Lídia Maria Prada Análise cinemática da marcha de amputados

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PROGRAMA DE APRIMORAMENTO
PROFISSIONAL
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS
FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO FUNDAP
Análise cinemática da marcha de amputados
transfemorais pré e pós a aplicação de um protocolo
de reabilitação
Lídia Maria Prada
Co-autora: Fernanda Simões dos Santos
Orientadora: Ana Regina de Souza Bavaresco Barros
RIBEIRÃO PRETO
2014
PROGRAMA DE APRIMORAMENTO
PROFISSIONAL
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS
FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO FUNDAP
Lídia Maria Prada
Análise cinemática da marcha de amputados
transfemorais pré e pós a aplicação de um protocolo
de reabilitação
Monografia apresentada ao Programa de
Aprimoramento
Profissional/CRH/SES-SP
e
FUNDAP, elaborada no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo – USP/ Departamento
de Ortopedia e Traumatologia.
Nome do Aprimoramento: Fisioterapia em
Ortopedia e Traumatologia.
Orientador(a): Ana Regina de Souza
Bavaresco Barros
Supervisor(a) Titular: Ana Regina de Souza
Bavaresco Barros
RIBEIRÃO PRETO
2014
2
Sumário
Resumo
4
Introdução
5
Objetivo
7
Materiais e Métodos
8
Análise de Dados
10
Orçamento
10
Riscos e Benefícios
11
Resultados
13
Discussão
16
Conclusão
20
Cronograma
21
Bibliografia
22
Anexo 1
25
Anexo 2
28
Anexo 3
30
Anexo 4
33
3
Resumo
Amputados apresentam alterações em sua marcha devido ao uso de uma
prótese, pois dependem de um membro artificial para o suporte de peso e mobilidade
na deambulação. Alguns fatores que levam a uma má adaptação a nova condição são
o mau ajuste à prótese, falta de força muscular, equilíbrio, dificuldade com a marcha
aumento do custo metabólico e alteração do controle sensorial devido à perda de uma
articulação normal. Como consequência eles apresentam uma velocidade da marcha
diminuída comparada a de indivíduos normais e seu padrão é caracterizado por flexão
lateral do tronco sobre a perna amputada. A análise da marcha é considerada padrão
ouro para saber as alterações cinéticas e cinemáticas de um indivíduo, pois traz
informações sobre a mecânica do sistema músculo-esquelético e através dela foram
avaliados os indivíduos amputados transfemorais pré e pós a aplicação de um
protocolo de reabilitação que visava a melhora da marcha dos mesmos e feita uma
média entre as curvas dos pacientes para a analise dos dados. Participaram do estudo
três pacientes amputados transfemurais à esquerda. Todos realizaram uma analise de
marcha pré e pós o protocolo de reabilitação, em que não foi vista melhora das curvas
que representam a pelve, quadril, joelho e tornozelo desses pacientes após o
protocolo. Eles apresentaram um aumento da velocidade da marcha comparando a
velocidade pré-tratamento que era de 0,39m/s e uma pós de 0,48m/s. A não melhora
estatística dos dados pode ser devido ao tipo de prótese que esses pacientes utilizam
que leva a falta de movimento para a articulação do joelho e tornozelo acarretando em
assimetrias no quadril desses pacientes, sendo que já foi visto em alguns estudos em
que próteses com micro processadores ou motorizadas nessas articulações
proporcionam a esses pacientes uma marcha próxima a normal. Outro fator é o
desequilíbrio muscular à que esses pacientes estão sujeitos, sendo necessário
trabalhar mais a musculatura do tronco para promover melhor eficiência aos
movimentos do quadril.
4
1. Introdução
A amputação do membro inferior pode ter como causas traumas, infecções,
neoplasias, diabetes, doenças vasculares periféricas, sendo que o diabetes é
responsável por metade das amputações não traumáticas (Machado, et al, 2012).
Amputados, por natureza, apresentam assimetrias em sua marcha devido ao uso de
uma prótese (Nolan et al, 2002), a qual, tem como objetivo reproduzir a função dos
sistemas humanos e em amputações de membros inferiores ela busca restaurar o
padrão de marcha, para que esta seja o mais estável e funcional possível
(Schaarschmidt et al, 2011)
A mobilidade é fundamental na qualidade de vida, e para um indivíduo amputado
transfemoral ela torna-se mais difícil, pois eles dependem de um membro artificial para
suporte de peso e mobilidade na deambulação, podendo levar a assimetrias durante a
marcha (Kaufman et al, 2011) o que traz ao individuo dificuldade para realizar suas
atividades de vida diária, acarretando em uma má qualidade de vida.
Alguns fatores que levam a uma má adaptação a nova condição são o mau ajuste à
prótese, falta de força muscular, equilíbrio, dificuldade com a marcha (Miller et al, 2011)
aumento do custo metabólico e alteração do controle sensorial devido a perda de uma
articulação normal. (Seroussi et al, 1996)
Aprender a andar com uma prótese é um desafio, pois o indivíduo amputado de
membro inferior além de perder uma parte de seu sistema motor, também tem o
sistema sensorial afetado. Há ausência das informações músculo-esqueléticas e da
epiderme, e devido a essa falta de informações a cinética e a cinemática ficam
alteradas, levando a uma dificuldade para caminhar (Lamoth et al, 2010).
Prinsen et al, 2011; comparando analises de marcha de amputados
transfemorais com indivíduos normais viu que ao nível do quadril a perna amputada
tinha uma tendência a realizar mais trabalho do que a perna não amputada. Eles
também adotam mecanismos de compensação devido à falta do impulso dado pelo
tornozelo antes da fase de balanço.
