Mensagens Curtas 6 - Recanto das Letras

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Mensagens
Curtas 6
Para Meditação Diária
Silvio Dutra
Set/2016
A474
Alves, Silvio Dutra
Mensagens curtas 6./ Silvio Dutra Alves. – Rio de
Janeiro, 2016.
205.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Graça 3. Fé.
I. Título.
CDD 230
2
Sumário
Falando no Espírito a um Filho Amado.... 10
Morreu... Acabou? .............................................. 12
Verdades Ocultas na Parábola do Filho
Pródigo...................................................................... 14
Consciência Aperfeiçoada pela
Liberdade................................................................. 17
Nunca Haverá o Comprimido do Amor... 19
É Difícil Ser Misericordioso Segundo a
Graça.......................................................................... 20
Vivendo sem Focar a Eternidade................
21
A Busca de Consolação.....................................
24
Necessitamos Sempre Aumentar a Fé.....
26
Um Consolador Paciente, Incansável e
Amoroso................................................................... 28
Um Pai Amoroso..................................................
30
Porque o Corpo do Homem Morre............
32
Bem-Aventurados os Que Morrem no
Senhor.......................................................................
36
3
O Perigo da Interpretação Fora de
Contexto...................................................................
38
Não Há Bondade Como a de Deus..............
40
Escrito na Mente e no Coração....................
45
Santificação não é Justificação.....................
49
Prescrevendo Apenas o Remédio...............
51
Julga com Amor Segundo a Reta Justiça.
54
Deus Será Glorificado ao Julgar o Mal...... 56
Como Saber se Sou Abençoado por
Deus? ......................................................................... 57
O Espírito de Mártir............................................ 58
Mais do que Lei de Diamante........................
60
O Plano é Perfeito Embora Sejamos
Imperfeitos.............................................................
62
Almas que Se Perdem e Almas que se
Ganham....................................................................
65
Células Espirituais que Vivem...................... 67
A Esperança que Nunca Morre....................
4
69
Viver Pela Fé..........................................................
72
A Mensagem Central do Evangelho.......... 74
Espiritualizar.........................................................
77
O Homem é Inimigo de Deus.......................
78
Porque Caminha Mal o Nosso Mundo.....
81
O Segredo da Frutificação............................... 84
Não Havia o Mal no Princípio, na
Criação......................................................................
86
A União que Dá Vida Eterna...........................
88
Nossa Necessidade do Espírito Santo.......
90
Por que Mudar pela Fé? ..................................
93
Num Morremos e Noutro Vivemos..........
95
A Única Palavra Viva..........................................
96
O Orgulho Mata.................................................... 97
Não Comparecer com o Coração Vazio...
98
Sem Cristo Não Dá..............................................
100
A Graça Supera a Aflição.................................
102
5
O Motivo Real da Nossa Alegria................... 104
A Relação da Fé com a Bíblia.........................
106
O Preparo para a Obra do Ministério........
109
Sempre Há uma Saída....................................... 115
"Dai a cada um o que deveis: a quem
tributo, tributo; a quem imposto,
imposto...” ............................................................... 116
Paciência na Tribulação (Rom 12.12) ........
120
Admoestação dos Insubmissos.................... 122
Retorno à Vitalidade Original.......................
125
O Evangelho Exige Moderação..................... 129
Porque Necessitamos Converter o
Nosso Coração......................................................
131
Tal Caminho, Tal Pessoa.................................
133
A Ênfase Deve Estar no Amor.......................
135
Concessão de Maior Capacitação mas
não de Menor Amor........................................... 138
Não se Condenar no que Aprova.................
6
140
O Ponto Mais Difícil da Vida Cristã............
142
Lições em Ziclague.............................................
146
Não Recusar o Consolo Disponível............. 149
Vede como Andais..............................................
152
Não Tenho Pressa................................................ 153
Paciência com os Que Não Têm
Paciência.................................................................. 154
Mais do Que Vencedores................................
156
Deve Bater Repetidamente como o
Martelo.....................................................................
157
Quebrado para Ser Levantado......................
158
Um Passo Muito Além......................................
160
Quem Ama as Trevas Odeia a Luz............... 161
A Paz é Fruto do Andar em Justiça.............
163
Navegando com Segurança no Mar da
Vida.............................................................................
165
Removendo o Mal da Fonte...........................
168
Afligidos na Luta Espiritual............................ 169
7
As Faculdades do Espírito...............................
171
Conhecimento Real do Deus Vivo..............
173
Semeando com Lágrimas...............................
174
Dando a Vida Pelos Irmãos.............................
175
Sempre Chegará a Hora da Paz e da
Alegria.......................................................................
177
Rochas Inabaláveis.............................................
178
Não se Cumpre em Nenhum Outro........... 179
A Grande Perda....................................................
182
O Altar do Coração Quebrantado................ 184
Sodoma e Gomorra que Respondam........
186
Perdão Infinito de uma Culpa Infinita...... 188
Quando Há a Necessidade de se
Envergonhar? .......................................................
189
Ser e Existir.............................................................
191
Paz e Alegria na Hora da Morte...................
193
A Oração e as Promessas.................................
194
8
Somente o Bem é e Será para Sempre...... 195
Lutando por Algo Superior e Melhor.......
197
Abatidos mas não Destruídos........................ 199
Indestrutível..........................................................
200
Uma Palavra de Conforto................................
201
Os Puritanos e Nós..............................................
204
Sossega Coração! ................................................
205
9
Falando no Espírito a um Filho Amado
Deus é a fortaleza das nossas vidas.
Devemos sempre crescer na graça e no
conhecimento de Jesus para que nossas vidas
estejam inteiramente absorvidas nele e
somente nele.
Deus nos criou para aumentar a Sua própria
glória. Por isso devemos viver para Ele, porque
somente pode ter satisfação em nós quando
cumprimos este propósito para o qual fomos
criados. Principalmente o de conhecer e viver o
fruto do Espírito Santo, por meio da fé, e
somente da fé, que deve ser exercitada
continuamente pela oração e prática da Palavra.
Pena que tão poucos entendem e vivem a
linguagem e a realidade das coisas espirituais e
celestiais. Por isso louvo ao Senhor por tua vida,
que podes compreendê-las bem. E esta é toda a
alegria dele e nossa, porque nos sentimos muito
solitários pela falta de alguém com quem
possamos ter plena comunhão no Espírito.
Temos aprendido, pelo poder da graça, a nos
gloriarmos nas injúrias, nas necessidades, nas
perseguições, nas ofensas sofridas, nas
ingratidões, enfim, em tudo o que antes nos
oprimia, agora nos leva a exultar no poder do
Senhor Jesus, que nos dá paz, alegria e
longanimidade em meio a tudo isto.
E o poder do Espírito Santo se aperfeiçoa na
nossa fraqueza quando nos dispomos a perdoar
a todos e a dilatar o nosso coração para viver na
10
mesma humildade que habitou e habita no
Senhor Jesus.
Ele é o Criador, o Todo Poderoso, o Senhor de
tudo e de todos, e ainda assim não se
envergonha de nos chamar de irmãos. E tudo
tem suportado de nós e por amor de nós, para
nos aperfeiçoar à sua própria imagem, para
aquele grande dia que se aproxima no qual
seremos juntamente arrebatados com palmas
nas mãos, com vestes brancas, cantando o novo
cântico de Moisés e do Cordeiro.
A quem compararemos o Senhor? Para o qual
vivemos ou morremos? Não importa o quanto
sofremos aqui neste mundo. Tudo será contado
para o nosso galardão, em ter suportado com
paciência, no poder do Espírito Santo, toda sorte
de tribulações, nas quais nos gloriamos, porque
é por elas que temos sido transformados, e
aprendido a paciência, a perseverança e a
experiência, que não confunde, porque
sabemos que toda a nossa esperança está no
Senhor Jesus, no qual vivemos e viveremos para
sempre pelo poder sustentador da Sua própria
vida divina.
Ele é a Videira Verdadeira, a Árvore da Vida, o
Príncipe da paz, o Deus Forte, o Pai da
Eternidade, o Senhor de todos os senhores da
terra e do céu, o Rei dos reis cujo reino é para
sempre e de justiça e amor perfeitos.
Fica na paz do Senhor, meu filho amado!
11
Morreu... Acabou?
Se assim fora, no caso de seres morais, que têm
plena consciência do valor do que é certo e do
que é errado, e principalmente da sua
existência, não haveria qualquer razão para
temer um possível juízo futuro da parte de Deus.
Qual vantagem teria o que faz o bem sobre
aquele que vive para praticar o mal?
Afinal, as vicissitudes da vida não atingem tanto
a um quanto o outro?
Todavia, a nossa própria constituição moral e o
tribunal instalado por Deus na nossa
consciência, são os indicadores de um acerto de
contas final, no qual haverá um julgamento de
caráter eterno para recompensar os que
praticam o bem com galardões e a vida eterna, e
os que praticam o mal com castigos e uma
condenação também eternos.
Concluímos então que não haveria qualquer
sentido em sermos o que somos (seres morais)
caso houvesse uma aniquilação total da nossa
existência depois da morte física.
O
espírito
prossegue
eternamente
e
comparecerá perante Deus para que suas obras
sejam julgadas pela justiça perfeita divina.
Se não houvesse um juízo final de um Juiz
perfeito, poderíamos dizer que isto configuraria
a maior injustiça do universo, porque mesmo
em nós, que somos imperfeitos, há uma clamor
para que haja justiça tanto para recompensar o
bem, quanto para punir o mal.
12
Por isso o próprio Deus puniu o pecado com um
castigo de valor eterno e infinito, para que
pudéssemos ser perdoados e satisfazer à
demanda da justiça divina, quando Ele levou o
seu próprio filho amado, Jesus Cristo, à cruz,
para morrer no nosso lugar.
13
Verdades Ocultas na Parábola do Filho Pródigo
A Parábola do Filho Pródigo é realmente uma
bela e profunda parábola, mas Jesus não a
apresentou para ser uma espécie de resumo do
que seja a vida cristã, mas para ilustrar uma
parte do que significa esta vida.
Por exemplo: ela não faz qualquer alusão à
expiação do pecado pelo sangue de Cristo, mas
sabemos que foi esta expiação que possibilitou
que o pai, que representa Deus na parábola,
corresse para o filho e pudesse perdoá-lo e
recebê-lo para estar reconciliado com ele,
apesar de toda a sua dívida de faltas e pecados
cometidos contra o seu pai.
Fazer portanto, desta parábola um resumo de
todo o cristianismo é incorrer em grande erro,
porque o amor de Deus pelos pecadores
perdidos não se fundamenta em mero
sentimento ou emoção.
Seu amor se funda na eleição incondicional na
qual não conta qualquer mérito da nossa parte.
O pai não recebeu o filho pelo fato de
reconhecer que havia algo de valor no rapaz, ou
então porque houvesse da sua parte bons atos
praticados no passado que deveriam ser
recompensados com o seu acolhimento.
Ele fora filho no coração do pai antes mesmo de
ter sido criado, mas importava que esta filiação
se confirmasse pelo arrependimento e busca do
pai para compartilhar da sua intimidade.
14
Isto a parábola revela, ainda que não de modo
direto.
Esta verdade está ali nela contida, sublinhada
com a declaração do pai de que o pródigo se
achava morto e perdido, antes de retornar ao lar.
E o que permitiu o seu acolhimento foi o
arrependimento e fé na bondade e misericórdia
do seu pai.
Outro ponto essencial do cristianismo que não é
citado nesta parábola é a ação do Espírito Santo
na nossa conversão e transformação, e o esforço
empreendido por Deus na sua busca incansável
dos perdidos.
Por isso, temos nas duas outras parábolas que
nosso Senhor apresentou na mesma ocasião
(Ovelha Perdida e Dracma Perdida), o esforço
anteriormente citado.
Sem o todo da revelação que temos em outras
partes das Escrituras, e caso nosso Senhor
tivesse contado a Parábola do Filho Pródigo para
ser um resumo do cristianismo, o que não é o
caso, nós poderíamos afirmar que se alguém
está afastado de Deus, por sua própria iniciativa,
como foi o caso do pródigo, então estaríamos
autorizados a não fazer qualquer esforço com
nossas orações intercessórias, e outros meios,
para trazer o perdido de volta à vida.
Todavia, sabemos claramente que não temos
nenhuma autorização das Escrituras para
adotarmos este tipo de comportamento.
Por isso o propósito da parábola é exatamente o
de demonstrar que há grande alegria no céu
15
pela conversão dos pecadores, e que Deus está
plenamente disposto a receber todos os
perdidos que vierem a Ele em busca de
reconciliação.
A parábola tem este grande objetivo de
incentivar os pecadores a buscarem refúgio em
Deus, com plena confiança de que não serão
rejeitados.
Nosso Senhor havia afirmado em outra ocasião
que não rejeitaria a qualquer pessoa que viesse
a Ele em busca de salvação, e que jamais a
lançaria fora.
Nada e ninguém poderá impedir que o pai
receba o filho no lar celestial, nem mesmo os
que tentarem impedi-lo sob a alegação de
estarem servindo a Deus fielmente, como se
destaca na parábola no procedimento do irmão
mais velho do pródigo.
Um pecador pode ser muito vil para toda e
qualquer outra coisa, mas ele não pode ser
muito vil para a salvação.
Estas verdades podem ser vistas de modo muito
claro na Parábola do Filho Pródigo.
16
Consciência Aperfeiçoada pela Liberdade
Sem o devido conhecimento da justificação e da
consequente liberdade cristã que dela decorre,
não é possível ter uma boa consciência que não
somente não nos acuse mais, e que também não
hesite quanto às coisas que devem ser feitas sem
hesitação e com constância, pela plena certeza
de que somos aprovados por Deus, na liberdade
que temos em Cristo Jesus.
É portanto crucial conhecer o que significa esta
liberdade para que possamos adquirir a citada
consciência por meio da educação recebida da
graça.
Antes de tudo é necessário saber que há uma
grande diferença entre justiça legal e justiça
evangélica.
A justificação que recebemos em Cristo não é de
caráter segundo a lei, mas segundo o perdão e
misericórdia do evangelho.
Os cristãos devem observar a lei, mas não é dela
que obtêm a sua liberdade, mas por
simplesmente olharem para Cristo.
Porque o assunto em questão, quanto à
liberdade que alcançamos pela fé, não é como
podemos ser justos, mas como, embora
indignos e injustos, podemos ser considerados
justos.
Para o cristão a lei serve apenas para lembrá-lo
do seu dever de ser santo e puro diante de Deus
e dos homens.
17
Mas isso não lhe virá pelo mero esforço em
cumprir os mandamentos, mas em andar com
constância no Espírito Santo, em submissão ao
poder da graça operante em seu coração.
A lei exige total perfeição e condena qualquer
imperfeição, mas a graça nos liberta porque se
baseia na promessa de Deus, na dispensação do
evangelho, de nos perdoar e ser misericordioso
para com todos os nossos pecados e iniquidades.
Não por nos dar licença para vivermos em
pecado, mas por compreender que não há quem
não peque, enquanto estiver neste mundo,
porque o pecado está ligado à nossa velha
natureza, e dali pode ser removido somente pelo
poder de Cristo.
Por isso se afirma em Romanos 7, que em Cristo,
morremos para a lei, porque não estamos mais
debaixo das exigência da lei, para agradarmos a
Deus, mas da graça.
Na lei, consideraríamos tudo o que somos e
fazemos, como sendo uma transgressão, mas
em Cristo, somos libertados das severas
exigências da lei, e podemos alegremente
responder ao chamado de Deus.
18
Nunca Haverá o Comprimido do Amor
“É só tomar um comprimido destes a cada 12
horas, e você amará a Deus e ao próximo!”
Nunca se ouviu isto e certamente nunca será
ouvido.
E por que podemos fazer esta afirmação?
Porque todo o arsenal medicamentoso, e entre
este, as drogas prescritas para a normalização
das funções do cérebro, podem atuar somente
no que é somático, e jamais sobre o espírito.
E o amor é uma propriedade do espírito
humano, senão a mais importante delas.
Sequer podemos explicar o amor como um
simples ato da vontade.
Se assim fosse, jovens não recusariam se casar
com pretendentes que sejam do agrado dos seus
pais, por falta de amor.
Não se pode forçar o amor, nem mesmo com os
melhores argumentos.
O amor é voluntário.
E nunca saberemos explicar porque alguns
amam a Deus e outros não.
Porque alguns chegam a amar a Sua vontade, e
outros a rejeitam por toda a vida.
19
É Difícil Ser Misericordioso Segundo a Graça
Quando se é misericordioso com as faltas
alheias, e quando não se tem um espírito crítico
para se comparar com outros, achando-se
superior a eles, quando se vive de forma
mundana e carnal, é muito fácil.
O grande desafio é ser assim quando se está
santificado pela graça de Cristo.
Aqui, a tentação para se tornar fariseu e
hipócrita é infinitamente maior, por conta da
tendência que há para se descambar para a
defesa da justiça divina considerando-a como
mera honestidade moral ou adequado
relacionamento interpessoal.
Todavia, a par de não ser desconsiderada a
importância da honestidade moral, a justiça do
evangelho, que nos é oferecida juntamente com
a pessoa de Cristo, é a real expressão do perdão,
graça e misericórdia de Deus, que estão sendo
oferecidos aos pecadores.
Importa então, aprender, enquanto cristão a
não tentar se tornar a régua de medida do
comportamento alheio.
Isto não promove a glória de Cristo, e nem a do
evangelho, e não é nada agradável ter um “juiz”
sempre pronto a nos condenar por tudo que em
nós lhe incomode, mesmo que não estejamos
errados aos olhos do Senhor.
20
Vivendo sem Focar a Eternidade
É alarmante o fato de haver não poucas pessoas
que nunca se indagaram, senão teológica, ao
menos ontologicamente, de onde vieram ou
para onde irão depois da morte física.
O resultado da falta da referida indagação
conduz geralmente a um modo de viver
negligente e descompromissado com todas as
assertivas bíblicas relativas ao propósito da
nossa existência, e do modo de se acessar a vida
do céu.
É no evangelho que temos não apenas todas as
respostas satisfatórias, como também o convite
que nos conduzirá à transformação de nossas
vidas, tornando-as úteis para os objetivos do
nosso Criador.
Por que e para o que existimos?
Para onde podemos ir depois que sairmos do
mundo pela morte?
Alguns afirmam: “para que se preocupar com
isto, se nada existe depois da morte?”.
Contudo Deus afirma que não apenas existe,
como também que não haveria qualquer
sentido vivermos por apenas um tempo, tendo
consciência de que existimos, e depois esta
consciência ficar perdida para sempre, e é por
isso que nos faz o convite do evangelho para a
solução de todos os aspectos envolvidos na
questão vida e morte.
21
Mas, há diferentes maneiras de responder ao
convite do Evangelho quando você tem intenção
de recusá-lo.
Elas são todas, na melhor das hipóteses, ruins.
Nós vemos isto na parábola das Bodas em Lucas
14.16-24:
Luc 14:16 Ele, porém, respondeu: Certo homem
deu uma grande ceia e convidou muitos.
Luc 14:17 À hora da ceia, enviou o seu servo para
avisar aos convidados: Vinde, porque tudo já
está preparado.
Luc 14:18 Não obstante, todos, à uma,
começaram a escusar-se. Disse o primeiro:
Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te
que me tenhas por escusado.
Luc 14:19 Outro disse: Comprei cinco juntas de
bois e vou experimentá-las; rogo-te que me
tenhas por escusado.
Luc 14:20 E outro disse: Casei-me e, por isso, não
posso ir.
Luc 14:21 Voltando o servo, tudo contou ao seu
senhor. Então, irado, o dono da casa disse ao seu
servo: Sai depressa para as ruas e becos da
cidade e traze para aqui os pobres, os aleijados,
os cegos e os coxos.
Luc 14:22 Depois, lhe disse o servo: Senhor, feito
está como mandaste, e ainda há lugar.
Luc 14:23 Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos
caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar,
para que fique cheia a minha casa.
22
Luc 14:24 Porque vos declaro que nenhum
daqueles homens que foram convidados
provará a minha ceia.
Deus chama todas as pessoas a se unirem
espiritual a Jesus Cristo, mas muitos estão
ocupados demais com seus próprios interesses
para se preocuparem com isto, sem saberem
que a rejeição do convite significa morte
espiritual e eterna, porque é um convite para a
vida eterna.
23
A Busca de Consolação
Todas as pessoas buscam naturalmente por
consolação.
Consequentemente, a melhor e mais útil parte
da psicologia consiste na prescrição de meios
para confortar e apoiar as suas mentes contra
coisas nocivas e dolorosas para a sua natureza,
com as tristezas que resultam disso.
Assim, não há qualquer coisa mais útil neste
mundo que descobrir qualquer consideração
racional que possa acalmar as tristezas ou aliviar
as mentes dos que estão desconsolados, porque
as coisas que são realmente dolorosas para a
maioria do gênero humano excedem toda real
satisfação que este mundo possa proporcionar.
Mas quais são as fontes da consolação racional?
Qual é o tipo de refrigério que ela pode gerar
para os aflitos?
E como tudo isso pode ser comparado a este
privilégio dos cristãos na provisão que é trazida
sobrenaturalmente a eles pelo Espírito?
Este é um alívio que nunca penetrou no coração
do homem quanto a pensar nisto ou concebê-lo.
Nem pode ser entendido por alguém a não ser
somente por aqueles por quem é desfrutado,
porque o mundo, como testificou nosso
Salvador, não conhece o Espírito e nem mesmo
pode recebê-lo; e então, para os que são do
mundo, este trabalho do Espírito é considerado
como uma fantasia ou um sonho dos cristãos.
24
Mas aqueles que são participantes
deste
privilégio sabem em alguma medida o que eles
desfrutam,
embora
eles
não
possam
compreender isto em toda a sua extensão, nem
avaliá-lo da maneira devida, porque como pode
o coração do homem, ou nossa pobre e fraca
compreensão conceber completamente este
mistério glorioso do envio do Espírito Santo
para ser um Consolador?
Então o que é falado deste trabalho do Espírito
somente aqueles que o recebem por fé, podem
ter experiência disto em seus efeitos, e ainda,
se permanecerem na fé, porque sem o exercício
da fé não é possível se experimentar e receber a
consolação.
A consolação não é o primeiro trabalho do
Espírito Santo nas almas dos homens.
A regeneração e a santificação sempre
precedem a consolação.
Se os homens não são santificados primeiro
pelo Espírito,
eles nunca poderão ser
confortados por Ele, porque esta consolação se
refere principalmente aos ataques que são
recebidos dos espíritos das trevas, pelo
empenho na obra do evangelho.
25
Necessitamos Sempre Aumentar a Fé
Deus dispôs a criação de tal forma para que
exibisse o Seu poder infinito.
Ele tem prazer em manifestar a Sua graça, amor,
misericórdia, condescendência num mundo
que ficou sujeito à miséria do pecado, mas
também é Seu prazer exibir o Seu grande poder
contra todo o mal, e especialmente contra os
poderes que se levantam contra Ele e contra o
Seu povo.
E este poder se manifestará aonde quer que se
encontrem aqueles que esperam e confiam na
força do Seu braço, enfim aqueles que como
Davi, não ficam assombrados com os gigantes
que atravessam o caminho deles, porque a sua
fé não está depositada no seu próprio poder e
capacidade, mas somente em Deus.
Mas, quando nós olhamos para o estado e
condição da igreja no mundo, nós vemos quão
fraca é a fé da maioria dos cristãos, com seus
grandes temores e desânimos, por causa das
grandes tentações, oposições e perseguições
que lhes sobrevêm.
Quão vigorosamente e nitidamente estas coisas
impressionam os seus espíritos, dando
vantagens a seus adversárias espirituais - então
será sempre manifesta a necessidade de
aumentar a fé nAquele em quem podemos todas
as coisas por causa do Seu poder infinito.
Assim, se a nossa paz interior ou exterior
parecer enfraquecer quanto à necessidade
26
desta consideração de que o Espírito Santo é um
Consolador Onipotente, nós devemos pelo
exercício da fé nesta verdade, fazer provisão
para o futuro, considerando que nós não
sabemos o que pode nos acontecer no mundo.
E se nós viveremos para ver a igreja em
tempestades, como certamente ela terá que
enfrentar, então o nosso principal amparo e
suporte deve ser o Consolador todo-poderoso.
27
Um Consolador Paciente, Incansável e Amoroso
Nós lemos no texto de Is 57.19 o seguinte:
"Eu crio os frutos dos lábios: paz, paz, para o que
está longe; e para o que está perto, diz o Senhor,
e eu o sararei.".
Este é o método do Espírito Santo ao administrar
consolação.
E sem este método nenhuma alma seria
refrigerada espiritualmente debaixo dos seus
abatimentos, porque nós somos dados a
transgressões, ainda que sob o trabalho do
Espírito Santo por nós.
Mas Ele é um Consolador incansável, paciente,
amoroso e perseverará até que sejamos sarados.
Somente amor e compaixão infinitos,
trabalhando em paciência e longanimidade,
podem continuar isto até a perfeição.
Sejamos gratos ao Espírito Santo de todo o nosso
coração por um tal trabalho de amor por
pecadores imperfeitos como nós.
Mas se nós não somente somos transgressores
em ocasiões e tentações particulares, enquanto
ficamos com nossa visão presente nublada
quanto ao trabalho do Espírito Santo, mas
também somos habitualmente descuidados e
negligentes sobre isto, e nunca trabalhamos
para ser achados numa condição adequada e
satisfatória perante Deus, mas permanecemos
indefinidamente em nosso mau procedimento
28
até o ponto disto se tornar um vício e ficando
endurecidos em incredulidade, com um
coração ingrato e impuro, é certo que Deus não
pode se agradar de uma tal condição.
Por isso somos exortados a sermos cuidadosos
em não entristecer o Espírito (Ef 4.30).
Mas nisto também se comprova o amor do
Espírito por nós, porque somente aqueles que
nos amam ficam entristecidos com as nossas
faltas.
Aqueles
que
não
nos
amam
ficam
simplesmente irados ou contrariados.
Um professor severo pode ser mais provocado
com a falta do seu aluno do que o pai dele, mas
o pai fica entristecido com isto enquanto o
professor não.
Então, considerando que o Espírito Santo fica
entristecido conosco porque nos ama como um
pai a seu filho, nós devemos nos acautelar em
não entristecê-lo, aprendendo com que amor e
compaixão ele executa o Seu trabalho em nós e
para nós.
Esta é a razão da promessa de Deus de consolar
apenas aqueles que choram, porque são estes
que se entristecem com o fato de saberem que o
Espírito fica triste com os seus pecados e
transgressões.
E esta nossa tristeza pelo pecado, assim como a
do Espírito, comprova em certa medida que de
fato também nós amamos a Deus.
E é nesta condição que a cura é prometida por
Deus a nós.
29
Um Pai Amoroso
"15 Porque assim diz o Alto e o Sublime, que
habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num
alto e santo lugar habito; como também com o
contrito e abatido de espírito, para vivificar o
espírito dos abatidos, e para vivificar o coração
dos contritos.
16 Porque não contenderei para sempre, nem
continuamente
me
indignarei; porque o
espírito perante a minha face se desfaleceria, e
as almas que eu fiz.
17 Pela iniquidade da sua avareza me indignei, e
o feri; escondi-me, e indignei-me; contudo,
rebelde, seguiu o caminho do seu coração.
18 Eu vejo os seus caminhos, e o sararei, e o
guiarei, e lhe tornarei a dar consolação, a saber,
aos que dentre eles choram.".
O propósito de Deus é o de reavivar o espírito do
humilde, e o coração do arrependido (verso 15),
e Ele apresenta a razão disto, a saber que se Ele
não
agisse
com
amor
infinito
e
condescendência em relação a eles, mas lidasse
com eles lhes dando a justa retribuição às suas
transgressões,
eles
seriam
totalmente
consumidos (verso 16).
Porém, na realização deste trabalho de cura, Ele
tem que usar alguns remédios amargos para a
recuperação espiritual deles.
Por causa da iniquidade da cobiça deles (verso
17) que era a sua principal doença, eles foram
30
feridos pelo Senhor e Ele escondeu a Sua face
deles, porque isto seria necessário para que
fossem curados.
Mas como eles se comportaram debaixo deste
procedimento de Deus em relação a eles?
Rebelaram-se e continuaram seguindo a
perversidade do seu coração.
Então como faz este Consolador Santo para lidar
agora com eles?
Ele os deixa entregues à sua enfermidade?
Ele os abandona?
Não, porque um pai amoroso não lidará assim
com os seus filhos.
E a promessa feita por Deus é que Ele agiria
conosco tal como um pai consolando seus filhos.
Ele realizará o Seu trabalho com tal amor
infinito, ternura e compaixão, que isso superará
todas as transgressões, e não cessará até que Ele
tenha efetivamente administrado a necessária
consolação a eles (verso 18).
Ele agirá nos termos da aliança que fez com eles
por meio de Jesus Cristo de ser o Deus e Pai deles
para sempre.
Então os corrigirá em amor para participarem
da Sua santidade.
Ele os aperfeiçoará no Seu amor. E tudo fará
para conduzi-los a isto.
31
Porque o Corpo do Homem Morre
“Portanto, assim como por um só homem
entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a
morte, assim também a morte passou a todos os
homens, porque todos pecaram.” (Rom 5.12)
Se Deus é espírito, por que criou um corpo para
o homem, o qual é também espírito?
Por que Deus criou a morte para o corpo do
homem por causa do pecado?
Se Deus disse que o homem morreria caso
comesse do fruto da árvore do conhecimento do
bem e do mal, isto significa que o corpo do
homem não morreria caso ele não tivesse
pecado.
Então nós temos nisto um ponto de partida para
responder a ambas as perguntas que
formulamos anteriormente.
Lembremos que não foi Deus quem desejou que
houvesse morte, não apenas de homens, como
também de anjos.
Dizemos também morte de anjos, porque foi
esta a condição a que ficaram sujeitos Satanás e
os anjos que caíram juntamente com ele, mas
como eles não têm corpos, não ficou
patentemente claro para os anjos eleitos a
32
condição de mortos tanto de Satanás quanto dos
demônios que com ele também caíram.
Então com a criação do homem, e dando ao
homem um corpo natural, Deus pôde mostrar
claramente qual é a condição a que ficaram
sujeitos os anjos caídos, desde a queda deles, por
meio da morte do corpo dos homens.
De modo que não somente os ímpios, como
também os justos, têm a destruição deste corpo
que foi corrompido por causa do pecado.
Afinal, a corrupção não pode herdar a corrupção
do céu, de maneira que mesmo aqueles que
foram arrebatados (Enoque e Elias), e os que
forem arrebatados por ocasião da volta de Jesus,
tiveram e terão os corpos transformados em
corpos de glória, porque este corpo que temos
está sujeito à sentença de morte que foi dada por
Deus sobre ele, por causa do pecado, para
mostrar que o pecado realmente mata.
E certamente, um dos motivos de Deus ter dado
ao homem um corpo que morre por causa do
pecado, teve entre outros muitos propósitos, o
de mostrar de modo visível qual é o estado de
separação que há entre Ele e aqueles que Lhe
desobedecem, porque na morte, o espírito do
homem fica separado do seu corpo, e este vem a
se dissolver, e a deixar de executar as suas
33
funções vitais em consonância com a sua alma e
espírito.
O corpo do homem é a habitação do seu espírito.
E o homem foi criado para ser habitação de
Deus.
Então o espírito do homem está para Deus,
assim como o corpo do homem está para o seu
próprio espírito.
E a lição aqui é a de que quando o espírito que
habita no corpo do homem se separa deste, o
corpo do homem morre.
De igual modo, quando Deus se separa do
homem, o homem morre.
Então Satanás e os anjos morreram quando
foram expulsos da presença de Deus. E Deus não
é mais o Deus deles, porque não é Deus de
mortos, mas de vivos.
E o mesmo se aplica aos homens caídos no
pecado, quando não são redimidos por Cristo.
Eles permanecem mortos porque estão
separados de Deus. E este é o modo que Deus
estabeleceu para comprovar tanto a anjos,
quando a homens, que a consequência do
pecado é a morte, porque é o pecado que é a
34
causa desta separação de Deus, que produz a
morte.
Assim, o grande causador e criador da morte
não foi Deus, mas o pecado.
Deus somente tratou de revelar de um modo
visível, com a morte do corpo físico, aquilo que
ocorre na esfera espiritual, porque tanto
homens quanto anjos desobedientes a Deus,
continuam existindo, mas não têm mais a vida
de Deus em si mesmos. E quem não tem esta
vida que procede dAquele que é a fonte da
verdadeira vida eterna, está morto.
Uma outra grande lição da morte física do corpo
é a de que aquilo que era para durar para
sempre, acabou durando uns pouco cem anos,
quando chega a isto, porque como se pode
comparar menos de cem anos com aquilo que é
eterno?
Então o tempo de vida do corpo foi também
abreviado para este propósito de demonstrar
que o pecado matou o homem, porque ele não
somente envelhece, enfraquece, enferma,
perde progressivamente o vigor à medida que
avançam os seus poucos anos de vida neste
mundo, para que possa aspirar por aquela vida
duradoura e melhor que Deus projetou para ele,
que é uma vida sem pecado por toda a
eternidade.
35
Bem-Aventurados os Que Morrem no Senhor
"Bem-aventurados os mortos que morrem no
Senhor. Sim, diz o Espírito para que descansem
das suas fadigas, pois as suas obras os
acompanham "(Apocalipse 14:13).
Temos aqui o testemunho de Deus Pai e o do
Espírito Santo, ambos atestando que é uma coisa
boa morrer no Senhor.
Aqui estão duas testemunhas declarando que a
morte perdeu seu aguilhão, e que a sepultura foi
vencida.
O mundo diz: "Bem-aventurados são os vivos",
mas Deus diz:" Bem-aventurados os mortos.
O mundo julga as coisas pelos seus sentidos,
pela sua aparência exterior, mas Deus julga
segundo o verdadeiro valor e pelo prisma da
eternidade.
Por isso bem-aventurados são os mortos, mas
não todos os mortos, mas apenas "aqueles que
morrem no Senhor."
Estreito é o caminho que conduz à vida eterna, e
são poucos os que andam por ele.
Assim disse Jesus Cristo.
Nem todos os que parecem ramos são ramos da
videira verdadeira.
A seiva da vida que é experimentada enquanto
estamos neste mundo é a mesma seiva
espiritual que nos manterá vivos em espírito na
presença de Deus, depois que deixarmos este
corpo de carne e osso.
36
Aqueles que morrem em Cristo são bemaventurados
porque
serão
consolados,
recompensados, e descansarão de todas as suas
obras neste mundo.
O que faz com que tudo aqui se torne trabalhoso
e difícil é o pecado, a oposição de Satanás e do
mundo e o peso da nossa velha natureza.
A vida do cristão fiel é uma vida de muita luta e
trabalho.
Mas quando morre no Senhor, descansa dos
seus labores.
A oposição de Satanás e a luta com o pecado,
cessa, e um viver plenamente abençoado e
venturoso começa.
Partir e estar com Cristo é estar para sempre
livre de toda forma de luta e tribulação.
37
O Perigo da Interpretação Fora de Contexto
“1Co 2:4 A minha palavra e a minha pregação
não consistiram em linguagem persuasiva de
sabedoria, mas em demonstração do Espírito e
de poder,
1Co 2:5 para que a vossa fé não se apoiasse em
sabedoria humana, e sim no poder de Deus.”
Lembro-me ainda hoje das palavras de um dos
meus professores de teologia, Pr Israel Moreira,
na década de 80, que sempre dizia que
interpretação fora de contexto é para servir de
pretexto.
Ele o dizia com muita propriedade porque é
justamente o que sucede, seja por ignorância,
seja para fins escusos.
Por exemplo: não raro as palavras do apóstolo
Paulo em nosso texto, são usadas por muitos
para justificarem a não necessidade de se
aplicar ao estudo da Palavra de Deus, porque,
segundo eles, somente é necessário agir como o
apóstolo, que sempre fazia demonstrações do
poder do Espírito Santo em todas as suas
pregações.
Num outro texto, intitulado “Prescrevendo
Apenas o Remédio”, expusemos a interpretação
desta afirmação de Paulo no seu respectivo
contexto imediato (I Coríntios 2.1-8).
Agora, gostaríamos apenas de enforcar que não
podemos esquecer que na mesma epístola que
dirigiu aos Coríntios, o apóstolo estava
38
justamente combatendo o mau uso dos dons
sobrenaturais do Espírito Santo, e enfatizou a
necessidade absoluta de ordem e decência em
tudo o que se fizesse na Igreja de Cristo, e
apontou o caminho sobremodo excelente do
amor, como sendo a prioridade número para a
fé e prática de todos os cristãos.
Ele combateu os desvios de comportamento e
afirmou a necessidade de santificação pela
Palavra de Deus, em todos os deveres que são
nela ordenados.
O poder do Espírito Santo acompanha sempre a
prática da Palavra do Senhor.
Jesus disse aos saduceus que eles erravam por
não conhecerem a ambos.
Não somos portanto desobrigados por Deus de
um viver segundo a Sua Palavra, a pretexto de
bastar-nos ter o poder do Espírito Santo.
Ninguém é menos cristão por não profetizar,
por não falar em outras línguas, por não ter dons
de curar, ou qualquer outro dom espiritual, que
a par de muito importantes são adventícios, não
estão ligados à nossa nova natureza, e haverão
de desaparecer, enquanto o amor permanecerá
para sempre.
39
Não Há Bondade Como a de Deus
Em Rom 1.18 a 21 lemos:
A ira de Deus se revela do céu contra toda
impiedade e perversão dos homens que detêm a
verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus
se pode conhecer é manifesto entre eles, porque
Deus lhes manifestou. Porque os atributos
invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder,
como também a sua própria divindade,
claramente se reconhecem, desde o princípio
do mundo, sendo percebidos por meio das
coisas que foram criadas. Tais homens são, por
isso,
indesculpáveis;
porquanto,
tendo
conhecimento de Deus, não o glorificaram
como Deus, nem lhe deram graças; antes, se
tornaram nulos em seus próprios raciocínios,
obscurecendo-se-lhes o coração insensato.
Nesta porção das Escrituras, o Espírito Santo,
falou pela boca do apóstolo Paulo, nos versículos
20 e 21 qual é o motivo de Deus se irar contra os
homens ímpios, a saber: eles não glorificam a
Deus e nem são gratos a Ele, por tudo que
percebem dos Seus atributos invisíveis e do Seu
eterno poder, desde o princípio do mundo,
atributos e poder estes que podem ser
observados através das coisas que Deus criou.
Veja que o texto fala de atributos e de poder.
E nisto destacamos especialmente o amor, a
misericórdia, a paciência, a longanimidade, a
graça, a onipotência, e todos os demais atributos
correlatos a estes, que fazem com que Deus seja
40
bom até mesmo para com pecadores como são
todos os homens.
Afinal, não há um único justo sequer no mundo,
desde que o primeiro homem pecou e virou as
costas para o Senhor.
Deus seria totalmente justo caso julgasse e
mantivesse a todos os homens do mundo, e de
todas as épocas, debaixo das sucessivas
manifestações do Seu desagrado e ira contra tal
ingratidão e falta de glorificação do Senhor por
causa da falta de um procedimento santo em
suas vidas.
Todavia, não somente é longânime Ele próprio
com todos os homens, como também ordena
aos que se tornaram Seus filhos por meio da fé
em Jesus Cristo, que O imitem especialmente
nos seus atributos de amor e de misericórdia,
amando o próximo como a si mesmos. Como?
Deus ordena que aqueles que Lhe são gratos e
que o glorificam, amem os Seus inimigos? Sim.
Ele ordena que se dê alimento e bebida para
matar a fome e a sede de quem persegue os que
andam retamente? Sim. Porventura não o
registrou em Sua Palavra?
Agora, veja que o argumento bíblico diz que isto
tem o propósito de tornar tais pessoas ingratas e
irreverentes, indesculpáveis no dia do grande
Juízo de Deus.
E não serão indesculpáveis por causa de uma
única manifestação de bondade para com elas
em face de todo o mal que praticam.
41
Serão indesculpáveis, porque, na verdade, Deus
lhes tem dado um longo tempo para se
arrependerem e se converterem em face de
toda a bondade e longanimidade, que não
apenas Ele, como todos os Seus filhos amados,
têm demonstrado por elas por toda e uma longa
vida na terra. E são mais indesculpáveis ainda,
porque o que se lhes pede para que tal quadro
seja alterado, é que simplesmente reconheçam
a sua iniquidade e que confiem em Jesus Cristo
para ser o Senhor e Salvador de suas vidas.
Tudo o que fizeram de mau, e por um longo
tempo, lhes seria perdoado instantaneamente,
no momento mesmo em que se convertessem a
Deus. Todavia, como não se arrependem, não se
convertem, não são gratos a Deus e nem o
glorificam, então, apesar dEle não desistir de
continuar sendo bom para com eles, não poderá
ter qualquer amor de intimidade e comunhão
com os tais, e nada poderá fazer, por causa da
sua incredulidade, senão deixá-los entregues a
si mesmos, e isto fará com que aumentem ainda
mais a sua cota de pecados contra os céus e
contra Deus.
Olhem para o ministério de Jesus aqui na terra,
conforme o relato dos evangelhos. Por acaso não
mostrou tal amor, bondade, misericórdia e
poder de curar, até mesmo a ingratos e maus?
Ele revelou em pessoa, que o caráter do
evangelho é realmente o de misericórdia,
perdão, amor e bondade, para com todos os
pecadores. E isto está sendo manifestado no
42
mundo, desde então, até agora, e até o último
instante da vida de cada pessoa que tem passado
por aqui. Ora, em face de tudo isto, o que
devemos pensar, quanto ao juízo eterno de fogo
a que ficarão sujeitos todos os que permanecem
ingratos e maus, perante o Senhor, e perante o
seu próximo?
Haverá porventura qualquer injustiça ou
maldade da parte de Deus nisto?
Todos os males que tais pessoas praticam e têm
praticado, é a melhor resposta para esta
pergunta.
Portanto, os que são do Senhor, devem
continuar na prática do bem, inclusive para com
os seus muitos ofensores, porque, afinal, há um
Deus poderoso e amoroso que cuida deles e
haverá de cuidar por toda a eternidade, ainda
que os ímpios não se arrependam e se
convertam de todos os males que praticam
contra
eles.
Lembremos
sempre,
nas
perseguições que sofremos, das seguintes
palavras proferidas pelo apóstolo Pedro, em I Pe
3.13-17:
Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes
zelosos do que é bom? Mas, ainda que venhais a
sofrer por causa da justiça, bem-aventurados
sois. Não vos amedronteis, portanto, com as
suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes,
santificai a Cristo, como Senhor, em vosso
coração, estando sempre preparados para
responder a todo aquele que vos pedir razão da
esperança que há em vós, fazendo-o, todavia,
43
com mansidão e temor, com boa consciência, de
modo que, naquilo em que falam contra vós
outros, fiquem envergonhados os que difamam
o vosso bom procedimento em Cristo, porque,
se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais
por praticardes o que é bom do que praticando o
mal.
44
Escrito na Mente e no Coração
Quando lemos o Sermão do Monte, em Mateus
5 a 7, costumamos pensar que estamos diante de
um novo código de leis, que nos foram dadas por
Jesus Cristo para cumprirmos em complemento
aos mandamentos da Lei de Moisés.
Todavia, a intenção de nosso Senhor Jesus
Cristo não foi esta, mas a de revelar quais são as
características pessoais e circunstâncias que
acompanharão aqueles que foram tornados
cidadãos do reino dos céus, por meio da fé nEle,
e por terem nascido de novo do Espírito Santo.
Ali está descrito sobretudo, quais são as
atitudes, pensamentos, ações e o programa de
vida de um cristão amadurecido.
Dizemos amadurecido, porque ninguém amará
seus inimigos, perdoará seus ofensores, orará
pelo bem dos que lhe perseguem, e bendirá os
que lhe amaldiçoam, ou ainda, não reclamará o
que se considera seus direitos legítimos quando
sofrer injustiças, caso não tenha feito progresso
no crescimento na fé, na graça e no
conhecimento pessoal de Jesus Cristo, sendo e
agindo como o Seu Mestre.
A glória de Deus é ser amoroso, misericordioso,
longânimo, bondoso, perdoador, para com
todos, inclusive para com os piores pecadores.
E assim como Ele é, importa que sejam aqueles
que se tornaram seus filhos amados, por meio
da fé em Cristo.
45
Então o Senhor delineou no Sermão do Monte,
quais são as características essenciais que
estarão presentes naqueles que se converterem
a Ele, como resultado do fruto do Espírito Santo,
que operou neles a regeneração (novo
nascimento espiritual) e a santificação
(mortificação das obras da carne e revestimento
das
suas
virtudes
divinas).
Cristãos
amadurecidos não são dominados por
amarguras,
iras,
contendas,
gritarias,
glutonarias, e todas as demais obras da carne
que são nomeadas na Bíblia.
Cristãos amadurecidos são longânimos, como
Deus é completamente longânimo. São
amorosos, como Deus é amoroso. São
misericordiosos, como Deus é misericordioso.
Não são legalistas, moralistas, acusadores, mas
promotores do amor, da paz, do perdão, da
oferta da justiça de Cristo para a justificação dos
que se encontram presos às amarras do pecado.
São tardios para se irar e para falar, e prontos
para ouvir, porque sabem que a ira do homem
não promove a justiça de Deus, mesmo quando
esta ira é motivada pela defesa dos princípios de
Deus contra o pecado.
A propósito, era justamente isto o que Tiago
queria ensinar quando escreveu a epístola que
leva o Seu nome. Ele indicou a necessidade de se
aprender a ser paciente e longânime, debaixo
das mais variadas provações, porque estas
visam ao aperfeiçoamento espiritual do cristão,
para que seja conformado ao caráter amoroso,
46
longânime, bondoso e paciente do próprio Deus.
Não estava portanto escrevendo uma cartilha de
bons modos, ou de procedimentos sociológicos
e psicológicos para sermos bem sucedidos em
possíveis demandas e disputas com o nosso
próximo, por nos mantermos serenos e calados.
O que ele tinha em foco, tal como o Seu Senhor
no Sermão do Monte, era muito mais profundo
e significativo do que isto. A semelhança com
Jesus Cristo em tudo. Este é o alvo principal. A
vida de Cristo manifestada no comportamento
do cristão. Este é o ponto central. E isto não é
obtido por mero conhecimento intelectual da
vontade revelada de Deus nas Escrituras. Tem a
ver com experiências reais transformadoras da
graça de Jesus, do poder do Espírito Santo,
dando-nos um novo coração e um crescimento
progressivo na obtenção das virtudes espirituais
do próprio Deus.
Foi para esta exata imagem e semelhança com o
caráter santo de Deus que o homem foi criado
por Ele. De modo que saberemos que temos sido
aperfeiçoados em tal caráter, quando virmos as
realidades afirmadas no Novo Testamento,
sendo implantadas no nosso viver diário,
especialmente pela forma como agimos nas
situações que nos são adversas. Então temos
estas leis, se é assim que devemos considerá-las
(porque são inscritas por Deus na nossa mente e
coração, ou seja, farão parte da nova natureza
recebida pela fé), como as leis principais que
devemos observar e praticar: a do amor a Deus,
47
à Sua Palavra e ao próximo; a da paciência na
tribulação; a da longanimidade na provocação; a
da fé e do ânimo constante nas aflições; a da
mansidão, da paz de mente e coração nas
perturbações.
Na verdade, nada disto se obtém por uma
simples vontade de cumprir a lei ou o
mandamento, mas por uma andar constante no
Espírito Santo, debaixo de um temor e amor real
a Cristo.
Gál 5:16-25:
Digo, porém: andai no Espírito e jamais
satisfareis à concupiscência da carne. Porque a
carne milita contra o Espírito, e o Espírito,
contra a carne, porque são opostos entre si; para
que não façais o que, porventura, seja do vosso
querer. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não
estais sob a lei. Ora, as obras da carne são
conhecidas e são: prostituição, impureza,
lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades,
porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões,
facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas
semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos
declaro, como já, outrora, vos preveni, que não
herdarão o reino de Deus os que tais coisas
praticam. Mas o fruto do Espírito é: amor,
alegria, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão, domínio
próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que
são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as
suas paixões e concupiscências. Se vivemos no
Espírito, andemos também no Espírito.
48
Santificação não é Justificação
A santidade é imanente em Deus porque Ele é
santo em si mesmo. Isto é, Ele é santo em Sua
própria natureza. A santidade é o estado mesmo
da Sua natureza.
Nós dizemos que esta santidade é evangélica
porque ela é o resultado da nossa fé no
evangelho, e é infundida em nós no trabalho do
Espírito Santo tanto na regeneração quanto no
processo progressivo da santificação.
Na epístola aos Romanos Paulo discorre no
sexto capítulo sobre o dever da santificação, que
é um trabalho diferente da justificação e que
deve se seguir a ela, e então aqui ele destaca a
necessidade das obras juntamente com a fé e o
trabalho da graça, para a santificação:
“12 Não reine, portanto, o pecado em vosso
corpo mortal, para obedecerdes às suas
concupiscências;
13 nem tampouco apresenteis os vossos
membros ao pecado como instrumentos de
iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como
redivivos dentre os mortos, e os vossos
membros a Deus, como instrumentos de justiça.
14 Pois o pecado não terá domínio sobre vós,
porquanto não estais debaixo da lei, mas
debaixo da graça.
15 Pois quê? Havemos de pecar porque não
estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça?
De modo nenhum.
49
16 Não sabeis que daquele a quem vos
apresentais como servos para lhe obedecer, sois
servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do
pecado para a morte, ou da obediência para a
justiça?
17 Mas graças a Deus que, embora tendo sido
servos do pecado, obedecestes de coração à
forma de doutrina a que fostes entregues;
18 e libertos do pecado, fostes feitos servos da
justiça.
19 Falo como homem, por causa da fraqueza da
vossa carne. Pois assim como apresentastes os
vossos membros como servos da impureza e da
iniquidade para iniquidade, assim apresentai
agora os vossos membros como servos da
justiça para santificação..” (Rom 6.12-19).
Em toda esta passagem ele está falando de
santificação e não de justificação, e demonstra
claramente que além da justiça de Cristo que
nos foi imputada, atribuída para justificação,
nós precisamos desta justiça que é infundida,
implantada pelo trabalho progressivo do
Espírito Santo, no qual há também o concurso
das nossas obras de justiça, sem as quais não
haverá nenhum trabalho da graça em
santificação, porque esta graça será derramada
por Deus conforme a nossa disposição em
obedecer a Sua vontade, e que o apóstolo define
pela expressão de apresentar nossos membros a
Deus para serem usados por Ele para o fim da
nossa santificação.
50
Prescrevendo Apenas o Remédio
É de se supor que o médico tenha estudado
profundamente os tratados de medicina, e que
se mantenha atualizado em suas leituras, para
que possa exercer adequadamente a sua
profissão.
Todavia, não se espera o mesmo dos seus
pacientes.
Isto se aplica ao estudo de todas as demais áreas
do saber humano, especialmente no que tange à
formação profissional.
Não se deve esperar menos daqueles que são
chamados por Deus para o exercício do
ministério da Sua Palavra.
Como seriam bons ministros sem conhecê-la da
forma pela qual convém ser conhecida?
Por isso deles se espera que sejam aplicados no
estudo da Bíblia e de tudo o mais que se refira ao
exercício do seu ministério.
Contudo, como no respeita aos ofícios
seculares, não seria de se esperar o mesmo dos
cristãos que foram chamados para estarem sob
o ministério destes que foram constituídos
bispos de suas almas (Atos 20.28).
Por isso nos diz o apóstolo Paulo que não usava
de sublimidade das palavras e nem da sabedoria
humana que ele bem conhecia, na ministração
do evangelho.
Afinal o médico apenas diagnostica o mal e
prescreve o remédio, mas não exige do doente o
51
conhecimento de todos os fundamentos da ação
que ele bem conhece.
Mas, quando reunido com outros médicos,
sente-se à vontade para trocar informações
sobre aquelas coisas que aprendeu por longo
tempo e com muita dedicação.
E isto também fazia o apóstolo, quando se
encontrava entre outros mestres do evangelho
como ele.
Peçamos então sabedoria a Deus para
ministrarmos o evangelho, sem nos valermos
de especulações filosóficas, argumentos
persuasivos humanos, ou qualquer outro
expediente no qual o foco fosse a mera
exposição do nosso conhecimento, e não o
esforço para conduzirmos pessoas a terem um
encontro pessoal com Cristo.
“1Co 2:1 Eu, irmãos, quando fui ter convosco,
anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz
com ostentação de linguagem ou de sabedoria.
1Co 2:2 Porque decidi nada saber entre vós,
senão a Jesus Cristo e este crucificado.
1Co 2:3 E foi em fraqueza, temor e grande tremor
que eu estive entre vós.
1Co 2:4 A minha palavra e a minha pregação não
consistiram em linguagem persuasiva de
sabedoria, mas em demonstração do Espírito e
de poder,
1Co 2:5 para que a vossa fé não se apoiasse em
sabedoria humana, e sim no poder de Deus.
52
1Co 2:6 Entretanto, expomos sabedoria entre os
experimentados; não, porém, a sabedoria deste
século, nem a dos poderosos desta época, que se
reduzem a nada;
1Co 2:7 mas falamos a sabedoria de Deus em
mistério, outrora oculta, a qual Deus
preordenou desde a eternidade para a nossa
glória;
1Co 2:8 sabedoria essa que nenhum dos
poderosos deste século conheceu; porque, se a
tivessem conhecido, jamais teriam crucificado
o Senhor da glória;” (I Coríntios 2.1-8)
53
Julga com Amor Segundo a Reta Justiça
Quando recebemos palavras de crítica ácida
contra as coisas que escrevemos, temos a
oportunidade de reavaliar a forma como temos
apresentado a verdade, para que não deixemos
lacunas que possam ser mal interpretadas, e
induzirmos, involuntariamente, alguma (s)
pessoas (as) a um julgamento errado.
Por isso temos sempre falado da morte de Jesus
Cristo para a cobertura do pecado, e
transformação de vidas, o que está disponível a
todos pela graça e misericórdia de Deus.
Mas, quando apresentamos um texto, como o
que destacamos abaixo, intitulado “Deus Será
Glorificado ao Julgar o Mal”, sobre o juízo de
Deus sobre a maldade, daqueles que não se
arrependerem de viver na sua prática, e quando
lido, isoladamente, sem que se tenha alguma
noção do conjunto de escritos que temos
postado, é possível que ocorra o que citamos no
primeiro parágrafo.
Longe de nós servir de pedra de tropeço para
quem quer que seja, porque almas são muito
preciosas para Deus, a ponto de ter morrido na
cruz na pessoa de Seu filho amado, para nos
resgatar da condenação eterna.
Isto vemos em textos como o de João, no qual
Jesus diz as seguintes palavras:
“João 5:24 Em verdade, em verdade vos digo:
quem ouve a minha palavra e crê naquele que
54
me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo,
mas passou da morte para a vida.
João 5:25 Em verdade, em verdade vos digo que
vem a hora e já chegou, em que os mortos
ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a
ouvirem viverão.
João 5:26 Porque assim como o Pai tem vida em
si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida
em si mesmo.
João 5:27 E lhe deu autoridade para julgar,
porque é o Filho do Homem.
João 5:28 Não vos maravilheis disto, porque vem
a hora em que todos os que se acham nos
túmulos ouvirão a sua voz e sairão:
João 5:29 os que tiverem feito o bem, para a
ressurreição da vida; e os que tiverem praticado
o mal, para a ressurreição do juízo.”
Ao lermos estas palavras nos disporíamos a
chamar a Bíblia de “livrinho maldito”, conforme
alguns costumam fazer?
Que os que a amam são pessoas de mente
estreita e escravizadas que necessitam de
libertação?
55
Deus Será Glorificado ao Julgar o Mal
Quando o rei Ciro conquistou Babilônia, foi
aplaudido pelo próprio povo babilônico, porque
já não suportavam mais a tirania do rei deles.
Quanto maior louvor nosso Senhor Jesus Cristo
receberá da parte daqueles que amam a justiça,
quando o virem retornando a este mundo com
poder e grande glória para subjugar a todos os
tiranos.
Quão grande conforto será isto para nós, quanto
a todas as injustiças e tribulações que aqui
sofremos.
Deus permite que o mal impere por algum
tempo na Terra, porque isto trará grande honra
e glória ao Seu nome quando daqui desarraigar
os ímpios, para estabelecer para sempre o Seu
reino de justiça e paz.
São vários os registros bíblicos que afirmam esta
verdade, especialmente nos Salmos e Profetas.
56
Como Saber se Sou Abençoado por Deus?
Muitos declaram serem íntimos e amados de
Deus, pela apresentação como evidência dessa
intimidade e amor, a sua riqueza, fama, saúde
perfeita, e toda sorte de bens terrenos que
possuem, e que afirmam terem recebido de
Deus, em razão do referido amor.
Todavia, não têm nenhuma outra evidência
para apresentarem.
Outros há, em não tão grande número como os
do primeiro grupo, que apresentam como
evidência de serem amados, a paciência e paz
sobrenatural que recebem para enfrentarem as
suas muitas tribulações, perdas e aflições.
E se regozijam pelo fato de terem a graça de
Deus acompanhando todo o curso de suas vidas,
dando-lhes a capacidade de estarem contentes
em toda e qualquer situação, com gratidão ao
Senhor em seus corações.
Esta satisfação não depende das coisas que
possuam ou não possuam, porque estão sempre
alegres no Senhor, em razão do poder que o
Espírito Santo lhes supre.
Identificados os dois grupos, qual deles você
acha que possui a melhor e maior evidência do
amor de Deus?
57
O Espírito de Mártir
Se alguém não for dotado deste espírito não
poderá ser bombeiro, guarda-costas, ou exercer
qualquer outra profissão que demande o risco
de perder a nossa própria vida, para que outros
possam ser salvos.
Deste mesmo espírito está dotado todo cristão
autêntico, e é o Espírito Santo que o impulsiona
a isto, e assim se dispõe a dar a própria vida, se
necessário for, para que outros possam ser
salvos por Cristo.
Quando os mártires morriam nos primeiros dias
do evangelho, pregados em cruzes, ou sendo
entregues aos leões, isto sucedia porque não
recuavam no testemunho que davam de Cristo,
porque sem o referido testemunho não é
possível haver salvação.
Ofereciam suas vidas como holocausto por
amor a Deus e ao próximo.
Eram ofertas de amor inclusive pelos seus
próprios algozes, porque também eram
necessitados de salvação.
A propósito o significado da palavra mártir no
original grego, significa dar testemunho
mesmo em presença da morte.
Jesus derramou o seu sangue na cruz por amor
de nós, e de igual modo, o sangue dos mártires
dá testemunho deste mesmo amor de Cristo
que neles habita.
Não dão, portanto, testemunho do evangelho,
para fazer prevalecer uma determinada
58
religião, mas o fazem por amor às almas
perdidas, necessitadas de salvação.
59
Mais do que Lei de Diamante
Foi de tão grande significado e alegria a lei que
decretou a libertação dos escravos, que ela foi
chamada de Lei Áurea, ou seja, lei de ouro.
Agora, como deveria ser classificada a lei de
Deus que decretou a nossa libertação do
cativeiro ao pecado e aos espíritos das trevas?
Lei de diamante?
Não. Seria muito pouco.
Afinal, trata-se de um decreto que pôde ser
promulgado somente em razão de Jesus Cristo
ter pago o preço exigido pela justiça divina,
morrendo por nós na cruz, carregando sobre Si
os nossos pecados e culpa.
E quanto vale a vida de Jesus?
A vida de um Deus eterno, amoroso e infinito?
O nosso cativeiro ao pecado acabou naquela
morte de cruz.
Por isso a mensagem desta lei de libertação é
chamada de evangelho, que vem do original
grego do Novo Testamento, “euanguelion”, que
literalmente traduzido significa anúncio de
coisas boas.
E quão boas são estas coisas que nos estão sendo
anunciadas,
e
também
oferecidas,
relativamente à pessoa de nosso Senhor Jesus
Cristo, e Sua obra em favor da humanidade, e
que carregam em si a força do mandamento que
produz em nós a libertação que nos transporta
das trevas para a luz.
60
Na verdade não são apenas coisas muito boas,
são
maravilhosas,
miraculosas,
misericordiosas, gloriosas.
Têm a ver com a coisa impossível a qualquer
pessoa, e que está sendo oferecida e realizada
em Jesus Cristo.
Mudança de natureza? Não conheço nenhuma,
senão da metamorfose da lagarta em borboleta.
Morre a lagarta e nasce a borboleta.
Mas isto sucede no plano natural. Lagartas não
necessitam de salvação.
Este não é o caso de todas as pessoas, que se
encontram
debaixo
de
uma
terrível
condenação.
A condenação eterna por Deus, em razão do
pecado que reina absoluto na nossa natureza.
Se não for destronado pelo poder de Jesus
Cristo, este rei perverso... Pecado, permanecerá
no seu trono.
O trono do nosso coração perdido e
desesperado.
Então, quando soou a notícia, que tinha vindo ao
mundo, o Rei dos reis, e o Senhor dos senhores,
o pecado tremeu e gemeu, sabia que os seus dias
de governo já estavam contados.
Ah amado Jesus! Muito obrigado! Por ter
morrido na cruz, para matar em Si mesmo a
nossa natureza terrena pecaminosa, e nos
tornar participantes da Sua natureza divina,
para podermos ser reconciliados com Deus.
61
O Plano é Perfeito Embora Sejamos Imperfeitos
Muitos pensam que Deus errou ao ter criado o
homem, porque a perfeição moral original que
existiu no primeiro casal foi perdida, e a maior
parte da humanidade tem sempre sido
desobediente a Deus e aos Seus mandamentos.
Como um Deus perfeito e Todo-Poderoso criaria
seres que poderiam vir a se tornar imperfeitos?
Primeiro os anjos que caíram juntamente com
Satanás, transformando-se em demônios, e
depois o homem na terra, que passou a ser
pecador.
Todavia, a queda no pecado, que conduz a um
viver contrário ao de Deus, e à não subordinação
à Sua vontade, comprova, por si só, que o
Criador deu à criatura moral a liberdade de
escolher o seu destino, de imitá-lO ou não, de
amá-lO ou não, de servi-lO ou o contrário,
enfim, de caminhar rumo à perfeição, ou à
destruição.
No que tange à humanidade, que foi totalmente
encerrada no pecado, isto ensejou que Deus
pudesse manifestar a grandeza do Seu amor,
misericórdia e perdão, que tem estendido a
todos, sem qualquer exceção, que se
arrependem desta condição de escravidão ao
pecado, para serem libertados e reconciliados
com Ele por meio da fé em Jesus.
O amor e a misericórdia de Deus não são meros
sentimentos de empatia e compaixão por seres
62
que se tornaram de nenhum valor para ele, e
que viviam somente para os seus próprios
prazeres egoístas, indiferentes à Sua Pessoa e
vontade, e agindo como seus inimigos.
A extensão disto não pode ser avaliada por
nenhum de nós, senão somente pelo próprio
Senhor, cujo julgamento e conhecimento do
estado do nosso coração são perfeitos.
Contudo, podemos deduzir por nossos
sentimentos,
imaginações,
ações
e
pensamentos o quanto estamos longe da
santidade, bondade, amor, misericórdia, justiça
e todos os demais atributos infinitos e perfeitos
de Deus, o quão distante estamos de ser aquilo
que Ele é em Sua própria natureza.
Desde que o pecado entrou no mundo todos os
homens ficaram desprovidos da graça de Deus.
Esta é a razão de estarem caídos diante dEle.
Somente pela graça de Jesus é que poderão ser
levantados e permanecerem firmes em Sua
presença pela mesma graça que os levantou.
Mas tendo encerrado a todos debaixo da
desobediência, Deus revelou qual era o Seu
propósito de usar de misericórdia com todos, e
demonstrou fartamente tanto a anjos quanto a
homens o quanto é um Deus misericordioso.
Ele demonstrou com isto que não é bom
somente para com aqueles que são perfeitos
como Ele, mas para com todos os que desejam
obedecer-Lhe, fazer Sua vontade e viver para
Ele, ou seja, viverem segundo o propósito para o
qual foram criados.
63
Vemos portanto que não houve qualquer falha
em Deus ou no Seu plano eterno de criar o
homem para ser conforme à Sua própria
imagem e semelhança.
Os que não buscam isto não frustram o plano da
criação, porque Deus sabia desde o princípio
que entre seres criados para serem livres, não
seriam poucos os que escolheriam viver em
escravidão à própria vontade e à dos inimigos da
santidade de Deus.
Por outro lado, sabia também que seriam
muitos, conforme se declara na Bíblia, que
seriam pela verdade eterna que foi manifestada
na pessoa de Jesus.
64
Almas que Se Perdem e Almas que se Ganham
“Pois que aproveitará o homem se ganhar o
mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará
o homem em troca da sua alma?” (Mat 16:26)
Nosso Senhor Jesus Cristo proferiu estas
palavras para afirmar o perigo que há na atitude
de se negligenciar a necessidade de salvar a
nossa alma, e se interessar apenas pelas coisas
que são deste mundo.
Em todo o seu ensino, bem como em toda a
Bíblia, somos alertados quanto a termos uma
alma que pode ser perdida ou salva.
Então é muito importante que saibamos o real
significado bíblico do que seja esta salvação.
É comum se pensar em salvação como sendo
apenas o perdão dos pecados e o livramento da
condenação do juízo futuro e do inferno.
Todavia, a salvação é muito mais do que isto,
porque ela é o cumprimento do propósito de
Deus, que Ele determinou antes mesmo da
fundação do mundo, de formar para Si um povo
santo, exclusivamente Seu, zeloso de boas obras
de justiça; povo este que Ele chamaria do meio
de pecadores, e que deveria portanto, ser
justificado, regenerado, renovado e santificado.
A salvação não é apenas um ato que nos livra do
juízo condenatório de Deus, mas um conjunto
completo, tanto de declarações legais quanto de
operações
sobrenaturais
para
conduzir
pecadores ao arrependimento e ao completo
65
cumprimento de tudo o que Ele planejou para o
povo que deu a Jesus Cristo, para que fosse
livrado, lavado, purificado, santificado e
aperfeiçoado por Ele.
A salvação é uma caminhada.
É algo que deve crescer diariamente.
Como a realização plena do plano divino.
Como um programa que está sendo
desenvolvido na nossa vida pelo Espírito Santo
até que cheguemos a ser maduros em nossa vida
espiritual, de modo que sejamos úteis para os
propósitos divinos.
Lembre-se que salvação não é apenas uma
promessa de Deus para você de que irá para o
céu um dia, depois da morte, mas que é também
o viver a vida de Cristo aqui na terra, porque o
reino de Deus já está entre nós e em nós.
E que esta salvação é inteiramente por graça e
mediante a fé em Jesus.
66
Células Espirituais que Vivem
As células que compõem um organismo
complexo são individuais, mas não teriam vida
caso fossem isoladas umas das outras.
O mesmo sucede com as pessoas que fazem
parte do Corpo de Cristo.
Foram criadas por Deus como indivíduos, mas
não para a independência ou individualidade.
São células vivas de um corpo vivo que demanda
que estejam ligadas em unidade umas às outras.
Jesus é a cabeça que comanda este corpo, e
quem o gera e mantém em vida.
Como acerca disso se referiu o apóstolo Paulo
em I Cor 1.30:
“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos
tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e
santificação, e redenção.”
Além de sabedoria, santificação e redenção, é
afirmado também no texto que nosso Senhor se
tornou justiça, da parte de Deus, para nós.
Esta justiça que o próprio Senhor Jesus se
tornaria para os cristãos foi prometida por Deus
e
profetizada
no
Velho
Testamento,
especialmente pelo profeta Isaías.
E o propósito de tal justiça tem a ver
principalmente com a nossa salvação.
Deus Pai tem oferecido livre e gratuitamente a
justiça de Seu Filho, para a salvação de todo
aquele que nEle crê.
67
Não há nenhum outro modo ou possibilidade de
salvação a não ser por este modo que foi
determinado por Deus Pai.
É pela aceitação desta justiça que há em nosso
Senhor Jesus Cristo, que uma pessoa é salva.
Qualquer outro meio no qual se confie para a
salvação, manterá a pessoa tão perdida quanto
se encontrava antes, porque Deus somente
perdoará e receberá como seus filhos àqueles
que receberam a Cristo para ser a justiça deles.
Por isso o fim da própria lei é Cristo, para justiça
de todo aquele que crê.
Deus somente fica satisfeito quando aceitamos
esta justiça que Ele está nos oferecendo.
E nós, quando cremos, ficamos também
plenamente satisfeitos, e não gostaríamos de
ser salvos por nenhum outro modo, senão, que
reconhecemos que não há qualquer justiça
própria em nós que nos recomende a Deus, pois
estamos cheios de pecados e que, portanto,
Cristo nos satisfaz plenamente, e Lhe amamos
muito, e Lhe somos muito gratos por nos ter
justificado somente pela Sua graça e mediante a
fé.
É somente pelo novo nascimento sobrenatural
por meio do Espírito Santo, que somos gerados
células espirituais para viverem no corpo de
Cristo.
68
A Esperança que Nunca Morre
Há um dito popular que afirma que há solução
para tudo, menos para a morte.
Entretanto, a maior solução que existe é
justamente a para a morte, porque foi preparada
por Deus desde antes da fundação do mundo.
Antes que houvesse o sol, a lua, as estrelas, o
homem, esta solução havia sido adrede
preparada.
A única solução eficaz para a morte é
simplesmente ouvir a voz de Cristo, como Ele
mesmo o tem afirmado:
“João 5:25 Em verdade, em verdade vos digo que
vem a hora e já chegou, em que os mortos
ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a
ouvirem viverão.
João 5:26 Porque assim como o Pai tem vida em
si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida
em si mesmo.
João 5:27 E lhe deu autoridade para julgar,
porque é o Filho do Homem.
João 5:28 Não vos maravilheis disto, porque vem
a hora em que todos os que se acham nos
túmulos ouvirão a sua voz e sairão:
João 5:29 os que tiverem feito o bem, para a
ressurreição da vida; e os que tiverem praticado
o mal, para a ressurreição do juízo.”
69
É portanto algo muito esperançoso que mortos
ouçam a voz do Senhor e se tornem vivos.
Isto é feito pela pregação do evangelho.
Esteja morto em delitos e pecados, nas trevas da
incredulidade, ou então morto espiritualmente,
por ter se afastado de Deus depois de ter
recebido a vida de Cristo, não importa, é o
mesmo poder do Espírito Santo que vivificará
tanto a um quanto ao outro, pela simples fé no
senhorio de Cristo.
Foi muita misericórdia da parte de Deus, ter
dado ao homem a possibilidade de ouvir a voz de
Cristo para a salvação, apesar de toda a
humanidade que está sem Cristo, se encontrar
naturalmente morta em espírito, corrompida
na alma e com um corpo físico que caminha
para a morte e que está sujeito a tantas fraquezas
e enfermidades.
Como podem os mortos ouvirem a mensagem
do evangelho pregada no poder do Espírito, e
responderem ao convite da salvação, ninguém
sabe, mas sabemos que isto é certamente
concedido pelo poder do Deus Altíssimo.
“Ef 2:1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos
vossos delitos e pecados,
70
Ef 2:2 nos quais andastes outrora, segundo o
curso deste mundo, segundo o príncipe da
potestade do ar, do espírito que agora atua nos
filhos da desobediência;
Ef 2:3 entre os quais também todos nós andamos
outrora, segundo as inclinações da nossa carne,
fazendo a vontade da carne e dos pensamentos;
e éramos, por natureza, filhos da ira, como
também os demais.
Ef 2:4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia,
por causa do grande amor com que nos amou,
Ef 2:5 e estando nós mortos em nossos delitos,
nos deu vida juntamente com Cristo, —pela
graça sois salvos,” (Efésios 2.1-5)
71
Viver Pela Fé
“Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o
justo viverá pela sua fé.” (Hab 2:4)
Esta foi a revelação que Deus fez ao profeta
Habacuque em sua perplexidade em razão de
que muitos morreriam em Israel sob o poder
dos babilônios, e o restante do povo de Deus
seria levado em cativeiro.
Onde, quando e como se cumpririam as boas
promessas de paz e de vida da parte de Deus para
Israel?
Habacuque não podia entendê-lo, até que lhe
veio a resposta da parte do Senhor.
Vida e paz é algo que está associado à justiça
divina, que é obtida por fé.
Aquele que a possui viverá para sempre, ainda
que morra fisicamente.
É para este propósito que o pecador é justificado
pela fé em Cristo.
Daí o apóstolo ter afirmado em Romanos 6:
“Oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre
os mortos, e os vossos membros, a Deus, como
instrumentos de justiça.”
“E, uma vez libertados do pecado, fostes feitos
servos da justiça.”
Como Deus poderia se comprazer, se agradar de
quem anda de modo contrário à verdade
revelada nas Escrituras?
72
Como poderia aprovar tal comportamento que é
contrário à Sua vontade?
Por exemplo: o que Deus espera de uma mãe em
relação a seus filhos, senão que seja exemplo
para eles e lhes ensine a caminhar na justiça do
evangelho.
Isto demandará sobretudo que os corrija,
discipline e repreenda, segundo a doutrina da
Palavra de Deus, com amor e longanimidade.
Em suma, ela deve se esforçar através da oração
e do ensino, até ver Cristo formado neles.
Este é o principal aspecto da prática justiça que
Deus espera ver numa mãe que é cristã.
O mesmo se aplica aos deveres dos esposos, dos
filhos, dos líderes, dos servos.
