O papel do enfermeiro na assistência ao paciente oncológico Nilda Alves Miranda Amâncio Leonor Natividade de Medeiros Campos Resumo Este é um estudo de revisão sistemática que aborda a oncologia. Qual o papel do enfermeiro na assistência ao paciente oncológico foi o problema estudado. Os objetivos foram: verificar em artigos científicos recentes os desafios do enfermeiro na assistência ao paciente oncológico, buscando a melhoria na qualidade do atendimento e identificar se o enfermeiro proporciona conforto para o paciente e a família dando apoio psicosocial; identificar como o enfermeiro cuida do paciente com dor crônica; verificar se o enfermeiro informa o paciente oncológico sobre o prognóstico fora de possibilidade terapêutica. A metodologia utilizada para o estudo foi o de pesquisa de revisão sistemática. Foram utilizados artigos de periódicos das seguintes bases eletrônicas: SCIELO(Scientific Eletronic Library), LILACS(Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MEDLINE(Literatura Internacional em Ciências da Saúde), publicados no período de 1991 a 2008, em idioma português, espanhol e inglês. Na apresentação e discussão dos resultados constatamos que o conhecimento em oncologia é escasso. Falta este conteúdo na grade curricular da graduação. Palavras-chave: enfermeiro; assistência; paciente oncológico. Introdução Contexto e problema Câncer é o nome genérico de um conjunto de mais de duzentas doenças distintas, com multiplicidade de causas, formas de tratamento e prognósticos. Ocorrem quando as células de determinado órgão passam a crescer de forma desordenada e incontrolável e param de maturar, dando conseqüência a uma massa de tecido denominada massa tumoral ou simplesmente tumor (INCA, 2008). Assim, a preocupação dos profissionais de saúde, que assistem o paciente com doença oncológica, tem se voltado para as questões de qualidade de vida dos sobreviventes, que pressupõe um cuidado que focalize as dimensões físicas, psicológicas e sociais. Esta é uma realidade que exige do enfermeiro um conhecimento sobre a evolução da doença, tratamento, alteração emocional do paciente e da família. Cuidar do paciente com câncer implica em conhecer não só sobre a patologia, Acadêmica do 8° período do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix Mestre em Psicologia pela UFSC e professora Assistente do curso de Enfermagem do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. Professora de Sociologia Pós-Graduação em Enfermagem do Trabalho CENEC/UNIUBE Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 2 nº 3 novembro 2009 95 mas, saber lidar com os sentimentos dos outros como com as suas próprias emoções perante as doenças com ou sem possibilidade de cura (RODRIGUES, 2004). O enfermeiro deve estar pronto para dar apoio ao paciente e sua família durante uma diversidade de crises físicas, emocionais, sociais, culturais e espirituais. O alcance dos objetivos almejados envolve oferecer um apoio realista aos clientes submetidos ao tratamento, usar modelos assistenciais e o processo de enfermagem com base nesse tratamento (SMELTZER et al, 2002). Dor como uma sensação foi definida em 1960 e em 1979 como uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada á lesões reais, potenciais ou descritivas. (TEIXEIRA et al, 1995). As pesquisas também demonstram que a percepção e a reação á dor variam entre indivíduos com uma mesma doença, de igual localização e extensão e podem levar a diferentes graus de sofrimento. Essas diferenças individuais dependem do sexo, raça, cultura e história do indivíduo (PIMENTA et al, 1997). A dor crônica é freqüente em doentes com câncer e pode ser devido ao tumor primário ou suas metástases, á terapia anticancerosa (cirurgia, radioterapia ou quimioterapia) e aos métodos de diagnóstico. Em algumas situações, ela pode estar relacionada a causas psicossociais. (TEIXEIRA, 1995). Um aspecto importante a ser considerado é que dor crônica acomete cerca de 50% dos pacientes com câncer em todo os estágios da doença