INSTITUTO DE ZOOTECNIA SELEÇÃO PARA CARACTERÍSTICAS

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INSTITUTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
SELEÇÃO PARA CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS EM
BOVINOS DE CORTE DA RAÇA NELORE
HEVERTON LUIS MOREIRA
NOVA ODESSA
Janeiro – 2011
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
SELEÇÃO PARA CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS EM
BOVINOS DE CORTE DA RAÇA NELORE
Heverton Luis Moreira
Orientadora: Prof. Drª. Claudia Cristina Paro de Paz
Co-Orientador: Prof. Dr. Danísio Prado Munari
Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação do Instituto de Zootecnia, APTA/SAA, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Produção
Animal Sustentável.
Nova Odessa - SP
Janeiro – 2011
Ficha elaborada pelo
Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia
Bibliotecária responsável – Ana Paula dos Santos Galletta - CRB8/7166
M838s
Moreira, Heverton Luis
Seleção para características reprodutivas em bovinos de corte
da raça nelore. / Luis Heverton Moreira. Nova Odessa - SP, 2010.
43p. : il.
Dissertação (Mestrado) - Instituto de Zootecnia. APTA/SAA.
Orientador: Prof. Dra. Claudia Cristina Paro de Paz.
1. Gado nelore. 2. Gado bovino – Reprodução.
Claudia Cristina Paro de. II. Título.
I. Paz,
CDD – 636.291
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
SELEÇÃO PARA CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS EM BOVINOS
DE CORTE DA RAÇA NELORE
HEVERTON LUIS MOREIRA
Orientadora: Prof. Dra Claudia Cristina Paro de Paz
Co-orientador: Prof. Dr. Danisio Prado Munari
Aprovado como parte das exigências para obtenção do título de MESTRE em Produção
Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:
Data da realização: 19 de Janeiro de 2011
O Sermão da Montanha
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles
é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e
disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de Mim.
Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois
assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
Jesus Cristo
Dedico esta dissertação ao ser maior do universo “Deus”, pela fé que me mantém vivo e fiel à
vida honesta de trabalho e estudo. Por todos os dias ter aberto uma porta de luz em meu
caminho, sendo a testemunha fiel de todas as dificuldades da minha vida que foram
conquistadas com sucesso. Este Deus de amor e de infinita bondade que mantém ao meu
redor essas pessoas maravilhosas que tanto amo e que me fazem feliz.
AGRADECIMENTOS
À Deus e Nossa Senhora, por nunca terem me desamparado ao longo de toda a caminhada.
Aos meus pais Nadir Costa Moreira e José Pedro Moreira, por serem os meus pilares de
sustentação e exemplo de vida.
A minha mulher Érika Breda Canova, agradeço por todo seu amor, carinho e dedicação, sendo
a pessoa que me fortalece sempre quando os obstáculos estão difíceis de serem vencidos.
Aos meus irmãos (Rodrigo e Silmari) e cunhados (Jeane e Vilmar) que de alguma forma ou
de outra sempre estão ao meu lado mandando forças positivas.
Aos meus sobrinhos Arthur e Luiza e ao meu afilhado Felipe que chegaram no meio desta
caminhada e que me ajudaram a recarregar as forças com seus sorrisos e gargalhas nos dias de
farra e bagunça.
A minha orientadora e amiga Dra Claudia Cristina Paro de Paz, essa pessoa iluminada por
Deus que acreditou em mim e que me passou grande parte de seus ensinamentos profissionais
e que hoje se torna uma grande fonte de inspiração e admiração nesta nova caminhada
profissional.
Ao meu Co-orientador Prof. Dr. Danísio e aos membros da banca pelas sugestões que fizeram
para melhoria deste trabalho.
A Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores que cederam o banco de dados para que
tudo isso pudesse ser concretizado.
Aos amigos de pós graduação e funcionários do Instituto de Zootecnia que sempre nos
ajudaram para que tudo isso pudesse ser realizado da melhor forma.
Aos amigos da UNESP de Jaboticabal que nos ajudaram com suas experiências e
companheirismos para com este trabalho.
As nossas cachorrinhas que sempre estiveram nos dando alegria aos finais de tarde com suas
bagunças e carinhos Luana, Sajha Maria (in memória), Sandy, Fofinha, Fany Maria, Amazona
Maria, Tigger.
Aos meus amigos e amigas que nos momentos de lazer se fizeram prestativos, dando força e
coragem para seguir tocando em frente.
A todas as pessoas que convivo de maneira direta ou indiretamente e que me ajudaram de
alguma forma na realização deste trabalho, um muito obrigado e que Deus ilumine a todos
vocês.
SUMÁRIO
RESUMO – ...........................................................................................................
vii
ABSTRACT – ........................................................................................................... viii
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS .........................................................
01
1.1 – Introdução .........................................................................................
01
1.2 – Revisão de Literatura .......................................................................
03
1.3 – Referências Bibliográficas ...............................................................
13
CAPÍTULO 2 – TENDÊNCIA
GENÉTICA
DE
CARACTERÍSTICAS
REPRODUTIVAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA PARA
BOVINOS DA RAÇA NELORE EM PROGRAMAS DE
AVALIAÇÃO GENÉTICA ............................................................
19
2.1 – Introdução .........................................................................................
20
2.2 – Material e Métodos ...........................................................................
23
2.3 – Resultados e Discussões ...................................................................
28
2.4 – Conclusão .........................................................................................
38
2.5 – Referências Bibliográficas ...............................................................
39
vi
SELEÇÃO PARA CARACTERÍSTICAS
BOVINOS DE CORTE DA RAÇA NELORE
REPRODUTIVAS
EM
RESUMO – Neste trabalho, o objetivo foi estimar parâmetros genéticos e fenotípicos e as
tendências genéticas para características reprodutivas utilizadas em programas de avaliação
genética de bovinos de corte da raça Nelore. As características estudadas foram o perímetro
escrotal aos 365 e 450 dias de idade (PE365 e PE450), idade ao primeiro parto (IPP), período
de gestação considerada como característica da vaca (PGvaca) e do bezerro (PGbez) e peso ao
nascimento do bezerro (PN). Os dados foram provenientes do programa de melhoramento
genético da raça Nelore realizado pela Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores
(ANCP), oriundos de animais de 22 fazendas, nascidos entre 1998 a 2008. Os componentes de
(co)variância foram obtidos pelo Método de Máxima Verossimilhança Restrita em análises uni
e bi-características, sob modelo animal. As estimativas de herdabilidade para PE365, PE450,
IPP, PGvaca, PGbez e PN foram respectivamente 0,41+0,02, 0,44+0,02, 0,20+0,02, 0,20+0,01,
0,49+0,05 e 0,30+0,02. Os coeficientes de correlação genéticas e fenotípicas foram 0,96 e 0,85
(PE365 x PE450), - 0,40 e 0,16 (PE365 x IPP), 0,02 e 0,02 (PE365 x PGvaca), - 0,21 e 0,05
(PE365 x PGbez), 0,00 e 0,04 (PE365 x PN), - 0,37 e - 0,04 (PE450 x IPP), - 0,01 e 0,00
(PE450 x PG vaca), - 0,19 e 0,00 (PE450 x PGbez), - 0,07 e 0,02 (PE450 x PN), 0,19 e 0,04
(IPP x PGvaca), 0,28 e 0,05 (IPP x PGbez), 0,36 e 0,04 (IPP x PN), 0,31 e 0,03 (PG vaca x
PN), 0,13 e 0,15 (PGbez x PN). As tendências genéticas foram 0,025 cm/ano para PE365,
0,034 cm/ano para PE450, -0,01 meses/ano para IPP, -0,02 dias/ano para PGvaca, -0,008
dias/ano para PGbez e 0,04 kg/ano para PN. A seleção para maior perímetro escrotal poderá
promover redução em IPP e melhorar a eficiência reprodutiva das fêmeas Nelore. Para o
perímetro escrotal (PE365 e PE450), foi observado ganho genético positivo e favorável. Para
IPP, PGvaca, e PGbez as tendências foram no sentido favorável da seleção porém sem ganho
genético significativo. O ganho genético para PN foi positivo, mas não influenciou
significativamente o valor fenotípico da característica. A seleção para características
reprodutivas (PE365, PE450, IPP e PG) pode melhorar a eficiência reprodutiva e produtiva do
rebanho. Portanto, estas características podem ser usadas como critérios de seleção para
bovinos da raça Nelore, devido à sua importância econômica. Melhorias no manejo dos
animais também são importantes, pois podem melhorar o desempenho fenotípico.
Palavras-chave: Bovinos de Corte, Eficiência Reprodutiva, Avaliação Genética, Precocidade.
vii
REPRODUCTIVE TRAITS SELECTION IN NELORE BEEF CATTLE
ABSTRACT – The present investigation aimed to estimate phenotypic and genetic
correlations and genetic trends for reproductive traits in a Nelore cattle breeding program. The
studied traits were scrotal circumference at 365 and 450 days of de age (SC365 and SC450),
age at first calving (AFC), gestation length regarded as trait of the dam (GLdam), gestation
length regarded as trait of the calf (GLcalf) and birth weight (BW). The used data was referent
to animals that participated in the Nellore Brazil Program, coordinated by the “Associação
Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP). All animals had been born between 1998 and
2008. Estimation of genetic parameters was performed using the Restricted Maximum
Likelihood Method (REML) for single- and two-trait animal models. The heritability
estimates for SC365, SC450, AFC, GLdam, GLcalf and BW were 0.41 ± 0.02, 0.44 ± 0.02,
0.20+0.02, 0.20+0.01, 0.49+0.05 e 0.30+0.02, respectively. The genetic and phenotypic
correlation coefficients were 0.96 and 0.85 (SC365 x SC450), - 0.40 and 0.16 (SC365 x
AFC), 0.02 and 0.02 (SC365 x GLdam), -0.21 and 0.05 (SC365 x GLcalf), 0.00 and 0.04
(SC365 x BW), - 0.37 and -0.04 (SC450 x AFC), - 0.01 and 0.00 (SC450 x GLdam), - 0.19
and 0.00 (SC450 x GLcalf), - 0.07 and 0.02 (SC450 x BW), 0.19 and 0.04 (AFC x GLdam),
0.28 and 0.05 (AFC x GLcalf), 0.36 and 0.04 (AFC x BW), 0.31 and 0.03 (GLdam x BW) and
0.13 and 0.15 (GLcalf x BW), respectively. The genetic trends were 0.025cm/year, 0.034
cm/year, - 0.01 months/year, -0.02 days/year, - 0.008 days/year and 0.04 kg/year respectively
for SC365, SC450, AFC, GLdam, GLcalf and BW. For the male reproductive traits (SC365
and SC450 days), the selection could be more efficient, because of the minor ambient
influence when compared with the selection for the female reproductive traits. The selection
for scrotal circumference could promote reduction in the age at first calving of the females
and with low influence on gestation length and without problems of the difficult calving. The
genetic gain was positive for the scrotal circumference (SC365 and SC450). For AFC,
GLdam, GLcalf and BW, the genetic trends were favorable but without significant genetic
gain. The reproductive performance of the herds needs to be evaluated according to traits
associated directly with the productive efficiency of the herds and as a result economic gain
by decreasing beef production cycles. The selection for reproductive traits could improve herd
reproductive efficiency and solve difficulty calving, therefore these traits could be included in
Nellore cattle selection criteria, given their economical importance. Changes in the
management of the animals could improve the phenotypic performances of these traits.
Key-words: Beef Cattle, Reproductive Efficiency, Genetic Evaluation, Precocity.
viii
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1.1 – Introdução
O panorama global tem-se voltado, atualmente, para a crise mundial dos alimentos
refletido por uma combinação de vários fatores. Dentre os principais destacam-se as
mudanças climáticas ocorridas pelo aquecimento global proveniente do efeito estufa
antrópico, que tem reduzido os índices de produtividade agropecuária, e pelo crescimento da
população mundial, que promove o aumento da demanda de alimentos básicos e por produtos
de maior valor agregado, como as proteínas de origem animal (CHAUDHRY, 2008).
Segundo a Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO (2010) o
número de pessoas em 2010 que passaram fome diariamente chegou a marca de 925 milhões.
Projeções futuras estimam que o incremento da população chegará a marca de 7,6 bilhões de
pessoas em 2020, sendo que 85% desse crescimento são pessoas oriundas de países em
desenvolvimento. Portanto, o reflexo disso será na questão de abastecimento da demanda de
alimentos. Novos planos de erradicação da fome estão sendo estudados para que a crise
silenciosa de alimento não traga para o cenário mundial risco à paz e à segurança.
Dentre os novos planos de produção, o destaque na atualidade é a busca por um
sistema agropecuário sustentável, que atenda todas as prioridades do novo mercado
1
consumidor (CHAUDHRY, 2008). Esse sistema, segundo Rodrigues et al. (2002a), visa a
utilização de inovações tecnológicas que tragam melhoria ambiental na produção animal. Esta
se baseia nos seguintes aspectos: eficiência tecnológica; conservação ambiental (atmosfera,
solo e água); recuperação ambiental; bem estar e saúde animal e qualidade e segurança do
produto.
Acredita-se que o Brasil seja a grande potência mundial para produzir alimentos e
bioenergia de acordo com os novos parâmetros sustentáveis. As grandes expectativas se
fortalecem pela imensa fronteira agrícola que o país possui, dotados de grandes reservas
hídricas, de terras agricultáveis, clima tropical favorável, tecnologias, pesquisas e o grande
esforço empreendorista dos agricultores e pecuaristas nacionais (ABIEC, 2010). O setor
pecuário brasileiro consolida cada vez mais a sua importância por possuir o maior rebanho
bovino comercial do mundo. Com cerca de 173,2 milhões de cabeças, o Brasil assume a
posição de segundo maior produtor de carne bovina, com 6,7 milhões de toneladas de carne
equivalente carcaça ao ano, exportando 22% desse montante para mais de 170 países, o que
gera ao PIB nacional uma receita de cerca de US$ 4.4 bilhões de dólares (ANUALPEC,
2009).
Para o aumento de produtividade no sistema pecuário nacional é indispensável a
utilização do melhoramento genético animal. Considerando-se que o melhoramento se baseia
na análise das características fenotípicas do individuo com a finalidade de selecionar aqueles
geneticamente superiores, e mais adaptados ao ambiente em que é criado, o melhoramento
pode ser usado como ferramenta para obtenção de animais que sejam criados em sistemas de
produção sustentáveis.
A seleção de animais geneticamente superiores baseada no mérito genético, pela qual
se escolhe os indivíduos que se tornarão os pais da próxima geração, promove alterações nas
frequências dos genes de interesse e o consequente melhoramento genético de determinada
característica de importância econômica numa dada população (SILVA, 2008).
O aumento da eficiência econômica da produção bovina está diretamente
correlacionado com a melhoria na eficiência reprodutiva e com a diminuição da idade a
puberdade (ANDRÉA et al., 2007; LÔBO et al., 2008; BALDI et al., 2008). A busca pela
2
eficiência reprodutiva de animais em programas de melhoramento genético tem-se voltado
para a seleção de características que determinem aumento da fertilidade. O aumento da
precocidade sexual dos animais e da taxa de parição das fêmeas aumenta o numero de
descendentes na vida útil e amortiza os custos da criação de novilhas. Sendo assim o aumento
do número de animais aumentará a eficiência do processo de seleção, pois permite substituir
mais rapidamente o material genético e aumentará a taxa de desfrute dos animais, o que
resulta positivamente no aumento de carne produzida ao ano, elevando a rentabilidade do
produtor (SCHWENGBER et al., 2001).
Os programas de avaliação genética de bovinos de corte no Brasil estão incluindo
novas características, principalmente as ligadas à eficiência reprodutiva. Desta forma, faz-se
necessário estudar a efetividade da seleção e quantificar ganho genético para estas
características nos rebanhos selecionados. Portanto, o objetivo deste estudo foi estimar os
parâmetros genéticos e fenotípicos e as tendências genéticas anuais para as características:
perímetro escrotal, idade ao primeiro parto, período de gestação como característica da vaca e
do bezerro e peso ao nascimento de animais da raça Nelore que participam de um programa
de avaliação genética (Programa Nelore Brasil), visando demonstrar o potencial de ganho
genético para estas características.
1.2 – Revisão de Literatura
1.2.1.1 – Características reprodutivas de valor econômico, indicadoras de precocidade
sexual
O atual sistema pecuário sustentável que o mercado internacional tem exigido baseiase em um regime de ciclo curto, com o uso de animais geneticamente superiores para
precocidade sexual, crescimento e acabamento de carcaça.
Os pecuaristas que utilizam animais melhorados geneticamente em seus sistemas de
produções ampliam suas visões de negócios, melhorando assim outros itens de manejo, como
a conservação de pastagem por meio de manejo mais racional e sustentável, reduzem os
impactos sobre a emissão de metano, promovem investimento na qualificação técnica de seus
funcionários e o resultado final é uma carne de maior valor agregado por ter melhor
3
qualidade, por ser oriunda de animais precoces, fruto de uma cadeia produtiva que se
preocupa com as questões ambientais e sociais (TUPY et al., 2006).
A busca pelo aumento da rentabilidade dos pecuaristas brasileiros, bem como da
eficiência reprodutiva e produtiva do rebanho de corte nacional de forma sustentável,
certamente provém com a precocidade dos animais. Essa precocidade é definida como sendo
o tempo em que o bovino atinge a sua puberdade, crescimento ósseo e muscular (SILVEIRA
et al., 2001).
A eficiência reprodutiva melhora quando se identifica e multiplica os melhores
genótipos e as condições de ambientes favoráveis à expressão desses genes dentro da
propriedade. Essa identificação dos melhores genótipos se dá pelas características que são de
fácil mensuração e economicamente importantes, que apresentam variabilidade genética e que
tenham correlações genéticas favoráveis com outras características importantes dentro do
processo de seleção (GRESSLER, 2004).
Diante dessas perspectivas, os programas de avaliação genética no Brasil têm
incorporado características relacionadas à precocidade sexual em seus objetivos de seleção, já
que as características apresentam variabilidade genética para serem selecionadas. Muitos
estudos científicos também têm sido desenvolvidos estimando os parâmetros genéticos para
estas características como a Idade ao Primeiro Parto (IPP) que tem a finalidade de expressar a
precocidade sexual nas fêmeas, influenciando diretamente na eficiência produtiva (GUNSKI
et al., 2001; BOLIGON et al., 2008a).
O Período de Gestação (PG) impõe reflexos econômicos na pecuária, por se relacionar
com o peso do bezerro ao nascer e com a prevalência de parto distócico. Os bezerros nascidos
de períodos de gestação mais curtos têm menor peso ao nascimento e tendem a desmamar
mais pesados por terem, em média, um intervalo maior entre o nascimento a desmama. Além
disso, períodos de gestação mais curtos possibilitam que as fêmeas bovinas consigam o
máximo de sua eficiência, que é parir um bezerro por ano e ter período de descanso entre um
parto e o início da próxima gestação de 60 dias (ROCHA et al., 2005; LÔBO et al., 2008).
