FIOCRUZ UNIDADE CERRADO DO PANTANAL/UFMS UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL LEIDE ESPÍNDOLA CONVENTA HIPERTENSÃO ARTERIAL UM PROBLEMA NA SAÚDE DO PSF RURAL DO MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL DO OESTE/MS PÚBLICA UMA REVISÃO DE LITERATURA São Gabriel do Oeste/MS 2011 1 LEIDE ESPÍNDOLA CONVENTA HIPERTENSÃO ARTERIAL UM PROBLEMA NA SAÚDE DO PSF RURAL DO MUNICIÍPIO DE SÃO GABRIEL DO OESTE/MS PÚBLICA UMA REVISÃO DE LITERATURA Monografia apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em. Atenção Básica em Saúde da Família, apresentada à Banca Examinadora da FIOCRUZ – Unidade Cerrado Pantanal Profª/Tutora Beata Catarina Langer. São Gabriel do Oeste/MS 2011 2 LEIDE ESPÍNDOLA CONVENTA DEDICATÓRIA Dedico esta conquista a minha tutora Beata, que se não fosse por seu imenso apoio e esforço, não estaria este trabalho e curso concluídos. 3 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a DEUS, pelas oportunidades de crescimento moral, espiritual, intelectual e profissional, por sua presença em todos os momentos de minha vida. E com certeza, mais uma vez, agora em forma de agradecimento á minha tutora Beata Catarina Langer, pelos conselhos, apoio, disposição e perseverança sobre minha pessoa. Aos meus colegas: Rafael Palhares, Ana Alice e Frederico Brait, que me incentivaram com palavras de apoio e nas tarefas e por todos os momentos que passamos juntos na especialização. A toda equipe de multiprofissionais envolvida no Sistema HIPERDIA, do PSF Rural no município de São Gabriel do Oeste. 4 “Toda melhoria que realizamos em nós, É melhoria na estrada que somos chamados a percorrer”. ANDRÉ LUIZ. 5 SUMÁRIO 1. Introdução.................................................................................................... 2. Justificativa................................................................................................. 3. Hipertensão arterial.................................................................................... 3.1 A epidemiologia da hipertensão arterial................................................... 3.2 HA como fator de risco para as doenças cardiovasculares. ................... 3.3 Fatores de risco para HA e as medidas de controle................................ 3.3.1 Controle de peso.................................................................................. 3.3.2 Adoção de hábitos alimentares saudáveis............................................ 3.3.4 Abandono do Tabagismo...................................................................... 3.3.5 Prática de Atividade Física Regular..................................................... 3.4 Hipertensão em população especiais da área de unidade de saúde da família VII - zona rural................................................................................... 3.4.1 Negros e miscigenados........................................................................ 3.4.3 Crianças e Adolescentes...................................................................... 3.4.4 Anticoncepcionais ou Terapia Hormonal com Estrogênios.................. 3.4.5 Obesidade............................................................................................. 3.4.6 Diabetes Mellitus................................................................................... 3.4.7 Dislipidemia........................................................................................... 3.4.8 Acidente Vascular Cerebral.................................................................. 3.4.9 Doença Arterial Coronariana................................................................ 3.4.10 Insuficiência Cardíaca........................................................................ 3.4.11 Doença Renal Crônica....................................................................... 3.5 Inserções da HA no Campo da Saúde.................................................... 3.6 HA sob a Ótica das Necessidades de Saúde.......................................... 3.7 HA e o Programa da Saúde da Família -PSF.......................................... 3.8 Educação e Saúde e a HÁ....................................................................... 3.9 Avaliação e resultado do programa H A................................................... 4. Objetivo...................................................................................................... 5. Estratégia.................................................................................................. 6. Município de São Gabriel do Oeste........................................................... 6.1 Caracterizações do município................................................................. 6.1.1 Histórico................................................................................................ 6.1.2 Aspecto demográfico............................................................................. 6.1.3 Dinâmica populacional.......................................................................... 8 10 13 13 14 18 20 21 22 23 6.1.4 Aspectos gerais – Infra- estrutura........................................................ 6.1.4.1 Água e saneamento........................................................................... 6.1.5 Coleta de lixo.......................................................................................... 7. Rede de atendimento.................................................................................. 7.1 Unidades de saúde.................................................................................... 7.2 Redes hospitalar........................................................................................ 7.2.1 Hospital municipal José Valdir Antunes de Oliveira................................ 7.2.2 Unidade hospitalar de atendimento especializado................................... 7.2.3 Rede de privado....................................................................................... 7.2.3.1 Hospital São Francisco........................................................................ 53 53 53 54 54 55 55 55 56 56 25 25 26 26 27 27 28 28 28 29 29 30 31 34 36 39 41 43 48 48 48 52 52 6 8. Estrutura da secretária municipal de saúde................................................. 8.1 PSF rural.................................................................................................... 9 Conclusão...................................................................................................... 10 Referência.................................................................................................... 7 56 59 60 61 INTRODUÇÃO Esse trabalho tem uma razão especial de ser. Ele responderá questões básicas para uma resolutividade maior no tratamento de pessoas com problema de HA. Fator que preocupa os gestores de saúde, pois é o responsável pela equipe que atua diretamente nesse grupo de pessoas, fazendo com que esse grupo passe a desenvolver atividades que antes o agravo limitava. Os aspectos psicológicos, espirituais, sociais e físicos do ser humano devem ser levados em consideração não somente a doença diagnosticada. As reações de uma pessoa inteira passam a ser o foco e estas refletem as experiências vivenciadas no contexto familiar, social e individual. No processo de restabelecimento do paciente, a educação em saúde tem um papel importante. A falta, muitas vezes de um suporte teórico dos profissionais que atuam nesta área, sempre foi questionada, pois a prática costumeira era de realizar somente a interação medicamentosa nas unidades e orientações individuais no momento da consulta médica. Com o advento do Programa de Controle da HA – HIPERDIA traçaram-se planos estratégicos de acordo com as necessidades identificadas 8 pelo paciente. Dessa forma, desenvolveu-se então um trabalho de educação em saúde com a população de baixo poder aquisitivo da área de abrangência da Unidade de Saúde da Família VII, Zona Rural de são Gabriel do Oeste. Observou-se, no entanto que apesar da Unidade de Saúde oferecer a medicação, ter um médico, uma enfermeira, o acompanhamento dos ACS, palestras normais do programa, a hipertensão ocupa o primeiro lugar de atendimento de urgência e emergência, o que já havia sido constatado antes da implantação do programa. 9 JUSTIFICATIVA Este estudo foi desenvolvido como revisão de literatura sobre hipertensos, da área de abrangência da Unidade Básica da Saúde da Família VII – Zona Rural, de São Gabriel do Oeste, Estado de Mato Grosso do Sul, e avaliou o resultado do Programa de Controle de Hipertensão Arterial – HA, junto aos pacientes hipertensos desta unidade, quanto à adoção de estilo de vida saudável favorável à saúde pelo hipertenso. A avaliação de quaisquer programas de saúde é fundamental para desenvolver de forma consistente e realista estratégias políticas para que alcancem resultados eficientes para os indivíduos que são alvos dos mesmos. A preocupação com a HA decorre da importância que ela contribui para a morbi-mortalidade das doenças cardiovasculares, doenças essas que quando não são mortais levam, com freqüência a invalidez parcial ou total do indivíduo com graves repercussões para ele e sua família e onerando a própria seguridade social. Constatamos que a HA: a) Aumenta sete vezes o risco de acidente vascular cerebral; b) O risco de infarto do miocárdio é três vezes maior; c) É a causa mais comum de insuficiência cardíaca; 10 d) Associa-se em 60 á 80% com aneurismas. Dentre os fatores de risco cardiovasculares, a HA é um dos mais importantes, afetando quase 20% da população acima de 20 anos ( BRASIL, 1999 a; OLIVEIRA, 2000; POLLOCK; WILMORE, 1993). Doenças cardiovasculares são aquelas que acometem o aparelho circulatório e vêem representando a primeira causa mortis na grande maioria dos paises desde primeira metade do século passado ( CHOR, 1999). Para compreender melhor sobre o que vem a ser HA, convém definir Pressão Arterial (PA). PA é a pressão exercida pelo sangue na parede dos vasos sanguíneos, ela é o produto do débito cardíaco versus a resistência vascular periférica. Na busca de soluções para o problema, em face da importância que a hipertensão arterial assume dentre as doenças cardiovasculares a Divisão Nacional de Doenças Crônico-degenerativas o Ministério da Saúde elaborou o Programa Nacional de Controle da Hipertensão Arterial. A grande dificuldade é que na maioria das vezes o programa é implantado na unidade sem que ocorra o aumento de funcionários, sem material suficiente para as atividades educativas e em alguns casos a falta de medicamentos e de espaço suficiente para a realização das atividades inerentes ao programa. Por muitas vezes fazendo que o programa se resuma a verificação da PA e consulta médica, não sendo possível realizar o 11 acompanhamento e a evolução desses pacientes e nem fazer um trabalho de educação em saúde adequado. Não se pode negar o esforço do Ministério da Saúde em acabar com o modelo tradicional, formulando novas estratégias para atender ao setor na área da atenção à saúde, buscando a reorientação do modelo assistencial praticado nesses serviços. Entre esses esforços destaca-se o Programa de Saúde da Família (PSF) e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) que buscam medidas simples e racionais para ampliar o acesso da população aos cuidados básicos de saúde. Para a efetiva mudança do modelo assistencial faz-se necessário uma reorganização do processo de trabalho de todos os profissionais de saúde, com o acolhimento do cliente, através da escuta qualificada, com o compromisso de identificar as reais necessidades de saúde e propor soluções e criar vínculo com o cliente (FRANCO. MERHY, 199). A garantia de saúde à população é tarefa de todas as áreas de governo e da sociedade. Segundo VERAS (1988) é necessário um contínuo diálogo entre a equipe de saúde e a comunidade para que as atividades desenvolvidas tenham êxito. Já que estes fatores que estão ligados aos aspectos externos, aos serviços, tais como fatores econômicos, sociais e culturais (PINHEIRO; CAMARGO JUNIOR, 2000). 12 3. HIPERTENSÃO ARTERIAL GERAL 3.1 A epidemiologia da hipertensão arterial; A HA é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo. Ela é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cérebro vascular e renal, sendo responsável pelo menos por 40% das mortes por doença coronarianas e, em combinação com a diabete, 50% dos casos de insuficiência renal terminal. Com o critério atual do diagnóstico da HA. (PA 140/90 mmHg), a prevalência urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9%, dependendo da cidade. A principal relevância da identificação e controle da HA reside na redução das suas complicações tais como: Doença cérebro-vascular; Doença arterial coronariana; Insuficiência cardíaca; Doença renal crônica; Doença arterial periférica. Os profissionais de saúde da rede básica têm importância primordial na estratégia de controle da HA, quer na definição do diagnóstico clínico e da 13 conduta terapêutica, quer nos esforços requeridos para informar e educar o paciente hipertenso como fazê-lo seguir o tratamento. É preciso ter em mente que a manutenção da motivação o paciente em não abandonar o tratamento é uma batalha árdua que o profissional de saúde enfrenta diariamente em relação ao paciente hipertenso. Outro fator complicador é que o paciente hipertenso apresenta também outras morbidades como diabetes, dislipidemia e obesidade, o que traz implicações importantes nos termos de gerenciamento das ações terapêuticas necessárias para o controle eficaz das condições crônicas, cujo tratamento exige perseverança, motivação e educação continuada. 3.2 HA como fator de risco para as doenças; A preocupação com a HA decorre da importância que ela contribui para a morbi-mortalidade das doenças cardiovasculares, doenças essas que quando não são mortais levam, com freqüência a invalidez parcial ou total do indivíduo com graves repercussões para ele e sua família e onerando a própria seguridade social . Constatamos que a H A: e) Aumenta sete vezes o risco de acidente vascular cerebral; f) O risco de infarto do miocárdio é três vezes maior; g) É a causa mais comum de insuficiência cardíaca; 14 h) Associa-se em 60 á 80% com aneurismas. Doenças cardiovasculares são aquelas que acometem o aparelho circulatório, tais como acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, cardiopatia isquêmica, entre outras. Essas doenças vêm representando a primeira causa mortes na grande maioria dos paises desde a primeira metade do século passado. A mortalidade causada pelas doenças cardiovasculares cresce progressivamente com a elevação da faixa etária, sendo a mais atingida a população que têm acima de 50 anos de idade, mesmo assim representa o percentual de 20% dos óbitos de adultos jovens entre 20 a 49 anos, o que nos leva a crer que é um grave problema de saúde pública. Os fatores de risco não devem ser confundidos com o conceito de causa oriunda das doenças infecciosas. A importância de um destes fatores na determinação da doença, bem como a possibilidade de modificá-la deve ser avaliada considerando a força de associação dos mesmos e a prevalência dos casos. Para compreender melhor sobre o que vem a ser HA, convém definir Pressão Arterial (PA). PA é a pressão exercida pelo sangue na parede dos vasos sanguíneos, ela é o produto do débito cardíaco versus a resistência vascular periférica. A HA vem a ser a síndrome caracterizada pela presença de níveis elevados desta pressão. Tanto no débito cardíaco quanto no periférico, que podem ser influenciados por vários fatores que vão interferir nos níveis pressóricos, que podem levar a HA. 15 HA é definida como pressão arterial sistólica maior ou igual 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva. O quadro abaixo apresenta a pressão arterial para adultos com mais de 18 anos. Os valores limites de pressão arterial para crianças e adolescentes de 01 a 17 anos constam de tabelas especiais que levam em consideração idade e o percentil de altura em que o indivíduo se encontra. Quadro 01- Classificação da pressão arterial em adultos Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg) Normal < 120 < 80 Pré-hipertensao 120-139 80-89 Hipertensão Estágio 1 140-159 90-99 Estágio 2 >= 160 >= 100 Fonte: Cadernos 7 da Atenção Básica de HA / 2006 O valor mais alto da sistólica ou diastólica estabelece o estágio do quadro hipertensivo. Quando as pressões sistólicas e diastólicas situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação do estágio. A fisiopatologia da hipertensão dos casos, esta longe de ter uma definição clara. Em torno de 90 % dos casos o diagnóstico é de hipertensão essencial ou idiopática, ou seja, são de origem desconhecidas. Ela pode ser 16 resultado de fatores genéticos, de uma dieta com altos teores de sódio, da obesidade, da inatividade física, do estresse psicológico, de uma combinação desses fatores, ou de outros ainda a serem conhecidos ou determinados. A hipertensão essencial é desencadeada por um processo multifatorial que inclui: Fatores genéticos: a hereditariedade comum; Mecanismos neuro-humorais: possível insensibilidade dos barorreceptores à hipertensão, Fator eletrolítico: o mecanismo da bomba de sódio e sua participação na potencializarão de reatividade vascular; Esteróides: os minerais, corticóides têm importante participação na regulação do metabolismo de sódio; Auto-regulação: a existência de um fator intrínseco participando do mecanismo de vaso constrição; Reações imunológicas: o vaso constrição prolongada e significativa leva a necrose arterial glomerular e esta a uma reação auto-imune, que age na resistência vascular periférica; Sistema renina-angiotensina: produz variações no volume homeostático e na atividade vaso constritor. As complicações da hipertensão podem ser a encefalopatia hipertensiva, acidente vascular cerebral: hemorrágico, isquêmico, arterosclerótico; hipertrofia ventricular esquerda (coração); edema agudo do pulmão e insuficiência cardíaca. O desenvolvimento da insuficiência cardíaca é 17 em geral, devido a superposição de isquemia miocárdica em coração já atrofiados pela sobre carga pressórica. Outras complicações: nefropatia hipertensiva, retinopatia hipertensiva, infarto agudo do miocárdio, aneurisma e doença vascular periférica. 3.3 Fatores de riscos para a HA e as medidas de controle No caso específico da HA as medidas para a normalização dos níveis de pressão, objetivo do tratamento, implicam modificação no estilo de vida, ou seja, buscam a neutralização dos fatores de risco. E assim, o objetivo da ação da saúde que era remediar a doença, ganha um novo objetivo: a prevenção e o controle dos fatores de risco. As medidas de controle de HA que podem ser adotadas são chamadas de medidas higiênico-dietéticas, quais sejam: Abolição do tabagismo; Abolição ou redução do consumo de bebidas alcoólicas; Dieta adequada ou mudança de hábitos alimentares; Redução da ingestão do sal; Redução do peso corporal nos obesos; Realização de exercícios físicos aeróbicos; 18 Diminuição do estresse; Redução de ingestão de gorduras (ácidos graxos e colesterol); Aumento do teor de fibras na alimentação. O tratamento não medicamentoso da HA está indicado para todos os pacientes hipertensos. Ressalta-se que, os hipertensos com PA diastólicas menores que 104 e sem lesões de órgãos, podem ser tratados unicamente com medidas higiênico-dietéticas (BRASIL, 1993: COOPER, 1987; COOPER, 1991). “O tratamento medicamentoso, para esses pacientes, só estará indicado caso aquelas recomendações não se mostrem eficazes ao fim de seis meses ou apareçam lesões em órgãos-alvo” (BRASIL, 1993, P. 157). É importante conhecer como essas medidas podem estar controlando a pressão arterial e a maneira adequada de praticá-las. 3.3.1 Controle de Peso O excesso de peso é um fator predisponente para a hipertensão. Estima-se que 20% a 30% da prevalência da hipertensão podem ser explicadas pela presença do excesso de peso. Todos os hipertensos com excesso de peso devem ser incluídos em programas de redução de peso. A meta é alcançar um índice de massa corpórea (IMC) inferior a 25 Kg/m² e circunferência de cintura inferior a 102 com para os homens e 88 cm para as 19 mulheres, embora a diminuição de 5% a 10% de peso corporal inicial já seja capaz de produzir redução da pressão arterial. Independentemente do valor de IMC, a distribuição de gordura, com localização predominantemente no abdome, está freqüentemente associada à insulina e elevação da pressão arterial. Assim, a circunferência abdominal acima dos valores de referência é um fator preditivo da doença cardiovascular. A redução da ingestão calórica leva à perda de peso e à diminuição da pressão arterial, mecanismo explicado pela queda da insulinêmica, redução da sensibilidade ao sódio e diminuição da atividade do sistema nervoso autônomo simpático. (BRASIL, p. 25; 2006). A obesidade segundo BEVILÁQUA et al (1993), atua sobre diversas doenças das seguintes maneiras: Aumentando sua incidência (estas são mais suscetíveis a determinadas moléstias); Aumentando a severidade da própria doença; Aumentando o número e a severidade das complicações da doença; Aumentando o número e a intensidade dos sintomas causados pela doença. BEVILÁQUA et al (1993, p. 1993), ainda afirma que a obesidade é um fator agravante da HA ao declarar que, entre as doenças que podem ser agravadas pela obesidade, incluímos diabetes mellitus, a doença vascular hipertensiva, aterosclerose e varizes de membros inferiores”. 20 3.3.2 Adoção de hábitos alimentares saudáveis A dieta desempenha um papel importante no controle da HA. Uma dieta com conteúdo reduzido de teores de sódio (< 2,4g/dia, equivalente a 6 gramas de cloreto de sódio), baseada em frutas, verduras e legumes, cereais integrais, leguminosas, leite e derivados desnatados, quantidade reduzida de gorduras saturadas, trans e colesterol mostrou ser capaz de reduzir a pressão arterial em indivíduos hipertensos. (BRASIL, p. 25; 2006). A dieta rica em proteínas não é limitada ao hipertenso, a menos que haja comprometimento da função renal. Pode fazer uso da proteína vegetal, principalmente da soja, que ainda ajuda na redução do nível de colesterol. 3.3.3 Redução de consumo e bebidas alcoólicas A relação entre o alto consumo de bebida alcoólica e a elevação da pressão arterial tem sido relatada em estudos observacionais e a redução de álcool pode reduzir a pressão arterial em homens normotensos e hipertensos que consomem grandes quantidades de bebidas alcoólicas. Recomenda-se limitar a ingestão de bebida alcoólica a menos de 30 ml /dia de etanol para homens e a metade dessa quantidade para as mulheres, preferencialmente com as refeições. Isso corresponde, para o homem a ingestão diária de no 21 máximo 720 ml de cerveja (uma garrafa); 240 ml de vinho (uma taça) ou 60 ml de bebida destilada (uma dose). Aos pacientes que não conseguem se enquadrar nesses limites de consumo sugere-se o abandono do consume de bebidas alcoólicas. (BRASIL, p. 26; 2006). O consumo de álcool pode levar a miocardiopatia alcoólica, caracterizada pelo declínio da função miocárdica, com progressiva hipertrofia e dilatação das câmaras cardíacas. A hipertensão também causa hipertrofia do miocárdio, e deste modo, o uso do álcool acaba agravado o quadro do cardiopata. 3.3.4 Abandono do Tabagismo O risco associado ao tabagismo é proporcional ao número de cigarros fumados e à profundidade da inalação. Parece ser maior em mulheres do que em homens. Em avaliação por MAPA, a PA sistólica de hipertensos fumantes foram significativamente mais elevados dos que os não fumantes, revelando o importante efeito hipertensivo transitório do fumo, portanto, os hipertensos que fumam, devem ser repetidamente estimulados a abandonar esse hábito por meio de aconselhamento e medidas terapêuticas de suporte especificas. (BRASIL, p. 27; 2006). 22 O Ministério da Saúde recomenda que sejam implementadas ações que levem o paciente fumante a deixar de fumar. (BRASIL, 1993). Os estudos de POLOCK E WILMORE (1993) demonstram dados sobre os efeitos do tabagismo. O risco e a freqüência dos ataques cardíacos são maiores entre os tabagistas, aumentando de acordo com o número de cigarros fumados; O número de ataques cardíacos é inferior entre aqueles que pararam de fumar em comparação com os que ainda fumam; Foram identificados mecanismos que relacionam os componentes do tabagismo à lesão arterial, com subseqüente desenvolvimento de arteriosclerose. 3.3.5 Prática de Atividade Física Regular Os exercícios físicos para o controle da HA e prevenção de complicações devem ser baseados nos movimentos de baixa ou média intensidade e de longa duração. Os exercícios devem ser aeróbicos, que incluam as caminhadas, corridas, natação e andar de bicicleta. A recomendação da atividade física baseia-se no parâmetro de freqüência, duração, intensidade e modo de realização. Portanto a atividade física realizada pelo menos 30 (trinta) minutos, de intensidade moderada na 23 maior parte dos dias da semana (cinco) de forma contínua e acumulada. A orientação deve ser clara e objetiva. As pessoas devem incorporar atividades rotineiras como: caminhar, subir escadas, realizar atividades domésticas dentro e fora de casa. Optar sempre que possível pelo transporte ativo nas funções diárias, que envolvam 150 minutos/semana (equivalente a 30 minutos realizados em 5 dias da semana). (O efeito da atividade de intensidade moderada realizada de forma acumulada é o mesmo daquela realizada de maneira contínua, isto é 30 minutos podem ser realizados em uma única sessão ou em duas sessões de 15 quinze) minutos (manhã e tarde) ou ainda, em três sessões de dez minutos (manhã, tarde e noite). De forma prática, a atividade física moderada é aquela que pode ser mantida a conversação. Por exemplo, uma caminhada com passo acelerado, com a percepção de aumento de freqüência cardíaca e respiratória, sem impedir a possibilidade de diálogo com outras pessoas. Isso quer dizer atividade não pode ser fatigante, pois deixaria de ser moderada e passaria a ser intensa (BRASIL, p. 27; 2006). A participação em qualquer programa de exercícios exige atenção a uma série de fatores, tais como calçados e vestimentas, as fases de aquecimento e resfriamento do corpo, cuidados com os fatores ambientais como calor, frio e umidade, que, se não respeitadas podem colocar o pacientes em situações desagradáveis e até de riscos. É importante receber orientação para a realização adequada dos exercícios, pois os exercícios podem variar de acordo com a idade e o sexo. 24 3.4 Hipertensão em populações especiais da área de abrangência da unidade de saúde da família VII – zona rural; 3.4.1 Negros e miscigenados Nos negros, a prevalência e a gravidade da hipertensão são maiores, o que pode estar relacionado a fatores étnicos e/ou socioeconômicos. Em nosso país predominam os miscigenados, que podem diferir dos negros quanto às características da hipertensão. Não há evidencias de ações diferenciadas da medicação entre esta população (BRASIL, p. 33; 2006). 