UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR GISELE SILVA SOUZA EDUCAÇÃO FISICA, MÚSICA E INFANCIA: REFLEXÕES ACERCA DA INDÚSTRIA CULTURAL CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2010 GISELE SILVA SOUZA EDUCAÇÃO FISICA, MÚSICA E INFANCIA: REFLEXÕES ACERCA DA INDÚSTRIA CULTURAL Monografia apresentada à Diretoria de Pósgraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC, para a obtenção do título de especialista em Educação Física Escolar Orientador: Prof MSc. Ana Lúcia Cardoso CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2010 Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, que tem me capacitado e me dado força durante essa jornada. Dedico também a minha mãe Quitéria que sempre me apoio e apóia para que continue crescendo profissionalmente. buscando e AGRADECIMENTO A minha mãe Quitéria que sempre me apoiou em tudo e me fez ser a pessoa que hoje sou. A amiga Deyse que vem fazendo meus dias mais felizes desde a pré escola. Ao Henrique, que sempre esteve presente e conseguia, com seu humor irônico, fazer com que nossos finais de semana fosse bem mais divertidos. Aos professores e colaboradores conhecimentos transmitidos. pelos A minha orientadora Ana Lúcia, que esteve presente sempre e não desistiu em momento algum para que esse trabalho se concretiza-se. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização de mais um sonho. “Corrida pra vender cigarro Cigarro pra vender remédio Remédio pra curar a tosse Tossir, cuspir, jogar pra fora Corrida pra vender os carros Pneu, cerveja e gasolina Cabeça pra usar boné E professar a fé de quem patrocina Querem te matar a sede, eles querer te sedar Eles querem te vender, eles querem te comprar Corrida contra o relógio Silicone contra a gravidade Dedo no gatilho, velocidade Quem mente antes diz a verdade Satisfação garantida Obsolescência programada Eles ganham a corrida antes mesmo da largada Eles querem te vender, eles querem te comprar Querem te matar de rir, querem te fazer chorar Vender, comprar, vendar os olhos Jogar a rede... contra a parede Querem te deixar com sede Não querem te deixar pensar Quem são eles? Quem eles pensam que são?” Humberto Gessinger RESUMO O Movimento faz parte da vida do ser humano, antes mesmo de seu nascimento ele já utiliza os movimentos como uma forma de se comunicar. Por pensar a Educação Física como uma das disciplinas responsáveis à discussão corporal na escola e por buscar essa discussão de corpo, aluno e escola é que surge o interesse por esse estudo. Baseando-se em Como trabalhar a música nas aulas de Educação Física Infantil? É que se alinham alguns objetivos ao decorrer da pesquisa, como a analise histórica da Educação Física na Educação Infantil; a relação da música com a educação infantil; um breve entendimento sobre a indústria cultural; observar de que forma a mídia utiliza a música e se esta influencia as crianças; e as formas de apropriação da música na Educação Física infantil. Para essa pesquisa usou-se o método de pesquisa bibliográfico para que refletíssemos sobre alguns pontos importantes da utilização da música na Educação Infantil. Por fim evidenciou-se a importância de apropriar-se da música nas aulas de Educação Física infantil, visto que o movimento vem marcado em nosso existir como formas de expressões e a música nos auxilia para que esses movimentos sejam representados e reinventados de forma espontânea. No entanto a mídia tem tomado conta dessa cultura, por isso a importância em se tematizar a música, estudando e analisando o que a Industria cultural vem “glorificando” e apresentando outras possibilidades de músicas para além da apresentada na mídia. . Palavras-chave: Educação Física. Música. Educação Infantil. Indústria cultural. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................................ 14 2.1 Reflexões sobre a Educação Física .............................................................................................................. 14 2.1.1 Tendências Pedagógicas da Educação Física ........................................................................................... 15 2.1.2 Concepção Crítico-Emancipatória ............................................................................................................ 15 2.1.3 Concepção Crítico-Superadora ................................................................................................................. 18 2.2 Educação Infantil: Considerações históricas ............................................................................................... 19 2.3 Educação Física na Educação Infantil ......................................................................................................... 20 3 MÚSICA, INFÂNCIA E EDUCAÇÃO FÍSICA............................................................... 25 3.1 Linguagem musical ..................................................................................................................................... 25 3.2 A Música e a Infância .................................................................................................................................. 27 3.3 Infancia ........................................................................................................................................................ 29 4 MÍDIA E INDUSTRIA CULTURAL ................................................................................ 32 4.1 Mídia: Definições e Conceitos .................................................................................................................... 32 4.2 Industria Cultural: Sentidos e Significados ................................................................................................. 32 4.3 Mídia, Industria Cultural, Música e Educação Física .................................................................................. 33 5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 37 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 39 11 1 INTRODUÇÃO Por pensar a Educação Física como uma das disciplinas responsáveis à discussão corporal na escola e por buscar essa discussão de corpo, aluno e escola é que surge o interesse por esse estudo. Buscou-se com isso, um entendimento da própria Educação Física quanto a corporeidade na educação infantil, utilizando-se de um recurso extremamente presente em nosso dia a dia, a música, que talvez por falta de formação ou orientação alguns professores acabam desconsiderando seu uso em sala de aula. A Educação Física busca com seus conteúdos uma (re) descoberta corporal, em que o aluno poderá sentir, pensar, expressar-se por seus movimentos, permitindo uma breve construção nas relações humanas e descobertas pessoais (SANTIN, 1987). Refletindo sobre essa busca e auxilio na descoberta de movimentos é que se buscou com o tema EDUCAÇÃO FISICA, MÚSICA E INFANCIA: REFLEXÕES ACERCA DA INDÚSTRIA CULTURAL uma pequena janela para que houvesse um entendimento a respeito da utilização da música nas aulas de Educação Física e a forma com que a Mídia vem utilizando um tema extremamente valioso para nossas aulas, a Música, buscou-se perceber de que forma ela esta influenciando nossas crianças da Educação Infantil. Percebendo que as práticas escolares trazem em seu cotidiano marcas da influência social, em que somos diretamente atingidos enquanto receptor da cultura dominante. A escola busca, muitas vezes sem se perceber, controlar e disciplinar o corpo, alcançando uma ação racional procurando eliminar as reações involuntárias e movimentos diferenciados (GONÇALVES, 2000). Buscando um caminho para que a escola se desprenda da ação de simplesmente reproduzir gestos e ações, e passe a atuar com um pensamento de associação em que o corpo também sente e não apenas age. Partindo do