1 SUMÁRIO “O último objetivo da agricultura não é a produção de lavouras, mas o cultivo e a perfeição dos seres humanos” Masanobu Fukuoka, precursor da agricultura natural. MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades Prefácio 04 Introdução 05 Descobrindo as hortas urbanas 06 Por que agroecologia? 08 O que significa olericultura? 09 Conhecendo o solo 10 Manejando o solo 10 Adubando o solo 13 Como fazer o manejo ecológico da horta 19 Planejando a horta 25 Como fazer a irrigação? 32 Orientações importantes 34 Cultivos alternativos 34 Fazendo o controle natural de insetos e doenças 35 Como comercializar e abastecer mercados 37 Referências bibliograficas 40 3 PREFÁCIO INTRODUÇÃO O Instituto Auá atua há 19 anos com a visão de que a sustentabilidade da vida no planeta deve passar por um profundo processo de conhecimento do ser humano sobre si mesmo, o outro e o meio em que vive. Isso permite ao indivíduo a descoberta de seu potencial vocacional, a ser expresso nas interações saudáveis com a sociedade e o meio ambiente. O trabalho que vem sendo desenvolvido em Osasco pelo Programa de Agricultura Urbana alia a promoção de saúde, a geração de renda e a conservação ambiental. Todo o manejo nas hortas é realizado com princípios agroecológicos, sem o uso de adubos ou inseticidas químicos, mas acima de tudo promovendo o ser humano, pilar essencial da sustentabilidade local. Assim, criam-se relações sadias baseadas na noção de cuidado e respeito consigo, com seu próximo e com a natureza, levando à adoção de práticas sustentáveis nos meios de produção, de trabalho e de desenvolvimento econômico. O que acarreta em novos modelos baseados na segurança alimentar, comércio justo, economia solidária, educação integral e conservação dos serviços ecossistêmicos. Neste contexto, o Instituto Auá trabalha com a frente de Agroecologia, entendida não só como uma tecnologia de cultivo, mas uma possibilidade de desenvolvimento comunitário, com geração de renda, integração social e valorização das pessoas, sempre preservando os recursos naturais. É um processo educativo que permite a conexão do homem com a terra, seu alimento, seus saberes e sua autoestima. No universo das grandes cidades, as hortas urbanas cumprem a importante função de valorizar o papel de quem produz alimentos, transformar as relações entre os moradores e seu espaço e tornar acessível um alimento fresco e sem agrotóxicos para os consumidores locais. A metodologia contempla não apenas aspectos técnicos, mas valoriza os saberes e necessidades de cada participante, buscando fortalecer seu potencial, resgatar sua confiança e ampliar suas possibilidades de crescimento. Dessa maneira, é possível criar condições para que o trabalho seja efetivo, contínuo e crescente. E esta publicação vem apoiar a construção desse conhecimento permanente e vivo, a ser levado para o resto da vida pelos participantes, com a visão de que o curso em hortas urbanas se transforme num caminho de autonomia e ação na comunidade, renovando a própria paisagem das cidades. Adriane Andrade Gestora do Projeto de Agricultura Urbana Instituto Auá Ana Cecília Bruni Coordenadora de Comunicação Instituto Auá MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades 5 Descobrindo as hortas urbanas Você já parou para pensar o que são hortas urbanas e para que servem? A busca do ser humano por extrair alimentos da terra é uma questão de sobrevivência. Mas há também um desejo das pessoas que vivem em cidades de trabalhar a terra por meio da agricultura, conhecer novos sabores e, principalmente, ter acesso a alimentos que não são encontrados só nas prateleiras dos supermercados. Nos ambientes urbanos, temos visto o abandono progressivo de áreas que antes possuíam solos férteis e capacidade de manter o clima mais úmido e ameno. Hoje essas áreas estão impermeabilizadas, aumentando as chamadas “ilhas de calor”, afetando diretamente a qualidade de vida dos moradores. Gastamos mais energia, usamos mais ar condicionado e nossos alimentos vêm de distâncias cada vez maiores. Porém, todos os solos agrícolas deveriam ser preservados, pois são uma reserva de terra para a produção de alimentos. E quanto mais próxima a produção estiver dos centros de consumo, melhor para o meio ambiente e as pessoas. Horta urbana feita em Osasco - imagem do facebbok Programa Osasco Solidária-SDTI Osasco MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades Os benefícios das práticas agrícolas em meio urbano são incontáveis - As áreas cultivadas permeáveis são essenciais para o equilíbrio de uma região ao favorecer o funcionamento do ciclo da água dentro do contexto da paisagem. - Podem ter um importante papel na economia familiar e na qualidade da alimentação dessas famílias. - Reduzem a matéria orgânica que vai para o lixo indiferenciado. - Funcionam como recurso lúdico, recreativo e terapêutico. - Podem ser uma contribuição importante para a qualidade da paisagem na cidade, substituindo espaços abandonados e em degradação progressiva na via pública, por espaços com canteiros agrícolas e com uma diversidade de culturas comestíveis. Vale lembrar também que a ONU – Organizações das Nações Unidas considera a agricultura urbana como o elemento de planeamento urbano mais importante do século 21. A ideia de que o espaço da cidade deve eliminar a paisagem natural do seu interior, reservando-lhe apenas as sobras da construção, está totalmente ultrapassada. Horta urbana feita no telhado do Shopping Eldorado (SP) - imagens da internet 7 O que significa olericultura? Por que agroecologia? Cada vez mais, as sociedades têm a necessidade de desenvolver um tipo de agricultura que se preocupe com as condições de produção e não só com a produtividade. Este é o modelo que faz frente à chamada agricultura convencional, responsável pela criação de técnicas que elevam a produtividade, mas que provocam sérios prejuízos ambientais, a exemplo da degradação dos ecossistemas e da contaminação dos recursos hídricos. A agroecologia é a solução mais positiva para conquistarmos a sustentabilidade ambiental, social e econômica. Ela é a vertente da agricultura que engloba técnicas ecológicas de cultivo, inclusão social e ainda incorpora fontes de energia, como a compostagem e os biofertilizantes. Olericultura é um termo técnico muito utilizado no meio agronômico, que deriva do latim Oleris = hortaliças eColere = cultivar. Nada mais é do que a ciência ou estudo da tecnologia de produção de culturas olerícolas, conhecidas como hortaliças. A palavra hortaliça compreende todos os grupos de plantas que apresentam as seguintes características: consistência macia, não lenhosa, ciclo biológico curto, tratos culturais intensos, cultivos em áreas menores em relação às grandes culturas, e utilização na alimentação humana, sem exigir preparo industrial. A principal preocupação da agroecologia é sistematizar todos os esforços num modelo tecnológico socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente sustentável. Um pouco de teoria e história O agroecossistema é a unidade fundamental de estudo da agroecologia, onde estão presentes os ciclos minerais, as transformações energéticas, os processos biológicos e as relações socioeconômicas. Todos esses elementos são vistos sempre em conjunto. O objetivo de um agroecossistema não é a maximização da produção, mas a otimização do sistema em si. Para isso, é necessário conhecimento e análise das complexas relações existentes entre as pessoas, os cultivos, o solo, a água e os animais (Altieri, 1989). “É sempre bom falar sobre os princípios da agroecologia pois eles envolvem trabalho em rede, ou seja, a construção de articulações, de informações, de diálogos e de humanidade para a produção de alimentos, respeitando a si mesmo, aqueles que estão ao nosso redor e a natureza como um todo, de forma crítica e solidária” - Hamilton Trajano, técnico do Programa de Agricultura Urbana de Osasco, no Instituto Auá. Conheça aqui o histórico do movimento agroecológico no Brasil e no mundo: 1920: Agricultura Biodinâmica (Rudolf Steiner /E.P. Pfeiffer) - Áustria e Alemanha. 