A fase de apoio é curta e a fase de balanço é maior no lado protetizado do
amputado transfemoral. A velocidade da marcha diminui comparada a de indivíduos
normais e o padrão da marcha é caracterizado por flexão lateral do tronco sobre a
5
perna amputada devido a uma fraqueza nos abdutores de quadril. Sem contar que a
ausência de flexão do joelho durante a absorção de choque e no apoio terminal
contribui para o aumento no consumo energético do amputado transfemoral comparado
a um individuo normal. (Sjödahl et al, 2002)
Para controlar a flexão súbita do joelho protético, a marcha tem sua velocidade
reduzida e a extensão do joelho é mantida por cerca de 40% da fase de apoio, e
apesar da seqüência de ativação muscular ser a mesma quando comparada com uma
marcha normal, ela torna-se mais longa. (Cerqueira et al, 2012)
Tem sido sugerido também que pessoas com amputação transfemoral apresentam
fraqueza dos músculos residuais do quadril, o que contribui para anormalidades na
marcha, sendo que um programa de exercícios visando o fortalecimento dessa
musculatura trouxe melhora na marcha desses pacientes. (Nolan et al, 2011)
A análise da marcha continua sendo padrão ouro para saber as alterações cinéticas
e cinemáticas de um indivíduo. (Toro et al, 2003) Ela traz informações sobre a
mecânica do sistema músculo-esquelético durante a execução de tarefas motoras,
trazendo informações sobre as articulações, as forças trocadas com o ambiente, as
cargas transmitidas através dos segmentos corporais ou por tecidos corporais
individuais (músculos, tendões, fáscias) e o trabalho muscular (Capozzo et al, 2005).
6
2. Objetivo
Como foi visto já se sabe na literatura que o amputado transfemoral tem uma
alteração na marcha, porém existem poucos estudos que falem sobre um protocolo de
exercícios que busque melhorar seu desempenho na marcha, tornando-a mais
funcional e independente. O objetivo do nosso estudo é, portanto, aplicar um protocolo
de exercícios visando à melhora da marcha desses pacientes, através da análise da
marcha pré e pós-intervenção fisioterapêutica.
7
3. Materiais e Métodos
3.1 Amostra
O estudo foi composto por 3 amputados transfemorais já protetizados que são
acompanhados e tratados no Centro de Reabilitação do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – CER –
HCFMRP – USP.
A participação será sujeita à assinatura do Termo de Consentimento livre e esclarecido
de acordo com as normas do Comitê de Ética em pesquisa com seres humanos do
HCFMRP – USP (ANEXO 1).
3.2 Critérios de Inclusão
- Idade igual ou acima de 18 anos;
- Em tratamento no Centro de Reabilitação do HCFMRP – USP;
- Capacidade de deambular 10 passos consecutivos.
3.3 Critérios de Não Inclusão
- Dificuldade para permanecer com fitas adesivas presas à pele para colocação das
marcações para captação das câmeras ou alergia aos componentes da fita adesiva
durante avaliação cinemática;
- Não assinatura do termo de consentimento pós-informação;
- Deformidades articulares e sensoriais associadas que impeçam a deambulação.
- Patologias que incapacitem o paciente à realização de exercício físico.
3.4 Critérios de Exclusão do Estudo
- Perda do seguimento;
- Alterações no registro dos dados que inviabilizem seu processamento;
- Não possibilidade de se submeter ao período de tratamento proposto;
- Complicações clínicas e/ou óbito.
8
3.5 Avaliação Física
O paciente foi submetido a uma avaliação física prévia e após à avaliação
cinemática da marcha, onde foram realizadas avaliações da amplitude de movimento
(ADM), força muscular e testes de flexibilidade dos principais grupos musculares
(ANEXO 2).
3.6 Avaliação Cinemática
Para a captação dos dados cinemáticos, o sistema de câmeras Qualisys ProReflex permitiu a reconstrução em três dimensões de marcadores passivos refletivos,
localizados em proeminências ósseas específicas. Para o presente estudo, foram
utilizadas seis câmeras com iluminação produzida por um grupo de diodos emissores
de luz infravermelha, localizados em volta da lente de cada uma das câmeras. Os
marcadores passivos, aderidos à pele, refletem a luz infravermelha, que é então
captada pela lente das câmeras. Os dados captados foram processados pelo software
de aquisição QualisysTrack Manager 1.6.0.x – QTM. A partir da triangulação das
posições dos marcadores, obtidos pelas seis câmeras, com as coordenadas de cada
um foi realizada uma calibração do sistema de captura de imagens conforme as
instruções do manual do fabricante (QualisysTrack Manager User Manual, Suécia,
v.2006).
Erros de desvio padrão menores de 10 mm foram permitidos e a frequência de
captação dos dados foi de 120 Hz. Os tipos de marcadores utilizados e o procedimento
dos testes cinemáticos estão descritos no Anexo 3.
3.7 Definições das séries de coletas cinemáticas
Os pacientes foram submetidos a duas coletas cinemáticas para avaliação do
padrão de marcha, sendo uma pré e outra pós-aplicação do protocolo de reabilitação.
3.8 Protocolo de Reabilitação
Foi proposto um protocolo de reabilitação após a realização da avaliação
cinemática inicial da marcha, onde os voluntários foram submetidos a 24 sessões de
tratamento. Este protocolo teve como foco a reabilitação das musculaturas
9
estabilizadoras dos quadris, pelve e tronco, buscando a melhora do padrão de marcha
e funcionalidade dos pacientes amputados transfemorais protetizados (ANEXO 4).
