UTILIZANDO O CARTUM NA CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM DO

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UTILIZANDO O CARTUM NA CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM
DO INDIVÍDUO: EXPLICANDO A TÉCNICA DE MATCHING-TOSAMPLE-MTS.
Ana Luiza de Souza Carvalho, Celso Socorro Oliveira e Simone Priscila Marciano
Melz PROEX - (LEIA – Laboratório de Ensino Informatizado e Aprendizagem,
Departamento de Computação, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual
Paulista, UNESP – Bauru – SP, Brasil).
Palavras-chave: cartum, equivalência, grafos
1.
INTRODUÇÃO
No presente resumo, busca-se apresentar as efetivas e relevantes contribuições
do desenho estilo cartum em parceria com a arte seqüencial (HQs – história em
quadrinhos) para a transmissão de informações em assuntos acadêmicos. Com seu traço
simplificado e abstrato, este estilo de desenho garantiu espaço permanente e importante
nos veículos de comunicação de massa desde o fim do século XIX. A utilização das
HQs em meio acadêmico não é novidade, mas ainda é pouco explorada devido à falta de
profissionais para usar esse tipo de linguagem, com a didática necessária para se
transmitir o conteúdo por meio dela.
2.
2.1
FUNDAMENTAÇÃO TEORICA E OBJETIVOS
Fundamentação Teórica
Por sua construção simples e extremamente abstrata, o cartum envolve pessoas
de todas as idades. McCloud afirma que, independente do público, qualquer um
corresponde ao cartum tanto quanto a uma imagem realista, devido ao fato de que “nós
humanos somos uma espécie centrada em nós mesmos, por isso nos reconhecemos em
tudo e atribuímos identidade e emoção onde não existe nada. Transformamos o mundo à
nossa imagem”. (McCLOUD, 2005, p.33).
Para se compreender melhor a função do cartum na presente pesquisa, deve-se
entender primeiro o sentido das palavras ícone e símbolo. “Imagens que normalmente
chamamos de símbolo são uma categoria de ícone. O ícone pode ser qualquer imagem
que represente uma pessoa, uma idéia, local ou coisa” (McCLOUD, 2005, pg 33).
McCloud separa os ícones em quatro categorias:
1.
Ícones de linguagem: A, B, C
2.
Ícones de Ciências: +, =, -,
3.
Ícones de Comunicação: @, ♪,©
4.
Ícones Figurativos: imagens criadas com o propósito de se assemelharem
o tema que se quer transmitir.
Contudo, McCloud ainda é mais específico em relação aos ícones figurativos,
apontando as divergências entre cada estilo iconográfico, uma vez que eles podem se
aproximar muito mais da realidade, apresentar uma leve abstração ou apresentar traços
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mais simples e pouco detalhados, utiliza-se de formas básicas, linhas, curvas e
demarcações extremamente sutis para sua construção, que é o caso do cartum.
2.2
Objetivos
Baseando-se nos estudos de Psicologia a respeito da técnica de Matching-ToSample (MTS), ou “Emparelhamento de Acordo com o Modelo”, elaborou-se um
livreto explicativo utilizando-se do traço cartunístico para se compreender melhor a
Equivalência de Estímulos (tema da Análise do Comportamento na Psicologia) sob a
abordagem de Grafos (tema da Matemática).
Devido a sua probabilidade de utilização em diversas áreas: como a de
entretenimento, instrução e comportamento, decidiu-se que o melhor recurso para a
elaboração deste projeto seria a aplicação do cartum.
3.
3.1
MATERIAIS E METODOLOGIA
Materiais
Livreto impresso em papel couchê (brilhante) - gramatura 90.
HQs e conteúdo teórico distribuídos em 12 páginas, de dimensões 15x20,5 cm.
3.2
Metodologia
Durante reuniões ocorridas semanalmente no LIDI (Laboratório de Informática
para Desenho Industrial), foi estudada uma maneira criativa e dinâmica de se explicar o
conceito de Equivalência de Estímulos e Grafos, utilizando-se de uma linguagem pouco
explorada no meio acadêmico para que prendesse a atenção do leitor e passasse a
informação de forma agradável e menos cansativa. Para se chegar a um produto final
satisfatório, o encontro contou a participação das graduandas: Ana Luiza de Souza
Carvalho e Simone Melz, sob a orientação do Prof. Dr. Celso Socorro Oliveira.