1930: Agricultura Natural (Mokiti Okada/ Masanobu) - Japão. 1930-40: Agricultura Organo-biológica (Hans Muller/ Hans P.Ruch) - Suíça e Áustria. 1930-40: Agricultura Orgânica (Albert Howard/E. Balfort/ J.I. Rodade) - Alemanha e EUA. 1970-80: Permacultura (Bill Mollison) - Austrália. 1970-80: Agricultura Ecológica (H.Vogtmann/Univ. Wagerningen). 1980: Agricultura Regenerativa (Robert Rodade/J Prettv) - EUA. 1980: Agroecologia (M.Altieri / S. Gliessman) - América Latina e EUA. MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades Onde entram as hortas? As hortas são os locais que concentram todas as atividades de produção de hortaliças. Seu sucesso depende da dedicação e persistência das pessoas responsáveis por realizar a horta. Esta mão-de-obra é composta por todos que estão envolvidos no cultivo das hortaliças, tanto na realização das práticas culturais como na vigilância da área. 9 Geralmente é utilizado um escarificador a 15cm da suficiente para romper crostas e um pé de grade niveladora. Conhecendo o solo O termo solo origina-se do latim Solum = suporte, superfície, base. Mais do que a simples camada superficial da terra, o solo é então o substrato terrestre que contém as matérias orgânicas capazes de sustentar plantas. Sempre em um ambiente aberto, é resultante do intemperismo e da decomposição das rochas. - Plantio direto - aqui, as sementes são introduzidas com uma semeadora especial sobre a palhada do cultivo anterior ou de culturas produzidas no local. É um recurso natural renovável, com o material orgânico e mineral não consolidado da crosta terrestre que serve de base para todas atividades sociais, espaciais e naturais. A composição do solo é algo bastante complexo, pois envolve aspectos físicos, químicos e biológicos: Aspectos Físicos Aspectos Químicos Aspectos Biológicos Refere-se à sua textura e estrutura do solo Relaciona-se com os nutrientes que vão ser utilizados pelas plantas Organismos vivos que atuam nos aspectos físicos e químicos - Plantio semidireto - semelhante ao plantio direto, é a semeadura direta sobre a superfície, com semeadora especial, diferindo deste sistema apenas por haver poucos resíduos na superfície do solo. FAÇA NA PRÁTICA As técnicas de manejo de determinada área dependem das características locais e das escolhas de quem maneja o espaço. É fundamental realizar um estudo do perfil do solo, pois em geral, o manejo depende de: - textura do solo. - grau de infestação de invasoras. - resíduos vegetais que se encontram na superfície. - umidade do solo. - existência de camadas compactadas. - pedregosidade, riscos de erosão e máquinas. Manejando o solo Existem práticas simples e indispensáveis para o bom manejo do solo, que permitem o desenvolvimento adequado das diferentes culturas. Esse manejo compreende um conjunto de técnicas que proporcionam alta produtividade quando são utilizadas de forma correta. Porém, podem levar à destruição do solo em curto prazo e até à desertificação de áreas extensas se forem mal aplicadas. De forma geral, os tipos de manejo de solo são: - Preparo convencional - provoca inversão da camada arável do solo, mediante o uso de arado, e inclui também operações secundárias com grade ou cultivador, para triturar os torrões. 100% da superfície é removida. Este tipo de preparo só deve ser utilizado quando da correção de algumas características da subsuperfície do solo, quando necessite de incorporação de corretivos ou rompimento de camadas compactadas. - Preparo mínimo - intermediário, consiste no uso de implementos sobre os resíduos da cultura anterior, com o revolvimento mínimo necessário para o cultivo seguinte. MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades Vale a pena decidir sempre pelo manejo mais conservacionista e por preparos que provoquem o menor revolvimento do solo. O período de limpeza do solo nunca termina, mas após a limpeza inicial, é preciso trazer de volta a fertilidade de solo: aquela matéria orgânica e microrganismos que permitam uma situação razoável de produtividade. Obter matéria orgânica de boa qualidade é chave para o sucesso da horta, podendo ser utilizados restos de podas das praças (grama e folhas das árvores) e mesmo matéria orgânica produzida no local. Busque compostar este material, transformando a matéria orgânica bruta em material que sirva como adubo para as plantas (Húmus). Na horticultura, as plantas possuem ciclos curtos e, por isso, é preciso repor o adubo sempre que os canteiros forem refeitos. As plantas irão precisar desses nutrientes para crescer. Caso eles faltem, as plantas não se desenvolverão e ficarão expostas a ataques de insetos e doenças. 11 Adubando o solo Vamos conhecer agora as principais formas de adubação do solo com base nos princípios agroecológicos? Compostagem FICA A DICA Em hortas urbanas, a opção mais adequada para o manejo do solo é variável de acordo com as espécies a serem plantadas. Algumas espécies são plantadas através de semeadura direta e outras com transplante de mudas. Imagem de plantio consorciado MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades A compostagem é o processo que permite criar composto fertilizante para as plantas, ou Húmus, por meio da decomposição natural dos materiais. Acontece com a presença de oxigênio, água e microorganismos da matéria orgânica, como folhas de árvores, restos de poda, restos de madeira, entre outros. Trata-se de uma mistura de plantas diferentes, em camadas a partir de um processo de fermentação, que deve ter sempre cheiro bom. Se estiver com cheiro ruim, irá atrair ratos e mosquitos. É preciso controlar a umidade e calor na compostagem, pois estes fatores favorecem o desenvolvimento dos agentes decompositores que serão responsáveis pela decomposição da matéria orgânica em húmus. O Húmus é o material orgânico que alimenta a vida. Este composto irá garantir a manutenção das plantas saudáveis, mas depende de atenção especial, tempo e dedicação em sua fabricação. O composto também pode ser comprado, pois em centros urbanos existe uma grande carência de terra com qualidade de nutrientes. E, finalmente, ele será útil para o plantio em vasos e jardins. Vale lembrar que durante a compostagem existe uma sequência de microrganismos que decompõem a matéria orgânica, até surgir o produto final, o Húmus maduro. Todo este processo acontece em etapas, nas quais fungos, bactérias, protozoários, minhocas, besouros, lacraias, formigas e aranhas decompõem as fibras vegetais e disponibilizam os