Cuidando do cliente com agravos cardiovasculares em Urgência e Emergência Profº. Enf.º Diógenes Trevizan Especialização em urgência e Emergência Arritmias cardíacas • As arritmias são distúrbios na geração, condução e/ou propagação do impulso elétrico no coração, podendo representar risco iminente de morte quando associada a agravos como insuficiência cardíaca congestiva (ICC), tromboembolismo e choque cardiogênico. • Podem ser espontâneas, denominadas primárias, ou secundárias quando vinculadas a outras patologias de base como infarto agudo do miocárdio. • A incidência de arritmias é maior em adultos, relacionadas ou não a outras patologias. Em crianças, a grande maioria das arritmias tem característica secundária a patologias de base, pós-operatórios de cirurgia cardíaca, distúrbios metabólicos, hipoxemia e choque. Anatomia •Espaço mediastino •Pesa 280 a 340 gramas •Camadas musculares •Endocárdio •Miocárdio •Pericárdio •Câmaras cardíacas •Átrios (receptor) •Ventrículos (ejetor) SISTEMA CIRCULATÓRIO Sistema de Condução elétrica do Coração O eletrocardiograma (ECG) é um registro da ativação elétrica do coração. Para que a corrente elétrica faça todo o percurso intracardíaco, cargas positivas e negativas estão contidas dentro das células especializadas do coração. Quando em repouso, o lado de fora da célula é positivo e o de dentro negativo, processo este denominado estado balanceado ou polarizado. • Essas forças elétricas em forma de ondas (positivas e negativas) podem ser visualizadas por meio de um monitor cardíaco, visor ou no eletrocardiograma registradas em fita corrente de papel especial milimetrado. • É importante que você saiba que o ECG mede pequenas intensidades de corrente elétrica a partir de dois eletrodos dispostos no corpo, registrando a atividade elétrica cardíaca em um gráfico. As ondas originárias dessa atividade elétrica são designadas pelas letras P-Q-R-S-T. A cada derivação é atribuída uma função, como você pode ver ao lado: • • • • • • • • Onda P: atividade elétrica que percorre os átrios; Intervalo P-R: intervalo de tempo entre o início da despolarização atrial até o início da despolarização ventricular; Complexo Ventricular QRS: despolarização dos ventrículos; Onda Q: despolarização septal; Onda R: despolarização ventricular; Onda S: despolarização da região basal posterior do ventrículo E; Onda T : repolarização dos ventrículos; Segmento S-T: período de inatividade elétrica depois de o miocárdio estar despolarizado; Intervalo Q-T: tempo necessário para despolarização e repolarização dos ventrículos. • É importante que você fique atento à instalação correta dos eletrodos e cabos do ECG, conforme quadro abaixo, para um diagnóstico correto e o atendimento eficaz. Colocação dos eletrodos nos membros COR POSIÇÃO VERMELHO AMARELO PRETO VERDE Braço direito Braço esquerdo Perna direita Perna esquerda POSIÇÃO DAS DERIVAÇÕES PRECORDIAIS Derivação POSIÇÕES V1 - 4º espaço intercostal na borda direita do esterno V2 - 4º espaço intercostal na borda esquerda do esterno V3 - Espaço intermediário entre V2 e V4 V4 - 5º espaço intercostal esquerdo na linha médio clavicular V5 - 5º espaço intercostal esquerdo na linha axilar anterior V6 - 5º espaço intercostal esquerdo na linha axilar média • As manifestações da frequência cardíaca muito alta ou muito baixa com distúrbio de ritmo são denominadas de taquiarritmias e bradiarritmias, respectivamente, podendo ocasionar alteração de nível de consciência, síncope, palpitações, parada cardiorrespiratória e, em casos extremos, morte súbita. Quando os focos ectópicos, também chamados de extrassístoles (batimentos extras), estão localizados nos átrios, temos as arritmias supraventriculares ou atriais, e quando os focos se localizam nos ventrículos, as arritmias são denominadas ventriculares. Taquicardias ou taquiarritmias • As taquicardias ou taquiarritmias são aquelas que aceleram o músculo cardíaco com frequência cardíaca superior a 100 bpm. As manifestações mais graves estão associadas ao baixo débito como sudorese, palidez, hipotensão e perfusão inadequada, e a sintomas