Palestra o Sol para a Olimpíada de Ciências Dra. Silvia Calbo Aroca 1. Para que estudar o Sol ? Por ser nossa principal fonte de luz e calor. Por ser a estrela mais próxima da Terra, podemos estudar fenômenos interessantes com pequenos telescópios. É também um laboratório para se estudar fenômenos de alta energia, difíceis de serem replicados da Terra, como a fusão nuclear. O Sol está conectado com o clima terrestre. O Sol governa as condições dentro do Sistema Solar, devido entre outros motivos, a sua descarga de partículas energéticas e carregadas, o denominado vento solar. 2. Características do Sol É o maior corpo do Sistema Solar, sendo que em seu diâmetro cabem cerca de 111 Terras alinhados. Ocupa mais de 98 % da massa do Sistema Solar. É composto por gases tendo uma temperatura média em sua superfície de cerca de 6000 graus Celsius e em seu interior a temperatura chega a aproximadamente 1 500 000 graus Celsius. 3. Como o Sol produz sua energia ? Esta é uma questão que vem sendo feita há séculos atrás. No passado, muitas hipóteses foram propostas para explicar sua natureza, pois não se conhecia a fonte de energia do Sol. No século XIX, houve algumas tentativas de explicar a energia produzida pelo Sol por combustão de oxigênio e hidrogênio. Sabendo a massa do Sol e a taxa de produção de calor por combustão, o Sol teria somente 3000 anos. Mesmo então, já eram conhecidas pinturas rupestres mais antigas que 3000 anos, portanto foi estranho ter um Sol tão jovem. Na metade do mesmo século XIX, Hermann von Helmholtz (1821-1894) e Lord Kelvin (1824-1907) propuseram que o Sol brilhava ao liberar energia gravitacional, reduzindo seu diâmetro. A contração gravitacional converteria parte da energia em calor e a outra parte em luz. Segundo os cálculos de Helmholtz e Kelvin, uma contração de 20 m/ano liberaria a energia necessária para o Sol brilhar por aproximadamente 50 milhões de anos. Devido ao desconhecimento do tempo geológico no século XIX, isto parecia um longo tempo de vida para nossa estrela. Mas, no século XX ficou claro por datação de fósseis e registros geológicos, que a Terra existiu por pelo menos algumas centenas de milhões de anos. Foi bastante constrangedor para a comunidade científica ter um Sol mais jovem do que a própria Terra. Para resolver este problema, James Jeans (1877-1946) propôs na década de vinte do século passado, que a radioatividade seria uma possível solução. Hoje sabemos que esta hipótese é incorreta, mas serviu de guia para os cientistas repensarem a fonte de energia solar como sendo oriunda de transformações de núcleos atômicos 4. O que seria responsável pela produção de energia no Sol ? No final da década de 1930, Hans Bethe (1906-2005) propôs que a fonte de energia solar seria a fusão de prótons em núcleos de carbono, mas hoje se sabe que a principal fonte de energia solar é a fusão de prótons em núcleos de hélio. Bethe calculou a taxa de produção de energia associada ao processo proposto e descobriu que depende fortemente da temperatura, pois com o aumento da temperatura há também um aumento no número de núcleos atômicos colidindo entre si. Estimou também, que a temperatura no núcleo solar seria de 40 milhões de graus C, um valor aceitável, se a produção de energia solar fosse mesmo a partir de carbono. Mas, conforme os estudos avançaram foi calculado que a produção de energia pelo carbono resultaria em uma luminosidade solar bem superior à observada. Cálculos demonstraram que incluindo uma pequena porcentagem de hélio no interior solar diminuiria a temperatura e com isto, a energia produzida pela fusão de carbono. A partir de 1950, o modelo teórico de produção de energia solar, passou a considerar aproximadamente 65% de hidrogênio, 30% de hélio e 5% de elementos mais pesados que o hidrogênio e o hélio, resultando numa temperatura de 19 milhões de graus C no núcleo solar. Com o avanço de técnicas de espectroscopia e heliosismologia hoje se sabe que a temperatura no núcleo solar é de aproximadamente 15 milhões de graus C e que a fusão por carbono no núcleo solar corresponde à somente 1% da produção de energia, sendo o restante, resultado da fusão nuclear do hidrogênio em hélio por um processo denominado de cadeia próton-próton. 5. Os átomos Assim como tudo que está a nossa volta, as estrelas também são compostas por átomos. 6. De onde vem a luz do Sol ? A luz solar é produto da fusão nuclear que de maneira bastante simples consiste na transformação de 4 átomos de H em 1 átomo de He. A massa do H é convertida em He e luz, ou seja, massa pode ser convertida em energia e vice-versa. 7. A energia solar em números O Sol libera uma quantidade de energia absurda, seria necessário que todas as usinas termonucleares, nucleares, hidrelétricas levassem milhões de anos para o Brasil produzir a energia que o Sol libera em 1 segundo. 8. Como podemos saber o que tem no interior do Sol se não podemos ver abaixo de sua superfície? Basicamente dois processos a medida do número de neutrinos detectados e a heliosismologia. 9. Telescópio para detectar neutrinos Consiste, por exemplo, de um tanque cheio de Cloro colocado a grandes profundidades. Ao atingir o tanque o neutrino reage com o Cl produzindo Argônio. O neutrino é uma partícula oriunda do interior solar, que sai do Sol em questões de segundos, e chega à Terra em minutos. É uma partícula pouco reativa (portanto daí o fato de podermos colocar os tanques a grandes profundidades). Além disso, estudá-la permite compreendermos melhor como funciona o interior solar, e com isto desenvolver modelos de interior para estrelas. 10. Heliosismologia Consiste de outra maneira de se estudar o interior do Sol. Observando o Sol na frequência do Sol é possível analisar suas ondulações, que basicamente resultante do movimento de seus gases. Estudando a velocidade e outros parâmetros, é possível inferir, por exemplo, as dimensões das camadas internas do Sol. 11. Como é feito o transporte de energia no interior do Sol ? O interior solar é dividido em três regiões: núcleo, zona de radiação e zona de convecção. A energia produzida no núcleo solar, a uma temperatura de 15 milhões de graus C é transportada para seu exterior por processos distintos, determinando a existência das camadas solares. Na camada denominada de radiativa que corresponde a 70% do raio solar, a energia é transportada por radiação. Além desta camada, a absorção se torna excessiva devido ao aumento da densidade de gases e este tipo de transporte deixa de ser eficiente. A partir de então, os processos convectivos passam a entrar em vigor numa camada denominada de convectiva. É interessante mencionar que é entre a camada convectiva e a radiativa que se formam os campos magnéticos do Sol, responsáveis pela atividade solar. 12. Como observar o Sol ? Os chineses mesmo antes de Cristo já perceberam que a superfície solar não é homogênea. Tal constatação pode ser feita quando o Sol encontrava-se baixo no horizonte de preferência encoberta por uma névoa. Tal condição é para que o observador pudesse olhar para o Sol sem machucar seus olhos. Existem registros chineses de manchas escuras no Sol. É importante lembrar que antes de Cristo não havia o telescópio, portanto as observações eram realizadas a olho nu. Hoje em dia também é possível observar as manchas solares a olho nu, com a condição de que haja manchas escuras e grandes no Sol e que o mesmo esteja baixo no horizonte. Mas. Como fazemos hoje em dia para observar o Sol, mesmo quando não há grandes manchas escuras em sua superfície ? 13. As primeiras observações Registros antigos, mas mais recentes que o dos chineses são os de Galileo, que observou assiduamente o Sol com um telescópio no século XVII. 14. O que seriam as manchas solares ? Uma das hipóteses para explicar o que seriam as manchas solares é de que seriam luas em volta do Sol. Tal hipótese foi descartada depois de observações sistemáticas do Sol, em que se notou que as manchas solares quando se encontravam na borda do Sol ficavam distorcidas. Podemos usar uma analogia para entender isto, imagine que observamos o Brasil num globo, primeiro o posicionamos bem a nossa frente, lentamente o movimentamos de maneira que o Brasil vai sumindo (considerando que não mudamos de posição), o que iremos perceber é que o Brasil não some como um todo ele parece ficar distorcido, justamente pelo fato de estarmos vendo-o no canto de uma esfera. É isto que ocorre com as manchas, prova de que elas fazem parte da superfície solar e, portanto não são objetos orbitando o Sol. 15. Outra hipótese para explicar as manchas solares Segundo Herschel as machas poderiam ser aberturas na superfície solar semelhante a buracos. 16. Rotação Solar Após observar o movimento das manchas solares ao longo de vários dias, é possível estimar a rotação solar, que dura aproximadamente 28 dias. 17. Como posso observar o Sol ? O Sol pode ser observado no por projeção que em consiste projetar a imagem do Sol por um telescópio, tal método necessita de oculares resistentes ao calor, de preferência compostas por quartzo fundido. Este método possibilita que muitas pessoas possam ver o Sol ao mesmo tempo. Já, outro método, o de observação direta consiste em colocar um filtro confiável que barra pelo menos 1/10 de milésimo da luz solar na objetiva do telescópio, jamais na ocular ! Na ocular é onde ocorre a maior concentração de luz e calor, portanto é mais fácil de se danificar o filtro. A observação solar deve ser feito com EXTREMO CUIDADO e com o acompanhamento de um especialista. 18. O que pode ser observado no Sol ? Por um telescópio é possível ver manchas solares que são regiões mais escuras da superfície solar. As manchas solares se formam em pares e em grupos, cada grupo possui seu próprio desenvolvimento independente, podendo formar estruturas complexas que atingem as dimensões do planeta Urano. 19. Fotosfera É a camada que vemos quando olhamos para o Sol, significa esfera de luz. Seu brilho é tanto que ofusca outras camadas do Sol, como a cromosfera e a coroa que se encontram acima da fotosfera. 20. Características da fotosfera Além das manchas solares possui regiões mais claras denominadas de fáculas. Estas são regiões associadas à formação de manchas solares. 21. O que são manchas solares ? Manchas solares são regiões mais frias da fotosfera com uma temperatura de aproximadamente 4500 graus Celsius. Se pudéssemos retirar uma mancha solar do Sol veríamos que possui o brilho da Lua Cheia. 22. Origem de manchas solares (slide 22 e 23) A origem de manchas solares está relacionada ao campo magnético do Sol. Tanto, que as manchas apresentam uma configuração semelhante a das linhas de campo de um imã. . 23. Rotação Solar O Sol gira em torno de seu eixo assim como a Terra. Mas, seu período é bem mais longo ao invés de ser de 24 horas como o terrestre é de aproximadamente 28 dias. Pelo fato de ser gasoso possui uma rotação diferencia, isto é, seus pólos giram em cerca de 30 dias e o equador em cerca de 25 dias. Se imaginarmos o Sol como um gigantesco imã, com seu movimento de rotação, as linhas de campo do imã são distorcidas. 24. Animação da formação de manchas solares do SOHO – dynamosm.mpg 25. Desenvolvimento de grupos de manchas Sequência de desenvolvimento de um grupo de manchas solares. Note que ser formam em pares como se fossem o pólo Norte e Sul de um imã. 26. Esquema de classificação de manchas solares Cada grupo de manchas obedece a esta classificação de acordo com sua evolução. Portanto, os grupos de manchas que são observados obedecem a esta classificação. 27. Animação do campo SunspotsForm.mpg magnético em manchas solares do SOHO – 28. Como ocorre o número de manchas solares ao longo dos anos ? O número de manchas solares não varia de maneira aleatória, ou seja, obedece a um padrão, que no caso é um ciclo de aproximadamente 11 anos, o Ciclo solar. Durante este ciclo o número de manchas solares aumenta de durante cerca de 3 a 4 anos chega num pico e decresce num período de aproximadamente 5 a 6 anos. A atividade solar está relacionada com o Ciclo Solar, em épocas de baixa atividade solar, de maneira geral, o Sol encontra-se com poucas manchas solares, e em época de alta atividade o Sol apresenta um número considerável de manchas. 29. Início de um ciclo Representação do início de um ciclo solar que corresponde a uma época de baixa atividade solar, em 2008 e 2009 o Sol encontra-se no inicio de um ciclo. 30. Metade de um ciclo solar Corresponde a um período de alta atividade solar em que é possível observar muitas manchas solares. As estimativas atuais apontam que o Sol estará nesta fase por volta de 2012. 31. Fim de um ciclo solar, a atividade solar estará novamente declinando. 32. Série de magnetogramas (slide 33 a 44), Mostrando o magnetismo na região das manchas solares ao longo do ultimo ciclo solar. Por estas imagens é possível perceber o inicio, meio e fim do último ciclo solar. 45. Gráfico do número de Wolf Gráfico mostrando a variação do número de manchas em função do tempo, evidenciando a presença de ciclos solares. 46. O magnetismo solar produz outros fenômenos no Sol ? A resposta é sim, e de maneira geral tais fenômenos podem influenciar a Terra mais que as manchas solares. 47. Coroa e Cromosfera São as duas camadas externas a fotosfera. A Coroa é a camada mais externa, com uma temperatura de aproximadamente milhões de graus Celsius. Esta camada é visível a olho num como um halo branco em volta do Sol durante eclipses solares totais. Logo abaixo da Coroa, encontra-se a cromosfera que significa esfera de cor com uma temperatura de cerca de 10000 graus Celsius. Na imagem aparece como uma fina camada de cor rosa na figura da esquerda. 48. Cromosfera A cromosfera pode ser regularmente observada por meio de filtros especiais denominados de hidrogênio-alfa que permitem a passagem somente da radiação com comprimento de onda de 656,3 nm, referente a uma das transições do elétron do átomo de hidrogênio. Para que ocorra esta transição, o gás precisa estar a uma temperatura de pelo menos 10000 graus C. Com este filtro é possível observar fenômenos como proeminências, espículas e flares que não são visíveis na fotosfera solar. Estes fenômenos são muitas vezes, mais interessantes de serem estudados que as próprias manchas solares, pois são dinâmicos e mudam suas estruturas em questão de minutos. 49. Imagem do Sol em Hidrogenioalfa Imagem de proeminências solares na beirada do Sol. Tais estruturas são arcos de hidrogênio ionizados que acompanham as linhas do campo magnético. Estas estruturas, quando não se encontram na borda do Sol, se apresentam como filamentos escuros em contraste ao fundo brilhante. Próximos ao limbo solar, também podem ser vistas estruturas que se assemelham a alfinetes que duram de 1 a 20 minutos e sobem alguns milhares de quilômetros, denominadas de espículas (figura ). Estas estruturas são mais frias e mais densas que o restante do material da cromosfera. 50. Classificação de proeminências solares Tais estruturas mudam de aspecto no disco solar em questões de minutos, assim como as manchas solares também são classificadas. 51. Observando o Sol com outros olhos O Sol pode ser visto em outras frequências. Conforme a frequência que o observamos, vemos regiões correspondentes a diferentes profundidades e temperaturas. O estudo em diferente frequências ou comprimento de onda possibilita obter informações distintas do Sol que não poderiam ser obtidas somente estudando sua radiação visível. 52. A coroa A coroa, por exemplo, pode ser melhor estudada em raios X, já que emite maior parte de sua radiação em raios X e não no visível. 53. Características da coroa Imagem da coroa em raios X, compare-a com o Sol visto no visível e infravermelho. Que diferenças podem ser notadas ? 54. Ejeção de massa coronal O vento solar é uma expansão da coroa solar consistindo de elétrons e prótons em um plasma supersônico que atua em todas as direções saindo do Sol a velocidades de aproximadamente 300 a 1 000 km/s. Uma emissão ainda mais densa e com velocidades superiores ao do vento solar são as ejeções de massa coronal. Ambos os fenômenos influenciam diretamente as telecomunicações terrestres, como será visto na seção Relações Terra-Sol. 55. Flares Os ''flares'' solares são um dos fenômenos mais interessante que existem no Sol. Os ''flares'' podem ocorrer de repente, liberando imensas quantidades de energia equivalentes a bilhões de bombas de hidrogênio de 100 megatons explodindo ao mesmo tempo dentro de um período de 100 a 1000 segundos. Dentro deste curto tempo podem atingir de dezenas a milhares de graus C. Como os ''flares'' não liberam muita energia na região do visível, eles raramente são vistos na fotosfera. Eles podem, no entanto, ser observados em raios X e ultravioleta na cromosfera. Na figura pode-se ver a imagem de um flare, que neste caso atingiu a altura de aproximadamente 588000 km, o equivalente ao diâmetro de aproximadamente 45 planetas Terra enfileirados. 56. A atividade solar pode influenciar a Terra ? Sim. Como ? 57. Pequena era do gelo Como por exemplo, entre 1645 e 1715 quando ocorreu a Pequena Era do Gelo. Neste período, a Europa passou por invernos rigorosos chegando a ponto de os canais de Veneza e o Rio Tâmisa de Londres congelarem. Nesta época havia muitos estudiosos observando o Sol e notando que o mesmo não apresentava quase mancha alguma. Hoje em dia sabemos que este não foi o único período de baixíssima atividade solar na história humana. Estudos apontam que houve pelo menos mais duas ocasiões, uma por volta 1300 que ficou conhecido por mínimo de Wolf e outra em 1400-1530, conhecido por mínimo de Spörer. 58. Como a atividade solar afeta a Terra ? Uma das maneiras mais severas que o Sol pode afetar a Terra é pelas tempestades geomagnéticas, que ocorrem com mais freqüência em épocas de alta atividade solar. O vento solar interage com o campo magnético da Terra provocando descargas elétricas em nossa atmosfera que quando intensas originam as tempestades geomagnéticas. Estas duram tipicamente algumas horas podendo provocar indução de corrente elétrica em sistemas de fornecimento de energia elétrica provocando variações de freqüência e voltagem. Por exemplo, houve uma tempestade geomagnética no dia 13 de março de 1989 associada a um flare que causou uma falha completa de transmissão de energia elétrica em Quebec no Canadá, destruindo transformadores e deixando a população sem energia elétrica por muitas horas . 