Eficácia da suplementação com vitamina D3 comparada à vitamina

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Mini Revisão/Mini Review
ISSN 2176-9095
Science in Health
jan-abr 2014; 5(1): 21-4
EFICÁCIA DA SUPLEMENTAÇÃO COM VITAMINA D3 COMPARADA À VITAMINA D2
COM BASE NA 25-HIDROXIVITAMINA D SÉRICA
EFFICACY OF SUPPLEMENTATION WITH VITAMIN D2 COMPARED TO VITAMIN D3
BASED ON SERUM 25-HYDROXYVITAMIN D LEVELS
Renato Ribeiro Nogueira Ferraz 1
Lilian Raquel de Lima 2
Anderson Sena Barnabé 3
João Victor Fornari 4
RESU MO
O déficit de vitamina D é uma condição bastante comum, especialmente em idosos. Ter a certeza de qual forma de vitamina
D (vitamina D2 ou D3) é mais eficaz quando suplementada não é uma tarefa fácil, em especial devido às contradições existentes entre a maioria das publicações. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática com o intuito de verificar
qual forma da vitamina D mostrou-se mais eficaz após suplementada. Foi feita uma pesquisa bibliográfica na base de dados
PubMed / MEDLINE, no período de fevereiro de 2013. Foram incluídos na avaliação apenas três artigos, que efetivamente
comparavam os resultados da suplementação das duas vitaminas. A suplementação com vitamina D3 mostrou-se superior à
vitamina D2, já que manteve os níveis séricos de vitamina D mais elevados, além de apresentar um menor custo.
Palavras-chave: Vitamina D; Colecalciferol; Ergosterol; Suplementos dietéticos.
ABST R ACT
The deficit of vitamin D is a fairly common condition, especially in the elderly. Be sure which form of vitamin D (vitamin D2
or D3) is more effective when supplemented is not an easy task, especially due to the contradictions between the majority of
literature publications. The objective of this study was to conduct a systematic review in order to find what form of vitamin
D was more effective after supplementation. We performed a literature search in PubMed / MEDLINE, from February
2013. We included in the evaluation only three articles, which effectively compared the results of supplementation of both
vitamins. Supplementation with vitamin D3 was superior to vitamin D2, since maintained higher serum levels of vitamin D,
and presenting a lower cost.
Key words: Vitamin D; Cholecalciferol; Ergosterol; Dietary supplements.
1 2 3 4 Biólogo. Doutor em Ciências pela UNIFESP. Professor do Departamento de Saúde da UNINOVE. [email protected]
Nutricionista. Aluna do curso de Especialização em Nutrição Clínica – UNINOVE. [email protected]
Biólogo. Doutor em Saúde Pública pela USP. Professor do Departamento de Saúde da UNINOVE. [email protected]
Nutricionista e Enfermeiro. Mestre em Saúde Pública pela UNIFESP. Professor do Departamento de Saúde da UNINOVE. [email protected]
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INTRODUÇÃO
MÉTODOS
A metabolização da vitamina D envolve vários
estágios até que se chegue à sua forma final e ativa, conhecida como calcitriol (1,25(OH)2D). Para
que se chegue a essa forma, é necessária a ingestão
de alimentos que contenham vitamina D2 (ergosterol, adquirido através de alimentos vegetais) e
vitamina D3 (colecalciferol, adquirido através de
alimentos de origem animal), ou mesmo através
da suplementação. Após a ingestão, as diferentes
formas de vitamina são transportadas até o fígado
onde são hidroxiladas, dando origem a 25-hidroxivitamina D (calcidiol). Em seguida, ocorre uma
segunda hidroxilação, quando então é convertida
em calcitriol, que é a forma ativa1, 2. Para a dosagem
sérica de vitamina D não se utiliza a sua forma ativa, já que esta tem uma meia-vida bastante curta,
que dura em torno de 4 a 6 horas. Dessa forma,
para avaliação dos níveis séricos de vitamina D, baseia-se na determinação da 25-hidroxivitamina D
(25(OH)D), que tem vida média de 2 a 3 semanas,
e é um indicador confiável1, 3. O papel fisiológico
do calcitriol é manter os níveis adequados de fósforo e cálcio visando garantir a mineralização e crescimento ósseo em crianças e adolescentes, participando também da manutenção da estrutura óssea
em todas as etapas da vida, dentre outras funções2.
Uma revisão sistemática foi realizada nas bases
PubMed/ MEDLINE utilizando-se a seguinte estratégia de busca: vitamin D3 AND vitamin D2,
bem como as sinonímias ergocalciferol AND cholecalciferol, ambos no filtro “Advanced”. Foram selecionados artigos utilizando-se os seguintes critérios de inclusão: textos integrais livres, publicados
nos últimos cinco anos, tendo humanos como fonte
do estudo e estudos randomizados cortados pela escala de JADAD com score ≥ 3.
RESULTADOS
A revisão de literatura foi finalizada no dia 22
de fevereiro de 2013. Um total de 7 artigos foram
encontrados. Porém, somente 3 se adequaram aos
critérios de inclusão. Com relação às exclusões, o
estudo de Armas e colaboradores foi do tipo randomizado, mas não relatou se foi cegado e controlado.
