o olhar da psicologia educacional na disciplina educação física

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AVALIAÇÃO DA ATITUDE E AUTOEFICÁCIA: O OLHAR DA
PSICOLOGIA EDUCACIONAL NA DISCIPLINA EDUCAÇÃO FÍSICA
ALMEIDA, Camila Marta – UTP-PR
[email protected]
DAL-LIN, Alessandra – UTP-PR
[email protected]
CAGNATO, Euza Virginia – UTP-PR
[email protected]
Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O vigente paradigma na Educação Física Escolar nos indica a necessidade de buscar respostas
em outras áreas do conhecimento, para poder compreender a complexidade que se envolve no
processo ensino aprendizagem. Destarte, buscar respaldo na psicologia educacional para
compreender o processo ensino aprendizagem, é demonstrar que a Educação Física está
buscando entender o aluno de uma maneira integral, que quando ele corre, pula, salta, chuta
não é apenas um apanhado de músculos que está fazendo aquela ação, mas que dimensões
afetivas e cognitivas estão atuando de forma interligada. Este estudo teve como objetivo
verificar a atitude dos alunos frente à disciplina Educação Física e sua autoeficácia física,
almejando deter o conhecimento, para assim poder prevenir possíveis sentimentos de
descontentamento com essa disciplina e com a prática de atividade física. A amostra foi
composta por 43 alunos sendo 27 do sexo masculino e 16 do sexo feminino, com idade
variando entre doze a quinze anos, estudantes de duas turmas de 7ª série de uma escola
estadual do município de Campo Magro. Para alcançar o objetivo proposto foram utilizados
os seguintes instrumentos: Escala de Atitude em relação a matemática validada por Brito (1996)
adaptada para a disciplina Educação Física por Caetano (2009) e Escala de Autoeficácia Física
(EAF) proposta por Ryckman et al., (1982). A análise dos resultados mostrou que os alunos desse
estudo tem uma atitude positiva frente à disciplina Educação Física. Em relação a autoeficácia
física predominou a concordância dos aspectos positivos na capacidade física percebida e na
confiança na autoapresentação física, predominou a concordância dos aspectos negativos. Com
base nos resultados há necessidade do professor durante a prática pedagógica ter mais atenção
na autoeficácia dos alunos, e assim realizar intervenções pedagógicas contribuindo para
aumentar a sua confiança na realização das atividades.
Palavras-chave: Atitude. Autoeficácia. Psicologia educacional. Educação Física.
7093
Introdução
O tema do referido estudo surgiu após sucessivas repetições de um fato. Atuando
como professora de Educação Física, a cada início do ano letivo realizo a avaliação
diagnóstica, onde são levantadas algumas questões para o aluno, entre elas, qual atividade
você gosta ou não de praticar nas aulas de Educação Física. Fico intrigada com o fato de
encontrar respostas como “não gosto de: handebol porque não tenho habilidade para o jogo,
amarelinha porque não consigo pular em um só pé, futebol porque machuco meus colegas e
isso não é legal ou porque ninguém me passa a bola, basquetebol porque eu sou baixa e não
consigo fazer a cesta”, ou seja, respostas ligadas não somente às habilidades motoras, mas de
ordem afetiva, cognitiva e social. Como estes fatores podem influenciar no sucesso do
processo ensino aprendizagem, bem como afetar a vida futura dos alunos, verifiquei a
possibilidade de encontrar argumentos para justificar esse fato na psicologia educacional.
A Educação Física é uma disciplina que “tem a função social de contribuir para que os
alunos se tornem sujeitos capazes de reconhecer o próprio corpo, adquirir uma expressividade
corporal consciente e refletir criticamente sobre as práticas corporais” (DIRETRIZES
CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA, 2008, p. 72).
Mas será que a Educação Física está cumprindo seu papel como nos indicam estas
diretrizes? Acredita-se que o avanço ainda é lento, e é no decorrer dos anos escolares que está
ocorrendo o progresso do sentimento de aversão a disciplina Educação Física, especialmente
no que se refere às aulas prática, fato que vem sendo comprovado por inúmeros estudos
voltados para a motivação dos alunos nessa disciplina, especialmente no que se refere no
ensino médio.