O cristão não recua na fé para a perdição da
alma.
Mas se diz que, Deus não se compraz nele, caso
venha a recuar, ou seja, a não perseverar na
prática da Palavra, pois foi justificado para ser
justo, para viver pela fé na verdade e na justiça.
Daí nosso Senhor afirmar no Sermão do Monte
que são bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça.
Estes são saciados por Deus em sua fome e sede
para poderem viver segundo o padrão da justiça
divina, revelada no Evangelho.
73
A Mensagem Central do Evangelho
O apóstolo Paulo afirma em Romanos 1.16,17 que
é o evangelho o poder de Deus para a salvação de
todo o que crê.
E por que somente o evangelho tem este poder
de conduzir os que creem à salvação?
O apóstolo diz que isto decorre do fato de a
justiça de Deus ser revelada no evangelho de fé
em fé.
Devemos confiar então, que o evangelho
verdadeiro é poderoso para salvar a nós
pecadores, porque ao pregá-lo, Deus abrirá os
olhos da fé dos que serão salvos para aceitarem
e receberem a justiça que Ele está oferecendo
gratuitamente.
Justiça esta que os salvará.
O próprio Senhor Jesus Cristo é a justiça que
devemos receber para sermos justificados e
salvos.
Por isso se diz nos profetas que é Ele que a nossa
justiça.
Sendo chamado por Senhor Justiça Nossa no
livro do profeta Jeremias.
É somente por se estar em Cristo pela fé, que
alguém poderá ser salvo.
Porque este é o único modo de sermos
participantes da Sua justiça que nos justifica.
A justiça prometida por Deus para a nossa
justificação, e que passou a se manifestar na
dispensação da graça, à qual Paulo chama de
74
tempo presente, com a vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo a este mundo para morrer na cruz,
foi profetizada nas Escrituras do Velho
Testamento, porque Paulo diz que ela foi
testemunhada pela Lei e pelos profetas, modo
comum de se designar as Escrituras no passado.
Esta justiça de Deus prometida seria
manifestada sem lei, conforme dizer do
apóstolo, isto é, ela não consistiria num novo
conjunto de leis para serem observadas pelo
povo da nova aliança, conforme havia se dado
com Israel desde os dias de Moisés, mas num
ato de justiça que seria cumprido por Cristo
morrendo no lugar do pecador, carregando
sobre Si todos os pecados deles, para que
pudessem ser perdoados e justificados por
Deus.
E isto seria feito também por um ato de pura
graça para qualquer um que creia, sem qualquer
distinção pessoal.
Deus deliberou que seria, na dispensação da
graça, misericordioso para com as nossas
transgressões e não lembraria dos nossos
pecados,
porque poderia
nos
perdoar
completamente uma vez que castigaria o Seu
próprio filho unigênito no lugar daqueles que
viriam a crer nEle.
Estes que creem, e somente eles, podem
receber o dom precioso da justiça divina,
porque não serão apenas perdoados, mas
completamente santificados.
75
Por isso se diz que o Evangelho é o poder de Deus
para a salvação de todo o que crê.
76
Espiritualizar
Biblicamente falando, “espiritualizar” significa
considerar todas as coisas à luz da direção e
instrução do Espírito Santo.
Ou em outras palavras, conforme dizer do
apóstolo Paulo, trata-se de seguir o pendor do
Espírito Santo, ou seja, ser movido pelo Espírito
em tudo o que se é e se faz na vida, sobretudo
naquelas coisas relativas à nossa transformação
pessoal à imagem de Cristo.
Isto consiste muito na mortificação do pecado
para sermos cada vez mais revestidos das
virtudes de nosso Senhor, geralmente definidas
como fruto do Espírito Santo, segundo este é
descrito em Gálatas 5.
O resultado desta espiritualização é portanto
vida e paz (Rom 8.6-13).
Agora, qual é o risco que corremos quando
deixamos de espiritualizar todas as coisas?
A resposta se encontra no próprio texto de
Romanos citado anteriormente: o resultado é a
morte espiritual das graças, dons e capacitações
do Espírito Santo, nos que são cristãos, e a morte
espiritual eterna nos que não têm o Espírito
Santo, ou seja, o estado de condenação e de
separação eterna de Deus.
Vamos então, para o nosso próprio bem, e para a
alegria de Deus, espiritualizar sempre,
conforme nos é ordenado na Bíblia.
77
O Homem é Inimigo de Deus
Soa exagerado fazer a afirmação do nosso título.
Contudo, é isto que a Bíblia ensina quanto à
condição de toda pessoa, quanto ao que se refere
à sua natureza terrena.
Por que a inclinação da carne, isto é, da natureza
humana decaída no pecado, é um estado
permanente de inimizade contra Deus?
Depois de ter criado o primeiro homem, Deus
plantou um jardim para ele, e o colocou no
jardim, onde havia também plantado bem em
seu meio, duas árvores excepcionais, a
primeira, a árvore da vida, e a segunda, a árvore
do conhecimento do bem e do mal.
Ambas representavam respectivamente, para o
homem, a vida e a morte.
E este significado não foi removido, e jamais
será removido, até que tudo se cumpra, porque
Deus tem colocado diante de cada homem, tanto
a possibilidade da vida quanto a da morte.
O homem, apesar de ter sido criado perfeito e
bom, à semelhança do próprio Deus, sendo um
agente moral livre, tende, tal como Adão fizera,
a se inclinar para buscar governar e não a ser
governado; a fazer valer a sua própria vontade e
não a do Criador; a ser independente e não a
criar laços eternos de amor; e assim agindo, se
envereda por causa de suas atitudes e
comportamento pelo caminho que conduz à
morte espiritual (separação de Deus) e ao
sofrimento.
78
Deus não criou o homem para que ele viva para
si mesmo, senão para o Seu Criador.
Não o criou para fazer a sua própria vontade,
senão a do seu Senhor.
Isto não é um capricho, mas uma demanda da
vida, porque não pode haver vida eterna a não
ser na comunhão do homem com Deus,
participando da Sua natureza divina.
Como pode o ramo viver separado do caule que
deve sustentá-lo?
Somente em Cristo, poderá ser desfeito o nosso
estado de inimizade latente contra Deus,
conforme se ensina nas Escrituras, e
comprovado na experiência real da nossa vida.
Rom 5:8 Mas Deus prova o seu próprio amor
para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por
nós, sendo nós ainda pecadores.
Rom 5:9 Logo, muito mais agora, sendo
justificados pelo seu sangue, seremos por ele
salvos da ira.
Rom 5:10 Porque, se nós, quando inimigos,
fomos reconciliados com Deus mediante a
morte do seu Filho, muito mais, estando já
reconciliados, seremos salvos pela sua vida;
Rom 5:11 e não apenas isto, mas também nos
gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus
Cristo, por intermédio de quem recebemos,
agora, a reconciliação.
Tiago 4:4 Infiéis, não compreendeis que a
amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele,
79
pois, que quiser ser amigo do mundo constituise inimigo de Deus.
80
Porque Caminha Mal o Nosso Mundo
Semelhantemente vós, os mais moços, sede
sujeitos aos mais velhos. E cingi-vos todos de
humildade uns para com os outros, porque Deus
resiste aos soberbos, mas aos humildes dá
graça. (I Pe 5.5)
Note o enfoque que o apóstolo Pedro faz sobre a
necessidade de submissão dos moços aos que
são mais velhos.
Espera-se portanto que os que são maduros
sejam um referencial de comportamento para
os jovens.
Como não é lá muito o caso em nossa sociedade
atual, quando até mesmo autoridades
constituídas servem de mau exemplo de
conduta, não se pode esperar um mundo muito
diferente deste em que temos vivido, no qual
imperam a violência, a pornografia, a corrupção
e tantos outros males correlatos.
Há uma conivência com a prática do mal,
inclusive por parte de pessoas que são
consideradas as mais humildes entre o povo.
Então o jovem vai para o uso de drogas, para a
prática de furtos e assassinatos, muitas vezes, no
desespero de obter recursos para alimentar o
seu vício.
O clamor público pela redução da idade da
maioridade penal, e por uma maior ação
repressiva das autoridades policiais e
81
judiciárias, é feito como se fosse a solução final
para a grave situação que vimos enfrentando.
Mas isto resolverá o problema que está
instalado na própria forma de se conduzir da
sociedade, que despreza em grande parte, os
valores morais e espirituais, especialmente
aqueles que são ordenados a todas as pessoas
por Deus, na Bíblia?
Não estamos nos referindo à conversão a esta ou
àquela religião, mas à prática do ensino do
respeito e de todos os deveres relativos à
educação, que eram tão apreciados no passado.
Enquanto a ganância dos que rodam a máquina
da mídia, do entretenimento, e de todas as
esferas com poder de mover a opinião pública,
estiver imperando e crescendo na escalada em
que nós temos testemunhado, não dá para ter
qualquer fundamento para se crer em dias
melhores, sem que tal quadro seja alterado.
Quando
se
aprova
aquilo
que
Deus
veementemente reprova, que esperança pode
ter o mundo com sua cabeça elevada que se
recusa a reconhecer o valor da humildade?
O caminho para ser elevado é ser humilde.
Humilde em relação a Deus e também humilde
para com quem Ele tem determinado.
Humildade em submissão do jovem ao mais
velho, dos filhos aos pais, da esposa ao marido,
do empregado ao chefe, do cidadão às
autoridades, e dando a cada um o que lhe é
devido.
Feliz é aquele que em Cristo trilha este caminho.
82
Dando honra a quem a honra é devida.
Porque é isto o que Deus requer para quem quer
ver dias felizes e amar a vida.
Se a sociedade como um todo não se move por
esta regra, nada impede que façamos a nossa
parte.
83
O Segredo da Frutificação
Está determinado aos cristãos que frutifiquem
como um ramo da Videira Verdadeira, que é
Jesus Cristo.
Mas o ramo não pode produzir fruto por si
mesmo.
Ele deve receber primeiro a seiva da vida que
procede da raiz.
Assim se dá com a vida espiritual em relação a
Cristo.
Embora este princípio da santidade seja da
mesma natureza em todos os cristãos, contudo,
há graus distintos disto.
Porque em alguns é mais forte, vivo, vigoroso, e
florescente; e em outros: mais fraco, inativo e
indolente.
Este princípio operante de santidade nos vem
pelo poder do Espírito Santo, mas é preservado,
aumentado e fortalecido pelo cumprimento do
dever em obediência, a Deus e à Sua Palavra,
porque Ele determinou que deveríamos viver
por nos exercitarmos nisto; e assim, é pela
multiplicação destes atos e deveres que este
hábito de santidade é mantido vivo.
O princípio vivo referido é mantido em
operação, não pelo grau da nossa santificação,
mas pelo nosso empenho em nos santificarmos,
porque, como dissemos antes, há graus
diferentes disto em todos os cristãos, e
especialmente em razão da capacidade
espiritual concedida a Deus a cada um.
84
O que buscar achará.
O que se esforçar entrará.
O que pedir receberá.
Tudo vem do Senhor Jesus, quando se fala em
santificação, mas nada obteremos caso não
sejamos diligentes na oração, na meditação e
prática da Palavra, e em todos os deveres que
nos são ordenados por Deus.
85
Não Havia o Mal no Princípio, na Criação
É muito incomum que as pessoas deem a devida
consideração ao fato de que no princípio da
criação não havia no primeiro casal que habitou
o planeta, qualquer falha, impureza ou rebelião,
conforme o testemunho das Escrituras.
Todavia, é de vital importância disso ter
consciência porque, senão, se torna muito
difícil para o homem pecador, conceber a idéia
de que fora criado para ser perfeito, e sobretudo
perfeito com a mesma santidade que existe em
Deus, por participação direta da sua natureza
divina.
Como há em todo homem, desde a queda de
Adão, uma tendência em sua natureza para o
mal, e se comportar de um modo que Deus até
mesmo abomina, dificilmente alguém será
livrado de tal condição, enquanto não
reconhecer seu pecado e a real necessidade de
libertação, e para isto necessitará do
convencimento do pecado que é operado pelo
Espírito
Santo,
para
ser
levado
ao
arrependimento que conduz à salvação.
Quando se mantém no esquecimento a verdade
de que Deus criou o homem perfeito no
princípio, é muito comum que se veja o homem
se consentindo padrões de pensamento e de
comportamento totalmente contrários a tudo
quanto Deus havia planejado.
Contingentes
imensos
são
conduzidos
diariamente para o inferno, por causa da
86
desconsideração desta verdade de que fomos
criados para sermos perfeitos em santidade.
A negligência para com a nossa principal
necessidade nos levará a não recorrer ao único
remédio que pode nos curar do mal do pecado, a
saber, o arrependimento e a fé em Jesus Cristo.
A fé nos levará a viver em união vital e espiritual
com Ele, e é por meio desta união que seremos
conduzidos à plena restauração, a qual começa
aqui neste mundo, e que será perfeita no céu.
É necessário ter o início deste trabalho de
santificação operando aqui na terra, para que
possamos ter a certeza de que fomos salvos e de
que seremos restaurados até a plena
conformidade com o próprio Senhor Jesus
Cristo, porque, afinal, fomos criados para a
perfeição, sem qualquer pecado.
87
A União que Dá Vida Eterna
Tudo e todos pertencem a Cristo conforme o
desígnio de Deus Pai, que assim o decretara
antes mesmo da fundação do mundo.
“porque nele foram criadas todas as coisas nos
céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam
tronos, sejam dominações, sejam principados,
sejam potestades; tudo foi criado por ele e para
ele.” (Colossenses 1.16)
Mas somente aqueles que são lavados de seus
pecados no sangue de Cristo, são tornados filhos
e herdeiros de Deus.
Isto porque a justiça de Deus exige que somente
podem participar da sua natureza perfeita e
santa, aqueles que forem semelhantes a Cristo.
Por isso, estes que participam da vida de Cristo,
foram antes, justificados pelo perdão total de
seus pecados.
São herdeiros de Deus e do próprio Cristo,
porque são a sua herança assim como Cristo é
também a herança deles.
E isto sucede porque agora já não são muitos
mas apenas um com Cristo, assim como ele é
um com o Pai e com o Espírito Santo.
Por isso o cristão deve viver agora para Aquele
que o salvou e justificou.
Quem não tiver isto não está vivo mas morto
espiritualmente, separado da natureza de Deus,
88
porque é impossível ter vida espiritual e eterna
fora do filho de Deus.
89
Nossa Necessidade do Espírito Santo
“Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu
vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá
para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo
enviarei.
Quando ele vier, convencerá o mundo do
pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque
não creem em mim; da justiça, porque vou para
o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o
príncipe deste mundo já está julgado. (Jo 16.7-11)
Quão difícil, na verdade impossível, que
reconheçamos o que seja de fato o pecado
Por isso, o trabalho de convencimento do
pecado, da justiça e do juízo, só pode ser
realizado exclusivamente pelo Espírito Santo,
conforme nosso Senhor Jesus Cristo havia
ensinado aos apóstolois.
Sem tal trabalho do Espírito, o homem não pode
entender o verdadeiro significado do pecado, e
da justiça e do juízo de Deus.
O verbo convencer do texto, que designa o
trabalho do Espírito, é elégko, no original grego,
e este verbo possui vários sentidos correlatos,
como se pode ver em outras passagens do NT,
como por exemplo, o de: Arguir, acusar,
convencer, reprovar e repreender.
Vemos assim que nosso Senhor poderia ter dito
que o Espírito Santo convenceria, arguiria,
acusaria, reprovaria e repreenderia o mundo
90
por causa do pecado, e da justiça e do juízo de
Deus.
De fato, qualquer pessoa somente pode se sentir
reprovada, repreendida, arguida, acusada, e
convencida do que é o pecado, ou seja, da sua
natureza pecaminosa decaída, que é inimiga de
Deus, quando o Espírito Santo a conduz a isto.
É pela rejeição da justiça de Cristo que está
sendo gratuitamente oferecida que se cumpre o
juízo de Deus.
Mas é pela recepção dela que se sobe para o céu
tal como nosso Senhor foi para lá.
Por isso nosso Senhor define a nossa natureza
pecaminosa como sendo uma condição de
incredulidade nEle.
Pois o pecador resiste Em razão de sua natureza,
ao trabalho do Espírito.
Não quer vir a Cristo para ser salvo de tal
condição e receber uma nova natureza divina.
E aqueles que não forem resgatados por nosso
Senhor Jesus Cristo das garras de Satanás, e do
pecado, permanecerão tanto quanto o diabo,
debaixo da condenação de Deus, e sujeitos a
tormentos eternos.
Por isso, Deus em Sua grande e infinita
misericórdia e bondade, tem enchido toda a
terra com o testemunho do Espírito Santo,
através das vidas de cristãos fiéis à verdade do
evangelho, para que muitas vidas sejam
resgatadas da condenação eterna, pelo trabalho
de convencimento do pecado, e justificação dos
pecadores, para que sejam salvos para uma
91
herança eterna juntamente com nosso Senhor
Jesus Cristo.
92
Por que Mudar pela Fé?
Tanto João Batista, quanto nosso Senhor Jesus
Cristo, quando proclamaram a salvação pela fé,
ordenando aos homens que cressem no
evangelho, ordenaram também, que tal fé fosse
precedida pelo arrependimento.
Porque sem arrependimento não pode haver
eficácia da fé para a salvação.
Ora, se preciso ser salvo espiritual e
moralmente, é evidente, que de haver então a
necessidade de se arrepender, porque serei
salvo de algo para outro algo diferente.
No caso, o ponto em foco, é o da condição de
escravidão ao pecado, para a liberdade que há no
Senhor.
Arrependimento,
na
Bíblia
do
Novo
Testamento, vem de metanóia, do original
grego. e significa mudança de mente,
transformação da vida.
Vê-se portanto que é algo muito mais profundo,
do que meramente lamentar, ou mesmo deixar
de praticar alguns atos maus, e trocá-los por
atos considerados bons.
O que está em foco é uma mudança radical de
vida.
Uma transformação operada na nossa natureza,
pelo poder do Espírito Santo.
O convite do evangelho ao arrependimento é
portanto uma chamada à conversão, ao novo
nascimento espiritual que nos vem pela fé, do
alto, da parte de Deus.
93
Refere-se ao recebimento da natureza divina,
pela qual é subjugada a nossa natureza terrena
pecaminosa e perdida.
E toda vez que a natureza terrena estiver
prevalecendo, será também por renovados
arrependimentos que se dará a sua derrota pela
nova natureza divina, recebida no novo
nascimento.
O arrependimento verdadeiro nos conduz não
somente à purificação do nosso coração como
também à contemplação da glória de Deus na
face de Cristo Jesus.
É um meio que nos conduz à dependência do
Espírito Santo, e à produção da vida espiritual do
céu em nós, e não é portanto, como se costuma
pensar um aperfeiçoamento do velho homem
por meios carnais.
Faça-se boa a árvore e o fruto também será bom.
Mas de uma má árvore não se colhem bons
frutos.
Pois se trata de uma questão de natureza.
Uma é a natureza terrena decaída, por causa do
pecado. Outra é a perfeita e santa natureza
divina.
94
Num Morremos e Noutro Vivemos
“Se pela ofensa de um, de um homem só, por
meio do qual, reinou a morte, muito mais os que
recebem o dom da graça e o da justiça reinarão
em vida também por meio de um só homem e
Deus. Pois se em Adão todos morrem, vivem
todos em Cristo.” (Romanos 5.18,19)
Este é o modo pelo qual a morte espiritual é
vencida.
A morte (separação da vida e da natureza de
Deus) reinava absoluta, como condição
irremediável, para a nossa própria capacidade.
Então o que fez Deus por nós?
Matou a nossa morte na de Jesus.
E então pôde efetuar a troca, de uma cabeça
amaldiçoada, por uma Outra abençoada.
O que significa isto?
Que a ofensa de Adão, que trouxe juízo e
condenação a si próprio e a toda a sua
descendência, é removida pela justiça de Cristo,
que trouxe a salvação, para todos os que nEle
creem.
Porque o primeiro Adão foi designado por Deus
para ser o cabeça de uma raça natural, e o
segundo e último, que É Cristo, de uma raça
espiritual.
É pela graça que nos justifica, que temos esta
vida espiritual e eterna de Deus.
E esta graça opera simples e somente mediante
o arrependimento e a fé.
95
A Única Palavra Viva
O espírito é o que vivifica, a carne para nada
aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são
espírito e são vida. (Jo 6.63)
Estas profundas palavras foram proferidas no
Espírito, pelo próprio Jesus Cristo
Quando disse que é o espírito o que vivifica, ele
apontou o caminho pelo qual esta vida eterna é
recebida, a saber, as suas palavras registradas
na Bíblia, porque não são meras palavras, mas
espírito e vida.
Elas transmitem a vida do céu a todo aquele que
a receber com fé.
Por isso importa que a palavra do Evangelho seja
anunciada com a unção do Espírito Santo, para
que opere o efeito esperado por Deus no coração
dos seus ouvintes, ou leitores.
A vida está no espírito e não na carne.
A carne morre a cada dia e passa, mas o espírito
se renova e permanece para sempre.
Mas, como todos temos um espírito morto,
afastado naturalmente da vida de Deus,
necessitamos que ele seja revivificado pelo
Espírito Santo, através da instrumentalidade da
Palavra de Deus, por meio da qual somos salvos
e santificados.
A Palavra viva sempre falará conosco e
transmitirá a vida espiritual e celestial, quando
nela meditarmos, seja ouvindo-a, ou lendo-a
com humildade de espírito.
96
O Orgulho Mata
O tipo de orgulho que nos leva a rejeitar um
diagnóstico verdadeiro em relação à nossa real
condição, quanto ao que somos de fato, é
altamente prejudicial aos nossos próprios
interesses, porque impedirá que busquemos a
cura de muitos males, especialmente os da alma
e do espírito.
Daí nosso Senhor Jesus Cristo ter afirmado que
felizes são aqueles que são humildes de espírito,
porque não somente aceitam a disciplina e a
correção, especialmente a divina, e assim
podem não apenas vencer o mal, como também
serem transformados por Ele em pessoas que
vivam segundo a Sua santa vontade.
Por isso nosso Senhor afirmou que todos
aqueles que desejarem segui-lo para estarem na
Sua presença, devem, diariamente, se
autonegarem e carregarem a respectiva cruz,
ou seja, serem submissos a Ele e à Sua Palavra.
Como aceitaremos a verdade de que
necessitamos da justiça do próprio Cristo para
sermos justificados e salvos por Deus, enquanto
permanecermos endurecidos pelo orgulho
confiando na nossa própria justiça?
97
Não Comparecer com o Coração Vazio
“Três vezes no ano, todo varão entre ti
aparecerá perante o SENHOR, teu Deus, no
lugar que escolher, na Festa dos Pães Asmos, e
na Festa das Semanas, e na Festa dos
Tabernáculos; porém não aparecerá de mãos
vazias perante o SENHOR;” (Deut 16:16)
Quando comparecemos perante Deus, para
servi-lo em tudo aquilo que fazemos em relação
ao nosso próximo, Ele requer que estejamos
providos devidamente com os recursos,
sobretudo espirituais, que recebemos da Sua
graça.
Era para este princípio espiritual que o preceito
da Lei de Moisés, acima destacado, apontava.
Ofertas deveriam ser apresentadas no
Tabernáculo, e posteriormente no Templo de
Jerusalém, em forma de gratidão e louvor por
toda a provisão recebida de Deus.
O que a Lei ensinava em figura, tem sido vivido
em plenitude na presente dispensação da graça,
na qual temos recebido uma ampla provisão de
dons e graças do Espírito Santo, para
cultuarmos e servirmos ao Senhor.
Agora, como poderíamos fazê-lo estando vazios
destes dons e graças?
Se não fizermos a devida provisão, através de um
trabalho contínuo e incansável, com vistas,
principalmente, para a obtenção do fruto do
Espírito Santo, não seria de se esperar que
98
pudéssemos nos apresentar para os serviços de
Deus, da forma que é por Ele requerida.
Se o israelita do antigo pacto não cultivasse a sua
terra, não teria o que apresentar ao Senhor.
De igual modo, nós, no presente, se não
cultivarmos o solo do nosso coração com a
oração e a prática da Palavra de Deus aplicada às
nossas vidas, também nada teremos para Lhe
apresentar.
99
Sem Cristo Não Dá
Sem Jesus não há qualquer vida espiritual
verdadeira, nenhuma obediência a Deus
verdadeira, enfim, nada podemos fazer.
É esta assistência da Sua graça pela união
espiritual com Ele, o que transforma o coração
de pedra em coração de carne, que dá vitória
sobre o pecado e nos torna agradáveis e
aceitáveis a Deus.
Mas importa viver na verdade, andar na luz,
praticar a justiça, em comunhão permanente
com Ele para que se possa estar debaixo da
bênção de Deus.