pressuposto de que professores e demais profissionais de uma escola devem ter um conhecimento da aprendizagem do e com o corpo, definimos em nosso estudo a seguinte Problemática: Como trabalhar a música nas aulas de Educação Física 12 Infantil? E para auxiliar nessa resposta, teremos dois eixos que nos ão que foram as Questões norteadoras: - Quais as possibilidades e limites de estar incluir a música nas aulas de educação física infantil? - Em que medida a mídia influencia no gosto musical das crianças da educação Infantil e que relação essa influencia tem com as aulas de educação física? No que concerne aos objetivos do presente estudo, temos o seguinte Objetivo Geral: Analisar as possibilidades e limites no ensino da musica enquanto tema da Educação física nas aulas da educação física na educação infantil, Objetivos Específicos: - Analisar historicamente a Educação Física na Educação Infantil - Verificar a relação da música com a educação infantil - Buscar um conhecimento sobre a indústria cultural - Analisar de que forma a mídia utiliza a música e se esta influencia as crianças - Estudar as formas de apropriação da música na Educação Física infantil Para que atingíssemos os objetivos propostos e conseqüentemente obtivéssemos respostas para problemática em questão, buscou-se atrás de um estudo bibliográfico analisar dados e proposta para que viessem cobrir o tema em questão. Andrade (2007) ressalta que toda pesquisa tem a finalidade de buscar um conhecimento e uma compreensão de determinado assunto, buscando responder, dúvidas e indagações, fazendo um paralelo com teoria e dados analisados utilizando-se de raciocínio lógico, soluções e/ou entendimento para um problema proposto. De acordo com Cervo e Bervian (2002), uma pesquisa de cunho bibliográfico procura explicar um problema a partir de referenciais teóricos, buscando-se embasamento no que já foi publicado. 13 A pesquisa desenvolve-se em capítulos e sub-capítulos, em que se buscou abordar conceitos e entendimento relacionado com a Educação Física na Educação Infantil, buscando observar as influências da mídia quando se utiliza a música em sala de aula. 14 2 EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO INFANTIL 2.1 Reflexões sobre a Educação e a Educação Física A Educação Física desde a sua incorporação nos currículos escolares vem buscando sua própria identidade, o que resultou, e ainda resulta em uma série de mudanças significativas para a compreensão da Educação Física. (BRACHT, 2003). Santin (1987), ressalta que ao longo de sua historia a Educação Física depara-se com seus próprios conceitos, em que na Educação toma uma posição indefinida, estando dentro do pedagógico, porém sendo vista como uma disciplina mediadora para as demais áreas educativas, utilizada como um instrumento para se alcançar objetivos que, em alguns casos, não fazem parte da Educação Física. Santin destaca que alguns dos motivos de a Educação Física não se “achar” como área pedagógica são as suas várias correntes filosóficas que interferiram em seu desenvolvimento como disciplina educativa, ganhando em sua formação características das condições sociais e históricas na qual essa prática veio a realizar-se, tendo na sociedade brasileira fortes características de tendências muito citadas por Ghiraldelli Jr. (1988), sendo elas: Tendências Higienista, é vista como o inicio da Educação Física, pois foi ela a pioneira de estudos e pesquisas da área. Tendo como principal função a formação de pessoas dispostas para as ações diárias. Pensa em programas de Educação Física, que se forem corretamente aplicados alcançarão um padrão de sociedade. Apesar de um pensamento de melhoria social, a tendência higienista pensa que cada pessoa é responsável por sua saúde, que independente de sua condição social esta tem, por responsabilidade manter ou adquirir saúde. Já a Militarista almeja movimentos estereotipados para a sociedade, preocupando-se também com a saúde individual e coletiva, no entanto seu maior objetivo é preparar a população jovem para o combate, guerras, lutas, tornando-se assim uma concepção rígida, exigindo sempre muita disciplina, pois estariam preparando os futuros defensores de sua pátria. A Tendência Pedagogicista deu início ao pensamento de Educação Física além da promoção da saúde, e defensores da pátria, e sim como uma disciplina que deveria fazer parte dos currículos escolares, sendo usada como uma prática 15 educativa, preocupando-se assim com aqueles que freqüentam o âmbito escolar. Pensa que a Educação Física deveria colaborar com a formação da juventude para que esta possa adquirir hábitos fundamentais, preparo vocacional e racionalização de suas horas de lazer. A Tendência Competitivista possui uma relação forte com a militarista, pois ambas têm um aspecto de elitização social, classificação, porém, seu objetivo principal é a caracterização da competição e superação individual como principais valores desejados por toda sociedade moderna, dando destaque ao atleta - herói, reduzindo a Educação Física ao desporto de alto nível, que deve este ser trabalhado para que possam presentear o país com muitas medalhas olímpicas. A Tendência popular não nos permite uma abundante produção teórica , visto que seu acesso torna-se restrito, no entanto "Boa parte dos documentos(jornais, revistas, etc.) do Movimento Operário Popular, que poderia conter uma teorização ou pelo menos um relato sobre as práticas da Educação Física autônoma dos trabalhadores, não escapou aos olhos e garras incineradoras das classes dominantes." (GHIRALDELLI JR, 1994, p.21). Esta concepção nega todas as anteriores e se volta para as classes populares desvinculando-se das práticas elitistas o que mostra mais uma vez a Educação Física vinculada a uma ideologia. A Educação Física foi compreendida se voltando para a organização das classes trabalhadoras que condenavam a competição, pregando o esporte por lazer. É importante ressaltar que essa tendência tinha um caráter qualitativo, já que a classe trabalhadora era desinformada e sem tempo, por isso prega a conscientização, sem enfatizar o aspecto quantitativo; havia a preocupação de conscientizar as pessoas do "por que" estarem fazendo atividades, das condições que os levaram aquilo, para direcionar os seus pensamentos, levando-as questionarem/refletiram sobre as coisas, não simplesmente aceitando-as. Para que possamos compreender o que é ou pode vir a ser a Educação Física, buscando uma ideologia para a prática educativa dessa disciplina, buscando vê-lá a partir de uma prática humana, buscando um posicionamento mais crítico para com as práticas educativas da Educação Física. (GONÇALVES, 2000). 16 2.1.1 Tendências Pedagógicas da Educação Física De acordo com Busso e Junior (2005), a Educação Física no Brasil tem sua história baseada em contextos de transformações educacionais sempre imbricadas com mudanças políticas e sociais. Desde a década de 1980, a Educação Física tem passado por uma renovação nos seus conhecimentos científicos, produzidos por referenciais das ciências naturais e das ciências humanas, o que proporcionou novos significados para o âmbito escolar e acadêmico da área. As Concepções Pedagógicas da Educação Física são frutos desta re-significação. Durante todo esse período, “a Educação Física sofre críticas e denúncias a respeito do modelo hegemônico dos esportes: a "esportivização" da Educação Física” (PAES, 2002, p.93). Esse modelo é caracterizado pela soberania absoluta do esporte perante todas as outras formas de expressão corporal contidas no conteúdo da Educação Física, principalmente nas padronizações pedagógicas e sistematizações no contexto educacional, que mantinha a supremacia das práticas esportivas como conteúdo principal a ser transmitido nas aulas escolares, desprovida de objetivos, planejamento e relação com o contexto escolar. Devido a essas críticas e estudos que surgiram acerca das novas realidades escolares desde a década de 80, surgiram duas concepções críticas para o ensino da Educação Física, a Crítico Superadora que é representada pela obra do Coletivo de Autores Metodologia do Ensino de Educação Física, 1992. E a concepção Crítica Emancipatória que é fundamentada pela obra de Elenor Kunz, Educação Física Ensino e Mudança 1991 e Transformação Didático Pedagógico do Esporte, 1994. 