3.4.2 Idosos Estima-se que pelo menos 65% da população dos idosos brasileiros são hipertensos. A maioria apresenta elevação isolada ou predominante sistólica, aumentando o pulso, que mostra forte relação com eventos cardiovasculares. Para o tratamento deste grupo além da estratificação do risco é necessária a avaliação de comorbidades e do uso de medicamentos. O objetivo do tratamento é a redução gradual da pressão para níveis abaixo de 140/90mmhg. Em alguns pacientes é difícil reduzir a pressão, mesmo com adesão do paciente ao programa. Estudos mostram que o tratamento da hipertensão nos idosos reduz a incidência do déficit cognitivo. Hipertensos com mais de 80 anos e com cardiopatia associada devem ser tratados. Por outro lado à terapia 25 medicamentosa de idosos com mais de 80 anos e sem comorbidades cardiovasculares está sob investigação (BRASIL, p. 33; 2006). 3.4.3 Crianças e Adolescentes Prevalência da HA em crianças e adolescentes pode variar de 2% a 13%, sendo obrigatória a medida anual da PA a partir dos três anos de idade. Alem da avaliação habitual em consultório é necessária a medida rotineira no ambiente escolar. Atenção especial deve ser dada a essa faixa etária, pois quanto mais alto for o valor da PA e mais jovem for o paciente maior será a possibilidade de a HA ser secundária com maior prevalência das causas renais (BRASIL, p. 34; 2006). 3.4.4 Anticoncepcionais ou Terapia Hormonal com Estrogênios A hipertensão e duas ou três vezes mais comum nas usuárias de anticoncepcionais orais, sobretudo entre as mais idosas e obesas. Em mulheres acima de 35 anos e fumantes, o anticoncepcional oral está contra indicado. O aparecimento da HA durante o uso desse medicamento impõe a interrupção imediata da medicação, o que em geral, normaliza a pressão arterial em alguns meses (BRASIL, p. 34; 2006). 26 3.4.5 Obesidade A HA e obesidade, em especial a obesidade central, com acúmulo de gordura visceral, frequentemente associados à dislipidemia, intolerância, e glicose, compõe a chamada síndrome metabólica, que é acompanhada de resistência à insulina e hiperinsulinêmica. Reduzir o peso em 5%, restrição dietética e prática de exercícios físicos são fundamentais para o controle pressórico além de atuar favoravelmente sobre a tolerância à glicose e o perfil lipídico (BRASIL, p. 34; 2006). 3.4.6 Diabetes Mellitus A prevalência em diabéticos e pelo menos duas vezes maior do que na população em geral. Em razão de uma possível disautonomia, a pressão arterial em diabéticos deve ser medida nas posições deitada, sentada e em pé. Na diabete tipo 1 a HA se associa a neuropatia diabética e o controle de hipertensão é crucial para retardar a perda da função renal. No diabetes tipo 2, a HA se associa a resistência da insulina e ao alto risco cardiovascular. Estudos revelam a necessidade da redução da HA sobre a morbi-mortalidade cardiovascular e as complicações micro vasculares relacionados à diabetes. Recomenda-se manter a pressão a níveis inferior a 130/80 mmHg e a 125/75 mmHg, caso haja proteinúria maior que 1g/24 horas. Não há restrição de medicamentos hipertensivos ao diabético. Os diuréticos, no entanto devem ser usados em baixas doses (BRASIL, p. 34; 2006). 27 3.4.7 Dislipidemia É freqüente a associação da dislipidemia com a HA, junta representam mais de 50% do risco atribuído a doença arterial coronariana. A abordagem não medicamentosa, com modificação do estilo de vida, cuidados alimentares, a redução de peso e exercícios físicos regulares é obrigatória (BRASIL, p. 35; 2006). 3.4.8 Acidente Vascular Cerebral O tratamento com inibidores, diuréticos, beta bloqueadores é benéfico para a prevenção primária do acidente vascular cerebral – AVC. A diminuição da PA deverá ser gradual e cuidadosa em idosos com AVC ou com ataque isquêmico transitório – AIT, ou que apresentam estenose ou oclusão das artérias cervicais ou intracranianas, pelo risco de perfusão cerebral. Após a fase agudam o s hipertensos devem ser mantidos com níveis de pressão inferiores a 140/90 mmHG (BRASIL, p. 35 2006). 3.4.9 Doença Arterial Coronariana Em hipertensos com doença arterial coronariana objetiva-se o controle gradual da PA a atingir níveis inferiores a 140/90mmHg. É fundamental o controle de outros fatores de risco cem como o uso de ácido acetilsalisílico (BRASIL, p. 35; 2006). 28 3.4.10 Insuficiência Cardíaca A HA pode promover alterações estruturais no ventrículo esquerdo, com ou sem isquemia coronária, contribuindo para o desenvolvimento de insuficiência cardíaca com função sistólica preservada ou não. Medidas não farmacológicas são muito importantes, como a redução do sal e exercícios físicos. Os diuréticos devem ser usados para o controle da HA e retenção líquida (BRASIL, p. 36; 2006). 3.4.11 Doença Renal Crônica A HA é uma das principais causa de doença renal crônica – DRC no Brasil. Nesses pacientes é fator de risco para a doença cardiovascular e morbidade e mortalidade. Na época as necessidades de terapia renal substitutiva - TRS, cerca de 80% ou 90% dos pacientes são hipertensos. A principal ação para retardar a progressão é o controle rigoroso da PA. A terapia anti-hipertensiva em paciente portadores de DRC visa: Reduzir a pressão arterial pra níveis abaixo de 130/85mmhg; Reduzir o risco cardiovascular; Reverter ou limitar a progressão da doença renal, e; Reduzir os níveis de proteinúria. 29 Nos pacientes com proteinúria acima de 1,0g/dia recomenda-se atingir a pressão arterial abaixo de 125/75 mmHg, pois se observa uma menor taxa de declínio da função renal. (BRASIL, p. 36; 2006). 3.5 Inserções da HA no Campo da Saúde A utilização do conceito de campo de saúde definido por LALONDE (1974) permite uma análise mais detalhada da hipertensão arterial. Os quatro componentes que se integram e que condicionam o estado de saúde permitem a identificação dos fatores de risco, possibilitando assim o planejamento da intervenção, de modo a obter um melhor resultado da ação. Os componentes são: Biologia Humana: incluem os eixos relacionados com a saúde que se manifestam no organismo como conseqüência da constituição orgânica da pessoa, incluindo a herança genética, processos de amadurecimento e envelhecimento, os sistemas orgânicos, contribuindo para doenças crônicas como a diabetes, artrite e HA. Meio Ambiente: inclui fatores externos ao indivíduo. Estes não podem garantir por si mesmo a pureza dos alimentos, tampouco está em suas mãos o controle da contaminação do ar e o ruído ambiental. O desemprego, o meio de transporte inadequado causa estresse psicossocial. Lembrando sempre que o estresse é um fator de risco para a HA. 30 Estilo de Vida: é o conjunto de decisões que o indivíduo toma em relação a sua saúde e sobre a qual mantém certo controle. Sob esta ótica as más decisões e os hábitos pessoais prejudiciais são riscos à saúde que tem origem no próprio indivíduo. Na HA o estilo de vida contribui muito para o controle ou não. Se a pessoa faz exercícios ou não, se alimenta adequadamente ou não, etc. O engajamento do paciente no tratamento com mudanças no estilo de vida é fundamental para a manutenção dos níveis pressóricos no padrão de normalidade e estabelecimento da resistência orgânica. Organização dos Serviços de Saúde: consiste na qualidade e na relação entre as pessoas e os serviços de saúde. Inclui a prática da medicina, enfermagem, ação dos ACS, os medicamentos, etc. Há um gasto elevado no tratamento das enfermidades e muitas vezes seriam possíveis prevenir, se a causa da doença estiver nos componentes anteriores. Os serviços de saúde estão se adequando para prestar assistência/atendimento as necessidades de saúde destes indivíduos, voltando sua ações para a educação em saúde, para tornar o indivíduo capaz de realizar seu auto cuidado. 3.6 HA sob a Ótica das Necessidades de Saúde Coletivo, pois são resultados do estilo de vida de cada pessoa. Sua condição de vida, sua historia e da comunidade a que pertence. Estas necessidades podem ser definidas pelo momento que a pessoa estiver vivendo. Sendo assim o hipertenso precisa saber o momento em que pode 31 realizar exercícios físicos, para As necessidades de saúde devem ser compreendidas no campo individual e evitar danos e também ter acesso facilitado ao pronto atendimento de uma Unidade de Saúde ou Hospital. O vínculo entre os profissionais da equipe multidisciplinar e os usuários do sistema precisa ser efetivo, fazendo assim uma ponte de acesso às necessidades de saúde do outro. Nessa relação a busca do conhecimento e compreensão da necessidade do indivíduo e o ouvir no sentido de perceber o todo é imprescindível. Do ouvir nasce um processo de educação, tanto ao indivíduo, quanto do próprio educador. A educação em saúde passa a ser o instrumento para a construção da autonomia sobre o seu modo de viver, podendo estar buscando mais satisfatoriamente o atendimento de suas necessidades de saúde. O usuário, ao procurar o serviço de saúde para resolver seu agravo, precisa encontrar uma equipe que compreenda suas necessidades apresentadas e, portanto necessita de um atendimento especifico. Essas necessidades de saúde é que fazem com que o indivíduo sinta a presença do agravo e procure os serviços de saúde para resolvê-lo. Existem as necessidades de saúde sentidas, mas não exprimidas, ou seja, o indivíduo sente que tem o problema de saúde, mas não procura os serviços para resolvê-lo. Muitas vezes por razões diversas (dificuldade de acesso, automedicação, negligência, tabus, falta de informação, etc.), não 32 recorrem ao serviço oferecido. Esses indivíduos precisam ser alcançados pelo serviço de saúde, e a forma mais fácil é através da ação dos ACS e da Equipe de Saúde da Família – ESF. Se o conceito de necessidade de saúde for incorporado pela equipe, ela passará a “enxergar” e “ouvir” melhor, e assim se abrirá inúmeras possibilidades de ação. Há necessidades de saúde que não são sentidas, ou seja, apesar do problema existir, o indivíduo não vê a alteração como um problema. Os indivíduos, por terem crenças, vivenciam, valores diferenciados apresentam percepções e enfrentam diferentemente o problema, às vezes por desconhecimento da necessidade de se fazer exames periódicos para detecção de câncer uterino. (TAMAKI, 1985: CHAVES, 1980). A equipe de saúde, para compreender e atender adequadamente deve conhecer o mundo do outro, para encontrar maneira de alcançar a satisfação dessa necessidade. O profissional de saúde precisa identificar as necessidades de saúde nas suas mais variadas formas, conhecer a realidade da área de atuação, identificando os fatores de risco, sinais e sintomas, promovendo a saúde com trabalho voltado para a melhora de vida de sua população adscrita, possibilitando a essa população maior autonomia na busca da qualidade de vida. 33 Os pequenos atos do cotidiano dão perfil novo à assistência, quando articulados entre os trabalhadores e os usuários da Unidade, onde os mesmos são sujeitos de um mesmo processo, o de produção da saúde. A educação em saúde visa essas necessidades de saúde, pois ela quem dá o norte para o indivíduo realizar seu auto cuidado. Isso não implica que o individuo será o único a ter o que fazer pela sua saúde, mas que com o conhecimento adquiridos e apoio da equipe de saúde, poderá identificar suas necessidades e procurar satisfazê-las. 3.7 HA e o Programa da Saúde da Família - PSF Na busca pela solução de problema de saúde e em face da importância que a hipertensão arterial assume dentre as doenças cardiovasculares, a Divisão Nacional de Doenças Crônico Degenerativas do Ministério da Saúde implantou o Programa HIPERDIA. O manual que orienta o programa na Unidade de Saúde traz dados sobre a relevância da HA para a saúde pública, técnicas de verificar a pressão, orientações sobre as mudanças de estilo de vida, atividades educativas, orientações para as consultas médicas e encaminhamentos a serem adotados pela equipe. A grande dificuldade é que muitas vezes o programa é implantado na unidade sem que haja aumento de funcionários, material educativo para realizar as ações educativas, deficiência de espaço físico, demora na aquisição 34 de medicamentos. O que acarreta em simples consulta de verificação de pressão e consulta médica, não sendo possível acompanhar devidamente a evolução desses pacientes e nem o trabalho educativo adequado. As dificuldades encontradas na implantação desse programas podem decorrer da administração única e vertical e, desse modo, atravessam os serviços de saúde de forma individualizada e desintegrada. As ações do Ministério da Saúde têm sido importantes e marcadas pela elaboração de programas voltados mais para as ações primárias de prevenção. Em algumas cidades tem se mostrado pouco eficaz devido a não adesão das Unidades de Saúde e dos próprios pacientes. O conjunto de ações centradas no tratamento curativo ainda prevalece, por sua capacidade de resolutividade na prevenção de danos maiores, reduzindo a letalidade de algumas doenças, sem interferir no padrão de ocorrência dessas doenças, além do alto custo desse modelo assistencial. Os esforços do Ministério da Saúde em acabar com o modelo tradicional, formulando novas estratégias para atender ao setor na área da atenção à saúde, buscando uma reorientação do modelo assistencial praticado nesses serviços. Esta estratégia é o Programa Saúde da Família - PSF e o Programa de Agentes Comentários de Saúde – PACS, que através de medidas simples e 35 racionais ampliam o acesso da população aos cuidados básicos de saúde, além de instrumentalizar os indivíduos e a comunidade a realizarem o auto cuidado e participar na avaliação da saúde e definição das necessidades e prioridades de ação além de prover assistência médica e medicamentos. É bem verdade que sempre se encontrará dificuldades para sua implementação, tendo em vista a complexidade dos atores ali envolvidos. Para a mudança do modelo assistencial faz-se necessário uma reorganização do processo de trabalho dos profissionais de saúde, com o acolhimento a o usuário, através da escuta qualificada, com compromisso de identificar suas necessidades e propor soluções, a criatividade posta serviço do outro e ainda a capacidade de estabelecer o vínculo. Por isso há a necessidade que essa mudança se inicie na porta de entrada desse sistema, a Unidade Básica de Saúde. A garantia de saúde à população é tarefa de todas as áreas de governo. É necessário, no entanto um diálogo entre a equipe e a comunidade local para que se alcance êxito. 3.8 Educação e Saúde e a HA “A educação em saúde engloba oportunidades conscientemente construídas para o aprendizado, envolvendo alguma forma de comunicação que objetiva aumentar o “analfabetismo em saúde”, incluindo o aumento de 36 conhecimento e o desenvolvimento de habilidades de vida que conduzam à saúde individual e da comunidade” (SOUSA, 2001 a, p. 81). O problema ou situação de saúde resulta de condicionantes que exigem a contribuição de diferentes áreas de conhecimento, necessitando interação da equipe multidisciplinar e do usuário na análise crítica de suas causas, práticas e determinantes. Deve-se realizar uma busca conjunta de alternativas e soluções para modificar essa relação e do ambiente em que elas se dão. A educação em saúde é a grande saída para a transformação da realidade social da comunidade. Sendo necessário um planejamento, no qual se realiza primeiramente o diagnóstico da situação de saúde, neste caso analisa-se o número de hipertensos e o índice de mortalidade decorrente dele, para que se possa controlar a pressão arterial. A ação deve ser planejada para promover a saúde não só do hipertenso, mas de toda a população com fatores de risco. Deve-se, porém observar as causas e questioná-las: Por que as pessoas sofrem desse mal? Qual o estilo de vida? Existem dificuldades financeiras para se ter uma alimentação saudável? Falta conhecimento e acesso as informações para a melhora da saúde? Após estas observações verificar se o serviço oferece medicamento adequado ao agravo, atendimento médico, de enfermagem, visita domiciliar pelos ACS e equipe multidisciplinar, atividades educativas. 37 Conhecer os determinantes que motivam, estimulam, favorece, possibilitam ou predispõe a prática, e os fatores epidemiológicos é que irão traçar as ações educativas e decisão de mudança de hábitos do hipertenso. É necessário ter em mente os seguintes elementos: Educação Conhecimento – olhar / ver Compreensão – associar / reconhecer / relacionar Sensibilização – sentir / acreditar / envolver-se Decisão – analisar / julgar/ aceitar / habilitar Esses elementos são importantes para compreender as passagens que acontecem desde o contato com a informação até a tomada de decisão. A sensibilidade é a fase onde a pessoa sente a importância daquele assunto em sua vida, valoriza esse conhecimento adquirido e começa a 38 mobilizar-se para a tomada de decisão. Esta é à hora onde o conhecimento adquirido é tido como verdadeiro e é aceito. Apesar de tomada a decisão, a mudança pode não acontecer, pois os fatores externos podem impedir que essas mudanças se efetivem. Constantemente assiste-se a discussão sobre a elitização da cultura e sobre o acesso do povo aos bens de cultura. Assim pode-se pensar na cultura moderna, no poder político e neoliberalista. E em contraste percebe-se uma dominação e a exclusão social que as camadas populares são submetidas. Ao estar atuando nessa realidade complexa não é possível educar sem um diálogo adequado e sem estar aprendendo, sendo educado também pelo meio. Essa forma contundente de relação entre o educador e o educando: “o educador não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os ‘argumentos de autoridade’ já não valem” (PAULO FREIRE, 1979, P. 78). 3.9 Avaliação e resultado do programa H A Na avaliação do programa de controle á hipertensão arterial ficou concluída que sem um planejamento, um diagnóstico da situação de saúde do paciente, um conhecimento do que o motiva, o estimula, os fatores 39 epidemiológicos e o que o possibilita a serem hipertensos não existem condição de um tratamento. Os idosos são os quem mais sofrem com a HA cerca de 65% da população brasileira,no tratamento além da estratificação do risco é necessária a avaliação de comorbidades e do uso de medicamentos. Em crianças e adolescentes quando ocorrer a HA a atenção é especial, pois os riscos de sem uma doença secundária com maior prevalência das causas renais. Os hipertensos com PA diastólicas menores que 104 e sem lesões de órgãos, podem ser tratados unicamente com medidas higiênico-dietéticas tornando mais simples o tratamento Após examinar todos os casos que pode ocorrer à doença notou – se que é necessário reeducar a população nos seus atos alimentares, em praticar uma atividade física, assim dando o norte para o indivíduo realizar seu auto cuidado, com o conhecimento adquiridos e apoio da equipe de saúde, poderá identificar suas necessidades e procurar satisfazê-las. Busca - se romper definitivamente com o modelo centrado no conceito de saúde negativo, que entende saúde como ausência de doença, para praticar um modelo de assistência baseado no conceito saúde como qualidade de vida. Para isso é necessário empenho e paciência. 40 4 Objetivo Ao identificar uma má qualidade de vida da população hipertensa, foi desenvolvido um programa de controle de hipertensão arterial em uma unidade básica de saúde do município de São Gabriel do Oeste. Sendo a hipertensão desencadeada por diversos processos multifatorial sendo alguns: Fatores genéticos: a hereditariedade comum; Mecanismos neuro-humorais: possível insensibilidade dos barorreceptores à hipertensão; Esteróides: os minerais, corticóides têm importante participação na regulação do metabolismo de sódio; Entre outros. O profissional de saúde da rede básica tem importância primordial na estratégia de controle da HA, quer na definição do diagnóstico clínico e da conduta terapêutica, quer nos esforços requeridos para informar e educar o paciente hipertenso como fazê-lo seguir o tratamento. O objetivo agora é a prevenção e o controle dos fatores de risco. O controle de HA que podem ser adotadas é chamado de medidas higiênico-dietéticas, quais sejam: Abolição ou redução do consumo de bebidas alcoólicas; O consumo de álcool pode levar a miocardiopatia alcoólica, caracterizada pelo declínio da função miocárdica, com progressiva hipertrofia e dilatação das câmaras cardíacas. A hipertensão também causa hipertrofia do miocárdio, e deste 41 modo, o uso do álcool acaba agravado o quadro do cardiopata. Dieta adequada ou mudança de hábitos alimentares; A dieta desempenha um papel importante no controle da HA. Uma dieta com conteúdo reduzido de teores de sódio (< 2,4g/dia, equivalente a 6 gramas de cloreto de sódio), baseada em frutas, verduras e legumes, cereais integrais, leguminosas, leite e derivados desnatados, quantidade reduzida de gorduras saturadas, trans e colesterol mostrou ser capaz de reduzir a pressão arterial em indivíduos hipertensos. Redução da ingestão do sal; Entre outros. O tratamento não medicamentoso da HA está indicado para todos os pacientes hipertensos. Ressalta-se que, os hipertensos com PA diastólicas menores que 104 e sem lesões de órgãos, podem ser tratados unicamente com medidas higiênico-dietéticas. “O tratamento medicamentoso, para esses pacientes, só estará indicado caso aquelas recomendações não se mostrem eficazes ao fim de seis meses ou apareçam lesões em órgãos-alvo”. É importante conhecer como essas medidas podem estar controlando a pressão arterial e a maneira adequada de praticá-las. 42 5 Estratégia Saúde da Família O SUS vem romper com o modelo de atenção à saúde anterior, na medida em que todos passam a ter direito de acesso aos serviços, onde o controle social é possível através da garantia da participação popular; com uma assistência de enfoque epidemiológico e voltado para a promoção à saúde. Tal sistema único tem como objeto a saúde: não àquela definida simplesmente pela ausência de doença com seus desdobramentos hospitalocêntrico e medicocêntrico e subordinação à oferta de serviços. Mas a saúde entendida como um requisito para o exercício pleno da cidadania e que envolve individuo, coletivo e ambiente com todas as suas inter relações. (ANDRADE, 2001, p. 164) Apesar de estar amparado por lei, na prática ainda existem resquícios do modelo assistencial médico-privatista, que tem como demanda características principais da demanda espontânea com atenção a área curativa e com programas e campanhas muitas vezes individualizadas e desintegradas a realidade. O PSF nasce então para mudar a estratégia e o modelo de assistência à saúde na prática, tendo por base os princípios do SUS. A atenção ao PSF é voltada à família, que é entendida como um todo dentro do seu contexto físico e social, deixando de ser centrado no indivíduo, mas sim na família como um todo para que seja saudável. 43 Essa visão permite a equipe perceber o processo saúde-doença e a ver novos horizontes de ação que vão além da prática curativa. O PSF busca romper definitivamente com o modelo centrado no conceito de saúde negativo, que entende saúde como ausência de doença, para praticar um modelo de assistência baseado no conceito saúde como qualidade de vida. Para isso é necessário empenho e paciência. A equipe do PSF precisa alcançar a população, para que ela participe das ações de saúde direcionadas a ela, suas necessidades compreendendo a importância de participar e garantir seus direitos e também conhecer seus deveres. O modelo centrado no médico, não eleva o nível de saúde da população adscrita, pois visa somente o indivíduo e não o coletivo. No PSF a equipe multidisciplinar precisa entender a princípio a importância de cada um na equipe de acordo com a área de atuação do mesmo. O contato com a realidade da comunidade atendida proporciona o conhecimento da mesma e as formas de identificar as reais necessidades de saúde da família/comunidade para atuação mais adequada e que permita realmente elevar o nível de saúde. 