Durante a realização do protocolo de tratamento houve o controle de parâmetros
vasculares como freqüência cardíaca e pressão arterial, para que os mesmos não
ultrapassassem os valores estipulados para a idade e gênero dos voluntários.
3.9 Variáveis independentes e dependentes
Dados temporais e espaciais: velocidade da passada e cadência foram
averiguadas nas séries de coleta cinemática. Dados angulares do posicionamento da
pelve, quadril, joelho e tornozelo durante as fases da marcha também foram
analisados, de acordo com os movimentos do membro inferior nos planos frontal e
sagital, pelo registro cinemático da marcha.
4. Análise dos Dados
O posicionamento das articulações durante a marcha foi analisado qualitativamente
levando-se em conta os gráficos gerados pelo software de análise, que correspondiam
a inclinação pélvica, obliquidade pélvica, flexão e extensão de quadril, flexão e
extensão de joelho e dorsiflexão e flexão plantar do tornozelo, comparando a média
das curvas dos pacientes pré e após o protocolo de reabilitação com a curva de
normalidade para a marcha.
5. Orçamento Financeiro
Todos os equipamentos e materiais utilizados para o projeto intitulado “Análise
cinemática da marcha de amputados transfemurais pré e pós aplicação de um
protocolo de reabilitação”, já existem e são disponibilizados pelo Centro de Reabilitação
(CER) da Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto- SP. Estes equipamentos e exames
já são usados com estes pacientes quando necessário. O objetivo do projeto foi utilizar
estes dados para pesquisa e poder aprimorar o atendimento destes pacientes com um
melhor protocolo de atendimento.
10
Materiais Necessários
Valor (R$)
Fornecimento
Análise do Movimento
215,00
Valor do exame
Tablado
750,00
Disponível na Centro de Reabilitação
(CER)do Hospital das Clínicas –
FMRP-sp
Esteira Ergométrica
5.200,00
Disponível na Centro de Reabilitação
(CER)do Hospital das Clínicas –
FMRP-sp
Barra Paralela
1.914,00
Disponível na Centro de Reabilitação
(CER)do Hospital das Clínicas –
FMRP-sp
Os resultados obtidos foram destinados apenas como benefício clínico e funcional
ao paciente, tão quanto à origem e publicação de material científico para a área de
estudo em questão.
A pesquisadora não teve qualquer remuneração provinda deste projeto de
pesquisa, já que a mesma foi aluna e bolsista do Programa de Aprimoramento em
Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia deste hospital, recebendo bolsa para este
fim, sendo este projeto necessário à formação e obtenção de título de aprimoramento à
mesma.
Os sujeitos/voluntários da pesquisa não sofreram qualquer gasto para participar de
tal pesquisa, sendo que são pacientes em tratamento no Centro de Reabilitação, não
necessitando dispender de tempo ou recurso financeiro para a participação neste
projeto.
6. Riscos e Benefícios
A pesquisa em questão apresentava riscos de desequilíbrio no treino de marcha,
mas foram tomadas precauções como ter um profissional sempre próximo ao paciente
em seu treinamento. Uma vez verificado algum tipo de risco maior, esse paciente era
excluído da amostra estudada.
11
Quanto aos benefícios, esses pacientes foram favorecidos com a melhora do
padrão de marcha após aplicação de protocolo específico, trazendo maior
independência no uso da prótese, e, evitando complicações e/ou lesões por esforços
repetitivos decorrentes de uma deambulação alterada.
A análise cinemática da marcha também trouxe como beneficio a definição mais
específica da fase ou parte integrante do processo da marcha que estava alterada, o
que proporcionou uma melhora da intervenção terapêutica.
12
7. Resultados
Participaram do estudo três pacientes amputados, todos tendo como membro
acometido o membro inferior esquerdo. As etiologias das amputações foram tumor
ósseo, trauma e diabetes mellitus. As idades dos pacientes eram 22, 55 e 61 anos.
O tempo de uso da prótese era inferior a seis meses e todos participaram de uma
avaliação fisioterapêutica e cinemática pré e pós-protocolo de reabilitação. A análise
cinemática forneceu dados referentes a inclinação pélvica, obliquidade pélvica, flexão e
extensão do quadril, flexão e extensão do joelho e dorsiflexão e flexão plantar do
membro protetizado desses pacientes. As curvas apresentadas mostram a média préprotocolo de reabilitação, que é representada pela linha azul, e pós-protocolo, que é
representada pela linha vermelha e a curva de normalidade, em cor verde, baseada em
indivíduos sem alterações na marcha.
A inclinação pélvica dos pacientes tratados
com o protocolo de reabilitação apresentou uma
melhora muito pequena, quase se mantendo
próxima da curva pré-tratamento e ainda muito
distante
Figura 1: Inclinação pélvica do paciente
durante o ciclo da marcha. Azul: pré-protocolo,
Vermelho: pós-protocolo, verde: curva normal.
da
curva
de
indivíduos
normais,
mostrando que esses pacientes possivelmente
mantem sua pelve em anteversão durante todo o
ciclo da marcha.
Avaliando a marcha no plano frontal, pela
obliquidade pélvica, pode ser observada uma
total inversão das curvas para a fase de apoio e
balanço quando comparadas com a normal e
que
Figura 2: Obliquidade pélvica do paciente
durante o ciclo da marcha. Azul: pré-protocolo,
Vermelho: pós-protocolo, verde: curva normal.
após
a
aplicação
do
protocolo
de
reabilitação esses pacientes apresentaram uma
piora desse parametro na fase de balanço.