2.1.2 Concepção Crítico Emancipatória De acordo com Kunz (1994) as mudanças mais concretas com a Educação Física começaram a surgir no inicio dos anos 70, quando os graduados foram tomando o espaço na educação física escolar, antes ministrada por militares ou exatletas. Apesar dessa substituição significativa, não houve muitas alterações nos métodos de ensino, pois é possível perceber em nossos dias grande influência das antigas práticas de Educação Física. 17 Uma das novas concepções educacionais tem como grande influência as propostas alemãs, conhecida como Pedagogia Critico Emancipatória. De acordo com kunz (1994), Emancipação seria um processo interminável de liberação do aluno das condições limitantes de suas capacidades racionais críticas e, com tudo isso todo o seu agir no contexto sócio cultural e esportivo. Já o critico seria entendido como a capacidade de analisar as condições e a complexidade de diferentes realidades de forma fundamentada. Onde num processo de ensino seria trabalhado sob três competências, comunicativa, que assume um processo reflexivo responsável por desencadear o pensamento crítico, ocorre através da linguagem, que pode ser de caráter verbal, escrita e/ou corporal, competência social, referente aos conhecimentos e esclarecimentos que os alunos devem adquirir para entender o próprio contexto sócio-cultural, e competência objetiva, que visa desenvolver a autonomia dos alunos através da técnica. A estrutura básica deve estar apoiada em pressupostos teóricos com base em critérios de uma ciência humana e social, formando alicerces do conhecimento para um agir racional-comunicativo; e na teoria instrumental, que deve fornecer os elementos específicos de uma pedagogia crítico emancipatória nas suas seqüências e nos seus procedimentos regrados. Kunz (1994) reforça que a emancipação pode ser entendida como o processo que mede o uso da razão crítica e todo o seu agir social, cultural e esportivo, desenvolvidos pela educação. Ao induzir à auto-reflexão, a concepção crítico emancipatória, deverá possibilitar aos alunos um estado de maior liberdade e conhecimento de seus verdadeiros interesses, ou esclarecimento e emancipação, fazendo com que os aluno se tornem cientes de seus atos. Em vez de ensinar os esportes na Educação Física, pelo simples desenvolvimento de habilidades e técnicas, deverão ser incluídos conteúdos de caráter teórico-prático que tornam o fenômeno esportivo transparente, permitindo aos alunos a melhor organização da realidade, dos movimentos e dos jogos de acordo com as suas possibilidades e necessidades; a interação solidária e social em princípios de autodeterminação; e se expressar como Ser capaz de mudar a realidade em que vive. Para o autor, o homem conhece o mundo através do se-movimentar, o que estabelece a relação homem-mundo no mundo vivido. Na perspectiva da concepção critica emancipatória, os conteúdos do trabalho pedagógico da Educação Física têm caráter teórico-prático, permitindo aos alunos a 18 melhor organização da realidade do esporte, movimento e jogos com as suas possibilidades e necessidades. Giram em torno de um objeto central que é o movimento humano por meio das atividades lúdicas, da dança e principalmente através do esporte, que para serem trabalhados na escola, necessitam priorizar menos o rendimento, a competição e o treinamento precoce, do que os significados dos movimentos esportivos para cada aluno, devendo sempre ser tematizados para que o aluno se perceba enquanto sujeito histórico cultural da atividade em que vive. Kunz (1994) conceitua a Educação Física como a busca pelo alcance de objetivos primordiais do ensino, através das atividades com o movimento humano, o desenvolvimento de competências como a autonomia, a competência social e a competência objetiva. 2.1.3 Concepção Crítico Superadora A Pedagogia Crítico-Superadora foi elaborada por um Coletivo de Autores e têm como tema principal o conhecimento da Educação Física quanto à cultura corporal que se desenvolvem por meio dos conteúdos da própria Educação Física, sendo eles: dança, jogos, esportes, ginásticas, através desses conteúdos levantam questões que devemos considerar não somente o como ensinar, mas também como adquirimos conhecimento, valorizando a contextualização dos fatos e do resgate histórico. Os autores apontam que a Pedagogia Crítico Superadora, enquanto reflexão pedagógica tem algumas características específicas, denominadas de Diagnóstica, pois faz uma leitura da realidade, de acordo com a perspectiva de classe de quem julga; Judicativa, porque julga a partir de uma ética que representa o interesse de uma determinada classe social e Teleológica porque busca uma direção, um objetivo a ser alcançado, também dependendo da perspectiva de classe, pode ser conservadora ou transformadora, daquilo que foi diagnosticado e julgado. Coletivo de Autores (1992), esclarece que tratar dos problemas sócio-políticos atuais, não pode ser considerado um doutrinamento. Defende-se uma proposta para a escola, de modo que as aulas viabilizem uma leitura da realidade, para que se reflita e que possibilitem, assim, projetos políticos com objetivos de mudanças sociais. 19 Os autores ainda apontam que os conteúdos devem possuir princípios metodológicos, que devem ser organizados, sistematizados e fundamentados e assim serem selecionados como constituinte curricular. São princípios: a relevância social dos conteúdos, o qual implica em compreender o sentido e significado do mesmo para a reflexão pedagógica escolar; a contemporaneidade dos conteúdos, a qual oferece aos alunos um conhecimento contemporâneo do que mais existe de moderno no mundo; a adequação às possibilidades sócio-cognocitivas do aluno, sendo que o professor deve perceber as possibilidades de aprendizagem dos alunos, ao seus próprios conhecimentos e também as possibilidades enquanto sujeito histórico; simultaneidade dos conteúdos enquanto dados da realidade, sendo que os conteúdos estudados são apresentados de maneira simultânea; espiralidade da incorporação das referências do pensamento, onde significa compreender diferentes formas de organizar o conhecimento afim de ampliá-los; e a provisoriedade do conhecimento afirma que o conhecimento não termina, ele é contínuo, transformado e ampliado. Os princípios da lógica dialética são constituídos pelo movimento, pela totalidade, pelas mudanças qualitativas e pela contradição, que são confrontados com os princípios da lógica formal, a fragmentação e a terminalidade. Estes não favorecem, como os princípios iniciais, a formação do sujeito histórico à medida que lhe permite construir, por aproximações sucessivas, novas e diferentes referencias sobre o real do seu pensamento. (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Essa concepção trabalha com o conceito de cultura corporal, que se opõe portanto ao conceito de aptidão física enquanto objetivo final da disciplina, e propõe o trato com o conhecimento sistematizado em ciclos de escolarização. Os autores também especificam os princípios avaliatórios dessa concepção, a partir de um projeto histórico que privilegie a superação das práticas mecânico/burocráticas, a partir de uma reinterpretação e redefinição de valores e normas, de uma síntese qualitativa da nota e de uma avaliação baseada no fazer coletivo. 