4
Em machos o Perímetro Escrotal medido aos 365 dias e aos 450 dias de idade (PE365
/ PE450) tem a finalidade de expressar a precocidade sexual e fertilidade, além de se
correlacionar com características reprodutivas (PEREIRA et al., 2000a; ELER et al., 2004) e
produtivas em machos e fêmeas (ORTIZ PEÑA et al., 2001; REYES et al., 2003a).
Além dessas, outras características também são usadas como critérios de seleção em
programas de avaliação genética, como a Probabilidade de Parto Precoce - 3P (ELER et al.,
2002; SILVA et al., 2005); Habilidade de Permanência no Rebanho – Stayability
(MARCONDES et al., 2007) e Produtividade Acumulada – PAC (AZEVÊDO et al., 2005;
GROSSI et al., 2008).
1.2.2 – Características estudadas
Perímetro Escrotal - PE
A importância de um reprodutor avaliado em um programa de seleção genética é
muito grande, já que o diferencial de seleção impresso é maior do que nas fêmeas, levando os
programas a visarem à seleção de machos superiores para características econômicas como
precocidade, fertilidade, ganho de peso e conformação de carcaça.
A característica reprodutiva avaliada em machos que é associada ao seu desempenho
reprodutivo é a circunferência escrotal ou perímetro escrotal, que pode ser facilmente
mensurada com uma fita métrica envolta aos testículos. Essa característica vem sendo
utilizada como critério de seleção por apresentar variabilidade genética, fácil mensuração,
baixo custo, alta confiabilidade e repetibilidade. Além disso, essa característica possui
correlação genética com outras características de importância econômica (BOURDON e
BRINKS, 1986; MARTIN et al., 1992).
O perímetro escrotal é critério de seleção para a precocidade sexual tanto de machos e
fêmeas e vem sendo selecionado ao longo dos anos. A precocidade é marcada pelo início da
fase púbere de ambos os sexos, em que os machos apresentam libido e ejaculados capazes de
emprenhar (SARREIRO et al., 2002) e as fêmeas o aparecimento de cio fértil determinando
assim a probabilidade de parto precoce (ELER et al., 2004).
5
Os registros de perímetro escrotal para a raça Nelore obtido na literatura são de
mensurações ocorridas aos 365, 450 e 550 dias de idade, com médias variando de 20,9+2,26 a
28,32+3,2 (PEREIRA et al., 2000a; ORTIZ PEÑA et al., 2001; YOKOO et al., 2007). Esse
crescimento testicular, segundo Pineda et al. (2000), respeita uma função linear quadrática, na
qual o crescimento acelera entre 7 a 18 meses de idade, tendo uma tendência de decréscimo
com o aumento da idade do animal. Sendo assim, a seleção para perímetro escrotal aos 365
dias se relaciona à precocidade sexual tanto de machos e fêmeas, enquanto que o perímetro
escrotal próximo aos 550 dias selecionaria animais com maior capacidade reprodutiva
(GRESSLER et al., 2000).
A estimativa de herdabilidade (h2), que determina a proporção da variação fenotípica
total entre indivíduos para perímetro escrotal, a qual se deve ao mérito genético capaz de ser
transmitido aos seus descendentes, varia de média a alta magnitude para o PE em diferentes
idades. Isso se comprova nos estudos com a raça Nelore aos 365 dias, com valores de h2
variando entre 0,24 a 0,65 (QUIRINO et al., 1998; GRESSLER et al., 2000; BOLIGON et al.,
2007), aos 450 dias, com h2 variando de 0,53 a 0,65 (DIAS et al., 2003; GROSSI et al., 2008)
e aos 550 dias, com valores variando entre 0,33 a 0,77. Portanto, esses resultados comprovam
a sua utilização em programas de seleção, com possibilidade de obter boa resposta à seleção
massal (QUIRINO et al., 1998; PEREIRA et al., 2000a).
A correlação fenotípica mede a associação dos valores observados para duas
características e as correlações genéticas fornecem uma medida da associação dos valores
genéticos dos indivíduos para duas características, indicando o quanto essas características
são afetadas pelos mesmos genes (FALCONER e MACKAY, 1996).
O perímetro escrotal está favoravelmente e geneticamente associado com
características reprodutivas e produtivas. A correlação genética (rg) entre probabilidade de
parto precoce (PPP) em fêmeas bovinas com o perímetro escrotal foi, segundo Eler et al.
(2004), favorável e positiva (rg = 0,20+0,13). Já a correlação genética entre PE e IPP
mostrou-se negativamente e favoravelmente associadas, variando de – 0,21 a – 0,47
(PEREIRA et al., 2000a; SILVA et al., 2000; BOLIGON et al., 2007). Portanto touros
selecionados para maiores perímetros escrotais poderão imprimir em suas progênies uma
maior probabilidade de parirem precocemente. Uma pequena parte da expressão dos genes
6
responsáveis pelo crescimento testicular está envolvido na redução do período de gestação da
fêmea bovina, podendo a correlação genética variar de - 0,04 a - 0,20, que apesar de ser de
baixa magnitude está no sentido favorável, podendo trazer fatores positivos para a melhoria
da eficiência reprodutiva das vacas (PEREIRA et al., 2000a; FORNI e ALBUQUERQUE,
2005; MUCARI et al., 2007).
O peso ao nascer da progênie tem uma correlação genética positiva e desfavorável
(0,14) com perímetro escrotal, devendo receber certo cuidado, pois o aumento do perímetro
escrotal, aumentará o peso ao nascimento podendo oferecer problemas para a eficiência
reprodutiva da vaca. Já as características de crescimento como peso ao desmame (0,37), ao
ano (0,87) e sobreano (0,68), possui correlação genética positiva e favorável com perímetro
escrotal, indicando que a seleção para maior perímetro poderá proporcionar maiores pesos
nessas diferentes idades (CASTRO-PEREIRA et al., 2007).
Idade ao Primeiro Parto - IPP
O inicio da vida reprodutiva da fêmea bovina denominada de puberdade é marcada
pela fase onde ocorre o aparecimento do primeiro cio fértil, onde a mesma se torna capaz de
emprenhar. O aparecimento do primeiro cio pode ser influenciado por fatores genéticos,
ambientais, nutricionais, raciais e estação de nascimento (PEREIRA, 2000b). Os animais de
origem zebuína tendem a ser mais tardios na sua idade à puberdade quando comparados com
os taurinos, porém apresentam maior longevidade em sua vida produtiva (CARTWRIGHT,
1980; RODRIGUES et al., 2002b).
A deficiência nutricional em novilhas de corte pode suprimir a geração de picos
hormonais ocasionando assim o prolongamento da idade a puberdade (SCHILLO et al.,
1983). Novilhas zebuínas criadas em regiões tropicais e com um aporte nutricional adequado
podem apresentar o início da puberdade entre 12,3 a 15 meses, que poderá reduzir a idade ao
primeiro parto (FAJERSSOM et al., 1991).
A antecipação da idade ao primeiro parto está diretamente ligada à precocidade sexual,
eficiência reprodutiva e à lucratividade da produção de carne bovina. Esta característica pode
ser utilizada como critério de seleção por estar relacionada com a idade a puberdade dos
7
animais, correlaciona-se com o potencial de longevidade das fêmeas, além de ser de fácil
mensuração, não implicando em custo adicional para o sistema (GUNSKI et al., 2001; LÔBO
et al., 2008).
Segundo Azevêdo et al. (2006), a idade ao primeiro parto tardia de fêmeas ocorre
devido à influência ambiental. Um dos principais motivos é nutricional, em situação em que o
manejo suplementar e a falta de forragem devido às estacionalidades climáticas não supre a
exigência do animal. A idade em que as fêmeas são expostas ao macho também pode ter
influência na idade ao primeiro parto. Muitos criadores priorizam o peso para a formação dos
lotes de monta e, por essa razão o programa Nelore Brasil tem proposto que as novilhas
entrem em reprodução entre os 12 e 14 meses de idade.
Alguns autores observaram a média da idade ao primeiro parto na raça Nelore, cujos
valores variaram entre 34,4+2,75 a 45,14+10,83 meses (MERCADANTE et al., 2000;
GUNSKI et al., 2001; DIAS et al., 2002; DIAS et al., 2004; AZEVÊDO et al., 2006;
BOLIGON et al., 2008b).
As estimativas de herdabilidade na raça Nelore para a idade ao primeiro parto variam
de baixas a moderadas magnitude, com valores de 0,03 a 0,39, o que confirma que essa
característica sofre ação ambiental, mas que pode haver suficiente variabilidade genética para
obtenção de ganho por seleção, justificando sua inclusão em programas de melhoramento
genético. Porém, os investimentos em melhorias nos manejos reprodutivo e nutricional podem
reduzir a idade ao primeiro parto (PEREIRA et al.; 2000; GRESSLER et al., 2005; LOPES et
al., 2006).
Buscando respostas correlacionadas entre idade ao primeiro parto e características
produtivas, alguns autores obtiveram sucesso. Gressler et al. (2005) encontraram correlação
genética negativa e favorável (- 0,20) entre peso à desmama e idade ao primeiro parto. Outros
estudos apresentaram correlação genética negativa e favorável entre idade ao primeiro parto
com peso ao ano, ao sobreano e peso aos 2, 3, 4 e 5 anos de idade, indicando que as fêmeas
com
maiores potenciais de crescimento terão menor idade ao primeiro parto
(MERCADANTE et al., 2000; TALHARI et al., 2003; BOLIGON et al., 2008b; BOLIGON et
al., 2010).
8
As correlações genéticas entre idade ao primeiro parto e produtividade acumulada são
negativas e favoráveis, indicando que a antecipação da idade ao primeiro parto leva à maior
tempo de permanência da fêmea no rebanho, produzindo mais bezerros ao longo de sua vida
(MERCADANTE et al., 2000). Garcia et al. (2008) estimaram correlação genética entre idade
ao primeiro parto e produtividade acumulada de - 0,71 em vacas Nelore, indicando que a
seleção para idade ao primeiro parto melhora a eficiência reprodutiva das matrizes como um
todo.
