Português Banho de bacia 1 5 10 15 20 25 No meio

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Português
Banho de bacia
1
5
10
15
20
25
No
meio
do
quarto
a
piscina
móvel
tem
o
tamanho
do
corpo
sentado.
Água tá pelando! Mas quem ouve o grito
deste menino condenado ao banho?
Grite à vontade.
Se
não
toma
banho
não
vai
passear.
E quem toma banho em calda de inferno?
Mentira
dele,
água
tá
morninha,
só meia chaleira, o resto é da bica.
Arisca
um
pé,
outro
pé
depois.
Vapor
vaporeja
no
quarto
fechado
ou
no
meu
protesto.
A
água
se
abre
à
faca
do
corpo
e pula, se entorna em ondas domésticas.
Em
posição
de
Buda
me
ensabôo,
Resignado
me
contemplo.
O mundo é estreito. Uma prisão de água
envolve o ser, uma prisão redonda.
Então
me
faço
prisioneiro
livre.
Livre de estar preso. Que ninguém me solte
deste
círculo
de
água,
na
distância
de tudo mais. O quarto. O banho. O só.
O morno. O ensaboado. O toda-vida.
Podem
reclamar,
podem
arrombar
a
porta.
Não
me
entrego
ao dia e seu dever.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. A senha do mundo.
Rio de Janeiro: Record, 1997. p. 18-9).
01- De acordo com a interpretação do poema, entende-se pelo termo “O só” (5ª estrofe) como a
solidão da voz do menino excluída pelo discurso dominante.
02- No verso “Vapor vaporeja no quarto fechado” (v. 11), a palavra em destaque foi criada através
do processo de Derivação Regressiva.
03- O vocábulo “Resignado” (v. 16) pode ser substituído por “Paralisado” sem que haja alteração
de valor semântico.
04- O termo “calda de inferno” (v. 7) foi empregado no sentido denotativo.
05- O núcleo do sujeito da forma verbal “solte” (v. 20) é “Ninguém” (v. 20).
06- Seria mantido o sentido original do verso se a conjunção coordenada “ou” (v. 12) fosse
substituída por qualquer uma das conjunções sinônimas seguintes: porém, no entanto.
07- Justifica-se a acentuação gráfica dos vocábulos “só” (v. 9) e “pé” (v. 10) pela mesma regra, de
acordo com a norma culta padrão da língua.
08- Em “A água se abre à faca do corpo” (v. 13), o emprego do acento indicativo de crase é
facultativo.
09- A conjunção “se” que inicia a oração do verso 6 exerce função de concessão.
10- O pronome possessivo “dele” (v. 8) refere-se anaforicamente a “menino” (v. 4).
Gabarito
01. C
Comentário: A criança é prisioneira, sim. Mas “prisioneira livre” por estar presa em seu próprio
mundo, distante do mundo do outro, à margem do discurso do adulto.
02. E
Comentário: A palavra criada foi formada pelo processo de formação de palavras: derivação
imprópria, que consiste em alterar a classe gramatical da palavra primitiva. No caso de
substantivo (“vapor”) para verbo (“vaporeja”).
03. E
Comentário: “Resignado” é sinônimo de “conformado”.
04. E
Comentário: O termo “calda de inferno” foi empregado no sentido conotativo, ou seja, figurado,
fazendo referência à bacia com água quente.
05. C
Comentário: Colocando a frase na ordem direta temos: “ninguém solte a mim”, ou seja, o sujeito
do verbo “soltar” no verso é “ninguém”.
06. E
Comentário: A conjunção “ou” indica alternância, e as conjunções apresentadas no enunciado
são adversativas.
07. C
Comentário: Ambas as palavras são acentuadas por serem monossílabas tônicas, terminadas
em “o” e “a”, respectivamente.
08. E
Comentário: O acento indicativo de crase na ocorrência em questão é obrigatório, uma vez que
antecede uma palavra feminina, ocorrendo a junção da preposição “a” + artigo feminino “a”.
09. E
Comentário: A conjunção “se” que inicia o verso 6 exerce função de condição.
10. C
Comentário: O pronome “dele” (v. 8) refere-se a “menino” (v. 4) anaforicamente, ou seja, faz
referência a um sintagma anteriormente citado.
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