“Hortas Urbanas”, do Instituto Auá - EntreMeios – Biodiversidade e

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SUMÁRIO
“O último objetivo da agricultura
não é a produção de lavouras,
mas o cultivo e a perfeição
dos seres humanos”
Masanobu Fukuoka, precursor da agricultura natural.
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
Prefácio
04
Introdução
05
Descobrindo as hortas urbanas
06
Por que agroecologia?
08
O que significa olericultura?
09
Conhecendo o solo
10
Manejando o solo
10
Adubando o solo
13
Como fazer o manejo
ecológico da horta
19
Planejando a horta
25
Como fazer a irrigação?
32
Orientações importantes
34
Cultivos alternativos
34
Fazendo o controle natural
de insetos e doenças
35
Como comercializar
e abastecer mercados
37
Referências bibliograficas
40
3
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
O Instituto Auá atua há 19 anos com a visão de que a sustentabilidade da
vida no planeta deve passar por um profundo processo de conhecimento
do ser humano sobre si mesmo, o outro e o meio em que vive. Isso permite
ao indivíduo a descoberta de seu potencial vocacional, a ser expresso nas
interações saudáveis com a sociedade e o meio ambiente.
O trabalho que vem sendo desenvolvido em Osasco pelo Programa
de Agricultura Urbana alia a promoção de saúde, a geração de renda e
a conservação ambiental. Todo o manejo nas hortas é realizado com
princípios agroecológicos, sem o uso de adubos ou inseticidas químicos,
mas acima de tudo promovendo o ser humano, pilar essencial da
sustentabilidade local.
Assim, criam-se relações sadias baseadas na noção de cuidado e respeito
consigo, com seu próximo e com a natureza, levando à adoção de práticas
sustentáveis nos meios de produção, de trabalho e de desenvolvimento
econômico. O que acarreta em novos modelos baseados na segurança
alimentar, comércio justo, economia solidária, educação integral e
conservação dos serviços ecossistêmicos.
Neste contexto, o Instituto Auá trabalha com a frente de Agroecologia,
entendida não só como uma tecnologia de cultivo, mas uma possibilidade
de desenvolvimento comunitário, com geração de renda, integração social
e valorização das pessoas, sempre preservando os recursos naturais.
É um processo educativo que permite a conexão do homem com a terra,
seu alimento, seus saberes e sua autoestima. No universo das grandes
cidades, as hortas urbanas cumprem a importante função de valorizar
o papel de quem produz alimentos, transformar as relações entre os
moradores e seu espaço e tornar acessível um alimento fresco e sem
agrotóxicos para os consumidores locais.
A metodologia contempla não apenas aspectos técnicos, mas valoriza
os saberes e necessidades de cada participante, buscando fortalecer
seu potencial, resgatar sua confiança e ampliar suas possibilidades de
crescimento.
Dessa maneira, é possível criar condições para que o trabalho seja efetivo,
contínuo e crescente. E esta publicação vem apoiar a construção desse
conhecimento permanente e vivo, a ser levado para o resto da vida pelos
participantes, com a visão de que o curso em hortas urbanas se transforme
num caminho de autonomia e ação na comunidade, renovando a própria
paisagem das cidades.
Adriane Andrade
Gestora do Projeto de Agricultura Urbana
Instituto Auá
Ana Cecília Bruni
Coordenadora de Comunicação
Instituto Auá
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
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Descobrindo as hortas urbanas
Você já parou para pensar o que são hortas urbanas e para que servem?
A busca do ser humano por extrair
alimentos da terra é uma questão de
sobrevivência.
Mas há também um desejo das pessoas
que vivem em cidades de trabalhar a terra
por meio da agricultura, conhecer novos
sabores e, principalmente, ter acesso a
alimentos que não são encontrados só
nas prateleiras dos supermercados.
Nos ambientes urbanos, temos visto o
abandono progressivo de áreas que antes
possuíam solos férteis e capacidade de
manter o clima mais úmido e ameno.
Hoje essas áreas estão impermeabilizadas,
aumentando as chamadas “ilhas de calor”,
afetando diretamente a qualidade de vida
dos moradores.
Gastamos mais energia, usamos mais ar
condicionado e nossos alimentos vêm de
distâncias cada vez maiores.
Porém, todos os solos agrícolas deveriam
ser preservados, pois são uma reserva
de terra para a produção de alimentos. E
quanto mais próxima a produção estiver
dos centros de consumo, melhor para o
meio ambiente e as pessoas.
Horta urbana feita em Osasco - imagem do facebbok Programa Osasco Solidária-SDTI Osasco
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Os benefícios das práticas agrícolas em meio urbano
são incontáveis
- As áreas cultivadas permeáveis são essenciais para o equilíbrio de uma região ao
favorecer o funcionamento do ciclo da água dentro do contexto da paisagem.
- Podem ter um importante papel na economia familiar e na qualidade da alimentação
dessas famílias.
- Reduzem a matéria orgânica que vai para o lixo indiferenciado.
- Funcionam como recurso lúdico, recreativo e terapêutico.
- Podem ser uma contribuição importante para a qualidade da paisagem na cidade,
substituindo espaços abandonados e em degradação progressiva na via pública, por
espaços com canteiros agrícolas e com uma diversidade de culturas comestíveis.
Vale lembrar também que a ONU
– Organizações das Nações Unidas
considera a agricultura urbana como
o elemento de planeamento urbano
mais importante do século 21. A
ideia de que o espaço da cidade deve
eliminar a paisagem natural do seu
interior, reservando-lhe apenas as
sobras da construção, está totalmente
ultrapassada.
Horta urbana feita no telhado do Shopping Eldorado (SP) - imagens da internet
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O que significa olericultura?
Por que agroecologia?
Cada vez mais, as sociedades têm a necessidade de desenvolver um tipo de agricultura
que se preocupe com as condições de produção e não só com a produtividade.
Este é o modelo que faz frente à chamada agricultura convencional, responsável pela
criação de técnicas que elevam a produtividade, mas que provocam sérios prejuízos
ambientais, a exemplo da degradação dos ecossistemas e da contaminação dos
recursos hídricos.
A agroecologia é a solução mais positiva para conquistarmos a sustentabilidade
ambiental, social e econômica. Ela é a vertente da agricultura que engloba técnicas
ecológicas de cultivo, inclusão social e ainda incorpora fontes de energia, como a
compostagem e os biofertilizantes.
Olericultura é um termo técnico muito
utilizado no meio agronômico, que
deriva do latim Oleris = hortaliças
eColere = cultivar. Nada mais é do que
a ciência ou estudo da tecnologia
de produção de culturas olerícolas,
conhecidas como hortaliças.
A palavra hortaliça compreende todos
os grupos de plantas que apresentam as
seguintes características: consistência
macia, não lenhosa, ciclo biológico curto,
tratos culturais intensos, cultivos em áreas
menores em relação às grandes culturas,
e utilização na alimentação humana, sem
exigir preparo industrial.
A principal preocupação da agroecologia é sistematizar todos os esforços num modelo
tecnológico socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente sustentável.
Um pouco de teoria e história
O agroecossistema é a unidade
fundamental de estudo da agroecologia,
onde estão presentes os ciclos minerais,
as transformações energéticas, os
processos biológicos e as relações
socioeconômicas. Todos esses elementos
são vistos sempre em conjunto.
O objetivo de um agroecossistema não
é a maximização da produção, mas a
otimização do sistema em si. Para isso, é
necessário conhecimento e análise das
complexas relações existentes entre as
pessoas, os cultivos, o solo, a água e os
animais (Altieri, 1989).
“É sempre bom falar sobre os princípios
da agroecologia pois eles envolvem
trabalho em rede, ou seja, a construção de
articulações, de informações, de diálogos
e de humanidade para a produção de
alimentos, respeitando a si mesmo,
aqueles que estão ao nosso redor e a
natureza como um todo, de forma crítica
e solidária” - Hamilton Trajano, técnico
do Programa de Agricultura Urbana de
Osasco, no Instituto Auá.
Conheça aqui o histórico do movimento
agroecológico no Brasil e no mundo:
1920: Agricultura Biodinâmica (Rudolf
Steiner /E.P. Pfeiffer) - Áustria e Alemanha.
1930: Agricultura Natural (Mokiti Okada/
Masanobu) - Japão.
1930-40: Agricultura Organo-biológica
(Hans Muller/ Hans P.Ruch) - Suíça e Áustria.
1930-40: Agricultura Orgânica (Albert Howard/E.
Balfort/ J.I. Rodade) - Alemanha e EUA.
1970-80: Permacultura (Bill Mollison) - Austrália.
1970-80: Agricultura Ecológica
(H.Vogtmann/Univ. Wagerningen).
1980: Agricultura Regenerativa (Robert
Rodade/J Prettv) - EUA.
1980: Agroecologia (M.Altieri / S.
Gliessman) - América Latina e EUA.
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Onde entram as hortas?
As hortas são os locais que concentram todas as atividades de produção de hortaliças.
Seu sucesso depende da dedicação e persistência das pessoas responsáveis por realizar
a horta. Esta mão-de-obra é composta por todos que estão envolvidos no cultivo das
hortaliças, tanto na realização das práticas culturais como na vigilância da área.
9
Geralmente é utilizado um escarificador a 15cm da suficiente para romper crostas e um
pé de grade niveladora.
Conhecendo o solo
O termo solo origina-se do latim Solum =
suporte, superfície, base. Mais do que a
simples camada superficial da terra, o solo
é então o substrato terrestre que contém
as matérias orgânicas capazes de sustentar
plantas. Sempre em um ambiente aberto,
é resultante do intemperismo e da
decomposição das rochas.
- Plantio direto - aqui, as sementes são introduzidas com uma semeadora especial
sobre a palhada do cultivo anterior ou de culturas produzidas no local.
É um recurso natural renovável, com
o material orgânico e mineral não
consolidado da crosta terrestre que serve
de base para todas atividades sociais,
espaciais e naturais. A composição do
solo é algo bastante complexo, pois
envolve aspectos físicos, químicos e
biológicos:
Aspectos Físicos
Aspectos Químicos
Aspectos Biológicos
Refere-se à sua textura
e estrutura do solo
Relaciona-se com os
nutrientes que vão ser
utilizados pelas plantas
Organismos vivos que
atuam nos aspectos
físicos e químicos
- Plantio semidireto - semelhante ao plantio direto, é a semeadura direta sobre a
superfície, com semeadora especial, diferindo deste sistema apenas por haver poucos
resíduos na superfície do solo.
FAÇA NA PRÁTICA
As técnicas de manejo de determinada área dependem das características
locais e das escolhas de quem maneja o espaço. É fundamental realizar um
estudo do perfil do solo, pois em geral, o manejo depende de:
- textura do solo.
- grau de infestação de invasoras.
- resíduos vegetais que se encontram na superfície.
- umidade do solo.
- existência de camadas compactadas.
- pedregosidade, riscos de erosão e máquinas.
Manejando o solo
Existem práticas simples e indispensáveis
para o bom manejo do solo, que
permitem o desenvolvimento adequado
das diferentes culturas. Esse manejo
compreende um conjunto de técnicas
que proporcionam alta produtividade
quando são utilizadas de forma correta.
Porém, podem levar à destruição do solo
em curto prazo e até à desertificação de
áreas extensas se forem mal aplicadas.
De forma geral, os tipos de manejo de
solo são:
- Preparo convencional - provoca inversão da camada arável do solo, mediante o uso
de arado, e inclui também operações secundárias com grade ou cultivador, para triturar
os torrões. 100% da superfície é removida. Este tipo de preparo só deve ser utilizado
quando da correção de algumas características da subsuperfície do solo, quando necessite de incorporação de corretivos ou rompimento de camadas compactadas.
- Preparo mínimo - intermediário, consiste no uso de implementos sobre os resíduos
da cultura anterior, com o revolvimento mínimo necessário para o cultivo seguinte.
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
Vale a pena decidir sempre pelo
manejo mais conservacionista e por
preparos que provoquem o menor
revolvimento do solo.
O período de limpeza do solo nunca
termina, mas após a limpeza inicial,
é preciso trazer de volta a fertilidade
de solo: aquela matéria orgânica e
microrganismos que permitam uma
situação razoável de produtividade.
Obter matéria orgânica de boa qualidade
é chave para o sucesso da horta, podendo
ser utilizados restos de podas das praças
(grama e folhas das árvores) e mesmo
matéria orgânica produzida no local.
Busque compostar este material,
transformando a matéria orgânica bruta
em material que sirva como adubo para
as plantas (Húmus).
Na horticultura, as plantas possuem ciclos
curtos e, por isso, é preciso repor o adubo
sempre que os canteiros forem refeitos.
As plantas irão precisar desses nutrientes
para crescer. Caso eles faltem, as plantas
não se desenvolverão e ficarão expostas a
ataques de insetos e doenças.
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Adubando o solo
Vamos conhecer agora as principais
formas de adubação do solo com base
nos princípios agroecológicos?
Compostagem
FICA A DICA
Em hortas urbanas,
a opção mais
adequada para o
manejo do solo
é variável de acordo
com as espécies
a serem plantadas.
Algumas espécies são
plantadas através
de semeadura direta
e outras com
transplante de mudas.
Imagem de plantio consorciado
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A compostagem é o processo que
permite criar composto fertilizante
para as plantas, ou Húmus, por meio da
decomposição natural dos materiais.
Acontece com a presença de oxigênio,
água e microorganismos da matéria
orgânica, como folhas de árvores, restos
de poda, restos de madeira, entre outros.
Trata-se de uma mistura de plantas
diferentes, em camadas a partir de um
processo de fermentação, que deve
ter sempre cheiro bom. Se estiver com
cheiro ruim, irá atrair ratos e mosquitos.
É preciso controlar a umidade e calor
na compostagem, pois estes fatores
favorecem o desenvolvimento dos
agentes decompositores que serão
responsáveis pela decomposição da
matéria orgânica em húmus.
O Húmus é o material orgânico que
alimenta a vida. Este composto irá garantir
a manutenção das plantas saudáveis, mas
depende de atenção especial, tempo e
dedicação em sua fabricação.
O composto também pode ser
comprado, pois em centros urbanos
existe uma grande carência de terra com
qualidade de nutrientes.
E, finalmente, ele será útil para o plantio
em vasos e jardins.
Vale lembrar que durante a compostagem
existe uma sequência de microrganismos
que decompõem a matéria orgânica,
até surgir o produto final, o Húmus
maduro. Todo este processo acontece
em etapas, nas quais fungos, bactérias,
protozoários, minhocas, besouros,
lacraias, formigas e aranhas
decompõem as fibras vegetais e
disponibilizam os nutrientes da matéria
orgânica para as plantas.
O processo da compostagem irá favorecer o
desenvolvimento das culturas agrícolas no
campo, com benefícios como: diminuição
do teor de fibras da matéria orgânica,
que será incorporada ao solo; destruição
do poder de germinação de sementes
e plantas invasoras, além de patógenos
causadores de doenças; degradação de
substâncias inibidoras do crescimento
vegetal na pilha não compostada.
Preparação da compostagem imagens da internet
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FAÇA NA PRÁTICA
Para fazer a compostagem, você deve providenciar:
Esterco animal, qualquer tipo de planta, ervas, cascas, folhas verdes e
secas, palhas, todas as sobras de cozinha que sejam de origem animal ou
vegetal, cascas de frutas, cascas de ovo, entre outros itens orgânicos.
Quanto mais variados e picados esses componentes, melhor será a
qualidade do composto e mais rápido o processo de compostagem.
Agora busque seguir estes passos:
- Faça uma pilha de composto semelhante a da ilustração abaixo:
- Escolha o local para montar a composteira considerando a facilidade de
acesso, a disponibilidade de água para molhar as pilhas e se o solo possui
boa drenagem. É desejável montar as pilhas em locais sombreados e
protegidos de ventos intensos, para evitar ressecamento.
- Na segunda camada, coloque restos de verduras, grama e esterco.
Se o esterco for de boi, pode-se colocar 5 cm e, se for de galinha, mais
concentrado em nitrogênio, 3 cm.
- Deposite mais uma camada de 15 a 20 cm com material vegetal seco,
seguida por outra camada de esterco e assim sucessivamente até que a
pilha atinja a altura aproximada de 1,5 metros.
- Fique atento para que a pilha tenha a parte superior quase plana para
evitar a perda de calor e umidade, tomando-se o cuidado para evitar a
formação de “poços de acumulação” das águas das chuvas.
Adubo verde
A adubação verde consiste no plantio
de determinados vegetais de forma
alternada: culturas de interesse
econômico ou plantadas na mesma
época, em linhas intercaladas.
Os adubos verdes podem ser perenes
(permanentes) ou sazonais (temporários),
cobrindo o terreno durante o ano todo ou
só por um determinado período.
Depois que o adubo verde for roçado,
será incorporado ao solo ou mantido
como cobertura sobre sua superfície.
Coquetel de adubo verde (varias espécies misturadas), e adubação verde na entrelinha - imagens da internet
- Inicie a construção da pilha colocando uma camada de material vegetal
seco de aproximadamente 15 a 20 centímetros, com folhas, palhadas,
troncos ou galhos picados, para que absorvam o excesso de água e
permitam a circulação de ar.
- Regue a primeira camada com água, sem encharcar (a cada camada
montada, deve-se umedecê-la para uma distribuição mais uniforme da
água por toda a pilha).
Adubo verde cortado antes de formar semente, e usado como cobertura morta.- imagens da internet
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
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Vale ressaltar que todas as plantas servem
como adubo verde, o simples controle do
mato deixado no canteiro é uma forma de
se fazer adubo verde.
Mas o objetivo maior dessa adubação
é melhorar a vida do solo. As plantas
que cobrem os canteiros contribuem
para manter os seres vivos nos solos,
mantendo sua fertilidade.
Entre os pequenos seres vivos, existe
uma espécie chamada rizóbio, que tem
a capacidade de fixar nitrogênio do ar
no solo. E as chamadas leguminosas
têm a capacidade de hospedar estes
rizóbios, fixando o nitrogênio do ar
na raiz das plantas e favorecendo a
adubação do solo.
FICA A DICA
Nas hortas urbanas, pode-se plantar feijão no canteiro a
cada 3 metros para a fixação de nitrogênio, o qual é um
macro nutriente fundamental para as plantas.
Biofertilizante
Biofertilizante é um adubo líquido,
resultante da fermentação de estercos em
água, podendo conter outros resíduos
orgânicos e nutrientes. O processo
de fermentação pode ser aeróbio
(na presença de ar) ou anaeróbio (na
ausência de ar). Seu objetivo é aumentar
a fertilidade do solo, incorporando
nutrientes da decomposição de plantas
usadas na biodigestão.
gerados neste processo decompõem a
matéria orgânica, transformando este
material em nutrientes assimiláveis
pelas plantas.
Para criar seu biofertilizante, que leva em torno de 30 dias para ficar pronto,
serão utilizadas parte das plantas em estado saudável, viçoso e com alto
teor de nutrientes, a exemplo de flores, folhas e caules.
Os materiais necessários são:
- Tambor de 200 litros com tampa removível - “bombona de plástico”.
- 40 kg de esterco fresco- verde.
- Partes de plantas sadias.
- 1 kg de fubá.
- 1 Kg de farinha de trigo.
- 5 kg de açúcar cristal ou 6 litros de caldo de cana.
- 6 litros de leite A ou C (leite de saquinho).
- Pedaços de ferro, zinco, cobre.
- Pedras.
- 1 pedaço de mangueira de nível (40 cm).
O processo de biodigestão gera gás metano, inflamável, e por isso
é necessário o uso de mangueira, soldada na tampa com durepox,
para condução do gás em garrafa com água onde
o metano se perde. Evite fumar por perto.
Agora siga os seguintes passos, lembrando que o tambor deve estar sempre
em área sombreada, externa e com ventilação:
Podem ser aplicados diretamente nas
folhas, diluídos em água na proporção
de 2% a 5%, ou no solo por gotejamento.
A composição do biofertilizante pode
variar bastante, de acordo com os
materiais disponíveis.
O que é biodigestão - um processo de
fermentação com bactérias anaeróbicas,
aquelas que não usam oxigênio em seu
processo vital. As bactérias e os fungos
FAÇA NA PRÁTICA
- Colocar o esterco fresco-verde no tambor (não pode ser usado esterco
curtido).
- Encher com 150 litros de água pura, sem cloro.
- Colocar a maior diversidade possível de plantas (espécies) saudáveis.
- Colocar o restante dos materiais.
Exemplo de preparo do biofertilizante.- imagens da internet
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
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- Completar com água, não sendo necessário encher até boca.
- Mexer bem.
- O tambor tem que ser bem fechado.
Como fazer o manejo ecológico da horta
Os modelos de produção agrícola
de base ecológica vêm se tornando
cada vez mais presentes frente à
necessidade de alimentos livres de
agrotóxicos, que respeitem a natureza
e o bem-estar humanos.
E a produção orgânica de hortaliças
no Brasil também vem conquistando
simpatizantes da agricultura urbana. É a
que melhor se adapta a hortas urbanas e
periurbanas, sendo preconizada hoje por
políticas públicas para as cidades.
Escolhendo o local
Bombonas com mangueiras para retirar os gases produzidos no processo - imagens da internet
Use o biofertilizante numa medida de 4 litros
para 200 litros de água no plantio.
E siga corretamente o modo de usar:
- Coar o material com peneira.
- Utilizar uma bomba costal, um pequeno pulverizador manual ou
mesmo um regador.
Diferente do campo, onde é possível
procurar um local ideal para a instalação
da horta, com água de fácil acesso,
protegido de ventos fortes e recebendo
luz direta do sol, com solo bem drenado
e em área plana, no meio urbano essas
condições não são fáceis de serem
encontradas.
Assim, na cidade as hortas costumam
ser construídas onde há terra disponível,
mesmo que não seja fértil, a exemplo
de áreas em linhões de empresas
fornecedoras de energia elétrica.
Agricultura urbana em terrenos de linhões de
energia em Osasco - imagem do facebbok Programa
Osasco Solidária-SDTI Osasco
Conhecendo o clima
Pulverização de biofertilizante via bomba costal, o tradicional regador também pode ser utilizado. - imagens da internet
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
Cada cultura agrícola possui exigências
específicas de temperatura, umidade,
luminosidade e foto-período. Procure
conhecer as exigências de sua cultura de
interesse e verifique se o local de plantio
é propício a ela.
costumam aparecer na embalagem.
E apesar da maioria das hortaliças ser
prejudicada por excesso de calor e água,
precisando de temperaturas amenas, há
variedades adaptadas ao período seco e
outras ao período chuvoso.
Quando compramos sementes, o ciclo da
planta e a época mais favorável de plantio
A seguir você acompanha informações
importantes sobre as principais hortaliças:
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Espécie
Abóbora
Abobrinha
Acelga
Alface
Alface
Verão
Alho
Almeirão
Batata
Batata-baroa
Batata
Doce
Berinjela
Beterraba
Brócolis
Cará
Cebola
Cebolinha
Cenoura
Chicória
Chuchu
Couve
Coentro
Couve-flor
Ervilha Torta
Ervilha Grão
Espinafre
Feijão
vagem
Inhame
Produtividade
Normal
Época
Favoravel
de Plantio*
Tipo de
Plantio
Ago-Nov
Direto/ Cova
2,50x2,50
90-120
10-15 kg
Ago-Fev
Direto/ Cova
1,50x1,00
60-90
10-15 kg
Abr-Jun
Muda/Canteiro
0,40x0,30
60-70
10-15 kg
Abr-Jun
Muda/Canteiro
0,25x0,25
60-90
160 pés
Ago-Fev
Muda/Canteiro
0,25x0,25
60-80
160 pés
Mar-Abr
Direto/Canteiro
0,25x0,10
150-180
Abr-Jun
Muda/Canteiro
0,25x0,25
60-90
160 pés
Abr-Jun
Direto/Sulco
0,90x0,30
110-120
20-30 kg
Abr-Jun
Direto/Leira
0,80x0,30
240-360
10-20 kg
Ago-Fev
Direto/Leira
0,90x0,30
120-150
10-15kg
Ago-Fev
Direto/ Muda
1,20x1,00
90-100
80 kg
Abr-Jun
Direto/Canteiro
0,20x0,10
60-80
30-40 kg
Abr-Jun
Muda/Covas
0,90x0,50
90-100
10-30 kg
Jul-Ago
Direto/Leira
0,80x0,30
150-180
20-30 kg
Abr-Jun
Muda/Canteiro
0,40x0,10
100-120
10-20 kg
Abr-Jun
Muda/Canteiro
0,25x0,15
70-90
6 kg
Abr-Jun
Direto/Canteiro
0,20x0,05
90-110
20-30 kg
Abr-Jun
Muda/Canteiro
0,25x0,25
60-80
160 kg
Ago-Fev
Direto/Covas
6,00x5,00
90-120
15-20 kg
Abr-Jun
Muda/Cova
0,90x0,50
10-90
16 molhos
Abr-Jun
Direto/Canteiro
0,25x0,10
50-70
6 kg
Abr-Jun
Muda/Cova
0,90x0,50
100-110
10-12 kg
Abr-Jun
Direto/ Cova
0,90x0,40
70-90
9-10 kg
Abr-Jun
Diret/ Sulco raso
0,25x0,07
100-110
1-3 kg
Abr-Jun
Direto/Canteiro
0,25x0,10
60-70
45 molhos
Ago-Fev
Direto/ Cova
1,00x0,20
60-80
20-25 kg
Ago-Out
Direto/Sulco
0,90x0,20
170-210
10-15 kg
Espaçamento
(mXm)
Inicio da
Colheita
(dias)
Espécie
(10m²)
1-6 kg
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Jiló
Melancia
Melão
Milho doce
Moranga
Morango
Mostarda
Pepino
Pimenta
Pimentão
Quiabo
Rabanete
Repolho
Repolho
Verão
Salsa
Produtividade
Normal
Época
Favoravel
de Plantio*
Tipo de
Plantio
Ago-Fev
Muda/Cova
1,00x0,70
90-100
16-20 kg
Ago-Fev
Direto/ Cova
2,00x2,00
90-100
30-50 kg
Ago-Fev
Direto/ Muda
2,00x1,50
100-120
20-30 kg
Ago-Fev
Direto
1,00x0,20
120-140
50 espigas
Ago-Fev
Direto
2,00x2,00
110-120
10-15 kg
Abr-Mai
Muda
0,30x0,20
70-80
30-40 kg
Abr-Jun
Muda
0,40x0,40
60-70
62 pés
Ago-Fev
Direto/ Muda
1,00x0,50
70-80
40-50 kg
Ago-Fev
Muda
1,20x0,60
100-120
4-16 kg
Ago-Fev
Muda
1,00x0,50
100-110
30-40 kg
Ago-Fev
Direto/ Muda
1,00x0,40
90-100
15-22 kg
Abr-Jun
Direto
0,25x0,05
30-35
15-30 kg
Abr-Jun
Muda
0,80x0,40
85-95
30-60 kg
Ago-Fev
Muda
0,80x0,40
85-90
30-60 kg
Abr-Jun
Direto/ Muda
0,25x0,10
65-70
6 kg
Espaçamento
(mXm)
Inicio da
Colheita
(dias)
(10m²)
Abr-Jun
Muda
1,00x0,50
90-100
50-100 kg
Tomate
* Válido para a região Sudeste, Centro-Oeste, norte da região Sul, e sul do Nordeste
Analisando o solo
Como já foi dito, antes de começar a plantar
é fundamental conhecer melhor o solo,
identificando suas propriedades químicas, físicas
e biológicas, sabendo quais culturas produzirão
melhor e qual a adubação necessária para um
melhor rendimento na colheita.
Coleta de solo pronta para cultivo - imagens da internet
21
FAÇA NA PRÁTICA
Para análise do solo, sugerimos primeiro coletar amostras simples de solo, e
só então misturar estas amostras para formar uma amostra composta.
O que é uma amostra simples? - Amostra simples é cada porção individual
de terra que foiretirada em cada ponto da área. Cerca de 300 gr de terra
permitirão avaliar a fertilidade do solo, porém ela deve ser coletada de vários
pontos. A terra de cada ponto deve ser colocada em um recipiente bem limpo.
O que é amostra composta? - Depois de retiradas as amostras simples, estas
devem ser bem misturadas no balde, até que fiquem bem homogeneizadas.
Essa mistura é a amostra composta.
Como coletar as amostras? - Retire porções de terra dos canteiros com
uma pá com profundidade de 30 cm, trazendo terra tanto da superfície
do canteiro como do fundo, como se cortasse o canteiro como uma fatia
de pão. O ideal é separar cada amostra de terra onde perceber diferenças,
seja de cor, seja de textura (mais solta, mais grudenta), e marcar com nome
ou números em saquinhos plásticos. Por exemplo: amostra do canteiro 1,
amostra do canteiro 3, amostra do canteiro 4, ou com a identificação que
você achar mais adequada. Caso o canteiro não esteja pronto antes de fazer
a coleta, remova a camada que tenha raízes superficiais no solo. E lembre-se:
faça a coleta antes de colocar qualquer adubo na terra!
Como fazer a análise do solo? - Após a coleta e a identificação das
amostras, estas devem ser levadas para um laboratório de análises de
solo, ou encaminhadas para um técnico agrícola. É recomendado fazer a
análise de solo periodicamente para fazer as correções necessárias, sempre
orientadas por um profissional.
Por dentro dos tipos de cultivo
A maioria das hortaliças são plantadas
por sementes. Mas algumas podem ser
plantadas por brotações que saem da
haste da planta adulta (como a couve),
pedaços de rama (como o agrião,
espinafre ou batata-doce), pelo fruto
(como o chuchu), ou por pedaços da
haste com raízes (como a cebolinha).
Outras plantas possuem estruturas
específicas para reprodução, a exemplo
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
do alho, multiplicado por bulbilhos
(dentes), da batata, por tubérculos, e do
inhame por rizomas.
sementeira e feito o transplante (alface,
berinjela, cebola, couve, couve-flor, couvebrócolis, pimenta, pimentão ou tomate).
As hortaliças costumam ser plantadas
por semeadura direta quando a planta
completa seu ciclo (abóboras, agrião, alho,
batata, cenoura, coentro, pepino, quiabo,
rabanete ou salsa) ou por semeadura
indireta, quando a muda é produzida em
O uso de mudas em bandejas com
substrato preparado, permitiu o plantio
de diversas hortaliças por meio de
mudas e não só por semeadura direta,
encurtando o tempo de cultivo de
muitas hortaliças.
Os espaçamentos
Cada espécie deve ser plantada com
espaçamento adequado para que possa
se desenvolver com qualidade. Para isso,
é necessário observar a distância entre
linhas e entre as plantas na linha.
coentro em linhas separadas de 25 x 10
cm; couve, couve-flor e couve-brócolis
de 90 x 50 cm. Observe a tabela de
informações gerais de hortaliças nas
paginas anteriores.
Plantas de pequeno porte, como a
alface e a chicória, são plantadas no
espaçamento de 25 x 25 cm; salsa e
O espaçamento é muito importante, pois
o excesso de mudas pode necessitar de
um aporte maior de adubação.
Os tratos culturais
As hortaliças requerem irrigações quase
diárias, e estas dependem das condições
climáticas, do tipo de solo, da espécie e
do ciclo da planta.
- Recomenda-se irrigações diárias
para hortaliças nas fases iniciais e para
hortaliças folhosas.
- Para as hortaliças de frutos e de raízes, as
irrigações podem ser a cada 2 a 3 dias.
- Recomenda-se de 4 a 10 litros de
água por metro quadrado de canteiro
e de 3 a 5 litros por cova, que deve ser
aplicada lentamente para não causar o
escorrimento superficial.
- Recomenda-se fazer irrigações mais
frequentes e com menor volume nas fases
iniciais do ciclo, e com menor frequência e
maior volume do meio para o final do ciclo.
- Solos mais arenosos exigem irrigações
mais frequentes com menor volume
de água, enquanto solos mais argilosos
necessitam de irrigações menos
frequentes com maior volume em cada
aplicação.
- Em dias quentes e ensolarados, deve-se
fazer irrigações mais frequentes.
- Utiliza-se regadores, mangueira com
esguicho, gotejadores, micro aspersores,
ou mangueiras furadas e tubos PVC com
aspersores.
- Deve-se utilizar sempre que possível,
sistemas de irrigação mais eficientes para
maximizar o uso da água, aumentando a
produtividade e economizando mão-deobra e energia.
- Para hortaliças semeadas diretamente
23
em covas ou canteiros, tais como abóbora,
quiabo, cenoura, rabanete, beterraba,
salsa e coentro, é recomendado o
raleamento ou desbaste após 20 a 35
dias do semeio, que significa arrancar o
excesso de plantas menos desenvolvidas,
deixando um espaçamento adequado
entre as plantas remanescentes.
Os cultivos consorciados
Para a realização dos cultivos consorciados,
preste muita atenção no aproveitamento
dos canteiros. Como as hortas urbanas
costumam estar em áreas pequenas é
preciso consorciar os cultivos para maior
aproveitamento do espaço e do adubo.
O cultivo consorciado promove diversos
benefícios, como: ocorrência de reações
químicas nas raízes das plantas
que auxiliam o controle natural de
insetos e doenças; criação de grumos
na terra que fazem com que água
e os nutrientes não se percam solo
abaixo; e aumeno da diversidade dos
canteiros e, consequentemente, da
possibilidade de renda.
SAFRA 1
SAFRA 2
SAFRA 3
SAFRA 4
CANTEIRO
CANTEIRO
CANTEIRO
CANTEIRO
Alface
Beterraba
Brocolis
Alface
Brocolis
Alface
Beterraba
Brocolis
Beterraba
Brocolis
Alface
Beterraba
O que é rotação de culturas?
O termo rotação de culturas significa
alternar espécies vegetais no decorrer
do tempo, numa mesma área agrícola.
Também é um processo de cultivo
que visa a preservação ambiental,
influindo positivamente na recuperação,
manutenção e melhoria dos recursos
naturais. Ela viabiliza ainda uma
produtividade mais elevada, com mínima
alteração ambiental.
Outra vantagem do uso contínuo da
rotação de culturas é preservar ou
melhorar as características físicas, químicas
e biológicas do solo, além de auxiliar no
controle de plantas espontâneas, doenças
e pragas. A rotação repõe restos orgânicos
e protege o solo da ação dos agentes
climáticos, ajuda a viabilizar a semeadura
direta e diversifica a produção agropecuária.
Para a obtenção de máxima eficiência
da capacidade produtiva do solo, o
planejamento da rotação deve considerar
as espécies comerciais, mas também
aquelas da cobertura do solo, que
produzem grandes quantidades de
biomassa.
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
Planejando a horta
O planejamento do plantio na horta é
imprescindível, pois as técnicas a serem
utilizadas devem ser praticadas em
conjunto. A escolha das culturas e do
sistema de rotação devem ter flexibilidade,
atendendo as particularidades regionais
e as perspectivas de comercialização dos
produtos.
Deve-se pensar nos seguintes aspectos para um bom planejamento:
- Sistema regional de conservação do solo
- Calagem e adubação
- Cobertura vegetal do solo
- Processos de cultivo
- Preparo do solo
- Época de semeadura
- Cultivares adaptadas
- População de plantas
- Controle de plantas daninhas, pragas e
doenças
- Semeadura direta
- Integração agropecuária e silvicultura.
Faça o escalonamento das hortas
O gerenciamento das hortas é fundamental, sendo necessária a realização de uma
escala de produção, nomeada como escalonamento. E acompanhe o calendário com as
épocas de plantio na próxima página.
FICA A DICA
Busque seguir esta sugestão geral
para o escalonamento da horta:
- Cultivo de folhosas (alface,
chicória etc) – a cada 7 dias
- Cultivo de raízes (beterraba,
cenoura etc) - a cada 15 dias
- Cultivo de frutos e flores (brócolis,
quiabo etc) – 1 vez por mês
25
ÉPOCAS DE PLANTIO
MÊS
ESPÉCIE
Ano Todo
Abobrinha, acelga, agrião, alface, almeirão, berinjela, beterraba,
cebolinhas, cenoura, chicória, couve manteiga, espinafre, feijãovagem, jiló, milho, mostarda, pepino, rabanete, rúcula e salsa.
Produção de sementes e mudas
Janeiro
Semear alface, agrião, aipo, couve, rabanete, almeirão, nabo, beterraba,
rúcula, chicória, espinafre, batata-doce, salsa e coentro em locais com clima
ameno e chuvas leves. Em clima quente semear as culturas de ano todo.
Antes de produzir as mudas, é
necessário verificar se a variedade
semeada é apropriada para aquele
clima. Sintomas de não adaptação são:
plantas onde o botão floral aparece
precocemente, raízes que estouram ou
frutos que adoecem rapidamente ou
mesmo nem se desenvolvem.
estabelecimento e desenvolvimento
das plântulas no campo. Cada espécie
apresenta uma temperatura mínima,
máxima e ótima para a germinação. E
dentro de cada espécie, as cultivares
podem apresentar diferenças marcantes
quanto à germinação nas diferentes
temperaturas.
Fevereiro
Semear rabanete e alface, transplantar o que foi semeado em
sementeira.
A temperatura, por exemplo, influencia
na germinação das sementes e no
Acompanhe o calendário com as
temperaturas por espécie:
Março
Semear direto no canteiro cenoura, almeirão, salsa, alho, e nas sementeiras
alfaces, chicória, espinafre, salsão, couve-flor, brócolis e repolho. Deve-se
estar atento para seleção de variedades uma vez que as culturas semeadas
nesta época se desenvolverão em clima de inverno.
Abril
Semear direto no canteiro agrião, almeirão, beterraba, nabo, salsa,
alho, rúcula, chicória, salsão, semear na sementeira, chicória, salsão,
couve-flor, brócolis e repolho de inverno, e espinafre.
Maio
Semear nos canteiros rabanete, cenoura, almeirão, nabo, beterraba,
rúcula, salsa, chicória, salsão, espinafre, couve-flor, brócolis, e repolho
de inverno. Semear em sementeira alface.
Junho
Plantio direto no canteiro de almeirão, cenoura, nabo, beterraba,
rúcula, alho. Na sementeira chicória, agrião, couve-flor, brócolis e
repolho de inverno.
Julho
Semear nos canteiros almeirão, rúcula, alho. Na sementeira semeia-se
alface, rabanete, chicória, beterraba.
Agosto
Começa-se a selecionar variedades de verão para as que podem ser
plantadas o ano todo, de acordo com o clima local. Em sementeira
plantar jiló, berinjela, pimenta, pimentão, tomate.
Semear alface, rabanete, cenoura, couve-flor, brócolis. Continua plantio
Setembro de jiló, berinjela, pimenta, pimentão, tomate e ainda abobrinha, feijão
de vagem, pepino, maxixe, salsa e coentro.
Outubro
Semear cenoura, couve-flor, brócolis, repolho, pimentão, tomate,
berinjela, jiló, abobrinha, feijão de vagem, pepino, maxixe,
mandioquinha, salsa, batata-doce, coentro.
Semear alface, rabanete, cenoura, brócolis, repolho, couve-flor, batata-
Novembro doce, coentro.
Dezembro Semear abobrinha, feijão de vagem, pepino, cenoura e repolho.
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
Temperatura
Espécie
Abóbora
Alface
Berinjela
Beterraba
Cebola
Cenoura
Couve-flor
Ervilha
Feijão-Vagem
Melancia
Melão
Milho-doce
Pepino
Pimentão / Pimenta
Quiabo
Repolho
Tomate
Minima
16 º
2º
16 º
4º
2º
4º
4º
4º
16 º
16 º
16 º
10 º
16 º
16 º
16 º
4º
10 º
Máxima
38 º
29 º
35 º
35 º
35 º
35 º
38 º
29 º
35 º
41 º
38 º
41 º
41 º
35 º
41 º
38 º
35 º
*Temperatura prescrita nas Regras para Análise de Sementes – MARA (1992).
Ótima
20-30 º
20 º
20-30 º
20-30 º
20 º
20-30 º
20-30 º
20 º
20-30 º
20-30 º
20-30 º
20-30 º
20-30 º
20-30 º
20-30 º
20-30 º
20-30 º
27
É fundamental conhecermos a
semente, como ela germina, o
substrato, a quantidade certa de
água, o tempo para o transplante e o
transplante propriamente dito.
Um exemplo: no caso do feijão no
algodão, o feijão germina simplesmente
com água, porque dentro dele existem
nutrientes suficientes para que a
semente desenvolva raízes e folhas.
Atenção à origem e qualidade das sementes!
Caso seja feita a produção de sementes,
dê muita atenção à qualidade da semente
original. Elas devem ser obtidas junto às
empresas de sementes ou instituições de
pesquisa, utilizando-se preferencialmente
sementes básicas ou certificadas.
Quando utilizar material local, próprio ou
de vizinhos, selecione e colete as sementes
de no mínimo 50 plantas para as espécies
alógamas (aquelas que cruzam entre si
e dependem de agentes polinizadores,
como insetos, vento, etc), pois o plantio
de um número muito pequeno pode gerar
uma “seleção negativa”.
Recomenda-se ainda a seleção de
plantas e frutos mais uniformes e
sadios para retirar as sementes.
Sementes de baixa qualidade tendem
a originar campos problemáticos, com
baixa qualidade e pouca produtividade.
A qualidade fisiológica das sementes é
determinada pela germinação e por seu
vigor. E um conjunto de características
determinam este potencial fisiológico das
sementes, relacionadas à velocidade de
germinação, emergência em campo, etc.
Já a qualidade física está relacionada
principalmente com a pureza das
sementes. Caso contenham contaminantes
físicos como pedaços de sementes, pedras,
partículas de solo, restos de plantas, etc,
não devem ser utilizadas.
Os contaminantes biológicos são os insetos
e os organismos causadores de doenças.
FICA A DICA
Tome cuidado no momento da semeadura para não desperdiçar
muitas sementes, pois será necessário um desbaste (retirar
algumas plântulas) para que se tenham mudas fortes e vistosas.
Quando há o desenvolvimento de dois pares de folhas,
as mudas devem ser transplantadas, pois já poderão germinar em
recipientes apropriados e com substratos adequados.
Pense que as plantinhas são seres
vivos novos que precisam de atenção
especial, como em um berçário.
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
29
Entendendo as mudas
Produção em estufa e com cobertura de plástico
Um dos componentes mais importantes
no cultivo de hortaliças é a utilização de
mudas de qualidade, o que aumenta a
produtividade e diminui os riscos.
pelas vantagens em relação ao sistema
tradicional, geralmente conduzido em
sementeira a céu aberto.
São vantagens do cultivo protegido uma
maior precocidade e menos possibilidade
de contaminação patogênica.
A produção de mudas de hortaliças
sob cultivo protegido vem crescendo,
Produzindo mudas em ambientes protegidos
A produção de mudas em ambientes
protegidos é comum devido a algumas
vantagens:
adubação, tratamento fitossanitário.
- Maior relação percentual entre sementes
plantadas e mudas obtidas.
- Melhor aproveitamento da área
destinada à produção de mudas.
- Maior facilidade na execução de tratos
culturais como desbaste, irrigação,
- Menor estresse por ocasião do
transplante.
Com a chegada do sistema de cultivo
protegido, a produção de mudas vem
mostrando um resultado positivo
quanto à qualidade destas e menores
riscos de produção.
A quantidade de luz nos ripados/telados
é controlada de acordo com a colocação
da madeira, da palha ou da tela plástica
(escura), porém o controle de água das
chuvas não é muito eficiente.
Os tipos mais comuns de cultivo protegido
são ripados, telados e em estufas. Os
ripados/telados são normalmente
construídos em madeira com cobertura
de ripas, palha ou tela plástica. Estas
reduzem a luminosidade e proporcionam
temperaturas mais amenas, além de
minimizar o efeito de chuvas e ventos
fortes, e de evitar o acesso de animais.
Já as estufas são estruturas onde se pode
criar e manter microclimas favoráveis ao
cultivo de qualquer espécie de planta,
independente das condições ambientais.
Além dessas vantagens, o plantio com
mudas obtidas de cultivo protegido, em
bandejas, reduz o ciclo da cultura no
campo, permitindo maior número de
cultivos no mesmo local.
Nas estufas, as condições ambientais
podem ser alteradas ou mantidas por meio
de vários equipamentos, como ventiladores,
exaustores, aquecedores, nebulizadores,
lâmpadas, tela escura, entre outros.
Veja aqui:
Formação de Mudas
(dias)
Ciclo de Campo (dias)
Espécie
Tradicional
Bandeja
Tradicional
Bandeja
Alface
30-40
20-25
45
35
Repolho
40-45l
20-25
90
80
Couve flor
40-45
20-25
90
80
Tomate
35-40
20-25
130-150
120-150
Pimentão
40-45
30
40-140
30-140
Berinjela
40-45
30
40-140
30-140
Tabela. Comparação entre prazos de formação de mudas e o ciclo no campo, em dias, nos sistema tradicional (sementeira) e de recipiente (bandeja) de algumas espécies (Carmelo, 1995).
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
Túneis de PVC, estufas de plastico, viveiros e estruturas de bambu para fazer sombra - imagens da internet
A importância dos substratos
Substrato é todo material que
proporciona condições favoráveis
para o desenvolvimento do sistema
de raízes, seja esse material sólido,
natural, sintético ou residual, mineral
ou orgânico, puro ou em mistura.
O substrato exerce a função do solo,
fornecendo à planta sustentação,
nutrientes, água e oxigênio. Os
substratos podem ter origem animal,
vegetal e mineral.
A escolha e o manejo correto do
substrato são de suma importância para
a obtenção de mudas de qualidade.
É comum os substratos serem feitos
pelos próprios produtores, utilizando
materiais disponíveis em suas regiões.
Os mais comuns são: casca de arroz
carbonizada/natural, casca de árvores,
vermiculita, fibra/pó de coco maduro,
Húmus de minhoca, composto orgânico,
terra, lã de rocha, entre outros.
31
Mais sobre os recipientes
Os recipientes proporcionam melhor
utilização do espaço na estufa,
facilitando os trabalhos de semeadura e
os tratos culturais (desbaste, irrigação,
controle fitossanitário, manuseio, dentre
outros), além de exigirem pequenas
quantidades de substratos.
Todos esses fatores podem interferir no
custo final da muda. Mudas produzidas
em recipientes pequenos têm seus
custos reduzidos quando comparados
com os custos de produção em
recipientes maiores. Mas mudas
produzidas em recipientes pequenos,
normalmente, são menores e menos
vigorosas do que aquelas produzidas
em recipientes grandes.
O tamanho do recipiente deve permitir
um bom desenvolvimento do sistema
radicular da muda durante a sua
permanência no viveiro, para proporcionar
um bom desempenho da futura planta.
Recipientes maiores permitem um maior
volume de raízes, aumentando a área de
absorção de nutrientes.
Recipientes como copos descartáveis
são bem-vindos e uma boa solução para
diminuir custos, porém têm vida útil curta
e, por isso mesmo, devem ser reutilizados.
FAÇA NA PRÁTICA
A irrigação pode ser feita de várias maneiras, veja algumas:
• Nebulização: fornece água em forma de gotículas, o que proporciona
menor danos às mudas, principalmente nos primeiros estágios de
desenvolvimento. É usada também para controlar temperatura e umidade
em caso de estufa e em viveiro de enraizamento.
• Microaspersão: a água é liberada em forma de círculo ou semicírculo, e a
área molhada varia de acordo com o microaspersor. A perda de água nesse
sistema pode ser maior do que no de nebulização.
• Subirrigação: é feita por inundação das bancadas ou do próprio piso onde
se encontram os recipientes usados na formação das mudas. Nesse caso, as
bancadas e pisos possuem declives e a água é colocada na parte superior.
Após a absorção, a água é drenada na parte inferior. A subirrigação permite
manter a folhagem seca, o que pode contribuir para a pouca incidência de
doenças, como também minimizar a perda de água. O custo da irrigação por
meio desse método pode ser elevado, dependendo do sistema escolhido.
Tubetes e bandejas para produção de mudas e copos descartaveis e garrafas pets que podem ser reutilizados,
fazendo furos no fundo para vasar agua - imagens da internet
Como fazer a irrigação?
A água é um dos fatores determinantes
da produção agrícola, pois participa de
vários processos metabólicos da planta,
devendo ser fornecida às mudas na
quantidade necessária e no tempo certo.
Excesso de água pode reduzir a
respiração em torno das raízes e limitar
a fotossíntese, além de favorecer o
aparecimento de doenças nas folhas
e no solo. Já a falta de água, faz as
folhas se enrolarem e secarem, as raízes
esturricam, e o solo ficar aquecido,
prejudicando o desenvolvimento das
mudas e o tempo de desenvolvimento
final da cultura.
O manejo adequado de água para
a germinação das sementes e
desenvolvimento das plântulas é feito
por irrigação. A água de irrigação deve
apresentar boa qualidade, isto é, estar
livre de excesso de sais solúveis e de
produtos poluentes.
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
irrigação por nebulizador, microaspersor e subrrigação - imagens da internet
O sistema de irrigação a ser utilizado e o seu dimensionamento dependem,
principalmente, do estágio de desenvolvimento das mudas, da disponibilidade
de água e de recursos disponíveis.
33
Orientações importantes
A obtenção de mudas de qualidade
depende ainda de algumas estruturas.
Por exemplo, deve-se prever: a
construção de bancadas para suporte
de bandejas, com altura adequada para
proporcionar conforto ao trabalhador;
depósitos para armazenamento de
adubos, bandejas, sementes, vasos,
substratos, equipamentos, e barracão para
formulação de substratos, enchimento das
bandejas e semeadura; bandejas, vasos,
equipamentos (pá, enxada, pulverizadores,
carrinhos e outros equipamentos) devem
passar por desinfestação para se evitar a
contaminação das mudas.
No planejamento do viveiro, devem
ser considerados também os fatores
socioeconômicos, como disponibilidade
de mão-de-obra, energia, vias de
acesso, distância do local de consumo,
fornecedores de insumos e de sementes
com comprovada qualidade.
A produção, o comércio, a exportação,
a importação e outras atividades
relacionadas a sementes e mudas no
Brasil são regidas pela Lei 10.711/03,
que instituiu o Sistema Nacional de
Sementes e Mudas, regulamentada pelo
Decreto 5.153/04.
Cultivos alternativos
Com a falta de espaço, as adversidades
climáticas ou mesmo a falta de tempo
para se deslocar a áreas rurais, o morador
urbano vem desenvolvendo formas de
estar ligado à terra e de praticar agricultura
em espaços reduzidos. E nesse âmbito a
imaginação é uma grande aliada!
Atualmente, a agricultura vertical em áreas
urbanas vem ganhando destaque, pois
a falta de espaço nas grandes cidades
e evidentemente a pressão imobiliária,
devoram as regiões periurbanas onde antes
existiam solos descobertos. Com isso, as
paredes ganharam sua vez na agricultura.
estruturas leves, fáceis de serem construídas
e possibilitam o plantio de temperos, ervas
e hortaliças, usados diariamente na culinária
tradicional brasileira (coentro, salsinha,
cebolinha, alface, etc).
Nos cultivos verticais, o substrato e a
adubação, com Húmus de minhoca e
biofertilizantes, são fundamentais para a
qualidade da produção
Hortas verticais apresentam como principal
característica o fato de poderem ser
penduradas ou fixadas em estruturas na
parede das casas, com o objetivo de otimizar
o espaço de plantação. Em sua maioria, são
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
Plantios alternativos em canos de PVC, jardineiras, garrafas pet, e caixotes - imagens da internet
Fazendo o controle natural de insetos e doenças
Uma adubação equilibrada garante
o funcionamento equilibrado das
plantas, a produção de proteína e
sua resistência. Mas é fundamental
conhecer os insetos que atacam as
hortas, pois a partir disso tomaremos
providências adequadas.
Busque saber quais são os hábitos dos
insetos, como se multiplicam, quais suas
defesas, suas fraquezas, quem são seus
inimigos, se existem plantas que os repelem
ou atraem (alelopatia)... tudo isso favorece
a identificação de ações mais assertivas no
combate e controle de doenças.
O pulgão, por exemplo, é um inseto
que respira pela pele e se usarmos um
inseticida natural, com sabão neutro,
podemos eliminar sua ação, pois
matamos ele por asfixia, sem causar
danos às plantas.
Outra forma de fazer é adubar os canteiros
e fornecer matéria orgânica na forma de
cobertura morta.
35
Diversificando a matéria orgânica,
também diversificamos a alimentação
para o microrganismo, que, por sua vez,
fornecerá nutrientes diversificados.
Outra forma de manejar a horta é a
rotação de culturas, como já dito. É
importante o agricultor entender que
a rotação de culturas é uma forma de
prevenir doenças.
As plantas são divididas em famílias, ou
seja, determinadas famílias de plantas
gostam de determinados nutrientes do
solo, e outras famílias gostam de outros
nutrientes. Se colocarmos plantas das
mesmas famílias numa mesma gleba
de terra sucessivamente, ano após ano,
estas consumirão apenas os nutrientes
que elas mais gostam, causando uma
deficiência deste nutriente no solo.
FICA A DICA
O controle de insetos, fungos, ácaros, bactérias e viroses deve ser
feito considerando algumas medidas preventivas, como:
- Plantio em épocas corretas e com variedades adaptadas ao
clima e ao solo da região.
- Fazer uso de adubação orgânica.
- Cobertura morta e plantio direto.
- Consórcio de culturas e manejo seletivo do mato.
- Evitar erosão do solo.
- Uso de quebra-ventos ou as chamadas faixas protetoras.
Como comercializar e abastecer mercados
Conhecer o mercado para as hortaliças
significa saber se o que você planta tem
boa saída, onde será vendido e como,
o que é tão ou mais importante que o
cultivo, devendo ser considerado no
planejamento.
A Companhia de Entrepostos e Armazéns
Gerais de São Paulo (CEAGESP) representa
o mais importante mercado atacadista de
frutas e hortaliças na América Latina.
Ceagesp-São Paulo comercialização feita por atravessadores que lucram mais que os produtores, e feira solidaria,
produtores vendem diretamente seus produtos para o consumidor final a preço justo - imagens da internet
São exemplos de comercialização por
meio do pequeno varejo: as feiras livres,
os sacolões, as quitandas, as mercearias e
os mercadinhos.
A comercialização por meio de grandes
redes de supermercados representa em
torno de 85% do total da participação do
volume de vendas em São Paulo, embora
representem apenas 15% do número total
de estabelecimentos, contrastando com o
comércio tradicional.
Todas estas formas de comercialização
têm em comum uma visão pouco
solidária e que visam grandes lucros,
MANUAL PARA HORTAS URBANAS - Como produzir e comercializar alimentos saudáveis nas cidades
Os atacadistas geralmente possuem
transporte próprio e compram
diretamente do produtor para depois
repassar as hortaliças para o pequeno
varejo (quitandas e pequenos
supermercados) ou para os distribuidores.
O distribuidor é o comerciante atacadista
que adquire os produtos nas CEAGESP
ou diretamente do produtor e revende o
produto beneficiado a varejistas.
sufocando produtores, pagando preço
baixo, comprometendo a viabilidade
desses produtores, além de não agregar
valores socioambientais aos produtos,
remunerando a preços baixos e de pouca
rentabilidade.
Sempre exigem padronização de
produtos, constância e preço baixo.
A comercialização via programas
sociais surgiu do entendimento por
parte dos órgãos de governos que a
inclusão social é uma das estratégias de
desenvolvimento que cria oportunidade
de sustentabilidade no meio rural.
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Uma importante alternativa a esse
modelo foi a criação do Programa de
Aquisição de Alimentos da Agricultura
Familiar - PAA (Lei 10.696/2003), do
Programa Nacional de Alimentação
Escolar – PNAE (Lei Federal 11.947/2009) e
mais recentemente do Programa Paulista
da Agricultura Familiar de Interesse Social
– PPAIS (lei 14.591/2011).
Todos visam incentivar a agricultura
familiar por meio da remuneração
adequada da produção associada às ações
de distribuição de produtos agropecuários
para pessoas em situação de insegurança
alimentar. Incentivadas principalmente
pelos órgãos de assistência técnica, tais
medidas têm estimulado um novo tipo
de comercialização envolvendo compras
diretas dos agricultores familiares pelo
governo, viabilizando a diversificação da
produção e garantindo a sustentabilidade
da agricultura familiar.
O PAA, por exemplo, é reconhecido
internacionalmente, e referência para
diversos programas similares em outros
países da América Latina e da África.
Atualmente o programa adquire
alimentos de mais de 185 mil agricultores
familiares, beneficiando 19.681 entidades
recebedoras dos alimentos, com a
distribuição de 529 mil toneladas de
alimentos por ano. O PAA já beneficiou,
ao longo dos seus 10 anos, 2.352
municípios em todos os Estados do Brasil.
Fique de olho na apresentação do produto
Existem várias formas de um produto
chegar às mãos do consumidor final,
e sua apresentação pode ser muito
importante de acordo com o local e a
forma de comercialização.
Em redes de supermercados, por
exemplo, valorizam-se embalagens
plásticas e de isopor para o consumidor
final, mas estas embalagens não
contribuem com a preservação
do meio ambiente, além de exigirem
padronização do produto acarretando
desperdício e perda dos que fogem aos
padrões da embalagem.
Nas feiras, sacolas de papelão e caixas
de papelão são sempre as preferidas
do consumidor final, além de serem
recicladas com maior facilidade e serem
mais ecológicas.
Para transportar grandes quantidades,
as caixas de plástico de PVC são as
mais usadas, como por exemplo, para
abastecer supermercados, Conab, ou
mesmo no transporte para a feira.
Entenda a economia solidária
A economia solidária surgiu como
um movimento social na Inglaterra,
durante o Século 19, para enfrentar o
crescimento desenfreado do capitalismo
industrial e ser uma resistência por
parte da população excluída.
No Brasil, o movimento só ganhou força
nas últimas décadas e tem feito do país
uma referência no assunto.
Hoje é um movimento que ocorre no
mundo todo e diz respeito à produção,
consumo e distribuição de riqueza com
foco na valorização do ser humano.
A sua base são os empreendimentos
coletivos (associação, cooperativa,
grupo informal e sociedade mercantil).
Hoje, o Brasil conta com mais de 30 mil
empreendimentos solidários, em vários
setores da economia, com destaque
para a agricultura familiar. Eles geram
renda para mais de 2 milhões de
pessoas e movimentam anualmente
cerca de R$ 12 bilhões.
Segundo Paul Singer, ex-secretário
Nacional de Economia Solidaria, pode-se
entender economia solidária como “um
modo de produção que se caracteriza
pela igualdade. Pela igualdade de
direitos, os meios de produção são de
posse coletiva dos que trabalham com
eles – essa é a característica central. E a
autogestão, ou seja, os empreendimentos
de economia solidária são geridos pelos
próprios trabalhadores coletivamente
de forma inteiramente democrática,
quer dizer, cada sócio, cada membro
do empreendimento tem direito a um
voto. Se são pequenas cooperativas, não
há nenhuma distinção importante de
funções, todo o mundo faz o que precisa”.
Hoje, o governo brasileiro conta com
a Secretaria Nacional de Economia
Solidária (SENAES), iniciada em 2004,
a qual tem como órgão o Sistema
Nacional de Informações em Economia
Solidária (SIES).
Exemplos de embalagens plástica e de isopor para armazenamento, e caixas de madeira, plastico e papelão, para
transporte - imagens da internet
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