2.2 Educação Infantil: Considerações Históricas A Educação Infantil é uma área que vem ganhando força desde a década de 80, a partir da criação da constituição de 1988, ganha atenção dentre os 20 profissionais da área da Educação, com isso mais e mais a Educação Infantil passa a receber respeito pois é o ponto inicial para a Educação Básica. Entende-se por Educação Infantil aquela que venha abranger crianças de 0 a 6 anos de idade, onde o Estado tem a responsabilidade com esta Educação sendo efetivado mediante a garantia de (...) atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos (CONSTITUIÇÃO DE 1988). Segundo a LDB – Resolução CEB no 01, de 07 de abril de 1999, artigo 3º, inciso III, “as instituições de Educação Infantil devem promover a educação e o cuidado, promovendo a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos/lingüísticos e sociais da criança, entendendo que ela é um ser completo, total e indivisível”. O inciso IV dessa mesma constituição apresenta as propostas pedagógicas das instituições que devem “reconhecer as crianças como seres íntegros, que aprendem a ser e conviver consigo próprios, com os demais e o próprio ambiente de maneira articulada e gradual”. No entanto vemos que na realidade esse reconhecimento de ser integro fica sendo deixado de lado, e as creches acabam tendo seu papel não mais de uma via para que haja um reconhecimento quanto ser, mais como uma instituição de assistência social, onde estas instituições são responsáveis pela proteção e amparo dessas crianças pois as mães tem que trabalhar o dia todo. (CUNHA e CARVALHO, 2002). Posteriormente, a pré-escola assumia um caráter educativo em que a instituição tinha funções educativas, com funcionamento em turno parcial, e regidas por professores (CUNHA; CARVALHO, 2002). Ou seja, a pré-escola era uma “preparação” para a escola. Essa preparação para o mundo dos estudos vai contra a LDB que nos coloca no inciso V que as Propostas Pedagógicas para a Educação Infantil devem organizar suas estratégias sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. O que mais uma vez não é levado em consideração por nossas instituições de Educação Infantil, onde Crianças que devem estar se descobrindo e descobrindo o seu mundo e suas ações nesse mundo é obrigada a abrir mão de sua infância para iniciar os estudos, pois já esta “grandinha” e deve ter responsabilidades de um/a mocinho/a deixando na de experimentar experiências que os auxiliariam em sua vida escolar. 21 2.3 Educação Física na Infância O Movimento sempre fez parte da vida do ser humano, antes mesmo de nascermos os movimentos funcionam como canais que permitem nossa comunicação, ao nascermos os movimentos mobilizam os adultos a reconhecerem e atenderem as necessidades das crianças. (WALLON, apud METZNER, 2006). Os movimentos corporais possibilitam descobrir o que está em volta, permitindo que haja um reconhecimento e uma interação com outras pessoas e crianças podendo criar seus próprios movimentos e intensificando sua própria cultura corporal, cultura esta que está embasada em valores como a ludicidade, e criatividade sendo adquiridas através de experiências de movimento (SAYÃO, 2002). Para Mello (1996), o Movimento precisa ser trabalhado de uma maneira que desenvolva o indivíduo integralmente em todas as suas formas de movimento e expressão, por isso as atividades com Movimento precisam ter como eixo central a intencionalidade, na qual toda a ação humana tem um significado e uma intenção. Trabalhar o Movimento de forma consciente propiciará ao indivíduo refletir, fazer associações, exercer e desenvolver sua autonomia, questionar, confrontar-se com situações-problema e encontrar soluções por si próprio. A Educação Física, como uma disciplina que trata de uma área denominada cultura corporal, busca em seus estudos compreender/aprender a expressão do corpo como uma linguagem, linguagem esta que pode ser interpretada como um patrimônio dinâmico historicamente conquistado pela humanidade (SOARES apud SAYÃO 1996). A cultura infantil se expressa pelo brincar, pelo faz-de-conta, pelos jogos de imitação e a criação de ritmos, linguagens e movimentos, levando a uma (re)produção de cultura. Tais elementos tornam-se essenciais na educação infantil, conseqüentemente a Educação Física com os conhecimentos da cultura corporal auxilia na elaboração das ações educativas que compreendem esta fase da escolarização na sua integralidade. (CASTILHO e PEDROZA, 2009) Portanto o que torna a Educação Física importante em uma instituição de educação é o movimento humano, ou a sua cultura de movimentos, no entanto nem todo movimento humano deve ser visto como tema da Educação Física, mais sim 22 aquele movimento com significado/ sentido, “que por sua vez, lhe é conferido pelo contexto histórico-cultural” (BRACHT apud SAYÃO 1996 p.28). Com isso percebe-se que as experiências obtidas na escola devem ser voltadas a uma descoberta de movimentos, respeitando e compreendendo o universo cultural infantil, dando-lhes acesso a outras formas de produzir conhecimentos que são fundamentais para o seu desenvolvimento. A Educação Física como componente curricular da Educação Infantil exerce um papel fundamental, pois proporciona às crianças uma diversidade de experiências através de situações que lhes permite criar, inventar e descobrir movimentos novos, elaborar e reelaborar conceitos sobre os movimentos e suas ações. Sendo este um espaço que permita através de experiências obtidas, sejam elas com o corpo, com materiais e de interação social, que as crianças descubram e enfrentem seus desafios e medos, conheçam e valorizem o próprio corpo, relacionem-se com outras pessoas, percebam a origem do movimento, expressem sentimentos, utilizando a linguagem corporal. Dessa forma, essa área do conhecimento poderá contribuir para a efetivação de um programa de Educação Infantil, comprometido com os processos de desenvolvimento da criança e com a formação de sujeitos emancipados. (BASEI, 2008) Mello, (1996) acredita que: Uma Educação Física que visa o desenvolvimento da criança como um todo, a intencionalidade ou conscientização do movimento torna-se imprescindível, principalmente na idade pré-escolar, para que a criança possa conhecer a si própria, testar seus limites, modificar seus gestos, compreender a função de seus movimentos e criar novos movimentos que a auxiliem a superar suas dificuldades (p.127). Sobre isso Mello (2001, p. 98) mostra que “o foco é sempre a criança por inteiro, com emoções, com sentimentos, com expressões, com dificuldades, com facilidades, com expectativas, ávida em dar sua opinião, com sugestões e vontades, com medos, com limites, com timidez, com agressividade, etc”. No entanto há uma preocupação quanto ao ensino dos movimentos, e espera-se que a cultura corporal não se firme em um modelo escolarizante que objetiva preparar a criança para futura fase escolar, 23 A dimensão que a cultura corporal assume na vida do cidadão atualmente é tão significativa que cabe a escola e a Educação Física o papel de não reproduzi-la simplesmente, mas permitir que o indivíduo se aproprie dela criticamente, para poder efetivamente exercer sua cidadania. (BRACHT, 1999, p.82) Simão (2006), compreende que a brincadeira quando concebida como eixo principal do trabalho e como linguagem característica das crianças pequenas, perpassa todos os momentos do trabalho pedagógico não devendo ser utilizada de maneira funcionalista, como uma atividade que “serve para alguma coisa já planejada”. Os movimentos corporais são entendidos pelas crianças pequenas como um meio de comunicação, de expressão e de interação social, é preciso encarar que, para as crianças, “a brincadeira