teve um pouco de problemas,
tanto que está sendo alvo de avaliações em
MARÇO / 2013
SAMU DF
ATIVOS E EFETIVOS EM TODO O PAÍS?
Nós temos um problema muito sério que se
chama política de recursos humanos. Ela não
entende que, ao investir na capacitação, está
investindo no serviço. Não é um investimento
no sujeito, como se estivesse dando um prêmio
para ele, fazendo curso para ele incluir no currículo, se aperfeiçoar e ir embora. É um investimento na qualificação do seu servidor e do seu
serviço. Uma das maiores dificuldades que temos é que, na carga horária do profissional, não
está incluída a capacitação. Para fazer um curso, ele ouve que deve fazer no fim de semana
ou fora do seu horário de expediente e que, se
quiser fazer, que pague. O treinamento não deve
ser optativo, nem exceção. Dentro da carga
horária semanal, uma parte deve ser dedicada
ao treinamento. Treinar faz parte do trabalho.
Motolâncias permitiram agilidade e acessos a locais onde a ambulância não consegue chegar
todo o Brasil. Ocorre que a demanda é tão
grande na área de saúde que, qualquer ferramenta que houver, se colocá-la para funcionar,
será bem utilizada. Levamos quase seis meses
para implantar, pois houve dificuldade na
aquisição de equipamentos específicos para a
motocicleta, na seleção e na capacitação de
pessoal, que tem que ser rigorosa.
QUEM MINISTROU A CAPACITAÇÃO?
De início, foi a Polícia Militar do Distrito Federal, que tinha um curso de motociclistas já bastante conhecido. Posteriormente, as outras turmas fizeram com a Polícia Rodoviária Federal.
É um curso bastante exigente e muitas pessoas
foram reprovadas. Todas estas dificuldades atrasaram a implantação, mas, hoje, é uma ferramenta indispensável. Tanto que não há previsão de o Ministério da Saúde repor as motos,
mas as nossas precisam ser renovadas. Então,
estamos com um processo de compra para
substituir as motos já desgastadas. O recurso
está em uso e não tenho como tirar esta ferramenta da rua. Ganhamos em agilidade e na
questão de chegar a locais onde o acesso de
ambulância é difícil.
COM RELAÇÃO AO COMPONENTE
AEROMÉDICO, COMO ANALISA A
IMPORTÂNCIA DO HELICÓPTERO PARA
SALVAR VIDAS?
Hoje, o aeromédico sofre um problema muito
sério de falta de padronização e normatização.
É uma ferramenta fantástica, mas tem que ser
bem utilizada. Falta uma normatização da
ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) e
do Ministério da Saúde sobre padronização do
MARÇO / 2013
equipamento. Há quem faça aeromédico em
Esquilo, que é um helicóptero que não permite
aeromédico, dependendo da sua configuração.
É como transportar paciente numa Kombi, mas
com todos os riscos de um transporte aéreo.
Não há nenhum critério de despacho ou de uso
das aeronaves, nem normatização em termos
de capacitação e de qualificação dos equipamentos.
O ESQUILO NÃO PODE SER UTILIZADO?
Depende da maneira que é utilizado. Tem que
tirar o copiloto e configurá-lo como aeromédico.
Vários serviços utilizam esta aeronave em condições inadequadas, sem a configuração mínima para um cuidado aeromédico adequado.
Então, é preciso determinar em norma este
mínimo. Assim como ocorreu com a ambulância. Hoje, não é mais aceitável que se transporte dentro de uma Kombi. Em termos de capacitação, as recomendações na portaria 2.048
são muito genéricas, não definem o que o enfermeiro, o médico e o piloto devem saber, a
capacitação mínima ou as exigências de perfil.
POR QUE, MESMO COM DEZ ANOS DO
SAMU NO BRASIL, AINDA NÃO HÁ
NÚCLEOS DE EDUCAÇÃO PERMANENTE
“
É importante o SAMU também
aprender a trabalhar. Não é
simplesmente dizer que não
é com ele
PARA OS MÉDICOS, O
RECONHECIMENTO DA MEDICINA DE
EMERGÊNCIA PODE GERAR
QUALIFICAÇÃO?
Um dos grandes objetivos é a capacitação,
definir e padronizar as exigências, o que o médico tem que ter em termos de perfil. Inevitavelmente, vai trazer melhoria para a qualidade
de vida do serviço. Um dos argumentos contrários é que vai treinar o profissional em emergência e o mercado não absorve. Quem
vai querer trabalhar 40 horas numa Emergência
para receber um salário ruim? A partir do momento que, na Emergência, só trabalharão pessoas capacitadas, isto obriga o gestor a melhorar o ambiente. Esta definição do profissional
vai forçar a melhora do mercado.
COMO ESTÁ O PROCESSO DE
RECONHECIMENTO DA CIRURGIA DO
TRAUMA?
É a nossa luta na SBAIT. É um processo menos adiantado que o da Medicina de Emergência, mas a Cirurgia do Trauma está indo no
vácuo. Está em discussão junto ao Colégio Brasileiro de Cirurgiões. O trauma é uma doença,
tem uma causa e um perfil bem definidos. O
que queremos na SBAIT é acabar com a visão
fatalista de que o cidadão morreu porque foi
um acidente e os acidentes acontecem. Ninguém tem que morrer por causa de um tiro
na cabeça, ninguém tem que morrer por causa de um traumatismo craniano. Houve uma
série de falhas, desde a prevenção, do controle do Estado, da educação, até o atendimento e o acolhimento deste paciente. Há
uma série de questões que podem ser corrigidas e que podem ser melhoradas. Acidente
é algo fortuito, já o trauma é totalmente previsível e evitável.
Emergência
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