nutrientes da matéria orgânica para as plantas. O processo da compostagem irá favorecer o desenvolvimento das culturas agrícolas no campo, com benefícios como: diminuição do teor de fibras da matéria orgânica, que será incorporada ao solo; destruição do poder de germinação de sementes e plantas invasoras, além de patógenos causadores de doenças; degradação de substâncias inibidoras do crescimento vegetal na pilha não compostada. Preparação da compostagem imagens da internet 13 FAÇA NA PRÁTICA Para fazer a compostagem, você deve providenciar: Esterco animal, qualquer tipo de planta, ervas, cascas, folhas verdes e secas, palhas, todas as sobras de cozinha que sejam de origem animal ou vegetal, cascas de frutas, cascas de ovo, entre outros itens orgânicos. Quanto mais variados e picados esses componentes, melhor será a qualidade do composto e mais rápido o processo de compostagem. Agora busque seguir estes passos: - Faça uma pilha de composto semelhante a da ilustração abaixo: - Escolha o local para montar a composteira considerando a facilidade de acesso, a disponibilidade de água para molhar as pilhas e se o solo possui boa drenagem. É desejável montar as pilhas em locais sombreados e protegidos de ventos intensos, para evitar ressecamento. - Na segunda camada, coloque restos de verduras, grama e esterco. Se o esterco for de boi, pode-se colocar 5 cm e, se for de galinha, mais concentrado em nitrogênio, 3 cm. - Deposite mais uma camada de 15 a 20 cm com material vegetal seco, seguida por outra camada de esterco e assim sucessivamente até que a pilha atinja a altura aproximada de 1,5 metros. - Fique atento para que a pilha tenha a parte superior quase plana para evitar a perda de calor e umidade, tomando-se o cuidado para evitar a formação de “poços de acumulação” das águas das chuvas. Adubo verde A adubação verde consiste no plantio de determinados vegetais de forma alternada: culturas de interesse econômico ou plantadas na mesma época, em linhas intercaladas. Os adubos verdes podem ser perenes (permanentes) ou sazonais (temporários), cobrindo o terreno durante o ano todo ou só por um determinado período. Depois que o adubo verde for roçado, será incorporado ao solo ou mantido como cobertura sobre sua superfície. Coquetel de adubo verde (varias espécies misturadas), e adubação verde na entrelinha - imagens da internet - Inicie a construção da pilha colocando uma camada de material vegetal seco de aproximadamente 15 a 20 centímetros, com folhas, palhadas, troncos ou galhos picados, para que absorvam o excesso de água e permitam a circulação de ar. - Regue a primeira camada com água, sem encharcar (a cada camada montada, deve-se umedecê-la para uma distribuição mais uniforme da água por toda a pilha). Adubo verde cortado antes de formar semente, e usado como cobertura morta.- imagens da internet MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades 15 Vale ressaltar que todas as plantas servem como adubo verde, o simples controle do mato deixado no canteiro é uma forma de se fazer adubo verde. Mas o objetivo maior dessa adubação é melhorar a vida do solo. As plantas que cobrem os canteiros contribuem para manter os seres vivos nos solos, mantendo sua fertilidade. Entre os pequenos seres vivos, existe uma espécie chamada rizóbio, que tem a capacidade de fixar nitrogênio do ar no solo. E as chamadas leguminosas têm a capacidade de hospedar estes rizóbios, fixando o nitrogênio do ar na raiz das plantas e favorecendo a adubação do solo. FICA A DICA Nas hortas urbanas, pode-se plantar feijão no canteiro a cada 3 metros para a fixação de nitrogênio, o qual é um macro nutriente fundamental para as plantas. Biofertilizante Biofertilizante é um adubo líquido, resultante da fermentação de estercos em água, podendo conter outros resíduos orgânicos e nutrientes. O processo de fermentação pode ser aeróbio (na presença de ar) ou anaeróbio (na ausência de ar). Seu objetivo é aumentar a fertilidade do solo, incorporando nutrientes da decomposição de plantas usadas na biodigestão. gerados neste processo decompõem a matéria orgânica, transformando este material em nutrientes assimiláveis pelas plantas. Para criar seu biofertilizante, que leva em torno de 30 dias para ficar pronto, serão utilizadas parte das plantas em estado saudável, viçoso e com alto teor de nutrientes, a exemplo de flores, folhas e caules. Os materiais necessários são: - Tambor de 200 litros com tampa removível - “bombona de plástico”. - 40 kg de esterco fresco- verde. - Partes de plantas sadias. - 1 kg de fubá. - 1 Kg de farinha de trigo. - 5 kg de açúcar cristal ou 6 litros de caldo de cana. - 6 litros de leite A ou C (leite de saquinho). - Pedaços de ferro, zinco, cobre. - Pedras. - 1 pedaço de mangueira de nível (40 cm). O processo de biodigestão gera gás metano, inflamável, e por isso é necessário o uso de mangueira, soldada na tampa com durepox, para condução do gás em garrafa com água onde o metano se perde. Evite fumar por perto. Agora siga os seguintes passos, lembrando que o tambor deve estar sempre em área sombreada, externa e com ventilação: Podem ser aplicados diretamente nas folhas, diluídos em água na proporção de 2% a 5%, ou no solo por gotejamento. A composição do biofertilizante pode variar bastante, de acordo com os materiais disponíveis. O que é biodigestão - um processo de fermentação com bactérias anaeróbicas, aquelas que não usam oxigênio em seu processo vital. As bactérias e os fungos FAÇA NA PRÁTICA - Colocar o esterco fresco-verde no tambor (não pode ser usado esterco curtido). - Encher com 150 litros de água pura, sem cloro. - Colocar a maior diversidade possível de plantas (espécies) saudáveis. - Colocar o restante dos materiais. Exemplo de preparo do biofertilizante.- imagens da internet MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades 17 - Completar com água, não sendo necessário encher até boca. - Mexer bem. - O tambor tem que ser bem fechado. Como fazer o manejo ecológico da horta Os modelos de produção agrícola de base ecológica vêm se tornando cada vez mais presentes frente à necessidade de alimentos livres de agrotóxicos, que respeitem a natureza e o bem-estar humanos. E a produção orgânica de hortaliças no Brasil também vem conquistando simpatizantes da agricultura urbana. É a que melhor se adapta a hortas urbanas e periurbanas, sendo preconizada hoje por políticas públicas para as cidades. Escolhendo o local Bombonas com mangueiras para retirar os gases produzidos no processo - imagens da internet Use o biofertilizante numa medida de 4 litros para 200 litros de água no plantio. E siga corretamente o modo de usar: - Coar o material com peneira. - Utilizar uma bomba costal, um pequeno pulverizador manual ou mesmo um regador. Diferente do campo, onde é possível procurar um local ideal para a instalação da horta, com água de fácil acesso, protegido de ventos fortes e recebendo luz direta do sol, com solo bem drenado e em área plana, no meio urbano essas condições não são fáceis de serem encontradas. Assim, na cidade as hortas costumam ser construídas onde há terra disponível, mesmo que não seja fértil, a exemplo de áreas em linhões de empresas fornecedoras de energia elétrica. Agricultura urbana em terrenos de linhões de energia em Osasco - imagem do facebbok