De acordo com os resultados de estudos anteriores, a seleção direta para a idade ao
primeiro parto pode promover ganho genético para esta característica, com respostas
correlacionadas para as características reprodutivas e produtivas.
Período de Gestação - PG
O desempenho reprodutivo é o grande fator limitante da produção de bovinos de corte
hoje no Brasil. A eficiência reprodutiva máxima de uma vaca é parir um bezerro por ano, mas
para isso o período gestacional (280 dias) e o período de anestro pós-parto (45 dias) teriam
que estar dentro do período fisiológico normal da espécie.
Alguns estudos estimaram as médias do período de gestação da raça Nelore, nos quais
os valores variaram de 284,73+3,65 a 295,3 dias, mostrando pouca variação nos valores
médios na qual essa característica pode ser explorada por seleção (PASCHAL et al., 1991;
PEREIRA et al., 2000; CAVALCANTE et al., 2001; GUNSKI et al., 2001; ROCHA et al.,
2005; AZEVÊDO et al., 2006; BOLIGON et al., 2007). Nos zebuínos, a média do período de
gestação foi maior quando comparados aos taurinos, ficando os animais cruzados em uma
posição intermediária. A variação no período gestacional dos bovinos pode ocorrer devido a
alguns fatores como raça, estação e ano de nascimento, sexo, peso da cria e efeito do touro
(WRAY et al., 1987; ROCHA et al., 2005).
O coeficiente de herdabilidade direta para período de gestação estimado por Mucari et
al. (2007) foi de 0,41, considerado mediano, mas nos estudos de Azevêdo et al. (2006) esse
coeficiente foi baixo (0,12). Outros trabalhos verificaram variação genética entre animais para
9
o período de gestação, sugerindo ser possível a inclusão dessa característica em programas de
seleção (SCHWENGBER et al., 2002; ROCHA et al., 2005; BOLIGON et al., 2007).
O período de gestação é geralmente correlacionado com o peso ao nascer do bezerro e
com a facilidade de parto. O peso ao nascer não é considerado uma característica
economicamente importante se avaliado separadamente, mas se considerada como
característica reprodutiva pode auxiliar no processo de seleção. Segundo Mucari et al. (2007)
a correlação genética obtida entre período de gestação e peso do bezerro ao nascer foi
positiva, ou seja, a seleção de matrizes para menor período gestacional, diminuirá o peso ao
nascimento da progênie e com isso os riscos de distocias serão menores (WRAY et al., 1987;
LÔBO et al., 2008).
Peso ao Nascimento - PN
O peso do bezerro ao nascimento é uma característica muito importante ao ser
associada à eficiência reprodutiva da vaca, pois bezerros muitos pesados podem elevar as
incidências de distocia no momento do parto e bezerros muito leves têm maior probabilidade
de mortalidade na fase pré desmama (LÔBO et al., 2010).
Além dos efeitos genéticos, fatores ambientais como manejo nutricional, idade da
vaca, ano e estação de nascimento, rebanho, período gestacional, também são determinantes
no peso do bezerro ao nascimento. O período de maior influência dos fatores ambientais
ocorre principalmente durante a gestação afetando a vida da vaca permanentemente ou não
(SCARPATI e LÔBO, 1999).
As médias do peso ao nascimento de bezerros Nelore encontrados na literatura variam
de 29,8 a 32 kg (SCARPATI e LÔBO, 1999; LOPES et al., 2008, GUNSKI et al., 2001 e
BOLIGON et al., 2009). As estimativas de herdabilidade para PN são de moderada
magnitude, variando de 0,20 a 0,56 na raça Nelore (SCARPATI e LÔBO, 1999; GUNSKI et
al. 2001; BOLIGON et al. 2009). Fatores genéticos da mãe influenciam na expressão do peso
do bezerro ao nascer, o que pode ser evidenciada pela estimação da herdabilidade materna.
Entretanto, os estudos de Dias et al. (2005), Gunski et al. (2001) e Mello et al. (2002)
10
relataram pouca influência genética materna sobre essa característica, com valores de
herdabilidade de 0,08, 0,03 e 0,03 respectivamente.
1.2.3 - Tendência genética das características estudadas
Diante dessas melhorias de precocidade sexual, crescimento e acabamento de carcaça
alcançado pelos programas de melhoramento genético, é importante acompanhar as
estimativas dos parâmetros genéticos e as estimativas de mudança genética. Essas são
informações que vão direcionar os programas nas avaliações de progresso genético ao longo
do tempo com a finalidade de orientar os criadores em suas ações futuras (EUCLIDES
FILHO et al., 2000).
Segundo Zollinger e Nielsen (1984), a tendência genética permite avaliar a mudança
genética ocorrida dentro de um processo de seleção, onde se quantifica a responsabilidade dos
genes de ação aditiva acumulada ao longo dos anos, em um determinado rebanho.
Poucos são os estudos sobre mudanças genéticas de características reprodutivas de
bovinos da raça Nelore. Laureano et al. (2008), que avaliaram as tendências genéticas de
perímetro escrotal e idade ao primeiro parto em um rebanho Nelore, relataram tendência
genética de 0,04 cm/ano para perímetro escrotal, o que seria equivalente a mudança média
anual de 0,15% e para idade ao primeiro parto, uma tendência genética que segundo o
autor considerou quase nula (- 1,15 dias/ano).
Para Roso e Schenkel (1999), que avaliaram a tendência genética e fenotípica de idade
ao primeiro parto em rebanho Nelore no período de 1975 até 1997. Segundo o autor houve
uma tendência genética nula no período de 1975 a 1989. Já no período de 1989 a 1997 houve
uma redução de - 0,68 dias/ano na característica.
Nomelini et al. (2005) avaliaram a tendência genética para idade ao primeiro parto em
39 rebanhos pertencentes ao programa Nelore Brasil nos anos de 1994 a 2002. Os autores
observaram que houve diminuição em dias dessa característica em 25 das 39 propriedades em
estudo, com variação média anual de - 0,64 meses/ano. Esses estudos mostram que embora
tenham valores baixos, está havendo progresso genético nas propriedades que fazem seleção
11
genética. Além disso, há necessidades de que os criadores desafiem precocemente suas
novilhas, para as fêmeas possam expressar o seu potencial genético.
12
1.3 – Referências Bibliográficas
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18
CAPÍTULO 2 – TENDÊNCIA GENÉTICA DE CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS
DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA PARA BOVINOS DA RAÇA NELORE EM
PROGRAMAS DE AVALIAÇÃO GENÉTICA
RESUMO – O sistema de pecuária sustentável que está se disseminando pelo Brasil
beneficiará toda a cadeia produtiva, pois colocará no mercado produtos de maior qualidade e
em quantidade e de preferência do consumidor. Diante disso a seleção para as características
de precocidade sexual e eficiência reprodutiva dos animais de corte, trará uma redução no
ciclo de produção, maior viabilidade econômica ao sistema, maior disponibilidade de animais,
maior intensidade seletiva, progresso genético e lucratividade ao empreendedor rural. Assim o
objetivo deste estudo foi estimar os parâmetros genéticos de características reprodutivas
(PE365, PE450, IPP, PGvaca, PGbez., e PN) importantes em programas de avaliação genéticas
ligadas a precocidade sexual e suas associações genéticas, e estimar as tendências genéticas
anuais para as mesmas. Os componentes de (co) variância foram obtidos pelo método de
Máxima Verossimilhança Restrita em análises unicaracterísticas e bicaracterísticas, sob
modelo animal em que foi incluído o efeito fixo de grupo de contemporâneos (GC) e os efeitos
aleatórios genético aditivo direto e residual. As estimativas de herdabilidade com seus
respectivos erros-padrão para PE365, PE450, IPP, PGvaca, PGbez., e PN foram 0,41+0,02;
0,44+0,02; 0,20+0,02; 0,20+0,01; 0,49+0,05 e 0,30+0,02 respectivamente. As correlações
genéticas e fenotípicas foram 0,96 e 0,85 (PE365 / PE450); - 0,40 e 0,16 (PE365 / IPP); 0,02
e 0,02 (PE365 / PG vaca); - 0,21 e 0,05 (PE365 / PGbez.); 0,00 e 0,04 (PE365 / PN); - 0,37 e
-0,04 (PE450 / IPP); - 0,01 e 0,00 (PE450 / PG vaca); - 0,19 e 0,00 (PE450 / PGbez.); - 0,07 e
0,02 (PE450 / PN); 0,19 e 0,04 (IPP / PGvaca); 0,28 e 0,05 (IPP / PGbez.); 0,36 e 0,04 (IPP /
PN); 0,31 e 0,03 (PG vaca / PN); 0,13 e 0,15 (PGbez. / PN). As tendências genéticas foram
0,025 cm/ano para PE365; 0,034 cm/ano para PE450; -0,01 meses/ano para IPP; -0,02 dias/ano
para PGvaca; -0,008 dias/ano para PGbez., e 0,04 kg/ano para PN. A seleção para maior
perímetro escrotal promoverá redução em IPP, melhorando a eficiência reprodutiva das
fêmeas. Para o perímetro escrotal (PE365 e PE450) foi observado ganho genético positivo e
favorável. Para IPP, PGvaca, e PGbez as tendências foram no sentido favorável da seleção
porém sem ganhos genéticos significativos. O ganho genético para PN foi positivo, mas não
influenciou significativamente o valor fenotípico da característica. O desempenho reprodutivo
dos rebanhos deve ser avaliado levando-se em consideração as associações diretas com a
eficiência produtiva dos rebanhos e como um resultado de melhoria econômica obtida pela
diminuição dos ciclos produtivos de bovinos de corte. A seleção para características
reprodutivas (PE365, PE450, IPP e PG) pode melhorar a eficiência reprodutiva e produtiva do
rebanho, portanto estas características podem ser usadas como critério de seleção para bovinos
da raça Nelore, devido à sua importância econômica. Melhorias no manejo dos animais
também são importantes, pois podem melhorar o desempenho fenotípico.