4.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após uma avaliação técnica do produto por alunos das áreas da matemática e
psicologia e, tendo em vista uma resposta satisfatória, a publicação foi apresentada no
CONPSI – 6º Congresso Norte-Nordeste de Psicologia, ocorrido nos dias 6, 7, 8 e 9 de
maio de 2009, em Belém, Pará. Os alunos presentes no Congresso fizeram observações
positivas a respeito do recurso utilizado para abordar um assunto complexo como o
apresentado. Este trabalho foi apresentado também no I CPAC (I Congresso de
Psicologia e Análise do Comportamento), de 13 a 15 de maio de 2010, em Londrina,
trazendo boas observações. Ambos explicaram que o uso da linguagem empregada no
mesmo facilita a compreensão e torna menos monótona a leitura.
Com a publicação do primeiro livreto e seu retorno positivo, pretende-se agora
elaborar uma nova edição do livreto, mais completa, com a utilização desta mesma
linguagem. Como explica Eisner: ”A própria relação ou identificação evocada pela
representação ou dramatização numa seqüência de figuras é instrutiva. As pessoas
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aprendem por imitação, e nesse caso o leitor pode facilmente deduzir, a partir da sua
própria experiência, as ações intermediárias ou de conexão... Não tendo a rigidez da
fotografia, a generalização ampla da obra de arte gráfica permite o exagero, que pode
atingir o seu objetivo e influenciar o leitor com mais rapidez.” (Eisner, 1989, p.141).
5.
CONCLUSÃO
Os estudos sobre Equivalência de Estímulos e Grafos utilizando quadrinhos,
demonstra que a linguagem iconográfica neste meio de comunicação torna mais
inteligível a técnica de MTS, o que facilita a compreensão e torna menos monótona a
leitura.
Contudo, defende-se a utilização dos quadrinhos na educação básica, de modo a
facilitar essa interação do indivíduo com o meio em que vive e suas relações
interpessoais: “Palavras e imagens, juntos, ensinam de forma mais eficiente – a
interligação do texto com a imagem, existente nas histórias em quadrinhos, amplia a
compreensão de conceitos de uma forma que qualquer um dos códigos isoladamente,
teria dificuldades para atingir. Na medida em que esta interligação texto/imagem ocorre
nos quadrinhos com uma dinâmica própria e complementar, representa muito mais do
que o simples acréscimo de uma linguagem à outra – como acontece, por exemplo, nos
livros ilustrados – mas a criação de um novo nível de comunicação, que amplia a
possibilidade de compreensão do conteúdo programático por parte dos
alunos.”(Vergueiro, 2004, p.22).
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Aliar a teoria à imagem amigável do cartum termina por estimular de forma
direta o público, a buscar maiores informações e conhecer melhor o tema apresentado,
principalmente por agradar grande parte das pessoas, sem restrição de faixa etária: “O
uso de vários sistemas de signos possibilitou o aumento do controle sobre a psique
humana, e todas as pessoas contemporâneas fazem uso de muitos desses sistemas
culturais em seu funcionamento mental. Quando sistemas de signos eram incluídos no
funcionamento mental, Vygotsky falava de processos psicológicos “instrumentais”,
“culturais” ou “superiores”.( Van der Veer & Valsiner, 2001, p.243)”
Ambos tipos de linguagem, escrita e figurativa entrelaçadas entre si, podem
aumentar o nível de entendimento, pois uma complementará a outra. Um tema que o
ouvinte não está familiarizado será melhor recebido se for reforçado com algo de sua
vida diária. Neste sentido, o cartum além de colocar o leitor mais próximo de um
assunto desconhecido, pode também criar a identificação leitor-quadrinho, devido à
simbologia da imagem obtida através do desenho.
Referências Bibliográficas
CIRNE, Moacy. História e Crítica dos Quadrinhos Brasileiros. Rio de Janeiro:
Europa Empresa Gráfica e Editora, 1990
EISNER, W. Quadrinhos e Arte Seqüencial. São Paulo: Martins Fontes, 1989
MCCLOUD, Scott. Desvendando os Quadrinhos. São Paulo: M.Books do Brasil
Editora Ltda, 2005.
PATATI, C; BRAGA, F. Almanaque dos Quadrinhos: 100 anos de uma mídia
popular. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006
VERGUEIRO, W. et al. Como usar história em quadrinhos na sala de aula. São
Paulo: Contexto, 2004
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