Literatura do Norte do Brasil (1870-1910): José Veríssimo Juliano Fabrício de Oliveira Maltez e Ricardo Souza de Carvalho Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, SP Objetivos Durante as últimas décadas da monarquia de Dom Pedro II, o império passou por tensões de cunho regionalista sendo possível verificar na produção literária desse tempo, obras que procuram enfatizar outra realidade, além daquela que a capital Rio de Janeiro era senhora. Partindo do prefácio de Franklin Távora da publicação de seu livro de 1876 “O Cabeleira” [1], onde o autor deixa bem claro a necessidade em produzir uma literatura do norte, a qual faça frente aos grandes romancistas do sul, escolhemos um autor da região norte, José Veríssimo, contemporâneo de Távora para verificar em sua produção literária algo que aproxime ou distancie do nascente regionalismo e separatismo federal motivados pela clara divisão política do Brasil naqueles tempos. Métodos/Procedimentos A nossa análise tomará como corpus a edição organizada por Antonio Dimas “Cenas da Vida Amazônica”, escrita pelo crítico e autor literário José Veríssimo. Para a análise deste material, foi importante como balize histórica, o livro de Evaldo Cabral de Mello “O Norte Agrário e o Império: 1871– 1889”, texto analítico sobre este momento da história brasileira, utilizando como corpus de sua dissertação documentos produzidos por parlamentares durante o final da monarquia. com Veríssimo. Os dois discordam da pregação regionalista de Franklin Távora, porque nela viam o risco de fragmentação de uma pátria intelectual una (Aguilar, vol. 3, p. 1059)” [2]. Em Cenas da Vida Amazônica o que poderia ser uma crítica direta ao descaso do poder público na região, o investimento federal quase nulo comparado com outras regiões do Brasil, é sutilmente exposto pelo narrador, como, por exemplo, na descrição do palacete do governo de Manaus: “O gabinete presidencial era uma sala quadrada, forrada de papel de ramagens vermelha sobre fundo azul, desbotado pela unidade que aqui e ali pusera grandes manchas brancas, esteiras com uma esteira de quadrinhos vermelhos e brancos, roída em partes.” [2] Descrição esta que esta em um de seus contos “O VOLUNTÁRIO DA PATRIA” que guarda em seu título de forma irônica uma questão que parece muita clara, ainda que delicada, para os escritores da época. Como se sabe foi grande o contingente de soldados que saíram do norte do país para defender a causa federal de soberania do Brasil frente à força paraguaia. Conclusões Após essas leituras, deu-se início ao processo de análise, a partir do seu contexto histórico, das obras selecionadas. Em “Cenas da Vida Amazônica” encontramos elementos diversos que justificam a revolta de outros literatos e políticos quanto às representatividades políticas no âmbito federal das regiões do norte. Ainda que Veríssimo, como já foi dito, tinha um interesse pela unidade do Império, ele elaborou muitos quadros narrativos que destoam desta aparente unidade. Resultados Referências Bibliográficas Na literatura que nos deixou não notamos nenhum sentimento mais forte de regionalismo do que propriamente a descrição minuciosa dos costumes, das crenças e da linguagem dos ribeirinhos. Podendo citar Dimas: “De modo franco, Machado concorda [1] TÁVORA, Franklin Távora. O Cabeleira. São Paulo, Editora Ática, 8ª ed. 2004. [2] VERÍSSIMO, José. Cenas da Vida Amazônica. São Paulo: Martins fontes, 2011.