44 Há necessidade de mudar a essência do PSF, a arquitetura foi adequada ao novo modelo que atenda as necessidades reais das ações educativas e preventivas de saúde. Cada equipe é composta minimamente por um médico, um enfermeiro, um ou dois auxiliares de enfermagem, um cirurgião dentista, um auxiliar de consultório odontológico e até 07 ACS. O número estimado de família para todos os ACS é de 150 (cento e cinqüenta) e para a equipe em torno de 3.500 (três mil e quinhentos) pessoas. Cada equipe tem uma área de atuação territorial definida e dividida em micro áreas. A equipe como um todo tem atribuições específicas determinadas pela portaria ministerial que institui o programa, dentre as quais visitas domiciliares e ações educativas em grupos específicos. Estas ações quando implantada retrata o diagnóstico real da população adscrita sendo assim um trunfo para a mudança do modelo assistencial antes utilizado. O programa conta com incentivos das esferas estaduais e federais, para a promoção dessas mudanças. O ACS é morador da área em que a equipe atua, passando a fazer parte do sistema local de saúde. As principais atribuições do ACS são: Melhorar através de seu trabalho a capacidade da população a cuidar de sua saúde, transmitindo conhecimentos e 45 proporcionando a ligação da comunidade com o serviço local de saúde; Fortalecer a ligação entre a equipe e a comunidade adscrita; Garantir a integração com a equipe em que está inserido. O melhor caminho para o ACS alcançar seus objetivo no trabalho é o seu conhecimento com a comunidade na qual trabalha. Seu primeiro passo é realizar o reconhecimento da população, através de levantamento detalhado em cada domicílio e do cadastro das famílias. No seu cotidiano ela irá acompanhar as modificações que ocorrerem nos dados deste cadastro, que é atualizado mensalmente. Através do qual irá saber onde requer maior atenção da equipe, quantas crianças, gestantes, desnutridos, puerperais, idosos, portadores de necessidades especiais, portadores de patologia dentre as quais a Hipertensão Arterial, objeto de nosso estudo. Identifica também as condições de moradia, saneamento básico, coleta de lixo, situação de trabalho e renda dos moradores. As atribuições básicas dos ACS são: 1. Realizar e atualizar o cadastro das famílias; 2. Participar na realização do diagnostico demográfico, perfil sócio econômico da comunidade; 3. Realizar o acompanhamento da micro área de risco; 4. Realizar visitas domiciliares; 46 5. Realizar a vigilância em saúde nas crianças acompanhando seu desenvolvimento; 6. Monitorar as doenças de notificação compulsória; 7. Realizar ações educativas nos grupos de risco; 8. Apoiar inquéritos epidemiológicos e investigação de curtos nas áreas adscritas; 9. Acompanhar pacientes cadastrados portadores de agravos que requerem uso continuo de medicação, e; 10. Demais ações e atividades a serem definidas de acordo m a prioridade local. O trabalho do ACS e essencialmente educativo, e a educação em saúde deve valorizar a diversidade e heterogeneidade dos grupos sociais, a intercomunicação entre as diferentes classes sociais, estimulando o compromisso e o diálogo entre elas, aproveitando o saber popular e o científico. Nesse contexto a atividade do ACS é de mediador entre esses dois sabores, garantindo o acesso da comunidade aos serviços de saúde e favorecendo a modificação dos fatores condicionantes que produzem a morbimortalidade. 47 6 MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL DO OESTE 6.1 CARACTERIZAÇÕES DO MUNICÍPIO 6.1.1 Histórico Como ocorreu em quase todo o Mato Grosso do Sul, os primeiros desbravadores eram criadores de gado. Estes, em São Gabriel do Oeste, foram oriundos do Estado de Minas Gerais. Por volta de 1885, acreditava-se que a região era propícia à criação de gado em seus pastos nativos e a agricultura seria apenas para a subsistência. Dessa época, até o início da década de 1970 não ocorreram grandes mudanças na forma de explorar a terra. No início da década de 70, incentivados pelo Instituto Brasileiro do Café, desenvolveu-se a cafeicultura. Em 1973, alimentada pela cultura de café e com o processo de asfaltamento da BR 163, trecho Campo Grande – Cuiabá, a região evolui e torna-se um povoado, em razão da dinâmica empreendedora de fazendeiros que vislumbraram o futuro. Em 1975, a cafeicultura começa a declinar devido as grandes geadas ocorridas neste ano e então se volta a dar atenção à pecuária, nessa mesma 48 época incentiva-se a cultura de soja, que perdura até hoje, fazendo do município um dos principais produtores de soja do Estado. Pela Lei nº. 3784 de 30/09/1976, São Gabriel do Oeste torna-se Distrito, resultante do desmembramento de Ponte Vermelha, município de Camapuã. Em 1980, através da Lei nº. 74 de 12/05/801, o então Governador do Estado Sr. Marcelo Miranda Soares, criava o município de São Gabriel do Oeste, com áreas dos municípios de Bandeirantes, Camapuã, Rio Negro e Rio Verde de Mato Grosso, tendo como área territorial de 3.866,10 Km². O elevado crescimento populacional através de agricultores provenientes do sul do país, tendo como conseqüência a sua emancipação deve-se principalmente ao grande avanço da soja. Nesta época armazéns públicos e privados são instalados para armazenar a produção da soja. Após longos anos com a crise da agricultura, os produtores do município passam a investir na suinocultura comercial, e atraem para a região investimento da Cooperativa Central Oeste Catarinense, que adquiriu um frigorífico em construção, realizando novos investimentos, torna-o unidade de industrialização de suínos, com abate aproximado de 800 suínos/dia. Oferece em torno de 500 empregos diretos, a maior parte de sua produção é exportada para os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Hoje o município conta com atividades no ramo agrícola, pecuária, indústria e comércio. Tem uma população aproximada de 20.360 habitantes. 49 Segundo dados 81,03% da população residem na zona urbana e 18.97 % na zona rural. O município de São Gabriel do Oeste está instalado na microrregião homogênea do Alto Taquari, na porção Centro-Norte do Estado do Mato Grosso do Sul, apresenta uma extensão territorial de 3.866,10 m², a uma altitude de 693 metros acima do nível do mar. Possui como limites: Ao norte: município de Coxim – 112 km; Ao Sul: município de Bandeirantes – 67 km; Ao Oeste e Noroeste: município de Rio Verde – 57 km; Ao Leste e Sudeste: município de Camapuã – 82 km. São Gabriel do Oeste é cortado pela rodovia BR 163, que dá acesso a Rio Verde de Mato Grosso e ao Estado de Mato Grosso ao norte e ao sul a capital do estado, Campo Grande, que fica a 138 km e ao estado de São Paulo e Paraná. Essa característica tem forte influência nos dados de mortalidade por acidente de trânsito, devido a essa proximidade da rodovia as vítimas são encaminhadas a rede hospitalar do município, as quais muitas vêem a óbito, elevando o número de óbitos por causas externas. 50 O município apresenta dois distritos denominados: Ponte Vermelha e Areado, distantes da sede 20 e 35 km respectivamente. São Gabriel do Oeste, pertence à Bacia do Rio Paraguai, e a sub bacias de Miranda, Aquidauana e Taquari. Nascem no município os rios Coxim e Aquidauana e os córregos Brejão, Baixadão e Bonito, outros rios passam pelo município como Jauru, Santo Antonio, Novo e outros córregos como Bauru, Cabeleira Comprida, Macaco, Morro Alto, Retirinho e Sucuri. O rio Aquidauana serve de divisão com o município de Corguinho, o rio Novo e o rio Coxim com o município de Rio Verde, o rio Jauru com o município de Coxim e o rio Coxim com o município de Camapuã. Segundo dados da Prefeitura Municipal de são Gabriel do Oeste, o município apresenta uma topografia plana em cerca de 50 % de sua área total e ondulada nas demais regiões. O clima é tropical combinado com a condição de planalto e topografia plana torna-se bastante aprovável, permitindo o desenvolvimento da agricultura moderna e bem desenvolvida, sua temperatura média varia entre 25º e 30º G. O chapadão de São Gabriel, extensa superfície pendi plana, possui posição geográfica individualizada, visto que se ressalta em meio a um relevo mais rebaixado e dissecado. 51 6.1.2 Aspectos Demográficos Densidade Demográfica: 5,26 hab/km² (2007) População Alfabetizada – 85,5 % na zona urbana e 76 % na zona rural Evasão escolar: 6,15% 6.1.3 Dinâmica populacional Com o objetivo de preservar os patrimônios históricos, culturais e artísticos de São Gabriel do Oeste, foi criada a Fundação de Cultura de São Gabriel do Oeste – FUNGAB, em 1991. Esta entidade é responsável pela promoção da integração entre o setor público municipal, a comunidade, entidades, clubes culturais e esportivos, sendo atualmente presidido pelo senhor Aldino Antonio Sangalli. Os principais eventos que ocorre no município, referem-se à comemoração do aniversário de São Gabriel do Oeste, festa do leitão no rolete e o Baile do Chopp e Festa do Laço. 52 6.1.4- Aspectos Gerais- Infra Estrutura 6.1.4.1 Água e Saneamento As condições ambientais e sanitárias das moradias são na sua maioria boa; com abastecimento de água de excelente qualidade com 100% de cobertura de abastecimento pela rede pública. O tratamento de água e feito através da cloração e fluoretação garantindo uma água de qualidade 24 horas ao dia. O sistema de esgoto está projetado para atender uma população de até 32.000 (trinta e dois mil) habitantes, dimensionado para os próximos 20 (vinte) anos. Sua rede coletora de esgoto tem 46.376 m (quarenta e seis mil, trezentos e setenta e seis metros) de extensão. 6.1.5. Coleta de Lixo A coleta e a coleta seletiva são realizadas diariamente, pela Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos. O mesmo é levado até a Cooperativa Art. e Vida onde é reciclado. O lixo hospitalar é recolhido separadamente e após é incinerado em local próprio. O lixo impróprio para reciclagem é aterrado. 