Destarte, o objetivo desse estudo, buscando amparo na psicologia educacional, foi
verificar a atitude do aluno frente à disciplina Educação Física e sua autoeficácia física,
almejando deter o conhecimento, para assim poder prevenir possíveis sentimentos de
descontentamento com essa disciplina e com a prática de atividade física.
Educação Física escolar, psicologia educacional e educação
O tecnicismo foi preconizado na Educação Física até a década de 80 onde o aluno era
tratado como um robô e o fim desta disciplina era apenas a técnica, desprezando-se os
7094
aspectos cognitivos, afetivos e sociais na formação do aluno. Em oposição à esta vertente
surgem diversas abordagens pedagógicas alicerçadas não somente na fisiologia e biologia,
mas percebendo o aluno como ser integral, buscando os conhecimentos da sociologia e
psicologia (DARIDO, 1999).
Desta forma, buscar respaldo na psicologia educacional para compreender o processo
ensino aprendizagem, é demonstrar que a Educação Física está buscando entender o aluno de
uma maneira integral, que quando ele corre, pula, salta, chuta não é apenas um apanhado de
músculos que está fazendo aquela ação, mas que dimensões afetivas e cognitivas estão
atuando de forma interligada.
Salvador (1999, p.43) sobre a psicologia educacional nos diz que a sua finalidade “é a
de utilizar e aplicar os conhecimentos, os princípios e os métodos da psicologia para análise e
os estudos dos fenômenos educativos” e ainda que:
dessa maneira, mediante a análise das situações e das atividades educativas com a
ajuda dos métodos e dos conceitos específicos da psicologia, a psicologia da
educação está em condições de contribuir tanto com o desenvolvimento do
conhecimento psicológico como com a melhora da educação.
Existem diferentes concepções da psicologia da educação que é “[...] uma expressão
da importância relativa atribuída por cada uma aos componentes psicológicos no esforço de
explicar e de compreender os fenômenos educativos” (SALVADOR, 1999, p. 39).
Ausubel (1976, p. 23) ressalta que o papel da psicologia educacional em relação a
aprendizagem é:
descubrir la naturaleza de aquellos aspectos del processo de aprendizaje que
afecten, en el alumno, la adquisición y retención a largo plazo de cuerpos
organizados de conocimiento. El amplio desarrollo de las capacidades para
aprender y resolver problemas. Averiguar cuáles características cognoscitivas y de
personalidad del alumno, y qué aspectos interpersonales y sociales del ambiente de
aprendizaje, afectam los resultados de aprender uma determinada materia de
estudio, la motivación para aprender y las maneras características de asimilar el
material. Determinar las maneras adecuadas y de eficiencia máxima de organizar y
presentar materiales de estudio y de motivar y dirigir deliberadamente el
aprendizaje hacia metas concretas.
7095
A compreensão do processo de desenvolvimento e de aprendizagem do aluno, por
meio da psicologia educacional, por parte do professor, pode aperfeiçoar a prática pedagógica
contribuindo para um ensino de melhor qualidade (LEVANDOVSKI; BERBEL, 2008).
Diante disso tendo como base a psicologia educacional, foi escolhido neste estudo
conhecer e investigar os constructos atitude e autoeficácia advindos da psicologia social e
teoria social cognitiva, por acreditar que essas teorias se aproximam da temática evidenciada
nos dias de hoje, na busca da melhoria de qualidade do processo ensino aprendizagem.
Atitude
Atitude, segundo Brito (1996, p.11) é:
uma disposição pessoal, idiossincrática, presente em todos os indivíduos, dirigida a
objetos, eventos ou pessoas, que assume diferente direção e intensidade de acordo
com as experiências do indivíduo. Além disso, apresenta componentes de domínio
afetivo, cognitivo e motor.
Desta forma, se a atitude tem relação com os domínios afetivo, cognitivo e motor, e
são variáveis, subjetivos, além da relação que estabelecem com outras esferas da vida,
podemos presumir que cada disciplina na escola tem papel importante, nas atitudes de cada
aluno com o objeto do conhecimento.
Segundo Caetano (2009, p.1) baseado em Ardiles a atitude não deve ser confundida
com o comportamento “há relações na literatura entre atitudes e comportamento de um
indivíduo, porém, não são o mesmo fenômeno, sendo o comportamento, uma das formas de
expressar a atitude”.
As atitudes não são inatas, mas, sim adquiridas, elas podem variar ao longo da vida,
são influenciadas pela cultura onde o indivíduo está inserido e como elas são adquiridas
podem ser aprendidas na escola. “Quando falamos em atitude, estamos nos referindo a um
evento interno, aprendido, com componentes cognitivos e afetivos que varia de intensidade e
é dirigido a um determinado objeto” (BRITO, 1996, p. 11).
Este aspecto interfere no processo de aprendizagem e pode ajudar o professor a
compreender porque muitas vezes o aluno não quer participar das aulas, e até mesmo entender
7096
porque em algumas disciplinas possui maior eficiência e em contrapartida nas outras encontra
muita dificuldade.
Klausmeier (apud LOOS, 2003, p.7) nos diz que a atitude possui o conteúdo afetivocognitivo e que “existem atitudes fundamentadas mais em experiências emocionais, outras
mais em informações ligadas ao objeto, e ainda que, derivam de vivências que combinam os
aspectos informacionais com os emocionais”.
Brito (2002) nos relata que atitudes negativas em relação à matemática, no caso,
transferiu-se neste estudo para a disciplina Educação Física, pode acarretar uma aversão à esta
disciplina no decorrer dos anos escolares, por isso se torna relevante estudar a atitude do
aluno frente às disciplinas.
Autoeficácia
Bandura (1997, p.3) define autoeficácia como "a crença na própria capacidade de
organizar e executar cursos de ações requeridas para produzir determinadas realizações".
A crença de autoeficácia tem um papel importante no processo ensino aprendizagem,
visto que esta “exerce um impacto na seleção de tarefas, no grau de motivação, na qualidade e
na quantidade de investimento a ser feito, afetando sobremaneira o nível de desempenho dos
alunos” (BORUCHOVITCH apud COSTA e BORUCHOVITCH, 1996, p. 94).
Pelo fato de influenciar no nível de motivação, sendo esta uma questão que intriga
muitos no âmbito educacional, é um fato revelado pelos inúmeros estudos voltados para essa
temática. Torna-se relevante avaliar as crenças de autoeficácia dos alunos, pois, como ressalta
Bzuneck (2001, p. 15): “quanto mais avançadas as séries, os problemas tendem a ser mais
complexos e profundos, por terem raízes naqueles que se originam nas séries iniciais [...]”.
Diante disso o professor deve estimular o aluno a avaliar seu senso de autoeficácia durante o
processo de aprendizagem (ZIMMMERMAN; BONNER; KOVACH, 1996).
Segundo Bandura (apud COSTA; BORUCHOVITCH, 1996) são quatro os aspectos
responsáveis por estabelecer a percepção de autoeficácia:
Experiência de êxito: experimentação de sucesso em diversas atividades fortalece o
senso de autoeficácia pessoal.
Experiências vicárias: consiste em observar modelos sociais, ver pessoas com
capacidades análogas desempenhando tarefas com sucesso apóia a crença de que o
aluno possui condições para aprender e ser bem sucedido na mesma atividade.
7097
Persuasão verbal: Tal julgamento possui um efeito limitado sobre as fontes de
eficácia, principalmente se a persuasão for acompanhada por um fracasso.
Estados fisiológicos: A redução do estresse e de estados emocionais negativos
auxilia o controle do raciocínio, melhorando a crença de auto-eficácia.
Contudo, podemos refletir como a Educação Física está desenvolvendo esses aspectos
no que se refere à autoeficácia em atividade física, como por exemplo, o aluno com uma
aptidão física inferior a de seus colegas, sofrer sucessivos fracassos em diversificadas
atividades e no decorrer dos anos escolares. Este fato é preocupante, pois, como nos relata
Iaochite (2006) este pode ser um dos influenciadores na aderência à prática de atividade física
regular.
Em relação ao papel da autoeficácia na prática de atividade física Bandura (apud
IAOCHITE, 2006, p. 140) destaca:
as crenças de auto-eficácia exercem um papel fundamental nesse processo, uma vez
que, mais importante de que possuir as habilidades, é o individuo se sentir capaz de
mobilizar esforços por si próprio para vencer as adversidades de se iniciar a prática
de exercícios”.
Mais importante que o aluno possuir habilidades, é sentir-se capaz de realizá-las, e
desta maneira torna-se imprescindível o professor constatar a importância da autoeficácia e
assim estimular a reflexão, junto aos alunos, desde as séries iniciais, podendo evitar possíveis
aversões em atividades não só dentro da escola, mas, fora dela, afinal um dos objetivos da
escola é preparar estes alunos para a vida.