Outros como Castro, Marques e Souza foram utilizados apenas na introdução.
Holick et al.5 (2008) analisaram 68 indivíduos
divididos em 4 grupos. Para o primeiro, administrou-se uma dose de 1.000 UI de Vitamina D2.
Para o segundo grupo foi administrada a mesma
quantidade, todavia de vitamina D3. O terceiro
grupo recebeu uma dose 500 UI de vitamina D2
somada a mais 500 UI de vitamina 2. Já o quarto
grupo recebeu apenas o placebo. Todos os grupos
foram seguidos durante 11 semanas. Nos grupos 1
e 2, os níveis de 25 – hidrovitamina D (25 (OH)
D) se elevaram até a sexta semana, quando então se
estagnaram. No entanto, quando comparados entre si, não foram observadas diferenças estatísticas
quanto à eficácia, sendo observados os seguintes
valores: primeiro grupo (linha de base 16,9 ± 10,5
ng / ml para 25,8 ± 6,6 ng/ml); segundo grupo
(linha de base 19,6 ± 11,1 ng / 28,9 ± 11,0 ng /
ml); terceiro grupo (linha de base de 20,2 ± 10,4
ng / ml, 11 semanas 28,4 ± 7,7 ng / ml). Os indivíduos que receberam placebo não demonstraram
O déficit de vitamina D é uma condição clínica
bastante comum, especialmente em idosos4. Baixa
ingestão, reduzida exposição aos raios solares, dentre outros fatores1 podem, por exemplo, elevar a
secreção de PTH, aumentar a remodelação óssea,
predispor à instalação de quadros de osteoporose e
aumentar as chances de fratura de quadril4.
Os trabalhos que avaliaram a eficácia da vitamina D2 quando comparada à vitamina D3 são bastante contraditórios, justificando a realização desta
revisão, que tem por objetivo definir a tomada de
decisão com relação à suplementação de vitamina
D.
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alterações nos níveis de 25 (OH) D. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que as vitaminas D3 e
D2 são bastante semelhantes com relação à eficácia.
resultados das análises, observou-se durante os 12
meses de estudo o aumento diário da vitamina D3
e D2, que foi de 9,2 versus 6,1 ng / ml, respectivamente, além de um aumento mensal, que foi de 8,9
versus 3,6 ng / ml, respectivamente. Nesse caso,
chegou-se à conclusão de que a vitamina D3 é ligeiramente, mas significativamente mais eficaz do que
a vitamina D2 em aumentar os níveis de 25 (OH)
D no soro. O estudo ainda demonstrou que suplementação com vitamina D2 ou D3 (1.600 UI dia ou
50.000 UI mensal) não apresenta toxicidade.
Heaney et al.6 (2011) conduziram um estudo com
33 adultos saudáveis durante 12 semanas. No primeiro grupo, cada participante recebeu uma cápsula semanal de Vitamina D2 contendo 50.000 UI.
O outro grupo recebeu cinco cápsulas de vitamina
D3 contendo 10.000 UI. Onze participantes concordaram em fazer uma biópsia sob anestesia local
(primeira e última semanas), na qual foram retiradas amostras da gordura abdominal. Nessas biópsias
buscou-se avaliar qual das duas formas de vitamina
D havia sido armazenada em maior quantidade. Antes do final do estudo, dois participantes desistiram
da biópsia, permanecendo um total de nove concluintes. O trabalho mostrou que a vitamina D3 é
87% mais eficaz quando comparada à vitamina D2,
e que possui de duas a três vezes mais capacidade
de armazenamento. Dessa forma, conclui-se que a
vitamina D3, por ser mais potente e mais barata, é
a melhor opção para ser suplementada.
SÍNTESE DE EVIDÊNCIA
Após a análise dos estudos verificou-se que,
em um deles, a vitamina D2 mostrou-se tão eficaz
quanto a vitamina D3 no tangente à elevação dos
níveis séricos de vitamina D. Outros dois estudos
verificaram maior eficácia com uso da vitamina D3,
inclusive sendo um deles com análise de biópsia, o
que lhe trouxe grande confiabilidade. No referido
estudo, conduzido por Binkley et al.7 (2011) e realizado com um ano de seguimento, a população
utilizada foi bastante semelhante à do estudo que
não observou diferença de eficácia entre as duas vitaminas.
Binkley et al.7 (2011) conduziram um estudo com 63 indivíduos aleatoriamente escolhidos
para receberem suplementos de 1.600 UI diários,
50.000 UI mensais de vitaminas D2 ou D3, ou placebo, pelo período de um ano. Para averiguação
do potencial dos dois suplementos coletou-se soro
para dosagem da 25 (OH) D no início do estudo, no
primeiro, segundo, terceiro, sexto, nono e décimo
segundo mês de seguimento. Após verificados os
Dessa forma, pode-se concluir que a vitamina
D3 é a melhor suplementação quando comparada
à vitamina D2, já que é mais barata, mais eficaz no
aumento da 25 (OH) D sérica, além de apresentar
maior capacidade de armazenamento.
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