53 7 REDE DE ATENDIMENTO 7.1 UNIDADES DE SAÚDE O município conta com 08 (sete) Unidades Básicas de Saúde UBS, com atendimento do PSF e saúde bucal, desenvolvendo os programas abaixo relacionados: Programa de Imunização; Programa de Tuberculose; Programa de Hanseníase; Programa Bolsa Alimentação; Programa de Saúde Mental: Programa de Reidratarão Oral e Monitorizarão de Doenças Diarréicas; Programa de Prevenção do CA Cérvico - Uterino e do CA de mama; Programa SIS Pré – Natal; Programa de Atendimento ao Diabético; Programa de Atendimento ao Hipertenso; Planejamento Familiar; Programa Controle de Endemias; Programa DST/AIDS; 54 Vigilância Sanitária; Fonoaudióloga; Oftalmologia; Psicologia; Nutricionista e, Odontologia 7.2 Redes hospitalar 7.2.1 Hospital municipal José Valdir Antunes de Oliveira O Município conta com um hospital municipal com 34 (trinta) leitos, onde são realizados procedimentos de urgência e emergência, cirurgias, consultas de especialidades médicas, internações, exames de ultrassom, RX, eletrocardiograma, fisioterapia, endoscopia e outros procedimentos inerentes a atendimento hospitalar. 7.2.2 Unidade Hospitalar de Atendimento Especializado Realiza atendimento especializado nas áreas de otorrinolaringologia, fonoaudióloga, pediatria, cardiologia, urologia, dermatologia, ginecologia, consultas de especialidades médicas, exames de ultrassom, RX, 55 eletrocardiograma, fisioterapia, e outros procedimentos inerentes a atendimento ambulatorial. 7.2.3 Rede privada 7.2.3.1 Hospital São Francisco Este hospital atende a população com médicos especialistas, bioquímicos e funcionários de nível médio. Atende pacientes particulares e outros planos de saúde. 8 Estrutura da secretária municipal de saúde Estrutura da Secretaria Municipal de Saúde - SMS foi estabelecida pela Lei 310/96, alterada pelas Leis nº 505/2002 de 20 de dezembro de 2002 e 277/2004 de 29 de dezembro de 2004: Art.14 - “Compete à Secretaria Municipal de Saúde a Assistência à Saúde da população, obedecendo aos preceitos constitucionais do Sistema Único de Saúde - SUS e demais prerrogativas legais inerentes ao setor em 56 conformidade com as leis orgânicas da saúde; a assistência médica e odontológica; a realização de pesquisas sobre a saúde para promoção de qualidade de vida; execução de políticas de educação em saúde; execução de serviço de fiscalização sanitária de conformidade com a legislação específica pertinente; a promoção de saneamento básico em conjunto com os órgãos competentes; propor políticas de saúde em conformidade com as demais esferas, bem como, o Programa de Governo do Executivo Municipal”; Art. 15- A Secretaria Municipal de Saúde desenvolverá suas atividades através dos seguintes órgãos: I. Departamento de Assistência à Saúde; II. Coordenadoria de Atenção Básica; III. Coordenadoria de Atenção Hospitalar; IV. Coordenadoria de Controle, Regulação, Avaliação e V. Coordenadoria do NASI - Núcleo de Assistência a Saúde VI. Departamento de Vigilância à Saúde; VII. Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica; VIII. Coordenadoria de Vigilância Sanitária; IX. Coordenadoria de Vigilância Ambiental; X. Departamento de Administração e Finanças; XI. Coordenadoria de Apoio Administrativo; XII. Coordenadoria de Informações de Desempenho da Saúde. XIII. Unidades Básicas de Saúde Auditoria. do Idoso 57 a) UBS- Central b) UBS- Rural c) UBS- Bairro Milani a) UBS- Jardim Gramado; b) UBS- Redondo; c) UBS- Fênix; § 1º - Atuará como órgão de assessoramento e deliberação à Secretaria Municipal de Saúde o Conselho Municipal de Saúde. Órgão colegiado de caráter permanente, deliberativo e soberano em suas decisões, com função de deliberar no âmbito municipal sobre a formulação e implantação, acompanhamento, fiscalização e avaliação das ações de saúde que serão desenvolvidas anualmente priorizando aquelas estabelecidas no Plano Municipal de Saúde, orientando os programas e projetos na área de saúde na Lei Orçamentária Anual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei do Plano Plurianual, verificando o cumprimento das metas previstas e programas de governo executados e, ainda examinando os resultados quanto à eficácia da gestão orçamentária e financeira dos recursos destinados à saúde. § 2º - Atuarão na função de execução conjunta das ações de saúde diretamente vinculados à Secretaria Municipal de Saúde as entidades indiretas municipais do Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE e a Fundação de Saúde Pública do Município de São Gabriel do Oeste - FUNSAÚDE”. 58 8.1 PSF Rural O Psf Rural encontra-se localizado no centro da cidade do Município de São Gabriel do Oeste. As ruas são todas asfaltaltadas, implantado rede de esgoto, possui água encanada e luz elétrica. A população é na maioria de renda econômica baixa e trabalham como empregados nas fazendas do Município, onde também moram principalmente na época de plantio e colheita nas fazendas. A população que freqüenta a Unidade de Saúde é conhecida, ou seja, a maioria retorna ao mínimo todos os meses pra atendimento médico e ou pegar medicação controlada passando por avaliação da enfermeira que verifica os SSVV, pois os mesmos não possuem na sua maioria carros á disposição para vir a cidade, entre os que possuem a média de atendimento é de 3 (três) consultas/mês pois esses em sua maioria julgam que suas necessidades não foram atendidas, ora por não ter condições de comprar a medicação, ora pela própria desintegração familiar, impedindo que a saúde seja restabelecida. Sendo que a abordagem ao hipertenso é feita em 67% dos casos através da visita domiciliar geralmente na primeira visita e no preenchimento da ficha A. 59 9 Conclusão A Hipertensão Arterial está cada vez acometendo mais número de pessoas em todo Brasil. Segundo, Mascarenhas CHM et al.2006, a hipertensão arterial é um dos grandes problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, esta patologia é crônica, não transmissível, de natureza multifatorial que compromete fundamentalmente o equilíbrio dos mecanismos vasodilatadores vasoconstritores, levando a elevação da pressão arterial para números acima dos valores considerados normais (140/90 mmHg). Não sendo diferente ao Município de São Gabriel do Oeste, atenção para com as diferentes causas desse agravo é importante para que o paciente tenha uma vida saudável, tanto física quanto mental, o que não acontece quando não há oferta de serviço especializado. Os hipertensos precisam de amparo e atenção dos familiares, amigos, equipe multidisciplinar para o acompanhamento e educação sobre o estilo de vida para melhor convívio com á patologia. O convívio familiar é muito importante quando o paciente apresenta esse agravo. A integração da equipe com o paciente e os familiares é que fazem o diferencial no tratamento do hipertenso, fazendo com que os esforços dispensados para a identificação e tratamento dos casos e o encaminhamento aos profissionais adequados sejam mais bem acatados pelo indivíduo portador de HÁ. 60 10 REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Hipertensão Arterial Sistêmica – HAS e Diabetes Mellitus – DM – Brasília, caderno 7, Brasília , p. 9-19 2001 ap. 05, 09. 2001 CHOR, D. ET AL. Doenças cardiovasculares: panorama da mortalidade no Brasil. In: MINAYO, M.C.S. (org.). Os Muitos Brasis: Saúde e população na década de 80. 2 ed. Rio de Janeiro: ABRASCO, 199. P. 57-86. FRANCO, T. B.; MERHY, E. E. PSF: Contradições de um programa destinado à mudança do modelo tecnoassistencial. [199] Não publicado. Material reprografado. PINHEIRO, R.; CAMARGO JUNIOR, K. R. de. Modelos de atenção à saúde: demanda inventada ou oferta renovada? Algumas considerações sobre modelos de intervenção social em saúde. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n.1, p 101-19, 2000. POLLOCK, M. L.; WILMORE, J. H. Exercícios na saúde e na doença: avaliação e prescrição para a prevenção e reabilitação. 2 ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1993 SALES, Cybele de Moura; Adoção das Medidas de Controle da Hipertensão Arterial. Trabalho Monográfico. 2002. Não publicado. Material reprografado. VERAS, F. M. F. Atenção primária em saúde. In: ROUQUAROYOL, M. Z. Epidemiologia & Saúde. 3. ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1988. P.439-447 . Mascarenhas (ARRUMAR DENTRO DAS NORMAS DA ABNT) CHM et al; ADESÃO AO TRATAMENTO NO GRUPO DE HIPERTENSOS DO BAIRRO JOAQUIM ROMÃO-JEQUIÉ/BA. Trabalho Artigo cientifica. 2006. Material reprográfico 61 BRASIL, Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Hipertensão Arterial Sistêmica – HAS e Diabetes Mellitus – DM – Brasília, caderno 7, Brasília , p. 9-19 2001 ap. 05, 09. 2001 62