serve, simplesmente, para que a ela brinque”. (SAYÃO, 2000, p.7) A mesma autora seleciona para projetos de trabalho coletivos três eixos da Educação Física que devem estar dentro da Educação Infantil: a brincadeira, de diferentes formas, com construções de brinquedos, utilização e recriação dos espaços disponíveis para brincar, a utilização de materiais culturais, discussão quanto às regras da brincadeira e a ocupação dos espaços no qual se realizará a brincadeira enfim atividade que favoreçam a linguagem oral e expressiva durante as brincadeiras são algumas formas possíveis de inclusão das dimensões humanas no trabalho pedagógico que consideram as especificidades da infância. O interagir seja com crianças que estejam dentro ou fora do seu grupo escolar, étnico, etário e social, com adultos, com as famílias, e com a própria comunidade onde se localiza a creche, essa infinita capacidade de interação, troca e produção de conhecimento e cultura é o que diferencia o ser humano de outras espécies. Quanto às crianças pequenas, “é a interação com outros sujeitos humanos que lhes possibilita “serem humanos” (p.16), e por fim as linguagens, a manifestação por diferentes linguagens significa permitir e reconhecer que a oralidade, a escrita, o desenho, a dramatização, a música, a mímesis, o toque, a dança, a brincadeira, o jogo, as formas de movimentos corporais, são todas elas expressão das crianças que não podem ficar limitadas a um segundo plano. Esses eixos são formas de manifestações das culturas infantis, sendo necessário que os profissionais que atuam com as crianças tenham em si estas 24 formas de manifestação e programem atividades de forma a ampliar estes referenciais. Uma educação infantil que considera a criança como sujeito social com múltiplas dimensões em que “a interação, a brincadeira e as diferentes linguagens da criança são os pontos fundamentais num processo educativo”. (p.15), não atribuem funções específicas e programadas para cada profissional e para cada hora que a criança tem na creche, mas começa a observar a criança como um todo indissociável. (SAYÃO, 2000). 25 3 MÚSICA, INFÂNCIA E EDUCAÇÃO FÍSICA 3.1 Linguagem musical Compreendemos que os movimentos corporais são para as crianças, um meio de comunicação, de expressão e de interação social. São movimentos, olhares, gargalhadas, desenhos, falas e silêncio. Por vezes não estão separadas, mas numa mistura que possibilita que a comunicação entre elas flua e dê sentido às suas criações. A música é uma linguagem muito expressiva e as canções são veículos de emoções e sentimentos, e podem fazer com que a criança reconheça nelas seu próprio sentir. (FERREIRA ET AL, 2007). Nesse sentido, linguagem se traduz em interação. As mensagens expressas em múltiplas linguagens na infância se decodificam quando o outro que se comunica com as crianças, é capaz de interpretá-las, de compreendê-las. Daí a linguagem ser central na produção cultural na infância, o sentido que ela carrega tem em si os traços específicos da cultura infantil e das relações travadas nesta produção. As crianças em geral apresentam grandes dificuldades na forma de expressar seus sentimentos, daí a necessidade de conhecer melhor as linguagens que poderemos usar como recursos no processo de ensino aprendizagem, em especial a linguagem musical, visto que a musica está presente na vida dos seres humanos e há muito tempo faz parte da educação podendo contribuir para um bom desenvolvimento dos aspectos afetivo, cognitivo, social e cultural. (FERREIRA ET AL 2007). Os mesmos autores nos colocam que no período da alfabetização a criança beneficia-se do ensino da linguagem musical quando as atividades propostas contribuem para o desenvolvimento da coordenação viso motora, da imitação de sons e gestos, da atenção e percepção, da memorização, do raciocínio, da inteligência, da linguagem e da expressão corporal. Rosa (1990) afirma que a simples atividade de cantar uma música proporciona à criança o treinamento de uma série de aptidões importantes. Por meio da música a educação se realiza de maneira tranqüila, prazerosa, levando a criança à compreender a importância das relações, da socialização, 26 vivenciando o respeito ao próximo, desenvolvendo a autonomia, o senso crítico. Compreendem o raciocínio lógico matemático, a necessidade de perceber e respeitar os limites, fazendo crescer o senso rítmico no aprimorar dos movimentos, construindo a dicção, a linguagem, a comunicação, enfim, a integralização da criança. (CARVALHO e ROJAS 2006) A música faz com que a educação seja um processo natural de movimento, envolvimento e desenvolvimento e, não algo maçante e massacrante, imposto à criança. A criança tem, interesse e sente necessidade desse movimento, dessa expressividade por atividades manuais e corporais. Ela necessita de uma comunicação que faça com que aprenda, sinta e viva, orientando-se, e a vivência da linguagem musical, permite à criança habitar e habilitar sua ludicidade e experiências. (CARVALHO e ROJAS 2006) 3.2 Música e Infância A música está presente em nossas vidas em todo o momento, acompanhando a história da humanidade, exercendo as mais diferentes funções, estando presente em todas as culturas e manifestações populares sendo uma linguagem universal que ultrapassa barreiras de época, tempo e espaço. Sayão (2002) reforça a importância da utilização das diferentes linguagens para que haja uma manifestação corporal por parte das crianças, no qual precisa-se descobrir juntamente com os/as alunos/as as diferentes linguagens no qual eles/as podem estar utilizando-se, aos professor/a para o uso dessa linguagem deve-se obter o entendimento de que essas variadas formas de movimentos corporais são todos frutos de expressões formadas pelas próprias crianças, que possuem uma riqueza inquestionável. Para se ouvir uma música não é necessário fazer muitos esforços, basta ligar a televisão ou o rádio e lá esta ela, logo ao acordar já pode-se ouvi as canções entoadas pelos pássaros, sendo a música, utilizada na maior parte de nossa vida, tanto para expressar movimentos corporais, seja ela na dança ou no teatro, permitindo-se expressar sentimentos como alegria/tristeza, ou simples apreciando-a em sua forma técnica. 27 Sabe-se que a música está por toda parte mais qual o significado da palavra Música? Pretende-se trabalhar a música como uma linguagem corporal, precisa-se entender o seu significado, de acordo com Ferreira (1995), música é Arte e a ciência de combinar os sons de modo agradável ao ouvido. Se pensar-se em música de uma forma mais técnica se terá a explicação de partindo-se de ondas sonoras que se propagam, se fará a observação de que as mesmas são sentidas corporalmente. Podendo-se entender a “percepção musical como um fenômeno corporal em sua essência, sendo recebido e acolhido pelo corpo-sujeito, em comunhão com o universo musical que o envolve”. (MOSCA, 2008, p.3). Desde o ventre materno a criança já esta em contato com a música, com o ritmo, através das batidas do coração de sua mãe. Após seu nascimento ela encanta-se por acompanhar a música com movimentos corporais, sendo através desses movimentos que a criança constrói seu conhecimento sobre a música e sobre seu próprio corpo, utiliza-se de derivados materiais para produzir sons que lhes são agradáveis. (JEANDOT, 1997). A criança sente, canta, toca e produz a música mediante movimentos corporais, explorando as possibilidades sonoras, isso acontece porque a música lhe dá prazer e permite que se expresse de forma espontânea a livre. (STAVRACAS, 2008). As Crianças usam a sua espontaneidade e seus gestos de acordo com as sensações que lhes são despertadas, podendo pesquisar e improvisar livremente quando lhes é proporcionado ambiente e condições para que haja a harmonia entre Música – Movimento. (JEANDOT, 1997). Crianças não podem ser consideradas artistas músicas, mais também estão longe de serem seres meramente contemplativos, elas podem ser vistas como seres que usam da sua espontaneidade, seus gestos, de acordo com as sensações que lhes são despertadas podendo pesquisar e improvisar livremente quando lhes é proporcionado ambiente e condições para a musicalização. (JEANDOT, 1997). A música pode ser entendida e sentida de váriadas formas, para esses estudos veremos a música como uma forma de linguagem e expressão. “A música quando utilizada como uma forma de comunicação/expressão possui infinitas possibilidades, sendo capaz de despertar os mais sublimes sentimentos” (GAINZA, apud TARGAS, 2003, p. 24). 