e em 70% nas neoplasias avançadas (PIMENTA, 1997). Portanto, o enfermeiro deve exercer seu papel no controle da dor, tem responsabilidade na avaliação diagnóstica, na intervenção e monitorização dos resultados do tratamento, na comunicação das informações da dor do paciente, como membro da equipe de saúde. (PESSINI, 1997). O posicionamento dos enfermeiros relacionado á revelação de prognóstico fora de possibilidade terapêutica, é pouco abordado, mesmo sendo uma situação comum dentro do hospital. Por esse motivo, talvez, as posturas sejam tão divergentes, e, na maioria das vezes, com pouco ou nenhum embasamento científico para lidar com o problema em questão, apoiando-se apenas em experiências e valores pessoais. Entretanto afirmam que o profissional deve estar preparado para viver essa situação porque foi treinado e, comumente, convive com ela. O paciente, muitas vezes espera que os profissionais estejam capacitados para o enfrentamento dessa situação, visto que a manifestação da doença faz com que, direta ou indiretamente, ele procure o profissional por acreditar, que apenas esse poderá ajudá-lo com as angústias, medos e problemas vividos. Os enfermeiros, em sua maioria são inseguros para essa vivência e sentem falta de um preparo que deveria ter no início da graduação e prosseguir ao longo da vida profissional. Observamos que, apesar da morte ser um fato real e freqüentemente presente, ainda é cultuada como um evento artificial, inesperado e injusto. (PESSINI, 1997). As responsabilidades, os objetivos da enfermagem em cancerologia são tão diversos e complexos como aqueles de qualquer especialidade dentro da enfermagem. Existe um desafio especial inerente aos cuidados de pacientes com câncer pelo simples significado da palavra que muitas vezes tem sido associada a dor, sofrimento e morte. Isto, muitas vezes pode influenciar a opinião ou mesmo o comportamento de uma pessoa na situação de doente. Dessa forma, observa-se a necessidade de ampliar a quantidade e qualidade de informações na área de oncologia por meio de pesquisas que é fundamental ao crescimento profissional. (ELLIS E HARTLEY 1998). Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 2 nº 3 novembro 2009 96 Assim, o problema que norteia este estudo é, qual o papel do enfermeiro na assistência ao paciente oncológico? Justificativa Este estudo tem relevância acadêmica por ser um trabalho de conclusão do curso de enfermagem. Tem relevância científica, porque pretende verificar em artigos científicos de periódicos recentes os desafios do enfermeiro na assistência ao paciente oncológico, orientações e cuidados em gerais, buscando a melhoria na qualidade de atendimento. Surgindo reflexões da prática profissional, com o cuidado do paciente oncológico em procedimento básico, sem capacitação adequada do enfermeiro. Essa postura reflexiva cede espaço ao desenvolvimento do pensar que o homem, é um ser multidimensional e que suas dimensões psicosociais, são tão importantes quanto o aspecto técnico da assistência. Visando melhorar a implementação desta atividade, realizaram uma pesquisa que mostrou a necessidade de reformular a consulta de enfermagem, tendo em vista a identificação dos problemas do paciente na sua integridade, bem como a explicação dos diagnósticos e intervenções de enfermagem. (PESSINI et al, 1998) Objetivos Geral: Verificar em artigos científicos recentes os desafios do enfermeiro na assistência ao paciente oncológico, buscando a melhoria na qualidade do atendimento. Específicos: 1. Identificar se o enfermeiro proporciona conforto para o paciente e a família, dando apoio psicosocial; 2. Identificar como o enfermeiro cuida do paciente com dor crônica; 3. Verificar se o enfermeiro informa o paciente oncológico sobre o prognóstico fora de possibilidade terapêutica. Revisão Teórica O câncer, qualquer que seja sua etiologia, é reconhecido como uma doença crônica que atinge milhões de pessoas em todo o mundo, independente de classe social, cultural ou religião. O saber de que