59. Animação de uma massa de ejeção coronal atingindo a Terra do SOHO – recon.mov 60. Camadas da atmosfera terrestre A camada atmosférica mais atingida é a ionosfera. Esta camada como seu próprio nome indica é composta por partículas carregadas. O vento solar, também é constituído por partículas carregadas, quando o vento solar entra em contato com a ionosfera acaba interagindo com ela, provocando uma mudança em sua densidade e altura. 61. Fenômenos solares que podem afetar a Terra Os flares e ejeções de massa coronal são fenômenos extremamente energéticos que podem atingir a Terra em épocas de baixa e alta atividade solar. 62. Tempestades geomagnéticas As tempestades solares são provocadas por intensas descargas de partículas energéticas na direção da Terra. Quando tais partículas atingem a Terra são denominadas de tempestades geomagnéticas. 63. Consequências para a Terra (slides 63-65) Os satélites são frequentemente afetados pelas tempestades geomagnéticas que produzem um aumento na densidade de partículas carregadas, provocando um maior atrito na ionosfera, o que pode frear satélites e causar instabilidades em suas órbitas. Isto aconteceu em 1979, com o Sky Lab, um laboratório espacial para se estudar o Sol que acabou caindo prematuramente na Terra devido ao aumento da radiação solar durante uma época de alta atividade. Os astronautas em órbita são ainda mais vulneráveis à ação do vento solar, eles não estão protegidos pela atmosfera terrestre e por isso, estão sujeitos às radiações letais que podem provocar vários tipos de câncer. Os passageiros que cruzam os pólos terrestre de avião, durante uma tempestade geomagnética, em alta altitude também estão sujeitos à ação desta radiação nociva. A sociedade contemporânea é altamente dependente de GPS (Global Positioning System ) como sistema de orientação. Durante tempestades geomagnéticas pode haver perda de comunicação com os satélites que fornecem os dados ao GPS, podendo provocar perda de orientação de aeronaves e com isto, acidentes aéreos. 66. Mas, a atividade solar pode ser benéfica ? A radiação solar pode se nociva para astronautas na estação espacial. Mas, existem radiações ainda mais perigosas que a radiação solar, como, por exemplo, os raios cósmicos. Em época de baixa atividade solar o vento solar encontra-se mais tênue, fazendo com que os astronautas sejam mais facilmente expostos aos raios cósmicos. Já em época de alta atividade o vento solar “sopra” para longe os raios cósmicos. 67. A intensa atividade solar pode nos proporcionar espetáculos As tempestades geomagnéticas menos intensas produzem espetáculos naturais como as auroras. Estas aparecem como luzes coloridas no céu que podem durar algumas horas, sendo provocadas devido à excitação de moléculas e átomos de oxigênio e nitrogênio da atmosfera terrestre por elétrons energéticos oriundos do vento solar. O nitrogênio produz uma luz rósea ou azul e o oxigênio é responsável por luzes verdes e vermelhas. Quando as auroras ocorrem no hemisfério norte são denominadas de boreais e quando ocorrem no hemisfério sul são austrais. Pelo fato de o campo magnético do pólo norte ser mais intenso que o do sul, há uma maior incidência de auroras boreais que austrais. As auroras não são exclusivas do planeta Terra, ocorrendo também, em outros planetas com campos magnéticos como, Júpiter e Saturno. 68. Animação da produção de auroras na Terra - Solarwind.mpg 69. Auroras visíveis em Saturno. Imagem do Telescópio Espacial Hubble. 70. Como sabemos a composição química do Sol ? Estudando sua luz. Mas, como ? 71. Arco-íris mostrando que o mesmo é produzido decompondo a luz solar em gotículas de água. 72. Imagem da luz solar sendo decomposta por um prisma 73. Imagem do aparato experimental do Observatório Astronômico do CDCC/USP usado para observar o espectro do Sol. Basicamente consiste de uma fenda, lente colimadora, rede de difração de reflexão. 74. Observação do espectro solar Ao projetar-se o espectro solar notamos a presença de linhas escuras ou linhas de absorção. Tais linhas são um indicativo de quais elementos químicos existem no Sol. 75. Espectro do Hidrogênio Mostrando o espectro do H de emissão e de absorção para ilustrar que a posição das linhas é a mesma, o que muda é que o espectro de emissão são linhas brilhantes e o de absorção são linhas escuras. 76. É assim que conhecemos o que existe nas estrelas ... Decompondo a luz das estrelas é possível estudar seus espectros e com isto saber do que são formadas.