Então todo aquele que no meio do povo do
Senhor não andar conforme esta regra, estará se
rebelando contra o próprio Cristo que lhe foi
dado para o propósito de poder viver segundo a
vontade de Deus.
E esta rebelião não será deixada sem a devida
retribuição da justiça divina que se manifestará
sob
a
forma
de
juízos
corretivos,
disciplinadores, assim como um pai faz em
relação ao seu filho.
Crer em Cristo não significa apenas ser livrado
da condenação eterna, mas antes e sobretudo
ser livrado do pecado e da iniquidade para que
se possa viver de modo justo e santo conforme
esperado por Deus.
O que não crê nEle é condenado por isso, porque
permanece debaixo da ira de Deus contra o
pecado, do qual é impossível se livrar sem esta
100
união espiritual com Cristo, que é obtida por
meio da fé.
101
A Graça Supera a Aflição
“Agora, por um pouco de tempo, sendo
necessário, sois afligidos através de várias
tentações”. (1Pedro 1.6)
Especialmente para os cristãos sinceros, este
um tempo de aflições como nenhum outro,
porque nunca se viu, em toda a história da
humanidade, iniquidades tão multiplicadas
como as presentes, tanto em intensidade
quanto em variedade de formas.
Todavia, os cristão de agora não são menos
assistidos pela graça de Jesus, do que os dos dias
do apóstolo Pedro, aos quais, mesmo sendo
afligidos por várias provações, receberam do
apóstolo o seguinte testemunho:
“Vós que sois guardados pelo poder de Deus
através da fé para a salvação”. (I Pe 1.5)
“a prova de sua fé, muito mais preciosa do que o
ouro que perece”. (I Pe 1.7)
Assim, ao mesmo tempo, que estavam “em
aflição”, estavam de posse de uma fé viva.
A aflição não lhes destruiu a fé, e nem a paz.
Eles se “regozijavam na esperança da glória de
Deus”, porque estavam cheios de alegria no
Espírito Santo.
No meio de sua aflição, ainda igualmente
desfrutavam do ardor do amor de Deus, que fora
derramado em seus corações.
Embora fossem afligidos, ainda eram santos;
conservavam o mesmo poder sobre o pecado.
102
Eram ainda “guardados” do pecado “pelo poder
de Deus”; eram “filhos obedientes, não
conformados com seus primitivos desejos”,
mas, “como Aquele que os chamou é santo”,
assim eles eram “santos em todo o seu
procedimento”.
Assim é que, em conjunto, sua aflição é bem
consistente com a fé, com a esperança, com o
amor de Deus e do homem, com a paz de Deus,
com a alegria no Espírito Santo, com a santidade
interior e exterior.
A aflição de modo nenhum enfraquece e muito
menos destrói qualquer parte da obra de Deus
no coração.
Ela de modo nenhum entra em conflito com a
“santificação do Espírito”, que é a raiz de toda a
verdadeira obediência, nem com a felicidade,
que deve necessariamente resultar da graça e
da paz que reinam no coração.
Então, ainda que sejam multiplicadas as
iniquidades e aflições, a graça é muito mais
multiplicada por Deus no coração do cristão,
para superá-las no amor de Jesus.
103
O Motivo Real da Nossa Alegria
“Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus;
confirma sobre nós as obras das nossas mãos,
sim, confirma a obra das nossas mãos.” (Sl 90:17)
Eis declarada no Salmo de onde decorre a
alegria cristã: da confirmação das nossas obras
por Deus.
Antes de tudo, o salmista reconhece que esta é
uma obra da graça do Senhor.
Não é propriamente o nosso trabalho, mas a
ação da graça de Jesus através de nós.
Deus somente pode aceitar e confirmar as Suas
próprias obras, ainda que realizadas por nós.
É esta confirmação que faz com que a alegria
seja maior do que os desconfortos e as tristezas
que são causados pelas tribulações que
sofremos.
O cristão cuja obra é confirmada, não é alegre e
exulta no Senhor por ser um tipo de estóico ou
asceta que aprendeu a superar a dor e o
sofrimento pelos seus próprios meios.
Não.
Ele suporta tudo com genuína alegria espiritual,
que lhe é concedida pelo poder do Espírito
Santo, por saber que o seu trabalho tem
produzido bons frutos no Reino de Deus, e que
por conseguinte, Deus está satisfeito com ele.
Caso o seu trabalho fosse estéril, sem fruto,
então, ainda que não tivesse problemas e
104
tribulações, teria motivo para ficar triste,
enquanto cristão.
O lavrador enfrenta todas as adversidades e se
empenha arduamente no seu trabalho, pela
troca da alegria que lhe trará a colheita.
O mesmo ocorre com todo aquele que trabalha
na seara do Senhor.
Não medirá esforços.
Não permitirá ser vencido pelo cansaço, pelas
oposições que sofre, ou por qualquer tipo de
aflição, desde que tenha esta certeza de que
Deus tem confirmado a obra das suas mãos.
105
A Relação da Fé com a Bíblia
Enquanto alguém permanecer na condição de
não convertido a Cristo, e por conseguinte sem
a habitação do Espírito Santo, não poderá aceitar
toda a Bíblia como sendo a vera Palavra de Deus,
e nem mesmo entendê-la adequadamente.
Isto porque Deus associou a revelação do
significado da Palavra à fé em Jesus Cristo. De
modo que, sem confiar no Senhor, e sem a
instrução, direção e iluminação do Espírito
Santo, não é possível compreender as Escrituras
e nem mesmo aceitá-la como a verdade que
deve ser aplicada à nossa vida.
Primeiro a fé, e somente depois a compreensão
e a experiência.
Abraham Kuyper se expressou muito bem a tal
respeito da seguinte maneira:
“A fé não é o operar de uma faculdade inerente
no homem natural; nem um novo sentido
acrescentado aos cinco; nem uma nova função
da alma; nem uma faculdade primeiramente
latente e agora ativa; mas uma disposição, um
modo de ação, implantado pelo Espírito Santo
na consciência e na vontade da pessoa
regenerada, através da qual ela torna-se
capacitada para aceitar a Cristo.
A relação entre Escritura e fé é facilmente
determinada. Ambas existem para o bem do
pecador, em virtude do pecado, e para remover
o pecado; uma não sem a outra, ambas
pertencendo uma à outra. Sem a Bíblia, a fé é um
106
olhar sem sentido. Sem a fé, a Bíblia é um livro
fechado.
A experiência o prova. Pessoas agraciadas com a
faculdade da fé, mas ignorantes quanto à
Sagrada Escritura, ou erroneamente instruídas,
não fazem nenhum progresso; uma vez
instruídas, elas vivem e se fortalecem. Ao
contrário, para pessoas familiares com a Bíblia
desde tenra idade, mas sem fé, a Bíblia se lhes
parece como um livro fechado; a Palavra não
penetra neles. Mas quando a Escritura e a fé
salvadora abençoam a alma, então a glória do
Espírito Santo aparece; pois foi Ele quem
primeiro proporcionou a graça particular da
Escritura, e então também aquela graça
particular, da fé.
Esta é a razão porque os argumentos pela
verdade da Escritura nunca beneficiam nada.
Alguém a quem a fé é concedida, gradualmente
aceitará a Escritura; se não agraciado com a fé,
ele nunca aceitará a Escritura, embora fosse
inundado com apologética. Certamente que é
nossa a tarefa de assistir almas sedentas,
explicar ou remover dificuldades, algumas
vezes mesmo para silenciar um escarnecedor;
mas fazer com que alguém não cristão tenha fé
na Escritura encontra-se completamente além
da capacidade humana.
A fé e a Escritura pertencem-se juntamente; o
Espírito Santo designou uma para a outra. A
última é arranjada de tal forma a ser aceita pelo
pecador que seja agraciado com a fé. E a fé é uma
107
disposição, reconciliando completamente a
consciência e a Escritura. Portanto o
"testimonium Spiritus Sancti" deveria ser
tomado, não no sentido racionalista ou Ético de
ser a operação sobre uma certa disposição
universal, mas como um testemunho real do
Espírito Santo, quem habita na consciência e
nos dá a experimentar a adaptação - como
aquela do olho à cor - da Escritura à fé.”
108
O Preparo para a Obra do Ministério
Nós faremos uma breve reflexão acerca do
assunto em título, a partir de uma também
breve exegese de determinados textos bíblicos.
A - Mateus 26:41: “Vigiai e orai, para que não
entreis em tentação; o espírito, na verdade, está
pronto, mas a carne é fraca.”
O “pronto” neste texto vem do grego protumos
que significa prontidão, voluntariedade, e não
preparo. Então não se deve pregar que o espírito
já está preparado, aperfeiçoado, nesta
passagem, mas que está em prontidão de
vigilância, contra a fraqueza da carne.
Este texto nada tem a ver, portanto, com preparo
para o exercício do ministério, porque não era a
isso que nosso Senhor estava se referindo nesta
passagem, quando ordenou a Pedro, Tiago e
João, que vigiassem para que não entrassem em
tentação, quando se encontravam em sua
companhia no jardim do Getsêmani.
B - Tito 3:1: “Lembra-lhes que se sujeitem aos
que
governam,
às
autoridades;
sejam
obedientes, estejam prontos para toda boa
obra,”
A palavra pronto neste texto vem do grego
hetoimos, que significa preparados, como
também se vê em II Tim 2.21; I Pe 3.15. Então,
109
diferentemente de protumos em Mt 26.41, não
indica prontidão, voluntariedade, senão estar
devidamente qualificado, aperfeiçoado para
determinado fim, no caso citado no texto, para
toda boa obra. Há então uma necessidade de ser
preparado para poder realizar tais boas obras.
Isto virá no tempo, até o amadurecimento do
cristão pelo Espírito, por obediência e
consagração pessoal a Deus.
C - 2 Timóteo 3:17: “a fim de que o homem de
Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado
para toda boa obra.”
A palavra habilitado deste texto vem do grego
exartizo que significa completado, terminado,
suprido com perfeição. No contexto imediato é
visto que este trabalho é realizado pelas
Escrituras Sagradas, que sendo aplicadas à vida
pelo Espírito, produzirão no tempo apropriado,
este efeito de amadurecer o cristão para a obra
de Deus.
D - Ef 4.11-13: “11 E ele deu uns como apóstolos, e
outros como profetas, e outros como
evangelistas, e outros como pastores e mestres,
12 tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos,
para a obra do ministério, para edificação do
corpo de Cristo;
13 até que todos cheguemos à unidade da fé e do
pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado
110
de homem feito, à medida da estatura da
plenitude de Cristo;” (Ef 4.11-13)
Há um tempo de amadurecimento para a
ordenação ao ministério, seja ele qual for, e este
amadurecimento é indicado pelo momento em
que se chega à medida da estatura da plenitude
de Cristo, quando o homem espiritual está
completo, pelo pleno conhecimento do Filho de
Deus. E esta maturidade vem no corpo de Cristo
por se submeter ao trabalho dos apóstolos, dos
profetas, dos evangelistas e dos pastores e
mestres, que são levantados por Deus para a
realização deste trabalho de aperfeiçoamento
dos santos.
E - I Tim 3.10: “E também estes sejam primeiro
provados, depois exercitem o diaconato, se
forem irrepreensíveis.”
É dito neste texto que os diáconos, tanto quanto
os pastores, devem antes ser provados, ou seja,
examinados,
para
serem
achados
irrepreensíveis, a saber, sem falta alguma para o
exercício do ministério. Não se deve ordenar
portanto quem não esteja pronto, depois de ter
sido provado e aprovado pelo Espírito, quanto a
estar amadurecido ou não, em condições de
assumir a obra do ministério.
F - Fp 3.15: “Pelo que todos quantos somos
perfeitos tenhamos este sentimento; e, se sentis
111
alguma coisa de modo diverso, Deus também
vo-lo revelará.”
A palavra perfeitos vem do grego teleios, que
significa completos, maduros. Todo candidato
ao ministério deve ter atingido tal maturidade
espiritual. Ser neófito é o contrário disto. Uma
vez atingido este estágio de maturidade, não se
deve parar, ao contrário, porque estamos numa
carreira de crescimento da nova criatura que
existe em nós, pelo Espírito, que é infinita, de
modo que Paulo disse anteriormente a este
versículo o seguinte:
“8 sim, na verdade, tenho também como perda
todas
as
coisas
pela
excelência
do
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor;
pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as
considero como refugo, para que possa ganhar a
Cristo,
9 e seja achado nele, não tendo como minha
justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé
em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus
pela fé;
10 para conhecê-lo, e o poder da sua
ressurreição e a e a participação dos seus
sofrimentos, conformando-me a ele na sua
morte,
11 para ver se de algum modo posso chegar à
ressurreição dentre os mortos.
12 Não que já a tenha alcançado, ou que seja
perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se
112
poderei alcançar aquilo para o que fui também
alcançado por Cristo Jesus.
13 Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja
alcançado; mas uma coisa faço, e é que,
esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e
avançando para as que estão adiante,
14 prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação
celestial de Deus em Cristo Jesus.” (Fp 3.8-14)
É necessário portanto que se esteja maduro,
completo, para o exercício do ministério.
Quanto a esta palavra “completo” devemos
dizer que é uma palavra muito importante e
interessante,
porque
indica
que
este
aperfeiçoamento não é de caráter individual,
mas conjunto, conforme indicado pela referida
palavra.
Esta é uma palavra composta do prefixo “com”,
que significa “junto”, e a palavra grega “pleto”
que significa preenchido, terminado, finalizado,
pleno, amadurecido, aperfeiçoado (Lc 1.67; At
4.8; 9.17; 13.9). Isto indica então que este estar
completo é realizado em união a outros. É no
corpo, que é a Igreja que é realizado tal
aperfeiçoamento dos cristãos, como vemos em
Ef 4.15,16:
“15 antes, seguindo a verdade em amor,
cresçamos em tudo naquele que é a cabeça,
Cristo,
113
16 do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado
pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa
operação de cada parte, efetua o seu
crescimento para edificação de si mesmo em
amor.” (Ef 4.15,16)
Deus está interessado no crescimento do corpo
de Cristo, que é a Igreja, de modo harmônico e
conjunto. Então, os ministros devem ser
observados como se destacam neste conjunto
de cristãos, ao mesmo tempo em que participam
do convívio com eles. Devem ter o
reconhecimento deles, da Igreja, e não apenas
daqueles líderes que pretendam ordená-los,
porque o crescimento deles deve ser notável a
todos, como tendo recebido aquelas graças e
dons, do Espírito, que distinguem a sua
chamada para o exercício do ministério.
Então não se pode esquecer que estar completo
significa estar em comunhão (com + união, ou
seja unidos juntamente); e no compartilhar do
mesmo pão que é Cristo (com + partilhar, que
significa participar juntamente).
114
Sempre Há uma Saída
Não há impossíveis para Deus em relação
àqueles que nEle creem.
Jesus deixou isto bem claro em Seu ministério
terreno, e ainda o continua demonstrando
sempre, desde a Sua ressurreição e ascensão, no
que tem feito a milhões de necessitados no
mundo, especialmente no que se refere à
salvação da alma.
Ele sempre disse e ainda diz que tudo é possível
ao que nEle crê.
Por maior que seja o nosso problema,
dificuldade, fraqueza, será somente nEle que
acharemos a resposta adequada, seja para a
solução, seja para suportarmos o problema com
paciência mediante o poder da Sua graça.
Teremos aflições, passaremos pela morte física,
caso Ele não venha antes para nos arrebatar
juntamente com todos os que Lhe amam, mas
uma coisa é certa: jamais nos abandonará ou
desamparará, e sempre estará conosco,
conforme a Sua promessa.
Isto é um fato.
Minha vida e a de muitos é um testemunho
desta verdade.
Sou pobre e necessitado mas o Senhor cuida de
mim.
115
"Dai a cada um o que deveis: a quem tributo,
tributo; a quem imposto, imposto...”
“1 Toda a alma esteja sujeita às autoridades
superiores; porque não há autoridade que não
venha de Deus; e as autoridades que há foram
ordenadas por Deus.
2 Por isso quem resiste à autoridade resiste à
ordenação de Deus; e os que resistem trarão
sobre si mesmos a condenação.
3 Porque os magistrados não são terror para as
boas obras, mas para as más. Queres tu, pois,
não temer a autoridade? Faze o bem, e terás
louvor dela.
4 Porque ela é ministro de Deus para teu bem.
Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz
debalde a espada; porque é ministro de Deus, e
vingador para castigar o que faz o mal.
5 Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos,
não somente pelo castigo, mas também pela
consciência.
6 Por esta razão também pagais tributos, porque
são ministros de Deus, atendendo sempre a isto
mesmo.
7 Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem
tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a
quem temor, temor; a quem honra, honra.
8 A ninguém devais coisa alguma, a não ser o
amor com que vos ameis uns aos outros; porque
quem ama aos outros cumpriu a lei.
9 Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não
furtarás, não darás falso testemunho, não
116
cobiçarás; e se há algum outro mandamento,
tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu
próximo como a ti mesmo.
10 O amor não faz mal ao próximo. De sorte que
o cumprimento da lei é o amor.
11 E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora
de despertarmos do sono; porque a nossa
salvação está agora mais perto de nós do que
quando aceitamos a fé.
12 A noite é passada, e o dia é chegado.
Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamonos das armas da luz.
13 Andemos honestamente, como de dia; não
em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em
desonestidades, nem em dissoluções, nem em
contendas e inveja.
14 Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não
tenhais
cuidado
da
carne
em
suas
concupiscências.”. (Rom 13.1-14)
Neste capítulo Paulo falou do dever ordenado
por Deus de que os cristãos estejam em
submissão
às
autoridades
civis,
quer
magistrados, quer membros do poder
executivo, em todos os seus escalões, porque
estão a serviço de Deus, ainda que não
espiritual, mas para atenderem especialmente à
Sua ordenança de castigarem os malfeitores e
cobrarem impostos para a manutenção da
organização da vida em sociedade.
117
Aquele que resistir à autoridade não está
resistindo portanto ao homem, mas a Deus que
nos deu tal ordenança de lhes estarmos sujeitos.
Depois de ter falado do dever de se pagar
tributos ao governo, Paulo estendeu o assunto
dizendo que na verdade, não devemos ficar
devendo coisa alguma a qualquer pessoa, senão
somente o amor, que é uma dívida que temos
para com Deus em relação a amar o próximo,
especialmente pelo dever de orar por ele e de
lhe anunciar o evangelho de Cristo.
Assim o que é devido a cada pessoa deve ser-lhe
dado, seja tributo, imposto, temor ou honra.
Estas dívidas devem ser liquidadas, mas a do
amor nunca será quitada porque devemos nos
amar mutuamente, porque é no amor ao
próximo que se cumpre a lei.
Na verdade todas as exigências da lei são
atendidas quando vivemos no amor de Deus,
sendo capacitados e ensinados por Ele a amar o
próximo; não meramente com o nosso amor e
afeto natural e humano, mas com o amor do
próprio Deus derramado em nossos corações
pelo Espírito.
Como o amor não faz nenhum mal ao próximo
então o cumprimento da lei é o amor, como se
afirma no verso 10.
Então aqueles que não estão vivendo estas
coisas às quais o apóstolo vem se referindo
desde o décimo segundo capítulo, devem
despertar do sono espiritual em que se
encontram, porque se não estão vivendo isto é
118
sinal de que estão em profundo sono, que não
lhes permite terem consciência das realidades
ao seu redor.
Se o cristão é do dia e não da noite. Se ele é luz no
Senhor, então deve rejeitar toda e qualquer obra
das trevas e se vestir com as armas espirituais da
luz, como se vê nos versos 11 e 12.
Se o cristão viver e andar despertado pelo
Espírito, não será achado ocupado, com
glutonarias, desonestidades, bebedeiras, em
contendas e invejas, porque Deus terá sempre o
primeiro lugar em tudo em sua vida, e nada
conseguirá conquistar em seu coração o lugar e
o temor que são devidos ao Senhor.
Além de rejeitar as obras das trevas,
despojando-se do velho homem, diariamente, o
cristão deve se revestir do próprio Senhor Jesus,
e não dar qualquer alimento à carne com as suas
cobiças.
O reino de Deus permanece oculto dentro de
nós e não se manifesta enquanto não nos
consagramos ao Senhor para obediência a todas
estas ordenanças.
É somente quando nos consagramos a Cristo é
que os nossos olhos espirituais são abertos pela
iluminação do Espírito Santo, não somente para
poder entender o que nos é ordenado, como
também para receber o poder espiritual
necessário para praticá-lo e experimentá-lo.
119
Paciência na Tribulação (Rom 12.12)
Os sofrimentos e tribulações suportados com
paciência cristã são agradáveis a Deus,
conforme se declara em I Pe 2.18-20, porque Ele
determinou no Seu conselho eterno, que:
- Aqueles que pertencem a Cristo devem
compartilhar dos Seus sofrimentos em alguma
medida.
Nosso Senhor foi o maior dos injustiçados,
porque não tinha qualquer pecado, mas na sua
identificação conosco, para a nossa salvação,
suportou com paciência tudo o que sofreu,
visando ao nosso bem.
Como Seus seguidores, devemos imitar o Seu
exemplo, em prol da salvação de outros.
- A paciência na tribulação (Rom 12.12) dá aos
cristãos a oportunidade de experimentarem o
poder sobrenatural do Espírito Santo, que lhes é
concedido para terem alegria e paz em meio aos
seus sofrimentos.
E nisto, a fé e confiança deles em Deus é
aperfeiçoada, lhes capacitando para toda boa
obra, em meio a toda e qualquer tribulação e
perseguição.
- o gozo que se sente em meio às aflições,
suportando as injustiças e perseguições sofridas
com paciência, por amor ao Senhor e ao
evangelho, é a principal marca da eleição do
120
cristão, ou seja, ele terá a plena certeza da sua
salvação, porque sem a assistência do Espírito
Santo no coração, não é possível mantê-lo alegre
e em paz em tais circunstâncias adversas.
121
Admoestação dos Insubmissos
Nós temos na porção de I Tessalonicenses
citada a seguir, alguns dos deveres dos cristãos,
segundo a ordenança do apóstolo Paulo, que ele
recebera de nosso Senhor Jesus Cristo.
“1Ts 5:14 Exortamo-vos, também, irmãos, a que
admoesteis os insubmissos, consoleis os
desanimados, ampareis os fracos e sejais
longânimos para com todos.
1Ts 5:15 Evitai que alguém retribua a outrem mal
por mal; pelo contrário, segui sempre o bem
entre vós e para com todos.
1Ts 5:16 Regozijai-vos sempre.
1Ts 5:17 Orai sem cessar.
1Ts 5:18 Em tudo, dai graças, porque esta é a
vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.
1Ts 5:19 Não apagueis o Espírito.
1Ts 5:20 Não desprezeis as profecias;
1Ts 5:21 julgai todas as coisas, retende o que é
bom;
1Ts 5:22 abstende-vos de toda forma de mal.
1Ts 5:23 O mesmo Deus da paz vos santifique em
tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam
conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda
de nosso Senhor Jesus Cristo.”
Não é no momento, nosso intuito, comentar
cada uma das ordenanças destacadas, mas focar
nossa atenção à primeira exortação dadas aos
122
cristãos quanto ao dever de se admoestar os
insubmissos.
Admoestar significa repreender branda e
benevolamente, denunciando o mal feito e
encarecendo o bem a fazer.
A repreensão deve ser branda em razão de
seguir o mesmo espírito recomendado para o
modo de se tratar com os fracos (amparar), com
os desanimados (consolar), e em relação a todos
(com longanimidade).
Como a admoestação se aplica aos que são
insubmissos, ou seja, aos que não se submetem
à doutrina do evangelho, aos que resistem à
Palavra de Deus, apesar de se declararem
cristãos, então, na falta de arrependimento, e
insistência em permanecerem no citado
comportamento, os mesmos devem ser
disciplinados, conforme se ordena em textos
como os seguintes, que foram dirigidos também
aos tessalonicenses:
“2Ts 3:6 Nós vos ordenamos, irmãos, em nome
do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo
irmão que ande desordenadamente e não
segundo a tradição que de nós recebestes;
2Ts 3:7 pois vós mesmos estais cientes do modo
por que vos convém imitar-nos, visto que nunca
nos portamos desordenadamente entre vós,”
“2Ts 3:14 Caso alguém não preste obediência à
nossa palavra dada por esta epístola, notai-o;
123
nem vos associeis com ele, para que fique
envergonhado.”
Desta forma, observamos que Cristo não deixa
de ser paciente, longânimo, condescendente,
amparador e consolador em relação a todos os
cristãos, mas os submeterá à disciplina da
aliança
feita com
eles,
caso
andem
contrariamente ao modo que devem se
comportar, conforme revelado nas Escrituras.