13
Houve uma melhora do padrão de flexão de
quadril (Figura 3), observa-se na curva pós
protocolo que o início do momento de flexão do
quadril, comparado a curva anterior, apresentou
melhora do padrão, mas ainda mantem-se em
flexão excessiva em toda fase de apoio da
Figura 3: Flexão e extensão de quadril
durante o ciclo da marcha. Azul: pré-protocolo,
Vermelho: pós-protocolo, verde: curva normal.
marcha, não realizando a extensão de quadril
esperada para essa fase do ciclo da marcha.
A flexão de joelho não apresentou melhora em seu padrão, como já visto em
estudos, em que o uso de uma prótese com joelho
mecânica passiva pode dificultar a melhora do
padrão de flexão do joelho desses individuos na
marcha (Kaufmann et al, 2007; Johansson et al,
2005; Simon et al, 2013), o que é o caso dos
Figura 4: Flexão e extensão de joelho durante
o ciclo da marcha. Azul: pré-protocolo,
Vermelho: pós-protocolo, verde: curva normal.
pacientes
tratados
nesse
protocolo
de
reabilitação.
O tornozelo manteve uma curva sem
alterações, apresentando-se constante por todo o
ciclo da marcha, esse resultado pode ser devido à
presença de um tornozelo rígido na prótese
desses pacientes e que, portanto não possui
Figura 5: Dorsiflexão e flexão plantar do tornozelo
durante o ciclo da marcha. Azul: pré-protocolo,
Vermelho: pós-protocolo, verde: curva normal.
mobilidade nenhuma para realizar dorsiflexão ou
flexão plantar durante as fases da marcha.
A fase de apoio desses pacientes na reavaliação após a aplicação do protocolo
de reabilitação apresenta-se diminuída em relação ao pré-tratamento como pode ser
visto nas linhas verticais traçadas nas curvas, o que demonstra que houve uma
diminuição da fase de apoio pós tratamento com aumento da fase de balanço, isso
pode estar relacionado com o aumento da velocidade que esses pacientes tiveram
14
após a reabilitação, apresentando uma média da velocidade pré-tratamento de 0,39m/s
e uma pós de 0,48m/s.
15
8. Discussão
Na maioria dos amputados transfemurais a flexão de joelho é negativa ou está
ausente durante o ciclo da marcha (Sagawa et al, 2011). Sanderson et al, 1997,
mostrou em seu estudo que amputados transfemurais se submetem a adaptações na
pelve devido a sua inabilidade de fletir seu joelho protético durante a fase de apoio
terminal da marcha, Jaegers et al 1995, viu que pacientes com amputação transfemural
apresentam um maior movimento da pelve no plano sagital, pois realizam uma flexão
maior na fase de balanço que individuos normais, buscando possivelmente garantir
uma extensão de joelho ao realizar o toque de calcanhar na fase de apoio.
Muitos musculos estão envolvidos na flexão do quadril e restritos na extensão,
sendo que o iliopsoas é o único flexor primário do quadril que se mantem intacto após
uma amputação transfemural. O iliopsoas também vem sendo associado com o
aumento da lordose lombar, pois seu encurtamento associado a uma musculatura
isquiotibial deficitária aumenta a lordose lombar e consequentemente a inclinação
pélvica favorecendo, portanto, um desequilíbrio muscular que poderia ocorrer entre os
extensores de coluna, musculatura abdominal e isquiotibiais. Um aumento da
inclinação pélvica pode levar os extensores de coluna a ficarem posicionados de
maneira encurtada, resultando em um aumento da lordose lombar. A musculatura
abdominal em um posicionamento alongado reduz o seu potencial de força e os
isquiotibiais, que foram desinseridos e reinseridos, estão atrofiados e incapazes de
neutralizar os extensores de coluna para manter a pelve em uma posição neutra.
(Gaunaurd et al, 2011).
Os dados demonstram a grande inabilidade desses pacientes em realizar a
flexão de joelho do membro protetizado. Tal fato pode estar acarretando as alterações
encontradas em relação a inclinação da pelve, sua rotação e obliquidade e sendo
agravados pelas alterações musculares a que um amputado transfemural está sujeito
devido ao seu nível anatômico de amputação que pode levar a um desequilíbrio
muscucular, gerando então as alterações na marcha encontradas quando comparado a
um inviduo com marcha normal.
16
Devido a amputação, as informações que eram fornecidas pelo sistema
musculo-esquelético e receptores da pele estão ausentes, o que leva a uma alteração
na cinética e cinemática e consequentemente na forma de deambular de amputados
transfemurais. (Lamoth et al, 2010) O tempo de contato da perna amputada é menor do
que a da perna não amputada, o que reflete a falta do controle sensório motor. Isso se
explica como uma compensação devido a falta de precisão da perna amputada, pois o
movimento do tornozelo, o qual controla o equilíbrio durante a marcha, está ausente.
(Schaarschmidt et al, 2012)
O tornozelo protético quando comparado com um tornozelo de um individuo
normal realiza apenas 20% do trabalho no momento de retirada do pé do chão, sendo
que os flexores plantares são os principais musculos ativos nesse momento (Seroussi
et al, 1996).