Procedimentos metodológicos
Tipo de pesquisa
Este estudo se caracteriza como uma pesquisa de métodos mistos, que segundo
Creswell (2010, p.27) “é uma abordagem da investigação que combina ou associa as formas
qualitativa e quantitativa”. Este tipo de pesquisa pretende mais do que unir dois métodos,
pretende que a força do estudo seja maior do que os métodos separados. Neste estudo,
iniciou-se com uma pesquisa com uso de instrumentos quantitativos para aferir a percepção
7098
do grupo sobre o objeto de estudo, e na sequência realizou-se a análise das respostas seguindo
uma orientação interpretativa.
Sujeitos
A população deste estudo foi composta por 3 turmas de 7º série de uma Escola
Estadual do município de Campo Magro – PR no ano de 2011. A amostra constitui-se de 43
alunos sendo 27 do sexo masculino e 16 do sexo feminino, com idade variando entre doze a
quinze anos, estudantes de duas turmas de 7° série.
Instrumentos
1) Escala de Atitude em relação a matemática validada por Brito (1996) sendo adaptada para a
disciplina Educação Física por Caetano (2009),o questionário é composto por 17 perguntas
fechada sendo 10 positivas e 7 negativas, utilizando a escala tipo Likert com quatro possíveis
respostas concordo totalmente; concordo; discordo e discordo totalmente.
2) Escala de Autoeficácia Física (EAF): proposta por Ryckman et al., (1982), sendo retirada e
traduzida por Barbosa (2008, p.52) e que segundo este “tem como objetivo avaliar as percepções
dos indivíduos sobre sua capacidade de realizar tarefas utilizando habilidades físicas”, o
questionário é composto por vinte e dois itens subdivididos em duas sub-escalas (capacidade
física percebida, confiança na autoapresentação física – auto imagem), onde é utilizada a escala
tipo Likert com cinco possíveis respostas: (1) concorda totalmente, (2) concorda, (3) nem
concorda nem discorda, (4) discorda e (5) discorda totalmente, vale ressaltar que foi
realizada uma adaptação da escala para esse estudo.
Procedimentos
Primeiramente foi solicitada a autorização da direção da escola e o consentimento dos
alunos, aceito o pedido, ocorreu a aplicação dos instrumentos. Os questionários foram
aplicados para os alunos coletivamente, no horário da aula de educação física.
7099
A análise dos dados foi realizada de forma interpretativa dos dados coletados a partir
dos instrumentos propostos, buscando averiguar a atitude dos alunos frente à disciplina
Educação Física e a autoeficácia física.
Resultados obtidos
Inicialmente serão apresentados o resultados da atitude do aluno frente à disciplina
Educação Física, ressaltando que da pergunta 1 a 10 foi enaltecido aspectos positivos dessa
disciplina e de 11 a 17 negativos.
Tabela 1 - Atitude aluno frente a disciplina Educação Física
Questão
Concordo
Totalmente
Concordo
Discordo
Discordo
totalmente
1. Eu acho a Educação Física muito interessante e
gosto das aulas de Educação Física
27
63%
14
33%
1
2%
1
2%
2. A Educação Física é fascinante e divertida.
22
51%
21
48%
1
2%
0
0%
3. A Educação Física me faz sentir seguro(a) e ao
mesmo tempo, estimulante.
10
23%
26
60%
5
12%
2
5%
4. O sentimento que tenho em relação a Educação
Física é bom.
15
35%
22
51%
6
14%
0
0%
5. A Educação Física é algo que aprecio
grandemente.
18
42%
17
39%
6
14%
2
5%
6. Eu gosto realmente de Educação Física.
20
47%
16
37%
4
9%
3
7%
7. A Educação Física é uma matéria que eu
realmente gosto de estudar.
19
44%
15
35%
7
16%
2
5%
8. Eu fico feliz na aula de Educação Física do que
na aula de qualquer outra matéria.
26
60%
8
19%
5
12%
4
9%
9. Eu me sinto tranquilo(a) em Educação Física e
gosto muito dessa matéria.
