Estudos morfo – anatômicos sistemáticos e genéticos das Espécies

Propaganda
I SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental)
V1. 2010
Realizado dia 16 de maio de 2010 na ESALQ-USP, Piracicaba-SP
ESTUDOS ETNOBOTÂNICOS E MORFOLÓGICOS DAS
ESPÉCIES DO GÊNERO CECROPIA LOEFL. DA PROPRIEDADE
“MORADA DAS NASCENTES”, VALE DO RIBEIRA, MUNICÍPIO
DE ELDORADO - SP
Sheron Agnez da Silva - [email protected]
Orientador: Prof. Dr. Lindolpho Capellari Jr. - [email protected]
1. Introdução
O gênero Cecropia foi descrito por Loefling em 1758.
Taxonomicamente, o gênero, apesar de ser natural, isto
é sem muitas variações na sua composição de espécies,
foi incluído em famílias distintas nas últimas décadas,
segundo os sistemas mais usuais de classificação
vegetal.
No sistema de Engler (1964), Cecropia pertencia à
família Moraceae (Joly, 1993), juntamente com as
figueiras e amoreiras. Com a proposta de Cronquist
(1981) este gênero passou a pertencer à família
Cecropiaceae juntamente com outros cinco (Barroso et.
al, 1978), e finalmente, no sistema APG. II (2003) foi
incluído à Urticaceae, família das urtigas e do rami
(Souza & Lorenzi, 2008).
O gênero engloba cerca de 80 espécies arbóreas
presentes nos neotrópicos. No Brasil, são dezoito
espécies, sendo 15 da Amazônia e três do restante do
país. Podem chegar a 30 metros de altura, vivendo em
região alagada ou terra firme (Marsaioli, 2003).
De um modo geral, as espécies do gênero são
denominadas, popularmente de: embaúbas, imbaúbas,
umbaúbas, acrescidas de adjetivos referentes à
coloração de suas partes vegetativas, especialmente
foliares (limbos, pecíolos, estípulas etc.). Também são
conhecidas como árvore-da-preguiça, uma vez que seus
brotos são um dos alimentos prediletos dos bichospreguiças (Famílias Bradypodidae e Megalonychidae).
Por se desenvolverem em aglomerados e terem rápido
crescimento, as embaúbas são fundamentais em áreas
degradadas. Além disso, as de terra firme florescem o
ano todo, proporcionando atrativo para diversas
espécies da fauna. Vivem em borda de mata ou matas
secundárias (Marsaioli, 2003; Godoi & Takaki, 2007).
No país, ocorrem desde o Rio Grande do Norte até
Santa Catarina, tanto na área de influência dos cerrados
quanto das florestas estacionais e formação do
complexo atlântico (Chang et. al, 2007).
As embaúbas são utilizadas tradicionalmente, segundo
informações do técnico local, no tratamento de
bronquite; além desse uso, a bibliografia cita também
sua importância no tratamento de diabetes, tosse e
principalmente como diurética (Chang et. al., 2007).
Para este trabalho, foi escolhido o gênero Cecropia
porque sua utilização como planta medicinal é de
grande interesse para a farmacologia, porém, suas
espécies foram até agora pouco pesquisadas.
Como o gênero já pertenceu a diversas famílias este
também é um fator que gera muito interesse e
possibilita ampla área de estudos. Além disso, é um
grupo de muita importância para diversos cursos de
graduação, inclusive o de Gestão Ambiental, uma vez
que é essencial na recuperação de áreas degradadas,
atuando como árvore pioneira.
2. Metodologia
A área de estudo é a Fazenda “Morada das Nascentes”:
Município de Eldorado, Região Vale do Ribeira, Estado
de São Paulo, com 190 hectares, sendo seu proprietário o
Sr. César Augusto Leite de Oliveira. A região se
enquadra no bioma Floresta Atlântica e possui a
vegetação característica de “mata de encosta”. Além da
sede, há na área uma construção onde são processadas e
beneficiadas as plantas medicinais e ainda uma área de
pasto que foi desmatada no passado.
A coleta é feita seguindo-se trilhas existentes. Coletamse tanto espécimes que estão a pleno sol quanto
espécimes de sombra. Pretende-se coletar em todas as
estações do ano para que se possa fazer um registro
anual. Esse trabalho será acompanhado pelo Sr. Carlos
Novi (técnico em plantas medicinais da AEPAM –
Associação dos Extratores e Produtores de Plantas
Aromáticas e Medicinais do Vale do Ribeira). Os
espécimes serão amostrados em fase reprodutiva (com
flores e/ ou frutos). Para estudos sistemáticos serão feitas
coletas de seis ou sete folhas e inflorescências para que
sejam confeccionadas exsicatas.