Palavras-Chave: herdabilidade, correlação genética, correlação fenotípica, gado de corte.
19
2.1 – Introdução
O sistema agroindustrial brasileiro está buscando formas de mudanças para inserir
seus produtos dentro dos novos patamares de mercados exigidos pela nova concepção de
consumo consciente da população mundial. Essa nova concepção de mercado visa que o
produto seja proveniente de um sistema sustentável, que se preocupe com as formas atuais de
produção e das gerações futuras.
Para Rodrigues et al. (2002) essa mudança só ocorrerá se houver maior incremento em
investimentos e eficiência tecnológica, preservação dos biomas, recuperação ambiental, bem
estar, saúde e melhoramento genético animal. Tudo isso possibilitará que os produtos cárneos
brasileiros aumentem ainda mais em quantidade e qualidade, atendendo as exigências de
mercado e abrindo novas fronteiras comerciais ao país.
O melhoramento genético animal é um dos grandes fatores multidisciplinares a atuar
no sistema de pecuária de corte por atender a tríade sustentável de produção (TUPY et al.,
2006). A atuação dessa ferramenta de forma correta permite encurtar o ciclo de produção,
maximizando o potencial produtivo e reprodutivo do rebanho, definidas por genes de ação
aditiva, ou seja, a expressão da precocidade sexual, crescimento e de acabamento de carcaça,
além da eficiência nutricional (PAULINO et al., 2002).
20
A precocidade sexual e a eficiência reprodutiva aumentam quando identifica-se e
multiplica-se os melhores genótipos e as condições de ambientes favoráveis a expressão desse
genes dentro da propriedade. Essa identificação dos melhores genótipos se dá pelas
características que são de fácil mensuração, que apresentam variabilidade genética e que
tenham correlações genéticas favoráveis com outras características importantes dentro do
processo de seleção (GRESSLER, 2004). Diante dessas perspectivas os programas de
avaliação genética no Brasil têm incorporado características relacionadas à precocidade
sexual em seus critérios de seleção, já que estas apresentam os fatores desejáveis para se
implantar um processo seletivo.
Segundo Notter (1995), o perímetro escrotal é uma característica facilmente
mensurável e diretamente associada com a precocidade sexual e com a quantidade e qualidade
espermática, o que pode levar a obtenção de tendências reprodutivas de touros jovens (LÔBO,
1992).
Os valores médios de perímetro escrotal com mensurações ocorridas aos 365, 450 e
550 dias de idade, variaram de 20,9+2,26 a 28,32+3,2 cm (PEREIRA et al., 2000; ORTIZ
PEÑA et al., 2001; YOKOO et al., 2007). A herdabilidade para essa característica é
considerada de moderada a alta magnitude (0,24 a 0,67), indicando que a seleção precoce para
tal, permite obter um maior potencial de ganho genético por seleção direta (GRESSLER et al.,
2000; PEREIRA et al., 2000; MERCADANTE et al., 2000). Outro fator importante dessa
característica ser um critério de seleção se deve às suas associações genéticas favoráveis com
outras características reprodutivas (BOURDON e BRINKS, 1986; SILVA et al., 2000;
BOLIGON et al., 2010), inclusive em fêmeas, e à associação dela com características
produtivas (QUIRINO et al., 1998; GIANLOURENÇO, 2003; CASTRO-PEREIRA, 2007;
YOKOO et al., 2007).
A Idade ao Primeiro Parto (IPP) é usada na avaliação genética da raça Nelore como
característica indicadora de precocidade sexual nas fêmeas, o que tem influência direta na
eficiência produtiva e conduz os rebanhos a benefícios econômicos pela diminuição dos ciclos
de produção (GUNSKI et al., 2001; LÔBO et al., 2008). As médias da idade ao primeiro parto
citadas por vários estudos variaram de 34,4+2,75 a 45,14+10,83 meses (DIAS et al., 2004b;
AZEVÊDO et al., 2006; LÔBO et al., 2008; BOLIGON et al., 2008). Os coeficientes de
21
herdabilidade encontrados em muitos estudos foram de baixa a moderada magnitude (0,03 a
0,39), demonstrando que a característica apresenta uma variabilidade genética, porém a
influência de fatores ambientais não permite que a mesma expresse seu potencial
(GRESSLER et al., 2005). Sua importância em programas de seleção ocorre pelas associações
genéticas e fenotípicas nos sentidos favoráveis com as características de crescimento
(MERCADANTE et al., 2000; TALHARI et al., 2003; BOLIGON et al., 2008; BOLIGON et
al., 2010) e com características de reprodução (GROSSI et al., 2009; GARCIA et al., 2008).
A duração da gestação, embora não seja propriamente uma medida de fertilidade, está
estreitamente relacionada com o período reprodutivo. A fêmea bovina passa em média por um
período de gestação variando de 284,73+3,65 a 295,3 dias, mostrando pouca variação nos
valores médios (PASCHAL et al., 1991; PEREIRA et al., 2000; CAVALCANTE et al., 2001;
GUNSKI et al., 2001; ROCHA et al., 2005; AZEVÊDO et al., 2006; BOLIGON et al., 2007).
O coeficiente de herdabilidade direta para período gestacional encontrando por Gunski et al.
(2001) foi de 0,33, considerada mediana, mas nos estudos de Pereira et al. (2000) esse
coeficiente mostrou-se baixo, de 0,13. Isso demonstra que a característica sofre influência da
estação e ano de nascimento, sexo e peso da cria e efeito do touro. Assim, alguns trabalhos
verificaram variação genética entre animais para o período de gestação, sugerindo a inclusão
dessa característica em programas de seleção, já que mesma se associa com as características
produtivas e reprodutivas (PEREIRA et al., 2000; MUCARI et al., 2007).
Todos os ganhos genéticos alcançados nas características responsáveis pela expressão
de precocidade sexual, crescimento e acabamento de carcaça devem ser mensurados por meio
das estimativas de mudanças genéticas. Esse conhecimento poderá ser o direcionador dos
programas nas avaliações de progresso genético ao longo dos anos com a finalidade de
orientar os criadores quanto a suas ações futuras para as melhorias no rebanho (EUCLIDES
FILHO et al., 2000).
A tendência genética permite avaliar a mudança ocorrida dentro de um processo de
seleção, quantificando-se a expressão dos genes de ação aditiva acumulada ao longo dos anos,
em um determinado rebanho (ZOLLINGER e NIELSEN, 1984). Poucos são os estudos sobre
as tendências genéticas de características reprodutivas de bovinos da raça Nelore, mas os
estudos encontrados mostraram que embora tendo valores baixos, está havendo progresso
22
genético nas propriedades que realizam seleção genética (ROSO e SCHENKEL, 1999;
NOMELINI et al., 2005; LAUREANO et al., 2008).
O objetivo deste estudo foi estimar os parâmetros genéticos e fenotípicos e as
tendências genéticas para as características de perímetro escrotal, idade ao primeiro parto,
período de gestação (como característica da vaca e do bezerro) e peso ao nascimento em
bovinos da raça Nelore que participam de um programa de avaliação genética (Programa
Nelore Brasil), visando demonstrar o potencial de ganho genético para estas características.
2.2 – Material e Métodos
Origem dos dados: O arquivo de dados foi constituído por informações de 109.185
animais (machos e fêmeas), nascidos entre os anos de 1998 a 2008, provenientes de 22
rebanhos que dispunham de informações zootécnicas de manejo reprodutivo, os quais
pertencem ao Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN) coordenado
pela Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP). Todos os animais do
programa são submetidos a controles zootécnicos das características reprodutivas e
produtivas, sendo esses mantidos em um regime alimentar de forma extensiva ou semiextensiva. Quanto ao manejo reprodutivo as fêmeas são inseminadas no período de
acasalamento e mantidas em lotes com touro de repasse.
Um índice de seleção, denominado mérito genético total e desenvolvido pelo programa
Nelore Brasil, é indicado para a seleção de fêmeas e machos superiores geneticamente
(LÔBO et al., 2008). Este índice inclui estimativas de valores genéticos para as seguintes
características ponderadas: habilidade materna (0,20), ganho em peso pré-desmame (0,20),
pós-desmame (0,20) e ao ano (0,20) e circunferência escrotal aos 365 (0,10) e aos 450 dias de
idade (0,10).
As características estudadas em machos foram perímetro escrotal medido em
centímetros (cm), corrigidos para 365 dias (PE365) e 450 dias (PE450) de idade. Essas duas
características avaliadas no presente estudo estão inseridas no índice de seleção empírico
recomendado para a raça, com 10% de ponderação. As características estudadas nas fêmeas
foram idade ao primeiro parto (IPP) medida em meses, obtida pela diferença entre a data do
23
primeiro parto e a data de nascimento da fêmea; período de gestação (PG) medido em dias,
obtido pela diferença entre a data do parto e a data da inseminação, considerada como
característica da vaca (PGvaca) e do bezerro (PGbez). As variáveis analisadas nas fêmeas
durante período que cobre os dados analisados não faziam parte do índice de seleção da raça
Nelore, sendo inseridas a partir de 2008, com ponderação de 15% para IPP e de 5% para PG.
Foi também estudado o peso ao nascimento de ambos os sexos medidos em quilogramas (kg),
obtido no nascimento do bezerro, característica que ainda não compõe o índice de seleção
para a raça Nelore.