15
35%
26
60%
0
0%
2
5%
10. Eu tenho uma reação definitivamente positiva
com relação à Educação Física: eu gosto e aprecio
essa matéria
17
40%
19
44%
7
16%
0
0%
11. Eu fico sob uma terrível tensão na aula de
Educação Física.
2
5%
10
23%
21
48%
10
23%
12. Eu não gosto de Educação Física e me assusta
ter que fazer essa matéria.
2
5%
5
12%
10
23%
26
60%
7100
13. Eu tenho a sensação de insegurança quando
me esforço em Educação Física.
0
0%
9
21%
15
35%
19
44%
14. A Educação Física me deixa inquieto(a),
descontente, irritado(a) e impaciente.
3
7%
2
5%
15
35%
23
53%
15. Quando eu ouço a palavra Educação Física, eu
tenho um sentimento de aversão.
1
2%
4
9%
23
54%
15
35%
16. Eu encaro a Educação Física como um
sentimento de indecisão, que é resultado do medo
de não ser capaz em Educação Física.
3
7%
8
19%
15
35%
17
39%
17. Eu nunca gostei de Educação Física e é a
matéria que me dá mais medo.
0
0%
6
14%
8
19%
29
67%
Fonte: Organizado pelo(s) autor(es) – maio/11
Verifica-se na tabela 1 que em relação aos questionamentos de aspectos positivos da
disciplina Educação Física predominou a concordância visto que a maioria dos alunos
respondeu que concorda totalmente (CT) ou concorda (C): “Eu acho Educação Física muito
interessante e gosto das aulas de Educação Física” (63,0% CT) “Eu gosto realmente de
Educação Física” (47% CT),“A Educação Física é uma matéria que eu realmente gosto de
estudar” (44% CT), “Eu fico mais feliz na aula de Educação Física do que na aula de
qualquer outra matéria” (60% CT), “Eu tenho uma reação definitivamente positiva com
relação à Educação Física: eu gosto e aprecio essa matéria” (44% C).
Em relação a Educação Física como um aspecto positivo nota-se que novamente
predominou a concordância, como pode se verificar nos questionamentos a seguir: “A
Educação Física é fascinante e divertida” (43,7%), “A Educação Física me faz sentir
seguro(a), e é, ao mesmo tempo, estimulante” (51% CT), “O sentimento que tenho em
relação à Educação Física é bom” (51% C), “A Educação Física é algo que eu aprecio
grandemente” (42 % CT), “Eu me sinto tranquilo(a) em Educação Física e gosto muito dessa
matéria” (60% CT).
Esses resultados são animadores principalmente no que se refere ao fato da atitude
poder influenciar na motivação (BRITO, 1996). Se o aluno possuir uma predisposição
favorável a disciplina, o processo ensino aprendizagem terá mais chance de obter maior
sucesso.
Nos questionamentos que buscou averiguar aspectos negativos da disciplina educação
física predominou a discordância, pois, a maioria dos alunos afirmaram discordar totalmente
(DT) ou discordo aos questionamentos levantados: “Eu fico sempre sob uma terrível tensão
na aula de Educação Física” (42% D), “Eu não gosto de Educação Física e me assusta ter
7101
que fazer essa matéria” (60% DT), “Eu tenho a sensação de insegurança quando me esforço
em Educação Física” (44% DT), “A Educação Física me deixa inquieto(a), descontente,
irritado(a) e impaciente” (53% DT), “Quando eu ouço a palavra Educação Física, eu tenho
um sentimento de aversão” (54% D), “Eu encaro a Educação Física como um sentimento de
indecisão, que é resultado do medo de não ser capaz em Educação Física” (39% D) e “Eu
nunca gostei de Educação Física e é a matéria que me dá mais medo” (67% DT).
As atitudes frente às disciplinas podem influenciar a vida futura dos alunos (BRITO,
1996, p.67), não só a vida profissional como acadêmica, os resultados mostraram que os
alunos dessa pesquisa têm uma atitude positiva em relação a disciplina Educação Física até o
presente momento, como ela pode ser modificada durante os anos escolares, torna-se
importante continuar desenvolvê-la afinal os maiores índices de aversão a essa disciplina
estão no ensino médio.
Tabela 2 - Capacidade física percebida da EAF
Concordo
totalmente
Concordo
Eu tenho reflexos excelentes.
32% (14)
32% (14)
Nem
concordo,
Nem
dicordo
25% (11)
Eu sou ágil e gracioso(a).