Programa Osasco Solidária-SDTI Osasco Conhecendo o clima Pulverização de biofertilizante via bomba costal, o tradicional regador também pode ser utilizado. - imagens da internet MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades Cada cultura agrícola possui exigências específicas de temperatura, umidade, luminosidade e foto-período. Procure conhecer as exigências de sua cultura de interesse e verifique se o local de plantio é propício a ela. costumam aparecer na embalagem. E apesar da maioria das hortaliças ser prejudicada por excesso de calor e água, precisando de temperaturas amenas, há variedades adaptadas ao período seco e outras ao período chuvoso. Quando compramos sementes, o ciclo da planta e a época mais favorável de plantio A seguir você acompanha informações importantes sobre as principais hortaliças: 19 Espécie Abóbora Abobrinha Acelga Alface Alface Verão Alho Almeirão Batata Batata-baroa Batata Doce Berinjela Beterraba Brócolis Cará Cebola Cebolinha Cenoura Chicória Chuchu Couve Coentro Couve-flor Ervilha Torta Ervilha Grão Espinafre Feijão vagem Inhame Produtividade Normal Época Favoravel de Plantio* Tipo de Plantio Ago-Nov Direto/ Cova 2,50x2,50 90-120 10-15 kg Ago-Fev Direto/ Cova 1,50x1,00 60-90 10-15 kg Abr-Jun Muda/Canteiro 0,40x0,30 60-70 10-15 kg Abr-Jun Muda/Canteiro 0,25x0,25 60-90 160 pés Ago-Fev Muda/Canteiro 0,25x0,25 60-80 160 pés Mar-Abr Direto/Canteiro 0,25x0,10 150-180 Abr-Jun Muda/Canteiro 0,25x0,25 60-90 160 pés Abr-Jun Direto/Sulco 0,90x0,30 110-120 20-30 kg Abr-Jun Direto/Leira 0,80x0,30 240-360 10-20 kg Ago-Fev Direto/Leira 0,90x0,30 120-150 10-15kg Ago-Fev Direto/ Muda 1,20x1,00 90-100 80 kg Abr-Jun Direto/Canteiro 0,20x0,10 60-80 30-40 kg Abr-Jun Muda/Covas 0,90x0,50 90-100 10-30 kg Jul-Ago Direto/Leira 0,80x0,30 150-180 20-30 kg Abr-Jun Muda/Canteiro 0,40x0,10 100-120 10-20 kg Abr-Jun Muda/Canteiro 0,25x0,15 70-90 6 kg Abr-Jun Direto/Canteiro 0,20x0,05 90-110 20-30 kg Abr-Jun Muda/Canteiro 0,25x0,25 60-80 160 kg Ago-Fev Direto/Covas 6,00x5,00 90-120 15-20 kg Abr-Jun Muda/Cova 0,90x0,50 10-90 16 molhos Abr-Jun Direto/Canteiro 0,25x0,10 50-70 6 kg Abr-Jun Muda/Cova 0,90x0,50 100-110 10-12 kg Abr-Jun Direto/ Cova 0,90x0,40 70-90 9-10 kg Abr-Jun Diret/ Sulco raso 0,25x0,07 100-110 1-3 kg Abr-Jun Direto/Canteiro 0,25x0,10 60-70 45 molhos Ago-Fev Direto/ Cova 1,00x0,20 60-80 20-25 kg Ago-Out Direto/Sulco 0,90x0,20 170-210 10-15 kg Espaçamento (mXm) Inicio da Colheita (dias) Espécie (10m²) 1-6 kg MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades Jiló Melancia Melão Milho doce Moranga Morango Mostarda Pepino Pimenta Pimentão Quiabo Rabanete Repolho Repolho Verão Salsa Produtividade Normal Época Favoravel de Plantio* Tipo de Plantio Ago-Fev Muda/Cova 1,00x0,70 90-100 16-20 kg Ago-Fev Direto/ Cova 2,00x2,00 90-100 30-50 kg Ago-Fev Direto/ Muda 2,00x1,50 100-120 20-30 kg Ago-Fev Direto 1,00x0,20 120-140 50 espigas Ago-Fev Direto 2,00x2,00 110-120 10-15 kg Abr-Mai Muda 0,30x0,20 70-80 30-40 kg Abr-Jun Muda 0,40x0,40 60-70 62 pés Ago-Fev Direto/ Muda 1,00x0,50 70-80 40-50 kg Ago-Fev Muda 1,20x0,60 100-120 4-16 kg Ago-Fev Muda 1,00x0,50 100-110 30-40 kg Ago-Fev Direto/ Muda 1,00x0,40 90-100 15-22 kg Abr-Jun Direto 0,25x0,05 30-35 15-30 kg Abr-Jun Muda 0,80x0,40 85-95 30-60 kg Ago-Fev Muda 0,80x0,40 85-90 30-60 kg Abr-Jun Direto/ Muda 0,25x0,10 65-70 6 kg Espaçamento (mXm) Inicio da Colheita (dias) (10m²) Abr-Jun Muda 1,00x0,50 90-100 50-100 kg Tomate * Válido para a região Sudeste, Centro-Oeste, norte da região Sul, e sul do Nordeste Analisando o solo Como já foi dito, antes de começar a plantar é fundamental conhecer melhor o solo, identificando suas propriedades químicas, físicas e biológicas, sabendo quais culturas produzirão melhor e qual a adubação necessária para um melhor rendimento na colheita. Coleta de solo pronta para cultivo - imagens da internet 21 FAÇA NA PRÁTICA Para análise do solo, sugerimos primeiro coletar amostras simples de solo, e só então misturar estas amostras para formar uma amostra composta. O que é uma amostra simples? - Amostra simples é cada porção individual de terra que foiretirada em cada ponto da área. Cerca de 300 gr de terra permitirão avaliar a fertilidade do solo, porém ela deve ser coletada de vários pontos. A terra de cada ponto deve ser colocada em um recipiente bem limpo. O que é amostra composta? - Depois de retiradas as amostras simples, estas devem ser bem misturadas no balde, até que fiquem bem homogeneizadas. Essa mistura é a amostra composta. Como coletar as amostras? - Retire porções de terra dos canteiros com uma pá com profundidade de 30 cm, trazendo terra tanto da superfície do canteiro como do fundo, como se cortasse o canteiro como uma fatia de pão. O ideal é separar cada amostra de terra onde perceber diferenças, seja de cor, seja de textura (mais solta, mais grudenta), e marcar com nome ou números em saquinhos plásticos. Por exemplo: amostra do canteiro 1, amostra do canteiro 3, amostra do canteiro 4, ou com a identificação que você achar mais adequada. Caso o canteiro não esteja pronto antes de fazer a coleta, remova a camada que tenha raízes superficiais no solo. E lembre-se: faça a coleta antes de colocar qualquer adubo na terra! Como fazer a análise do solo? - Após a coleta e a identificação das amostras, estas devem ser levadas para um laboratório de análises de solo, ou encaminhadas para um técnico agrícola. É recomendado fazer a análise de solo periodicamente para fazer as correções necessárias, sempre orientadas por um profissional. Por dentro dos tipos de cultivo A maioria das hortaliças são plantadas por sementes. Mas algumas podem ser plantadas por brotações que saem da haste da planta adulta (como a couve), pedaços de rama (como o agrião, espinafre ou batata-doce), pelo fruto (como o chuchu), ou por pedaços da haste com raízes (como a cebolinha). Outras plantas possuem estruturas específicas para reprodução, a exemplo MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades do alho, multiplicado por bulbilhos (dentes), da batata, por tubérculos, e do inhame por rizomas. sementeira e feito o transplante (alface, berinjela, cebola, couve, couve-flor, couvebrócolis, pimenta, pimentão ou tomate). As hortaliças costumam ser plantadas por semeadura direta quando a planta completa seu ciclo (abóboras, agrião, alho, batata, cenoura, coentro, pepino, quiabo, rabanete ou salsa) ou por semeadura indireta, quando a muda é produzida em O uso de mudas em bandejas com substrato preparado, permitiu o plantio de diversas hortaliças por meio de mudas e não só por semeadura direta, encurtando o tempo de cultivo de muitas hortaliças. Os espaçamentos Cada espécie deve ser plantada com espaçamento adequado para que possa se desenvolver com qualidade. Para isso, é necessário observar a distância entre linhas e entre as plantas na linha. coentro em linhas separadas de 25 x 10 cm; couve, couve-flor e couve-brócolis de 90 x 50 cm. Observe a tabela de informações gerais de hortaliças nas paginas anteriores. Plantas de pequeno porte, como a alface e a chicória, são plantadas no espaçamento de 25 x 25 cm; salsa e O espaçamento é muito importante, pois o excesso de mudas pode necessitar de um aporte maior de adubação. Os tratos culturais As hortaliças requerem irrigações quase diárias, e estas dependem das condições climáticas, do tipo de solo, da espécie e do ciclo da planta. - Recomenda-se irrigações diárias para hortaliças nas fases iniciais e para hortaliças folhosas. - Para as hortaliças de frutos e de raízes, as irrigações podem ser a cada 2 a 3 dias. - Recomenda-se de 4 a 10 litros de água por metro quadrado de canteiro e de 3 a 5 litros por cova, que deve ser aplicada lentamente para não causar o escorrimento superficial. - Recomenda-se fazer irrigações mais frequentes e com menor volume nas fases iniciais do ciclo, e com menor frequência e maior volume do meio para o final do ciclo. - Solos mais arenosos exigem irrigações mais frequentes com menor volume de água, enquanto solos mais argilosos necessitam de irrigações menos frequentes com maior volume em cada aplicação. - Em dias quentes e ensolarados, deve-se fazer irrigações mais frequentes. - Utiliza-se regadores, mangueira com esguicho, gotejadores, micro aspersores, ou mangueiras furadas e tubos PVC com aspersores. - Deve-se utilizar sempre que possível, sistemas de irrigação mais eficientes para maximizar o uso da água, aumentando a produtividade e economizando mão-deobra e energia. - Para hortaliças semeadas diretamente 23 em covas ou canteiros, tais como abóbora, quiabo, cenoura, rabanete, beterraba, salsa e coentro, é recomendado o raleamento ou desbaste após 20 a 35 dias do semeio, que significa arrancar o excesso de plantas menos desenvolvidas, deixando um espaçamento adequado entre as plantas remanescentes. Os cultivos consorciados Para a realização dos cultivos consorciados, preste muita atenção no aproveitamento dos canteiros. Como as hortas urbanas costumam estar em áreas pequenas é preciso consorciar os cultivos para maior aproveitamento do espaço e do adubo. O cultivo consorciado promove diversos benefícios, como: ocorrência de reações químicas nas raízes das plantas que auxiliam o controle natural de insetos e doenças; criação de grumos na terra que fazem com que água e os nutrientes não se percam solo abaixo; e aumeno da diversidade dos canteiros e, consequentemente, da possibilidade de renda. SAFRA 1 SAFRA 2 SAFRA 3 SAFRA 4 CANTEIRO CANTEIRO CANTEIRO CANTEIRO Alface Beterraba Brocolis Alface Brocolis Alface Beterraba Brocolis Beterraba Brocolis Alface Beterraba O que é rotação de culturas? O termo rotação de culturas significa alternar espécies vegetais no decorrer do tempo, numa mesma área agrícola. Também é um processo de cultivo que visa a preservação ambiental, influindo positivamente na recuperação, manutenção e melhoria dos recursos naturais. Ela viabiliza ainda uma produtividade mais elevada, com mínima alteração ambiental. Outra vantagem do uso contínuo da rotação de culturas é preservar ou melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo, além de auxiliar no controle de plantas espontâneas, doenças e pragas. A rotação repõe restos orgânicos e protege o solo da ação dos agentes climáticos, ajuda a viabilizar a semeadura direta e diversifica a produção agropecuária. Para a obtenção de máxima eficiência da capacidade produtiva do solo, o planejamento da rotação deve considerar as espécies comerciais, mas também aquelas da cobertura do solo, que produzem grandes quantidades de biomassa. MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades Planejando a horta O planejamento do plantio na horta é imprescindível, pois as técnicas a serem utilizadas devem ser praticadas em conjunto. A escolha das culturas e do sistema de rotação devem ter flexibilidade, atendendo as particularidades regionais e as perspectivas de comercialização dos produtos. Deve-se pensar nos seguintes aspectos para um bom planejamento: - Sistema regional de conservação do solo - Calagem e adubação - Cobertura vegetal do solo - Processos de cultivo - Preparo do solo - Época de semeadura - Cultivares adaptadas - População de plantas - Controle de plantas daninhas, pragas e doenças - Semeadura direta - Integração agropecuária e silvicultura. Faça o escalonamento das hortas O gerenciamento das hortas é fundamental, sendo necessária a realização de uma escala de produção, nomeada como escalonamento. E acompanhe o calendário com as épocas de plantio na próxima página. FICA A DICA Busque seguir esta sugestão geral para o escalonamento da horta: - Cultivo de folhosas (alface, chicória etc) – a cada 7 dias - Cultivo de raízes (beterraba, cenoura etc) - a cada 15 dias - Cultivo de frutos e flores (brócolis, quiabo etc) – 1 vez por mês 25 ÉPOCAS DE PLANTIO MÊS ESPÉCIE Ano Todo Abobrinha, acelga, agrião, alface, almeirão, berinjela, beterraba, cebolinhas, cenoura, chicória, couve manteiga, espinafre, feijãovagem, jiló, milho, mostarda, pepino, rabanete, rúcula e salsa. Produção de sementes e mudas Janeiro Semear alface, agrião, aipo, couve, rabanete, almeirão, nabo, beterraba, rúcula, chicória, espinafre, batata-doce, salsa e coentro em locais com clima ameno e chuvas leves. Em clima quente semear as culturas de ano todo. Antes de produzir as mudas, é necessário verificar se a variedade semeada é apropriada para aquele clima. Sintomas de não adaptação são: plantas onde o botão floral aparece precocemente, raízes que estouram ou frutos que adoecem rapidamente ou mesmo nem se desenvolvem. estabelecimento e desenvolvimento das plântulas no campo. Cada espécie apresenta uma temperatura mínima, máxima e ótima para a germinação. E dentro de cada espécie, as cultivares podem apresentar diferenças marcantes quanto à germinação nas diferentes temperaturas. Fevereiro Semear rabanete e alface, transplantar o que foi semeado em sementeira. A temperatura, por exemplo, influencia na germinação das sementes e no Acompanhe o calendário com as temperaturas por espécie: Março Semear direto no canteiro cenoura, almeirão, salsa, alho, e nas sementeiras alfaces, chicória, espinafre, salsão, couve-flor, brócolis e repolho. Deve-se estar atento para seleção de variedades uma vez que as culturas semeadas nesta época se desenvolverão em clima de inverno. Abril Semear direto no canteiro agrião, almeirão, beterraba, nabo, salsa, alho, rúcula, chicória, salsão, semear na sementeira, chicória, salsão, couve-flor, brócolis e repolho de inverno, e espinafre. Maio Semear nos canteiros rabanete, cenoura, almeirão, nabo, beterraba, rúcula, salsa, chicória, salsão, espinafre, couve-flor, brócolis, e repolho de inverno. Semear em sementeira alface. Junho Plantio direto no canteiro de almeirão, cenoura, nabo, beterraba, rúcula, alho. Na sementeira chicória, agrião, couve-flor, brócolis e repolho de inverno. Julho Semear nos canteiros almeirão, rúcula, alho. Na sementeira semeia-se alface, rabanete, chicória, beterraba. Agosto Começa-se a selecionar variedades de verão para as que podem ser plantadas o ano todo, de acordo com o clima local. Em sementeira plantar jiló, berinjela, pimenta, pimentão, tomate. Semear alface, rabanete, cenoura, couve-flor, brócolis. Continua plantio Setembro de jiló, berinjela, pimenta, pimentão, tomate e ainda abobrinha, feijão de vagem, pepino, maxixe, salsa e coentro. Outubro Semear cenoura, couve-flor, brócolis, repolho, pimentão, tomate, berinjela, jiló, abobrinha, feijão de vagem, pepino, maxixe, mandioquinha, salsa, batata-doce, coentro. Semear