Apresentação - Universidade de Coimbra

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Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Grupo de Estudos Monetários e Financeiros (GEMF)
Av. Dias da Silva, 165 – 3004-512 COIMBRA, PORTUGAL
http://www4.fe.uc.pt/gemf/ - [email protected]
XXIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA
DE HISTÓRIA ECONÓMICA E SOCIAL
O FUNCIONAMENTO DO PADRÃO-OURO EM PORTUGAL:
ANÁLISE DE ALGUNS ASPECTOS MACROECONÓMICOS
António Portugal Duarte
e
João Sousa Andrade
http://www2.fe.uc.pt/~portugal
http://www2.fe.uc.pt/~jasa
([email protected])
([email protected])
7 e 8 de Novembro de 2003
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
1. Introdução
No início do século XIX:
O Em
muitos países eram cunhadas e circulavam de forma simultânea
moedas de diversos tipos de metais preciosos
⇓
Sistemas de moeda-mercadoria, conhecidos por padrões bimetalistas
OO
ouro era usado nas transações de elevado valor
O As
OA
moedas de prata, bronze ou cobre para as restantes transações
excepção ⇒ Grã-Bretanha ⇒ Em 1821 ⇒ padrão-ouro de facto
⇓
• Principal potência comercial e industrial
• Maior fonte de financiamento externo
⇓
• Encorajou outros países e estreitar relações comerciais com a
Grã-Bretanha e a recorrer a empréstimos de capital em Londres
Portugal adere ao padrão-ouro, em 1854:
OÉ
o primeiro país da Europa a juntar-se à Grã-Bretanha
OA
adesão de Portugal ao monometalismo ouro durou 37 anos,
o que excedeu a duração do padrão-ouro clássico, de 1880 a 1914
Entre os principais factores responsáveis pela adesão encontra-se:
O Desejo
de partilhar o regime do principal parceiro comercial e financeiro
OO
baixo preço do ouro
OA
circulação interna de moedas de ouro britânicas
Durante o período em que funcionou (1854-1891):
O Forneceu
O As
âncora nominal estável e um mecanismo de compromisso credível
autoridades monetárias violaram frequentemente as “regras do jogo”
O Caracterizou-se
por um quadro geral de estabilidade nominal nas taxas de
câmbio e nível de preços, tendo o produto registado uma evolução favorável
2
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
Na sequência do abandono do padrão-ouro em Junho de 1891:
O Seguiu-se
um período de instabilidade monetária e de câmbios flexíveis
O padrão-ouro seria apenas restabelecido em Julho de 1931:
O Numa
altura em que na Europa estava eminente uma crise financeira
Contudo: “Se Portugal tinha sido dos primeiros países a aderir
ao padrão-ouro, foi o último país europeu a ensaiar a
restauração da convertibilidade plena da sua moeda”
O objectivo deste trabalho consiste em:
O Elucidar
a escolha histórica do padrão-ouro por parte de Portugal
O Analisar
o comportamento macroeconómico desse regime monetário
O Comparar
indicadores de desempenho do regime de padrão-ouro
com os regimes monetários subsequentes
Procuraremos: Chamar a atenção para a necessidade de usar
diferentes indicadores para diferentes regimes
Período de análise:
O Dedicaremos
especial atenção à comparação do período 1854-1913
com o período estrito do padrão-ouro (1854-1891)
Metodologia utilizada para a realização do estudo macroeconómico:
O Foram
analisadas as características das séries usadas
O Utilizou-se
um modelo VAR, dando-se relevo ao estudo dos choques
Dados e Programa Econométrico:
O Os
dados foram retirados de Nunes, Mata e Valério (1989)
e de Baptista, Martins, Pinheiro e Reis (1997)
O Utilizou-se
o programa econométrico RATS na versão 5.04
3
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
2. O Processo de Adesão de Portugal ao Padrão-Ouro
A primeira metade do século XIX ⇒ Anarquia na circulação monetária:
OA
solução para o problema ⇒ Transição para um sistema monometalista
O1
de Maio de 1854 ⇒ Proposta de reforma do sistema monetário português
O Estabelecimento
de regime de monometalismo ouro semelhante ao britânico
A Adopção do padrão-ouro:
OÉ
promulgada pela Carta de Lei de 29 de Julho de 1854
O Transforma
Portugal no primeiro país europeu, juntamente com a
Grã-Bretanha, a aderir ao padrão-ouro
OO
real passou a ser definido exclusivamente em termos de ouro (1.625mg)
O As
regras clássicas do padrão-ouro são consagradas nos diferentes artigos da
Lei, reproduzindo, no essencial, as características do padrão-ouro britânico
A decisão de Portugal aderir ao padrão-ouro é surpreendente:
O Dada
a natureza periférica do país
⇓
• Portugal não era um país rico e industrializado que pudesse optar pelo ouro
pelas vantagens que oferecia na realização de transacções de grande valor
• Era um país pobre e sem capacidade para cunhar moeda em grande escala
O Dada
a necessidade de efectuar pequenos e frequentes pagamentos ao nível
do seu principal sector, a agricultura ⇒ a prata continuava a ser preferida!
O Porque
foi tomada duas décadas antes dos principais países europeus
O desenvolvimento do padrão-ouro a nível internacional:
O Emergiu
apenas na década de 80 do século XIX ⇒ padrão-ouro clássico
factores que estiveram na sua origem ⇒ dificilmente podem ser
reconhecidos como determinantes no processo de adesão de Portugal
O Os
4
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
A singularidade do caso português:
O Nenhum
dos factores responsáveis pelo surgimento do padrão-ouro a nível
internacional se ajusta de forma satisfatória à decisão tomada por Portugal
A adesão de Portugal ao padrão-ouro:
• Não foi favorecida por razões de ordem técnica:
• Dificuldades para fornecer moeda de qualidade e em quantidade aceitável
• Casa da Moeda funcionava com limitações técnicas
• A economia era muito menos monetarizada relativamente a outros países
• Não esteve relacionada com o predomínio de uma “ideologia do ouro”:
• Apenas em 1867, na sequência da Conferência de Paris, tal aconteceu!
• Dificilmente foi o resultado de um “efeito de arrastamento”:
• O “efeito em cadeia” só foi observado vinte anos mais tarde!
• Não foi determinada por razões de natureza financeira:
• A adesão ao sistema não esteve relacionada com o desejo de um mais
fácil acesso aos mercados internacionais de capitais, pelo menos de início!
OA
transição de Portugal para o regime de padrão-ouro foi facilitada:
• Pelo seu baixo custo de implementação, comparativamente aos encargos
que teriam resultado da adopção de um monometalismo prata
• Pela descida do preço internacional do ouro
• Pela ampla circulação interna de moedas de ouro, especialmente britânicas
• Pela repatriação de capitais (moedas de ouro) provenientes do Brasil
Em conclusão, como é sintetizado por Jaime Reis (1995), a decisão de 1854:
O Foi
uma consequência dos “acidentes da História”
O Foi
uma resposta prática face à desordem monetária da economia portuguesa
O Não
procurava um modelo ideal de regime monetário,
mas um sistema viável e económico
O Optava
por ir ao encontro do modelo britânico, pelo seu bom funcionamento
5
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
3. Algumas Características do Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
O funcionamento do padrão-ouro em Portugal:
O Reproduziu
as características do modelo britânico de monometalismo ouro
• Unidade de conta estabelecida apenas em ouro (1.626 mg de ouro-fino por real)
• As notas de banco eram livremente convertíveis em ouro
• Moedas de cobre e prata transformaram-se em meio de pagamento subsidiário
O Traduziu-se
num elevado grau de dependência monetária face ao exterior
• Fruto dos empréstimos obtidos no mercado internacional (Grã-Bretanha)
• Resultado dos fluxos de capitais das remessas dos emigrantes (Brasil)
O Confrontou
o país com um padrão de ouro esterlino
• Dado o papel chave da libra e meia libra esterlina na circulação monetária
• Porque as moedas britânicas, contrariamente a outras moedas estrangeiras,
mantiveram o seu curso legal
⇓
• Daqui sobressaiu “o orgulho nacional ferido”, pela possibilidade:
• De Portugal se tornar ainda mais dependente da Grã-Bretanha
• Das moedas mais gastas e leves serem introduzidas em Portugal
O Englobou
uma regra monetária ou mecanismo de compromisso credível
• Para disciplinar a acção das autoridades monetárias ao longo do tempo
• Para a nível interno manter fixo o preço das moedas em termos de ouro
• Para a nível internacional manter a livre convertibilidade ouro das moedas
ao valor par estabelecido ⇒ deveria assegurar taxas de câmbio fixas
• Assumiu a forma de “regra contingente” ou “regra com cláusulas de escape”
Nesta Base: “O padrão-ouro em Portugal forneceu uma âncora
nominal estável e um mecanismo de compromisso
credível, ainda que as autoridades tivessem violado
os pontos de ouro”!