40% (17)
23% (10)
Meu físico é bastante forte.
28% (12)
Eu posso correr rapidamente.
Eu me sinto no controle da situação
quando faço teste físico.
Eu tenho orgulho das minhas habilidades
esportivas.
Pessoas atléticas normalmente recebem
mais atenção do que eu.
Eu acho que tenho tendência de me
acidentar.
Questão
Discordo
Discordo
totalmente
7% (3)
2% (1)
21% (9)
7% (3)
9% (4)
28% (12)
28% (12)
8% (3)
8% (3)
21% (9)
28% (12)
30% (13)
12% (5)
9% (4)
21% (9)
30% (13)
30% (13)
16% (7)
3% (1)
37% (16)
33% (14)
14% (6)
12% (5)
4% (2)
18% (8)
30% (13)
28% (12)
12% (5)
12% (5)
23% (10)
16% (7)
24% (10)
21% (9)
16% (7)
Fonte: Organizado pelo(s) autor(es) – maio/11
A análise da escala da autoeficácia física foi dividida em duas partes a primeira
encontra-se na tabela 2 capacidade física percebida e na tabela 3 está o resultado da confiança
na auto- apresentação física (autoimagem).
Observa-se que para os questionamentos positivos sobre a capacidade física percebida
(tabela2) predominou a concordância nos seguintes itens: “Eu tenho reflexos excelentes” (32%
CT e 32% C), “Eu sou ágil e gracioso(a)” (40% CT e 23% C), “Meu físico é bastante forte”
(28% CT e 28% C),” Eu posso correr rapidamente”(21% CT e 28% C),“Eu me sinto no
7102
controle da situação quando faço teste físico” (21% CT e 30% ), “Eu tenho orgulho das
minhas habilidades esportivas”(37% CT e 33% C), e em relação aos aspectos negativos
predominou a concordância: “Pessoas atléticas normalmente recebem mais atenção o do que
eu”(18% CT e 30% C), “Eu acho que tenho tendência de me acidentar” (23% CT e 16% C).
A análise dos dados nos mostra a confiança da maioria dos alunos na capacidade física
percebida, em apenas dois dos questionamentos foram evidenciados aspectos negativos (na
maioria), vale ressaltar que no questionamento “Pessoas atléticas normalmente recebem mais
atenção o do que eu” 18% dos alunos afirmaram que concorda totalmente e 30% concorda,
este fato pode auxiliar o professor a refletir a sua prática, e verificar se é comum no dia a dia
escolar enaltecer o veloz, o mais forte, em detrimento dos que possuem menos habilidades, e
essas ocorrências podem acarretar algumas consequências a curto ou longo prazo, pois, como
ressalta Freire (2005, p. 5) “nós professores não conheceremos jamais todos os resultados de
nosso trabalho, uma vez que não está ao nosso alcance acompanhar a vida inteira dos alunos
[...] há coisas que não repercutem de imediato, mas somente após anos de vida”.
Tabela 3- Confiança na autoapresentação física (autoimagem) da EFA.
Concordo
totalmente
Concordo
Eu raramente fico constrangido(a).
23% (10)
30% (13)
Nem
concordo,
Nem
Dicordo
28% (12)
Às vezes eu não funciono bem sob
pressão.
Algumas características físicas às vezes
me aborrecem.
As pessoas pensam coisas negativas a
meu respeito por causa da minha
postura.
Eu hesito em discordar de pessoas mais
importantes do que eu.
Eu tenho músculos flácidos.
30% (13)
26% (11)
21% (9)
Eu às vezes invejo as pessoas que têm
melhor aparência do que eu.
Às vezes a minha risada me envergonha.
Questionamento
Eu me preocupo com a impressão que
meu físico causa nos outros.
Eu não gosto de apertar a mão de outras
pessoas quando sinto que minhas mãos
estão frias e úmidas.
Minha velocidade me ajuda a sair de
algumas situações difíceis.
Eu tenho um aperto de mão forte.