A formação dos grupos de contemporâneos (GC) consistiu em agrupar os animais que
foram submetidos a ambientes de criação semelhantes, visando deixá-los na mesma base de
comparação. Para isso foi realizada análise estatística utilizando o método dos quadrados
mínimos, por meio do procedimento GLM do programa SAS (SAS, 2002-2003). O grupo de
contemporâneos baseou-se na concatenação das informações existentes no banco de dados
como fazenda (Nfa), ano de nascimento do animal (AnoNasc), estação de nascimento do
animal (EstNasc), sendo 1 = seca (abril a setembro) / 2 = chuva (outubro a março), lotes de
manejos (Lote 120, 365 e 450 dias), sexo (Sx) e idade da vaca ao parto (IVP). Sendo assim a
formação dos grupos foi, PE365: Nfa + AnoNasc + EstNasc + Lote120 + Lote365; PE450:
Nfa + AnoNasc + EstNasc + Lote120 + Lote365 + Lote450; IPP: AnoNasc + EstNasc +
Lote120 + Lote365 + Lote450; PGvaca: Sx + Nfa + IVP; PGbez.: Sx + Nfa + AnoNasc +
EstNasc + IVP; PN: Sx + Nfa + AnoNasc + EstNasc + IVP.
Os pais com menos de 4 filhos foram retirados do arquivo final, bem como GC e
fazenda com menos de 4 observações para todas as características. O Teste de normalidade
dos resíduos foi verificado para as variáveis em estudo, e as observações cujo resíduo
apresentou-se acima de 3,5 desvios padrão e abaixo de -3,5 desvios padrão foram excluídos
do arquivo. O número de animais, grupo de contemporâneos, médias, desvio – padrão,
coeficiente de variação, valores mínimos e máximos encontrados nas análises estão
apresentados na Tabela 1.
As análises para estimação dos componentes de variância foram efetuadas pelo
método de Máxima Verossimilhança Restrita e usando-se o modelo animal, considerando
para todas as características o efeito fixo (GC), efeito aleatório (aditivo direto) e efeito
24
residual. Para as características PE365, PE450, PGvaca, PGbez., e PN foram consideradas
como covariável linear e quadrática a idade da vaca ao parto. Nas análises foram utilizados os
arquivos de genealogia contendo identificação do animal, pai e mãe, totalizando 139.210
animais na matriz de parentesco. O programa computacional utilizado para estimação dos
componentes de variância foi o MTDFREML – Multiple Trait Derivate Free Restricted
Maximim Likelihood (BOLDMAN et al., 1995).
Para PE365, PE450 e IPP o modelo incluiu somente os efeitos aleatórios genéticos
aditivo direto. Para PGvaca o modelo incluiu os efeitos genéticos aditivo direto e de ambiente
permanente. Para PGbez e PN., o modelo incluiu os efeitos aleatórios genético aditivo direto e
materno.
Em termos matriciais, o modelo completo utilizado nas análises pode ser representado
por:
y  X  Z1a  Z 2 m  Wp  e
em que: y é o vetor das observações; X é a matriz de incidência para efeitos fixos (GC),
portanto associando os elementos de b e y; β é o vetor de efeitos fixos (GC e Idade da Vaca ao
Parto); Z1, Z2 e W são matrizes de incidência para os efeitos aleatórios genético direto,
materno e de ambiente permanente; α é o vetor do efeito aleatório genético aditivos direto; m
é o vetor do efeito aleatório genético materno; p é o vetor do efeito aleatório de ambiente
permanente e e é vetor do efeito residual.
As pressuposições assumidas para esse modelo são:
E (y) = Xβ
25
 a   0
   
 m  0
E    
p
0
   
 e   0
   
 a   A a2
  
 m   A am
Var    
p
0
  
e  0
  
A am
A m2
0
0
0
0
I p2
0
0 

0 

0 
I e2 
em que:  a2 = componente de variância genético aditivo direto;  m2 = componente de
variância genético aditivo materno;  am = componente de covariância entre os efeitos
genéticos direto e materno;  2p = componente de variância de ambiente permanente;  e2 =
componente de variância residual; A = matriz de parentesco; I = matriz identidade.
Os valores iniciais para as variâncias foram obtidas a partir da literatura para cada
característica. As variâncias do simplex foram consideradas convergidas quando o valor fosse
inferior a 10-9. O número de iterações foi igual a 50.000, o que corresponde ao número de
repetições dos procedimentos, até que os componentes estimados não diferissem entre uma
análise e outra e as funções de máxima verossimilhança (-2Log(L2)).
Para estimação das correlações genética e fenotípica entre as variáveis em estudo na
qual se obedeceu o seguinte modelo matricial bi–característica:
 y1   X 1
   
 y2   0
0  b1   Z1
   
X 2  b2   0
0  a1   e1 
    
Z 2  a2   e2 
em que y1 e y2 são os vetores das observações das variáveis 1 e 2 respectivamente; b1 e b2 são
os vetores das soluções dos efeitos fixos para as características 1 e 2 respectivamente; a1 e a2
são vetores das soluções dos efeitos aleatórios genéticos aditivos para as variáveis 1 e 2
respectivamente; X1 e X2 são as matrizes de incidência associando os elementos de b1 e b2
com as observações em y1 e y2; Z1 e Z2 são as matrizes de incidência associando os
elementos de a1 e a2 com as observações de y1 e y2. A esperança de y1 é X1b1 e de y2 é X2b2; e
a estrutura de variância e covariâncias dos efeitos aleatórios do modelo animal bicaracterísticas é:
26
2
 a1   A a1

 
 a   A a1a 2
Var  2   
0
e
 1 
e   0
 2 
A a1a 2
A a22
0
0
0
I e21
0
0





2 
I e2 
0
0
0
em que  a21 e  a22 são as variâncias do efeito genético aditivo direto,  e21 e  e22 são as variâncias
residuais para as características 1 e 2, respectivamente;  a1a2 é a covariância genética aditiva
entre as característica 1 e 2.
O ganho genético anual do PE365, PE450, IPP, PGvaca, PGbez., e PN foi estimado
pela regressão linear do valor genético (VG) em função do ano de nascimento, descrita no
modelo:
y = a + bx
em que: Y = é o valor genético de cada característica (PE365, PE450, IPP, PGvaca, PGbez., e
PN); a = é o intercepto; b = coeficiente de regressão ou tendência; x = variável independente
(ano).
A partir do valor do coeficiente de tendência b, foi calculada a Taxa Geométrica de
Crescimento (TGC) por meio da seguinte expressão:
TGC = (b - L) x 100
em que: b = é a tendência genética média anual; L = média do valor genético da característica
no período avaliado.
A significância de TGC foi avaliada pelo teste “t”. Os valores de TGC indicam, em
porcentagem, a mudança linear média dos valores genéticos para cada variável.
27
2.3 – Resultados e Discussões
As médias observadas neste estudo para a raça Nelore estão apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1 - Número de animais, número de grupo de contemporâneo (GC), média, desvio –
padrão (DP), coeficiente de variação (CV), mínimo (Min) e máximo (Max) para as
características analisadas.
Característica*
PE365 (cm)
PE450 (cm)
IPP (meses)
PGvaca (dias)
PGbez. (dias)
PN (kg)
Animais
18747
18430
13329
22382
12283
45435
GC
837
924
875
2335
2427
7784
Média
20,43
23,64
35,16
296,49
296,66
32,18
DP
2,25
3,06
4,98
5,85
5,75
3,80
CV
11,6
12,95
14,17
1,97
1,94
11,82
Min
Max
12,30 30.00
12,80 35,90
21,00 49,00
277,00 314,00
277,00 314,00
18,00 47,00
* perímetro escrotal aos 365 (PE365) e 450 dias (PE450), idade ao primeiro parto (IPP), período de gestação
como característica da vaca (PGvaca) de idade, período de gestação como característica do bezerro (PGbez.) e
peso ao nascimento (PN).
Após as consistências as médias das características PE365 (cm), PE450 (cm), PGvaca
(dias), PGbez e PN (kg), estão similares aos apresentados no sumário da raça Nelore,
demonstrando que os valores médios da população estudada, encontra-se dentro dos padrões
da população total do sumário. Já a média encontrada para IPP (meses) foi inferior que à
média apresentada no sumário, demonstrando que a população avaliada neste estudo é mais
precoce para IPP que a média do total de animais do Sumário Nelore Brasil (LÔBO et al.,
2010).
Os valores médios encontrados no presente estudo para PE365 e PE450 dias estão de
acordo com os valores encontrados na literatura para a raça Nelore no intervalo ajustado para
365 a 550 dias de idade onde as médias variaram de 20,7+2,7 a 27,57+3,25 cm (QUIRINO et
al., 1998; ORTIZ PEÑA et al., 2001; FORNI E ALBUQUERQUE, 2005).
A média de idade ao primeiro parto encontrada corrobora com os estudos de Pereira et
al. (2000) e Forni e Albuquerque (2005), com média de 35,67+3,4 meses, sendo inferior à
média de 38,72+4,50 encontrada por Bertazo et al. (2004). Já Pereira et al. (2002) desafiaram
um grupo de novilhas a exposição aos machos aos 14 meses e obtiveram média de IPP de
33,5+4,4 meses, sendo inferior a de novilhas expostas ao touro com 26 meses de idade, que
obtiveram média de 36,6+1,6 meses. Isso demonstra a importância do manejo reprodutivo, a
qual o programa de Melhoramento da raça Nelore tem proposto a exposição das novilhas aos
28
touros cada vez mais precocemente (12 a 14 meses), com o intuito de identificar e selecionar
as fêmeas mais precoce para idade ao primeiro parto.