relacionados à insuficiência cardíaca ou coronariana como dispneia e angina. Na presença desses fatores, as arritmias são denominadas instáveis. • É importante que você observe atentamente o traçado que está monitor cardíaco, associando aos sinais e sintomas, agilizando assim o atendimento à urgência. As principais arritmias são taquicardia sinusal, arritmia sinusal e ritmos atriais não sinusal. • As taquicardias sinusais estão relacionadas ao aumento do tônus adrenérgico como nos casos de isquemias, insuficiência respiratória, hipertireoidismo, hipotensão arterial, efeitos de drogas como broncodilatadores, drogas ilícitas, febre, hipovolemia e outras. • Considerada como sinal clínico e não como arritmia, não apresentada sintomatologia específica, devendo ser avaliada a condição clínica que desencadeou a taquicardia e, portanto, o tratamento direcionado a etiologia de base. • O paciente apresenta palpitação, dispnéia, com FC de 100 a 150 bpm, com ritmo regular. Ondas P normais podem estar fundidas na onda T e QRS normal. Taquicardia sinusal • Na arritmia sinusal, encontramos morfologia da onda P, constante com intervalo P-P variável. É importante destacar que essa arritmia sinaliza a gravidade de outras que poderão ser desencadeadas. • Caracteriza-se por ritmo irregular ou variável, causado por doença da artéria coronária. Paciente pode apresentar-se assintomático. Pulso irregular e FC 60a 100bpm. Onda P e complexo QRS normais. • Dentre os ritmos atriais não sinusais, destacaremos a taquicardia supraventricular paroxística, o flutter atrial e a fibrilação atrial (FA). A taquicardia atrial ou taquicardia supraventricular apresenta complexo QRS morfologicamente normal, com frequência cardíaca elevada, entre 140 a 180 bpm, exceto em crianças, nas quais a frequência pode ultrapassar a 200 bpm. Em serviços de emergência, a equipe médica pode optar pela manobra vagal a fim de reverter o quadro ou utiliza-se da cardioversão química. • • No flutter atrial encontramos a onda P com morfologia de serra denominadas de onda F em D2,D3 V1, complexo QRS morfologicamente normal, frequência cardíaca elevada. • O NAV não conduz todos os impulsos, portando 1 de cada 3 estímulos é transmitidos para os ventrículos. O tratamento é preferencialmente realizado pela cardioversão elétrica com baixa carga de energia, porque esse tipo de arritmia raramente responde a tratamento medicamentoso. • Bradicardia ou Bradiarritmia • Possuem frequências cardíacas menores do que 100 bpm. Incluem bradicardia sinusal e bloqueio átrio ventricular (AV)de 1º, 2º e 3º grau. O bloqueio AV de 3º grau, denominado bloqueio átrio ventricular total, é o mais grave de todos, porque nenhum dos impulsos atriais estimula o nódulo AV.É comum o paciente apresentar síncope, desmaio ou insuficiência cardíaca súbita. • Na bradicardia sinusal, o ritmo sinusal apresenta frequência menor do que 60 bpm no adulto e menorde 80 bpm em crianças. As causas estão relacionadas ao aumento do tônus. Exemplos: drogas, • isquemias, miocardites, hipotireoidismo, treinamento físico, entre outros. Ritmos ventriculares • Os ritmos ventriculares são considerados importantes por levarem a maior número de casos de • morte súbita. Por esse motivo, é importante a sua atuação como técnico na identificação desses ritmos ventriculares. Fibrilação ventricular • A fibrilação ventricular (FV) é desencadeada por múltiplos focos ventriculares ectópicos, levando a uma contração caótica dos ventrículos. • Podendo ser consequência do uso de drogas, de situações de trauma, patologias cardiovasculares como síndromes isquêmicas, entre outras. Taquicardia ventricular • A taquicardia ventricular (TV) pode aparecer de forma contínua, intermitente ou sustentada. A frequência oscila entre 150 a 250 batimentos por minuto, com complexo QRS alargado e de morfologia bizarra, e pode ou não afetar a atividade atrial uma vez que está dissociada da atividade ventricular. Torsades de Pointes • • Perturbação na repolarização ventricular; • De característica polimórfica pode vir associada a uma queda da pressão arterial