alface, rabanete, cenoura, brócolis, repolho, couve-flor, batata- Novembro doce, coentro. Dezembro Semear abobrinha, feijão de vagem, pepino, cenoura e repolho. MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades Temperatura Espécie Abóbora Alface Berinjela Beterraba Cebola Cenoura Couve-flor Ervilha Feijão-Vagem Melancia Melão Milho-doce Pepino Pimentão / Pimenta Quiabo Repolho Tomate Minima 16 º 2º 16 º 4º 2º 4º 4º 4º 16 º 16 º 16 º 10 º 16 º 16 º 16 º 4º 10 º Máxima 38 º 29 º 35 º 35 º 35 º 35 º 38 º 29 º 35 º 41 º 38 º 41 º 41 º 35 º 41 º 38 º 35 º *Temperatura prescrita nas Regras para Análise de Sementes – MARA (1992). Ótima 20-30 º 20 º 20-30 º 20-30 º 20 º 20-30 º 20-30 º 20 º 20-30 º 20-30 º 20-30 º 20-30 º 20-30 º 20-30 º 20-30 º 20-30 º 20-30 º 27 É fundamental conhecermos a semente, como ela germina, o substrato, a quantidade certa de água, o tempo para o transplante e o transplante propriamente dito. Um exemplo: no caso do feijão no algodão, o feijão germina simplesmente com água, porque dentro dele existem nutrientes suficientes para que a semente desenvolva raízes e folhas. Atenção à origem e qualidade das sementes! Caso seja feita a produção de sementes, dê muita atenção à qualidade da semente original. Elas devem ser obtidas junto às empresas de sementes ou instituições de pesquisa, utilizando-se preferencialmente sementes básicas ou certificadas. Quando utilizar material local, próprio ou de vizinhos, selecione e colete as sementes de no mínimo 50 plantas para as espécies alógamas (aquelas que cruzam entre si e dependem de agentes polinizadores, como insetos, vento, etc), pois o plantio de um número muito pequeno pode gerar uma “seleção negativa”. Recomenda-se ainda a seleção de plantas e frutos mais uniformes e sadios para retirar as sementes. Sementes de baixa qualidade tendem a originar campos problemáticos, com baixa qualidade e pouca produtividade. A qualidade fisiológica das sementes é determinada pela germinação e por seu vigor. E um conjunto de características determinam este potencial fisiológico das sementes, relacionadas à velocidade de germinação, emergência em campo, etc. Já a qualidade física está relacionada principalmente com a pureza das sementes. Caso contenham contaminantes físicos como pedaços de sementes, pedras, partículas de solo, restos de plantas, etc, não devem ser utilizadas. Os contaminantes biológicos são os insetos e os organismos causadores de doenças. FICA A DICA Tome cuidado no momento da semeadura para não desperdiçar muitas sementes, pois será necessário um desbaste (retirar algumas plântulas) para que se tenham mudas fortes e vistosas. Quando há o desenvolvimento de dois pares de folhas, as mudas devem ser transplantadas, pois já poderão germinar em recipientes apropriados e com substratos adequados. Pense que as plantinhas são seres vivos novos que precisam de atenção especial, como em um berçário. MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades 29 Entendendo as mudas Produção em estufa e com cobertura de plástico Um dos componentes mais importantes no cultivo de hortaliças é a utilização de mudas de qualidade, o que aumenta a produtividade e diminui os riscos. pelas vantagens em relação ao sistema tradicional, geralmente conduzido em sementeira a céu aberto. São vantagens do cultivo protegido uma maior precocidade e menos possibilidade de contaminação patogênica. A produção de mudas de hortaliças sob cultivo protegido vem crescendo, Produzindo mudas em ambientes protegidos A produção de mudas em ambientes protegidos é comum devido a algumas vantagens: adubação, tratamento fitossanitário. - Maior relação percentual entre sementes plantadas e mudas obtidas. - Melhor aproveitamento da área destinada à produção de mudas. - Maior facilidade na execução de tratos culturais como desbaste, irrigação, - Menor estresse por ocasião do transplante. Com a chegada do sistema de cultivo protegido, a produção de mudas vem mostrando um resultado positivo quanto à qualidade destas e menores riscos de produção. A quantidade de luz nos ripados/telados é controlada de acordo com a colocação da madeira, da palha ou da tela plástica (escura), porém o controle de água das chuvas não é muito eficiente. Os tipos mais comuns de cultivo protegido são ripados, telados e em estufas. Os ripados/telados são normalmente construídos em madeira com cobertura de ripas, palha ou tela plástica. Estas reduzem a luminosidade e proporcionam temperaturas mais amenas, além de minimizar o efeito de chuvas e ventos fortes, e de evitar o acesso de animais. Já as estufas são estruturas onde se pode criar e manter microclimas favoráveis ao cultivo de qualquer espécie de planta, independente das condições ambientais. Além dessas vantagens, o plantio com mudas obtidas de cultivo protegido, em bandejas, reduz o ciclo da cultura no campo, permitindo maior número de cultivos no mesmo local. Nas estufas, as condições ambientais podem ser alteradas ou mantidas por meio de vários equipamentos, como ventiladores, exaustores, aquecedores, nebulizadores, lâmpadas, tela escura, entre outros. Veja aqui: Formação de Mudas (dias) Ciclo de Campo (dias) Espécie Tradicional Bandeja Tradicional Bandeja Alface 30-40 20-25 45 35 Repolho 40-45l 20-25 90 80 Couve flor 40-45 20-25 90 80 Tomate 35-40 20-25 130-150 120-150 Pimentão 40-45 30 40-140 30-140 Berinjela 40-45 30 40-140 30-140 Tabela. Comparação entre prazos de formação de mudas e o ciclo no campo, em dias, nos sistema tradicional (sementeira) e de recipiente (bandeja) de algumas espécies (Carmelo, 1995). MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades Túneis de PVC, estufas de plastico, viveiros e estruturas de bambu para fazer sombra - imagens da internet A importância dos substratos Substrato é todo material que proporciona condições favoráveis para o desenvolvimento do sistema de raízes, seja esse material sólido, natural, sintético ou residual, mineral ou orgânico, puro ou em mistura. O substrato exerce a função do solo, fornecendo à planta sustentação, nutrientes, água e oxigênio. Os substratos podem ter origem animal, vegetal e mineral. A escolha e o manejo correto do substrato são de suma importância para a obtenção de mudas de qualidade. É comum os substratos serem feitos pelos próprios produtores, utilizando materiais disponíveis em suas regiões. Os mais comuns são: casca de arroz carbonizada/natural, casca de árvores, vermiculita, fibra/pó de coco maduro, Húmus de minhoca, composto orgânico, terra, lã de rocha, entre outros. 