124
Retorno à Vitalidade Original
Quando o Espírito Santo começou a ser
derramado em todas as nações, a partir de
Jerusalém, no dia de Pentecostes, havia grande
vitalidade na mensagem do evangelho que era
pregado e ensinado em todas as partes por onde
iam os apóstolos e os primeiros discípulos.
Isto ocorria porque a mensagem correspondia
exatamente ao ensino que havia sido dado por
nosso Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito Santo,
aos apóstolos.
Os erros e heresias que eram introduzidos
dissimuladamente por pessoas de mentes
corrompidas, não se sustentavam quando
confrontados com a verdade apostólica.
E isto pode ser visto especialmente nas muitas
epístolas e nos evangelhos canônicos, que
foram escritos para instruírem os cristãos
quanto ao caminho em que deveriam andar.
Assim, o retorno ao ensino dos escritos
apostólicos, constantes da Bíblia, sempre
garantiriam uma renovada vitalidade da
mensagem evangélica, que se refletiria no
testemunho de vida e fé dos cristãos, quando
estivesse ocorrendo qualquer forma de
arrefecimento.
Não basta termos a Bíblia em nossas
congregações.
Se a sua mensagem não for acatada e vivida, não
se verá qualquer vitalidade, quer na mensagem,
quer nas vidas dos cristãos.
125
Deus associou esta vitalidade espiritual à
ousadia e coragem de se testemunhar a fé
objetiva na Sua Palavra.
Não são portanto os movimentos de renovação,
restauração, reforma, ou quaisquer outros, que
são propriamente os canais do retorno à
vitalidade original do Cristianismo, mas a
afirmação da verdade nas vidas daqueles que
são levantados por Deus para este propósito.
Pedro Valdo, John Huss e John Wycliff, por
exemplo, inspiraram as vidas de muitos,
inclusive dos chamados reformadores que a
eles se seguiram.
Lutero, Calvino, Zwinglio e muitos outros,
foram pessoas chaves de Deus em seus dias.
Depois deles, vieram os pietistas e os puritanos.
Não eram movimentos revolucionários, mas
pessoas que haviam sido despertadas para a
necessidade de se viver a mensagem do
evangelho, do modo como ela nos é apresentada
na Bíblia, porque é ali que encontramos o ensino
de Jesus e dos seus apóstolos.
Vieram depois dos puritanos, John Wesley,
George Whitefield, Jonathan Edwards, Robert
Murray MacCheyne, e mais recentemente,
Charles Haddon Spurgeon e Martyn Lloyd
Jones, para não citar muitos outros.
Podemos ter toda a segurança e certeza, ao
estudar os escritos destes nomes citados, e
daqueles que estão a eles vinculados, que
estaremos bebendo na fonte da qual jorra a
verdade.
126
Não há vitalidade espiritual verdadeira quando
se bebe de outras fontes, das quais fluam
ensinos que não correspondam à verdade
original.
E o ensino desta verdade deve ser integral, ou
seja, deve formar santos.
Deve portanto ter caráter formativo e não
meramente informativo.
Estas coisas que formam tanto estão
relacionadas à doutrina sobre a pessoa e obra de
Jesus em favor dos pecadores (redenção,
justificação, regeneração e santificação), como
também os deveres morais e espirituais que
devem ser obedecidos e vividos, quer em
família, quer nas congregações, quer na
sociedade em geral.
Há sempre no ensino do Senhor e dos apóstolos,
esta conjugação de fé e graça, associada com os
deveres ordenados.
Por isso vemos tanto nos escritos apostólicos,
como nos de todos os homens de Deus, que
citamos anteriormente, esta integralidade em
seus estudos bíblicos e sermões.
Não
eram
pastores
preocupados
em
desenvolver um único texto bíblico ou um
determinado tema por eles escolhido, senão,
pessoas preocupadas em formar Cristo no
coração dos seus leitores e ouvintes.
Este é o único caminho que garante a renovação
da vitalidade espiritual onde ela houver
esfriado.
127
Não há outro e nem mesmo pode haver, porque
não há vida eterna e verdadeira fora da genuína
mensagem do evangelho.
128
O Evangelho Exige Moderação
“Seja a vossa moderação conhecida de todos os
homens. Perto está o Senhor.” (Filipenses 4.5)
Mesmo quando houve grande perseguição
contra os primeiros cristãos, nos dias
apostólicos, não houve qualquer tipo de zelo,
fervor, entusiasmo, da parte deles, para
defenderem o evangelho, contra a ação dos seus
perseguidores, que estavam levando muitos até
mesmo à morte.
Tal fervor carnal não seria aprovado por Deus, e
nunca será aprovado, porque sua ordenança é
que haja moderação em todas as ações dos
cristãos.
Nosso Senhor Jesus Cristo é manso e humilde de
coração.
Portanto, que falta de moderação poderia ser
aprovada naqueles que afirmam serem seus
seguidores?
O Espírito Santo mistura também todo o seu
poder, que nos é transmitido para a
proclamação do evangelho, mas sempre
misturado com amor e moderação (2 Timóteo
1.7).
Devemos então guardar nossos espíritos de
serem insuflados por todos os fanáticos de
plantão, que sempre existiram e sempre
existirão, para confundirem as mentes e
corações dos incautos, por lhes transmitir uma
imagem totalmente distorcida, que em nada
129
confere com Cristo e a sua genuína mensagem
evangélica.
130
Porque Necessitamos
Coração
Converter
o
Nosso
Achei muito interessante a mensagem extraída
de um suposto diálogo havido entre Moisés e
seu sogro Jetro, num filme sobre a vida de
Moisés.
Digo suposto, porque não há tal registro na
Bíblia, apesar de a ideia ser bíblica.
Moisés estava exaurido em julgar todas as
demandas que existiam entre os israelitas.
Então Jetro se aproximou dele, em sua tenda, e
lhe perguntou porque não constituía homens
sábios e tementes a Deus para lhe auxiliarem
naquela tarefa (até aqui confere com o registro
bíblico).
Ao que ele respondeu dizendo que temia que
pecassem contra o Senhor, e que cabia a ele,
como representante de Deus, assumir aquele
encargo para lhes ensinar o caminho em que
deveriam andar.
Jetro retrucou dizendo, que reconhecia que
Moisés era uma homem sábio e temente ao
Senhor, mas que o seu modo de agir jamais
poderia levar os israelitas a obedecerem a Deus
de coração, porque ao exigir obediência externa,
apenas segundo a Lei, estava na verdade
trocando um feitor do quilate de faraó, de cuja
escravidão haviam se livrado, por outro, a saber,
o próprio Jeová.
131
Por este caminho, segundo o Jetro do filme, eles
jamais reconheceriam que Deus é um Senhor
amoroso, bondoso, fiel e justo.
Eles teriam que aprender isto tendo a liberdade
de escolherem entre o bem ou o mal.
É justamente isto o que sucede na dispensação
da graça.
Jesus a ninguém impõe o seu jugo suave e o seu
fardo leve da obediência que Lhe é devida, por
força de argumento ou por obrigação.
Ou Lhe obedecemos de coração e por amor, ou
então não haverá qualquer obediência real
ocorrendo.
Por isso necessitamos que o nosso coração de
pedra seja convertido pela fé nEle, para que
possamos amá-lo do modo que convém, ou seja,
com a liberdade de verdadeiros filhos de Deus.
132
Tal Caminho, Tal Pessoa
“Continue o injusto fazendo injustiça, continue
o imundo ainda sendo imundo; o justo continue
na prática da justiça, e o santo continue a
santificar-se.” (Apo 22.11)
O fechamento das revelações do livro de
Apocalipse contém também esta mensagem
dada pelo Senhor Jesus Cristo através de um
anjo, ao apóstolo João.
O que daí se entende é que, quando se é injusto
e impuro, a tendência natural é permanecer
nesta condição, sendo cada vez mais injusto e
impuro.
E quando se é justo e santo, a força operante e
viva da graça de Jesus operará no sentido de que
se continue na prática da justiça e da santidade,
tornando-se cada vez mais justo e santo.
Isto é uma verdade que é comprovada na vida
prática de muitos.
Ninguém se faz santo da noite para o dia.
Todo grande santo foi pequeno no começo de
sua jornada cristã, do mesmo modo que um
grande malfeitor começa sua carreira
cometendo pequenos delitos.
Então, até que Cristo volte, esta será a condição
que sempre veremos neste mundo.
Os que se entregarem à causa da injustiça e da
impureza se tornarão grandes na mesma, assim
como aqueles que se interessam pela justiça e
133
pela santidade, virão a ser achados cada vez mais
justos e santos.
134
A Ênfase Deve Estar no Amor
Quando uma ortodoxia morta imperava na
maioria das congregações cristãs, Deus enviava
avivamentos para aumentar o zelo e fervor dos
cristãos, almejando tanto a conversão de almas,
quanto a edificação dos santos na verdade.
Os avivamentos puritanos, e posteriormente
com Jonathas Edwards (EUA), John Wesley,
George Whitefield (Inglaterra), por exemplo,
tiveram o mérito de manter o equilíbrio entre as
manifestações de poder sobrenaturais dos dons
espirituais, com a aplicação da Palavra de Deus
às vidas dos cristãos, para a sua transformação
pessoal.
Isto pode ser visto e comprovado em todos os
sermões que foram escritos por eles.
Posteriormente, quando houve o arrefecimento
dos efeitos destes avivamentos, entrou em cena,
primeiro o avivamento pentecostal, e
posteriormente o carismático.
O primeiro fez grande ênfase no batismo do
Espírito Santo, com evidência do dom de línguas
ou de profecia.
O segundo, como a semântica da própria palavra
“carismático” indica, fez ênfase em todos os
dons espirituais, porque a palavra carisma, no
original grego, se refere aos dons do Espírito
Santo.
Todavia, o exato significado bíblico da palavra
“amor” (ágape) ficou um pouco obscurecido,
por ser entendido como mero sentimento ou
135
afeto, e não como sendo as próprias virtudes de
Cristo (fruto do Espírito Santo) implantadas no
caráter do cristão, em plena comunhão com Ele.
Daí o apóstolo Paulo ter feito uma menção
especial ao amor, na seção relativa aos dons
espirituais em I Coríntios, o qual não foi ali
apresentado como um dom, mas como o
caminho sobremodo excelente em que todos os
cristãos devem andar, para o pleno agrado de
Deus.
Então são destacadas as características deste
amor, como sendo paciente, benigno, que tudo
sofre, espera, crê, e que folga com a justiça e
verdade evangélicas, e tudo o mais que se refere
à transformação pessoal do cristão até a sua
plena maturidade, à semelhança ao caráter do
próprio Senhor Jesus Cristo.
Foi o esquecimento desta parte essencial à vida
cristã, que sujeitou os cristãos de Éfeso à
reprimenda que lhes foi dirigida pelo Senhor,
porque estavam se aplicando somente às obras
do evangelho, sem serem transformados pelo
evangelho.
Assim, quando se fala em santificação, o que se
tem em foco, é sobretudo, colocar a ênfase não
nos dons, ainda que estes sejam importantes,
mas no amor de Cristo, tal como ele deve ser
entendido biblicamente.
Isto consiste em se renunciar às obras da carne,
em se crucificar o ego, em se despojar do velho
homem, para se revestir do novo, criado
segundo o poder de Jesus Cristo, pela
136
implantação das suas virtudes do amor, da fé, da
longanimidade, da paciência, da perseverança,
da misericórdia, da alegria, da paz, da bondade,
da benignidade, e de tudo o mais que faz parte da
Sua pessoa divina, e que nos é comunicado pelo
poder do Espírito, em obediência à Palavra de
Deus.
137
Concessão de Maior Capacitação mas não de
Menor Amor
Muitos cristãos lamentam o fato de nunca
conseguirem ter o mesmo nível de obediência
aos deveres ordenados por Deus em Sua
Palavra, que observam em outros irmãos em
Cristo.
Todavia, isto não deve ser motivo para
perderem a paz ou se sentirem menos amados
pelo Senhor.
A grande verdade é que Deus em Sua soberania,
a nem todos concedeu a mesma capacidade e fé
para poderem exercitar dons e serviços que
demandam uma maturidade e discernimento
espirituais elevados.
Obadias foi tão amado quanto Elias, mais jamais
teria a mesma estatura espiritual do profeta do
fogo e do trovão.
Muitos são pacientes na tribulação, mas não no
mesmo nível de Jó.
Por isso nos é ordenado o seguinte em Romanos
12.3-8:
Rom 12:3 Porque, pela graça que me foi dada,
digo a cada um dentre vós que não pense de si
mesmo além do que convém; antes, pense com
moderação, segundo a medida da fé que Deus
repartiu a cada um.
Rom 12:4 Porque assim como num só corpo
temos muitos membros, mas nem todos os
membros têm a mesma função,
138
Rom 12:5 assim também nós, conquanto muitos,
somos um só corpo em Cristo e membros uns
dos outros,
Rom 12:6 tendo, porém, diferentes dons
segundo a graça que nos foi dada: se profecia,
seja segundo a proporção da fé;
Rom 12:7 se ministério, dediquemo-nos ao
ministério; ou o que ensina esmere-se no fazêlo;
Rom 12:8 ou o que exorta faça-o com dedicação;
o que contribui, com liberalidade; o que preside,
com diligência; quem exerce misericórdia, com
alegria.
139
Não se Condenar no que Aprova
“A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante
Deus. Bem-aventurado é aquele que não se
condena naquilo que aprova.” (Rom 14:22)
O apóstolo Paulo proferiu estas palavras no
contexto do seu ensino sobre o modo com o qual
os cristãos devem se comportar quanto ao
relacionamento com irmãos de hábitos
diferentes de vida, naqueles pontos que não
configuram doutrina diretamente revelada na
Palavra de Deus.
Nisto se enquadram costumes culturais e
entretenimentos não pecaminosos, hábitos
alimentares, e tudo o mais que possa ser
diferente entre os nossos gostos e os dos nossos
irmãos.
Geralmente
há
uma
tendência
para
considerarmos que o único modo de viver
correto é o nosso, e tentamos impor isto aos
outros, ou então julgá-los por esta medida
errada e estreita.
Então o apóstolo nos ensina que a fé que temos
quanto ao modo pelo qual importa viver deve ser
reservada somente para nós mesmos, e isto
diante de Deus, para que Ele possa julgar se
aquilo que consideramos aprovado, o é de fato.
Porque não é incomum que muitas vezes nos
condenemos naquilo que costumamos aprovar
no nosso comportamento, porque pode ser na
verdade, algo que é reprovado por Deus.
140
E ainda que fosse aprovado, mas se tentássemos
impor o nosso modo de ser como norma de fé e
conduta para um irmão que viesse a se
escandalizar com tal imposição, estaríamos nos
condenando diante de Deus, porque Ele não
pode aprovar de nenhum modo, que sejam
produzidas rupturas na comunhão em amor no
corpo de Cristo, por causa da nossa falta de
sabedoria e obediência a este princípio bíblico,
de a tudo renunciarmos por amor aos irmãos.
141
O Ponto Mais Difícil da Vida Cristã
“Exortamo-vos, também, irmãos, a que
admoesteis os insubmissos, consoleis os
desanimados, ampareis os fracos e sejais
longânimos para com todos.” ( I Tes 5.14)
“E compadecei-vos de alguns que estão na
dúvida;
salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a
outros, sede também compassivos em temor,
detestando até a roupa contaminada pela
carne.” (Jud 1.22,23)
“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma
falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com
espírito de brandura; e guarda-te para que não
sejas também tentado.
Levai as cargas uns dos outros e, assim,
cumprireis a lei de Cristo.” (Gál 6.1,2)
Eis aí, a norma bíblica expressada em poucas
passagens, dentre muitas, baseadas no ensino
de nosso Senhor Jesus Cristo quanto ao dever de
se amparar os que são fracos no Seu corpo, em
vez de criticá-los, condená-los, excluí-los, ou de
se proceder em relação a eles de algum modo
diferente do que é ordenado por Deus.
Nisto reside a grande dificuldade de muitos, que
considerando-se melhores ou mais espirituais
do que os que são fracos, desanimados, que têm
até mesmo dúvida acerca da sua salvação,
142
tornam-se incapazes de cumprir o mandamento
da misericórdia, da longanimidade e do amor,
em razão de um exagerado zelo pela santidade
de Deus, que lhes torna intolerantes com as
fraquezas que observam em seus irmãos na fé.
Mesmo quando há real motivo para a aplicação
de correção, a norma é que se faça isto com
espírito de brandura, e com a disposição de
amparar e carregar as cargas dos que estão
fracos; porque é nisto que se cumpre a lei de
Cristo relativa ao amor mútuo.
Quão difícil é se aprender isto!
Quão intolerantes somos por natureza, e
necessitados de aprender a viver de um modo
não afetado, que não nos leve a julgar e
condenar os faltosos, e sim a ajudá-los.
O corpo de Cristo é composto por uma minoria
de pessoas que são chamadas por Ele para
assumirem grandes responsabilidades, mas isto
é feito segundo a medida de fé, e segundo a
capacidade de cada um.
A estes muito será cobrado por Deus, em razão
do muito que lhes foi dado.
Todavia, aos que são fracos, que estão
desanimados, que estão na dúvida, por que
pouco têm recebido de dons, capacitações e
serviços espirituais, da parte de Deus, pouco
também lhes será cobrado, porque o Senhor é
misericordioso e justo, e o seu jugo é leve e
suave.
Muitos estão sofrendo porque se sentem
inadequados em relação ao corpo de fiéis em
143
sua congregação, por julgarem que não estão
sendo obedientes em relação às suas obrigações
relativas à obra de Deus.
Mas, se não foram chamados por Ele para
ministrarem ao corpo, não deveriam ser
cobrados, e nem sequer se sentirem
condenados.
Por exemplo, não são poucas as mulheres que
foram chamadas a serem apenas boas esposas e
mães, cuidando de seus lares e educando seus
filhos a andarem no caminho do Senhor.
Não foram chamadas para ministrarem ao
corpo como professoras de classes de estudo ou
para qualquer outra forma de ministração.
Não deveriam portanto se sentirem acusadas,
conforme costuma ocorrer, a ponto de
perderem a alegria e a paz, no Senhor.
Não devemos ultrapassar o que está escrito na
Palavra.
Ao contrário, devemos ter a sabedoria de
reconhecer que há muitos membros no corpo
de Cristo e que nem todos têm a mesma função.
Não podemos criar sequer expectativas além
daquilo que tiver sido determinado por Deus,
que reparte dons, capacitações e serviços, a cada
um, para o que for útil, segundo a Sua exclusiva
soberania.
Não desejemos portanto ver todos no mesmo
nível de espiritualidade, em cada congregação
local.
Onde estaria o fraco para nos exercitarmos na
prática do amor e da longanimidade?
144
Cheguemos à sensatez de não somente
conhecer, mas de aplicar na prática, em nossa
convivência cristã, a necessidade de vivermos
em harmonia e em paz com todos aqueles que
foram recebidos por Deus como filhos amados.
Se o Senhor Jesus os tem recebido, quem será
mais poderoso do que Ele para rejeitá-los?
145
Lições em Ziclague
O drama de Ziclague começou quando Davi era
perseguido pelo rei Saul, e disse que
precipitadamente:
“Disse, porém Davi consigo mesmo: Pode ser
que algum dia venha eu a perecer nas mãos de
Saul; nada há, pois, melhor para mim do que
fugir para a terra dos filisteus;” (I Sm 27.1).
Enfraquecido pelas sucessivas perseguições, e
abatido em sua alma pela pressão que
certamente os espíritos das trevas estavam
fazendo, aproveitando-se da oportunidade
favorecida pelas suas muitas tribulações, Davi
foi se refugiar junto aos filisteus, e recebeu do
rei deles a cidade de Ziclague, para nela habitar
com seus companheiros de luta e seus
respectivos familiares.
Os amalequitas puseram fogo à cidade e
sequestraram as mulheres e as crianças quando
Davi e seus homens se encontravam ausentes.
Davi não achou alívio e segurança em Ziclague,
conforme havia pensado, e por isso se entregou
a grande depressão de alma e espírito por algum
tempo.
Todavia ele recobrou a sua fé e confiança no
Senhor e foi fortalecido para vencer os
amalequitas, e tomar de volta tudo o que seus
inimigos haviam furtado.
Muito bem! Quais são as principais lições que
podemos aprender com o relato bíblico relativo
a Ziclague?
146
Primeiro. Que não devemos afirmar uma
possível vitória dos nossos inimigos como Davi
havia feito em relação às perseguições injustas
de Saul (I Sm 27.1).
Coisas do tipo: “Meu filho vai acabar fazendo
uma coisa ruim!”. “Este nosso empenho pode
estar fadado ao fracasso!”. “O mal no mundo é
tão grande que vou acabar sendo atingido por
ele de modo fatal!”.
Isto é na verdade, atribuir incapacidade e
impotência a Deus para cuidar de nós.
Isto é falta de fé, e grande desonra ao Seu grande
Nome.
Em segundo lugar, nunca devemos fugir dos
nossos problemas, como fizera Davi.
Enquanto estava em Israel se encontrava em
segurança, porque a Palavra registra que Deus
não permitiria que Ele fosse entregue nas mãos
de Saul.
Pressionado pelas circunstância ele fez o que
parecia ser o mais racional e lógico, todavia, não
era a vontade der Deus para ele.
Assim, em vez de paz, tal como ele,
acrescentaremos dores e problemas, aos que já
temos, quando buscarmos ter paz nos retirando,
e procurando nos alienar da realidade que
estiver nos pressionando.
E finalmente, talvez a parte mais difícil, é a de
recobrarmos força e ânimo para orarmos a
Deus, pedindo-lhe que nos socorra e que nos
capacite a fazer tudo o que for necessário para
voltarmos à vida normal de atividades,
147
especialmente as relativas aos interesses do Seu
Reino.
Dizemos que é difícil, porque o espírito abatido
não quer ser consolado, e muito menos achar
forças para que levantemos para prosseguir a
nossa jornada na luta diária.
Todavia, é necessário fazê-lo, estando dispostos
ou não, porque enquanto não orarmos, o abismo
poderá ficar cada vez mais profundo, e nossa
alma se afundará em tristezas contínuas, em vez
de se erguer em alegria e paz pelo poder do
Senhor.
Se orarmos Deus nos ajudará e nos levantará
conforme nos tem prometido em várias porções
da Sua Palavra, como por exemplo a do Salmo
50.15.
148
Não Recusar o Consolo Disponível
Problemas os temos aqui neste mundo, de
sobra.
Mas poderemos contar muito mais dias de
alegria do que de amargura e de tristeza.
Importante é não rejeitarmos o consolo eficaz
que Jesus deseja nos dar, conforme podemos ver
no exemplo do modo como ele lidou com as
irmãs de Lázaro, antes de ressuscitá-lo.
Quando Jesus chegou em Betânia, o corpo de
Lázaro se encontrava sepultado há quatro dias.
Sabendo que Ele havia chegado Marta se
apressou em se encontrar com Ele, antes
mesmo de entrar na aldeia onde ela morava.
Ali, ainda longe da sua casa onde as pessoas
estavam ainda enlutadas pela morte de seu
irmão, juntamente com sua irmã Maria, teve
uma breve entrevista com Jesus e lhe disse que
caso Ele estivesse presente, Lázaro não teria
morrido; e que sabia que tudo que Jesus pedisse
a Deus Ele lhe concederia.
Diante desta afirmação de fé, que ela
certamente recebeu do alto, na convicção de
que Jesus faria algo extraordinário, mas não
cogitou tanto a ponto de que Ele iria ressuscitar
seu irmão ainda naquele dia, porque quando
Jesus lhe disse que Lázaro haveria de
ressuscitar, ela afirmou que sabia que isto
aconteceria na ressurreição do último dia,
conforme está prometido a todos os cristãos que
morrem no Senhor, de terem seus corpos
149
ressuscitados no dia do arrebatamento da
Igreja.
Ela havia dito uma verdade, e Jesus comprovaria
esta verdade ressuscitando Lázaro, para
mostrar que Ele tem de fato o poder de trazer os
corpos que morreram de novo à vida.
Assim, disse a Marta que de fato, Ele é a
ressurreição e a vida, e que aquele que nEle crê,
ainda que esteja morto, viverá, e que todo aquele
que vive, e que creia nEle, nunca morrerá.
Em seguida perguntou a Marta se ela cria nisto.
Ela respondeu sabiamente dizendo que cria que
Ele é o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao
mundo.
Com esta sua declaração ela fez uma afirmação
de fé de que tudo é possível ao Senhor, porque
nada é impossível para o Messias, para o Filho
de Deus que deveria vir ao mundo para
restaurar todas as coisas.
Jesus queria falar também separadamente com
Maria, e por isso permaneceu no lugar onde se
encontrava, fora da aldeia, e pediu a Marta que
chamasse Maria em segredo para vir ter com
Ele.
Maria se apressou em ir ter com o Senhor, mas
muitos que estavam na casa pensando que ela
iria para o local do túmulo de Lázaro para
chorar, saíram logo depois dela para confortá-la.
Quando Maria chegou ao lugar onde Jesus
estava lançou-se aos seus pés dizendo que caso
ele estivesse com eles, Lázaro não teria morrido.
150
Ela conhecia a virtude sobrenatural que Jesus
possuía para curar toda sorte de enfermidades,
e fez esta límpida declaração de fé, da plena
confiança que ela tinha no Seu poder.
Não é de se estranhar porque é dito que Jesus
amava aquela família.
O Senhor ama de um modo especial a todos que
têm esta qualidade de fé na Sua pessoa, como a
que Marta e Maria haviam demonstrado, e que
certamente era o mesmo tipo de fé que habitava
em Lázaro.
Eles honravam a Jesus com a sua fé, e não foi por
acaso que Deus escolheu aquela família para
também honrar a fé deles com o milagre da
ressurreição de Lázaro.
Nós vemos então o Senhor compartilhando
privadamente o que faria àquelas duas gigantes
da fé.
Uma grande fé será também grandemente
honrada pelo Senhor.
Ele nos fará saber disto de maneira íntima
falando ao recôndito dos nossos corações.
O Senhor nos separará do meio da multidão e
nos consolará em particular.
Ainda que saiba que expulsará os nossos
problemas para bem longe de nós, Ele primeiro
nos fortalecerá e consolará, para que saibamos
que tudo quanto necessitamos é da força da Sua
graça.
151
Vede como Andais
“Portanto, vede prudentemente como andais,
não como néscios, e sim como sábios,” (Ef 5.15)
Nós não vemos na Bíblia Deus sempre dizendo:
“Vocês são muito amados!”.
Também vemos suas palavras com o seguinte
teor: “Não tenho me agradado deles; visitarei
suas iniquidades; retribuirei todo o mal que
fizeram...” e outras palavras de juízo e
desaprovação como estas.
Ele galardoa o bem, e sempre reprova o mal.
Não é portanto sábio pensar que Deus não se
importa com os nossos pecados, e a nossa falta
de interesse de fazer progresso em santificação.
Assim como Ele justifica e perdoa, também
julga e corrige.
É um Pai perfeitamente justo, amoroso,
bondoso, santo e disciplinador.
E como não ponderaríamos o nosso modo de
caminhar diante dEle e de toda a Sua vontade,
conforme no-la revelou na Bíblia?
152
Não Tenho Pressa
Tenho más e boas lembranças do passado, mas
no que isto conta para o desfrutar a vida?
O que passou, passou.
A vida é vivida no presente, que sempre escoa.
Como as águas do rio que seguem adiante e já
não podem voltar atrás.
Por isso a eternidade é um eterno presente,
porque é vida que não mais acaba.
Não tenho portanto pressa, como costumava ter
antes, de querer aproveitar a vida ao máximo
antes que chegasse a velhice e já não tivesse
mais gosto pelas coisas intensas da juventude.
Envelheci, o tempo passou, e sou o que sou
agora, tanto quanto serei o que serei depois.
Sempre no presente que estiver vivendo.
E como com Cristo a vida não termina, e é
sempre melhor a cada novo presente que se me
acena, para que teria então a pressa de querer
aproveitar a vida por temer um futuro que
poderia ser inseguro e incerto?
153
Paciência com os Que Não Têm Paciência
Imagina só este quadro:
“Doutor! Estou muito doente. Preciso de ajuda!”
Aí o doutor fala:
“Olhe para mim! Seja como eu, plenamente
saudável!”
Nenhum diagnóstico foi feito e nem receitado
qualquer medicamento ou tratamento eficaz.
Pode parecer uma grande impossibilidade, mas
na verdade, este quadro se repete todos os dias e
todas as horas no relacionamento interpessoal.
Há muitas pessoas que precisam ser ajudadas,
em vez de lhes dizermos que devem ser como
nós, isto, se nós mesmos também não
estivermos precisando de ajuda.
Estes são os que não têm paciência com quem se
deveria ter paciência.
Muito mais do que não terem paciência, têm
mesmo é indignação moralista, legalista, que
condena os outros por não serem tão
“perfeitos”, “bons” e “santos” como eles.
Graças a Deus que não encontramos este tipo de
exemplo em Jesus Cristo.
O qual é o médico amado de milhões de almas
adoentadas, e que faz o diagnóstico adequado,
amoroso e não condenatório, específico para
cada tipo de ajuda que seja necessária.
Então peçamos também a Ele que nos ajude a ter
paciência com quem não tem paciência com
aqueles que deveriam ser alvo da sua paciência,
154
porque, no final das contas, ainda que não o
saibam, também necessitam ser ajudados pelo
Senhor.
155
Mais do Que Vencedores
Como Davi, devemos sempre estar seguros de
que Deus está sempre ao nosso lado.
Deus nos ajuda, livra, protege, instrui, dirige,
supre, enfim, é nele que temos a certeza e a
confiança da vida eterna, que vence todas as
circunstâncias que poderiam nos conduzir à
incredulidade.
Tentar tocar a vida sem Deus é suicídio
espiritual diário.
Como poderemos triunfar sem orar?
Como poderemos caminhar em paz sem ter
entrado em comunhão com o Senhor, pela
oração, antes de iniciar nossas atividades?
Com oração e comunhão, vencemos.
Sem isto, somos derrotados.
E esta verdade é vista na experiência prática da
vida cotidiana.
Deixe-nos então orar, louvar, servir ao Senhor,
segundo a sua Palavra e vontade, e
entenderemos então o significado bíblico de
que em Cristo somos mais do que vencedores.
156
Deve Bater Repetidamente como o Martelo
Quando Deus planejou nos dar a Bíblia, Ele fixou
vários exemplos práticos e ordenanças para que
pudéssemos conhecer a real extensão dos danos
que são produzidos pelo pecado.
Se este conhecimento não fosse tão importante,
nós não teríamos a Bíblia com tantas páginas
escritas para nos mostrar não apenas estes
danos, como também o que é necessário para
nos prevenir deles, e sermos curados, pelo
único caminho vivo e santo que é nosso Senhor
Jesus Cristo.
Deste modo, se quisermos achar vida eterna e
paz para as nossas vidas, devemos buscá-las
apenas na Bíblia, que é a revelação escrita da
verdade divina.
Porque foi somente nela que Deus decidiu nos
ensinar acerca da verdade.
Não se acharia em Samaria, ou em qualquer
outra nação da terra, porque Deus determinou
trazer a salvação ao mundo a partir de Israel.
Ele é soberano em suas decisões e nada e
ninguém pode mudar os seus caminhos e
planos.
Por isso é a Palavra de Deus deve bater
repetidamente em nossos corações de pedra
como um martelo, para que possam ser abertos
caminhos para a entrada da sua graça salvadora
e abençoadora.
157
Quebrado para Ser Levantado
“Antes de ser afligido, andava errado, mas agora
guardo a tua palavra.” (Sl 119.67)
Todo aquele que ama a Deus, chegará ao
entendimento, assim como Davi chegou no
passado,
que
muitas
situações
que
experimentamos em nosso viver, e que a
maioria classifica de infortúnio, catástrofe e
ponto negativo a ser contado contra nós, na
verdade, estas experiências são muitas vezes,
permissões de Deus para que sejamos
quebrados em nosso endurecimento e altivez, e
uma vez, chegando a conhecer quem somos de
fato (fracos, pecadores, imperfeitos), nos
arrependamos e nos voltemos para o Senhor em
busca de auxílio e transformação.
Então, aquilo que o mundo considera uma
desgraça, aos olhos de Deus é a grande
oportunidade para recebermos a partir de
então, a verdadeira graça.
É comum nos contentarmos com um
comportamento que seja mera e socialmente
aprovado, quando na verdade, continuamos
sendo pessoas que caminham afastadas do
cumprimento da palavra de Deus.
Daí ter dito o salmista, que reconhecia que
andava errado, até o dia em que foi afligido, e
que desde então passou a guardar a palavra do
Senhor.
158
O Deus que é o amor e a verdade, não pode estar
satisfeito conosco, a menos que andemos
também no amor e na verdade.
Por isso interpõe as provações, as aflições, as
tribulações, no nosso viver, para que possa
expurgar de nós, tudo aquilo que lhe desagrada,
quando recorremos ao poder da sua
maravilhosa graça, de modo que possamos
caminhar em Jesus Cristo, que é o caminho e a
verdade e a vida eterna.
159
Um Passo Muito Além
Não proferir palavras de racismo, de
preconceito, ou de qualquer tipo de ofensa, é
ainda muito pouco, porque é possível continuar
sendo o que não se disse, no coração.
Falar bem da Lei não é suficiente, porque é
possível
transgredi-la
até
mesmo
no
pensamento.
Por isso disse Cristo, que a verdadeira justiça
deve exceder e em muito a que é baseada
somente no cumprimento externo da Lei.
Porque não se consegue honra, amor, respeito,
verdade, justiça, paz, perdão, por decreto, mas
pela transformação da mente e do coração.
Que se cumpra e que se ensine a Lei, mas que se
dê este passo que vai muito além.
“Mateus 5:19 Aquele, pois, que violar um destes
mandamentos, posto que dos menores, e assim
ensinar aos homens, será considerado mínimo
no reino dos céus; aquele, porém, que os
observar e ensinar, esse será considerado
grande no reino dos céus.
Mateus 5:20 Porque vos digo que, se a vossa
justiça não exceder em muito a dos escribas e
fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.”
160
Quem Ama as Trevas Odeia a Luz
Por que uma oferta tão maravilhosa, que é para
o bem eterno de nossas almas, inclusive para o
bem presente, é tão resistida e rejeitada?
Por que a mensagem do convite relativo a esta
oferta é tão odiada?
Alguém pagou o preço terrível e muito grande
para que recebêssemos todo este bem eterno e
infinito, inteiramente de graça.
E o que se costuma fazer quanto a isto?
Pisa-se e cospe-se neste grande sacrifício, e
afirma-se a própria vaidade e capacidade.
Todavia, todos os que amam realmente a justiça,
a paz e a verdade, aceitam com humildade e
gratidão esta bendita oferta, e aceitam também
que isto deve ser feito com a transformação de
seus corações.
Reconhecem que não é possível receber a
verdadeira luz, enquanto se insiste em viver nas
trevas, na ignorância relativa à santidade, e na
prática da iniquidade.
“João 3:16 Porque Deus amou ao mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna.
João 3:17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao
mundo, não para que julgasse o mundo, mas
para que o mundo fosse salvo por ele.
161
João 3:18 Quem nele crê não é julgado; o que não
crê já está julgado, porquanto não crê no nome
do unigênito Filho de Deus.
João 3:19 O julgamento é este: que a luz veio ao
mundo, e os homens amaram mais as trevas do
que a luz; porque as suas obras eram más.
João 3:20 Pois todo aquele que pratica o mal
aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de
não serem arguidas as suas obras.
João 3:21 Quem pratica a verdade aproxima-se da
luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas,
porque feitas em Deus.”
162
A Paz é Fruto do Andar em Justiça
Deus ama e aprova a verdadeira conversão, que
sempre é pela fé, e segundo o arrependimento,
e seguida pela santificação da vida, pela Sua
Palavra, no poder do Espírito.
Deste modo, correm grande perigo tanto os que
ofertam quanto os que procuram consolos
baratos de paz e alívio, como se depreende
destas palavras de repreensão do Senhor, dadas
através do profeta Jeremias:
Jeremias 6:13 porque desde o menor deles até ao
maior, cada um se dá à ganância, e tanto o
profeta como o sacerdote usam de falsidade.
Jeremias 6:14 Curam superficialmente a ferida
do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há
paz.
Jeremias 6:15 Serão envergonhados, porque
cometem abominação sem sentir por isso
vergonha; nem sabem que coisa é envergonharse. Portanto, cairão com os que caem; quando eu
os castigar, tropeçarão, diz o SENHOR.
Jeremias 6:16 Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à
margem no caminho e vede, perguntai pelas
veredas antigas, qual é o bom caminho; andai
por ele e achareis descanso para a vossa alma;
mas eles dizem: Não andaremos.
Jeremias 8:9 Os sábios serão envergonhados,
aterrorizados e presos; eis que rejeitaram a
163
palavra do SENHOR; que sabedoria é essa que
eles têm?
Jeremias 8:10 Portanto, darei suas mulheres a
outros, e os seus campos, a novos possuidores;
porque, desde o menor deles até ao maior, cada
um se dá à ganância, e tanto o profeta como o
sacerdote usam de falsidade.
Jeremias 8:11 Curam superficialmente a ferida
do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há
paz.
Jeremias 8:12 Serão envergonhados, porque
cometem abominação sem sentir por isso
vergonha; nem sabem que coisa é envergonharse. Portanto, cairão com os que caem; quando eu
os castigar, tropeçarão, diz o SENHOR.
164
Navegando com Segurança no Mar da Vida
Estamos navegando num
ignorância de Deus, e de
tivermos um farol que
segurança ao porto da
perdidos.
mar de trevas de
maldade, e se não
nos conduza em
salvação, estamos
Quem nos aponta a direção entre as trevas, é o
evangelho, que é o verdadeiro farol da vida, e
não de uma vida natural, de uma vida qualquer,
mas da vida espiritual, celestial e eterna.
Portanto, se não cremos na mensagem do
evangelho,
permanecemos
mortos
espiritualmente, em delitos e em pecados.
E qual é a razão disto?
Simplesmente porque o único modo de se achar
a vida eterna é crendo na verdade e justiça
reveladas no evangelho.
Obviamente, no único e verdadeiro evangelho.
Se cremos em algo diferente, permanecemos
perdidos.
Deus só pode ter a sua justiça satisfeita, que
exige de nós plena conformidade à sua
santidade, quando reconhecemos que sem
Cristo, sem a sua justiça, estamos mortos em
165
espírito, e não podemos de nenhum modo,
estarmos unidos a Deus em espírito.
Deus somente poderia sentenciar a nossa culpa,
e executar a sentença condenatória que repousa
sobre nós, transferindo a nossa culpa para o
próprio Cristo, e descarregando sobre ele toda a
sua ira contra o pecado, em sua morte na cruz.
É crendo na verdade de que aquele morte foi a
minha própria morte, que era eu quem estava
sendo castigado em Cristo pelo meu pecado,
que a minha culpa pode ser removida, e assim,
ser declarado perdoado e justificado por Deus.
E isto é totalmente por graça e por fé.
Tentemos lhe acrescentar algo, como até
mesmo as minhas boas obras, para que seja
salvo por elas, e com isto anulo os méritos de
Cristo, a sua morte na cruz, a minha própria
morte com ele, e assim, permaneço perdido e
sob a condenação da Lei.
Porque há somente um modo de ser livrado da
justa condenação da lei de Deus, que é o de
morrer para ela, sendo considerado como
morto juntamente com Cristo em sua morte
substitutiva.
Este é o evangelho no qual devermos crer.
166
É o único farol que nos indica com segurança o
caminho da salvação e da vida eterna.
É a única luz verdadeira apontando para a
direção correta, entre tantas luzes foscas e
enganosas.
É o único farol que pode conduzir o barco da
minha vida em segurança para o céu, em meio
às densas trevas da ignorância e da maldade
deste mundo.
167
Removendo o Mal da Fonte
É uma tentação muito grande neste nosso
mundo mau, onde há tanta iniquidade e
violência, fazer de conta que tudo é
maravilhoso, e que o mal não é real.
Mas é muito melhor encarar o mal de frente, e
no poder de Deus repreendê-lo, para que se
afaste nós?
Afinal não nos ensinou o Senhor na oração do
Pai Nosso, a pedir a Deus que nos livre do mal?
Decerto não removeremos todo o mal que há no
mundo, porque para isto, seria necessário
destruir a sua fonte, na qual habita o pecado, e,
tragicamente, esta fonte somos nós.
Por isso Deus tem estabelecido um plano, de
remover o mal dessa fonte, e transformar a
muitos em fontes do bem, por meio da fé em
Jesus.
168
Afligidos na Luta Espiritual
Deus exige de nós que tenhamos um
procedimento justo e santo constante.
Todavia não será por confiarmos no nosso bom
procedimento que poderemos prevalecer sobre
as oposições dos espíritos das trevas.
Ao contrário, eles nos atacarão tanto mais
quanto mais nos santificarmos.
É somente no Senhor Jesus Cristo, nos Seus
méritos, e na força do Seu poder, que deve
repousar a nossa confiança.
É por vigiar o mundo espiritual, que geralmente
se manifesta produzindo abatimento e fraqueza
em nosso ânimo, e consequentemente um
espírito ansioso e turbado, que podemos
identificar estes ataques das trevas.
Pela oração e fé no Senhor sempre os
venceremos para achar graça e paz para os
nossos corações.
Esta batalha pode se intensificar ou se abrandar,
conforme as provas que Deus permita que
experimentemos para o nosso amadurecimento
espiritual.
Não consideremos o bom combate da fé, no qual
não há tréguas, como se fosse algo muito
estranho que esteja acontecendo, porque todos
os que andarem fielmente em comunhão com
Jesus Cristo, passarão por esta experiência.
“1Pe 4:12 Amados, não estranheis o fogo
ardente que surge no meio de vós, destinado a
169
provar-vos,
como
se
alguma
coisa
extraordinária vos estivesse acontecendo;
1Pe 4:13 pelo contrário, alegrai-vos na medida
em que sois coparticipantes dos sofrimentos de
Cristo, para que também, na revelação de sua
glória, vos alegreis exultando.
1Pe 4:14 Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados,
bem-aventurados sois, porque sobre vós
repousa o Espírito da glória e de Deus.
1Pe 4:15 Não sofra, porém, nenhum de vós como
assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como
quem se intromete em negócios de outrem;
1Pe 4:16 mas, se sofrer como cristão, não se
envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com
esse nome.”
170
As Faculdades do Espírito
Nós lemos em Hebreus 4.12 que a Palavra de
Deus separa a alma do espírito, ou seja, alma e
espírito são duas realidades que formam uma
unidade, mas que são de naturezas diferentes.
Enquanto não tivermos um entendimento
espiritual adequado, jamais poderemos saber
qual é o modo de vida que é realmente esperado
de Deus, de nós.
Porque a Bíblia insistentemente nos aponta o
dever de sermos espirituais, e de não vivermos
dirigidos pela maneira de viver pela alma.
Para não nos alongarmos por demais,
consideremos que Deus é espírito, e que Ele
colocou o espírito no homem para que este
vivesse segundo o Espírito e não segundo a
carne, ou seja, sua natureza terrena decaída no
pecado, segundo as paixões de sua alma.
Diz-se também na Bíblia que Deus é amor.
Ora, ao se fazer tal afirmação, o que se quer
confirmar são as faculdades, os atributos do
espírito, porque o amor ágape é exclusivo da
natureza de Deus e daqueles que compartilham
tal natureza.
Em I Coríntios 13, o apóstolo Paulo destaca
alguns destes atributos do amor, que são por
conseguinte, faculdades do espírito.
E dentre estas se ressalta a paciência cristã, a
benignidade manifestada em meio a toda sorte
de sofrimentos, a alegria exclusiva com a
171
verdade e a justiça, e isto, certamente, só pode
existir em quem vive no espírito e não na carne.
Em Gálatas 5, o mesmo apóstolo, cita o fruto do
Espírito Santo, ou seja, estes atributos a que nos
temos referido, que pertencem somente ao
espírito, e não à alma ou ao corpo físico.
Ali se destaca o próprio amor ágape, a bondade,
a perseverança, o domínio próprio, a
benignidade, a fé, a paz, a alegria, a
longanimidade, e podemos dizer que todas as
virtudes de Cristo, são espirituais, celestiais e
eternas, não desta natureza.
Elas serão vistas em nós, somente quando
formos habitados ricamente pela Palavra de
Deus, em procedimento santo, andando no
Espírito Santo, porque é isto o que aviva e
santifica o nosso espírito.
172
Conhecimento Real do Deus Vivo
Quando pensamos em Deus apenas como um
poder, ou mesmo como uma pessoa, como Ele é
de fato, mas, desejando somente obter dele
proteção, bens materiais, alívio de problemas ou
qualquer outro interesse que tenhamos,
ficamos muito longe do propósito para o qual
fomos criados por Ele.
É muito fácil entendermos isto, até mesmo com
argumentos racionais, ou seja, sem que
necessitemos de alguma revelação espiritual
especial.
Expliquemos com a seguinte ilustração:
É possível conhecermos e termos uma amizade
íntima com uma pessoa da qual esperássemos
apenas benefícios, com o comportamento que
acabamos de descrever anteriormente?
Caso não nos empenhássemos com diligência e
interesse em conhecê-la, a sua personalidade,
seus atributos, seus desejos e modo de ser, seria
possível sermos seus amigos íntimos?
Pois bem! Muitos fazem isto em relação a Deus,
porque não entendem que o Seu agrado por nós,
somente poderá existir caso nos disponhamos a
ser Seus amigos, e conhecê-lo tal como Ele é,
conforme se revelou na Bíblia.
E o que está registrado na Bíblia, passa a ser
parte da nossa experiência real, porque Deus é
pessoal, vivo, e somente pode ser conhecido
caso nos relacionemos com Ele em espírito.
173
Semeando com Lágrimas
Semeamos com muitas lágrimas nos solos secos
de corações endurecidos pelo pecado.
Nossas lágrimas traduzidas em intercessões a
Deus em favor deles, lhes ajudarão a serem
arados e umedecidos para receberem a
semente da Palavra do Evangelho.
Estes solos estão sedentos pela água viva do
Espírito Santo.
Como o Evangelho é uma grande e maravilhosa
notícia, ele será como água fria e fresca para as
almas sedentas da justiça divina.
É em meio às tristezas produzidas pelo pecado
que nossas lágrimas serão transformadas em
alegria, quando tivermos a colheita de almas
libertadas pelo poder Deus.
“Os que com lágrimas semeiam com júbilo
ceifarão.
Quem sai andando e chorando, enquanto
semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus
feixes.” (Salmo 126.5,6)
174
Dando a Vida Pelos Irmãos
O apóstolo João diz em sua primeira epístola que
assim como Cristo deu a sua vida por nós,
também devemos dar a nossa pelos irmãos.
Paulo afirma várias vezes em suas epístolas que
se gastava, que morria diariamente, por amor
aos eleitos.
De fato, todos aqueles que servem fielmente a
Jesus Cristo, oferecem suas vidas como
sacrifícios vivos, e são reputados como ovelhas
para o matadouro, porque o serviço fiel por
amor ao próximo, sempre atrairá muitos
ataques dos poderes das trevas sobre suas vidas,
e estes ataques lhes infligirão muitas vezes
abatimentos e tristezas de alma que equivalem à
tristeza que sente pela morte.
Além disso, quantas renúncias terão que fazer
para permanecerem fiéis.
O ministério e exercício dos dons espirituais
demandarão até mesmo o abandono de coisas
que seriam lícitas em outros, ou no passado,
quando não serviam de modo consagrado ao
Senhor, mas que agora seriam coisas
inconvenientes à vista de muitos, e certamente
seriam geradoras de escândalos, apesar de não
serem pecaminosas em si mesmas.
Todavia, os que assim vivem acharam a
verdadeira vida, o rio de água viva que flui
continuamente em seus corações para a vida
eterna.
175
Nada lhes faz mais felizes do que se gastarem
por amor ao Senhor e ao próximo.
Desapegaram-se de seus egos e perderam suas
vidas antigas egoístas, e acharam a vida que
jamais passará e que é movida e alimentada pelo
amor do Senhor.
176
Sempre Chegará a Hora da Paz e da Alegria
Nós nos sentimos como pessoas que sonham,
quando recebemos boas notícias em meio aos
nossos vales de aflição.
Chegamos até mesmo a pensar que não estamos
acordados quando estas notícias são muito boas
para nós e para aqueles aos quais amamos.
Oh! Quão grande é o alívio e a alegria,
especialmente quando somos livrados das
forças que nos oprimiam a alma.
E quão maior é ainda a nossa alegria e paz
quando sabemos que isto nos veio de forma
milagrosa da parte do Senhor Jesus.
As forças espirituais do mal que se regozijam
sobre os nossos sofrimentos sempre serão
frustradas pelo poder de Deus, no tempo
oportuno, desde que mantenhamos a nossa
confiança nEle e no Seu livramento.
177
Rochas Inabaláveis
Os que creem em Jesus serão estabelecidos
como a rocha inabalável.