se é portador de câncer é, em geral, aterrador, pois, apesar dos avanços terapêuticos permitindo uma melhoria na taxa de sobrevida e qualidade de vida, permanece o estigma de doença dolorosa, incapacitante, mutiladora e mortal. Dessa forma, fica clara a necessidade e a propriedade de intervenções de enfermagem que auxiliem as pessoas no enfrentamento da doença e suas conseqüências, visando á reabilitação e á melhoria da qualidade de vida. (CAMARGO, 2000). Os avanços diagnósticos e terapêuticos, tem favorecido a sobrevivência dos pacientes, com a redução da mortalidade. Por outro lado, as recentes estimativas apontam para o aumento dos índices de internações hospitalares de pacientes com doença oncológica, nos próximos anos. (INCA, 2008). A evolução da enfermagem em oncologia, como especialidade nas últimas décadas, mostra um grande progresso da prática profissional, especialmente no cuidado do paciente com uma doença complexa. Observa-se um extraordinário e crescente entendimento do câncer como um problema não só biológico, mas também psicosocial. (YARBRO et al, 1997). Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 2 nº 3 novembro 2009 97 A prática de enfermagem em cancerologia inclui todos os grupos etários e especialidades da enfermagem, sendo realizada em diversos ambientes de cuidados de saúde, incluindo residências, comunidade, instituições de cuidados agudos e centros de reabilitação. O campo ou especialidade de enfermagem em cancerologia ou enfermagem oncológica tem acompanhado o desenvolvimento da oncologia médica e os grandes progressos terapêuticos ocorridos no tratamento da pessoa portadora de câncer. (SMELTZER, 2002). Entenda-se aqui por competência profissional o saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor econômico á organização e valor social ao indivíduo, adicionando á noção de competência, o conceito de entrega, de contribuição. A atuação do profissional é como agente de transformação de conhecimentos, habilidades e atitudes, em competências entregues á organização, ressaltando o entendimento de agregação de valor como algo que a pessoa entrega para a organização de forma efetiva, de forma a melhorar processos ou introduzir tecnologias e não somente como atingir metas organizacionais. (FLEURY, 2000). As enfermeiras atuavam no cuidado dito de “cabeceira” e se limitavam a medidas de conforto para pacientes hospitalizados e tratamento paliativo para os pacientes terminais. Porém, a atuação da enfermeira em oncologia cresceu com o advento dos protocolos terapêuticos conduzidos com novos agentes antineoplásicos. Junto com eles, vieram os ensaios clínicos necessários á boa prática do profissional da saúde, que, por sua vez, trouxeram a necessidade de um trabalho conjunto da equipe multidisciplinar, incluindo a enfermagem. Assim, o enfermeiro voltou-se para a pesquisa clínica, e seus cuidados se estendeu ás comunidades. (YARBRO, 1997). Com o crescimento da demanda para a enfermagem em oncologia, houve o estímulo para o seu desenvolvimento como especialidade, sendo esta a razão formal que levou ao aparecimento das organizações de enfermagem oncológica, da inserção da oncologia nas grades curriculares dos cursos de graduação das áreas da saúde e dos cursos de especialização, de atualização, dentre outros. (CAMARGOS, 2000). Assistir em oncologia visa proporcionar á pessoa um aumento da expectativa de vida com qualidade e não simplesmente a cura da doença. Mesmo atuando sob o modelo biomédico, o cuidado de enfermagem, por sua vez, tem, em sua essência, assistir ao ser humano em sua totalidade, observando a relação bio-sociocultural. Portanto, a assistência de enfermagem no cotidiano do cuidar deve se refletir numa atuação de qualidade direcionada para o ensino do autocuidado, com o objetivo de resguardar a autonomia e a melhoria da qualidade de vida dos clientes e, ainda, permitindo reconhecimento e a valorização do profissional ao estabelecer uma relação positiva e empática entre quem cuida e quem é cuidado. (CAMARGO, 