28 Sayão (2002), nos alerta para a interação existente entre adulto/criança, e que a partir dessas vivências as crianças aprendem e internalizam saberes e experiências na qual deve-se levar em consideração na hora de criar e experimentar novos movimentos. A corporeidade, na qual buscamos essa descoberta individual, está a serviço da educação, e vendo a aprendizagem como um processo corporal, percebe-se que a busca do conhecimento deve se pautar na essência do corpo vivo. (ASMANN, 1998). Para a busca de uma (re) descoberta corporal através da música pensa-se em uma educação que emerge de um pensar e um agir, buscando ver um sujeito concreto, com sua própria corporeidade, buscando se conhecer como ser corporeo, com experiências significativas que envolvam o sujeito de uma forma prazerosa. (MOSCA, 2006). “O sentir a música deve estar em todos os momentos da aula, e a produção criteriosa de estratégias deve contemplar o viver musical para os alunos.” (MOSCA, 2008, p.3). A mesma autora explica que o fazer musical na escola deve ir além de pensamentos de que ensinar música deve partir da idéia de leitura, instrumentalização e do desempenho. Precisa-se oportunizar aos alunos a vivência musical, divida em momentos, porém momentos significativos que dêem prazer a quem o está desenvolvendo, fazendo do aprender a conhecer e do fazer um movimento conjunto, visto que a educação deve ser vivida, (Mosca, 2008), pensando-se pelo caminho de que “incorporar o conhecimento não é verbalizar nem intelectualizar – é corporalizar” (HELLER, 2006 apud MOSCA, 2008, p.2). Kunz (1994), defende que devemos oferecer vivências e experiências de movimentos à nossos alunos, pois esses poderão possibilitar as crianças momentos de vitória e conquista, o que irá promover uma enorme auto-estima e um conhecimento de si próprio, dando chance e coragem para que essas crianças possam realizar novas atividades no futuro. Kunz e Santos (2005) nos levam a pensar na importância que temos para com as crianças nas aulas de Educação Física, pois é nessa fase pode-se deixar que as mesmas expressem-se através de seus diversos movimentos, possibilitandose o criar e o brincar com seus próprios movimentos, não levá-las a simplesmente copiar e imitar gestos já preparados, mas lhes dar o conhecimento da grande 29 importância e a necessidade do se - movimentar, para que, quando adultos não se tornem pessoas que sujeitam-se e acomodam-se perante a movimentos idealizados. No dia em que for capaz de pensar e viver a realidade humana como um todo unitário, não apenas como soma das partes, mas como um todo orgânico, onde a parte não se compreende e não sobrevive a não ser no todo e só nele identificando-se, neste dia não se falará mais, provavelmente, em educação Física intelectual, moral, artística, etc..., mas em Educação Humana (SANTIN, 1987, p.27). 3.3 Infância No decorrer da história modificaram-se os modos com que se compreendia a infância e as crianças, assim como a relação delas com seu meio. Do século XII ao século XVIII, a infância toma diferentes conceitos dentro da sociedade, a criança já foi vista como “um investimento pouco viável e substituível”, sofrendo descaso dos pais, pois na época com a falta de higiene a mortalidade infantil atingia índices absurdos, fazendo com que os pais não se preocupassem em cuidar das crianças, pensando na possibilidade delas viverem por pouco tempo. (CALDEIRA, 2009) A mesma autora nos relata que os pequenos passaram também pela distinção de tratamento entre crianças do sexo masculino, que eram recebidas com muita alegria, e crianças do sexo feminino, que seu nascimento não era tão festejado. Distinções que ainda surgem efeito nos dias de hoje, percebendo-se muitas vezes a suposta superioridade que crianças/adultos do sexo masculino sentem a respeito das crianças do sexo oposto. As crianças eram atribuídos modos de pensar, sentir e agir, sendo de responsabilidade dos adultos desenvolver o caráter e a razão, sem se preocupar com as diferenças e as semelhanças entre uma e outra criança, mais entendendo como se todas fossem iguais e deveriam ter o mesmo tratamento e ensinamento, “pensava-se nelas como páginas em branco a serem preenchidas, preparadas para a vida adulta”(CALDEIRA, 2009, p.3). 30 “Considerava-se que a criança, antes dos 7 anos de idade, não teriam condições de falar, de expressar seus pensamentos, seus sentimentos” (CORDEIRO e COELHO, 2006, p. 884) Por volta do século XVII, de acordo com Caldeira, 2009 começa-se a reconhecer que as crianças precisavam de tratamento diferenciado, antes de integrar o mundo dos adultos. Foi ai que elas começaram a participar dos grupos escolares. A despeito das muitas reticências e retardamentos, a criança foi separada dos adultos e mantida à distância numa espécie de quarentena, antes de ser solta no mundo. Essa quarentena foi a escola, o colégio. Começou então um longo processo de enclausuramento das crianças (como os loucos, dos pobres e das prostitutas) que se estende até nossos dias e ao qual se dá o nome de escolarização (ARIÉS, apud CORDEIRO e COELHO 2006, p. 885). Entre os séculos XVIII e XIX com a explosão da Revolução Industrial, foi direcionado um novo olhar sobre a infância. Passaram a ser vista como tendo um valor econômico a ser explorado. Pois a urgência por mão-de-obra resulta na quebra dos direitos infantis de acesso à escola, encaminhando as crianças direto ao mercado de trabalho, sendo submetidas às explorações em nome dos ditames econômicos. (CORDEIRO e COELHO, 2006). Caldeira, (2009) relata que a mudança no conceito de infância está diretamente ligada com o fato de que as crianças foram por longas datas consideradas “adultos imperfeitos” (p. 4). Sendo uma etapa da vida com pouco interesse e valores a serem considerados pelos adultos. Porém foram essas pequenas mudanças de conceitos e visões do que é infância e o que é ser criança, que hoje nos deparamos com novas maneira de se pensar a respeito dessa fase sumamente importante na vida de todo ser humano. A criança desse novo tempo possui características, tratamento, necessidades bem distintas das do século passado, toda essa mudança só foram possíveis graças a estudos mais aprimorados e um olhar mais voltado para a primeira fase de nossa vida, a infância. Sarmento e Pinto (apud SIMÃO, 2007) salientam que a criança sempre existiu em todas as fases da humanidade, no entanto estudos e compreensões sobre a criança e a infância são construções recentes, advindos de nosso meio social e construído historicamente dia a dia, com colaborações familiares, sociais, políticas, 31 educacionais, enfim, tudo que nos rodeia e que de uma forma ou de outra nos afetam e possibilitam uma mudança em nosso ser, deixando evidente a particularidade existente entre o mundo da infância e o mundo adulto Essa nova visão que a sociedade começou a ter sobre a infância proporcionou uma intensificação quanto as pesquisas na área da infância, com isso muitos estudiosos e pesquisadores têm se dedicado a respeito desses estudos, preocupando-se