6
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
Porém, apesar da estabilidade cambial proporcionada pelo padrão-ouro:
OO
Banco de Portugal violou frequentemente “as regras do jogo”
O Só
foi possível manter a convertibilidade:
• Com empréstimos de longo prazo em Londres
• Com as remessas dos emigrantes do Brasil
No entanto, a acumulação de saldos negativos nas contas públicas e BC:
O
Originaram uma falta de confiança geral, que em face da crise de 1890-92
⇓
Colapso do padrão-ouro ⇒ Suspensão da convertibilidade ouro da moeda
Principais factores responsáveis pelo abandono do padrão-ouro, em 1891:
O Forte
O
Conflito diplomático com a Grã-Bretanha ⇒ Ultimato britânico de 1890
O Crise
O
instabilidade política e social no Brasil ⇒ § das remessas (± 40%)
do Baring Brothers ⇒ Agravou a já frágil situação financeira
Queda das reservas monetárias para metade
O Tentativa
fracassada de emissão de empréstimo externo para gerar liquidez
Restauração do padrão-ouro em 1931, mas “apenas por 82 dias”:
O
Portugal foi o último país a restaurar a convertibilidade (110 escudos/libra)
O A decisão fazia parte
OO
de uma política global de controlo das finanças públicas
regresso ao ouro é surpreendente, dada a eminência de uma crise mundial
O Falência do Kreditanstalt e crise bancária alemã
⇒ Inconvertibilidade da libra
O Portugal abandona o ouro ⇒ câmbios fixos (1931-1938) com
O
indexação à libra
Depois da II Guerra Mundial ⇒ o escudo passa a estar ancorado ao dólar
7
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
4. Inflação e Preços em Padrão-Ouro
Modelo Macroeconómico:
O
Conhecer a característica de estacionaridade dos preços e inflação
O
As variáveis são expressas em logaritmos
y t = y + γ ⋅ ( p t − p t −1 )
pt = β C + β 0 ⋅ pt −1 + β1 ⋅ ( yt − y )
mt = α C + α 0 ⋅ mt −1 + α 1 ⋅ p t −1
Produto
(1.1)
Comportamento dos Preços
(1.2)
Comport. da quant. Moeda circ. (1.3)
(...) Após transformação, o comportamento dos preços em termos da parte real e monetária da economia é:
pt =
βC
β − β1 ⋅ γ 1
α
α
+ 0
⋅ ( ⋅ mt − 0 ⋅ mt −1 − C )
1 − β1 ⋅ γ
1 − β1 ⋅ γ
α1
α1
α1
(1.5)
Confronto 2 estados da economia: moeda convertível v.s. moeda inconvertível:
O
Em situação de moeda convertível:
• É assumido que os preços reagem à procura e serão flexíveis, de forma que:
β0 = 0 ⇒ Hipótese de “clearing markets”
• A evolução da produtividade em mercado concorrencial conduzirá a β0 < 0
• A “nova” expressão para os preços é reveladora da pressão deflacionista:
βC
β1 ⋅ γ
pt =
onde δ =
(1.6)
− δ ⋅ p t −1
1 − β1 ⋅ γ
1 − β1 ⋅ γ
• Conclusão: Preços não apresentam uma raiz unitária no seu comportamento
O
Em situação de moeda inconvertível:
• Em resultado de comportamentos mais afastados dos concorrenciais βc > 0
• A presença de inércia na evolução dos preços pode levar à situação β0 = 1
• Em consequência, neste caso limite, temos: p t =
βC
+ p t −1
1 − β1 ⋅ γ
(1.7)
• Conclusão: A evolução dos preços apresenta uma raiz unitária
8
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
O
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
Introduzindo a parte monetária ⇒ esclarecer o significado de α C = y + α v :
• ( y ) = efeito crescimento de longo prazo da economia s/ circulação monetária
• αv = correcção do comportamento da velocidade de circulação da moeda
⇓
• Moeda convertível ⇒ preços não têm de cair ⇒ basta que αc seja elevado
• Moeda inconvertível (hipótese de comportamento de “moeda dirigida”):
βC
α
α
1
(1.9)
• Equações (1.5) e (1.7) ⇒ p t =
+ ( ⋅ m t − 0 ⋅ mt −1 − C )
1 − β1 ⋅ γ
α1
α1
α1
• Tendência positiva no crescimento dos preços, resultado de ∆s oferta de moeda
⇓
Princípio a respeitar: • Num sistema de moeda convertível devemos
usar as características estatísticas dos preços.