2003). A assistência de enfermagem em oncologia possibilita a intervenção em diversos níveis: na prevenção primária e na prevenção secundária; no tratamento do câncer; na reabilitação; e na doença avançada. Nesse sentido, a assistência de enfermagem em oncologia evoluiu como um assistir que tem foco no paciente, família e comunidade, visando a educação, provendo suporte psicossocial, possibilitando a terapia recomendada, selecionando e administrando intervenções que diminuam os efeitos colaterais da terapia proposta, participando na reabilitação e provendo conforto e cuidado. (ADES et al, 1991) Educar o paciente e sua família é parte integrante e fundamental do tratamento do câncer, em especial considerando-se os bolsões de pobreza e miséria, acompanhados de níveis precários de educação escolar, que levam á desinformação e á dificuldade Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 2 nº 3 novembro 2009 98 de acesso a serviços de saúde em muitas regiões do Brasil. Assim, a enfermeira é responsável por assegurar aos indivíduos e comunidade a compreensão e o entendimento do processo da doença, sua prevenção e seu tratamento, capacitandoos para tomar a decisão de cuidar da própria saúde e permitindo-lhes, então, desenvolver estratégias de enfrentamento da doença. (ROJO et al, 2005). O profissional de enfermagem parece ocupar um lugar importante junto á clientela no dia-a-dia da trajetória terapêutica, diferentemente de outros profissionais da equipe multidisciplinar, pois é ele quem recebe esse paciente, avalia-o, realiza procedimentos encaminha os problemas que não são de sua alçada. Por ser o profissional acessível para conversar ou esclarecer dúvidas, muitas vezes é reconhecido como o principal elo entre os membros da equipe de saúde. Nessa perspectiva, torna-se imprescindível uma reflexão sobre a prática de enfermagem no sentido da exigência em conhecimento amplo, tecnológico e humano, sobre os cuidados necessários a essa clientela específica e sobre os desafios para sua aplicação. (ROJO et al, 2005) A enfermagem se preocupa com o cuidado á pessoa em uma variedade de situações relacionadas á saúde. Assim, vemos a medicina envolvida com a cura e a enfermagem com o cuidado daquele paciente. Este cuidado inclui papéis significativos na educação para a saúde e a prevençãol de doenças, bem como o cuidado individual. (ELLIS, 1998). A enfermeira deve estar pronta para dar apoio ao paciente e sua família durante uma diversidade de crises psicosociais. O alcance dos objetivos almejados envolve oferecer um apoio realista aos clientes submetidos ao tratamento, usar modelos assistenciais e o processo de enfermagem como base desse tratamento. (SMELTZER et al, 2002). Cuidar do paciente com câncer implica em conhecer não só sobre a patologia, mas saber lidar com os sentimentos dos outros como com as próprias emoções perante a doença, com ou sem possibilidade de cura. (RODRIGUES, 2003). Lidar com pacientes oncológicos com risco eminente de morte, se apegar a ele e saber que no outro dia veio a falecer, conviver diariamente com os familiares, suas angústias e sofrimentos diante da situação, são algumas de muitas atividades estressantes que a enfermagem, como um todo, enfrenta. Mas o cuidado, o carinho, a dedicação e o amor pelo trabalho designado fazem seguir essa área. (CARVALHO, 2005). Os pacientes podem experimentar dois tipos de dor, a dor aguda e a crônica. A dor crônica é definida quanto ao tempo de duração. Há autores que considera a dor crônica como uma síndrome com duração de 3 a 6 meses. (TEIXEIRA et al, 1995). A dor crônica é freqüente em doentes com câncer e pode ser devido ao tumor primário ou suas metástases, á terapia anticancerosa (cirurgia, radioterapia ou quimioterapia) e aos métodos de diagnóstico. Em algumas situações, ela pode estar relacionada a causas psicosociais. (TEIXEIRA et al, 1995). Se no tratamento de pacientes com dor crônica é necessário considerar vários fatores que interagem no processo, ressalta-se a importância