A flexão plantar na fase de apoio precoce quantifica a capacidade do pé
protético de andar no solo, sendo que ao permitir maior contato com o chão, mais
estabilidade é alcançada durante a fase de apoio. Esse parâmetro apresenta bastante
alteração dependendo do modelo do pé protético. Outro fator alterado no pé protético é
a dorsiflexão, pois o pé protético apresenta menor mobilidade no tornozelo durante a
fase de apoio do que em indivíduos normais. Foi visto que pés dinâmicos apresentam
uma melhor absorção de carga na fase de apoio, o que aumenta o momento de
dorsiflexão e melhora o desempenho desses pacientes para deambular, aproximandoos da marcha de indivíduos normais (Sagawa et al, 2011).
Estudos comparativos entre pacientes em uso de prótese mecânica passiva e
uma prótese com joelho controlado por um microprocessador ou motorizado mostraram
que a marcha destes inidividuos apresenta-se mais próxima da normal do que aqueles
que utilizam uma prótese com joelho passivo, como visto por (Kaufmann et al, 2007;
Johansson et al, 2005; Simon et al, 2013).
A análise da marcha de amputados apresenta diversas dificuldades, pois sua
população é muito diversa. As amputações apresentam diversas causas e são em
diferentes níveis anatomicos. Acometem pessoas com diferentes expectativas e
17
situações funcionais. Isso pode ser exemplificado comparando o amputado por uma
doença vascular, que muitas vezes deseja apenas funcionalidade para o auto-cuido e
independencia para uma marcha comunitária, ao passo que o jovem amputado por um
trauma pode apresentar o objetivo de participação no esporte (Czerniecki et al, 1996).
Os amputados tratados nesse protocolo de reabilitação apresentavam diferentes
idades, tipos de causa de amputação, tamanho do coto e consequentemente diferentes
objetivos funcionais, o que pode ser um fator limitante para observar alguma melhora
nos padrões das curvas de marcha desses pacientes, já que se tratava de uma
amostra heterogenea.
Os resultdos obtidos não apresentaram alterações estatísticas relevantes e as
limitações encontradas para isso são o número reduzido da amostra e o fato de os
amputados transfemurais ainda estarem em fase de adaptação com a protese, já que
tinham menos de seis meses de uso da mesma. Esses pacientes podem apresentar
déficits dos músculos estabilizadores de tronco que auxiliam na estabilização da pelve
durante a marcha, o que pode gerar alterações que precisam de uma avaliação padrão
ouro, como o dinamômetro isocinético, para definir quais eram os múscucos mais
defictários e assim traçar uma conduta que melhor favorecesse o fortalecimento dessa
musculatura. A prótese desses pacientes também apresenta limitações por ser uma
prótese com um joelho mecânico e um pé rígido, o que dificulta a melhora dos
parametros avaliados pelas curvas na analise cinemática, e alguns estudos já mostram
que joelhos e tornozelos motorizados ou controlados por micro-processadores estão
disponiveis no mercado e aproximam a marcha desses pacientes a de um individuo
normal por melhorarem o desempenho da flexão de joelho e do tornozelo, auxiliando
na melhora do movimento do quadril desse paciente durante a marcha, criando
menores compensações.
18
9. Conclusão
O presente estudo tinha como objetivo o uso de um protocolo de reabilitação
criado dentro do Centro de Reabilitação do Hospital das Clínicas, através da clínica e
rotina dos pacientes encontrados no setor, que visava a melhora da marcha de
amputados transfemurais recem protetizados através do fortalecimento muscular e
treinos funcionais. Os pacientes, clinicamente, apresentaram melhora da sua marcha,
pois no inicio eram dependentes de dispositivos auxiliares para deambular e no término
já tinham marcha independente, apresentaram também melhora na velocidade da
marcha, mas mantem padrões alterados na análise cinemática, os quais precisam ser
corrigidos para evitar que esses pacientes apresentem alguma sobrecarga futura que
acarrete dor e perda de funcionalidade, como por exemplo dor lombar. Como as
próteses fornecidas aos pacientes do estudo não apresentam vantagens mecânicas,
será aprimorado o protocolo de reabilitação com exercícios que trabalhem mais a
estabilidade do tronco, já que nesse estudo foi enfatizada mais a musculatura do
quadril e a funcionalidade desse paciente, visando futuramente uma melhora da
marcha dos mesmos, com maior estabilidade e menores compensações sendo
realizada a análise de força com uso do dinamômetro isocinético, para ter-se valores
fidedignos quanto aos défcitis de força muscular que esse paciente apresenta e assim
corrigi-los.
19
10. Cronograma
2013
Atividades/ Ano
ABR
MAI
Levantamento
bibliográfico
X
X
Montagem do
projeto
X
X
Processo de
aprovação no
CEP
Estudo piloto
Coleta dos
dados
JUN
JUL
X
X
AGO
2014
SET
OUT
NOV
DEZ
X
X
X
JAN
FEV
MAR
X
X
X
X
Análise dos
dados
X
Redação do
artigo
X
Elaboração do
relatório final
X
20
Bibliografia
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22
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Toro B; Nester C. J.; Farren PC The status of gait assessment among
physiotherapists in the United Kingdom. Arch Phys Med Rehabil 2003 84:187884.
23
Anexo 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado para participar da pesquisa “Análise
cinemática da marcha em pacientes amputados transfemorais pré e pósaplicação de um protocolo de reabilitação”. Você foi selecionado para pesquisa
através de contato prévio com o Centro de Reabilitação do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e sua participação na
pesquisa é gratuita e não obrigatória.
Os objetivos deste estudo são avaliar e reavaliar pacientes amputados
antes e após a aplicação de um protocolo de reabilitação. A avaliação constará
de um teste de marcha (andar) em um laboratório exclusivo para tal, e o
protocolo buscará a reabilitação e melhora de seu caminhar com o uso de sua
prótese.