• Num sistema de moeda não convertível
devemos usar as características da taxa de inflação.
O
Ilustração das consequências do não respeito deste princípio:
• Foram simuladas séries com 150 observações ⇒ Resultados na Tabela 1
Tabela 1: Resultados Simulados
Média
Desvio-padrão Coef. de Variação
100
1.00
0.010

PC
.
PC
PNC
.
PNC
≈0
0.014
123.38
100
34.00
0.34
0.013
0.004
0.301
⇓
• O sistema a ser considerado como mais estável depende do tipo de variável
• Se tomarmos a taxa de inflação ⇒ o sistema de moeda não convertível é o
mais estável (tem < coeficiente de variação)
• Se tomarmos os preços ⇒ o sistema de moeda convertível é mais estável!
Conclusão: Não faz sentido comparar o padrão-ouro com sistemas
posteriores na base da mesma variável, ou seja, da taxa
de inflação, como o fizeram Bordo e Kydland (1995, 1997)
9
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
5. Padrão-Ouro em Portugal: alguns indicadores
5.1. Indicadores Gerais
Caracterização do período do padrão-ouro (P-O) em Portugal:
O
Por comparação com Bretton Woods (B-W) e período posterior até à UEM
O Utilizou-se média (µ) e desvio-padrão (σ) das variáveis ⇒ Resultados, Tab. 2-3
Tabela 2: Valores da Inflação e dos Preços
Período
µ
1855-1891
1855-1913
1949-1972
1973-1998
σ
.
P
0.0019
0.0039
0.0233
0.1299
σ
.
P
0.0604
0.0508
0.0228
0.0612
P
0.0600
0.0850
0.1622
1.0840
Tabela 3: Valores do Produto e da Moeda
Período
1855-1891
1855-1913
1949-1972
1973-1998
O
µ
σ
.
Q
0.0195
0.0142
0.0492
0.0275
.
Q
0.0663
0.0566
0.0317
0.0342
µ
.
M
0.0327
0.0287
0.0694
0.1439
σ
.