de analisar e compreender a dor como decorrente desses fatores, e não isoladamente, visto, que o objetivo do tratamento é a reabilitação global do indivíduo e não apenas corrigir um dos aspectos isolados de sua expressão sintomática. Nesse sentido, a avaliação da dor, pelo profissional, é o ponto fundamental para o planejamento do tratamento e do cuidado. (TEIXEIRA et al, 1995). O mecanismo reconhecido como predominante da dor crônica do câncer é a invasão tumoral, com dano tecidual e ativação de neuroreceptores periféricos (receptores das sensações dolorosas). Os receptores da dor (nociceptores) são terminações nervosas, Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 2 nº 3 novembro 2009 99 livres da pele, que respondem apenas a um estímulo intenso, potencialmente danoso. Esse estímulo pode ser de natureza mecânica, térmica e química. (SMELTZER, 1998) O envolvimento dos enfermeiros nas pesquisas sobre dor crônica e as terapêuticas, com a participação de médicos e pesquisadores de outras áreas do saber, é altamente significativo para o desenvolvimento de conhecimentos e de estratégias inovadoras para o cuidado do paciente. (BENOLIEL, 1995) Porém, os tratamentos inadequados da dor crônica e dos outros sintomas do câncer geram problemas sérios, são negligenciados pelos profissionais de saúde, e todo paciente com câncer deveria obter o controle da sua dor como parte do seu cuidado. Portanto, o enfermeiro deve exercer seu papel no controle da dor, tem responsabilidade na avaliação diagnóstica, na intervenção e monitorização dos resultados do tratamento, na comunicação das informações da dor do paciente, como membro da equipe de saúde. (JOHANSSON et al, 1995). O fato de contar a verdade ao paciente significa que o reconhecimento de sua autonomia e liberdade prevaleceu sobre a fragilidade que a doença e a proximidade da morte podem provocar. Entretanto, esse momento pode gerar estresse no profissional, pois a idéia de que a informação correta e completa alivia a angústia e a ansiedade, além de afastar a sensação de descaso, descuido e execução num momento de fragilidade e medo, frente á singularidade da situação vivenciada, contrapõe-se á possibilidade de o conhecimento da situação levar o indivíduo ao desespero extremo, tornando-o incapaz de decidir o que fazer, ficando ainda mais difícil essa delicada situação. (OLIVEIRA, 1999) Deve-se, contudo, observar como a notícia é informada, porque, se for de modo abrupto, sem qualquer preparação e/ou assistência, contar a verdade pode ter conseqüências irreparáveis. Dessa maneira, o indivíduo deve ser assistido durante o processo de revelação do seu prognóstico, com direito a diálogos abertos, planejados, sistemáticos e individualizados. (BOEMER E SAMPAIO, 1997). Metodologia A metodologia utilizada para o estudo foi o de pesquisa de revisão sistemática. Foram utilizados artigos de periódicos das seguintes bases eletrônicas: SCIELO (Scientific Electronic Library), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), publicados no período de 1998 a 2008, em idioma português, inglês e espanhol. Para a busca destes artigos, foram utilizados os seguintes descritores: enfermeiro, assistência, paciente oncológico, excluindo duplicidade de vários artigos, aqueles que não se relacionavam com a temática proposta e que estavam foram do período estabelecido. Foram localizados 17 artigos e destes, somente 13 foram utilizados. Discussão dos Resultados Constatamos que o periódico que publicou o maior número de artigos sobre oncologia, foi a Revista Brasileira de Cancerologia (17,9%); esse fato se explica por se tratar de um periódico específico da oncologia, com impacto nas diferentes disciplinas que atuam na área. (ALMEIDA et al, 2002). Em relação à titulação, a maioria dos autores é docente (41,5%), mas também os enfermeiros graduados apresentam um percentual de destaque em relação às demais titulações (19,5%). Os demais autores, não docentes, 35,5% são: graduandos, Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 2 nº 3 novembro 2009 100 especialistas, mestrandos, mestres, doutorandos e doutores. 