31 Mais sobre os recipientes Os recipientes proporcionam melhor utilização do espaço na estufa, facilitando os trabalhos de semeadura e os tratos culturais (desbaste, irrigação, controle fitossanitário, manuseio, dentre outros), além de exigirem pequenas quantidades de substratos. Todos esses fatores podem interferir no custo final da muda. Mudas produzidas em recipientes pequenos têm seus custos reduzidos quando comparados com os custos de produção em recipientes maiores. Mas mudas produzidas em recipientes pequenos, normalmente, são menores e menos vigorosas do que aquelas produzidas em recipientes grandes. O tamanho do recipiente deve permitir um bom desenvolvimento do sistema radicular da muda durante a sua permanência no viveiro, para proporcionar um bom desempenho da futura planta. Recipientes maiores permitem um maior volume de raízes, aumentando a área de absorção de nutrientes. Recipientes como copos descartáveis são bem-vindos e uma boa solução para diminuir custos, porém têm vida útil curta e, por isso mesmo, devem ser reutilizados. FAÇA NA PRÁTICA A irrigação pode ser feita de várias maneiras, veja algumas: • Nebulização: fornece água em forma de gotículas, o que proporciona menor danos às mudas, principalmente nos primeiros estágios de desenvolvimento. É usada também para controlar temperatura e umidade em caso de estufa e em viveiro de enraizamento. • Microaspersão: a água é liberada em forma de círculo ou semicírculo, e a área molhada varia de acordo com o microaspersor. A perda de água nesse sistema pode ser maior do que no de nebulização. • Subirrigação: é feita por inundação das bancadas ou do próprio piso onde se encontram os recipientes usados na formação das mudas. Nesse caso, as bancadas e pisos possuem declives e a água é colocada na parte superior. Após a absorção, a água é drenada na parte inferior. A subirrigação permite manter a folhagem seca, o que pode contribuir para a pouca incidência de doenças, como também minimizar a perda de água. O custo da irrigação por meio desse método pode ser elevado, dependendo do sistema escolhido. Tubetes e bandejas para produção de mudas e copos descartaveis e garrafas pets que podem ser reutilizados, fazendo furos no fundo para vasar agua - imagens da internet Como fazer a irrigação? A água é um dos fatores determinantes da produção agrícola, pois participa de vários processos metabólicos da planta, devendo ser fornecida às mudas na quantidade necessária e no tempo certo. Excesso de água pode reduzir a respiração em torno das raízes e limitar a fotossíntese, além de favorecer o aparecimento de doenças nas folhas e no solo. Já a falta de água, faz as folhas se enrolarem e secarem, as raízes esturricam, e o solo ficar aquecido, prejudicando o desenvolvimento das mudas e o tempo de desenvolvimento final da cultura. O manejo adequado de água para a germinação das sementes e desenvolvimento das plântulas é feito por irrigação. A água de irrigação deve apresentar boa qualidade, isto é, estar livre de excesso de sais solúveis e de produtos poluentes. MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades irrigação por nebulizador, microaspersor e subrrigação - imagens da internet O sistema de irrigação a ser utilizado e o seu dimensionamento dependem, principalmente, do estágio de desenvolvimento das mudas, da disponibilidade de água e de recursos disponíveis. 33 Orientações importantes A obtenção de mudas de qualidade depende ainda de algumas estruturas. Por exemplo, deve-se prever: a construção de bancadas para suporte de bandejas, com altura adequada para proporcionar conforto ao trabalhador; depósitos para armazenamento de adubos, bandejas, sementes, vasos, substratos, equipamentos, e barracão para formulação de substratos, enchimento das bandejas e semeadura; bandejas, vasos, equipamentos (pá, enxada, pulverizadores, carrinhos e outros equipamentos) devem passar por desinfestação para se evitar a contaminação das mudas. No planejamento do viveiro, devem ser considerados também os fatores socioeconômicos, como disponibilidade de mão-de-obra, energia, vias de acesso, distância do local de consumo, fornecedores de insumos e de sementes com comprovada qualidade. A produção, o comércio, a exportação, a importação e outras atividades relacionadas a sementes e mudas no Brasil são regidas pela Lei 10.711/03, que instituiu o Sistema Nacional de Sementes e Mudas, regulamentada pelo Decreto 5.153/04. Cultivos alternativos Com a falta de espaço, as adversidades climáticas ou mesmo a falta de tempo para se deslocar a áreas rurais, o morador urbano vem desenvolvendo formas de estar ligado à terra e de praticar agricultura em espaços reduzidos. E nesse âmbito a imaginação é uma grande aliada! Atualmente, a agricultura vertical em áreas urbanas vem ganhando destaque, pois a falta de espaço nas grandes cidades e evidentemente a pressão imobiliária, devoram as regiões periurbanas onde antes existiam solos descobertos. Com isso, as paredes ganharam sua vez na agricultura. estruturas leves, fáceis de serem construídas e possibilitam o plantio de temperos, ervas e hortaliças, usados diariamente na culinária tradicional brasileira (coentro, salsinha, cebolinha, alface, etc). Nos cultivos verticais, o substrato e a adubação, com Húmus de minhoca e biofertilizantes, são fundamentais para a qualidade da produção Hortas verticais apresentam como principal característica o fato de poderem ser penduradas ou fixadas em estruturas na parede das casas, com o objetivo de otimizar o espaço de plantação. Em sua maioria, são MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades Plantios alternativos em canos de PVC, jardineiras, garrafas pet, e caixotes - imagens da internet Fazendo o controle natural de insetos e doenças Uma adubação equilibrada garante o funcionamento equilibrado das plantas, a produção de proteína e sua resistência. Mas é fundamental conhecer os insetos que atacam as hortas, pois a partir disso tomaremos providências adequadas. Busque saber quais são os hábitos dos insetos, como se multiplicam, quais suas defesas, suas fraquezas, quem são seus inimigos, se existem plantas que os repelem ou atraem (alelopatia)... tudo isso favorece a identificação de ações mais assertivas no combate e controle de doenças. O pulgão, por exemplo, é um inseto que respira pela pele e se usarmos um inseticida natural, com sabão neutro, podemos eliminar sua ação, pois matamos ele por asfixia, sem causar danos às plantas. Outra forma de fazer é adubar os canteiros e fornecer matéria orgânica na forma de cobertura morta. 35 Diversificando a matéria orgânica, também diversificamos a alimentação para o microrganismo, que, por sua vez, fornecerá nutrientes diversificados. Outra forma de manejar a horta é a rotação de culturas, como já dito. É importante o agricultor entender que a rotação de culturas é uma forma de prevenir doenças. As plantas são divididas em famílias, ou seja, determinadas famílias de plantas gostam de determinados nutrientes do solo, e outras famílias gostam de outros nutrientes. Se colocarmos plantas das mesmas famílias numa mesma gleba de terra sucessivamente, ano após ano, estas consumirão apenas os nutrientes que elas mais gostam, causando uma deficiência deste nutriente no solo. FICA A DICA O controle de insetos, fungos, ácaros, bactérias e viroses deve ser feito considerando algumas medidas preventivas, como: - Plantio em épocas corretas e com variedades adaptadas ao clima e ao solo da região. - Fazer uso de adubação orgânica. - Cobertura morta e plantio direto. - Consórcio de culturas e manejo seletivo do mato. - Evitar erosão do solo. - Uso de quebra-ventos ou as chamadas faixas protetoras. Como comercializar e abastecer mercados Conhecer o mercado para as hortaliças significa saber se o que você planta tem boa saída, onde será vendido e como, o que é tão ou mais importante que o cultivo, devendo ser considerado no planejamento. A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) representa o mais importante mercado atacadista de frutas e hortaliças na América Latina. Ceagesp-São