M
0.0467
0.0433
0.0464
0.0703
A taxa de inflação é mais baixa durante o padrão-ouro, mas
O O desvio-padrão da inflação tem um
valor mais elevado no P-O que em B-W
Contudo: Estando envolvido o padrão-ouro, a comparação deve ser
feita usando os preços e não a taxa de inflação
⇓
O
O período do padrão-ouro foi de grande estabilidade de preços
O
O produto foi substancialmente mais elevado durante o período de B-W
OA
estabilidade do produto foi menor durante o padrão-ouro
O
Oferta de moeda teve um menor crescimento durante o padrão-ouro
O
O crescimento da oferta de moeda foi instável no período pós B-W
Em Conclusão: À estabilidade nominal durante o P-O contrapõe-se a
estabilidade real do período de Bretton Woods
10
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
5.2. Estudo da Estacionaridade das Séries
Foram utilizados os seguintes testes:
O
Testes de raiz unitária de Dickey-Fuller aumentados (estatísticas tρ=1 e N.(ρ-1))
O
Teste de estacionaridade de KPSS
O
Obtenção dos valores limite do ρ, a partir do teste tADF, ao nível dos 90%,
de acordo com Stock (1991)
O Rácios
R1 e R2, de Bhargava (1986), com hipótese nula de passeio aleatório
contra a alternativa de estacionaridade, sem e com constante, respectivamente
O
Teste ADF corrigido, DFGLS, de acordo com Graham e al. (1986)
e DFGLU de acordo com Elliot (1999)
⇓
Tabela 4: Testes de Raiz Unitária e Estacionaridade, 1854-91
Teste
Produto
Preços
Moeda
− 4.107** (T)
− 4.317***
− 2.323 (T)
tρ = 1
− 23.67** (T)
− 21.79***
− 23.22**(T)
N ⋅ (ρ − 1)
0.083*** (T)
0.113***
0.053***(T)
KPSS
[0.853, 1.035]
[−, 0.876]
[−, 0.839]
Stock (ρm,M)
0.9898**
0.2319
R1
1.000**
R2
DFGLS
− 2.790*
− 3.204***
− 1.742
DFGLSU
− 3.022*
− 3.404***
− 1.842
Tabela 5: Testes de Raiz Unitária e Estacionaridade, 1854-1913
Teste
Produto
Preços
Moeda
− 2.385 (T)
− 3.92** (T)
− 2.331 (T)
tρ = 1
− 11.56 (T)
− 23.77** (T)
− 7.99(T)
N ⋅ (ρ − 1)
1.015 (T)
0.282 (T)
0.621(T)
KPSS
[0.846, 1.035]
[0.832, 1.018]
[−, 0.904]
Stock (ρm,M)
0.353
0.2079
R1
0.3321
R2
DFGLS
− 1.625
− 3.170**
− 0.151
DFGLSU
− 2.103
− 3.265**
− 2.166
O
Período 1854-91: • As séries do Produto e dos Preços são estacionárias
• Os resultados não são tão claros quanto à Moeda
O
Período 1854-1913 (P-O “alargado”): Apenas os Preços são estacionários!
⇓
O
Em termos da construção do Modelo VAR:
• Período 1854-91: Opção vai para um modelo VAR com variáveis em níveis
• Período 1854-1913: Modelo VAR com variáveis em níveis ou 1ªs diferenças ⇒ VECM
• Como o objectivo era comparar resultados ⇒ escolheu-se um VAR em níveis
11
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
6. Um Modelo VAR para 1854-91 e 1854-1913
Modelo VAR com Produto (Q), Preços (P) e Moeda (M):
O
O modelo a estimar é do tipo: A (L) ⋅xt = A0 + et
com xt o vector das variáveis endógenas, A(L) a matriz dos coeficientes dos desfasamentos de xt, A0
o vector das constantes do modelo e et o vector dos erros com as características normais de I.I.D. e
onde xt =
O
Q 
P 
 
 M 
Para seleccionar a ordem do modelo VAR, foram usados os indicadores:
• De Akaike (AIC = N ⋅ logΩ + 2 ⋅ (kUR ⋅ K))
• De Schwarz (SBC = N ⋅ logΩ + kUR ⋅ K ⋅ log(N))
• Um teste de razão das verosimilhanças (LR) segundo a correcção de Sims (1980)
Desf
4
3
3
2
2
1
⇓
Tabela 6: Selecção de ordem do VAR 1854-1891 e 1854-1913
AIC
SBC
LR
AIC
SBC
LR
-569.6 -510.3
-1001.0 -922.1
-571.7 -526.0 9.936 (0.356) -1005.9 -945.1 10.111 (0.341)