3,5% dos autores não informaram a titulação (ALMEIDA et al, 2002). Na identificação das fontes para localização dos artigos, 52,4% são provenientes do LILACS, e somente 13,1% foram localizados só pelo BDENF, sendo que os demais constavam nas duas bases de dados. As palavras-chave mais utilizadas pelos autores foram "enfermagem e câncer", presentes em 76,2% dos estudos. (BURNS et al, 2001). Neste estudo não utilizamos palavras-chave referentes aos sistemas corporais, o que ampliaria a amostra do estudo. Como o nosso interesse era analisar a produção científica nacional na enfermagem oncológica, de uma forma ampla, utilizamos as palavras com maior probabilidade de aparecerem nos artigos. (BURNS et al, 2001). Outro aspecto importante dos trabalhos publicados pela enfermagem é que poucos artigos científicos 16 (19,0%) são derivados de dissertações ou teses. (AILINGER, 2003). Em relação à temática dos artigos, 36,9% focalizaram ações da assistência de enfermagem (processo de enfermagem, planos de assistência, analgesia da dor), da prevenção do câncer e o relacionamento da equipe de enfermagem que trabalha com o paciente oncológico. Complementando (45,2%) dos artigos focalizaram diferentes tipos de câncer, (17,9%) o câncer de mama, (14,3%) o câncer de útero, (14,3%) o câncer infantil. (AILINGER et al, 2003). Por fim, identificamos que (71,4%) dos artigos apresentam recomendações para a realização de pesquisas futuras, como complementação dos resultados encontrados; e (28,6%) não fazem nenhum tipo de recomendação. (MANCIA et al, 2002). Com base nos resultados, alguns autores fazem recomendações específicas para a mudança da prática clínica, mas não apresentaram com clareza o método utilizado, a população estudada, a representatividade da amostra selecionada, tempo de coleta de dados, a relação dos resultados com o referencial de escolha, justificativa da escolha do método para alcance dos objetivos e, até mesmo, o preparo dos pesquisadores para o desenvolvimento do estudo, fatores que determinam o rigor de um estudo científico. (RODRÍGUEZ et al, 2003). Por essas interpretações, consideramos que apenas alguns dos artigos apresentaram coerência entre os objetivos propostos e o quadro teórico-metodológico utilizado. (RODRÍGUEZ et al, 2003). Assim, os artigos nacionais derivados de pesquisas, analisados nessa revisão, focalizando as diferentes dimensões da atuação do enfermeiro oncológico, apresentam vários pontos críticos, relacionados: ao referencial teórico utilizado, aos objetivos, à metodologia, aos aspectos éticos, à análise e discussão dos dados, aos resultados, às considerações finais e à redação. Essas críticas não são específicas às publicações da enfermagem oncológica, no Brasil, mas, às publicações da enfermagem em geral (RODRIGUES et al, 2003). No entanto, como pontos positivos dos estudos realizados, destacamos: aspectos gerais e específicos para o plano de cuidados; compreensão da experiência dos cânceres entre pacientes, familiares e equipe de enfermagem, fornecendo dimensões ou variáveis para a construção de instrumentos, por exemplo, de avaliação da qualidade de vida e do cuidado; reflexões críticas sobre o cuidado, destacando a questão da interdisciplinaridade e integralidade; além de propostas para o desenvolvimento de pesquisas futuras. (RODRÍGUEZ et al, 2003). Compreendemos que a pesquisa nacional em enfermagem oncológica ainda está em construção, porém é necessário que as publicações em forma de artigo recebam mais atenção dos autores, editores, analistas e veículos de publicação, para que o rigor evidencie a melhoria da qualidade das publicações. (RODRÍGUEZ et al, 2003). Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 2 nº 3 novembro 2009 101 Considerações Finais Conforme a apresentação e discussão dos resultados, os objetivos propostos no início do estudo foram alcançados. Constatamos que o conhecimento em oncologia é escasso devido á falta deste conteúdo na grade curricular da graduação. O cuidado holístico implica em acolhimento e confiança, estabelecimento de vínculos e atitudes de interesse, que inúmeras vezes o profissional de saúde não tem capacidade de oferecer por não ter conhecimento sobre estratégias de enfrentamento. A incerteza, a tensão do trabalho, a importância e a percepção do peso da tarefa de cuidar do paciente com dor crônica produz um desconforto e uma baixa auto-estima nos enfermeiros. Daí a necessidade deles aprimorarem seus conhecimentos e habilidades para poderem com segurança e eficiência cuidar do paciente e sua família. A limitação encontrada neste estudo foi a falta da utilização de pesquisas na prática assistencial já que esta é um dos pilares para a implementação da prática baseada em evidências na enfermagem. Ainda são várias as barreiras que dificultam a utilização de resultados de pesquisas, tais como: a falta de preparo do enfermeiro, o fato de esse profissional não perceber a pesquisa como parte integrante do seu cotidiano profissional, falta de tempo e suporte organizacional (recursos humanos, materiais e financeiros). Compete ao enfermeiro buscar na literatura em pesquisas com coleta de dados e revisões sistemáticas já elaboradas, as quais respondam a questionamentos sobre o melhor cuidado a ser prestado, bem como realizar uma avaliação crítica a sua aplicação ao seu cotidiano. Para trabalhos futuros sugerimos que os acadêmicos não ignorem as dimensões éticas, culturais, históricas e religiosas envolvidas na temática. Já que a preocupação da oncologia não é mais somente com a cura, também com a qualidade de vida do paciente. Sendo assim, graduandos que se especializarem em oncologia terão mais oportunidades de estudos dando continuidade em projetos de pesquisas e ampliando conhecimentos na melhoria da qualidade de assistência ao paciente oncológico. The Role played by Nurses in the Assistance of Cancer Patients Abstract This study is a systematic review of oncology. The role played by nurses in cancerpatient assistance was studied. The purposes of our study were: verifying, in scientific papers, the challenges faced by nurses when assisting cancer patients, searching for improvement of quality assistance and identifying whether nurses provide comfort for the patients and their families giving psychosocial support; identifying how nurses care for patients with chronic pain; verifying whether nurses inform cancer patients about a prognosis with no therapeutic possibility. The methodology employed for this study was the systematic review. The scientific papers used in this study came from the following electronic sources: SCIELO (Scientific Eletronic Library), LILACS (Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde) (Latin American and Caribbean Health Sciences Literature), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online) published from 1991 to 2008 in Portuguese, Spanish and English. In the presentation Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 2 nº 3 novembro 2009 102 and in the discussion of results we have verified that the knowledge about oncology is scarce. This content is missing from undergraduate curriculum. Keywords: nurse; assistance; cancer patient. El Rol del Enfermero en la Atención al Paciente Oncológico Resumen Este es un estudio de revisión sistemática que aborda la oncología. Cual el rol que desempeña el enfermero en la atención al paciente oncológico fue el problema estudiado. Fueron los objetivos: verificar en recientes artículos científicos los desafíos del enfermero en atención al paciente oncológico, buscando mejora en la calidad de atención e identificar si el enfermero proporciona conforto para el paciente y a su familia con apoyo psicosocial; identificar como el enfermero cuida del paciente que tiene dolor crónico; verificar si el enfermero informa al paciente oncológico sobre el pronóstico sin posibilidad terapéutica. La metodología utilizada para el estudio fue de investigación