Esse estudo se justifica na ausência de material científico que dispõem
de protocolos para a reabilitação de amputados e de pouca documentação de
análise de movimento de seu caminhar.
Você será submetido a uma avaliação fisioterapêutica em que serão
medidas as possíveis limitações físicas do coto e do membro inferior não
acometido. Nesta avaliação serão realizadas medidas do movimento de suas
articulações, testes de força muscular, medida da circunferência do coto e de
possíveis limitações de sua musculatura.
Ainda haverá o questionamento
sobre a história da doença e/ou trauma que levou a amputação.
Também haverá uma avaliação de seu caminhar. Que consiste em
andar por uma pista de borracha em uma velocidade confortável. O número de
voltas será definido pelo seu cansaço. Se houver insegurança na travessia, um
examinador caminhará ao seu lado, sem oferecer, no entanto, qualquer ajuda.
Após as avaliações iniciais, você será submetido a um protocolo de
reabilitação, que consta de 24 sessões de fisioterapia. Nessas sessões serão
realizados exercícios físicos na esteira, exercícios de fortalecimento da
24
musculatura necessária para andar, exercícios funcionais que simulem
situações do dia-a-dia e exercícios de equilíbrio.
Ao fazer exercícios você estará sujeito a riscos ligados à sua realização,
como: tontura, visão embaralhada, náuseas, dor, cansaço e respostas
inadequadas de pressão arterial e freqüência cardíaca. Mas, serão tomadas
precauções para evitar possíveis riscos.
Você será orientado a comunicar aos avaliadores (fisioterapeutas) sobre
os sintomas acima mencionados que venha a apresentar, para que
providências adequadas sejam tomadas, bem como a parada do tratamento,
caso necessário. Na presença de qualquer problema, você será encaminhado
para acompanhamento médico especializado. Seus batimentos cardíacos e
sua pressão arterial serão monitoradas durante o protocolo, e caso você
apresente
respostas inadequadas,
as atividades
serão
imediatamente
suspensas. Todos estes fatores diminuem seus possíveis riscos durante a
participação no estudo. Em relação aos benefícios do referido projeto, você
será submetido à avaliação específica de seu caminhar, que identificará as
possíveis alterações ocorridas pela amputação e terá um tratamento
fisioterapêutico para sua melhora.
Todos os esclarecimentos necessários, antes e durante a execução dos
exercícios são oferecidos e garantidos pelos fisioterapeutas responsáveis pela
pesquisa. A qualquer momento, você pode desistir de participar e retirar o seu
consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o
pesquisador ou com a instituição.
A participação desta pesquisa não exclui de forma alguma o seu
acompanhamento no Centro de Reabilitação, seu tratamento e retornos
permanecem inalterados.
As
informações
obtidas
nessa
pesquisa
serão
confidenciais
e
asseguramos o sigilo sobre sua participação. Todas as informações obtidas
durante as avaliações e execução do protocolo não poderão ser consultadas
por pessoas não envolvidas nesta pesquisa sem sua autorização por escrito,
mas poderão ser utilizadas para fins estatísticos ou científicos, sempre
25
protegendo a sua privacidade. Esta pesquisa não prevê nenhuma remuneração
e/ou gastos, pois será realizada nos dias e horários de tratamento fisioterápico
já realizado prévio ao estudo.
Você terá direito à indenização, conforme as leis vigentes no país, caso
ocorra qualquer dano decorrente da participação na pesquisa. Você receberá
uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço dos pesquisadores
envolvidos, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto ou sua participação,
agora ou a qualquer momento. Você também pode entrar em contato com o
Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (36022228) em caso de dúvidas, recurso ou reclamações.
O pesquisador me informou que o projeto foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto, eu entendi os objetivos, riscos e benefícios da
minha participação na pesquisa e concordo em participar.
Nome (participante):______________________________________________
Assinatura (participante)___________________________________________
Ribeirão Preto, _____________________________de 20_______
Nome (pesquisador):______________________________________________
Assinatura (pesquisador):___________________________________________
Ribeirão Preto, _____________________________de 20_______
Lídia Maria Prada (16-988077220) e Ana Regina de Souza Bavaresco Barros
(16-34214899)
[email protected] e [email protected]
End: Avenida Bandeirantes, 3900, Campus Universitário, Monte Alegre–
Ribeirão Preto –SP – Brasil- Telefone: (16) 3602-1800
26
Anexo 2
FICHA DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPIA EM ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
PROJETO AMPUTADOS
DATA: ___/___/___
HD:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________
PROFISSÃO:
MOTIVO DA LESÃO (HMA):
DATA DA LESÃO:
CIRURGIA:
DATA DA CIRURGIA:
QP:
ANTECEDENTES PESSOAIS:
INSPEÇÃO (QUADRIL):
Edema ( )
Hematoma ( )
Cicatriz ( )
Hipotrofia ( )
Hipertrofia ( )
Alteração tônus ( )
Retroversão pélvica ( )
Alteração da marcha ( )
Anteversão pélvica ( )
Inclinação do quadril ( )
GONIOMETRIA E FORÇA MUSCULAR:
Quadril
ADM (A/P)
D
FM
E
D
E
Extensão
Flexão
Abdução
Adução
Rotação Externa
Rotação Interna
27
TESTES ESPECIAIS:
Teste de Thomas:
Teste de Ober:
Teste de Trendelemburg:
OUTROS:
Comprimento do coto:
Perimetria do coto:
TUG:
Presença de neuroma:
Presença de sensação fantasma:
Alterações de sensibilidade:
OBS:
28
Anexo 3
Sistema de câmeras de infravermelho – Laboratório de Análise do
Movimento – LAM – CER– RP
O Laboratório de Análise do Movimento (LAM) do Centro de Reabilitação do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo – HCFMRP-USP conta com um sistema de seis
câmeras de emissão infravermelha da marca Qualisys Pro-Reflex- MCU 240 ®
(QUALISYS MEDICAL AB, 411 12 Gothenburg, Suécia) para captura do
movimento do corpo a partir da colocação de marcadores refletivos na pele.
Tipos de marcadores utilizados e procedimento dos testes cinemáticos.
Para a captura do movimento, necessitará definir o tamanho e a posição de
cada segmento. Para isso, o sistema faz uso de dois tipos de marcadores: os
marcadores dereferência ou anatômicos e os marcadores de rastreamento. Os
marcadores de referência são necessários para a construção do modelo
biomecânico a partir da identificação do comprimento dos segmentos, a
localização dos eixos articulares. Desta forma, é atribuído ao modelo um
sistema de coordenadas para cada segmento, de maneira coerente com a
definição de planos e eixos anatômicos. Os marcadores de referência são
esféricos, com 15 mm de diâmetro. Os segmentos construídos serão pelve,
coxa, perna e pé. As referências anatômicas para a colocação dos marcadores
foram detectadas por meio de palpação e incluíram os seguintes pontos: crista
ilíaca direita e esquerda, espinhas ilíacas ântero-superiores, ponto médio do
sacro entre as espinhas ilíacas póstero-superiores, epicôndilos laterais
femorais, maléolos laterais, tuberosidade dos calcâneos e ponto médio entre II
e III metatarsos.
Os marcadores de rastreamento têm como objetivo rastrear a trajetória de cada
segmento durante o movimento por meio de no mínimo três marcadores por
segmento, posicionados de forma não-colinear. Nos segmentos coxa, perna e
pé serão usados clusters rígidos para afixar os marcadores de rastreamento. O
cluster do segmento coxa, contendo quatro marcadores será fixado por meio
de faixa elástica no terço médio da coxa, anteriormente. O cluster da perna,
também com quatro marcadores, será fixado também por faixa elástica, no
29
terço médio da face lateral da perna. No complexo tornozelo-pé, um cluster
com três marcadores será fixado na face superior e lateral do pé. Marcadores
fixados lateralmente no ponto médio de coxa e perna também serão utilizados
como marcas técnicas. O modelo de fixação dos marcadores será baseado
segundo Collins et al. (2009).
Para a coleta dos dados cinemáticos, os participantes usarão roupas de banho,
permitindo a visualização do membro inferior. A colocação dos marcadores e
clusters será realizada pelo mesmo examinador, para diminuir a variabilidade
da localização destes entre os participantes.
Primeiramente, será obtida a posição de referência, necessária para a
identificação dos segmentos pelo sistema. Para isso, os participantes serão
instruídos a permanecer em posição ortostática, com os pés alinhados, no
centro da passarela. A captação desse dado será realizada por cinco
segundos. Após esta coleta, os marcadores de referência serão retirados,
permanecendo apenas os marcadores de rastreamento. Em seguida, os
participantes serão instruídos a caminharem descalços, em uma velocidade
confortável, ao longo da passarela emborrachada. Antes de ser iniciada a
coleta, o paciente realizará várias caminhadas para familiarização com o teste.
O pesquisador então dará o comando verbal “pode ir” ao mesmo tempo em que
acionará o computador do Qualisys. Como o sistema é integrado, o
acionamento do computador disparará a coleta das câmeras de infravermelho.
Cada participante deambulará pelo menos cinco vezes em toda a extensão da
passarela, realizando entre oito e 12 passadas em cada volta, de acordo com o
tamanho do seu passo.
O número de voltas será definido pelo estado do voluntário. Aqueles que não
demonstrarem qualquer sinal de cansaço completarão 10 voltas. Se algum
indivíduo demonstrar insegurança na travessia, um examinador caminhará ao
seu lado, sem oferecer, no entanto, qualquer ajuda física.
Após cada volta, sempre no mesmo sentido, a qualidade dos dados será
verificada e os mesmos armazenados para posterior análise.
30
Definição dos ângulos estudados
O ângulo da pelve será computado usando como referência as coordenadas
globais do laboratório. Os ângulos do quadril e joelho serão obtidos usando-se
como segmento referência a pelve e a coxa, respectivamente.
Para o ângulo do tornozelo será primeiramente construído um segmento do pé
denominado segmento virtual. O objetivo do segmento virtual do pé é alinhar o
pé com o segmento perna, de forma que os dois segmentos tenham a mesma
orientação na posição de referência com zero graus de rotação. O ângulo do
tornozelo será computado usando como segmento o pé virtual e como
segmento referência a perna. Em seguida, será aplicado um filtro passa baixa
de quarta ordem, com a frequência de corte estabelecida em 6 HZ às
trajetórias dos marcadores, para diminuir possíveis artefatos.
Processamento dos dados:
Os dados captados pelo software QTM serão transferidos para o software
Visual3D® (2007) para a construção do modelo biomecânico dos segmentos
corporais com base na posição das marcas de referência capturada durante a
coleta estática e a aplicação desse modelo nos arquivos dinâmicos.
Os ângulos articulares serão calculados usando-se a sequência de Cardan43
definida como a orientação do sistema de coordenadas de um segmento
relativo ao sistema de coordenadas do segmento de referência. Para a
normalização dos ângulos, o software calculará a orientação relativa do
segmento e do segmento de referência em relação à posição de referência
(coleta estática) e aplicará essa orientação relativa dos dois segmentos nas
coletas dinâmicas.
31
Anexo 4
Programa de exercícios para amputados transfemorais
1ª fase (1ª a 6ª sessões)
- Aquecimento (velocidade de 1,2 km/h):
- Esteira sem inclinação – marcha anterior – 2,5 minutos
- Exercícios de “desconstrução da marcha” (velocidade de 1,2 km/h):
- Esteira com inclinação mínima (2): marcha anterior, marcha posterior e
lateral D e E – 2,5 minutos cada.
- Treinamento para ganho de força:
- SLR flexão (ativo-livre 3 séries de 20 repetições);
- SLR abdução com rotação externa (ativo-livre 3 séries de 20
repetições);
- SLR adução (ativo-livre 3 séries de 20 repetições);
- Ponte dorsal (ativo-livre 3 séries de 20 repetições);
- Flexo-Extensão de quadril (com quadril abduzido) em DL (ativo-livre 3
séries de 20 repetições);
- Treinamento funcional:
- Sentar e levantar de cadeira alta (3 séries de 10 repetições);
- Marcha lateral (3 séries de 10 repetições).
-Treinamento de equilíbrio:
- Apoio Unipodal ;
- Caminhada em cama elástica (por 3 minutos).
32
2ª fase (7ª a 12ª sessões)
- Aquecimento (velocidade de 1,6 km/h):
- Esteira sem inclinação – marcha anterior – 3 minutos
- Exercícios de “desconstrução da marcha” (velocidade 1,4 km/h):
- Esteira com inclinação mínima (3): marcha anterior, marcha posterior e
lateral D e E – 2,5 minutos cada.
- Treinamento para ganho de força:
- SLR flexão (30% de 10 RM 3 séries de 20 repetições);
- SLR abdução com rotação externa (30% de 10 RM 3 séries de 20
repetições);
- SLR adução (30% de 10 RM 3 séries de 20 repetições);
- Ponte dorsal (30% de 10 RM 3 séries de 20 repetições);
- Exercício de estabilização (ponte unipodal com bola suíça 3 séries de
10 repetições)
- Agachamento com abdução (theraband) (ativo-livre 3 séries de 20
repetições);
- Treinamento funcional:
- Sentar e levantar de cadeira baixa (3 séries de 10 repetições);
- Marcha lateral com resistência elástica (3 séries de 10 repetições).
- Subida e descida de step (10 repetições)
- Circuito com colchonetes e passagem de dois obstáculos (rolos
pequenos). (10 repetições)
-Treinamento de equilíbrio:
- Apoio Unipodal com olhos abertos;
33
- Balancinho bipodal (3 séries de 30 segundos).
3ª fase (13ª a 18ª sessões)
- Aquecimento (velocidade de 1,8 km/h):
- Esteira sem inclinação – marcha anterior – 5 minutos
- Exercícios de “desconstrução da marcha” (velocidade de 1,4 km/h):
- Esteira com inclinação média (6): marcha anterior, marcha posterior e
lateral D e E – 2,5 minutos cada.
- Treinamento para ganho de força:
- SLR flexão (50% de 10 RM 3 séries de 12 repetições);
- SLR abdução com rotação externa (50% de 10 RM 3 séries de 12
repetições);
-Agachamento bipodal com theraband de maior resistência (cinza) para
abdução (3 séries de 12 repetições);
- Ponte dorsal (50% de 10 RM 3 séries de 12 repetições);
- Exercício de estabilização (ponte unipodal com bola suíça 3 séries de
10 repetições)
- Elevação de pelve lateral com membro contralateral apoiado em
degrau (ativo-livre 3 séries de 20 repetições);
- Agachamento a fundo (ativo-livre 3 séries de 10 repetições).
- Treinamento funcional:
- Sentar e levantar de cadeira baixa (3 séries de 10 repetições);
- Marcha lateral com resistência elástica (3 séries de 10 repetições);
- Subida e descida de escadas (10 repetições).
34
-Treinamento de equilíbrio:
- Apoio Unipodal com olhos abertos;
- Balancinho bipodal olhos fechados (3 séries de 30 segundos).
4ª fase (19ª a 24ª sessões)
- Aquecimento (velocidade de 2 km/h):
- Esteira sem inclinação – marcha anterior – 5 minutos
- Exercícios de “desconstrução da marcha” (velocidade de 1,6 km/h):
- Esteira com inclinação máxima: marcha anterior, marcha posterior e
lateral D e E – 2,5 minutos cada.
- Treinamento para ganho de força:
- SLR flexão (70% de 10 RM 3 séries de 8 repetições);
- SLR abdução com rotação externa (70% de 10 RM 3 séries de 8
repetições);
- Ponte dorsal (70% de 10 RM 3 séries de 8 repetições);
- Exercício de estabilização de tronco (“perdigueiro”-quadrupedia) (ativolivre 3 séries de 10 repetições);
- Elevação de pelve lateral com membro contralateral apoiado em
degrau (30% de 10 RM 3 séries de 20 repetições);
- Agachamento a fundo (30 % de 10 RM 3 séries de 10 repetições).
- Treinamento funcional:
- Marcha lateral com resistência elástica (theraband cinza) de maior
intensidade (3 séries de 10 repetições);
- Subida e descida de escadas equilibrando bola em bandeja (10
repetições).
35
-Treinamento de equilíbrio:
- Balancinho Unipodal;
- Marcha Tanden (10 repetições).
36
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