-585.7 -539.1
-1013.8 -952.5
-595.2 -562.5 6.085 (0.731) -1020.1 -977.2 9.658 (0.379)
-599.4 -566.1
-1019.5 -976.2
-610.5 -591.5 6.855 (0.652) -1034.5 -1009.7 2.206 (0.988)
O
Os dois indicadores e o teste LR apontam para um modelo de ordem 1
O
O modelo é estacionário ⇒ Módulos das raízes são inferiores à unidade
Tabela 7: Raízes do Polinómio Característico, 1854-1891 e 1854-1913
Raiz
Módulo
Raiz
Módulo
0.95544
0.95544
0.97275
0.97275
0.33190 – 0.023i
0.3327
0.80776
0.80776
0.33190 + 0.023i
0.3327
0.39223
0.39223
O
Usando a decomposição de Choleski estimou-se a decomposição
da variância dos erros de cada variável ⇒ Resultados na Tabela 8
Tabela 8: Decomposição das Variâncias – 50ª Observação
Influência de:
Q
P
M
Q
P
Produto
88.2
9.3
2.5
79.8
18.3
Preços
81.2
17.8
1.0
62.8
31.3
Moeda
55.8
6.0
38.2
43.2
3.2
M
1.9
5.9
53.6
• Destaca-se a influência do Produto e dos Preços sobre o Produto e os Preços
• É também de realçar a influência da moeda sobre a própria moeda
12
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
6.1. O Estudo de choques nas variáveis do Modelo
Efeitos dos choques (de desvio-padrão de cada estimação) sobre as variáveis
O
Continua a insistir-se na decomposição de Choleski
O
Modelos estimados estacionários ⇒ Os impulsos anulam-se com o tempo
⇓
Choque de
QC
0.08
0.06
0.06
0.06
0.04
0.04
0.04
0.02
0.02
0.02
0.00
0.00
-0.02
Respostas de
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0.016
0.016
0.016
0.000
0.000
0.000
-0.016
-0.016
-0.016
-0.032
-0.032
-0.032
-0.048
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0.056
0.056
0.048
0.048
0.048
0.040
0.040
0.040
0.032
0.032
0.032
0.024
0.024
0.024
0.016
0.016
0.016
0.008
0.008
0.000
0.000
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
2
3
4
5
6
7
8
9
0.000
-0.008
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0
0.03
0.03
0.03
0.02
0.02
0.02
0.01
0.00
0.00
-0.01
-0.01
-0.02
-0.02
-0.02
-0.03
-0.03
-0.04
10
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0.14
0.14
0.12
0.12
0.12
0.12
0.12
0.12
0.10
0.10
0.10
0.10
0.10
0.10
0.08
0.08
0.08
0.08
0.08
0.08
0.06
0.06
0.06
0.06
0.06
0.06
0.04
0.04
0.04
0.02
0.02
0.02
0.00
0.00
0.04
0.04
0.02
0.02
0.00
0.00
0.00
-0.02
0
1
2
3
4
5
QC
6
7
8
9
10
5
6
7
8
9
10
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0.04
0.02
-0.02
4
-0.05
0
0.14
MC
3
-0.04
-0.05
1
2
-0.03
-0.04
0
1
0.01
0.00
-0.01
-0.05
0
0.008
-0.008
1
0.01
-0.064
0
0.064
0.056
0
P
MC
0.064
10
-0.048
-0.064
1
P
0.064
-0.008
0
0.032
0
MC
1
0.032
-0.064
QC
-0.02
0
0.032
-0.048
QC
0.00
-0.02
0
P
MC
0.08
Respostas de
QC
Choque de
P
0.08
-0.02
0
1
2
3
4
P
5
6
7
8
9
10
-0.02
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
MC
Figura 1: Choques de Desvio-Padrão (Choleski), 1854-91
0.00
-0.02
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
QC
-0.02
0
1
2
3
4
5
6
7
8
P
9
10
MC
Figura 2: Choques de Desvio-Padrão (Choleski), 1854-1913
⇓
O
No modelo restrito ao padrão-ouro (1854-91):
• Os efeitos sobre os preços de um choque nos preços anulam-se rapidamente
• Um choque na moeda tem efeitos positivos nos preços que tendem a desaparecer
• As variações do produto são acompanhadas de variações da moeda ligeiramente
superiores ⇒ Numa pequena economia, como a portuguesa, a evolução positiva
do produto é acompanhada por uma evolução da moeda motivada por uma
necessidade de circulação e de reserva de valores!
O
No modelo de padrão-ouro “alargado” (1854-1913):
• Os efeitos sobre os preços de um choque nos preços perduram ao longo do tempo
• Um choque sobre a moeda tem efeitos deflacionistas
• Variações do produto acompanham variações da moeda ligeiramente inferiores
⇓
Os resultados confirmam os comportamentos do padrão-ouro
no caso do primeiro modelo (1854-1891)
⇓
O
Produto, Preços e Moeda são variáveis estacionárias ⇒ Efeitos anulam-se
O
Choques sobre o produto têm efeitos persistentes no produto e na moeda
O
Choques sobre os preços têm efeitos positivos sobre o produto e a moeda
O
Choques sobre a moeda não se fazem sentir sobre os preços
13
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
6.1. Análise de Choques de Oferta, Procura e Monetários
Os resultados anteriores acabam por confirmar a hipótese clássica, em que:
O
Os choques de oferta afectam primordialmente o produto
O Os choques de procura ou monetários se exercerem nos preços e não no produto
Usando a decomposição de Sims-Bernanke, voltaram a supor-se novos
choques, mas agora apenas para o caso do primeiro modelo (1854-91)
⇓
Choque de
Oferta
QC
Procura
0.032
0.032
0.016
0.016
0.016
0.000
0.000
0.000
-0.016
-0.016
-0.016
-0.032
-0.032
-0.032
-0.048
-0.048
-0.064
Respostas de
-0.048
-0.064
0
P
Monetario
0.032
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
-0.064
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0
0.06
0.06
0.06
0.05
0.05
0.05
0.04
0.04
0.04
0.03
0.03
0.03
0.02
0.02
0.02
0.01
0.01
0.01
0.00
0.00
-0.01
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0
0.125
0.125
0.100
0.100
0.100
0.075
0.075
0.075
0.050
0.050
0.050
0.025
0.025
0.000
0.000
0.000
-0.025
-0.025
-0.025
-0.050
1
2
3
4
5
Oferta
6
7
8
9
10
5
6
7
8
9
10
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
6
7
8
9
10
-0.050
-0.075
0
4
0.025
-0.050
-0.075
3
-0.01
0
0.125
MC
2
0.00
-0.01
0
1
-0.075
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Procura
0
1
2
3
4
5
Monetario
Figura 3: Choques de Desvio-Padrão (Sims-Bernanke), 1854-91
⇓
O Choques
de Oferta ⇒ • Não afectam os preços
• Têm efeitos positivos longos sobre o produto e a moeda
O Choques
de Procura ⇒ • Têm efeitos deflacionistas sobre o produto e a moeda
• Têm efeitos nos preços que desaparecem rapidamente
O Choques
Monetários ⇒ • Têm efeitos positivos sobre todas as variáveis
• Os seus efeitos depressa desaparecem com o tempo
⇓
Confirma-se: Existência de uma aplicação adequada dos princípios
da economia clássica à economia do padrão-ouro!
14
O Funcionamento do Padrão-Ouro em Portugal
António Portugal Duarte e João Sousa Andrade
6. Conclusão
37 anos de convertibilidade, para um país periférico como Portugal:
Demonstram que a adopção do padrão-ouro foi uma decisão acertada e de
natureza prática face à desordem em que se encontrava a situação monetária
O
Só foram possíveis fruto das remessas dos emigrantes e da sua capacidade
para obter empréstimos no mercado internacional
O
O Apresentam
elementos de grande singularidade!
A suspensão da convertibilidade ouro, em 1891, resultou de uma crise
financeira internacional
O regresso ao ouro, em 1931, fez parte de uma política global de controlo
das finanças públicas
A suspensão da convertibilidade, decorridos apenas 82 dias após o seu
restabelecimento, resultou também de uma crise financeira internacional
Quando a maioria dos países já se encontravam sob o sistema de Bretton Woods,
Portugal demonstrou a vontade de fixar o escudo às moedas de referência
O desempenho do padrão-ouro em Portugal é demonstrativo que:
Os preços são estacionários, ou seja, confirma-se a característica que à
partida se esperava para esse sistema monetário
O
Os choques de oferta, procura e monetários ilustram as posições “clássicas”
da economia
O
15
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