sistêmica, seguida de síncope. Em casos mais graves pode evoluir para fibrilação ventricular e morte súbita, se não houver intervenção médica imediata e adequada Flutter ventricular • No flutter ventricular, o ritmo é intermediário entre a taquicardia ventricular e fibrilação ventricular de evolução rápida e comprometedora da manutenção da vida do paciente. Necessita de reversão rápida, evitando-se a deterioração do sistema cardiovascular, seguido por fibrilaçãoventricular e PCR. A frequência cardíaca oscila de 250 a 350 bpm. Arritmias • Suspeita-se de arritmia quando ocorre alteração da frequência e ritmo cardíaco, considerando os limites de normalidade para o adulto e criança, podendo estar associados ou não a sintomatologia de doenças pré existentes do sistema cardiovascular ou outras causas. • Na história clínica há sempre relato de palpitação, tontura e síncope. Os exames físicos, por meio da análise da pulsação, ausculta cardíaca, batimentos visualizados em jugular, bem como outros achados clínicos e sintomas, são fundamentais para o diagnóstico das bradiarritmias e taquiarritmias. • As arritmias podem necessitar de tratamento com base em situações emergenciais, eletivas ou ainda quando diagnosticada ao exame físico, estando ou não vinculados a queixas sintomatológicas. Desfibrilação X Cardioversão • A desfibrilação é necessária em casos de situações emergenciais com evolução drástica e risco dedeteriorização ou ainda parada cardiorrespiratória. • Para a realização da cardioversão elétrica, prepare o cliente explicando o procedimento, a necessidade da monitoração e da sedação. Puncionar o acesso venoso e mantê-lo permeável mesmo após sedação. Sendo realizado de modo eletivo, é importante que o paciente esteja em jejum de pelo menos 6 a 8 horas. Sedação • sedação(propofol, etomidado, diazepam dormonid) • analgesia(fentanil, alfentanil, meperidina e morfina) • Confirmar se o paciente se encontra sedado antes da aplicação do choque, garantindo que o procedimento seja feito sem causar injúrias. • Quanto ao preparo do material, certificar-se de que o aparelho está funcionando corretamente e o modo sincronizado ligado. A pasta ou gel condutor deve ser aplicado às pás do cardioversor para evitar queimaduras. A fim de evitar acidentes, é importante que todos os membros da equipe de atendimento afastem-se do leito do paciente. • Em caso de PCR, desligar imediatamente o modo sincronizado do aparelho para ser realizada a desfibrilação. • A desfibrilação elétrica é um procedimento terapêutico que consiste na aplicação de uma corrente elétrica contínua NÃO SINCRONIZADA, no músculo cardíaco. Esse choque despolariza em conjunto todas as fibras musculares do miocárdio, tornando possível a reversão de arritmias graves como a TV e a FV, permitindo ao nó sinusal retomar a geração e o controle do ritmo cardíaco. A cardioversão elétrica é um procedimento na maioria das vezes eletivo, em que se aplica o choque elétrico de maneira SINCRONIZADA, ou seja, o paciente deve estar monitorado no cardioversor e este deve estar com o botão de sincronismo ativado, pois a descarga elétrica é liberada na onda R, ou seja, no período refratário. Marcapassos • Marcapasso Transvenoso Composto por uma bateria externa, o coração é estimulado por meio de impulsos elétricos gerados por um cabo- eletrodo, colocado geralmente dentro do ventrículo direito, onde é inserido por um acesso venoso central (subclávia ou jugular). Marcapasso Transcutâneo Também chamados de marcapasso transtorácico, compõe-se de duas pás de eletrodos descartáveis e adesivas que são fixadas no tórax e dorso do paciente e conectadas a um aparelho de desfibrilador ajustado no modo de marcapasso. Muito utilizado nas emergências que envolvem as bradiarritmias e bloqueios atrioventriculares com repercussão hemodinâmica que não respondem adequadamente as drogas. Marcapasso Definitivo É um equipamento totalmente implantado, onde a bateria se localiza no subcutâneo e os fios bicamerais são posicionados no átrio e no ventrículo. Necessita ser colocado através de procedimento cirúrgico. FIM!!!