Para os estudos de sistemática, o material coletado será
dessecado em folhas de jornal. Estas serão acomodadas
entre duas folhas de papelão. O conjunto será colocado
no meio de duas prensas de madeira, amarrado com um
cordão de algodão e mantido em uma estufa de lâmpadas
incandescentes. Futuramente cada espécime será fixado
em uma cartolina (com fita gomada ou com agulha e
linha branca), receberá uma etiqueta de identificação e
será envolvido por uma folha de papel Kraft. Finalmente,
o material será armazenado em um armário adequado e
permanecerá no laboratório de plantas medicinais da
ESALQ. Das duplicatas, uma será encaminhada para o
referido laboratório (onde os trabalhos serão realizados)
e uma para a propriedade estudada. As demais serão
encaminhadas para herbários renomados do Brasil.
Entre as dificuldades em se proceder a coleta estão altura
dos exemplares, cujos ramos reprodutivos dificilmente
são alcançados por tesoura-de-alto-poda e a presença de
formigas extremamente agressivas presentes no interior
do caule, uma vez que tais plantas são mimercófilas, isto
é, tem associação com esses insetos fornecendo-lhes
abrigo em seu caule oco e alimento através de estruturas
(tricomas) secretoras na base inferior dos pecíolos, em
troca de defesa contra predadores.
I SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental)
V1. 2010
Realizado dia 16 de maio de 2010 na ESALQ-USP, Piracicaba-SP
3. Resultados
Foram encontradas duas espécies do gênero Cecropia
na propriedade estudada: embaúba-branca (Cecropia
hololeuca Miq.) e embaúba-vermelha (Cecropia
glaziovi Sneth.). Na fazenda, popularmente, tanto uma
como a outra são coletadas devido ao seu emprego
contra bronquite, fazendo-se uso dos brotos, ou seja,
dos ápices de ramos envoltos por estípulas que contem
em seu interior caule e folhas em desenvolvimento. A
presença de exemplares do gênero na paisagem local é
frequente, especialmente em clareiras naturais ou
abertas pelo homem, como bordas de estradas,
caminhos e trilhas.
4. Conclusões
O presente trabalho está em andamento, sendo que
algumas coletas já foram realizadas bem como o
registro fotográfico das duas espécies em detalhes e
aspectos vegetacionais de suas populações. O processo
de coleta e herborização terá continuidade ao longo
desse ano, entretanto através do material coletado e
observado no campo já é possível apresentar algumas
conclusões.
A embaúba-vermelha é mais frequente na área e
mais robusta que a embaúba-branca. A coloração das
partes empregadas em fitoterapia (brotos e estípulas) é
bem diferente em ambas o que justifica os adjetivos
empregados em seus nomes populares.
No campo observou-se também a heterofilia juvenil
bastante acentuada especialmente em Cecropia glaziovi
(embaúba-vermelha).
Outras observações morfológicas tanto da
arquitetura arbórea quanto caracteres relacionados a
folhas, flores e frutos também puderam ser observados
e serão apresentados nas descrições de cada espécie no
relatório final deste projeto.
5. Referências
CHANG, R.; HERNÁNDEZ-TERRONES, M.G.;
MORAIS, S.A.L.; LONDE, G.B.; NASCIMENTO,
E.A. Ação Alelopática de Extratos de Embaúba
(Cecropia pachystachya) no Crescimento de CapimColonião (Panicum maximum). Planta daninha. Vol.
25 n°.4 Viçosa Oct. /Dec.2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010083582007
000400013&script=sci_arttext&tlng=en%5D>. Acesso
em: 01 novembro 2008.
CRONQUIST, A. An Integrated System of
Classification of Flowering Plants. New York:
Columbia University Press, 1981.
DOP, P.; GAUTIÉ, A. Manuel de Technique
Botanique. 2. ed. Paris: Lamare, 1928. 594 p.
GODOI, S.; TAKAKI, M. Efeito da Temperatura e a
Participação do Fitocromo no Controle da
Germinação de Sementes de Embaúba. Revista
Brasileira de Sementes. Dec. 2005, vol.27, n°.2, p.8790.
ISSN
0101-3122.
Disponível
em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010131222005
000200013&script=sci_pdf&tlng=pt> Acesso em: 01
novembro 2008.
JOHANSEN, D.A. Plant Microtechnique. New York:
McGraw Hill Book. 523p. 1940.
JOLY, A. B. Botânica: Introdução à Taxonomia
Vegetal. 11 ed. São Paulo: Nacional, 1993.
MARSAIOLI, A. J. Avaliação de Espécies de Cecropia
(Urticaceae) para Produção de Fragrâncias. Processo:
03/09547-0. Instituição: Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP). Instituto de Química. Projeto
Fapesp:
10
dez.
2003.
Disponível
em:
<http://www.pesquisaapoiada.fapesp.br/pite/index/?base
=pite&action=show&lang=pt&keyword=1049>. Acesso
em: 01 novembro 2008.
SOUZA, V. C.; LORENZI, H. Botânica Sistemática:
Guia Ilustrado para Identificação das Famílias de
Angiospermas da Flora Brasileira, Baseado em APG
II. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2005.
6. Agradecimentos
A ESALQ/USP; ao Sr. César Augusto Leite de Oliveira;
ao Sr. Carlos Novi; à Walterly Moretti Accorsi; aos
colegas de estágio por auxílio nas coletas e registros
fotográficos.
Download