Discordo
Discordo
totalmente
5% (2)
14% (6)
14% (6)
14% (6)
16% (7)
39% (17)
14% (6)
12% (5)
14% (6)
26% (11)
16% (7)
19% (8)
16% (7)
23% (10)
20% (9)
23% (10)
30% (13)
9% (4)
18% (8)
4% (2)
19% (8)
35% (15)
14% (6)
28% (12)
12% (5)
23% (10)
26% (11)
23% (10)
16% (7)
28% (12)
30% (13)
12% (5)
18% (8)
12% (5)
19% (8)
35% (15)
23% (10)
21% (9)
2% (1)
21% (9)
18% (8)
9% (5)
33% (14)
18% (8)
30% (13)
33% (14)
19% (8)
11% (5)
7% (3)
17% (7)
33% (14)
11% (5)
28% (12)
11% (5)
Fonte: Organizado pelo(s) autor(es) – maio/11
7103
Os resultados da confiança na autoapresentação física (autoimagem) na tabela 3, nos
mostra que em relação aos aspectos positivos ocorreu a predominância da concordância como
nos mostra os seguintes itens: “Eu raramente fico constrangido(a)” (23% CT e 30% C),
“Minha velocidade me ajuda a sair de algumas situações difíceis”(30% CT e 33% C ), “Eu
tenho um aperto de mão forte” (17% CT e 33% C). Mas já em relação aos questionamentos
“Eu tenho músculos flácidos” (28% DT e 14% D), “Eu às vezes invejo as pessoas que têm
melhor aparência do que eu” (16% DT e 23% D), “Eu não gosto de apertar a mão de outras
pessoas quando sinto que minhas mãos estão frias e úmidas” (18% DT e 33% D) predominou
a discordância.
A confiança na autoapresentação física (autoimagem) em relação aos aspectos
negativos demonstrou a predominância da concordância como nos mostra os resultados: “Às
vezes eu não funciono bem sob pressão” (30% CT e 26% C),“Algumas características físicas
às vezes me aborrecem” (21%CT e 39% C),“ As pessoas pensam coisas negativas a meu
respeito por causa da minha postura” (26% CT e 16% C), “Eu hesito em discordar de
pessoas mais importantes do que eu” (20% CT e 23% C), “Às vezes a minha risada me
envergonha”(28% CT e 30% C), “Eu me preocupo com a impressão que meu físico causa nos
outros” (19% CT e 35% C), esses resultados nos indica a baixa confiança dos alunos na sua
autoapresentação física.
Os resultados das duas subescalas mostram dois extremos, pois, em uma predominou a
alta confiança na capacidade física percebida; e já na confiança na autoapresentação física,
predominou a baixa confiança, este fato é preocupante como relata Iaochite (2006) a
autoeficácia é um componente influenciador na adesão a prática regular de atividade física.
Como a disciplina Educação Física pode contribuir para essa adesão, torna-se relevante o
professor estimular a autoeficácia dos alunos na prática de atividades nas aulas dessa disciplina.
Considerações finais
O ensino de qualidade é muito discutido nos dias de hoje, para alcançar essa meta é
necessário recorrer a diferente teorias, quebrando com o paradigma corpo e mente, buscando
entender o aluno de uma forma integral e perceber que quando ele não quer fazer aula, por
vezes não é só falta de vontade, muitos outros fatores podem estar envolvidos e interligados,
como fatores de ordem cognitiva, motora, social ou afetiva. Esse estudo tentou compreender
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os constructos atitude e autoeficácia e servir de parâmetro para melhorar discutir a prática
pedagógica nas aulas de Educação Física.
Com base nos resultados verificou-se que os alunos tem uma atitude positiva em
relação à disciplina Educação Física, este fato é animador para o sucesso do processo ensino
aprendizagem, ou seja, o aluno possui uma predisposição para o aprender, o que pode facilitar
a construção do conhecimento nesta área de ensino. A autoeficácia também pode influenciar
principalmente no que se refere a motivação. Os alunos desses estudos mostraram uma baixa
confiança na autoapresentação física, pois, predominou a concordância dos aspectos negativos,
então há necessidade do professor voltar a sua atenção para as crenças de autoeficácia,
contribuindo para aumentar a confiança do aluno. Esta tarefa é um tanto complexa, mas, no dia
a dia com pequenas ações poderão ocorrer mudanças significativas.
Sugere-se para próximos estudos, investigar a atitude e a autoeficácia em relação aos
conteúdos clássicos da Educação Física: jogos e brincadeiras, lutas, esporte, ginástica e dança,
de forma mais específica sobre a relação dos alunos com esses conteúdos.
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