Paulo comercialização feita por atravessadores que lucram mais que os produtores, e feira solidaria, produtores vendem diretamente seus produtos para o consumidor final a preço justo - imagens da internet São exemplos de comercialização por meio do pequeno varejo: as feiras livres, os sacolões, as quitandas, as mercearias e os mercadinhos. A comercialização por meio de grandes redes de supermercados representa em torno de 85% do total da participação do volume de vendas em São Paulo, embora representem apenas 15% do número total de estabelecimentos, contrastando com o comércio tradicional. Todas estas formas de comercialização têm em comum uma visão pouco solidária e que visam grandes lucros, MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades Os atacadistas geralmente possuem transporte próprio e compram diretamente do produtor para depois repassar as hortaliças para o pequeno varejo (quitandas e pequenos supermercados) ou para os distribuidores. O distribuidor é o comerciante atacadista que adquire os produtos nas CEAGESP ou diretamente do produtor e revende o produto beneficiado a varejistas. sufocando produtores, pagando preço baixo, comprometendo a viabilidade desses produtores, além de não agregar valores socioambientais aos produtos, remunerando a preços baixos e de pouca rentabilidade. Sempre exigem padronização de produtos, constância e preço baixo. A comercialização via programas sociais surgiu do entendimento por parte dos órgãos de governos que a inclusão social é uma das estratégias de desenvolvimento que cria oportunidade de sustentabilidade no meio rural. 37 Uma importante alternativa a esse modelo foi a criação do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar - PAA (Lei 10.696/2003), do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE (Lei Federal 11.947/2009) e mais recentemente do Programa Paulista da Agricultura Familiar de Interesse Social – PPAIS (lei 14.591/2011). Todos visam incentivar a agricultura familiar por meio da remuneração adequada da produção associada às ações de distribuição de produtos agropecuários para pessoas em situação de insegurança alimentar. Incentivadas principalmente pelos órgãos de assistência técnica, tais medidas têm estimulado um novo tipo de comercialização envolvendo compras diretas dos agricultores familiares pelo governo, viabilizando a diversificação da produção e garantindo a sustentabilidade da agricultura familiar. O PAA, por exemplo, é reconhecido internacionalmente, e referência para diversos programas similares em outros países da América Latina e da África. Atualmente o programa adquire alimentos de mais de 185 mil agricultores familiares, beneficiando 19.681 entidades recebedoras dos alimentos, com a distribuição de 529 mil toneladas de alimentos por ano. O PAA já beneficiou, ao longo dos seus 10 anos, 2.352 municípios em todos os Estados do Brasil. Fique de olho na apresentação do produto Existem várias formas de um produto chegar às mãos do consumidor final, e sua apresentação pode ser muito importante de acordo com o local e a forma de comercialização. Em redes de supermercados, por exemplo, valorizam-se embalagens plásticas e de isopor para o consumidor final, mas estas embalagens não contribuem com a preservação do meio ambiente, além de exigirem padronização do produto acarretando desperdício e perda dos que fogem aos padrões da embalagem. Nas feiras, sacolas de papelão e caixas de papelão são sempre as preferidas do consumidor final, além de serem recicladas com maior facilidade e serem mais ecológicas. Para transportar grandes quantidades, as caixas de plástico de PVC são as mais usadas, como por exemplo, para abastecer supermercados, Conab, ou mesmo no transporte para a feira. Entenda a economia solidária A economia solidária surgiu como um movimento social na Inglaterra, durante o Século 19, para enfrentar o crescimento desenfreado do capitalismo industrial e ser uma resistência por parte da população excluída. No Brasil, o movimento só ganhou força nas últimas décadas e tem feito do país uma referência no assunto. Hoje é um movimento que ocorre no mundo todo e diz respeito à produção, consumo e distribuição de riqueza com foco na valorização do ser humano. A sua base são os empreendimentos coletivos (associação, cooperativa, grupo informal e sociedade mercantil). Hoje, o Brasil conta com mais de 30 mil empreendimentos solidários, em vários setores da economia, com destaque para a agricultura familiar. Eles geram renda para mais de 2 milhões de pessoas e movimentam anualmente cerca de R$ 12 bilhões. Segundo Paul Singer, ex-secretário Nacional de Economia Solidaria, pode-se entender economia solidária como “um modo de produção que se caracteriza pela igualdade. Pela igualdade de direitos, os meios de produção são de posse coletiva dos que trabalham com eles – essa é a característica central. E a autogestão, ou seja, os empreendimentos de economia solidária são geridos pelos próprios trabalhadores coletivamente de forma inteiramente democrática, quer dizer, cada sócio, cada membro do empreendimento tem direito a um voto. Se são pequenas cooperativas, não há nenhuma distinção importante de funções, todo o mundo faz o que precisa”. Hoje, o governo brasileiro conta com a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), iniciada em 2004, a qual tem como órgão o Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária (SIES). Exemplos de embalagens plástica e de isopor para armazenamento, e caixas de madeira, plastico e papelão, para transporte - imagens da internet MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades 39 Referências bibliográficas Bezerra, Fred Carvalho. Produção de Mudas de Hortaliças em Ambiente Protegido, Embrapa Fortaleza (CE), 2003. Coleção SENAR – 149. Hortaliças: cultivo de hortaliças, raízes, tubérculos, rizomas e bulbos, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Brasília, SENAR, 2012. Horta - Cultivo de Hortaliças, Departamento de Parques e Áreas Verdes, Divisão Técnica Escola Municipal de Jardinagem - Programa Hortas Comunitárias, Prefeitura de São Paulo, 2010. Ishimura, Issao. Manual de agricultura orgânica, Piracicaba (SP), JICA, 2004. Kinupp, Valdely Ferreira. Plantas Alimentícias Não-Convencionais (PANCs): uma Riqueza Negligenciada, Anais da 61ª Reunião Anual da SBPC, Manaus (AM), 2009. Lopes, Andrielle Câmara Amaral e Nascimento, Warley Marcos. Peletização de sementes de hortaliças, Documentos 137, Embrapa Hortaliças, Brasília (DF), 2012. Mesquita, Júlio. Produção de Mudas de Hortaliças, Instituto Agronômico de Pernambuco Petrolina, agosto de 2009. Michereff, Miguel e Resende, Francisco Vilela e Vidal, Mariane. Manejo de pragas em hortaliças durante a transição agroecológica, Circular Técnica, 119, Brasília (DF), Março, 2013. Nascimento, Warley M. Produção de sementes de hortaliças para a agricultura familiar, Brasília (DF), Circular Técnica 35, Programa biodiversidade – MAPA, março, 2005. Setti de Liz, Ronaldo. Etapas para o planejamento e implantação de horta urbana, Comunicado Técnico, Brasília (DF), 2006. Serrano, Ondalva e Trajano, Hamilton, Projeto Água Doce, Fundo Especial do Meio Ambiente - FEMA 3, Secretaria do Verde e Meio Ambiente, 2009. MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades