Ficha 1 Portugal nos séculos XV e XVI - A Expansão Marítima Portuguesa O início da expansão portuguesa Razões que levaram à expansão marítima Conquistada a paz com Castela, D. João I procurou recuperar as finanças do Reino que se encontravam enfraquecidas após vinte e oito anos de hostilidades. Inserido numa Europa em franca recuperação económica e que assistia ao crescimento das trocas comerciais em que a moeda era cada vez mais uma necessidade imediata, Portugal precisava de procurar noutras terras o ouro, a prata e os cereais que faltavam no Reino. A procura de outras terras interessou todos os grupos sociais: a burguesia procurava riqueza e novos mercados; a nobreza desejava aumentar os seus títulos e senhorios; o clero queria converter outros povos ao cristianismo; o povo aspirava melhorar as suas condições de vida. Importância da conquista de Ceuta (cidade de Marrocos) Esta conquista, em 1415, marca o início da expansão portuguesa. (expansão = alargamento do espaço português para outros continentes) Com esta conquista pretendia-se dominar o estreito de Gibraltar como importante posição estratégica de vigilância da navegação no Mediterrâneo e controlar as rotas caravaneiras que traziam o ouro do Sudão. Mas esta conquista, ao contrário do que os Portugueses pensavam, não resolveu nenhum problema do Reino: os Mouros desviaram as rotas do ouro e das especiarias para outras cidades. Portugal precisa, então, de descobrir o local de origem dos produtos que os Mouros comerciavam. Descobertas na costa ocidental africana 1 No século XV o mundo ainda não era todo conhecido. Os mares eram praticamente desconhecidos. Pensava-se que havia monstros nas águas que engoliam os barcos, que o mar ardia como fogo. Pensava-se que nas terras desconhecidas viviam animais estranhos e homens monstruosos – com um só olho, com cabeça de cão, sem cabeça, com uma só perna, etc. – e que atacavam quem deles se aproximasse. Fases da progressão Um dos filhos do rei D. João I, o infante D. Henrique, assumiu a tarefa de organizar e planear as viagens mais para sul. Depois da conquista de Ceuta segue-se a redescoberta do arquipélago da Madeira (1419) e a descoberta do arquipélago dos Açores (1427). A passagem do Cabo Bojador foi muito difícil. Só em 1434 Gil Eanes conseguiu dobrar este cabo. Pensava-se que eram os monstros fantásticos que impediam os barcos de avançar mas, afinal, era a ação dos ventos contrários e das fortes correntes marítimas que se faziam sentir em certas zonas que causavam os naufrágios, perdendo-se nas águas os barcos e os navegadores. Tipo de barco utilizado Costumava-se navegar com as barcas, mas estas não eram apropriadas para o mar alto, por causa dos fortes ventos e correntes. Por isso, passou a usar-se a caravela. Esta tinha velas triangulares que permitiam “bolinar”, ou seja, navegar aproveitando os ventos contrários. Instrumentos e cartas náuticas Para navegar no mar alto, os navegadores orientavam-se pelos astros (Estrela Polar e Sol), utilizando instrumentos próprios – quadrante, astrolábio e balestilha. À medida que navegavam e iam conhecendo novas terras e a direção dos ventos e correntes marítimas, assinalavam-se nas cartas náuticas. Marcos da presença portuguesa Para assinalar a presença portuguesa nas terras descobertas colocavam-se padrões de pedra (uma cruz, as armas reais e a data da implantação). D. João II e o Tratado de Tordesilhas 2 As terras descobertas tinham muitas riquezas – ouro, escravos, marfim. Quando D. João II subiu ao trono prosseguiu com as explorações ao longo da costa ocidental africana. Foi no seu reinado que se ultrapassou o difícil Cabo das Tormentas, provando-se que há ligação entre o Oceano Atlântico e o Oceano Índico. O navegador Bartolomeu Dias dobrou-o em 1488 e o rei colocou um novo nome ao Cabo. Passou a denominar-se Cabo da Boa Esperança. O rei D. João II pretendia chegar à Índia por mar e passar a dominar o comércio das especiarias. O rei de Castela tinha, porém, os mesmos interesses. Em1492, o navegador Cristóvão Colombo ao serviço de Castela, atingiu as Antilhas (ilhas da América Central) e pensou ter chegado à Índia. O rei português tinha outras informações, mas comunicou ao rei de Castela que, segundo o Tratado de Alcáçovas (feito em 1479) todas as terras a sul das ilhas Canárias lhe pertenciam. Instalou-se, então, um conflito entre os dois reinos, que só viria a ser resolvido com a intervenção do Papa e com a assinatura de um novo tratado em 1494 – o Tratado de Tordesilhas. Segundo este Tratado, o Mundo ficava dividido em duas partes iguais por um meridiano a passar a 370 léguas a ocidente de Cabo Verde: as terras que fossem descobertas a oriente deste meridiano seriam portuguesas; as terras descobertas a ocidente seriam castelhanas. Ficava assim salvaguardada e assegurada a chegada à Índia e as terras do Brasil (ainda por descobrir). A chegada à Índia e ao Brasil Descoberta do caminho marítimo para a Índia O rei D. João II morreu sem concretizar o seu sonho. A chegada à Índia só se concretizaria no reinado de D. Manuel I. D. Manuel era primo de D. João, e só lhe sucedeu porque o príncipe herdeiro D. Afonso tinha morrido em consequência de uma queda de cavalo em Santarém. Vasco da Gama, nomeado capitão-mor com vinte e oito anos de idade, saiu de Lisboa com a sua armada a 8 de julho de 1497 e chegou à Índia, a Calecut, em maio de 1498. A armada era constituída por quatro navios – a nau S. Gabriel, a nau S. Rafael, a nau Bérrio e uma embarcação com mantimentos. 3 Rota da viagem de Vasco da Gama. Tipo de barco utilizado A nau era um navio maior e mais resistente do que a caravela. Transportava mais pessoas, mais mantimentos e mais mercadorias. Dificuldades encontradas A partir de 1498, Portugal controla o comércio das especiarias e rouba aos comerciantes muçulmanos a sua posição privilegiada. Por isso, começam a ser atacados. D. Manuel envia, então, uma grande armada, composta por treze navios e comandada por Pedro Álvares Cabral, para intimidar e defender o nosso comércio na Índia. No entanto, um pequeno desvio para ocidente levou os Portugueses, em 22 de abril de 1500, à descoberta do Brasil. Pedro Álvares Cabral deu-lhe o nome de Terras de Vera Cruz. Mais tarde, devido à valiosa madeira cor de “brasa” (o pau-brasil), que existia em grande abundância, mudou-se o nome para Brasil. Rota da viagem de Pedro Álvares Cabral 4