Satanás não poderá movê-los da posição em que
se acham firmados na graça (Romanos 5.2).
Nenhuma tribulação e nem mesmo o perigo da
morte lhes afastará da firmeza na qual se
encontram no seu Senhor.
Estão assim firmados porque Deus prometeu
que assim faria em relação aos que amam a
Jesus.
O Espírito Santo habita no cristão como uma
muralha de fogo impenetrável, de modo que
nenhum dano poderá ser produzido ao seu
espírito, porque tem o selo e o penhor do
Espírito Santo para ser guardado em segurança
até o dia final, em que será conduzido à presença
de Deus no céu.
“A quem vencer, eu o farei coluna no templo do
meu Deus, donde jamais sairá; e escreverei
sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da
cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que
desce do céu, da parte do meu Deus, e também
o meu novo nome.” (Apocalipse 3.12)
178
Não se Cumpre em Nenhum Outro
”4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as
nossas enfermidades, e carregou com as nossas
dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de
Deus, e oprimido.
5 Mas ele foi ferido por causa das nossas
transgressões, e esmagado por causa das nossas
iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava
sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
6 Todos nós andávamos desgarrados como
ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho;
mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de
todos nós.
7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a
boca; como um cordeiro que é levado ao
matadouro, e como a ovelha que é muda perante
os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca.
8 Pela opressão e pelo juízo foi arrebatado; e
quem dentre os da sua geração considerou que
ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por
causa da transgressão do meu povo?
9 E deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com
o rico na sua morte, embora nunca tivesse
cometido injustiça, nem houvesse engano na
sua boca.
179
10 Todavia, foi da vontade do Senhor esmagá-lo,
fazendo-o enfermar; quando ele se puser como
oferta pelo pecado, verá a sua posteridade,
prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor
prosperará nas suas mãos.
11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e
ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu
servo justo justificará a muitos, e as iniquidades
deles levará sobre si.
12 Pelo que lhe darei o seu quinhão com os
grandes, e com os poderosos repartirá ele o
despojo; porquanto derramou a sua alma até a
morte, e foi contado com os transgressores; mas
ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos
transgressores intercedeu.” (Isaías 53.4-12)
Mais de seis séculos antes de Jesus ter vindo ao
mundo para morrer por nós na cruz, de modo
que pudéssemos ser justificados quanto aos
nossos pecados, Deus revelou ao profeta Isaías
tudo isto que lemos nesta porção do seu livro.
Tente aplicar estas palavras a qualquer outro
que não seja nosso Senhor Jesus Cristo.
Dá para se encaixar alguém além dEle, nesta e
nas muitas profecias bíblicas que foram dadas
por Deus em relação a Ele?
O motivo disto é que antes que Ele se
manifestasse,
Deus,
em
sua
grande
misericórdia, revelou estas verdades por
séculos seguidos, para que não tivéssemos
180
qualquer dúvida quanto Àquele que é o autor e
consumador da nossa fé e salvação.
181
A Grande Perda
Quando se perde o espírito de contrição, o
coração quebrantado pelo pecado, corremos o
risco iminente de nos tornarmos mundanos,
fanfarrões, insensíveis à iniquidade.
A vida cristã normal não consiste em se estar
sempre alegre, com aquele tipo de alegria da
carne, que se funda em coisas vãs, inúteis,
passageiras, e não na justiça e verdade
evangélicas.
Todavia, como é isto, o que a sociedade
moderna sinaliza como sendo o grande
propósito da vida, não são poucos os cristãos que
se iludem entrando por este caminho, que lhes
impede
de
alcançarem
um
coração
quebrantado perante Deus, pelo conhecimento
do quanto o Espírito Santo se entristece com
este modo de viver banal e vão.
Não é sem motivo que Deus, em sua sabedoria
infinita, interpôs as tribulações no nosso viver,
para que possamos entender que não nos
encontramos em nenhum parque de diversões
eterno neste mundo, e que também não seria
nisto que consistiria a bem-aventurança,
enquanto aqui estivermos, porque nosso
Senhor afirma que são bem-aventurados os que
choram pelo pecado, ou seja, os que se
entristecem, lamentam e suspiram por causa do
pecado que há em si mesmos e no mundo.
A grande e verdadeira, e duradoura alegria
consiste em se ter a presença de Deus na vida,
182
mas não se pode ter isto enquanto não tivermos
um coração quebrantado, porque Ele mesmo
afirma:
“Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita
na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e
santo lugar habito, e também com o contrito e
humilde de espírito, para vivificar o espírito dos
humildes, e para vivificar o coração dos
contritos.” (Isaías 57.15)
183
O Altar do Coração Quebrantado
“Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito
quebrantado; coração compungido e contrito,
não o desprezarás, ó Deus.” (Salmo 51.17)
A quebra do corpo de Jesus Cristo para a
expiação do nosso pecado é o único sacrifício de
compensação aceitável por Deus para tal
propósito, mas a quebra (contrição) do nosso
coração em relação ao pecado é um sacrifício de
reconhecimento da nossa culpa.
Este quebrantamento de coração é a nossa
preparação requerida por Deus para que a
provisão feita por nós no sangue de Jesus Cristo
possa ser eficaz para nos perdoar e purificar.
Por isso se nos ordena que nos ofereçamos a
Deus como sacrifício vivo no altar da
consagração.
Porque assim como o altar no Antigo
Testamento santificava a oferta, de igual modo
o nosso quebrantamento de coração é o altar no
qual nos oferecemos para sermos santificados
pelo Senhor.
Deus jamais rejeitará a qualquer que se
aproximar dele com um coração contrito.
E isto não se aplica meramente à tristeza por
pecados eventuais, mas a uma constante atitude
de penitência perante Ele, por lamentarmos
sermos de uma tal natureza pecaminosa.
Por isso devemos ser espirituais e não carnais,
porque sem santificação, jamais conheceremos
184
esta atitude interna de coração, que se
entristece por causa do pecado.
Todo aquele que andar em justiça na presença
do Senhor, será como Ló, que afligia sua alma
justa todos os dias por causa do pecado que
havia nas cidades de Sodoma e Gomorra, onde
ela habitava.
É impossível que um autêntico santo não se
entristeça
pela
presente
condição
da
humanidade, que caminha cada vez mais de
braços dados com o pecado.
O que for carnal não discernirá isto, e até poderá
amar as mesmas coisas que o mundo ama, mas
o que for espiritual não somente discernirá
aquilo que Deus abomina na sociedade em que
vive, como também se afligirá por isto, com um
coração verdadeiramente quebrantado.
185
Sodoma e Gomorra que Respondam
“Em verdade vos digo que menos rigor haverá
para Sodoma e Gomorra, no Dia do Juízo, do que
para aquela cidade.” (Mateus 10.15)
Sodoma e Gomorra se fizeram mais culpadas
em seus dias do que quaisquer outras cidades,
nem tanto porque tinham muitos pecadores,
porque esta era a condição de todas as demais
nações.
Sua grande culpa foi a de legislar aprovando
como direito legal, a prática da iniquidade e da
injustiça, e de tudo aquilo que fosse abominável
para Deus.
Muitas nações, estados, cidades, de nossos dias,
parecem seguir o mesmo padrão que submeteu
aquelas duas cidades ao fogo da destruição.
Eles
aprovavam
criancinhas.
como
direito
matar
E o que é o direito ao aborto?
Eles aprovavam o adultério.
A maioria das nações atuais descriminalizaram
o adultério.
E tantas outras coisas que Deus clara e
diretamente reprova em Sua Palavra, têm sido
aprovadas ou se encontram em trâmite de
aprovação, pelas autoridades que foram
instituídas por Deus para fazer valer a justiça por
Ele definida em Sua Palavra.
186
O que se poderá esperar da parte de Deus, em
relação a este crescente aumento da iniquidade
que é aprovada por leis governamentais?
O FUNK com todas as suas letras de apologia ao
crime, à imoralidade, à violência, foi há alguns
anos, reconhecido pelo poder constituído como
patrimônio cultural do Rio de Janeiro.
Neste ritmo acelerado da iniquidade embalada
pela cultura da imoralidade, o que se pode
esperar da parte de Deus?
Sodoma e Gomorra que o respondam por nós.
187
Perdão Infinito de uma Culpa Infinita
O perdão de Deus para os nossos pecados
equivale ao cancelamento de uma dívida
enorme, infinita.
Nossos pecados contra um Deus perfeito e
infinito são de caráter infinito, e poderiam
portanto, ser apagados somente por um perdão
também infinito.
Daí a necessidade de que a expiação do pecado
fosse realizada por quem fosse infinito, ou seja,
o próprio Deus, na pessoa de Jesus Cristo.
Somente o sangue de Jesus pode apagar as
manchas do pecado de modo eficaz e eterno.
Nada mais poderia fazê-lo.
Esse é um dos principais motivos de Jesus ser
tão precioso para nós, pecadores.
O que poderíamos fazer em nosso próprio favor?
Ele supriu a nossa completa insuficiência, e
cumpriu por nós, o que jamais conseguiríamos
obter por maiores que fossem os nossos
esforços, a saber, a salvação de nossas almas.
Deus não somente perdoa os nossos pecados.
Ele também nos limpa. Ele nos purifica de toda
injustiça e nos livra de toda culpa.
Para este propósito, a nós cabe tão somente nos
arrependermos, confessarmos nossos pecados,
nos convertermos a Deus.
188
Quando Há a Necessidade de se Envergonhar?
2 Tes 3.14: “Caso alguém não preste obediência
à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o;
nem vos associeis com ele, para que fique
envergonhado.”
É de tal ordem a resistência da natureza terrena
à nova celestial e divina, que não são poucos os
cristãos que conseguem viver em paz com suas
consciências cauterizadas, na escolha de um
modo de procedimento de vida excessivamente
contrário ao determinado por Deus em Sua
Palavra.
A par de todas as ordenanças de nosso Senhor
Jesus Cristo, especialmente no Sermão do
Monte, agem em contradição a tudo o que ali
está escrito, e caminham confortavelmente
dando lugar à carne e não ao Espírito.
Não têm prazer em ouvir a sã doutrina, quanto
mais praticá-la, porque neles já foi silenciada a
batalha da carne contra o Espírito e do Espírito
contra a carne.
Apaziguaram-se com o mal procedimento
antibíblico.
Por isso soa contra eles a ordenança de não se
associarem aos mesmos todos aqueles que
andam em conformidade com a norma bíblica.
Não para serem tidos na conta de inimigos,
porque são irmãos amados, mas quão triste é, têlos afastados da comunhão no Espírito, porque
189
não lhes agrada as coisas que são celestiais,
espirituais e divinas.
Cristo os ama, e por isso lhes chama ao
arrependimento.
Que possam sentir vergonha do seu
procedimento carnal, em vez de se regozijarem
nele, conforme é comum acontecer, para
voltarem a andar em comunhão com o Senhor e
com seus demais irmãos na fé.
190
Ser e Existir
A matéria inorgânica existe, mas pode-se dizer
que ela vive?
Então, devemos apreciar de modo adequado o
significado bíblico da palavra vida, quando se
refere a Deus e ao homem.
O que está em foco não é a mera existência.
Lembremos dos seres inanimados.
E mesmo na consideração dos demais seres
vivos, não dotados do espírito, a Bíblia nunca
lhes atribui a qualidade da vida eterna, inerente
à pessoa de Deus, que pode ser comunicada
apenas a quem é humano.
A raiz da palavra bíblica hebraica “vida” é a
mesma empregada na palavra designativa do
nome de Deus, relativo à sua natureza e
essência, que pode ser traduzida como “Ser”,
não no sentido de mera existência, mas da
condição existente em todos aqueles (Deus,
homens e os anjos) nos quais habitam todas as
virtudes que se encontram no caráter de Cristo.
O oposto de vida que é a morte, significa então a
ausência da coparticipação na natureza divina, a
qual é comunicada pela habitação do Espírito
Santo naqueles que a possuem.
Daí se dizer que:
João 3:36 Por isso, quem crê no Filho tem a vida
eterna; o que, todavia, se mantém rebelde
contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele
permanece a ira de Deus.
191
João 6:47 Em verdade, em verdade vos digo:
quem crê em mim tem a vida eterna.
João 6:63 O espírito é o que vivifica; a carne para
nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito
são espírito e são vida.
João 20:31 Estes, porém, foram registrados para
que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus,
e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.
1João 5:11 E o testemunho é este: que Deus nos
deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho.
1João 5:12 Aquele que tem o Filho tem a vida;
aquele que não tem o Filho de Deus não tem a
vida.
192
Paz e Alegria na Hora da Morte
Charles Haddon Spurgeon, que viveu no século
XIX disse que se alguém desejasse conhecer o
poder da graça de Jesus, e o fortalecimento em
paz e alegria que ele concede àqueles que o
conhecem e amam, bastava ir visitar doentes
em estado terminal nos hospitais, porque ali
constataria a serenidade e poder espiritual em
fortaleza sem qualquer temor da morte, nos
enfermos, conforme testemunho de suas
palavras e face exultante na grande glória do
Senhor prestes a se manifestar em suas vidas.
Ele disse isto baseado em seu próprio
testemunho porque pastoreara a milhares de
pessoas e assistiu a muitas delas em seus
momentos finais aqui neste mundo.
O que daí concluímos que é vão viver com o
temor constante da morte, especialmente
quando chegamos à idade avançada, conforme é
o meu caso, porque Deus nos dará a graça e a
força necessária na hora da nossa passagem
para aquela vida melhor, para que não seja um
momento angustiante e tormentoso para nós,
porque ele é poderoso para nos revestir com sua
paz sobrenatural, especialmente no momento
da nossa partida.
Vivamos portanto, com paz e alegria em nossos
corações, porque Ele fará a provisão necessária,
conforme sua fidelidade, para o momento
considerado como o mais difícil da nossa
existência.
193
A Oração e as Promessas
A oração deve ser feita em conformidade com as
promessas de Deus, porque podemos ter a
certeza de que a oração será ouvida, porque a
promessa será cumprida, porque Deus é fiel e
não pode mentir em relação ao que nos
prometeu que iria fazer para honrar a nossa fé
nEle e na Sua Palavra.
Não podemos esquecer, entretanto, que
servimos a um Deus santo, que requer santidade
de nós para que nos aproximemos dEle.
O assunto da oração não se refere portanto,
somente a petições, mas também e sobretudo,
quanto à nossa condição espiritual.
Por isso se requer que confessemos nossos
pecados, sempre que nos dispusermos a entrar
na presença de Deus.
A Bíblia está repleta de passagens que ilustram
este ponto.
Entre as preciosas promessas de Deus nós
temos a principal delas que é a que fez de nos
salvar pela simples fé em Cristo.
Na verdade, esta é a grande porta de entrada que
nos dá acesso às demais promessas do Senhor.
194
Somente o Bem é e Será para Sempre
Se mantivermos nossa confiança em Deus, ela
jamais será envergonhada; e, se nós
prevalecermos com Ele, nossos inimigos não
triunfarão sobre nós.
O Senhor nos ajudará e nos fortalecerá para que
não fiquemos debaixo das tribulações que
afligem as almas dos justos.
A alma do ímpio não se aflige pela causa do bem,
ao contrário, ela se compraz no mal, e assim, não
sabe o que é sofrer por causa da justiça e da
verdade.
O diabo jamais se oporá àqueles que fazem
aquilo que é segundo a sua vontade infernal.
Ao contrário, lhes incentivará, e ajudará a
agirem de modo contrário à vontade de Deus.
Estes, enquanto não se converterem de seus
maus caminhos, não podem contar com a
instrução e a direção do Espírito Santo, para
poderem viver de modo justo e santo.
Contam contudo com a sua longanimidade,
porque o Senhor tem determinado dar uma
grande oportunidade a todas as pessoas, na
expectativa de que se convertam e vivam
eternamente perante Ele, em amor.
É por causa desta longanimidade que até
mesmo os ímpios vivem muito tempo aqui na
terra, com o sentimento de que Deus não se
importa com o mal que praticam.
Todavia, Ele tem registrado tudo em memória
para o Grande Dia do Juízo Final.
195
Jesus veio portanto a este mundo, não somente
com o propósito de nos justificar e salvar, mas
também para nos santificar, de modo que
sejamos as pessoas santas e justas que Deus
planejou, desde antes da fundação do mundo,
que fôssemos perante Ele.
196
Lutando por Algo Superior e Melhor
Nós vemos especialmente os atletas e os
soldados combatentes em tudo se esforçando e
se privando de muitas coisas em troca da honra
da glória e da honra da vitória, e também pela
compensação financeira que lhes advirá do seu
empenho.
Todavia, toda esta honra, fama, glória e
riquezas, se desvanecem com o tempo, e não
podem ultrapassar de modo algum a fronteira
da morte.
Agora, há mais do que tudo isto que acabamos
de citar, para aqueles que se esforçarem para
entrar no Reino de Deus.
Neste caso, a recompensa será eterna.
Então, para este propósito compensam todos os
esforços, sofrimentos e perdas que possamos
experimentar neste mundo.
Aqueles que ficam lamentando suas presentes
condições deveriam se levantar e se
inscreverem nas fileiras do Exército do Senhor
Jesus Cristo, para combaterem contra os
poderes do mal, especialmente em suas
próprias vidas.
O bom combate da fé traz grande honra e glória
a todos os que nele se empenham fielmente,
lutando com as armas espirituais de Deus, da
verdade, da justiça, do amor e da misericórdia
do evangelho de Cristo.
197
Que honra poderia ser maior e melhor do que a
de habitar para sempre com Deus nas moradas
celestiais eternas?
198
Abatidos mas não Destruídos
Para nosso consolo e esperança Deus mandou
registrar os seus grandes feitos do passado, na
Bíblia, para que jamais duvidemos do Seu poder,
justiça e amor, que estarão sempre atuando em
favor daqueles que o amam e temem.
Tudo o que se levanta contra o Senhor haverá de
cair, porque demonstrou fartamente na antiga
dispensação da Lei, o que sucedeu aos inimigos
de Israel quando este andava em fidelidade na
Sua presença.
Ele quebra o arco do Inimigo e quebra a sua
lança, e frustra todos os seus projetos malignos,
transformando maldições em bênçãos.
Vivemos no meio das águas tumultuosas deste
mundo exatamente para o propósito de
aprendermos estas verdades, de modo prático
em nossa experiência cotidiana.
A experiência do apóstolo Paulo será a mesma
que viverão todos aqueles que seguirem os seus
passos quanto à fidelidade que é devida a Deus,
como podemos ver em suas palavras em II Cor
4.8,9:
“Em tudo somos atribulados, porém
angustiados;
perplexos,
porém
desanimados;
perseguidos,
porém
desamparados;
abatidos,
porém
destruídos;”
199
não
não
não
não
Indestrutível
Não há rio de aflições profundo demais que
possa nos submergir porque a palavra de Deus é
a arca que nos eleva e nos mantém seguros nos
dias tenebrosos.
A consolação do Espírito Santo é todo suficiente
para nos aquietar e fortalecer em meio às
maiores tempestades que tenhamos que
enfrentar.
Quando os céus e a terra passarem, nós
permaneceremos para sempre, sustentados
pelo braço forte do Senhor.
Quando este corpo de carne e osso se desfizer,
ressurgiremos num corpo glorificado que
jamais poderá ser enfermado ou destruído.
Quem poderá então destruir a confiança, alegria
e paz que o próprio Deus nos dá, por meio da
graça de Jesus?
Ele determinou nos conduzir em plena
segurança para o céu, e que força é maior do que
o Seu grande poder, de modo a conseguir
frustrar o Seu eterno propósito de nos fazer
somente o bem?
Descansemos então em plena confiança no
Senhor toda vez que o mal vier bater à nossa
porta.
Honremos o nosso Deus com a nossa fé, porque
nada lhe é impossível, e somente Ele é o Criador.
Tudo mais é criatura e se encontra debaixo do
Seu perfeito controle.
200
Uma Palavra de Conforto
Que sejamos, nas mãos de Deus, instrumento de
consolação, para aqueles que necessitam de
conforto.
E que esta consolação não seja apenas de
palavras de apoio e de conforto, mas
acompanhadas pelo poder operante do Espírito
Santo nas mentes e nos corações.
Não uma consolação passageira, que tal como a
nuvem agora é, e de repente não mais existe,
mas com a única consolação que é efetiva e
duradoura, que é achada no próprio Senhor
Jesus Cristo, juntamente com o testemunho das
Escrituras, como vemos, por exemplo, em textos
como o de Romanos 15.4:
“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o
nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela
paciência e pela consolação das Escrituras,
tenhamos esperança.”
Veja que se diz do que foi escrito desde há muito
tempo para o nosso ensino, ou seja, esta verdade
não é algo novo, inventado pela imaginação dos
homens.
E também se diz que tem o propósito de
acharmos a paciência e a consolação destas
Escrituras Sagradas, para que tenhamos
esperança.
Na Bíblia encontramos tudo o que é necessário
para fortalecer o coração que se encontra
201
abatido, pois ali achamos o registro dos grandes
feitos miraculosos de Deus, a revelação da Sua
misericórdia e dos Seus juízos.
Quando vemos quão grande, poderoso e
amoroso é o Deus que servimos, então achamos
paz e descanso para as nossas mentes e
corações.
No texto de II Tessalonicenses 2.16 lemos que é
o próprio Deus quem nos deu uma consolação
eterna e uma boa esperança, pela graça.
“Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus,
o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna
consolação e boa esperança, pela graça,” (II Tes
2.16)
Veja querido leitor que não é nenhum anjo ou
homem que nos dá tal consolação e esperança,
senão o próprio Deus.
É achando a Cristo, convertendo-se a Ele, e
andando com Ele pela obediência aos Seus
mandamentos conforme estão revelados na
Bíblia, que se acha também a verdadeira
consolação e esperança não somente para os
momentos difíceis de nossas vidas, mas para
todas as horas e para a eternidade.
Veja que o texto de II Tes 2.16 diz eterna
consolação.
E uma tal consolação só pode ser achada num
Consolador Eterno, a saber, em Deus mesmo.
202
Por isso nosso Senhor Jesus Cristo, o grande e
primeiro Consolador que nos foi dado por Deus
Pai, enviou-nos outro Consolador depois que
subiu ressuscitado ao céu, e este outro
Consolador é o Espírito Santo.
Assim, os que estão se sentindo fracos e
abatidos, que possam ter suas forças renovadas,
fortificando-se na graça que está em nosso
Senhor Jesus Cristo.
Que clamem a Deus nas horas de aflição, para
que achem o conforto e a força, que procedem
dEle.
É possível louvar ao Senhor e estar alegre em
meio às aflições, porque o poder do Espírito
Santo nos concede tal graça, para a glória e
louvor de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio
de quem obtivemos acesso a tão grande bênção.
203
Os Puritanos e Nós
Alguém disse apropriadamente que os
puritanos históricos ingleses sabiam tanto
como viver quanto como morrer, e que nós não
sabemos como viver e muito menos como
morrer.
Pesa em prol dos puritanos que eles não
estavam em nada apegados à vida que temos
neste mundo, e assim, acharam a verdadeira
vida eterna na qual viviam ininterruptamente.
E quanto à morte, eles a viam como um amigo
que lhes libertaria para sempre das aflições
deste mundo, e que os transportaria para os
braços do Pai celestial, para viverem num gozo
eterno e inefável.
Não foi exatamente isto que nos recomendou e
viveu o próprio Cristo?
Por isso a eles se referiu J. I. Packer dizendo que
eram gigantes espirituais, e que nós não
passamos de anões, quando com eles
comparados.
204
Sossega Coração!
“Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas
inquieta e te preocupas com muitas coisas.”
(Lucas 10.41)
Com estas palavras Jesus repreendeu o
comportamento de Marta, irmã de Lázaro, e
continua repreendendo o nosso, quando nos
igualamos a Marta quanto ao viver ansioso.
“Tenho que fazer isso, tenho que fazer aquilo...”
Quando permitimos ser movidos por esta roda
de
inquietação
da
alma,
ficamos
sobrecarregados de cuidados, e não raro, a
consequência disto é o nosso afastamento da
comunhão com Deus e falta de confiança na Sua
providência.
Não permanecemos calmos, sossegados,
tranquilos, em toda e qualquer circunstância,
por uma confiança plena no cuidado de Deus, se
é que chegamos a aprender isto algum dia.
As águas do rio correrão o seu curso, sempre
adiante, e não voltarão atrás.
Nadar contra a correnteza dos problemas da
vida, não é e nunca será uma atitude sábia para
enfrentá-los.
Trabalharemos muito, nos afadigaremos nas
coisas necessárias, mas que isto seja feito com
paz de mente e de coração, sabendo que o
Senhor luta por nós, todas as nossas batalhas,
quando demonstramos a nossa confiança nEle,
pela nossa paz e calma espirituais.
205
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