de revisión sistemática. Fueron utilizados artículos de periódicos de las siguientes bases electrónicas: SCIELO (Scientific Eletronic Library), LILACS (Literatura Latinoamericana y del Caribe en Ciencias de Salud), MEDLINE (Literatura Internacional en Ciencias de Salud), publicados en el período de 1991 al 2008, en idioma portugués, español e inglés. En la presentación y discusión de los resultados constatamos que el conocimiento en oncología es raro. Falta este contenido específico entre programa de asignaturas de la graduación. Palabras-clave: enfermero; asistencia; paciente oncológico. Referências ADES T. GREENE. Principles of Oncology nursing.In: Holleb AI, Fink DJ, Murphy GP, organizadores. American Cancer Society of Clinical Oncology. Atlanta (GEO):American Cancer Society; 1991. p.587-93. AILINGER, R.L. Contributions of qualitative research to evidence-base practice in nursing. Rev Latino-am. Enfermagem, 2003. mai-jun; 11(30):275-9. ALMEIDA, M.C.P. de; RODRIGUÊS R.A.P; FUREGATO A.R.F; SCOCHI C.G.S. A pósgraduação na Escola de enfermagem de Ribeirão Preto-USP: evolução histórica e sua contribuição para o desenvolvimento da enfermagem. Rev. Latino-am. Enfermagem 2002 mai-jun; 10(3): 276-87. BENOLIEL, J.Q. Multiple meaning of pain and complexities of pain management. Nurs Clin North Am 1995 December; 30(4):583-96. BOEMER, M.R; SAMPAIO M.A. O exercício da enfermagem em sua dimensão bioética Rev Latino am. Enfermagem 1997; 5(2):33-8. BURNS, N; GROVE, S.K. The practice of nursing research: coduct, critique and utilization. 4°ed. Philadelphia: W B Saunders; 2001. Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 2 nº 3 novembro 2009 103 CAMARGO, T.C. O ex-sistir feminino enfrentando a quimioterapia para o câncer de mama: um estudo de enfermagem na ótica de Martin Heidegger. [tese]. Rio de janeiro (RJ): Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ; 2000. ELLIS, J.R; HARTLEY, C.L. Enfermagem contemporânea 5°ed. Porto Alegre, Artmed, 1998. FLEURY, M.T.L. Estratégias empresariais e formação de competências. São Paulo. Atlas, 2000. INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (INCA). O alívio da dor do câncer. Rio de janeiro. 2° ed. 1997. Disponível em: www.inca.gov.br. Acessado em 04/11/2008. JOHANSSON, F.G; DICKSON, J.M.F.The importance of nursing research design and methods in cancer pain management. Nurs Clin North Am. 1995. December; 30(4):597-607. YARBRO, C.H. The Oncology Nurse. In: De Vita VT Jr, Hellman NS, Rosenberg AS, organizadores. Principles and Practice of Oncology. Philadelphia (PEN): JB. Lippincott; 1997.p.2917-23. MANCIA, J.R; RAMOS, F.R.S. Pontos críticos na produção científica de enfermagem. REBEn. Rev Bras Enfermagem. 2002. mar-abr; 55(2):163-8. OLIVEIRA, A.C; FORTES, P.A. de C. O direito á informação e a manifestação da autonomia de idosos hospitalizados. Rev Esc Enfermagem. USP. 1999. 33(1):59-65. PESSINI, L; BARCHIFONTAINE, C. de P. Problemas atuais de Bioética. 4° ed. São Paulo. Loyola, 1997. PIMENTA, C.A.M; KOIZUMI, M.S; TEIXEIRA, M.J. Dor no doente com câncer: características e controle.Rev Bras Cancerol 1997. jan/fev/mar; 43(1):21-44. RODRIGUES, I.G; ZAGO, M.M.F. Enfermagem em cuidados paliativos. O mundo da saúde. São Paulo, ano 27,n.1, v.27, p. 89-92, jan/mar, 2003. RODRIGUES, R.M; BAGNATO, M.H.S. Pesquisa em enfermagem no Brasil: problematizando a produção de conhecimentos. Rev Bras Enfermagem. 2003 nov-dez; 56(6) :646-50. ROJO, A.P; CELLIS, J.J; RESTREPO, J.P; CANO, E.V; RAMÌREZ L.M.C. Primer acercamiento al paciente com cáncer: nuestra experiencia en el cuidado como estudiantes de enfermería. Invest Educ Enferm. 2005. september; 23(3): 148-52. SMELTZER, S.C; BARE, B; BRUNER & SUDDARTH. Tratado de enfermagem médico-cirúrgico. 9° ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogam. 2002. TEIXEIRA, M.J; SHIBATA, M.K; PIMENTA, C.A.M; CORRÊA, C.F. Dor no Brasil: estado atual e perspectivas. São Paulo. Limay. 1995. Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 2 nº 3 novembro 2009 104