Resenha dos sub-capítulos 3 e 4 do capítulo 1, e do 6º sub-capítulo do capítulo 3 do texto: Os filósofos e as máquinas de Paolo Rossi. Capítulo 1: Artes mecânicas e filosofia no século XVI. Sub-capítulo 3: Artistas e experimentadores do século XV: Apesar das importantes pesquisas realizadas por Leonard Olsehki sobre os “mestres experimentadores” do século XV, conhecemos muito pouco sobre os processos de transmissão dos conhecimentos técnicos dessa época. Sendo que, exatamente, nesse mesmo século observou-se a união entre as concepções científicas e a vida ativa. Filippo Brunelleschi e Lorenzo Ghilberti são exemplos de estudiosos que usaram da aplicação de conceitos científicos para a realização de trabalhos artísticos, como por exemplo, no caso de Brunelleschi, a partir do estudo dos tempos, pesos e medidas, realizou trabalhos a mão em relógios que geraram peças excelentes e belíssimas. Já Ghilberti aplicou a pintura aquilo que os pintores atuais chamam de “perspectiva”, além da anatomia, a óptica e a matemática. O humanista Leon Battista Alberti deu inicio a “concepção artística da arte”, na qual, a partir do estudo de conceitos teóricos, observou a necessidade de artistas possuírem algum conhecimento sobre geometria, óptica, etc... E dessa forma conseguirem realizar um trabalho fiel a realidade. No decorrer do século XV a mentalidade e a posição social dos artistas haviam sofrido profundas modificações. Os artistas eram tratados como criados de origem artesã, camponesa, ou no máximo, de pequenas burguesias. E das oficinas, além de belas obras de arte saiam também diferentes tipos de trabalhos. Até que em determinado momentos as incumbências dos artesãos passaram a ser consideradas incabíveis para a dignidade do artista. Mas, antes que a figura do artista passasse a ser identificada como “gênio”, o correu a fusão, como nunca antes fora visto, entre atividades científicas e técnicas, trabalhos manuais e técnica. Muitas vezes, tanto os trabalhos científicos, como também os artísticos surgiam de interação entre estudioso e “artesãos”, a partir de uma cultura que atingia ao mesmo tempo o mundo dos literatos e dos homens de ação, o dos artistas, artesãos e técnicos. De onde surgiu a interação de diferentes conhecimentos, visões e formas de pensamento. Sub-capítulo 4: Leonardo da Vinci: O latim refinado de Leon Battista Alberti, que traduz em palavras todo conceito estrutural ou plástico, contrapôs-se a postura de Leonardo Da Vinci, que desenha tudo, torna visível o invisível, e no discurso técnico, fala como um técnico dirigindo-se a técnicos. Essa contraposição é válida apenas dentro de limites bem determinados, justamente porque, não faz sentido contrapor humanistas e artesãos como pertencentes a duas culturas em oposição. Leonardo não era familiarizado apenas aos trabalhos artísticos e a pintura, mas também a diversos trabalhos técnicos ligados às atividades artesãs e a mecânica. Onde também se destacou excepcionalmente em sua genialidade. É dessa familiaridade artesã com as características dos materiais e com a possibilidade de trabalhá-los que nasce a consciência, sempre viva de Leonardo, da união necessária entre o saber teórico e a execução prática e a experiência. A partir de então, pode se notar um deslocamento de Leonardo para as teorias. Mas de forma a nunca passar o limite dos experimentos e da observação curiosa. Leonardo não tinha o interesse de transmitir, explicar e provar suas descobertas aos outros. As máquinas criadas por Leonardo parecem ter sido criadas para fins efêmeros, e não num espírito de progresso ou para aumentar o poder do homem. Não por acaso, Leonardo está mais preocupado com a elaboração do que com a execução de seus inventos mecânicos. Está interessado nas máquinas como prova da inteligência e genialidade do ser humano. Tanto nos desenhos de máquinas como nos anatômicos, Leonardo de fato contribuía decisivamente para a invenção de um método preciso de representação e descrição da realidade. Dessa forma, as obras de grandes artistas do século XV, tem para as ciências descritivas a mesma importância de outras invenções tecno-científicas. Capítulo 3: Filosofias, técnica e histórias das artes no século XVII. Sub-capítulo 6: Os baconianos ingleses e Robert Boyle: Em 1660, surge na Inglaterra a Royal Society, que teve como um de seus líderes Robert Boyle, que, como um de seus primeiros projetos teve que compilar relatórios de obras da Natureza e da Arte e estudar, através do trabalho de comissões adequadas, os efeitos dos experimentos sobre todas as artes manuais. A todos os membros da Sociedade, exigia-se um linguajar claro, natural e de expressões positivas, capaz de detalhar com clareza as diferentes temáticas. Dessa forma promover um afastamento da linguagem filosófica, e uma aproximação do linguajar dos artesãos da época. A partir disso, os ingleses do século XVII são a expressão de uma sociedade que vê rapidamente aumentar o seu bem-estar, graças ao rápido desenvolvimento da técnica. Mas não foi só a ciência que sofreu alterações nesse período, mas também a filosofia. Novos ideais filosóficos foram introduzidos na sociedade. Um desses ideais ia de encontro a cultura livresca, e valorizava apenas o conhecimento útil a prática. Boyle dizia ter aprendido mais com experimentos feitos em seu laboratório ou com “dois ou três trabalhadores”, do que lendo livros. Foi então que surgiu a contraposição entre cientistas e experimentadores, e o “erudito”, exclusivamente formado pelos livros. Tanto Boyle, como também Bacon, outro dos lideres das sociedades, criticavam o preconceito dos homens cultos, com a sabedoria adquirida pelos trabalhadores iletrados. Sendo que o trabalho realizado pelos trabalhadores de observar uma problemática e fazer modificações no seu objeto de trabalho a partir da utilização de seus limitados recursos, mostrou ser um procedimento que, desprezado pelos letrados, revelou-se útil ao progresso do saber. Para que esse conhecimento não ficasse perdido, Boyle propôs um intercâmbio entre os diversos procedimentos empregados nos diversos setores da técnica, que seria realizado por um grupo de estudiosos que se dedicasse a recolher o material indispensável para a compilação de uma extensa história de arte, ciência e experimentos. Após diversos contratempos, em 1704 foi publicada esta compilação.