O período de gestação médio observado aproxima-se do encontrado por Paschal et al.
(1991) para a raça Nelore, com média de 294+1,00. Valores médios inferiores para animais da
raça Nelore foram relatadas por Cavalcante et al. (2001), Pereira et al. (2002) e Boligon et al.
(2007) sendo estas médias de 284,7+3,6, 290,6+11,35 e 291,08+27,11 dias, respectivamente,
demonstrando que a característica apresenta variabilidade fenotípica.
O peso médio dos bezerros ao nascimento obtido neste estudo foi superior aos valores
reportados na raça Nelore por Eler et al. (2000); Cubas et al. (2001); Toral et al. (2004) e
Lopes et al. (2008), cujos valores variaram em média de 28,5+0,38 a 30,0+0,1 kg.
As estimativas de herdabilidade para PE365 e PE450 dias obtidas neste estudo foram
de magnitudes moderadas, demonstrando que o perímetro escrotal medido aos 365 e aos 450
dias possui variabilidade genética que permite a obtenção de ganho genético por seleção
direta (Tabela 2). A pequena diferença existente entre as estimativas das herdabilidades nas
duas idades mensuradas indica que a seleção aos 365 dias seria apropriada para seleção de
touros precoces sexualmente.
Tabela 2 – Componentes de variância genética aditiva (σ2a), residual (σ2e), fenotípica (σ2p),
variância aditiva materna (σ a m), variância materna (σ2m) ambiente permanente (σ2 e p),
herdabilidade direta e erro padrão (h2d + EP) e materna (h2m+ EP), em análise unicaracterística.
Característica
PE365
PE450
IPP
PGvaca
PGbezerro
PN
σ2 a
120,37
226,60
3,12
6,14
14,01
2,39
σ2 e
171,62
286,14
12,50
23,21
12,62
5,36
σ2 p
291,99
512,75
15,63
30,76
28,69
7,89
σam
--------------0,62
-0,73
σ2 m
------------2,67
0,86
σ2 e p
------1,40
-------
h2d + EP
h2m+ EP
0,41+0,02
---0,44+0,02
---0,20+0,02
---0,20+0,01
---0,49+0,05 0,09+0,02
0,30+0,02 0,11+0,01
* perímetro escrotal aos 365 (PE365) e 450 dias (PE450), idade ao primeiro parto (IPP), período de gestação
como característica da vaca (PGvaca) de idade, período de gestação como característica do bezerro (PGbez.) e
peso ao nascimento (PN).
A estimativa de herdabilidade para PE365 do presente estudo, corrobora o valor (0,40)
relatado por Castro Pereira et al. (2007), para a raça Canchim.
29
Valores próximos ao
encontrado nas mensurações realizadas aos 450 dias foram relatados por Pereira et al. (2000)
e Forni e Albuquerque (2005), na idade de 550 dias na raça Nelore.
Os valores encontrados para PE365 e PE450 neste estudo foram superiores aos citados
por Gressler et al. (2000), com mensurações feitas aos 365 e 550 dias na raça Nelore, cujos
valores foram 0,24+0,10 e 0,31+0,10, respectivamente. Já no estudo de Quirino et al. (1998),
os valores foram superiores, de 0,60 e 0,71, respectivamente, para mensurações ocorridas aos
365 e 550 dias de idade. Estes resultados demonstram a importância de se considerar essa
características dentro dos programas de avaliação genética, pois os ganhos genéticos
associam-se a antecipação dos ganhos econômicos com touros sexualmente precoces aptos a
estação de monta.
No estudo de IPP foi considerado na análise somente dados de fêmeas que realmente
pariram, sendo o coeficiente de herdabilidade de moderada magnitude (0,20+0,02),
diferentemente dos valores retratados por Dias et al. (2004a) no valor de 0,11. Os estudos de
Bertazzo et al. (2004), Gressler et al. (2005) reportaram estimativas superiores (0,27 a 0,37)
para essa característica.
Visando demonstrar que a idade da exposição da fêmea bovina ao touro pode afetar a
precocidade sexual, Pereira et al. (2002) estudaram um lote de fêmeas da raça Nelore
desafiadas aos 14 meses e estimaram herdabilidade para IPP superior a 0,20, enquanto a
herdabilidade estimada para um lote de fêmeas desafiadas aos 26 meses foi de 0,02. Essa
variabilidade genética também ficou evidenciada no trabalho de Dias et al. (2004a), que
comparou a exposição de fêmeas aos 18 e 24 meses (média), onde as respectivas estimativas
foram de 0,20 e 0,00.
Diante destes estudos para a idade ao primeiro parto em vacas Nelore podemos
considerar que esta característica sofre grande influência ambiental. Essas influências podem
ser pelos fatores nutricionais, pelo manejo reprodutivo empregado ou ainda pelas
metodologias de análise (considerar apenas fêmeas que pariram), isso tudo pode dificultar a
detecção real da variabilidade genética. Os programas de melhoramento podem utilizar a
idade ao primeiro parto como critério de seleção desde que sejam consideradas novas
possibilidades para o manejo reprodutivo de fêmeas nas propriedades. Mesmo diante dessas
30
dificuldades esta característica tem grande importância dentro do sistema de produção de
carne, pois pode melhorar os índices de eficiência reprodutiva do rebanho.
O período de gestação foi analisado como característica da vaca e também como
característica do bezerro. A estimativa como característica da vaca foi moderada (0,20+0,01),
já como característica do bezerro a estimativa foi de magnitude alta (0,49+0,05). Portando o
período gestacional possivelmente é uma característica determinada pelo feto, e que se pode
conseguir maior ganho genético por seleção direta.
Considerando o período gestacional como característica da vaca Pereira et al. (2000,
2002), encontraram estimativas inferiores de herdabilidade, de respectivamente, 0,13 e 0,26.
Nos estudos de Gregory et al. (1995) e Rocha et al. (2005), considerando o período de
gestação como característica do bezerro em animais de raça pura e cruzados, os valores para
raça pura foram 0,34 e 0,21 (Nelore) e para animais cruzados os valores foram 0,58 e 0,71,
respectivamente.
Os resultados encontrados no presente estudo, assim como na literatura demonstraram
que o período de gestação apresenta variabilidade genética onde, possivelmente, o maior
ganho se dê ao se considerar o bezerro como responsável pelo período. Portanto busca-se a
seleção de touros com Diferença Esperada para suas Progênies (DEP’s) negativa para período
de gestação, pois a redução desse período proporcionaria um tempo maior de recuperação
útero-ovariano das fêmeas, para que as mesmas estejam prontas mais rapidamente a estação
de monta seguinte elevando assim seus índices de fertilidade e eficiência.
A estimativa de herdabilidade para característica peso ao nascimento encontrado neste
estudo foi de magnitude moderada (0,30+0,02), e o valor se aproxima ao relatado por
Sakaguti et al. (2003), na raça Tabapuã. Estudando o peso ao nascimento de bezerros nos
Estados da região sul do Brasil, Lopes et al. (2008) encontraram estimativas de h2 superiores,
que variaram de 0,38 a 0,56. Tais estimativas indicam que essa característica teria uma
resposta positiva para seleção direta, podendo assim promover ganhos genéticos por seleção.
A influência da mãe no peso ao nascer do bezerro é evidenciada pela herdabilidade
materna, que neste estudo foi de baixa magnitude (0,11+0,01), resultado próximo ao relatado
31
por Dias et al. (2005), cujo valor foi de 0,08. Estimativa inferior foi relatada por Mello et al.
(2002), cujo valor foi de 0,03. No trabalho de Lopes et al. (2008), a h2 materna foi superior,
com valores variando de 0,16 a 0,31.
O conhecimento das correlações genéticas entre características indica se ao selecionarse diretamente uma determinada característica, poderão ocorrer ganhos ou perdas indiretas em
outras. Isso pode ocorrer devido a dois fatores: genes que afetam determinada característica e
apresentam efeito sobre outra, assim estabelece uma verdadeira correlação ou associação
genética (efeito de pleiotropia).
Em programas de seleção existe a necessidade do conhecimento das correlações
genéticas entre quaisquer duas características de importância econômica. A existência de uma
correlação genética positiva implica que a seleção para uma característica poderá conduzir a
uma mudança genética na mesma direção na outra característica, em contrapartida, a
correlação genética negativa significa que a seleção para uma característica poderá conduzir
mudanças genéticas em direção contrária na outra característica (resposta correlacionada).
Tabela 3 – Estimativas das correlações genéticas (acima da diagonal) e fenotípicas (abaixo da
diagonal) e seus respectivos erro-padrão entre as características em estudo.
Característica*
PE365 (cm)
PE450 (cm)
IPP (meses)
PGvaca (dias)
PGbez (dias)
PN (kg)
PE365
-------0,85
0,16
0,02
0,05
0,04
PE450
0,96+0,0
----------0,04
0,00
0,00
0,02
IPP
-0,40+0,0
-0,37+0,0
---------0,04
0,05
0,04
PGvaca
0,02+0,0
-0,01+0,0
0,19+0,0
----------------0,03
PGbez
-0,21+0,0
-0,19+0,0
0,28+0,0
------------------0,15
PN
0,00+0,0
-0,07+0,0
0,36+0,0
0,31+0,0
0,13+0,0
---------
* perímetro escrotal aos 365 (PE365) e 450 dias (PE450), idade ao primeiro parto (IPP), período de gestação
como característica da vaca (PGvaca) de idade, período de gestação como característica do bezerro (PGbez.) e
peso ao nascimento (PN).
A correlação genética estimada entre PE365 e PE450 (Tabela 3) foi de alta magnitude
(0,96). A correlação fenotípica, embora alta, foi inferior à genética (0,85), demonstrando que
as duas características são geneticamente e fenotipicamente associadas, ou seja, a seleção de
touros com maiores perímetros escrotais medidos aos 365 dias apresentará maiores medidas
aos 450 dias. Gressler et al. (2000), estudando as associações entre PE365 e PE550 dias
também encontraram valores de correlação genética de alta magnitude (0,99) e de correlação
32
fenotípica um pouco inferior (0,66), o que confirma as associações favoráveis dos genes em
idades diferentes.
As estimativas de correlação genética entre as características avaliadas em machos em
diferentes idades como PE365 e PE450 foram associadas a IPP, sendo de - 0,40 (PE365 x
IPP) e de - 0,37 (PE450 x IPP), o que indica que a seleção de touros para maior perímetro
escrotal em ambas as idades precoces afetará a idade ao primeiro parto de suas filhas,
antecipando a idade à puberdade e, consequentemente, a IPP. As correlações fenotípicas entre
PE365 e IPP foram de baixa magnitude e no sentido desfavorável (0,16), e menores ainda
entre PE450 e IPP (- 0,04), indicando pouca influência.
Valores de magnitudes inferiores foram encontrados em associações genéticas de
PE365 e IPP na raça Canchim (CASTRO-PEREIRA et al., 2007). Já os estudos de Gressler et
al. (2000) na raça Nelore e Silva et al. (2000) na raça Canchim, evidenciam valores superiores
de associação genética com o encontrado neste estudo, avaliados a um ano de idade, em que os
valores foram respectivamente de -1,00 e -0,47.
As estimativas de correlações genéticas (0,02 e - 0,01) e fenotípicas (0,02 e 0,00) de
PE365 e PE450 respectivas com o PG como característica da vaca foram muito baixas, assim
como relatado por Pereira et al. (2000). Baseado neste resultado, a seleção para PE em ambas
as idades não alteração no período de gestação em fêmeas. Já as correlações genéticas de
perímetro escrotal em ambas as idades com período de gestação como característica do
bezerro foram de baixa magnitude, mas sentido favorável de seleção (- 0,21 e - 0,19), valores
que corroboram com o estudo de Mucari et al. (2007) no valor de - 0,20. Portanto touros com
maiores perímetros escrotais podem promover reduções no período gestacional da vaca, sendo
considerado o bezerro como fator determinante do momento da parição.
As estimativas das correlações genéticas entre IPP e PG como característica da vaca e
do bezerro foram, respectivamente, de 0,19 e 0,28, indicando que a seleção para redução da
idade ao primeiro parto, acarretaria em redução nos dias de gestação da fêmea bovina. Já as
correlações fenotípicas não indicam associações entre essas características, pois foram
praticamente nulas (Tabela 3).
33
A correlação genética entre PGbez. e PN foi positiva e de baixa magnitude (0,13),
assim como a associação fenotípica, de 0,15. Estes resultados indicam que fazer seleção para
reduzir o período gestacional, reduziria assim o peso do bezerro ao nascimento, o que poderia
trazer maiores facilidades de parto e menor índice de intervenção humana nos partos
distócitos.
As correlações genéticas de PN com PE365, PE450 e IPP foram, respectivamente, de
0,00, - 0,07 e 0,36. Com as correlações genéticas entre PN e PE foram de baixa magnitude, a
seleção direta para perímetros escrotais em ambas as idades não elevariam significativamente
os peso dos bezerros ao nascimento, como evidenciado no estudo de Castro-Pereira et al.
(2007) na raça Canchim. Já a associação genética entre PN e IPP foi de moderada magnitude,
demonstrando que quanto maior for a idade à primeira cria, maior será o peso das progênies
ao nascer. Por isso a seleção de fêmeas que venham a parir sua primeira cria mais
precocemente, possivelmente diminuiria os riscos de problemas ao parto.
As estimativas de tendências genéticas permitem avaliar como o processo de seleção
está mudando ao longo dos anos os valores genéticos médios e assim testar a eficácia dos
índices de seleção propostos para as características selecionadas. Neste estudo, a seleção
aplicada nos machos para obtenção de animais com maiores perímetros escrotais medidos aos
365 e 450 dias de idade, proporcionou foram estimados ganhos genéticos anuais na ordem de
0,025 cm/ano e 0,034 cm/ano (P<0,0001), respectivamente, (Figura 1).
Figura 1. Tendência genética para perímetro escrotal aos 365 e 450 dias na raça
Nelore.
34
Na Figura 1 observa-se uma tendência bastante clara de ganho genético para perímetro
escrotal. Houve um incremento de 0,12% (PE365) e 0,14% (PE450) ao ano, em relação à
média esperada para a raça Nelore no período avaliado. Este resultado foi inferior ao estudo
de Cyrillo et al. (2001), que compararam um rebanho em constante seleção com um rebanho
controle. Os animais do rebanho seleção obteveram um incremento de 0,31 cm/ano, já os
animais do rebanho controle obteveram um decréscimo de 0,21 cm/ano na característica.
Portanto a seleção direta realizada em touros para maior perímetro escrotal está promovendo
uma mudança linear significativa nos valores genéticos.
As tendências genéticas para IPP estimadas nas fêmeas da raça Nelore estão
apresentadas na Figura 2. O ganho genético para IPP foi de - 0,01 meses/ano (P<0,0001), e
apesar de praticamente nulo, ainda representa uma redução anual de - 0,02%, evidenciando
que a característica está tendo ganhos por seleção de forma indireta, já que a mesma não
compõe o índice de seleção proposto pelo programa no período estudado. Os resultados de
baixo ganho genético anual para idade ao primeiro parto podem ser reflexos dos manejos
efetuados dentro das fazendas e pelos modelos de avaliação genética, e isso tem feito com que
essas reduções ainda não expressem o potencial esperado pelos pecuaristas para suas fêmeas.
Figura 2. Tendência genética para idade ao primeiro parto na raça Nelore.
Valores de baixa magnitude para tendência genética de IPP foram relatados nos
estudos de Balieiro et al. (1999), Costa et al. (2004), os quais obtiveram um incrementos de
0,008 e 0,005 meses/ano respectivamente. Laureano et al. (2008), encontraram redução de 1,5 dias/ano para fêmeas da raça Nelore, onde as fêmeas foram expostas em idades mais
jovens na estação de monta, permitindo assim que os animais pudessem expressar seu
potencial genético para precocidade sexual.
35
As estimativas de tendência genética para período de gestação como característica da
vaca e do bezerro estão apresentadas na Figura 3. A mudança genética no período de gestação
considerando a vaca como responsável pelo período foi de - 0,02 dias/ano, o que equivaleria a
um ganho genético médio de - 0,006% ao ano. Já considerando o bezerro como responsável
pelo período gestacional, a tendência genética foi de -0,008 dias/ano, o que seria equivalente a
-0,002% ao ano. Esses ganhos praticamente nulos já eram esperados porque a avaliação do
período de gestação passou a compor o índice de seleção genética no programa Nelore Brasil
a partir de 2008, portando nestes períodos analisados as mesmas não sofreram seleção direta e
nem indireta que pudesse promover um ganho significativo para redução do período de
gestação em ambas as considerações.
Figura 3. Tendência genética para período de gestação (vaca e do bezerro) na raça
Nelore.
Os ganhos genéticos para as características IPP e de período de gestação (vaca e
bezerro) mostraram-se baixos, pois no período avaliado as características não estavam
incluídas no índice de seleção do Programa Nelore Brasil. A partir de 2008 as características
36
IPP e PG foram incluídas no índice de seleção, portanto nos próximos anos os ganhos
genéticos para estas duas características devem ser diferentes.
O acompanhamento do peso ao nascimento do bezerro é de extrema importância em
programa de avaliação, pois a seleção direta para algumas características, dentre elas os pesos
em diferentes idades, podem promover ganho indireto para PN, acarretando em problemas no
momento do parto que inviabilizam toda a vida futura da vaca e do bezerro. Na Figura 4
pode-se observar a tendência genética anual para PN, a qual foi significativa (P<0,0001) e foi
de 0,04 kg/ano, correspondendo a um ganho de 0,12%.
Figura 4. Tendência genética para peso ao nascimento na raça Nelore.
Estudos de tendência genética do PN para animais da raça Nelore encontrados na
literatura relatam valores inferiores e superiores ao encontrado neste estudo. Laureano et al.
(2004), estimaram ganhos de 0,014 kg/ano (0,045%) e Melis et al. (2001) estimaram
tendência de 0,083 kg/ano.
É importante a seleção para perímetro escrotal (365 e 450 dias), idade ao primeiro
parto e período de gestação pelos programas de avaliação genética de bovinos da raça Nelore,
pois podem influenciar questões econômicas e socioambientais dos sistemas de produção de
bovinos de corte brasileiro. No entanto, faz-se necessário um novo estudo que avalie e
quantifique os valores econômicos que podem ocorrer em função das mudanças genéticas nas
características reprodutivas.
37
2.4 – Conclusões
A seleção direta para as características PE365, PE450 e PN deve trazer maiores
ganhos genéticos quando comparados as características reprodutivas avaliadas nas fêmeas
(IPP e PGvaca). Resultados destes ganhos que se mostraram favoravelmente nos índices
positivos de tendência genética.
A característica IPP sofre maior influencia ambiental, portanto estas condições de
ambiente devem ser melhoradas para que as fêmeas possam ser melhores avaliadas e
consequentemente selecionadas, incrementando os índices reprodutivos das fêmeas.
O período gestacional quando selecionado diretamente como característica do bezerro,
poderá promover um maior ganho genético quando comparado ao período gestacional como
característica da vaca.
A redução do período gestacional pode promover pequenas reduções no peso do
bezerro ao nascimento, devido à baixa estimativa de correlação genética.
38
2.5 – Referências Bibliográficas
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