sempre em conhecê-las em suas várias dimensões e em diferentes áreas, objetivando avaliar as crianças e os processos de constituição da infância numa perspectiva em que sejam respeitadas como sujeitos de direitos e produtoras de conhecimentos e de cultura (SIMÃO, 2007). A mesma autora defende a necessidade de grifar a existência de diferentes tipos de infância, não somente a infância separada por idades, de que até dois anos a criança deve fazer isso, até quando aquilo, mas uma infância que se destacará através das condições e circunstâncias,sejam elas sociais, materiais, culturais, étnicas e de gênero, a qual a criança está sendo submetida dia a dia que ira trazer diferentes faces de uma mesma infância. Estudos antropológicos sobre as crianças têm buscado aprender um pouco mais sobre as formas de se ser criança e porque não como deixar de ser criança, buscando uma analise mais voltada para a autonomia infantil, buscando compreender seu vasto universo partindo do olhar de criança, não mais analisando essa fase como um reflexo do mundo adulto, mais como uma fase que precisa ser transposta para que se possa chegar ao tão temido “mundo de gente grande” levando uma bagagem qualitativa para poder integrar-se ao novo universo dos adultos (SIMÃO, 2007). 32 4 MÍDIA E INDUSTRIA CULTURAL 4.1 Mídia: Definições e conceitos De acordo com Schmeling (2005) a palavra mídia vem do latim médium, considerada por Pires (2000), como o conjunto dos meios de comunicação de massa, Mass Media, expressão advinda do inglês. Os meios de comunicação de massa, segundo Beltrão e Quirino (apud PIRES 2000, p.8), são como “instrumentos ou aparelhos técnicos mediante os quais se difundem mensagens – pública, indireta e unilateralmente – a um público disperso, denominado audiência”. Toschi (2002) faz uma breve reflexão sobre o percurso da tecnologia e da técnica até obtermos a mídia com a qual estamos habituados. A mesma autora nos coloca que a técnica irá se caracterizar pela intenção ou necessidade de melhorar algo, já a tecnologia é o conhecimento do porque da técnica e como os objetivos de melhoria dessa técnica são alcançados. “As tecnologias não são apenas aparelhos, equipamentos, não são puro saber - fazer, são cultura que tem implicações éticas, políticas, econômicas e educacionais” (p.267). O termo mídia começou a ser usado conforme foram surgindo novas tecnologias, novos aparelhos, sendo esses aparelhos os conhecidos meios de comunicação de massa que hoje possuímos em nossas casas. (TOSCHI, 2002). Os meios de comunicação em massa são usados com diferentes formas, recursos e técnicas para que as informações cheguem até o telespectador, estando esta dividida em três grupos, mídia digital – internet e televisão digital, mídia eletrônica – televisão, rádio, cinema e outros recursos audiovisuais, mídia impressa – jornais, revistas, folder, catálogos (PIRES e HACK, 2004). 4.2 Industria cultural: Sentidos e significados Indústria Cultural é um termo conhecido desde 1947 com o lançamento da obra Dialética do Esclarecimento, de Adorno e Horkheimer. Os autores buscam nessa obra alertar a respeito das relações de troca de mercadorias que se iniciavam 33 na época, permitindo que produtos com valores culturais perdessem seu brilho sua especificidade de uso, dissolvendo a verdadeira cultura. (MEDRANO E VALENTIN, 2001). O termo indústria cultural surge no período da revolução industrial, estando ligada ao desenvolvimento industrial e tecnológico da sociedade no século XX e XXI, estando envolvida no processo de industrialização que organiza a produção artística e cultural no contexto das relações capitalistas de produção e que deve ser lançada no mercado, vendida e consumida como qualquer mercadoria. Assim, valores espirituais, artistas, pensadores, idéias, obras de arte passam por um nivelamento, uma padronização e um ajuste que adéqua o valor de uso ao valor de troca. (HORKHEIMER E ADORNO, apud SUBTIL S/D, p.7). 4.3 Mídia, industrial cultural, música e Educação Física A Educação Física no meio escolar é vista como uma disciplina que se aplica a prática de intervenções pedagógica sendo fundamental que absorva de seu cotidiano apontamentos do contexto histórico e cultural. Implicando-se a identificação e a reflexão de discursos e práticas existentes em outras áreas ou campos de intervenção social a respeito de seus conteúdos. (BRACHT, 1999). Sendo assim a Educação, em conjunto com a Educação Física, tornam-se responsáveis por identificar as diversas práticas sociais de nossa cultura, buscando uma tematização desses de assuntos atuais com as aulas. A educação tem em primeira instancia promover mudanças desejáveis e que venha a ser permanentes nos indivíduos, que favoreça o desenvolvimento integral tanto do homem quanto da sociedade. Sendo assim a Educação fica responsável por tornar um individuo mais independente, com opiniões e ações que mostrem sua autonomia e suas reflexões pessoais no decorrer das aulas e de sua vida pessoal (GOMES apud XAVIER, 2008) Xavier (2008) esclarece que para refletirmos a educação é preciso falar-se de intenções. Educação com intuitos e objetivos. Basta saber qual é o objetivo do educador, qual sua visão de sociedade, qual sua intenção para saber-se que tipos de cidadão poderão ser formados. 34 Luckesi (1994) compreende que para os projetos de educação serem bem sucedidos ele depende da intenção do educador, pode ser conservador ou transformador. Volpato (2002) defende a idéia de que a educação vai muito além do passar conteúdos, em meio às aulas os alunos demonstram seus sentimentos, sendo que todos esses sentimentos possuem significados e devem ser percebidos pelo professor. Pensando em um educar com e para a sociedade, observa-se que esse meio social em que estão inseridos nossos alunos reproduz sua própria cultura, suas normas, valores e regras, como a Educação Física também esta inserida nessa sociedade e, levando em consideração que os movimentos corporais são o centro das aulas torna-se imprescindível ao professor fixar seu olhar a um conjunto de posturas aliadas aos movimentos corporais, pensando nesses movimentos como uma junção de valores (da sociedade com os da Educação Fisica), que representam além dos sentimentos dos alunos toda a cultura de uma sociedade (FREIRE, apud BELLONI, 2001). É fundamental que a escola - um equipamento de enorme impacto na vida das crianças e dos jovens - construa uma ponte entre o conhecimento estabelecido, o patrimônio cultural da humanidade, e aquele conhecimento cultural que está presente, circulando em nosso meio. Espera-se que a escola consiga articular esse patrimônio com a cultura das pessoas que vivem no seu entorno e que a freqüentam. Compreendendo a forte relação da cultura com o meio escolar espera-se que professores e profissionais do âmbito educacional estejam atentos a outro fato presente em nosso meio, a indústria cultural, que mantêm uma forte ralação com a educação através de seus meios de comunicação. A indústria cultural pode ser definida como o conjunto de meios de comunicação como, o cinema, o rádio, a televisão, os jornais e as revistas, que formam um sistema poderoso para gerar lucros e por serem mais acessíveis às massas, exercem um tipo de manipulação e controle social, ou seja, ela não só edifica a mercantilização da cultura, como também é legitimada pela demanda desses produtos. (COSTA ET AL 2003) Com a industria cultural presente em nosso dia a dia percebe-se que a longo prazo ela nos proporciona uma expansão global cultural, de estilos, de 35 comportamento, consumo, pensamento, de gostos e preferências, nos mostrando uma popularização de fragmentos desconexos das culturas locais, onde culturas se misturam formando um “emaranhado cultural” ganhando características advindas de outros lugares e perdendo sua essência e traços que a caracterizam e dão originalidade a determinados lugares. (MOREIRA, 2003) A formação cultural agora se converte em uma semiformação socializada, na onipresença do espírito alienado, que, segundo sua gênese e seu sentido, não antecede à formação cultural, mas a sucede. Deste modo, tudo fica aprisionado nas malhas da socialização (ADORNO apud MOREIRA, 2003 ) Com essas palavras Adorno nos leva a pensar que em um possível resgate da formação cultural e cabendo aos indivíduos, grupos e classes destravarem essa batalha evoluindo da semicultura para a formação cultural e junto com ela a autonomia do espírito. Zuin, (1999) relata que hoje pessoas que se dizem conhecer de tudo um pouco, sem se aprofundar em nada, se desfazendo da teoria e se considerando “cultos”, geram opiniões baseadas em opiniões populares já formadas. A partir daí é importante ressaltar a importância da teoria que possui certa independência da prática, porém uma não corre sem a outra. Para Zuin a educação é emancipação, mas como produzir uma consciência emancipada se hoje vivemos numa sociedade que nos impõe valores de uma semicultura, se a indústria cultural manipula nossa consciência para aceitarmos e reproduzimos o que a semicultura quer. Infelizmente a semicultura e as mudança de valores vem se expandindo a ponto de atingir as Artes (dança, música, artes plásticas). Quanto a essa apropriação cultural artística Adorno coloca que: O cinema e o rádio não precisam mais se apresentar como arte. A verdade é que não passam de um negócio, sendo utilizados como veículos ideológicos destinados a legitimar o lixo que propositadamente produzem. Eles definem a si mesmos como indústrias e as cifras publicadas dos rendimentos de seus diretores gerais suprimem toda dúvida quanto à necessidade social de seus produtos. (ADORNO apud BERTONI 2001 p.76) Adorno (apud BERTONI, 2001, p. 77), em seu ensaio “Sobre música popular”, considera que “a Indústria Cultural prostitui os valores estéticos da arte, dando-lhe uma falsa imagem”. A música tornou-se um fundo convencionalmente necessário e repetitivo. O público a escuta de forma infantil ou não a escuta. Vemos que essa 36 crítica é muito atual quando sintonizamos qualquer emissora de rádio ou de televisão preocupadas, tão somente, com o sentido mercadológico da arte musical. Os ritmos e as letras das músicas são sempre idênticos, não acrescentando absolutamente nada à nossa formação cultural e como pessoa. (BERTONI 2001) Bertoni, (2001), nos coloca que as implicações das chamadas “música de mercado” influenciam, tanto no aspecto cultural como no social, na formação das crianças. De maneira especial, seduzem-nas pela sensualidade das danças e das letras musicais, acarretando um desenvolvimento precoce de aspectos da sexualidade que atropelam, de alguma forma, seu desenvolvimento afetivo. Como conseqüência dessa massificação, podemos considerar que o fato de se ter acesso somente à cultura de massa acaba por não permitir ao indivíduo a aquisição do conhecimento de outros aspectos culturais que expressam a cultura do povo, seus valores e suas lutas. Em nosso entender, a música é a expressão do pensar e do sentir das pessoas de uma determinada época. Além de proporcionar prazer, ela também pode informar e conscientizar. Portanto, para nós, esta postura de consumo significa estar à margem da cultura como um todo. O indivíduo sente-se marginalizado por não compartilhar da aquisição dos produtos ofertados pela Indústria Cultural e, ao mesmo tempo, passa a ser discriminado por não se sentir “idêntico”. Ele não percebe que partilhando da “cultura de massa” é que está se colocando à margem do entendimento de sua própria cultura. (BERTONI 2001) 37 5 CONCLUSÃO Pode-se concluir desta pesquisa que o elemento em questão, a música, realmente está muito presente no nosso dia a dia chegando a tornar-se cultural na vida das pessoas. Desde pequeninas, os ritmos e batidas produzidos por instrumentos tradicionais ou improvisados influenciam as crianças, seja em suas brincadeiras, de imitações ou nas de roda, em seu jeito de falar, característico de canções regionalistas ou contemporâneas, em seu jeito de pensar, enfim no modo em que elas se movimentam e expressam-se. Por ser o movimento algo que expressa o que sentimos e o que queremos consegue-se ver que mesmo sem ter noção do que é musica e como ela é produzida o ser humano já se encanta e deixa-se levar pelas suas vibrações, permitindo-se um movimentar-se livre, sentindo o que esta a sua volta e o seu próprio corpo, sentindo-se a vontade para externalizar seus movimentos. Na Educação Infantil percebemos que se buscam formas de deixar com que a criança aprenda com isso as brincadeiras, os jogos, as cantigas tornam-se fundamentais para os conhecimentos da cultura corporal. A Educação Física por tratar diretamente do corpo e de seus movimentos acaba por permitir que esses assuntos sejam explorados em aula, buscando justamente estimular a linguagem denominada corporal, auxiliando em cada fase e suas respectivas ações educacionais. Sendo (devendo ser) a Educação Física componente curricular das instituições de Educação Infantil cabe a ela propiciar as crianças oportunidades adversas de experimentar novas descobertas e sensações, novos desafios e barreiras a ser transposto por seus movimentos ainda primários mais que desejam ser aprimorados em tudo, desde um simples salto a mais difícil cambalhota, comprometendo-se a ser uma disciplina que forma cidadãos que conheçam suas diversas formas de se movimentar. No entanto, no decorrer da pesquisa deparamo-nos com um influente fortíssimo em nosso mundo contemporâneo, as mídias, que hoje tem grande influência na vida de todas as pessoas, pois de uma forma ou de outra todas as pessoas estão expostas e prontas a receber todos os tipos de informações por 38 vários tipos de expositores, seja pela televisão, radio, internet, outdoor, enfim são bombardeamentos de informações que chegam a cada minuto até nós. Com relação a música percebe-se que a mídia realmente possui uma forte influência sobre as crianças pois elas, e até mesmo os adultos, querem ouvir o que passa de novo na TV, nos rádios, as bandas do momento, ou o cantor fofo que encanta a garotada, ao meu ver não teria problema toda essa midiatização em cima desde ou daquele artista, porém tanto nos como as mídias deveríamos selecionar o que estão a nos passar, e nos professores incluir em nossos trabalhos em aula uma analise de como a mídia se apropria ou produz o artista do momento, que os conteúdos em si começassem a ser analisados, que as músicas fossem ouvidas e não apenas escutadas, ou curtidas, como nos dizem os dialetos atuais. Enfim, quanto a utilização da Música pela educação Física na Educação Infantil pode-se perceber que há uma influência e uma forte recepção por parte das crianças, pois como já foi visto a música encanta a qualquer um e deixa fluir nossa imaginação permitindo ver o que nos rodeia com outros olhos, no entanto o educador deve estar atento as necessidades de sua turma para que a atividade realmente contribua para o desenvolvimento e não passe despercebido tornando-se apenas mais uma atividade estereotipada. 39 REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida de; Introdução a Metodologia do Trabalho Cientifico. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2007. ASSMANN, Hugo. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. BASEI, Andréia Paula. A Educação Física na Educação Infantil: a importância do movimentar-se e suas contribuições no desenvolvimento da criança. Revista Iberoamericana de Educación n.º 47/3 – 25 de octubre de 2008 BELLONI, Maria Luiza. O que é Mídia-educação. 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