ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA AULA 06: DECISÕES DE FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO TÓPICO 03: CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS E CMPC O capital de terceiros compreende todas as exigibilidades da empresa, tais como empréstimos e debêntures. Nestes casos, a empresa recebe um certo montante para aplicar como for mais conveniente, e, em contrapartida, efetua uma série de pagamentos correspondendo a juros e outras despesas, devolvendo o principal corrigido em função de índices utilizados para refletir a perda de poder aquisitivo da moeda (correção monetária). Portanto, o custo do capital de terceiros é "a taxa efetiva de juros". O que for obtido em excesso pertencerá integralmente a esses acionistas. 3.1 CUSTO DE EMPRÉSTIMOS Nesta seção, aplicamos a fórmula genérica apresentada neste tópico para determinar o custo de um empréstimo. Ressalte-se que os custos de todas as fontes devem ser expressos após a incidência do Imposto de Renda, pois os encargos do capital de terceiros são dedutíveis como despesa, para fins de tributação, o que não ocorre com os dividendos preferenciais e ordinários, por exemplo. Com efeito, o governo paga parte do custo da dívida porque os juros são dedutíveis. Portanto, se uma empresa pode tomar empréstimos a uma taxa de juros de 10% a.a e se tem uma alíquota do imposto de renda de 40%, então seu custo da dívida pós-impostos é de 6%. Isto porque o custo de capital de terceiros é precificado a partir da equação abaixo: Onde: Assim: A razão para o uso do custo da dívida pós-impostos é a seguinte: o valor das ações de uma empresa (ou valor de cada cota de participação em uma empresa limitada), que queremos maximizar, depende dos fluxos de caixa pós-impostos. Já que os juros constituem uma despesa dedutível, eles produzem ganhos fiscais que reduzem o custo líquido da dívida, tornando o custo da dívida pós-impostos inferior ao custo antes dos impostos. Preocupamo-nos com os fluxos de caixa pós-impostos e, visto que os fluxos de caixa e as taxas de retorno deveriam estar em uma base comparável, ajustamos a taxa de juros descontando o benefício fiscal para levar em conta o tratamento preferencial da dívida. Observe que o custo da dívida é a taxa de juros sobre a dívida nova, não sobre a dívida já contraída. Em outras palavras, estamos interessados no custo da dívida marginal. Assim, a preocupação principal com o custo de capital é usá-lo para decisões durante a elaboração do orçamento de capital. Por exemplo, na decisão sobre a obtenção ou não do capital necessário à aquisição de uma nova máquina-ferramenta, a taxa em que a empresa contraiu empréstimos no passado constitui um custo já assumido, sendo irrelevante para fins de custo de capital. Já que existem ganhos fiscais pelo emprego de dívida na estrutura de uma empresa, será que mesmo quando apresentam resultado negativo (prejuízo) tais organizações se beneficiariam do uso de dívidas? A taxa fiscal é zero para uma empresa com perdas. Portanto, para uma empresa que não paga impostos, o custo da dívida não é reduzido. Isto é, a alíquota fiscal iguala-se a zero, de forma que o custo da dívida pós-impostos é igual ao custo da dívida antes dos impostos. 3.2 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (CMPC) Como veremos adiante, cada empresa tem uma estrutura de capital ótima, definida como o mix de dívida, que faz com que o custo total do capital tenda a um mínimo gerando, desta forma, a maximização do preço das ações (ou cotas) e do valor da empresa. Portanto, uma empresa racional que maximize seu valor estabelecerá uma estrutura-alvo (ótima) de capital e captará novo capital de uma forma que mantenha a sua estrutura de capital real (no alvo) com o passar do tempo. As proporções-alvo da dívida, das ações preferenciais e das ações ordinárias, juntamente com os custos componentes de capital, são usadas para calcular o custo médio ponderado de capital (CMPC). Para ilustrar, suponha que uma empresa tenha uma estrutura-alvo de capital que exija um endividamento de 45%, 2% de ações preferenciais e 53% de ações ordinárias (lucros retidos mais ações ordinárias). Seu custo da dívida antes dos impostos, é de 10%; seu custo da dívida pós-impostos (derivado do desconto proveniente da taxa de imposto de renda de 40%); seu custo de ações preferenciais, é de 30,31%; seu custo de ações ordinárias com base nos lucros retidos, , é de 39,46%; sua alíquota de Importo de renda é de 40%; e todo novo capital próprio virá dos lucros retidos. Pode-se calcular o custo médio ponderado de capital (CMPC) da empresa da seguinte forma: Assim: Para cada R$ 1,00 de novo capital que empresa obtém 45 centavos consiste de dívida, com um custo pós-impostos de 6%; 2 centavos de ações preferenciais, com um custo de 30,3%; e 53 centavos de ações ordinárias (tudo a partir de adições aos lucros retidos), com um custo de 39,44%. O custo médio de uso combinado destes capitais é de 24,22%. As proporções de cada fonte de capital poderiam ser baseadas nos valores contábeis mostrados no balanço da empresa (valores de registro) ou nos valores de mercado dos diferentes títulos. Idealmente, as ponderações deveriam ser baseadas em valores de mercado, mas se as ponderações do valor contábil de uma empresa estão razoavelmente perto de suas ponderações de valor de mercado, as ponderações do valor contábil podem ser usadas como substitutas das ponderações do valor de mercado. FONTES DAS IMAGENS Responsável: Prof. Sérgio César de Paula Cardoso Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual